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EPM Resumo: Parasitologia Lucas Arraes (box) – 84 Índice Introdução à parasitologia médica ……………............................…………………….....….... 03 Leishmanioses cutâneas, oncocercose e LMC ……………..........……………..................... 06 Parasitoses causadas por artrópodes ...........................................................…….......……. 14 Amebíase e giardíase ………………………………….................…..................................….... 22 Ascaridíase, enterobíase e tricuríase ……………........…………………………………..……. 28 Teníase, cisticercose e himenolepíase …………........………………….............…….....….... 34 Ancilostomose e estrongiloidose ...…………..............................…………………….....….... 42 Esquistossomose ……………….........................................…………………………................ 48 Filariose linfática ...........................................................………………..................……..……. 54 Malária ………………………………….......................................................…....................….... 57 Leishmaniose visceral ………………………………………………..................................……. 63 Doença de Chagas …………........…………………….............….............................….....….... 66 Toxoplasmose e hidatidose …….........………..............................…………………….....….... 73 LMV e angiostrongilíase …………….............................…………………………………..……. 79 DSTs causadas por parasitas ………............…........…………………….............……......... 84 Parasitoses oportunistas …………….............................………………………………..…..…. 87 Tabela: Resumo das parasitoses ………............…........…………….…….............……......... 90 Prática de parasitologia ………............…........……...............……….…….............……......... 96 Introdução à parasitologia médica Conceitos básicos de parasitologia: ● Parasitismo → a associação entre seres vivos, em que existe unilateralidade de benefícios, sendo um dos associados prejudicados pela associação. ● Parasita → ser vivo que dependem metabolicamente de outro ser vivo (hospedeiro) para crescerem e se multiplicarem ● Basicamente os protozoários, helmintos, insetos e ácaros são os parasitas estudados pela parasitologia. ● Endoparasita → o que vive dentro do organismo do hospedeiro (ex: Taenia solium) ● Ectoparasita → o que vive externamente ao corpo do hospedeiro (ex: piolho) ● Parasitas eurixenos → admitem grande variedade de hospedeiros (ex: Toxoplasma gondii pode parasitar qualquer mamífero e até aves) ● Parasitas estenoxenos → se mostram muito restritos quanto a seus hospedeiros (ex: Plasmodium vivax parasita somente humanos) ● Parasitas monoxenos → necessitam de um único hospedeiro para completarem seu ciclo evolutivo (ex: Ascaris lumbricoides) ● Parasitas heteroxenos → necessitam de mais de um hospedeiro para completarem o seu ciclo evolutivo (ex. Taenia spp e Trypanosoma cruzi) ● Hospedeiro definitivo → é o que apresenta o parasito em fase de maturidade ou em fase de atividade sexual ● Hospedeiro intermediário→ é o que apresenta o parasito em fase larvária ou assexuada ● Vetor → agente que transmite o parasita entre dois hospedeiros. (ex: T infestans) ● Zoonoses → parasitoses próprias de animais e que são transmitidas ao homem, causando-lhe eventualmente a doença (ex: doença de chagas, toxoplasmose) ● Antroponoses → parasitoses restritas ao homem, em que esse é o reservatório e único hospedeiro (ex: ascaridíase, ancilostomose) ● Reservatório → local onde o parasita vive e se multiplica que constituem fontes de infecção para a forma humana da doença (ex: animais, plantas, solo, MO, etc) ● O sucesso do parasita depende da instalação e manutenção no hospedeiro ● Foco natural de uma parasitose é o ambiente adequado para uma espécie sobreviver e se propagar. Na região ocorrem: ○ a) parasitas ○ b) hospedeiros silvestres ou domésticos (reservatórios) da parasitose ○ c) vetores ○ d) indivíduos suscetíveis a doença ○ e) condições favoráveis à transmissão, sejam físicas, geográficas, climáticas, sociais, econômicas, etc. 3 Resposta imune a parasitas: ● 1) Imunidade celular ○ a) Linfócitos T CD4+ “helper” → produção de citocinas com ações específicas ■ Th1 → libera IL-2 e IFN-gama (eliminação de Leishmania major) ■ Th2 → libera IL-4, IL-5 e IL-10 (eliminação de helmintos) ○ b) Linfócitos T CD8+ → destruição das células infectadas por duas vias ■ Interação Fas/FasL ■ Liberação de perforina e granzima ○ c) Formação de granulomas e encapsulação fibrosa ■ inflamação específica caracterizada principalmente pelo acúmulos de macrófagos modificados, células gigantes que se organizam em torno de um agente causador, formando granulomas. ■ Os granulomas mais antigos podem apresentar grande quantidade de fibroblastos e tecido conjuntivo ○ D) Participação dos eosinófilos nas infecções por vermes nas reações de citotoxidade mediada por anticorpo (ADCC) ● 2) Imunidade humoral ○ a) anticorpos podem danificar um protozoário por ação direta ou por interação com o sistema complemento ○ b) acs podem neutralizar um parasita bloqueando a sua ligação à célula hospedeira ○ c) os acs podem aumentar a fagocitose mediada por receptores Fc de macrófagos (opsonização) ○ d) acs também estão envolvidos nas reações de ADCC ● 3) Evasão da resposta imune: ○ Variação antigênica → Tripanossomos, Plasmodium ○ Resistência adquirida ao complemento ou CTL → Esquistossomos ○ Expulsão do antígeno → alguns helmintos podem expelir suas coberturas antigênicas, de modo espontâneo ou após ligação com anticorpos, o que os torna mais resistentes ao ataque por anticorpos → Entamoeba ○ Inibição das respostas imunológicas do hospedeiro → filária e tripanossomos 4 Principais parasitas de importância médica: ● 1) Protozoários → Parasitas unicelulares, apresentam numerosas organelas internas e membrana plasmática geralmente não envolvida por parede celular ○ A) filo Sarcomastigophora - flagelados e amebas ■ subfilo sarcodina → amebas ● Entamoeba histolytica → amebíase ■ subfilo Mastigophora → flagelados ● Trichomonas vaginalis → tricomoníase ● Giardia intestinalis → giardíase ● Trypanosoma cruzi → doença de chagas ● Leishmania spp → Leishmaniose ○ B) filo Apicomplexa - esporozoários ■ Plasmodium falciparum → malária ■ Toxoplasma gondii → toxoplasmose ● 2) Metazoários → Parasitas multicelulares sem parede celular ○ A) Filo Platyhelminthes - helmintos chatos ■ Taenia solium → teníase ■ Schistosoma mansoni → esquistossomose ■ Echinococcus granulosus → hidatidose ○ B) Filo Nemathelminthes - helmintos cilíndricos ■ Ancylostoma duodenale e Necator americanus → ancilostomíase ■ Ascaris lumbricoides → ascaridíase■ Enterobius vermicularis → enterobíase (oxiurose) ■ Trichuris trichiura → tricuríase ■ Wuchereria bancrofti → filariose ■ Onchocerca volvulus → oncocercose ○ C) Filo Arthropoda - insetos e aracnídeos ■ Vetores ● Anofelíneo (gênero Anopheles) → vetor da malária ● Triatomíneo (barbeiro) → vetor da doença de Chagas ● Flebótomo (mosquito-palha) → vetores das leishmanioses ● Culex → vetor da filariose linfática ■ Causadores de doenças ● Pediculus capitis→ pediculose ● Tunga penetrans → tungíase (bicho do pé) ● Dermatobia hominis e varejeira→ miíases ● Sarcoptes scabiei → escabiose (sarna) ● Carrapatos e ácaros ○ D) Filo Mollusca - moluscos ■ Biomphalaria glabrata → vetor da esquistossomose 5 Leishmanioses cutâneas, oncocercose e LMC Leishmanioses cutâneas: ● Forma dos protozoários flagelados: ○ Os tripanossomatídeos (inclui Leishmania) apresentam formas celulares distintas em seus ciclos biológicos, graças a diferenciação celular. ○ A transição de forma pode ocorrer na troca de hospedeiros ou dentro de um mesmo hospedeiro, como adaptação fisiológica ou antecipação da próxima etapa do ciclo. ○ Cinetoplasto → mitocôndria especializada rica em DNA ○ A- promastigota → cinetoplasto anterior ao núcleo ○ B- epimastigota → cinetoplasto justanuclear e anterior ao núcleo ○ C- tripomastigota → cinetoplasto posterior ao núcleo ○ D- amastigota (intracelular obrigatória) → redondo; flagelo não exteriorizado ● Gênero Leishmania ○ Protozoários flagelados heteroxenos pertencentes e família trypanosomatidae ○ Encontrados em duas formas: promastigota e amastigota ○ Classificação atual: 2 subgêneros → leishmania e viannia ■ Leishmania → ciclo no vetor limita-se ao intestino anterior e médio ■ Viannia → ciclo no vetor inclui prolongada fase no intestino posterior ○ Espécies causadoras de leishmanioses no Brasil: ■ 1) Subgênero Leishmania ● Leishmania (L.) amazonensis → forma cutânea ● Leishmania (L.) chagasi → leishmaniose visceral ou calazar ■ 2) subgênero Viannia - novo mundo ● Leishmania (V.) guyanensis → Pian bois ● Leishmania (V.) braziliensis → forma mucocutânea 6 ● Epidemiologia: ○ 12 milhões de casos e 350 milhões expostos ao risco da infecção ○ Casos novos das zoonoses por ano → 1 milhão de leishmanioses cutâneas e 500 mil leishmaniose visceral ○ Vetores das leishmanioses → pequenos mosquitos do gênero Lutzomyia novo mundo e Phlebotomus no Velho mundo ○ Principais reservatórios: gambá, tamanduá, preguiça, paca, cotia e rato ○ L (V) braziliensis é a espécie mais amplamente distribuída no Brasil e causa leishmaniose mucocutânea, autóctone do novo mundo. ○ L (L) amazonensis causa a forma cutânea da doença e ocorre na bacia amazônica e territórios adjacentes ○ Importante: Urbanização do calazar no Brasil e mudança da distribuição da L. (V.) braziliensis ○ Medidas profiláticas → casas a grande distância da orla florestal, desmatamento em torno dos povoados e uso eventual de inseticidas nas casas ● Morfologia e imunidade: ○ Forma amastigota → presente nos vertebrados (hospedeiro intermediário), principalmente nos macrófagos residentes na pele, sua reprodução por divisão binária dentro dos macrófagos. ○ Forma promastigota → presente no tubo digestivo de flebótomos invertebrados (hospedeiro definitivo), também possuem reprodução por divisão binária. ○ Mecanismos de imunidade: fagocitose mediada por receptor, resposta de linfócitos T de perfil Th1 ou Th2 ● Ciclo biológico ○ A infecção do inseto ocorre quando a fêmea pica o vertebrado infectado (ingestão de formas amastigotas dentro de macrófagos) ○ Transformação em promastigotas procíclicos no intestino do inseto ○ Adesão do protozoário a parede do intestino → transformam-se em promastigotas metacíclicos ○ Migração para a faringe do inseto ○ Fêmea pica e inocula promastigotas ○ As formas flageladas são fagocitadas por macrófagos (envaginação total do promastigota formando vacúolo fagocítico) ○ Transformação em amastigotas dentro dos vacúolos (resistentes a ação dos lisossomos) ○ Divisão binária simples até ocupar todo o citoplasma ○ Rompimento da membrana celular do macrófago ○ Infecção de novos macrófagos → evolução da doença 7 ● Patogenia e sintomatologia: ○ 1) Leishmaniose cutânea ■ provocada por Leishmania (L) amazonensis ■ lesões cutâneas nodulares que podem ulcerar ■ grande infiltração de macrófagos e parasitas, poucos linfócitos ■ lesões benignas e auto-curáveis ■ ocorre Leishmaniose cutânea difusa (DCL) quando há um estado anérgico aos antígenos do parasita 8 ○ 2) Pian-bois ■ provocada por Leishmania (Viannia) guyanensis ■ úlceras pequenas, em geral curam-se espontaneamente ■ úlceras com bordas salientes, fundo granuloso e exsudato ■ infiltração de linfócitos nas lesões, com poucos parasitas → mais frequente múltiplas úlceras (metástases linfáticas) ■ não é invasiva ○ 3) Leishmaniose mucocutânea ■ provocada por Leishmania (Viannia) braziliensis ■ também é conhecida como úlcera de Bauru, espundia ou bouba ■ lesões cutâneas → úlceras em pequeno número → metástases na mucosa nasal e às vezes na boca ■ propagação → extensão direta de uma lesão primária ou por disseminação hematogênica, localizando-se na porção cartilaginosa do septo nasal; eventualmente, pode se estender à faringe e laringe ■ destruição → cartilagens e ossos do nariz, palato ou maciço facial → perfuração do septo ou palato. 9 ● Diagnóstico ○ 1) Direto → raspagem das bordas das lesões → amastigotas em esfregaços ■ lesões por L amazonensis → ricas em parasitas (amastigotas grandes) ■ alternativa (complexo L V braziliensis) → cultivo do material das lesões em meio axênico ○ 2) Reação de montenegro → intradermorreação → hipersensibilidade tardia → positiva em todos os casos de leishmanioses cutâneos. (exceção → DCL, pois existe anergia a antígenos de Leishmania) ● Tratamento ○ Antimoniais pentavalentes → glucantime (tóxico) - contraindicado em mulheres grávidas e pacientes cardíacos. ○ Pentamidinas → quando antimoniais falham, muito tóxico ○ Anfotericina B (fungizona) → muitos efeitos colaterais Oncocercose: ● Onchocerca volvulus ○ Classificação → nematelminto ○ Morfologia dos adultos → vermes filiformes, cor branca cremosa, com dimorfismo sexual acentuado ■ fêmea → 30 a 50 cm de comprimento ■ macho → 2 a 4 cm de comprimento com a extremidade posterior enrolada ○ Hábitat do vermes adultos → tecido subcutâneo → novelos bastante emaranhados metidos na trama de um nódulo fibroso (reaçãodo hospedeiro) ○ Microfilárias → fêmeas parem larvas (microfilárias) → muito ativas, dispersam-se pelo tecido conjuntivo da pele e tela subcutânea (difíceis de serem isoladas) ○ As microfilárias podem realizar longas migrações → globo ocular, linfonodos, baço, mesentério, rins e sedimento urinário. ○ Os vermes adultos possuem longevidade máxima de 15 anos, enquanto as microfilárias de 6 a 30 meses ○ Ciclo heteroxeno ■ HI: insetos simulium (borrachudo) → 6-8 dias → pequeno número completa a sua evolução até larva L3 (forma infectante) ■ HD: homem 10 ● Ciclo biológico ● Patogenia e sintomatologia ○ 1) Oncocercomas → formação de estrutura fibrosa de 1 a 80 mm envolvendo os parasitas → são considerados tumores benignos ○ 2) Dermatite oncocercosa → lesão cutânea com presença de grande número de microfilárias → prurido intenso, aspecto de urticária, modificações da pigmentação, aspecto senil ○ 3) Eosinofilia sanguínea → 20-75% de eosinófilos no sangue ○ 4) Lesões oculares (quadro mais grave) → inflamação causada pelas microfilárias mortas → alterações progressivas do globo ocular → lesões da córnea, íris, nervo óptico ou retina → perturbações na visão → cegueira 11 ● Diagnóstico ○ 1) Biópsia de pele → corte tangencial de uma prega cutânea para retirada de um fragmento → lâmina com solução fisiológica, exame com microscópio ○ 2) Oftalmoscopia → pesquisa de microfilárias na câmara anterior do olho ○ 3) Nodulectomia → procura de microfilárias e vermes adultos isoláveis pela digestão artificial do tecido ● Tratamento ○ 1) nodulectomia ○ 2) Ivermectina → dose única, via oral, mata apenas microfilárias, mas não vermes adultos (repetida a cada 6 meses) ○ 3) Suramina → mata forma adulta (muito tóxico) ● Profilaxia ○ A) Combate aos vetores, principalmente às larvas → aplicação de larvicidas biodegradáveis em rios na África ○ B) Tratamento dos pacientes Larva migrans cutânea (LMC): ● Conhecida popularmente como bicho geográfico ● Agentes etiológicos → ancilostomídeos cujos reservatório são animais domésticos (cão e gato) ○ Ancylostoma braziliense → 1 par de dentes ○ Ancylostoma caninum → 3 pares de dentes ● Ciclo biológico 12 ● Patogenia e sintomatologia ○ larvas filarióides → penetram na pele, mas não conseguem alcançar as camadas mas profundas → mantêm-se cavando na derme, abrindo “túneis” ○ enquanto avançam, 2 a 5 cm/dia, deixam para trás um rastro eritematoso, saliente, irregular e pruriginoso ○ infecções bacterianas secundárias podem se desenvolver ● Diagnóstico: baseado na anamnese, exame clínico e aspecto dermatológico da lesão ● Tratamento: Tiabendazol por 5 dias ● Profilaxia: evitar contato com terrenos frequentados por animais domésticos (cuidados com locais frequentados por crianças) 13 Parasitoses causadas por artrópodes Pediculose: ● Agentes etiológicos: ○ Pediculus capitis (piolho de cabeça) e Pediculus humanus (piolho do corpo) ○ Classificação → Filo arthropoda, Classe insecta, ordem Anoplura ○ Hemimetábolos → ovo, ninfa e adultos desenvolvem-se sobre o corpo do hospedeiro → ninfas e adultos são hematófagos ○ Características morfológicas ■ insetos pequenos e sem asas de corpo achatado dorsoventralmente ■ segmentos do tórax fundidos ■ cabeça pequena com olhos reduzidos e antenas ■ aparelho bucal picador-sugador ■ garras nas extremidade das patas → aderem às fibras da roupa íntima ou aos pelos ■ tamanho entre 2 a 3,5 mm (machos são menores que fêmeas) ■ fêmea → último segmento abdominal é bilobado (vulva entre lóbulos) ■ macho → nono segmento contém orifício onde se projeta o pênis ■ ovos elípticos e com opérculo (lêndea) → substâncias cimentante secretada por fêmeas ajuda na adesão às fibras ou pelos ● Patogenia e sintomatologia ○ reação inflamatória discreta devida às secreções salivares, com formação de pequenas pápulas extremamente pruriginosas ○ pediculus capitis → lesões no couro cabeludo ○ pediculus humanus → lesões no dorso, nádegas e coxas, principalmente ○ além disso, o piolho do corpo pode veicular tifo exantemático, febre de trincheiras e febre recorrente. ● Diagnóstico ○ encontro de ovos (lêndeas) ○ encontro dos insetos adultos nos cabelos (P capitis) ou roupas (P humanus) ● Tratamento ○ DDT em pó a 10% ou loções e xampus contendo hexaclorobenzeno a 1% ○ benzoato de benzila ○ atualmente → piretróides sintéticos (pouca absorção na pele) ○ sistêmico → ivermectina (uso oral - dose única) 14 ○ tratamento das roupas com pós inertes contendo DDT a 10%, formol ou lysoform (piolho do corpo) ○ muito importante: repetir o tratamento 2 a 3 vezes com intervalos 7 a 15 dias, pois os ovos são resistentes ● Prevalência ○ Pediculose da cabeça → predomina em populações escolares, propagando-se com verdadeiras epidemias ○ pediculose do corpo → atualmente mais rara, encontrada em asilos e instituições de caridade, prisões e entre soldados em campanha ● Profilaxia ○ identificação e tratamento de todos os portadores ○ pediculose do corpo → necessário pulverizar as roupas de toda população envolvida com DDT ○ casos individuais → troca, lavagem e fervura das roupas ○ incluir a prevenção de pediculose nos programas de educação sanitária Escabiose (sarna): ● Agente etiológico: Sarcoptes scabiei ○ Classificação: artrópode da classe Arachnida, subclasse acari ○ Morfologia ■ ácaros de corpo mole, esbranquiçado e de forma ovóide ■ fêmeas medem em torno de 0,4 mm e machos são menores ■ pernas curtas e cônicas (há ventosas pedunculares nos 2 pares anteriores e longas cerdas nas extremidades dos 2 pares posteriores) ■ apresentam numerosos e finos sulcos transversais ■ cerdas e espinhos na face dorsal tanto dos machos quanto das fêmeas ● Ciclo evolutivo ○ As fêmeas escavam galerias nas camadas profundas da epiderme e as fêmeas grávidas aí depositam seus ovos em pequeno número (oviposição durante 4 a 7 semanas) ○ Ovos → 3 dias → Ninfas hexápodas → 4 dias → Ninfas octópodas → novas mudas (1 para os machos e 2 para fêmeas, que já podem ser fecundadas) ○ Ciclo de ovo a ovo → 11 a 17 dias → durante esse período as fêmeas podem deixar as galerias e abrir novas ○ Longevidade dos adultos → 3 meses para as fêmeas e 2 meses para os machos → em 4 meses a população pode atingir 50 a 500 ácaros, em seguida caindo para uma dezena ou menos. 15 ● Patogenia e sintomatologia ○ A perfuração da epiderme, juntamente com produtosdo metabolismo do parasito e ação de sua saliva gera o prurido intenso ○ Túneis escavados pela fêmeas do Sarcoptes scabiei → localizados principalmente nas faces dos dedos, punhos, cotovelo, axilas, seios, pênis e região inguinal ○ Lesões muito pruriginosas, coceira manifesta-se principalmente à noite ○ Pacientes imunodeficientes → sarna norueguesa ■ lesões crostosas e exuberantes com nº muito grande de parasitas ■ geralmente ocorre na palma das mãos e plantas dos pés, mas também pode ser disseminada ■ No couro cabeludo, provoca a queda dos cabelos. ● Diagnóstico ○ Aplicação de fita durex sobre os sulcos da pele para adesão da fêmea do Sarcoptes scabiei e observação ao MO ○ Simples inspeção dos sulcos com agulha e lente ● Tratamento ○ aplicação tópica → permetrina (piretróide sintético) a 5% na forma de creme (alta eficácia como escabicida) → deve ser repetido em uma semana ○ Efeito sistêmico → ivermectina ○ Benzoato de benzila a 10-25% → não destrói ovos → deve ser repetido por 3 noites consecutivas e após uma semana ● Prevalência ○ Transmissão direta! ○ parasitose de distribuição cosmopolita, com predomínio em locais de confinamento (hospitais, escolas, creches, etc.) ● Profilaxia ○ Banhos diários, lavagem e fervura dos lençóis e redução de promiscuidade ○ Os portadores devem ser sempre tratados 16 Tungíase (bicho do pé): ● Agente etiológico: Tunga penetrans ○ Popularmente conhecida como pulga da areia, apenas fêmea é o bicho do pé ou bicho do porco ○ Classificação → inseto da ordem Siphonaptera ○ Morfología → pulga pequena, com cera de 1 mm, hematófaga, fêmea normalmente parasita o porco ○ Protuberância na cabeça → perfuração do pé ● Ciclo biológico ○ Tunga penetrans geralmente é encontrada em lugares secos e arenosos (parasita usual do porco) ○ Após a cópula → macho morre e a fêmea penetra na pele de animais de sangue quente, passando a se alimentar exclusivamente de sangue ○ 2 semanas depois → liberação de ovos no solo que eclodem liberando larvas que se alimentam de matérias orgânica e se transformam em pupa e em adulto → ciclo se completa em 17 dias ● Patogenia e sintomatologia ○ O homem adquire o parasita ao caminhar descalço em áreas contaminadas ○ Penetração da epiderme, preferencialmente na planta dos pés, ponta dos dedos e espaço interdigital, porém pode-se alojar-se em outras regiões ○ A penetração produz prurido persistente, com posterior aparecimento de tumefação dos tecidos circundantes e dor localizada ○ Ulceração da pele que recobre o parasita, ocorrendo com frequência infecções secundárias, principalmente tétano, gangrena gasosa e blastomicose. ● Tratamento: Extirpação dos parasitas em condições assépticas (se muito numerosos → aplicação de unguento mercurial ou pomada à base de inseticidas) ● Profilaxia: Uso de calçados, podendo ser complementada com aplicação de inseticidas nos locais infestados, principalmente chiqueiros. ● Prevalência: América tropical, tendo se propagado para África 17 Berne: ● Agente etiológico: ○ larvas da Dermatobia hominis ○ moscas adultas possuem 1,5 cm de comprimento (aparelho bucal atrofiado) ○ apenas a larva exerce parasitismo no berne ● Transmissão: por deposição das larvas da Dermatobia hominis na pele do homem, sendo essas larvas carreadas por outros insetos dípteros (transmissão indireta) ● Patogenia e sintomatologia ○ Prurido que aumenta à medida que o berne cresce da pele → agulhadas e ferroadas no local ○ Tumoração semelhante ao furúnculo, com uma pequena abertura com serosidade ○ podem associar-se infecções bacterianas secundárias, com formação de pus e abscesso ● Diagnóstico: essencialmente clínico → reconhecido do berne em tumefação que lembra um furúnculo com uma pequena abertura ● tratamento: remoção cirúrgica do berne; cobrir a abertura do berne com um pedaço de toucinho (prática rural) ● Prevalência → exclusivamente rural ● Profilaxia → profilaxia é difícil, restando apenas medidas de cuidado individual ao frequentar zona rural com criação de gado ou próxima a estábulos 18 Bicheiras: ● Agente etiológico: ○ Larvas das moscas varejeiras (família Calliphoridae) ○ Moscas com cores brilhantes, verde ou azul metálico ○ larvas são biontófagas (alimentam-se de tecido vivo) → extremamente invasivas, levando à destruição dos tecidos ○ mais comum → Cochliomyia hominivorax ● Transmissão ○ Deposição direta dos ovos sobre ulcerações e soluções de continuidade do tecido subcutâneo ○ Larvas permanecem na lesão 5 dias ○ Após a transformação em pupas abandonam o hospedeiro e caem ao solo ○ Após 2 semanas se transformam em moscas adultas ● Patogenia e sintomatologia ○ Grande quantidade de larvas vorazes → destruição dos tecidos infectados ○ Tecidos vivos são afetados, podendo a infestação apresentar alta gravidade ○ Quando o indivíduo apresenta ulceração, as larvas ampliam rapidamente essa lesão (+ sério nas fossas nasais → destruição de cartilagens e palato mole). ● Diagnóstico → encontro das larvas nas lesões ● Tratamento → remoção cirúrgica das larvas ● Prevalência ○ homem é vítima acidental da parasitose, sendo a doença relativamente rara ○ incidência predominantemente rural, mas não está ausente de regiões periurbanas e urbanas do interior ○ parasitose primariamente do gado bovino ou cães associados a essa criação ● Profilaxia ○ medidas de ordem individual ■ a) resguardo do homem contra as varejeiras ■ b) proteção das feridas com curativos adequados 19 Carrapatos: ● Agentes etiológicos: ○ artrópodes da classe Arachnida, subclasse Acari, ordem Parasitiformes ○ Amblyomma cajennense → uma das espécies mais comuns no brasil. ○ Adultos → carrapato estrela ○ Ninfas hexápodas → micuim ○ Parasita principalmente de bovinos e equinos e eventualmente do homem ● Mecanismos de transmissão ○ Infestação ativa da pele por ninfas e carrapatos adultos ○ Durante o ciclo evolutivo, os carrapatos mudam de hospedeiro várias vezes ○ a) boi albergando o carrapato adulto ○ b) fêmeas grávidas deixam hospedeiro e fazem a postura de ovos em arbustos ○ c) ninfas hexápodas (micuins) que podem infestar um novo hospedeiro ○ d) no solo transformam-se em ninfas octópodas que invadem novo hospedeiro, alimentando-se alguns dias. ○ e) Caem no solo novamente e transformam-se em adultos ● Patogenia e sintomatologia ○ Picada dos adultos e das ninfas → desencadeia intenso pruridolocal ○ Pessoas alérgicas → podem apresentar reações mais intensas do tipo urticária ○ Principais doenças transmitidas por carrapatos ■ a) Febre maculosa → doença febril e exantemática (não rara no brasil, principalmente no interior de São Paulo) ■ b) Doenças de Lyme → causada por um espiroqueta Gram-negativo (Borrelia burgdorferi) → alterações neurológicas, dor e edema das articulações,artrite (maior incidência na Europa e no EUA) 20 ● Profilaxia: ○ Apenas com o combate aos carrapatos ○ a) aplicação de inseticidas de ação residual ○ b) banhos carrapaticidas no gado (organofosforados e piretróides) ○ c) proteção das pessoas sujeitas ao risco de infestação por carrapatos (evitar áreas infestadas e proteção individual) ● Tratamento: ○ Remoção dos carrapatos com as unhas ou agulha ○ Destruição com benzoato de benzila Ácaros relacionados a doenças alérgicas: ● Doenças alérgicas: ○ Causada por ácaros de vida livre comumente encontrados na poeira de colchões, travesseiros, móveis e pisos das casas ○ O desenvolvimento é favorecido pela umidade relativa do ar (ótimo em 75%), pela reduzida ventilação e pelo acúmulo de poeiras ○ Principais alergias respiratórias: Asma, rinite alérgica e dermatite alérgica ○ São reações de hipersensibilidade provocadas pelos ácaros ou por seus produtos inalados (dejetos, secreções, fragmentos de ácaros mortos, etc.) ○ Principal ácaro causador de alergias no Brasil: Dermatophagoides farinae ● Principais medidas de controle: ○ Desumidificação do ambiente → ventilação, aparelhos desumidificadores e ar condicionado ○ Remoção frequente da poeira ○ Uso de filtros nos sistema de ventilação ○ Utilização de colchões e travesseiros de espuma ou uso de coberturas de plástico para colchões e travesseiros ○ Rigorosa higiene pessoal e ambiental, inclusive dos animais domésticos ○ se necessária, aplicação de inseticidas contra os ácaro. 21 Amebíases e giardíase Amebíase: ● Classificação de amebas: ○ Protozoários do filo Sarcomastigophora, subfilo Sarcodina e ordem Amoebida ○ Todas as espécies do gênero Entamoeba vivem no intestino grosso de animais (exceto E moshkovskii que tem vida livre) ○ Formas de apresentação da ameba: ■ Trofozoíto → forma vegetativa, presente em fezes diarreicas ou pastosas, pode ser vistos no microscópio lançando pseudópodes ■ Pré-cisto → mais arredondada e menor que trofozoíto, presente em fezes pastosas ou formadas ■ Cisto → esférico, corpúsculo claro, presente em fezes formadas ■ Metacisto → forma multinucleada que emerge do cisto e dá origem a trofozoítos ○ As espécies de ameba pertencentes ao gênero Entamoeba foram reunidas em grupos diferentes, segundo o número de núcleos do cisto maduro ■ 1) cistos contendo até 8 núcleos → Entamoeba coli (cariossoma excêntrico) ■ 2) cistos contendo até 4 núcleos → Entamoeba histolytica e dispar (cariossoma central) ■ 3) cistos com um núcleo ■ 4) cistos não são reconhecidos ● Ciclo biológico: ○ Transmissão direta → mãos sujas (contaminada com matéria fecal durante a higiene anal, mãos podem conter cistos de amebas) ○ Transmissão indireta → ingestão de cistos maduros (água e alimentos contaminados por dejetos humanos) ou transporte mecânico por insetos ○ Série de estágios: trofozoíto → pré-cisto → cisto → metacisto 22 ○ a) Ingestão dos cistos maduros ○ b) desencistamento no final do intestino delgado, liberando metacistos ○ c) metacistos sofrem várias divisões binárias, originando a trofozoítos ○ d) geralmente, trofozoítos aderem-se a parede do intestino grosso, vivendo como comensal, alimentando de detritos e bactérias ○ e) sob certas circunstâncias, podem desprender-se da mucosa e sofrer desidratação, transformando-se em pré-cistos e depois em cistos. ○ f) cistos maduros são liberados na defecação (não encontrados em fezes liquefeitas ou disentéricas) ○ Na forma não invasiva, os trofozoítos permanecem confinados no lúmen intestinal dos portadores assintomáticos, que eliminam os cisto nas fezes. 23 ○ Na forma invasiva, os trofozoítos invadem a mucosa intestinal e através da corrente sanguínea atingem outro órgãos como fígado, pulmão e encéfalo, causando doença extra-intestinal. ● Epidemiologia: ○ Entamoeba histolytica é o único agente etiológico da amebíase e causa a doença apenas em humanos, enquanto outros animais podem ser portadores ○ Hospedeiro → humano (monoxeno, estenoxeno) ○ Amebíase é a segunda causa de morte por parasitas em todo o mundo ○ Países em desenvolvimento → prevalência da infecção é alta (90% dos infectados podem eliminar o parasito durante 12 meses) ○ Estima-se que 10% da população esteja infectada por E. histolytica e E. dispar, que são morfologicamente idênticas, mas apenas a E. Histolytica é patogênica ● Patologia e sintomatologia: ○ Ações patogênicas da E. histolytica → destruição de neutrófilos, ingestão de hemácias e indução de apoptose ○ Manifestações clínicas dependem do local e do tipo de infecção Amebíase não invasiva Amebíase invasiva movimentos amebóides movimentos amebóides formas trofozoítas na luz intestinal formas magnas fora da luz intestinal atividade fagocítica moderada atividade fagocítica intensa ausência de sintomas sintomas da doenças evidentes ausência de trofozoítas hematófagos nas fezes (mas possui cistos) presença de trofozoítas hematófagos nas fezes (além de cistos) mucosa normal mucosa alterada ausência de anticorpos no soro presença de anticorpos no soro ○ Amebíase intestinal: ■ forma assintomática: maioria das infecções por E. histolytica / dispar ■ colites não disentéricas → 2-4 evacuações moles ou pastosas, desconforto abdominal, peristaltismo aumentado. ■ colites amebianas → 8-10 evacuações por dia, disenteria, cólicas intensas, tenesmo, náuseas, vômitos, febre, grave desidratação, pode haver perfuração intestinal ■ possíveis complicações: perfuração e peritonite, lesões em forma de frasco ou botão, hemorragia, apendicite, fístulas, ameboma 24 ○ Amebíase extra-intestinal: ■ Abscesso amebiano do fígado → dor, desconforto, febre, vômitos, hepatomegalia, perda de peso, pode haver rompimento para cavidade abdominal e perfuração na pele ■ Infecções pulmonares → febre, dor torácica, tosse, expectoração, infecção secundária ■ Abscessos piogênico no cérebro → cefaléia, vômitos, convulsões e mudanças de comportamento ● Diagnóstico: ○ Amebíase não invasiva → presença de cistos de Entamoeba histolytica (ou E. dispar) nas fezes ○ Amebíase invasiva → presença de cistose trofozoítas de Entamoeba histolytica nas fezes ou presença de anticorpos no soro (ELISA) ● Tratamento ○ Amebicidas intestinais (não absorvíveis) → cloroacetamidas ○ Amebicidas teciduais (absorvíveis) → metronidazol ● Profilaxia → higiene pessoal, saneamento básico, tratamento dos doentes Giardíse: ● Agente etiológico: Giardia lamblia (G. intestinalis ou G. duodenalis) ○ protozoário do subfilo Mastigophora e da ordem Diplomonadida ○ trofozoítas possuem discos ventrais, 2 núcleos e 8 flagelos, vivem no duodeno e começo do jejuno e tem crescimento favorecido a pH 6,5 a 7. ○ cistos são elipsóides com flagelos internalizados e 2 a 4 núcleos ○ distribuição mundial, principalmente entre crianças ○ hospedeiro → humanos e animais domésticos ● Ciclo biológico: ○ Ingestão de águas não tratadas, alimentos contaminados ○ Alimentos contaminados por vetores mecânicos ○ Mãos contaminadas com fezes ○ Transmissão sexual 25 ● Epidemiologia ○ distribuição cosmopolita ○ afeta principalmente crianças de 8 meses a 12 anos ○ prevalece com taxas de até 30% nas regiões do Brasil com baixas condições sócio-econômicas ○ pode ocorrer surtos epidêmicos em ambientes fechados 26 ● Patologia e sintomatologia ○ lesão da mucosa duodenal (microvilosidades) ○ redução da absorção de nutrientes (gorduras) ○ esteatorreia (eliminação de gordura nas fezes) ○ Sintomas: evacuações líquidas ou pastosas, irregulares e intermitentes, aumento do número de evacuações, náuseas, vômitos, deficiência de B12, cólicas abdominais e perda de peso. ● Diagnóstico: ○ fezes diarréicas → encontro de trofozoítas de Giardia lamblia ○ fezes formadas → encontro de cistos de Giardia lamblia ● Tratamento ○ Metronidazol, Tinidazol, Ornidazol ○ Albendazol (helminticida) ● Profilaxia ○ higiene pessoal ○ saneamento básico ○ tratamento dos doentes ○ cuidado com animais domésticos 27 Ascaridíase, enterobíase e tricuríase Ascaridíase: ● Agente etiológico: Ascaris lumbricoides ○ filo dos Nematelmintos ○ também chamado de lombriga ou bicha ○ monoxeno → hospedeiro humano ○ Habitat e morfologia ■ vermes cilíndricos de 10-15 cm (30-40 cm) que vivem até dois anos ■ machos e fêmeas adultos vivem no intestino delgado do homem ■ alimentam-se de material semi-digerido e outros detritos ■ mantêm-se em atividade contínua contra a corrente peristáltica (possui lábios e musculatura robusta) ■ fêmeas eliminam ovos nas fezes (200.000 ovos/dia) (2) ■ macho possui extremidade posterior enrolada contendo uma espícula (1) ■ Ovos podem ser: Infértil (5), fértil não embrionado (3) e fértil embrionado (4) ● Ciclo biológico ○ a) Fêmeas grávidas liberam ovos não embrionados no intestino ○ b) Ovos não embrionados atingem o meio externo através da defecação ○ c) ocorre embrionamento dos ovos quando há condições adequadas (meio externo - 15 dias) ○ d) o embrião sofre diversas transformações dentro do ovo, dando origem a larva L3 (forma infectante de A. lumbricoides) ○ e) Ingestão dos ovos contendo larva infectante ○ f) eclosão no intestino delgado ○ g) larvas atravessam a parede intestinal e migram para o pulmão ○ h) larvas penetram alvéolos e sobem até a faringe ○ i) deglutição → retorno das larvas ao intestino delgado ○ j) vermes adultos alcançam maturidade sexual depois de 60 dias 28 ● Patologia e sintomatologia: ○ a) Fase de invasão larvárias ■ síndrome de Loeffler → tosse, febre, eosinofilia sanguínea elevada, sinais no RX ■ broncopneumonia, pneumonia difusa ○ b) Fase intestinal ■ má digestão, dores abdominais, perda de apetite, irritabilidade ○ Conduta → administração local de ascaricida com sonda, antiespasmódicos potentes, cirurgia como recursos final ○ Ação das larvas → lesões hepáticas e pulmonares (infecções maciças) ■ Hepática → focos hemorrágicos e de necrose fibrosados ■ Pulmonares → edemaciação dos alvéolos, com infiltrado eosinofílico, febre, bronquite, pneumonia, tosse ○ Ação dos vermes adultos ■ Espoliadora → consomem grande quantidade de vitaminas, proteína, lipídeos, carboidratos → desnutrição e desenvolvimento prejudicado ■ Tóxica → antígenos parasitários X Anticorpo do hospedeiro (edema, urticária, convulsões epileptiformes, etc.) ■ Mecânica → irritação da parede intestinal ou enovelamento dos vermes ■ Ação ectópica → vermes migratórios podem atingir locais indevidos, como o ducto colédoco, ducto pancreático, faringe, etc. 29 ● Diagnóstico: ○ Exame clínico → detecção do verme em radiografia ○ Exame parasitológico → detecção de vermes ou ovos nas fezes (método de Kato-Katz) ■ infecção leve → menos de 5 mil ovos/g de fezes ■ infecção regular → 5-10 mil ovos/g de fezes ■ infecção grave → mais de 10 mil ovos/g de fezes ● Tratamento: ○ Albendazol (vermicida ovicida e larvicida) → promove bloqueio da absorção de glicose pelos vermes, levando à morte do verme por paralisia muscular (age por contato direto na luz e é pouco absorvido pelo homem) ○ Mebendazol → inibe irreversivelmente captação de glicose pelo verme e age sobre o citoesqueleto, provocando paralisia progressiva do parasita ● Transmissão e profilaxia ○ Ingestão de ovos por via oral (água, verduras mal lavadas, alimentos contaminados, poeira, etc.) ○ lodo seco de estações de tratamento de esgotos permite a dispersão de ovos ○ transmissão domiciliar e peridomiciliar ○ cuidado com campings ○ Profilaxia → tratamento dos pacientes, melhora das condições sanitárias e hábitos higiênicos Enterobíase (oxiuríase): ● Agente etiológico: Enterobius vermicularis ○ também conhecido como oxiúro ○ filo dos Nematelmintos ○ Reservatório → homem; monoxênicos 30 ○ Habitat e morfologia ■ machos (B) e fêmeas (A) adultos vivem aderidos à mucosa ou livres na cavidade do intestino grosso no homem ■ eventualmente, podem ser encontrados na vagina, útero e bexiga em mulheres ■ vermes adultos apresentam de 10 mm (fêmeas) a 5 mm (machos) ■ alimentam-se de conteúdo intestinal ■ machos possuem extremidade posterior enrolada ■ as fêmeas grávidas migram à noite a região perianal ■ fêmeas ressecam e liberam ovos (C) na região perianal (16000 ovos/fêmea) ■ ciclo de vida de 2 meses ● Ciclo biológico: ○ a) vermes adultos copulam no intestino grosso (machos morrem após cópula e são eliminados) ○ b) fêmeas grávidas liberam ovos na região perianal ○ c) embrionamento dos ovos (4-6 horas) e eliminação ○ d) ingestão dos ovos eeclosão no intestino delgado ○ e) migração para o intestino grosso e transformação em adultos ● Patologia e sintomatologia: ○ prurido anal e vaginal ○ irritação ○ infecções bacterianas secundárias ● Diagnóstico: ○ exame clínico → prurido anal e vaginal ○ exame parasitológico - detecção de ovos na região perianal com fita gomada (“Anal swab”) → os ovos aderem aos bastões de colheita e são posteriormente observados ao microscópio ● Tratamento: ○ Pamoato de pirvínio → insolúvel na água e não absorvível no intestino (dose única) ○ Mebendazol → tratamento por 3 dias e repetir, se necessário ○ Albendazol → dose única de 400 mg via oral que deve ser repetida em 2 semanas 31 ● Transmissão ○ Heteroinfecção → ovos atingem novo hospedeiro ○ Autoinfecção indireta → ovos atingem mesmo hospedeiro que os eliminou (por meio de poeira ou alimentos) ○ Autoinfecção direta → ovos atingem mesmo hospedeiro que os eliminou (indivíduo leva os ovos da região perianal a boca) ○ autoinfecção por via anal → larvas eclodem na região perianal ou reto e depois migram até o ceco, transformando-se em adultos. ○ pode haver surtos epidêmicos em ambientes confinados (creches, asilos, prisões, hospitais, etc.) ● Profilaxia ○ Lavar as roupas de cama e íntimas a 55ºC ○ Banhos diários dos pacientes ○ Tratamento dos doentes ○ Melhora das condições sanitárias e hábitos higiênicos Tricuríase: ● Agente etiológico: Trichuris trichiura ○ Também conhecido como tricocéfalo ○ Pertence ao filo dos nematelmintos ○ Reservatório → homem ○ Habitat → machos e fêmeas adultos vivem mergulhados na mucosa do intestino grosso do homem (ceco) ○ Morfologia ■ vermes adultos medem de 3 a 5 cm ■ produzem histólise da mucosa intestinal e alimentam-se dos materiais liquefeitos ■ as fêmeas eliminam 7000 ovos/dia ■ tempo de vida médio → 3 anos ● Ciclo biológico: ○ a) fêmeas grávidas liberam ovos não embrionados nas fezes ○ b) embrionamento dos ovos no meio externo (15 dias) ○ c) ingestão dos ovos contendo larva infectante ○ d) larva eclode no duodeno ○ e) migra para o ceco sofrendo várias mudas ○ f) no ceco, transformam-se em vermes adultos 32 ● Patologia e sintomatologia: ○ nervosismo, insônia, perda de apetite ○ eosinofilia sanguínea ○ diarréia com dor abdominal ○ lesões traumáticas causadas à mucosa intestinal ■ irritação intestinal ■ tenesmo ■ prolapso retal ■ alterações da motilidade (movimentos peristálticos) ● Tratamento: ○ Mebendazol → 3 dias de tratamento como na ascaridíase ○ Albendazol → dose única de 400 mg (em casos intensos, repetir o tratamento 3 dias consecutivos) ● Transmissão: ○ Ingestão de ovos por via oral (água, verduras mal lavadas, alimentos contaminados, poeira, etc.) ○ Lodo seco de estações de tratamento de esgoto permitem a dispersão de ovos ○ Transmissão domiciliar e peridomiciliar ● Profilaxia: ○ Tratamento dos pacientes ○ Condições sanitárias e hábitos higiênicos 33 Teníase, cisticercose e himenolepíase Teníase: ● Agente etiológico: Taenia saginata e Taenia solium ○ filo dos Nematelmintos, classe Cestoda, família Taeniidae ○ também chamada de solitária ○ parasitas digenéticos ■ hospedeiro definitivo → homem ■ hospedeiro intermediário → boi (T saginata) e porco (Taenia solium) ○ Mecanismo de transmissão → homem se infecta ao ingerir carne suína ou bovina, crua ou malcozida, infectada por cisticercos vivos. ● Morfologia e habitat ○ teníase é a presença da forma adulta no intestino delgado do ser humano ○ vermes achatados, hermafroditas, de cor branca e aspecto leitoso ■ Taenia saginata → 4 a 12 m de comprimento ■ Taenia solium → 1,5 a 4 m de comprimento ○ Corpo de verme adulto é dividido em ■ escólex → possui quatro ventosas que permitem aderência à mucosa ■ colo → zona de crescimento ■ corpo ou estróbilo → proglotes jovens, maduras ou grávidas ○ Cada tipo de proglote (segmento) se desenvolve da região do colo até a extremidade posterior da tênia, onde acaba se desprendendo ■ proglotes jovens → + próximas do colo, + largas, início do desenvolvimento de órgãos genitais ■ proglotes maduras → órgãos reprodutores completos e aptos ■ proglotes grávidas → + próximas da extremidade posterior, + compridas, órgão reprodutores involuem, útero se ramifica cada vez mais, ficando repleto de ovos. 34 Principais diferenças entre T solium e T saginata Características T solium T saginata Escólex globoso com rostro com dupla fileira de acúleos quadrangular sem rostro sem acúleos Proglotes grávidas ramificações uterinas pouco numerosas (tipo dendrítica) ramificações uterinas numerosas (tipo dicotômico) cisticerco apresenta acúleos não apresenta acúleos capacidade de levar a cisticercose humana comprovada não comprovada ● Fisiologia dos vermes adultos ○ Movimentação ■ feixes musculares → ondas alternadas de contração e expansão ■ resistência à expulsão do intestino ■ microtríquias → permitem o melhor contato da superfície do helminto com os materiais nutritivos ○ Crescimento → desenvolvimento completo de proglote leva cerca de 3 meses ■ T saginata → corpo possui de 1000 a 2000 proglotes ■ T solium → corpo possui de 700 a 900 proglotes ○ Apólise → saída das proglotes grávidas da extremidade do verme ■ T saginata → 8 proglotes/dia → deslocamento ativo entre defecações ■ T solium → 5 proglotes/dia → expulsão passiva durante defecações 35 ● Ciclo biológico ● Patogenia e sintomatologia ○ frequentemente assintomática ○ perturbações gastrointestinais, principalmente dor epigástrica (dor de fome, passa quando come) ○ eosinofilia ○ em ⅓ dos casos → dor abdominal, náuseas, astenia e perda de peso ○ em alguns casos → cefaleia, vertigem, constipação intestinal ou diarreia e prurido anal ○ ocasionalmente → penetração de proglote no apêndice pode produzir apendicite; obstrução intestinal pelos vermes ● Diagnóstico ○ exame de fezes → procura de proglotes grávidas pela técnica da tamisação ○ “anal swab” → procura de ovos 36 ● Tratamento ○ Praziquantel → provoca rápido deslocamento do parasita com desprendimento do escólex (cuidado em caso de suspeita de cisticercose) ○ Albendazol → bloqueio da absorção de glicose (deve ser repetido por 3 dias) ● Profilaxia ○ educação sanitária ○ melhoramento do saneamento básico nas áreas endêmicas ○ medida de controle da carne → inspeção de frigoríficos e evitar abateclandestino ○ ordem individual → evitar ingestão de carne crua ou mal cozida ● Epidemiologia ○ Taenia saginata → distribuição cosmopolita ■ >10% → África e Ásia Central ■ entre 0,1 a 10% → América do Sul, Europa, Sul e Sudeste asiático e Japão ■ Baixa prevalência → Canadá, EUA, Austrália, etc. ○ Taenia solium → infecção também cosmopolita ■ regiões com maior endemicidade → América latina, África e Sudeste asiático ■ Na europa, apenas alguns focos Cisticercose: ● Agente etiológico: Taenia solium ○ cisticercose é caracterizada pela presença da larva (cisticerco) em tecidos de hospedeiros intermediários → na cisticercose humana, o homem é considerado um hospedeiro intermediário anômalo ○ os ovos ingeridos contém uma estrutura chamada de oncosfera ou embrião hexacanto, o qual dará origem ao cisticerco. ● Mecanismo de transmissão → ingestão acidental de ovos viáveis de T solium eliminados nas fezes de portadores de teníase ○ autoinfecção externa → pacientes com teníase acabam levando os ovos eliminados nas fezes à boca por meio das mãos ○ autoinfecção interna → pode ocorrer durante vômitos e retroperistaltismo, possibilitando presença de ovos no estômago e continuação do ciclo ○ heteroinfecção → dejeto humanos contaminando fontes de água ou alimentos, disseminação dos ovos por moscas e baratas, acidentes de laboratório e práticas sexuais orais 37 ● Ciclo biológico ● Patogenia e sintomatologia da Neurocisticercose: ○ A) Convulsivas ■ 50% dos casos de neurocisticercose ■ convulsões localizadas, em geral sem perda de consciência ■ após as convulsões, podem aparecer quadros de paralisias, paresias, afasia, alterações de sensibilidade (caráter passageiro) ■ estado de mal epiléptico → morte ○ B) Hipertensivas ou pseudotumorais ■ sinais de hipertensão intracraniana → cefaléia intensa e constante, vômitos em jato, papiledema ■ bradicardia, distúrbios respiratórios, vertigens, sonolência e epilepsia ■ alterações psíquicas → apatia, indiferença, diminuição da atenção, estados de torpor ou agitação ■ alterações respiratórias e cardiovasculares graves → morte 38 ○ C) Psíquica ■ sintomas psíquicos em geral, muitas acompanham as demais formas da doença ■ contudo, no caso da forma psíquica, as perturbações mentais dominam ou são as únicas → quadros mentais se confundem com os de outra psicose (esquizofrenia, manias, melancolia, delírios, etc.) ○ Observações ■ evolução → variável, podendo permanecer em estado latente ou evoluir para morte rapidamente ■ prognóstico ruim em casos não tratados ■ amaurose (cegueira de caráter neurológico) é frequente na fase final ● Patogenia e sintomatologia da Oftalmocisticercose: ○ A) na câmara anterior do olho ■ inflamação e presença do parasita chamam atenção do paciente ■ prognóstico bom, pois o diagnóstico é precoce e a cirurgia é simples ○ B) na câmara posterior do olho ■ acentuada redução da visão por descolamento da retina ou opacificação dos meios transparentes ■ dores provocadas por inflamação da íris ■ gravidade é devida ao diagnóstico tardio ● Diagnóstico ○ A) clínico ■ Neuro → variedade de quadros e de atipia; impossível quando não apoiado em métodos laboratoriais ■ Ocular → exame de fundo de olho ○ B) laboratorial ■ exame de fezes → pode conter ovos de T solium ■ exame de líquido cefalorraquidiano ■ método sorológico → ELISA ■ tomografia computadorizada → detecta microcalcificações ■ exame radiológico → + sensível para cisticercos viáveis, mas não detecta calcificações 39 ● Tratamento ○ a) neurocirurgia → localização favorável dos cisticercos em pequeno número ○ b) ocular → cirurgia quando o parasita aloja-se na câmara anterior do olho ○ c) quimioterapia → praziquantel ou albendazol (tratamento deve ser feito com paciente internado) ● Profilaxia ○ profilaxia de prevenção e controle da teníase por T Solium ○ muito importante → banho; lavagem frequente das mãos, principalmente após as evacuações Himenolepíase: ● Agente etiológico: Hymenolepis nana ○ cestóide conhecido como “tênia anã” → adulto de 2 a 4 cm (tamanho varia de acordo com o número de vermes) ○ escólex → possui prolongamento retrátil provido com uma fileira de acúleos ○ colo → apresenta cerca de 200 proglotes mais largas do que longas ● Ciclo biológico: ○ Ciclo monoxênico (+ comum) ■ 1) pessoa elimina ovos de H. nana nas fezes ■ 2) ingestão de ovos pela própria pessoa ou por outra ■ 3) semi-digestão no estômago e eclosão da oncosfera no intestino ■ 4) penetração da mucosa e transformação em larva cisticercóide ■ 5) fixação à mucosa intestinal e transformação em vermes adultos ○ Ciclo heteroxênico ■ 1) pessoa elimina ovos de H. nana nas fezes ■ 2) ingestão de ovos por larvas de pulga ou caruncho ■ 3) eclosão da oncosfera no intestino do inseto e transformação em larva cisticercóide ■ 4) ingestão acidental do inseto contaminado ■ 5) fixação à mucosa intestinal e transformação em vermes adultos 40 ● Patogenia e sintomatologia: ○ pequeno número de vermes → não há manifestações clínicas ○ população grandes → crianças com menos de dez anos → manifestações gastrointestinais, anorexia, perda de peso, inquietação, prurido e eosinofilia variável ○ casos mais graves → estado toxêmico com dor abdominal, diarréia, cefaléia, tonturas, convulsões e crises epileptiformes → desaparecem com eliminação dos vermes ● Diagnóstico: ○ exame de fezes → procura de ovos “chapéu mexicano” ○ se negativo → repetir outras vezes, pois a eliminação de ovos pode ser irregular ● Tratamento → praziquantel ou albendazol → dose única, mas recomendável repetir 2 vezes, pois larvas cisticercóides na mucosa não são afetadas ● Prevalência: ○ cosmopolita, mais frequente em regiões de clima temperado ou subtropical ○ Brasil → prevalência mais altas em estados do Sul ○ incidência maior em cidades do que zonas rurais → ovos sobrevivem pouco tempo no meio exterior (ingestão deve ser feita em até 10 dias) ○ maior prevalência → coletividades numerosas (transmissão é inter-humana) ○ > com promiscuidade e maus hábitos higiênicos → doença das mãos sujas ● Profilaxia: ○ asseio do domicílio e de higiene individual (impedir contaminação fecal das mãos, alimentos e água) ○ tratamento coletivo → deve ser instituído e repetido a cada duas semanas → redução drástica das fontes de infecção 41 Ancilostomose e estrongiloidose Ancilostomose Agentes etiológicos e morfologia:● Principais agentes etiológicos → Ancylostoma duodenale e Necator americanus (pertencem a família dos ancilostomídeos) ● Doença também é conhecida como amarelão (pessoa fica amarela por conta da anemia) ● Helmintos adultos que medem cerca de 1 cm, sendo os machos um pouco menores ● Apresentam duas estruturas muito características: ○ 1) cápsula bucal → modificação da extremidade anterior que permite ao verme aderir, por sucção, a parede do intestino ○ 2) bolsa copuladora dos machos → expansão da extremidade posterior diferente em cada espécie (fêmea tem extremidade afilada) ● O número de dentes ou placas varia entre as espécies de ancilostomídeos ● Ovos → espaço largo entre casca e conteúdo, desenvolvimento exige condições adequadas de oxigênio, umidade e temperatura (23 a 33ºC) ● Larva rabditóide → se alimenta ativamente de matéria orgânica do solo ● Larva filarióides → encontra-se embainhada ou encistada (forma infectante) ○ não se alimenta, mas passa a consumir suas reservas energéticas ○ Possui tropismos → termotropismo +, hidrotropismo +, tigmotropismo + e geotropismo - ○ ambientes naturais de zonas endêmicas → sobrevivem até seis meses ○ radiação solar e temperaturas muito altas → sobrevive poucas semanas 42 Ciclo de vida e transmissão: ● Os ancilostomídeo têm ciclo de vida monoxênico, com fase larvária no meio exterior ● Vida livre → ovo, L1, L2, L3 ● Vida parasitária → L3, L4,L5 e adulto ● Habitat → adultos vivem na mucosa do intestino delgado ● Infecção por Necator americanus ○ transmissão → penetração cutânea das larvas filarióides (secretam proteases e colagenases) ○ penetração na pele → circulação → coração → pulmão → faringe → deglutição → duodeno e jejuno ● Infecção por Ancylostoma duodenale ○ transmissão → penetração cutânea das larvas filarióides ou por via oral ○ se penetração → ciclo pulmonar ○ se ingestão → evolução no tubo digestivo do hospedeiro Patogenia e sintomatologia: ● A ancilostomíase é determinada por etiologia primária ou secundária ○ primária → migração e instalação dos parasitas no hospedeiro ○ secundária → permanência dos parasitas no hospedeiro → levam a anemia e hipoproteinemia ● Geralmente a infecção é assintomática ● Invasão cutânea → lesões mínimas, dependentes da carga parasitária, em reinfecções apresenta prurido e edema ● Período migratório → passagem pelo pulmão (síndrome de Loeffler) em geral benigna - pode apresentar quadros leves de pneumonia, passageira 43 ● Parasitismo intestinal (fase aguda) ○ lesões da mucosa pela ação da cápsula bucal (espoliação sanguínea) → hemorragia, dor epigástrica, indigestão, náuseas, constipação ○ hematofagia e secreção de fatores anticoagulantes → perda pode ser de até 30 ml de sangue por dia (perda de Fe) ● Fase crônica ○ se perda de Fe prossegue → reservas hepáticas são mobilizadas ○ Anemia → vermes adultos + espoliação sanguínea + deficiência nutricional → palidez, fraqueza, cansaço, dores, cefaléia, hipotensão e redução dos crescimento em crianças ○ Menor disponibilidade de oxigênio para o fígado → menor produção de proteínas plasmáticas → hipoproteinemia → pressão osmótica se torna maior no vasos sanguíneos → passagem de água aos tecidos → edema ○ leucocitose e eosinofilia Diagnóstico e tratamento: ● Diagnóstico clínico: presença de sintomas duodenais, anemia súbita, procedência e hábitos de vida do paciente ● Diagnóstico laboratorial: ○ principal → procura de ovos de A duodenale ou N americanus nas fezes ○ outros métodos → imunofluorescência, ELISA e hemaglutinação ● Drogas para tratamento contra os ancilostomídeos → albendazol e nitazoxanida ● Tratamento para reposição de Fe (antianêmico) → sulfato ferroso Epidemiologia e prevenção: ● Condições favoráveis → solo arenoso, permeável e rico de matéria orgânica e locais úmidos no peridomicílio ● São comuns de climas temperados e tropicais e possuem distribuição cosmopolita ● O Necator americanus encontra-se principalmente na África tropical, Américas e ilhas do pacífico, enquanto Ancylostoma duodenale em países do hemisfério norte. ● Em ambos os casos, o homem é a única fonte de infecção para ancilostomose, pois demais mamíferos possuem ancilostomídeos de outras espécies que não tem o humano como hospedeiro. ● Brasil → principal é o Necator americanus ● A braziliense e A caninum → infectam cães e gatos (produzem LMC em humanos) ● A ceylanium é um parasita que tem o homem como hospedeiro acidental (Taiwan) ● Profilaxia → utilização de calçados, tratamento dos doentes, medidas de saneamento básico e controle anti larvário com plantas 44 Estrongiloidose Agente etiológicos e morfologia: ● Principal agente etiológico → Strongyloides stercoralis ● S stercoralis parasita o homem, parte de seu ciclo é de vida livre no solo (macho e fêmea) e parte no intestino delgado humano (fêmeas partenogenéticas) ● Fêmea partenogenética (3n) ○ corpo cilíndrico, com comprimento de cerca 2 mm ○ elimina o ovo já larvado na mucosa intestinal (30 a 40 por dia) ○ vivem nas criptas da mucosa duodenal e porção superior do jejuno, mas atingem intestino grosso e região pilórica do estômago em casos graves ● Larva rabditóide → larvas L1 e L2, originadas da fêmea parasita, atingem o meio externo, sendo encontradas nas fezes ● Larva filarióide → é a forma infectante do parasita (L3) capaz de penetrar pela pele ou mucosas Ciclo biológico e transmissão: 45 ● Mecanismos de infecção ○ Heteroinfecção: L3 filarióides → penetram pela pele ou mucosa (não resistem ao suco gástrico se ingeridas) ○ Autoinfecção externa → larvas rabditóides na região perianal transformam-se em larvas infectantes filarióide e aí penetram, passando para circulação ○ Autoinfecção interna → larva rabditóides na luz intestinal transformam-se em larvas filarióides, as quais penetram na luz intestinal ○ obs.: fêmeas partenogenéticas podem ficar retidas nos pulmões e dar origem a ovos e larvas rabditóides Patogenia e sintomatologia: ● Principais alterações na estrongiloidíase são provocadas por: ação traumática, ação irritativa, tóxica e antigênica ● Infecção é geralmente assintomática com pequeno número de parasitas ● Forma cutânea e pulmonar → semelhante a ancilostomose ● Forma intestinal → presença das fêmeas provoca lesões mecânicas da mucosa pela oviposição, eclosão, movimentação intensa e migração das larvas → dor epigástrica, emagrecimento, anemia, choque hipovolêmico○ Enterite catarral (parasitas nas criptas glandulares) → reação inflamatória leve, secreção abundante de muco, aumento de peristaltismo ○ Enterite edematosa (parasitas nas túnicas da parede intestinal) → edema da submucosa e síndrome de má-absorção (reversível) ○ Enterite ulcerosa (intenso parasitismo) → ulcerações com extensas lesões com infecções bacterianas secundárias, hemorragias, disenteria, fibrose, alterações do peristaltismo (íleo paralisado) (irreversível) ● Forma disseminada → larvas presente em múltiplos órgãos devido à imunossupressão ou redução do trânsito intestinal → pode levar a óbito 46 Diagnóstico laboratorial e tratamento: ● Método direto ○ principal → procura de larvas rabditóides de S stercoralis nas fezes ○ endoscopia digestiva → visualização da mucosa intestinal (pacientes com infecção maciça com alterações no duodeno, jejuno e cólon) ○ biópsia intestinal ○ esfregaços citológicos obtido a partir de aspirado gástrico ou respiratório ● Método indireto ○ hemograma (alta taxa de eosinófilos na fase aguda) ○ diagnósticos por imagem (raio X de tórax, trato digestivo) ○ ELISA ● Drogas para tratamento → Ivermectina, tiabendazol e albendazol Epidemiologia e prevenção: ● O parasita apresenta distribuição mundial, especialmente em regiões tropicais, podendo também infectar cães, gatos e macacos ● Prevalência geralmente é inferior a 10% ● Animais domésticos têm infecção transitória (não são reservatórios importantes) ● Manutenção das formas infectantes deve-se à poluição por dejetos humanos ● Calor moderado e umidade favorecem desenvolvimento e acúmulo de grandes quantidades de larvas em estágios infectantes (susceptíveis a condições extremas) ● Controle → medidas de saneamento básico e educação sanitária, uso de calçados, tratamento do doentes e lavagem adequada de alimentos 47 Esquistossomose Agentes etiológicos e ciclo biológico: ● Doença parasitária causada por helmintos trematódeos que vivem no plexo das veias da parede intestinal ou bexiga, causando inflamação e fibrose ● O parasita necessita de 2 hospedeiros e passa por 6 estágios de desenvolvimento ○ HD → homem ○ HI → molusco ● Principais espécies que causam a doença ○ Schistosoma mansoni → HI pertence ao gênero Biomphalaria ○ Schistosoma haematobium ○ Schistosoma japonicum ● Hospedeiros intermediários de S mansoni → gastrópodes pulmonares que habitam coleções hídricas de fluxo lento ● Principais HI no Brasil → B. glabrata, B. straminea e B. tenagophila ● Mecanismo de transmissão → exposição direta água doce contendo cercárias viáveis do parasita 48 Morfologia e desenvolvimento: ● Vermes adultos ○ macho ■ mede cerca de 1 cm de comprimento ■ possui duas ventosas → oral e ventral ■ seu corpo enrola-se ventralmente formando o canal ginecóforo ○ fêmea ■ delgada e cilíndrica, mais longa que o macho e possui tegumento liso ■ ventosas são pequenas ■ a fêmea fecundada põe um ovo por vez (300 ovos por dia) ○ tegumento → é revestido por uma dupla membrana que se renova continuamente (mecanismo de evasão) ○ nutrem-se por ingestão de sangue e captação de nutrientes por transportadores e pinocitose no tegumento ● Ovos ○ possui duplo envoltório → casca externa apresenta espinho lateral característico e a interna constitui o corium ○ em geral, já contém o embrião formado quando eliminado nas fezes ○ pode sobreviver por 2 a 5 dias no meio externo, devendo logo ganhar o meio líquido, pois não suporta a dessecação ● Miracídios ○ é revestido por epitélio ciliado que lhe permite nadar rapidamente ○ apresenta saliência onde se abrem as glândulas de penetração ○ curta expectativa de vida → deve penetrar molusco no mesmo dia de eclosão ○ apresenta acentuado fototropismo, quimiotropismo e tende a nadar próximo a superfície líquida ● Esporocistos ○ ao invadir o molusco, miracídios transformam-se em uma estrutura sacular chamada de esporocisto I ○ geram-se esporocistos II que migram para o hepatopâncreas ou ovotestis do caramujo, passando a formar milhares de cercárias que podem ser expulsas ○ podem voltar a formar gerações de esporocistos capazes de retomar a produção de novas cercárias ● Cercárias ○ têm corpo piriforme e uma cauda bifurcada ○ possui geotropismo negativo, fototropismo positivo e quimiotropismo positivo ○ a eliminação de cercárias pelos moluscos obedece ritmo circadiano (pico às 11 da manhã) ○ poder infectante dura de 8 horas, mas podem se manter vivas até 3 dias 49 ● Desenvolvimento e migração no HD ○ fêmea só amadurece só depois de instalada no canal ginecóforo do macho (ocorre no fígado) ○ casal migra preferencialmente para ramos finos do plexo hemorroidário superior e plexo mesentérico inferior (mucosa intestinal) ○ fêmeas depositam seus ovos nos capilares mas delgados e acabam os obstruindo e desorganizando ○ ovos ficam livres no tecido conjuntivo e depois são expulsos para luz intestinal e evacuados nas fezes Patogenia e sintomatologia: ● Fase aguda assintomática → pode ser confundida com outras doenças ● Fase aguda sintomática ○ dermatite cercariana → penetração de cercárias leva a inflamação e dermatite, com exantema, prurido e reações alérgicas ○ Forma toxêmica da esquistossomose (devido passagem dos esquistossômulos nos pulmões e fígado, pois morte desses induz inflamação e necrose tecidual) → provocado por imunocomplexos, apresenta febre, mal-estar, sudorese, dores musculares, alterações intestinais, dor na região do fígado, eosinofilia, prostração, etc. (aumenta com oviposição) 50 ● Formação de granulomas periovulares ○ ovo no tecido induz migração de macrófagos, eosinófilos e linfócitos ○ morte do embrião e aumento do recrutamento de fibroblastos que depositam colágeno sobre o granuloma em formação ○ o resultado é a formação de uma estrutura cicatricial fibrosa ● Formação de fibrose esquistossomótica ○ acúmulo de granulomas na mucosa intestinal fibrosada ○ migração dos vermes para capilares mais profundos da submucosa ○ maior calibre dos vasos permite que ovos sejam arrastados para o fígado e retidos nos espaços porta ○ formação e acúmulo progressivo de granulomas no espaço periportal ○ fibrose esquistossomótica periportal → hipertensão periportal ● Fase crônica - forma intestinal ○ geralmente silenciosa, enquanto carga parasitária for baixa ○ de início, ovos predominam na mucosa do intestino distal e paciente apresenta retocolite, com evacuações frequentes com tenesmo e ardor ●Fase crônica - forma hepatointestinal ○ à medida que os helmintos forem migrando para a submucosa e seus ovos sendo arrastados para o fígado, a patologia se agrava ○ ocorre má digestão, desânimo, flatulência, nervosismo, emagrecimento ○ hepatomegalia ● Fase crônica - forma hepatoesplênica ○ fibrose hepática e comprometimento da circulação portal ○ hipertensão portal , esplenomegalia, edema e ascite ○ desenvolvimento de circulação colateral entre sistema porta e veias cavas ○ formam-se varizes esofagianas com tendência a hemorragias ○ lesões hepáticas e esplênicas → hipoproteinemia, anemia, leucopenia, plaquetopenia e deficiência de coagulação ○ variantes: forma hepatoesplênica compensada (com ou sem hipertensão portal), descompensada (ascite, icterícia e encefalopatia) e complicada (associada com outras formas clínicas da doença ou hepatopatias) 51 ● Outras formas clínicas e complicações ○ forma vasculopulmonar → fibrose pulmonar ○ glomerulopatia → deposição de imunocomplexos ○ forma neurológica → mielorradiculopatia esquistossomótica ○ pseudoneoplásica e doença linfoproliferativa Imunidade contra o parasita: ● ADCC - citotoxicidade mediada por células dependente de anticorpo ○ parasitas estimulam produção de IgE → estimulam mastócitos ○ mastócitos aderem aos parasitas, liberando mediadores químicos ○ recrutamento de eosinófilos e aumento de seus receptores de IgE ○ Eosinófilos executam ação citotóxica (liberação de grânulos), destruindo o tegumento do parasita ● Modulação da resposta T regulatória → mecanismo inibitório para doenças alérgicas e doenças inflamatórias → organismos deixa de reagir ao parasita ● Imunidade concomitante → impede que o indivíduo albergue um número crescente e sem limites de vermes ao longo de sucessivas reinfecções ● Mecanismos de evasão → renovação da membrana, mascaramento de antígeno, expressão de proteínas homólogas, modulação imune e degradação de anticorpos 52 Diagnóstico laboratorial: ● Exame parasitológico das fezes ○ Kato-Katz → método de quantificação de ovos nas fezes ○ Hoffman (método de Lutz) → sedimentação espontânea ● Biópsia retal ● Imunológicos → reação periovular, imunofluorescência indireta, ELISA ● PCR → soro e fezes Tratamento: ● Praziquantel → contração muscular intensa do parasita e ruptura do tegumento ● Oxamniquine → mais eficiente contra todas as formas do parasita, porém tem diversos efeitos colaterais ● critério de cura → exame de fezes deve ficar negativo por mais 4 meses após medicação Epidemiologia e prevenção: ● pelo menos 218 milhões de pessoas necessitam de tratamento preventivo (risco de exposição) para esquistossomose em 2015 ● esquistossomose é uma doença de notificação compulsória no SINAN ● condições para um foco de transmissão → eliminação dos ovos no ambiente, coleções hídricas, moluscos do gênero Biomphalaria e indivíduos susceptíveis ● Distribuição dos caramujos no Brasil ○ Biomphalaria glabrata → espécie mais importante com altos níveis de infecção, presente no litoral nordestino e de MG e no sul de SP ○ Biomphalaria straminea → espécie mais bem adaptada a condições climáticas, sendo encontrada em quase todas as bacias hidrográficas ○ Biomphalaria tenagophila → maior importância na região sudeste ● Fontes de infecção ○ áreas endêmicas → moradores parasitados (principalmente jovens) ○ outras fontes → animais silvestres (no Brasil, principalmente roedores) ● Fatores socioeconômicos → pobreza e falta de saneamento agravam transmissão ● modificações ambientais = novos focos → lagos de hidrelétricas, pântanos gerados por aterros, canais de irrigação ● Profilaxia ○ tratamento dos doentes → principalmente em áreas endêmicas ○ medidas saneamento básico e educação sanitária ○ Controle do molusco → uso de moluscicidas (niclosamida leva a bloqueio respiratório) 53 Filariose linfática Agente etiológico e morfologia: ● Doença é conhecida como elefantíase na fase crônica ● Principal agente etiológico → Wuchereria bancrofti ● Pertencente da classe dos nematódeos e família Onchocercidae ● Principal vetor (HI) → fêmea de Culex quinquefasciatus (pernilongo, mosquito) ● HD → ser humano ● Vermes adultos ○ machos têm cerca de 4 cm e corpo delgado, com extremidade anterior afilada e posterior enrolada ○ fêmeas têm de 7 a 10 cm e maior diâmetro ○ vivem nos vasos linfáticos e linfonodos se alimentando de linfa ○ possuem uma vida muito longa ● Microfilária (embrião) ○ são formas que se movimentam ativamente na corrente sanguínea do HD quando liberadas pelas fêmeas grávidas ○ apresentam bainha flexível e medem cerca de 300 um ○ microfilaremia tem periodicidade circadiana noturna (pico da 23 às 05 horas) ● larva → encontradas no vetor; a partir da microfilária desenvolve-se a L1, que se diferencia até L3 (forma infectante) Ciclo biológico e transmissão: ● Mecanismo de transmissão → picada do vetor e deposição das larvas infectantes na pele lesada das pessoas (larvas não são inoculadas pelo vetor) 54 Patogenia e sintomatologia: ● As manifestações clínicas podem ser devidas à presença dos vermes adultos no sistema linfático ou à resposta imune do hospedeiro contra microfilárias ● Infecção → pacientes assintomáticos ou com poucos sintomas → alta microfilaremia ● Doença → pacientes com manifestações crônicas → baixa ou sem microfilaremia ● Formas assintomática ou subclínica ○ indivíduos com microfilárias no sangue e sem sintomatologia aparente ○ porém, esses indivíduos podem apresentar doença subclínica, onde há danos nos vasos linfáticos e sistema renal ● Manifestações agudas ○ são provocados por ação irritativa → presença de vermes adultos e produtos do metabolismo ou morte ○ linfangite → inflamação dos vasos linfáticos ○ adenite → inflamação de gânglios nas regiões inguinal, axilar e epitrocleana ○ febre e mal-estar ● Manifestações crônicas ○ geralmente, ocorrem alguns anos depois das manifestações agudas em moradores de áreas endêmicas ○ Atinge de 1 a 20% dos indivíduos infectados ○ localização mais habitual da parasita ■ mulheres → membros inferiores ■ homens → vasos linf. do cordão espermático (hidrocele + prevalente) ○ 1) Linfedema: são provocadas principalmente por conta da ação mecânica → presença dos vermes adultos nos vasos linfáticos → estase linfática com linfangiectasia e derramamento linfático (linforragia) ○ 2) Elefantíase ■ linfedema → esclerose da derme → hipertrofiada epiderme ■ aumento do volume do órgão → queratinização e rugosidade da pele ■ possível agravamento do quadro devido a infecções secundárias ○ 3) hidrocele: acúmulo de líquido envolvendo os testículos dentro da bolsa escrotal (em geral, há preservação da pele da bolsa escrotal) ○ 4) quilúria: resulta da ruptura de vasos linfáticos dilatados e extravasamento da linfa para o interior do trato urinário → urina adquire coloração leitosa 55 ● Eosinofilia pulmonar tropical (EPT) ○ síndrome causada pela migração da microfilária para o pulmão (rara) ○ aumento de eosinófilos na corrente sanguínea ○ sintomas de asma brônquica, falta de apetite e perda de peso ○ pacientes frequentemente não apresentam microfilárias no sangue periférico Diagnóstico laboratorial e tratamento: ● Pesquisa de microfilárias no sangue periférico → exame de gota espessa deve ser realizado meia-noite ● Pesquisa de antígenos circulantes → imunocromatografia rápida em cartão (ICT) ● Pesquisa de vermes adultos → biópsia de linfonodos, ultrassonografia (dança da filárias) ● A droga de escolha é a dietilcarbamazina (DEC) → age nas microfilárias e nos vermes adultos ● Correção das alterações provenientes do parasitismo (edema, hidrocele) Epidemiologia e profilaxia: ● É uma doença endêmica de regiões tropicais e subtropicais ● Enfermidade debilitante, de grave impacto sócio-econômico, que acomete cerca de 120 milhões de pessoa em todo o mundo (90% dos casos W bancrofti) ● A enfermidade é encontrada principalmente no sul e sudeste asiático e continente africano (50% dos casos se encontram na Índia) ● Homem é o único hospedeiro definitivo (ausência de animais reservatórios) ● No brasil → apenas PE tinha notificações, mas atualmente a doença está erradicada ● Controle → tratamento dos doentes, medicação de massa anual em áreas endêmicas e controle de vetores 56 Malária Agentes etiológicos e epidemiologia: ● Malária é uma doença infecciosa causada por protozoários do gênero Plasmodium ● Principais agentes etiológicos: ○ febre terçã → Plasmodium falciparum, P vivax, P ovale ○ febre quartã → P malariae ● são pertencentes do filo Apicomplexa → organelas formando um complexo apical utilizado na fixação e invasão de células hospedeiras ● Vetor → mosquito do gênero Anopheles (hospedeiro definitivo) ● inicialmente, a doença era relacionada com o ar insalubre de determinadas regiões pantanosas → mal aire = malária ● Prevalência → áreas tropicais de baixas condições econômicas da África, Ásia e América Latina ● Mais de 100 países possuem malária endêmica (principalmente na África sub-Saara) ● 2015 → 214 milhões de casos e 438 mil mortes (principalmente menores de 5 anos) ● Plasmodium falciparum provoca forma mais grave da doença, enquanto outras espécies provocam formas mais brandas ● A transmissão também pode se dar por transfusões sanguíneas e congenitamente ● No Brasil ○ P vivax é o agente de maior importância (80% dos casos) ○ 99,5% dos casos de malária no Brasil ocorrem na Amazônia Legal ○ as taxas de casos confirmados, hospitalizações e óbitos vêm diminuindo Vetor: ● Fêmeas de cerca de 50-80 espécies de anofelíneos podem transmitir o protozoário ● preferência por habitats aquáticos limpos (desenvolve-se em água doce ou salobra) ● habitam principalmente regiões tropicais e subtropicais e têm raio de ação de km ● principais características → antropofilia, domesticidade e maior frequência de alimentação (mosquitos infectados obtêm menos sangue → > número de tentativas) ● No Brasil → Anopheles darlingi e A aquasalis têm maior importância ● ciclo de vida: ovos (cerca de 80 ovos que possuem flutuadores laterais) → larva (paralelas a superfície da água) → pupa → adulto (possui probóscida, palpos e manchas nas asas) 57 Ciclo biológico: 58 ● Fase hepática (ciclo exo-eritrocítico) ○ 1) esporozoítos infectantes são inoculados no homem pelo inseto vetor ○ 2) após a invasão do hepatócito, esporozoítos se diferenciam em trofozoítos pré-eritrocíticos ○ 3) multiplicação por reprodução assexuada do tipo esquizogonia, dando origem aos esquizontes teciduais ○ 4) milhares de merozoítos são liberados do fígado para circulação sanguínea ○ obs.: alguns esporozoítos dão origem a hipnozoítos → formas dormentes responsáveis por recaídas tardias da doença (principalmente em P vivax) ● Fase sanguínea (ciclo eritrocítico) ○ 5 e 6) após invadir os eritrócitos, os merozoítas se transformam em trofozoítas jovens e, posteriormente, trofozoítas maduros ○ 7 e 8) reprodução por esquizogonia com formação de esquizontes ○ 9) liberação de merozoítos que invadem novos eritrócitos ○ 10) Depois de algumas gerações de merozoítos sanguíneos, ocorre a diferenciação dos trofozoítas na forma sexuada, os gametócitos ○ obs.: P vivax invade apenas reticulócitos, enquanto P falciparum invade hemácias em qualquer estágio ○ obs.: invasão celular requer presença de roptrias e micronemas do parasita ● Fase no vetor (ciclo esporogônico ou sexuado) ○ 11) somente os gametócitos são capazes de evoluir no inseto → o gametócito masculino, por um processo de exflagelação , dá origem há 8 microgametas; já o gametócito feminino dá origem a um macrogameta ○ 12) cada microgameta fecundará um macrogameta, formando o oocineto, forma móvel que migra através da parede do intestino médio ○ 13) processo de encistamento na camada epitelial do intestino médio, formando o oocisto ○ 14) Início do processo de divisão esporogônica e, após ruptura do oocisto, os esporozoítas são liberados e atingem as glândulas salivares do mosquito Mecanismos de patogenicidade e imunidade: ● Apenas o ciclo eritrocítico assexuado provoca manifestações clínicas na malária ● Destruição das hemácias e presença de parasitas e metabólitos → resposta do hospedeiro → alterações morfológicas e funcionais ● 1) Destruição dos eritrócitos parasitados → desenvolvimento da anemia, potencializada por eritrofagocitose esplênica e disfunção da hematopoiese ● 2) Toxicidade resultante da liberação de citocinas → causam febre, hipoglicemia, inibição da eritropoiese medular, produção de NO e obstrução e ruptura vascular 59 ● 3) Metabolismo de parasita → consumo de glicose pelo parasita induz hipoglicemia e, consequentemente, hipóxia tecidual, o que provoca acidose lática tecidual (complicações neurológicas, renais e pulmonares) ● 4) Sequestro dos eritrócitos parasitados (Pfalciparum) ○ o parasita induz várias modificações na superfície da hemácia parasitada, o que permite sua adesão à parede endotelial dos capilares ○ processo de citoaderência é mediado por proteínas que se expressam na superfície da hemácia, formando protuberâncias ou knobs ○ Formação de rosetas → agregados de eritrócitos parasitados ou não ○ dependendo da intensidade, pode levar a obstrução da microcirculação, hipóxia e acidose lática → complicações graves ○ principais órgãos afetados → cérebro, pulmão, veia umbilical e placenta ● Mecanismos de eliminação do parasita ○ estágios extracelulares → anticorpos ○ esquizontes hepáticos → linfócitos T CD4 e CD8 ○ estágios sanguíneos → anticorpos e linfócitos T CD4 ● Resistência inata à malária ○ ausência de antígenos Duffy → resistência ao P vivax ○ heterozigotos para traço falciforme (forma da hemácia alterada) → proteção contra a malária ● Imunidade adquirida à malária ○ infecção frequente → imunidade (portadores assintomáticos) ○ transferência de anticorpos maternos da mãe infectada → proteção a recém-nascidos contra malária grave nos 6 primeiros meses de vida 60 Sintomatologia: ● Acessos maláricos (paroxismos) ○ são provocados pelo ciclo eritrocítico assexuado ○ primeira fase → forte sensação de frio, tremores incontroláveis, náuseas, vômitos e dor abdominal (dura até 1 hora) ○ segunda fase → febre intensa de até 41ºC, cefaleia intensa, prostração e delírio em alguns casos (2 a 4 horas) ○ terceira fase → queda da temperatura com sudorese abundante ○ desaparecimento dos sintomas após algumas horas ● Manifestações clínicas principais ○ Anemia ■ ruptura das hemácias parasitadas e destruição de hemácias não parasitadas pelo sistema imune ■ agravamento da anemia → citocinas pró-inflamatórias principalmente TNF-alfa) suprimem a atividade hematopoiética da medula óssea ■ anemia grave → apenas alguns pacientes infectados por P falciparum ○ Hepatoesplenomegalia → causada por resposta imunológica do paciente à infecção ○ Insuficiência renal (comum na malária grave no Brasil) → alterações da perfusão renal devido à desidratação (sudorese intensa e vômitos) e hipotensão agravadas por hemólise e consequente lesão tubular ○ Insuficiência respiratória → decorrente de edema pulmonar → quadro comum em adultos (elevada letalidade) → não é exclusiva de P falciparum ● Malária grave e complicada ○ Malária cerebral → forte cefaléia, hipertermia, vômitos, convulsões e sonolência → coma (~2% dos indivíduos infectados com P falciparum) ○ Insuficiência renal aguda → menor volume urinário e aumento de ureia e creatinina plasmáticas (+ frequente em adultos no Brasil) ○ Edema pulmonar agudo → intensa transudação alveolar redução na pressão arterial de oxigênio (comum em gestantes) ○ Hipoglicemia severa → + frequente em crianças ○ Icterícia → devido a comprometimento da função hepática e hemólise 61 Diagnóstico da malária: ● Exame de sangue periférico ○ presença de trofozoítos no MO permite afirmar que se trata de Plasmodium ○ P falciparum → completa ciclo eritrocítico assexuado aderido ao endotélio capilar → assim, presença é suspeitada quando apenas trofozoítos e gametócitos (forma de banana) são visualizados no MO ○ P vivax e P malariae → é possível visualizar todos os estágios de desenvolvimento → presença é suspeitada se houver esquizonte na MO ● produtos comerciais para detecção rápida de antígenos parasitários → fitas impregnadas com anticorpos, de alto custo e sensibilidade variável ● a detecção de anticorpos por sorologia não diferencia infecção aguda e passada Tratamento no Brasil: ● P vivax → cloroquina (formas sanguíneas) e primaquina (formas hepáticas) ● P falciparum (possui resistência a cloroquina) ○ malária não grave → associação quinina/doxiciclina ou quinina/tetraciclina ○ malária grave → artesunato/mefloquina ou quinina/clindamicina Profilaxia: ● Individual ○ evitar aproximação às áreas de risco após o entardecer e logo ao amanhecer ○ uso de repelentes, dormir com mosquiteiros, telar janelas e portas ○ uso de quimioprofiláticos ● Coletiva ○ reduzir a incidência da doença em determinadas áreas ○ medidas de combate ao vetor e suas larvas ○ medidas de saneamento básico ○ detecção e tratamento precoce dos infectados ● Vacina → em desenvolvimento (testes na áfrica - efetividade de 50%) 62 Leishmaniose visceral Agente etiológico: Leishmania (L.) infantum chagasi ● protozoário flagelado pertencente à ordem Kinetoplastida, família Trypanosomatidae, gênero Leishmania e subgênero Leishmania ● Os tripanossomatídeos apresentam formas celulares distintas em seus ciclos biológicos, graças a diferenciação celular. ● A transição de forma pode ocorrer na troca de hospedeiros ou dentro de um mesmo hospedeiro, como adaptação fisiológica ou antecipação da próxima etapa do ciclo. ● Está adaptado a viver em temperaturas em torno de 37ºC, o que lhe permite invadir órgãos profundos, depois de terem colonizado áreas cutâneas → tropismo visceral ● Vivem como amastigotas no interior de células do sistema mononuclear do hospedeiro definitivo (mamífero), principalmente células de Kupffer no fígado, células reticulares e macrófagos do baço, medula óssea e gânglios linfáticos. ● A forma infectante para os seres humanos é a promastigota (vivem nos insetos) ● Principal vetor no Brasil: Lutzomyia longipalpis (mosquito-palha) Ciclo biológico e transmissão: ● A infecção do inseto ocorre quando a fêmea pica o vertebrado infectado (ingestão de formas amastigotas) ● Transformação em promastigotas procíclicos no trato GI do inseto ● Migração e adesão do protozoário a parede do intestino → transformação em promastigotas metacíclicos ● mecanismo de transmissão → picada da fêmea inocula saliva com promastigotas ● As formas flageladas são fagocitadas por macrófagos (envaginação total do promastigota formando vacúolo fagocítico) ● Transformação em amastigotas no vacúolos (resistentes a ação dos lisossomos) ● Divisão binária simples até ocupar todo o citoplasma ● Rompimento da membrana celular do macrófago e liberação de amastigotas ● Infecção de novos macrófagos → evolução da doença 63 Patogenia: ● Pode ser assintomática e evoluir para cura ● Medula óssea → aumento dos monoblastos e macrófagos em detrimento dos granulócitos. → Consequência: anemia, leucopenia, plaquetopenia ● Fígado e baço → hipertrofia e hiperplasia do sistema macrofágicoleva à hepatoesplenomegalia ● Aumento da quantidade de proteínas do tipo globulina e diminuição de albumina no soro no fim → inversão da relação albumina/globulina (menor que 1 no calazar) ● Casos crônicos → instala-se fibrose no baço (completa modificação de sua arquitetura) e no fígado (pode levar a ascite, hipertensão portal e outras manifestações) Sintomatologia: ● sintoma mais acentuado → febre ● esplenomegalia → baço aumenta e pode ultrapassar a cicatriz umbilical ● Fígado aumenta menos que baço ● Micropoliadenia → aumento generalizado dos linfonodos 64 ● Com progressão da anemia → marcada tendência a hemorragias ● Alterações respiratórias são comuns → tosse seca ou com expectoração ● Enfraquecimento progressivo, desnutrição grave, atonia muscular → evolução pode ser rápida levando o paciente à caquexia e morte em algumas semanas ● Doença consumptiva → perda involuntária de peso, superior a 10% do peso basal ● Muitas vezes, a morte é causada por doenças intercorrentes devido à imunossupressão, como pneumonias, sepse, gastroenterites, etc. ● Manifestações cutâneas, gastrointestinais e respiratórias são mais frequentes nos pacientes com coinfecção LV-HIV Diagnóstico laboratorial e tratamento: ● Sorologia (método de escolha) → Imunofluorescência indireta e ELISA ● Direto → punção de medula óssea, em geral do esterno, e visualização de macrófagos infectados por amastigotas em MO (não aparece em todos os casos, mais invasivo, multiplicação em cultivo é lenta) ● Não utilizar reação de montenegro (quase sempre negativa) ● Tratamento: é feito no hospital, com paciente internado, pois em nas regiões endêmicas encontram-se casos que não respondem ao tratamento ● Medicamentos de escolha → glucantime, pentamidina e anfotericina B Epidemiologia e profilaxia: ● Número de casos novos anuais → 1,5 milhão leishmanioses cutâneas, 500 mil leishmaniose visceral ● Brasil - Ministério da Saúde → média anual de 22.000 novos casos de leishmanioses cutâneas e 1.500 de leishmaniose visceral ● Os focos principais da doença no Brasil se encontram no Nordeste, Belo Horizonte, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Noroeste de São Paulo ● Incidência de leishmaniose visceral aumentou nos últimos anos no Brasil e, além disso, o vetor está se urbanizando ● Lutzomyia longipalpis possui hábitos domiciliares, peridomiciliares e silvestres ● Zoonose → reservatórios importantes ○ domiciliar → cão; silvestre → raposa ○ Tanto a raposa como o cão infectados apresentam magreza acentuada e lesões de pele abundantes ● Pode-se realizar o xenodiagnóstico para determinar se cães e raposas estão infectados → deixar vetor picar o animal e depois de alguns dias analisá-lo em MO ● Prevenção: ○ Combate ao vetor (inseticidas) ○ Tratamento ou eliminação dos cães doentes (geralmente são sacrificados) ○ Tratamento dos doentes (não é medida profilática importante) 65 Doença de Chagas Agentes etiológicos e morfologia: ● Agente etiológico: Trypanosoma cruzi ● protozoário flagelado da família Trypanosomatidae, ordem kinetoplastida ● ocorre como várias linhagens filogenéticas, algumas mais associadas ao ciclo silvestre, outras mais associadas à doença em humanos ● Nos vertebrados (HD), o T cruzi se apresenta como tripomastigotas no sangue e como amastigotas nos tecidos. ● No tubo digestivo dos insetos (HI), o T cruzi se apresenta como tripomastigotas sanguíneos (após ingestão), epimastigotas e tripomastigotas metacíclicos ● Amastigotas → fase intracelular, sem organelas de locomoção, com pouco citoplasma e núcleo grande (presente na fase crônica da doença) ● Epimastigota → forma multiplicativa encontrada no tubo digestivo do vetor, não infectante para vertebrados, possui forma fusiforme, flagelo e membrana ondulante ● Tripomastigota → fase extracelular, resistente ao complemento, alta motilidade, flagelo e membrana ondulante em toda extensão; existem duas formas: sanguíneos (em vertebrados) e metacíclicos (forma infectante), morfologicamente idênticos Vetores: ● Os triatomíneos são hospedeiros intermediários do T cruzi ● Insetos hemípteros, hematófagos, hábitos de noturnos que possuem antropofilia ● Uma vez infectados, permanecem vetores para sempre ● capacidade de vôo e de se adaptar ao domicílio humano (casas de barro) ● Principais espécies de triatomíneos: ○ Triatoma infestans (barbeiro) → antes no meio da cabeça ○ Panstrongylus megistus → antenas no início da cabeça ○ Rhodnius prolixus → antenas na ponta da cabeça 66 ● Diferenças de aparato picador: ○ Aparato picador hematófago (todos os triatomíneos acima) → é reto e possui 3 segmentos ○ Aparato picador fitófago (não é vetor) → reto e possui 4 segmentos ○ Aparato picador predador (não é vetor) → robusta e curva Ciclo biológico e transmissão: 67 ● 1, 2) Insetos ingerem tripomastigotas sanguíneos ● 3) Tripomastigotas se transformam de epimastigotas no tubo digestivo do inseto ● 4) Multiplicação por divisão binária dos epimastigotas ● 5) Tripomastigotas metacíclicos na ampola retal ● 6) Durante a picada, mosquito defeca na pele e fezes contaminadas com tripomastigotas metacíclicos podem entrar em contato com picada (mecanismo de transmissão) ● 7) Tripomastigotas metacíclicos atingem corrente sanguínea ● 8, 9) Invasão de célula e formação de vacúolo fagocítico ● 10, 11) Transformação em amastigotas e multiplicação por divisão binária ● 12,13) Transformação em tripomastigotas sanguíneos e rompimento da célula ● 14, 15) As formas liberadas podem infectar outras células do hospedeiro ou recomeçar o ciclo ● Formas de transmissão: ○ Picada do inseto contaminado ○ Transmissão transplacentária ○ Transmissão por leite materno (rara em humanos) ○ Via oral → consumo de alimentos contaminados com o parasita do inseto barbeiro, especialmente açaí e caldo de cana (principal mecanismo no Brasil atualmente) ○ Acidentes laboratoriais ○ Transplante de órgãos ○ Transfusão sanguínea Formas clínicas: ● Após a entrada do parasito no organismo, ocorrem duas etapas fundamentais na infecção humana pelo T cruzi → fase aguda e fase grave ● Fase aguda → predomina o parasito circulante na corrente sanguínea em quantidades expressivas; pode ser assintomática ou ter manifestações de doença febril podem persistir por até doze semanas; sinais e sintomas podem desaparecer espontaneamente, evoluindo para fase crônica ou progredir para fase agudagrave, que pode levar a óbito. ● Fase crônica → existem raros parasitas circulantes na corrente sanguínea; inicialmente, é assintomática e sem sinais de comprometimento cardíaco e/ou digestivo, podendo ser classificadas das seguintes formas: ○ Forma indeterminada → ~60% dos casos ○ Forma cardíaca → ~30% dos casos ○ Forma digestiva → ~10% dos casos ○ Forma mista (cardiodigestiva) 68 Patogenia e sintomatologia: ● Fase aguda: ○ Pode frequentemente passar despercebida, assintomática ○ Pode ocorrer: febre alta, astenia, cefaléia, miocardite, taquicardia, meningoencefalite, hepatoesplenomegalia ○ Sinais de penetração: chagoma de inoculação, sinal de Romaña (lesão inicial à penetração do parasita pela mucosa do olho, próximo a picada) ○ Sintomatologia reversível ○ Ninhos de amastigotas em baço, fígado, coração, rins e sistema nervoso ○ Mecanismo patogênico desconhecido e lembra processo tóxico → quando células e fibras musculares são parasitadas, não há reação inicial → após o rompimento das primeiras células parasitadas, ocorre processo de resposta focal → miocardite focal → miocardite difusa (letal) ● Patogenia da fase crônica: ○ Existem duas teorias principais em relação a patogenia na fase crônica: ■ 1) Lesão direta pelo parasita → destruição autonômica, com lesões microvasculares (sem o parasita não ocorrem lesões) ■ 2) Autoimunidade → carga parasitária muito baixa com detecção de vários anticorpos com reatividade cruzada ○ Hipótese unificadora → os dois processos ocorrem simultaneamente ○ Coração: destruição dos cardiomiócitos, fibrose e destruição do sistema condutor ○ Sistema digestivo ■ Destruição do SN parassimpático ■ Diminuição da contratilidade e peristaltismo ■ Aperistalse → estase do conteúdo → > dilatação e estimulação motora → hipertrofia da musculatura ■ Lesão causada por hiperatividade e pouca irrigação → atonia ■ Formação de “megas” (dilatação de vísceras ocas sem peristaltismo) 69 ● Sintomatologia da fase crônica - forma cardíaca: ○ Cardiomegalia (dilatação das cavidades cardíacas e hipertrofia) ○ Fibrose ○ Aneurisma de ponta ○ Possibilidade de formação de êmbolos/coágulos ○ Arritmias, taquicardias, bradicardias, extra-sístoles, bloqueios AV e do ramo direito do feixe de His ○ Insuficiência cardíaca congestiva (edemas, insônia, apnéia) ● Sintomatologia da fase crônica - forma digestiva: ○ Megaesôfago → disfagia (dificuldade de deglutição), tendência a regurgitação, dor epigástrica ou retroesternal, compressão da cárdia do estômago, intensa salivação e emagrecimento ○ Megacólon → constipação progressiva, timpanismo do hipocôndrio esquerdo, o colo sigmóide é palpável, volumoso e com aspecto tumoral devido ao acúmulo fecal Diagnóstico laboratorial: ● Fase aguda ○ Parasitemia → detecção de formas tripomastigotas sanguíneas em MO ○ Sorologia para IgM → ELISA e Imunofluorescência indireta 70 ● Fase crônica ○ Sorologia para IgG → ELISA e Imunofluorescência indireta ○ Hemocultura → resultado demora muito e deve ser repetido várias vezes ○ Xenodiagnóstico → método desagradável para o paciente, demorado, resultado negativo não é conclusivo Tratamento: ● Fase aguda → benznidazol (efeitos colaterais) ● Fase crônica → benznidazol (controverso) e aloprurinol (inibidor da síntese de purinas) ● Cardiomiopatia → digitálicos, vasodilatadores, inibidores de enzima conversora, marca-passo, antiarrítmicos, transplante ● Megaesôfago → protetores, anticolinérgicos (relaxamento da musculatura lisa) e dilatação mecânica da cárdia / intervenção cirúrgica ● Megacólon → dieta rica em fibras e cirurgia Epidemiologia e prevenção: ● 1909 → tripla descoberta → Carlos Chagas comunicou ao mundo científico a descoberta de uma nova doença humana, seu agente causal e o inseto que o transmitia → marco decisivo na história da ciência e da saúde brasileira. ● Mamíferos, como a capivara, a preguiça, o tatu, o cão e o gambá constituem importantes reservatórios do T cruzi ● Prevalência → campanhas de erradicação do barbeiro levaram a índice quase zero a prevalência de tripanossomíase americana em alguns países da América 71 ● No Brasil, a região Norte registra o maior número de casos da doença ● Nos últimos anos, a transmissão oral tem aumentado acentuadamente, enquanto a transmissão vetorial permanece estagnada ● Rotas de migração da América Latina são responsáveis por casos de pessoas infectada em países não endêmicos ● 10 milhões de pessoas infectadas no mundo, sendo que há cerca de 3 milhões de brasileiros na fase crônica da doença ● Aproximadamente 15 mil pessoas morrem por ano em decorrência de complicações da doença de Chagas → doença negligenciada ● Mais de 25 milhões de pessoas estão sob risco de serem infectadas ● Profilaxia: ○ Combate aos triatomíneos (principal) ○ Saneamento ambiental → melhoria das habitações ○ Educação sanitária e participação comunitária ○ Profilaxia em bancos de sangue ○ Desenvolvimento da vacina / imunoterapia 72 Toxoplasmose e hidatidose Toxoplasmose Agente etiológico: Toxoplasma gondii ● Um esporozoário do filo Apicomplexa e família Sarcocystidae ● Desenvolve parasitismo intracelular e ocorre com muita frequência no gato e vários outros vertebrados homeotérmicos ● Pode ter ciclo monoxeno ou heteroxeno ● No gato doméstico (HD) → são encontrados nas células do epitélio intestinal ● Nos outros vertebrados (HI) → são encontrados taquizoítos em diversos tecidos, células e líquidos orgânicos e bradizoítas formando cistos nos tecidos ● Taquizoíta (rápida proliferação) ○ também chamado de trofozoíta, forma livre ou forma proliferativa ○ pode ser encontrado na forma aguda da doença ○ tem aspecto de um arco apresentando extremidade anterior mais afilada e com complexo apical importante na endocitose ○ podem estar dentro de vacúolos parasitóforos de fagócitos, células hepática, = nervosas, etc. ● Bradizoíta (lenta proliferação) ○ conjunto é chamado de cistozoíto ou forma de latência ○ tem forma de taquizoíto pequeno sendo encontrado dentro de cistos em células de diferentes tecidos ○ conjunto de bradizoítas + vacúolo parasitóforo → formam a parede cística (resistente a ação imunitária e suco gástrico) ● Oocisto: ○ Oocisto → é uma forma ovalada, presente em fezes de gato não imune ○ Apresenta membrana dupla (> resistência) ○ Demora 2 a 3 dias para amadurecer no ambiente, formando esporozoítas 73Ciclo biológico e transmissão: ● A) Meio exterior (solo) ○ Oocisto imaturo é liberado nas fezes do gato ○ Maturação leva de 2 a 3 dias → esporogonia → forma oocisto maduro, contendo 2 esporocistos com 4 esporozoítas cada ● B) Fase assexuada (outros mamíferos) ○ Mecanismo de transmissão: ingestão de oocistos (provenientes de fezes de gatos) ou de alimentos contaminados com cistos ou taquizoítas ○ Os oocistos e cistos passam pelo estômago e liberam, respectivamente, esporozoítos e bradizoítas no intestino, os quais podem penetrar a mucosa ○ Reprodução assexuada no vacúolo parasitóforo de macrófagos e outras células (principalmente de taquizoítas) → fase aguda da doença ○ Pessoas normais → depois de um tempo, quadro proliferativo reduz drasticamente → desaparecimento de taquizoítas e formação de cistos que protegem os bradizoítos em seu interior → fase crônica da doença ● C) Fase sexuada (intestino do gato) ○ Ingestão de oocistos, cistos ou taquizoítas (geralmente em ratos infectados) ○ Reprodução assexuada → merogonia → forma merozoítas ○ Reprodução sexuada → gametogonia → merozoítas tornam-se gametócitos masculinos ou femininos, os quais se fundem para produzir o ovo e, posteriormente, o oocisto imaturo, que e eliminado nas fezes. 74 Patogenia e sintomatologia: ● Forma pós-natal ○ Alta parasitemia por formas taquizoítas (fase aguda) → atinge pico e logo decresce gradualmente → cistos com bradizoítas são formados (fase crônica) ○ Geralmente é assintomática ○ Pode ter adenopatia, com ou sem febre na fase aguda ○ Raro: pneumonias, coriorretinites, perda de visão e óbito ● Forma congênita ou neonatal ○ forma + grave, que ocorre quando a gestante apresenta fase aguda da doença ○ geralmente não causa aborto ○ 50% com lesão grave do feto ○ 1 a 3º mês → afeta SNC e retina ○ Final da gravidez → dano hepático, miocárdio e pulmonar ○ Principais patologias para o feto → coriorretinite, calcificações cerebrais, perturbações neurológicas, hidrocefalia, microcefalia, retardamento mental severo, morte, etc. ● Toxoplasmose em pacientes imunodeficientes ○ Forma grave ○ Causada por reativação da doença → interconversão bradizoíta → taquizoíta é importante em indivíduos imunossuprimidos ○ Encefalite aguda → morte em poucos dias ○ Raro: toxoplasmose extra-cerebral (ocular, pulmonar, cardíaca) Diagnóstico laboratorial: ● Sorologia → Determinação dos títulos de IgM e IgG → Imunofluorescência indireta e ELISA) (principalmente em mulheres grávidas) ● Pacientes imunossuprimidos → sorologia não é satisfatória e deve-se procurar o parasita no líquor ou lavado bronco-pulmonar (antígenos podem ser procurados) 75 Tratamento: ● Sulfadiazina e pirimetamina (via oral) → age contra taquizoítas ● Espiramicina → para gestantes em fase aguda, visando prevenção da toxoplasmose congênita precoce (não trata o feto) Epidemiologia e prevenção: ● É uma infecção cosmopolita e endêmica, muito prevalente (60% ou mais da população mundial) ● Reservatórios principais → gato, boi, cão, rato, homem, aves ● O gato permanece infectante por um longo período e elimina milhões de oocistos em cada defecação ● A ingestão de carne crua aumenta índices de prevalência → França tem 96% ● No Rio de Janeiro, foi verificado que 4 recém-nascidos em 1000 nascidos vivos apresentaram toxoplasmose congênita inaparente (subclínica) ● Profilaxia ○ evitar contato com gatos (principalmente mulheres grávidas) ○ medidas de saneamento básico e higiene individual ○ fiscalização de abatedouros ○ evitar ingerir carne crua ou mal passada ○ cuidados com caixas de areia Hidatidose Agente etiológico: Echinococcus granulosus ● Platelminto da família Taeniidae, com 3mm e 3 a 6 proglotes ● Hospedeiro definitivo → cão elimina ovos ● Hospedeiro intermediário → ovinos, bovinos, suínos e, eventualmente, humanos albergam formas larvárias (estruturas vesiculares chamadas hidátides ou cistos hidáticos) ● Ovo → esférico com 30 um de diâmetro, embrióforo espesso e embrião hexacanto ou oncosfera no interior ● Cisto hidático (formado por larvas) ○ podem chegar a medir até vários cm de diâmetro ○ formado por três membranas ○ forma vesículas prolígeras → vesícula branca, esférica e elástica, com os protoescólex em seu interior ○ líquido hidático → líquido das vesículas semelhante ao plasma sanguíneo ● Verme adulto → presente na mucosa do intestino delgado do HD (cão) 76 Ciclo biológico e transmissão: ● Fase sexuada ○ Pequena tênia adulta promove fecundação e a produção abundante de ovos no intestino dos cães ○ Proglotes grávidas contendo ovos embrionados são eliminadas nas fezes ○ Mecanismo de transmissão → Ingestão ovos viáveis de Echinococcus granulosus (ovinos e humanos) ○ Oncosfera se liberta do embrióforo, penetra a mucosa intestinal e migra para o fígado, pulmão e outros órgãos ● Fase assexuada ○ Nos tecidos, a oncosfera dá origem aos cistos hidáticos e suas cápsulas prolígeras, com protoescólex gerados por brotamento em seu interior ○ Quando o cão se alimenta de ovinos infectados, esses protoescólex transformam-se em escólex, que são capazes de se fixar a mucosa intestinal e virar forma adulta Patogenia e sintomatologia: ● Eosinofilia sanguínea ● Desenvolvimento progressivo de cistos hidáticos, que se tornam cada vez maiores, deformando e causando fibrose no órgão afetado e, posteriormente, calcificação ● Possui evolução muito lenta (pode ser assintomática), tumefação do local onde o cisto se desenvolve e maior susceptibilidade à infecções secundárias 77 ● Principais formas da doença ○ Hidatidose hepática (75%) → icterícia, fibrose, estase biliar, congestão ○ Hidatidose pulmonar (10%) → sintomas respiratórios variados e processo supurativo crônico ○ Outros órgãos afetados → rins, músculos, baço e pâncreas Diagnóstico laboratorial e tratamento: ● Exames de imagem → radiografia, cintilografia e sonografia ● Sorologia → ELISA e hemaglutinação (são específicos, porém pouco sensíveis) ● Reação Intradérmica de Casoni → reação é feita injetando-se antígeno (líquido hidático) na pele do paciente → se positivo, apresenta reação inflamatória inicial (pápula) e tardia (tumefação) ● Tratamento ○ Cirúrgico → remoção, com ou sem punção do cisto ○ Quimioterápico → albendazol e mebendazol Epidemiologiae prevenção: ● Hidatidose é considerada altamente endêmica em regiões do hemisfério norte, como Alasca, Canadá, diversos países da Europa, Ucrânia, Oriente Médio, Rússia e Ásia Central ● Na América Latina, a endemicidade é alta em áreas rurais do Chile, Argentina, Uruguai e Sul do Brasil (coincide com criação de ovinos e bovinos) ● A frequência do cisto hidático devido ao E. granulosus pode ser considerada como diretamente relacionada com a frequência de equinococose nos cães da região. ● Contato íntimo com o cão infectado é o principal modo como se dá a contaminação ● A infecção pode ser adquirida em qualquer idade; contudo, o diagnóstico só é estabelecido depois de muitos anos, quando aparecem os sintomas ● Prevenção da infecção canina → fiscalização de abatedouros, melhoria dos matadouros (para impedir o acesso de cães às vísceras), controle sanitário do gado abatido, tratamento anti-helmíntico dos cães parasitados, e vacinação de ovinos ● Prevenção da infecção humana → Educação sanitária e medidas de saneamento básico 78 LMV e angiostrongilíase Larva migrans visceral Agente etiológico: ● Larva migrans se aplica à persistência e migração de larvas de nematóides em hospedeiros não habituais ● Diversos nematóides de animais domésticos são capazes de infectar o ser humano sem completar seu desenvolvimento nesse hospedeiro ● Principal agente etiológico: Toxocara canis (por isso, doença também é chamada de toxocaríase) ● Verme adulto → assemelha-se ao Ascaris, machos têm cerca de 7 cm e fêmeas são maiores, possuem 3 lábios e 2 expansões cervicais em forma de aletas. Ciclo biológico e transmissão: ● Mecanismo de transmissão: ingestão de ovos embrionados ou ingestão de carne crua ou mal passada de animais que contém larvas de T. canis nos tecidos 79 ● Ciclo nos cães: ○ 1) Eliminação de ovos de T canis nas fezes do cão ○ 2) Desenvolvimento externo dos ovos ○ 3) Ingestão dos ovos contendo larva infectante por cães ○ 4) Larva penetra mucosa, atinge circulação, realiza ciclo pulmonar e, por fim, desenvolvimento de vermes adultos no intestino de cães jovens ○ 5, 6) Pode ter passagem da larva por via transplacentária e transmamária, essas também se desenvolvem em vermes adultos no intestino dos filhotes ○ 7) Se outro mamífero ingerir o ovo, ele irá desenvolver LMV nos seus tecidos ○ 8) Se o cão se alimentar do animal infectado por larvas, haverá o desenvolvimento de vermes adultos em seu intestino ● Ciclo em humanos: ○ 9, 10) Ingestão de ovos embrionados ou ingestão de carne crua ou mal passada de animais que contém larvas de T. canis nos tecidos ○ 11) Larvas invadem mucosa e atingem circulação sanguínea → desenvolvimento de LMV nos tecidos ○ Obs.: homem é hospedeiro paratênico (não há desenvolvimento ou reprodução do parasito) → logo, não elimina ovos nas fezes Patogenia e sintomatologia: ● Os órgãos mais afetados por esses parasitos são: fígado, pulmões, cérebro, olhos e linfonodos (larvas são retidas nos órgãos pela reação inflamatória) ● Lesão típica → granuloma alérgico → no centro dele está o parasito e tecido necrótico, cercado de eosinófilos e monócitos, em torno há infiltrado leucocitário e fibroblastos ● Formas clínicas → pode ser assintomática ou classificada em 3 formas: ○ 1) Toxocaríase ocular → geralmente na câmara posterior, geralmente unilateral, com descolamento da retina, opacificação do humor vítreo e perda da visão (ocorre quando carga parasitária é baixa) ○ 2) Toxocaríase visceral → deposição da larva em órgãos como pulmão, cérebro e pele, presença de febre, hepatomegalia, dor abdominal, hipereosinofilia e outros sintomas associados ao órgão (ocorre quando há alta carga parasitária) ○ 3) Toxocaríase oculta → apresenta quadro sistêmico mais brando, manifestações clínicas inespecíficas, pode ou não haver eosinofilia, mas tem evidência sorológica positiva 80 Diagnóstico: ● Fundamenta-se em dados clínicos, hematológicos (eosinofilia), radiológicos, imunológicos e, eventualmente, biópsia ● Sorologia → mais específica e sensível (ELISA e Western blot), utiliza-se soro, fluidos oculares e líquor ● Exame de fezes não informa Nada!!! Tratamento: ● Tratamento geralmente é desnecessário (infecções benignas e autolimitadas) ● Grupo de risco → utilizar albendazol, mebendazol, tiabendazol e dietilcarbamazina ● Toxocaríase ocular → prednisona e triancinolona Epidemiologia e prevenção: ● Infecção é cosmopolita (prevalência varia muito de acordo com países) ● É mais comum em países tropicais em desenvolvimento e áreas rurais ● Os cães e gatos são fontes importantes e a infecção é facilitada por contato íntimo com esses animais ou pelo solo contaminado com ovos. ● Nos cães, a transmissão é congênita, mas os gatos infectam-se comendo minhocas, baratas ou camundongos portadores de larvas ● Profilaxia: ○ Remoção das fezes de animais das ruas (ovos são muito resistentes) ○ Colocar cercas teladas para proteger lugares de recreação das crianças ○ Reduzir população de cães e gatos errantes ○ Tratamento periódico dos cães e gatos Angiostrongilíase Agente etiológico: ● Duas espécies de nematódeos do gênero Angiostrongylus podem parasitar ocasionalmente o homem → A. cantonensis e A. costaricensis ● Angiostrongylus cantonensis → causa frequentemente meningite eosinofílica ● Angiostrongylus costaricensis → causa frequentemente enterite eosinofílica ● Verme filiforme, fêmea mede cerca de 30 mm e macho são pouco menores, habitam principalmente vasos sanguíneos do HD e humanos (hospedeiro acidental) ● Hospedeiros definitivos → roedores silvestres, coatis e saguis ● Hospedeiros intermediários → moluscos pulmonados terrestres 81 Ciclo biológico: Patogenia e sintomatologia: ● 2 mecanismos patogênicos principais: ○ 1) Ação dos vermes adultos sobre o endotélio das artérias que habitam, provocando endarterites, tromboses e necroses obstrutivas ○ 2) Desencadeamento de reações inflamatórias granulomatosas locais, com grande presença de eosinófilos ● Quadros clínicos: ○ Angiostrongylus costaricensis → causa angiostrongilíase abdominal → dor abdominal, febre, acompanhada ou não por náuseas, anorexia e vômitos, tumoração abdominal palpável e obstrução intestinal ○ Angiostrongylus cantonensis → causa meningoencefalite eosinofílica → existem 3 formas (encefalite, meningite e ocular), há cefaléia associada a febre baixa,rigidez na nuca, fotofobia, náusea e vômitos, pode haver também disfunção cognitiva, delírios e convulsões 82 Diagnóstico e tratamento: ● Exame de fezes não informa Nada!!! ● Sorologia → ELISA e aglutinação com partículas de látex ● Exame de líquor → eosinofilia maior que 10% na meningite eosinofílica ● Pode-se utilizar de exames radiológicos e biópsia ● PCR também pode ser utilizado em moluscos e humanos ● Tratamento para angiostrongilíase abdominal → intervenção cirúrgica com ressecção das regiões afetadas em casos graves ● Tratamento para meningite eosinofílica → maioria não necessita de tratamento específico, com recuperação dentro de 5 semanas (apenas tratamento sintomático) Epidemiologia e controle: ● Parasitose endêmica emergente e negligenciada ● Angiostrongylus costaricensis → continente americano ● Angiostrongylus cantonensis → região indo-pacífica, Caribe, japão ao norte da austrália, crescimento de casos no Brasil ● No Brasil → maioria dos casos é encontrada em São Paulo e no Sul ● A incidência é maior logo após o período de chuvas → maior número de moluscos ● Profilaxia ○ Combate aos roedores e moluscos vetores (inviáveis) ○ Evitar ingestão de moluscos crus ou verduras e frutas mal lavadas ○ Implantação vigilância das meningites eosinofílicas 83 DSTs causadas por parasitas Tricomoníase Agente etiológico: Trichomonas vaginalis ● Protozoário do filo Sarcomastigophora ● Trofozoíta tem forma de pêra, 4 flagelos livres (ajudam na movimentação) e membrana ondulante ● Em sua estrutura, possui: ○ Axóstilo → eixo de sustentação formado por feixes de fibras ○ Costa → faixa que percorre citoplasma próximo ao flagelo recorrente ○ Corpo parabasal → fibra parabasais e aparelho de Golgi ● Não forma cistos ● Na mulheres → parasita a mucosa vaginal e outros locais do aparelho genitourinário ● Nos homens → parasita a uretra, próstata e prepúcio Ciclo biológico e transmissão: ● Mecanismo de transmissão: contato sexual 84 Patogenia e sintomatologia: ● Infectividade e resistência ao parasitismo ○ aumento do pH vaginal → normalmente entre 3,8 - 4,5 (eleva-se a 6,5) ○ modificação da microbiota bacteriana vaginal ○ diminuição da resistência (IgA pode ser degradada pelo parasita) ● Na mulher ○ T. vaginalis prolifera na luz da vagina e infecção é frequentemente assintomática ○ Vaginite → reação inflamatória da mucosa vaginal com intensa descamação e inflamação leucocitária ○ Corrimento característico (leucorreia) ○ Odor desagradável (peixe) ○ Prurido intenso, ardor e, eventualmente, disúria ○ Pode levar a lesão do colo do útero (aspecto de morango) ● No homem → geralmente assintomática e raramente secreção uretral Diagnóstico e tratamento: ● Exame microscópico a fresco ou após coloração da secreção vaginal e uretral → encontro de trofozoítas de T vaginalis ● Tratamento → Metronidazol e secnidazol Epidemiologia e profilaxia: ● Prevalência ○ parasita cosmopolita, incidindo mais em mulheres adultas sexualmente ativas em proporções elevadas (20 a 40% das pacientes examinadas) ○ É a doença venérea de maior incidência mundial (OMS estima 180 milhões no mundo) ○ A propagação por outros modos podem ocorrer → transferência por água de banho, instalações sanitárias, objetos de toalete, roupas íntimas e de cama ● Profilaxia ○ mesmas medidas das DSTs ○ medidas individuais → uso de preservativos e evitar promiscuidade sexual ○ Muito importante → tratamento da paciente e do seu parceiro sexual para evitar reinfestação 85 Ftiríase ● Sinonímia → pediculose pubiana ou chato ● Agente etiológico: Pthirus pubis (ordem Anoplura) ○ insetos pequenos e em asas, com corpo achatado, segmentos do tórax fundidos, antenas e peças bucais sugadoras ○ hemimetábolos → ovo, ninfa e adultos desenvolvem-se no corpo do adulto, mas apenas ninfas e adultos são hematógafos ○ são os menores piolhos (fêmeas são um pouco maiores que machos) ○ possuem metapódios → 4 tubérculos salientes em cada lado do abdome ○ seus ovos (lêndeas) possuem opérculo (“tampa”) e são aderidos ao pelo por substância cimentante ● Patogenia e sintomatologia ○ Irritação mecânica devida à picada e saliva do inseto ○ Intenso prurido na região pubiana ● Diagnóstico → encontro do parasita na região pubiana (ou outra localização) ● Tratamento ○ DDT em pó a 10% ou loções e xampus de benzoato de benzila (Acarsan) na região pubiana ○ Atualmente → piretróides sintéticos (pouca absorção pela pele) ○ Importante: repetir o tratamento 2 a 3 vezes com intervalo de uma semana ● Prevalência ○ Grupos sexualmente promíscuos e de pouca higiene ○ Mais raras atualmente ● Profilaxia → higiene e evitar promiscuidade 86 Parasitoses oportunistas Conceitos - parasitas oportunistas: ● Doenças oportunistas → causadas por microrganismos que vivem no meio ambiente ou na microbiota residente do organismo humano, habitualmente não patogênicos ou pouco patogênicos, mas causam doenças graves quando ocorre enfraquecimento do sistema imunológico do paciente contra a infecção ● Principais situações que podem desencadear doença oportunistas: ○ imunodeficiências ou tratamento imunossupressor ○ uso de corticóides ○ tratamentos antimicrobianos ○ drogas citotóxicas ● SIDA (síndrome da imunodeficiência adquirida) ○ se manifesta no estágio tardio da infecção pelo HIV, com grande afinidade por linfócitos T CD4+, destruindo-os. ○ destruição reduz uma fonte de estímulos ativadores para linfócitos B, macrófagos e linfócitos CD8+, permitindo o desenvolvimento de agentes de infecções oportunistas. ○ as principais parasitoses oportunistas no HIV são: pneumonia por Pneumocystis carinii, isosporíase, criptosporidíase, toxoplasmose, amebíase, leishmaniose visceral, estrongiloidíase e doença de Chagas 1) Pneumonia por Pneumocystis carinii (P. jirovecci) : ● Atualmente, classificados como protozoários da classe Sporozoa (anteriormente classificados como fungos) ● Parasita extracelular, formando colônias intra-alveolares, onde podem ser vistos trofozoítas e cistos ● Transmissão aérea, por perdigotos ou gotículas ● Acomete crianças e adultos imunossuprimidos → produz inflamação intersticial e exsudato alveolar (rico em cistos) ● Sintomatologia → febre baixa, dor torácica, tosse, dispnéia e cianose crescentes ● Incidia em 60% dos pacientes com AIDS,sendo uma das principais causas de óbito antes da introdução do tratamento adequado ● Diagnóstico → encontro dos parasitas em após coloração, em material de lavagem broncoalveolar ou em amostra de escarro induzido ● Tratamento em casos agudos → prednisona + trimetoprim-sulfametoxazol (TMX/SMX ou Bactrim) 87 2) Isosporíase: ● Infecção intestinal, em geral benigna (assintomática), causada por um esporozoário, Isospora belli. ● O mecanismo de transmissão é a ingestão dos cistos presentes em água ou alimentos contaminados com fezes ● Pacientes com AIDS → a infecção costuma ser crônica e, em geral, intermitente. ● Diagnóstico → encontro de oocistos característicos nas fezes ● Tratamento: TMX/SMX (Bactrim) 3) Criptosporidíase: ● Causada por esporozoário → Cryptosporidium parvum e C. muris → afetam diversos mamíferos ● Transmissão → ingestão de oocistos eliminados nas fezes dos animais ou dos pacientes com diarréia ● Paciente normal → enterocolite aguda e autolimitada que se cura em duas semanas ● Pacientes com AIDS → diarréia mucosa acompanhada de cólicas, flatulência, dor epigástrica, náuseas e vômitos, desidratação e caquexia ● Diagnóstico → encontro de cistos nas fezes ● Tratamento → paromomicina, azitromicina ou espiramicina 4) Toxoplasmose: ● Toxoplasma gondii → Esporozoário, ciclo sexuado no gato e assexuado em aves e mamíferos ● Transmissão → ingestão de carne crua ou mal cozida de animais parasitados por cistos ou pseudocistos ou ingestão de oocistos provenientes de fezes do gato ● Pacientes com AIDS → leva à agudização das formas crônicas e infecciosas ● É a principal causa de morte dos aidéticos ou imunossuprimidos → encefalite aguda e coriorretinite 5) Amebíase: ● Agente: Entamoeba histolytica ● Transmissão → Ingestão de cistos em água e alimentos contaminados ● Causa colite amebiana fulminante → caracterizada por disenterias frequentes, mal-estar, dores antes de evacuar, tenesmo retal, febre, desidratação e prostração ● Complicações: hemorragia intestinal e perfuração da parede ao nível de úlceras 88 ● Evolução → morte em poucos dias se não tratada ● Tratamento ○ altas doses de deidroemetina e tetraciclina por via parenteral ○ em caso de abscesso hepático → cloroquina por via oral ○ para completar tratamento → dicloroacetamida e ornidazol 6) Leishmaniose visceral: ● Agente: Leishmania (L.) chagasi ● Transmissão → inoculação dos promastigotas pela picada do flebótomo ● Reservatório urbano → cão ● Associação AIDS + calazar conduz rapidamente a um desfecho fatal ● Expectativa futura → aumento dos casos de co-infecção devido à expansão de ambas as infecções ● Tratamento → antimoniais pentavalentes, anfotericina B e pentamidina 7) Doença de Chagas: ● Agente: Trypanosoma cruzi ● Transmissão → contato de fezes do barbeiro com a picada, oral e transfusão ● Reagudização da doença em imunossuprimidos → acometimento mais acentuado do SNC → encefalite multifocal e necrosante (múltiplas lesões) ● Elevada taxa de mortalidade 8) Estrongiloidose: ● Agente: Strongyloides stercoralis (nematelminto) ● Transmissão → penetração das larvas filarióides que se encontram no solo contaminado com fezes humanas ● Ocorre migração das larvas → ciclo pulmonar → larvas de último estágio chegam ao intestino, invadem a mucosa e se transformam em vermes adultos (fêmeas partenogenéticas), os quais vivem na mucosa duodenal ou jejunal ● Oviposição e a eclosão das larvas rabditóides causam duodenojejunite catarral, que altera a motricidade intestinal e produz diarréia, dispepsia e dor ● Autoinfecção (comum em imunodeprimidos) → larvas que já se transformaram em filarióides invadem a mucosa do intestino grosso, levando ao aumento da carga parasitária e cronicidade da doença ● Provocam extensas lesões necróticas com quadro de oclusão intestinal alta e/ou disseminação para o outros órgãos, o que pode levar rapidamente à morte ● Tratamento → ivermectina, albendazol ou tiabendazol (via oral) 89 Tabela - RESUMO Parasitose Agente etiológico Vetor Hospedeiro Patologia Diagnóstico Tratamento Transmissão Profilaxia Leishmaniose cutânea Leishmania Leishmania amazonensis Mosquitos do gênero Lutzomyia ou Phlebotomus (flebótomo) gambá, tamanduá, preguiça, homem - lesões cutâneas nodulares que podem ulcerar; - + parasitas, poucos linfócitos - geralmente auto-curáveis - reação de montenegro + - raspagem das bordas das lesões e análise em MO antimoniais pentavalentes e pentamidinas picadas do mosquito infectado com promastigotas desmatamento, uso de inseticidas, casas distantes da orla florestal Pian bois Leishmania Viannia guyanensis Mosquitos do gênero Lutzomyia ou Phlebotomus (flebótomo) gambá, tamanduá, preguiça, homem -úlceras pequenas com bordas salientes e fundo granuloso -metástases linfáticas - reação de montenegro + - raspagem das bordas das lesões, cultura e análise em MO antimoniais pentavalentes e pentamidinas picadas do mosquito infectado com promastigota desmatamento, uso de inseticidas, casas distantes da orla florestal Leishmaniose mucocutânea Leishmania Viannia braziliensis Mosquitos do gênero Lutzomyia ou Phlebotomus (flebótomo) paca, cutia, rato doméstico, homem -úlceras pequenas -propagação direta ou por disseminação hematogênica -destruição da cartilagem e ossos do nariz, palato e face - reação de montenegro + - raspagem das bordas das lesões, cultura e análise em MO antimoniais pentavalentes e pentamidinas picadas do mosquito infectado com promastigota uso de inseticidas, usar tela, proteção das feridas Oncocercose Onchocerca volvulus insetos do gênero Simulium (borrachudo) X - oncocercomas - dermatite oncocercótica - eosinofilia sanguínea - lesões oculares - biópsia de pele e procura da microfilária em MO - oftalmoscopia - nodulectomia nodulectomia, ivermectina (microfilárias) e suramina (adultos) picadas do mosquito com larva infectante combate aos vetores, tratamento dos pacientes Larva migrans cutânea (LMC) Ancylostoma braziliense e Ancylostoma caninum X cão e gato, humano (acidental) - rastro eritematoso, saliente, irregular, pruriginoso - aspecto dermatológico tiabendazol contato da Larva Migrans com a pele lesada evitar terrenos onde há animais domésticos Pediculose Pediculuscapitis e Pediculus humanus X humano - reação inflamatória com formação de pápulas pruriginosas - encontro de adultos ou ovos (lêndeas) piretróides sintéticos e ivermectina infestação dos cabelos ou corpo por inseto tratamento dos portadores, pulverizar roupas, educação sanitária Escabiose Sarcoptes scabiei X humano - perfuração da epiderme - reação inflamatória - prurido intenso - complicação: sarna norueguesa - aplicação de durex nos sulcos da pele e análise em MO - inspeção dos sulcos com lentes permetrina (creme) e ivermectina contato de fêmeas grávidas com a pele higiene pessoal, tratamento dos doentes e fervura de lençóis Tungíase Tunga penetrans X porco e humano (acidental) - prurido e dor persistentes - tumefação dos tecidos - ulceração da pele - exame clínico extirpação dos parasitas e unguento mercurial perfuração da pele por fêmea grávida uso de calçados e inseticidas Berne Dermatobia hominis (mosca do berne) outras moscas mamíferos - prurido crescente - tumoração semelhante a furúnculo - formação de pus e abscesso - exame clínico remoção cirúrgica e “toucinho” (prática rural) deposição de larvas na pele carreadas por outras moscas díficil! cuidado individual ao frequentar zona rural 90 Parasitose Agente etiológico Vetor Hospedeiro Patologia Diagnóstico Tratamento Transmissão Profilaxia Bicheira moscas varejeiras X mamíferos - destruição dos tecidos infectados por larvas - ampliam ulceração rapidamente - encontro das larvas nas lesões remoção cirúrgica das larvas deposição direta dos ovos sobre ulcerações proteção individual e proteção das feridas Carrapato Amblyomma cajennense X bovinos, equinos e humano - intenso prurido local - reações do tipo urticária em alérgicos - pode transmitir febre maculosa e doença de Lyme - encontro das ninfas ou carrapatos na pele - remoção com unhas ou agulhas - benzoato de benzila perfuração ativa por ninfas e carrapatos adultos inseticidas, proteção individual e banhos carrapaticidas no gado Ácaro Dermatophagoides farinae X humanos - reações de hipersensibilidade (asma, rinite, dermatite) X antialérgicos contato com ácaro ou seus produtos desumidificação, remoção da poeira, higiene pessoal e ambiental e uso de inseticidas Amebíase intestinal Entamoeba histolytica X humanos - pode ser assintomática - colite não disentérica (leve) - disenteria amebiana (grave) - complicações (lesões em “frasco”, peritonite, ameboma) - presença de cistos e/ou trofozoítas de E histolytica nas fezes dicloroacetamida (amebicida intestinal) ingestão dos cistos maduros higiene pessoal, saneamento básico, tratamento dos portadores Amebíase extra-intestinal Entamoeba histolytica X humano - amebíase hepática - infecção pulmonar - abscessos piogênicos no cérebro - presença de cistos e/ou trofozoítas de E histolytica nas fezes - presença de anticorpos no soro (ELISA) metronidazol (amebicida tecidual) ingestão dos cistos maduros higiene pessoal, saneamento básico, tratamento dos portadores Giardíase Giardia lamblia X humanos e animais domésticos - lesão das microvilosidades - redução da absorção de nutrientes - diarreia e perda de peso - encontro de trofozoítas ou cistos nas fezes metronidazol e albendazol ingestão de cistos maduros higiene pessoal, saneamento básico, tratamento, cuidado com animal Ascaridíase Ascaris lumbricoides X humanos - má digestão, diarreia, dores abdominais, irritabilidade - desnutrição - lesão hepática e pulmonar - detecção do verme em radiografia - detecção de ovos nas fezes (método Kato-Katz) albendazol e mebendazol ingestão de ovos contendo larva infectante tratamento, saneamento básico e higiene pessoal Enterobiose Enterobius vermicularis X humanos - prurido anal e vaginal - infecções secundárias - anal swab → detecção de ovos na região perianal com fita gomada por observação em MO pamoato de pirvínio, albendazol e mebendazol -ingestão dos ovos - por via anal (autoinfecção) lavar roupas íntimas, higiene, tratamento, e saneamento Tricusíase Trichuris trichiura X humanos - eosinofilia sanguínea - diarreia com dor abdominal - lesões à mucosa intestinal (histólise, tenesmo, irritação) - prolapso retal - detecção de ovos nas fezes (método Kato-Katz) albendazol e mebendazol ingestão dos ovos contendo larva infectante tratamento, saneamento básico e higiene pessoa 91 Parasitose Agente etiológico Vetor Hospedeiro Patologia Diagnóstico Tratamento Transmissão Profilaxia Teníase Taenia saginata e Taenia solium X Homem (HD), boi (sa) e porco (so) Assintomática, perturbações GI, dor epigástrica, diarreia, astenia, eosinofilia, perda de peso, constipação, apendicite exame de fezes (procura de proglotes) e anal swab (procura de ovos) praziquantel e albendazol ingestão de carne infectada por cisticercos vivos educação sanitária, saneamento básico, controle da carne Neurocisticercose Taenia solium X homem (HI) A) convulsiva → convulsões, paralisia, paresias, afasias B) hipertensiva → hipertensão intracraniana, alterações respiratórias e cardio graves C) psíquica → perturbações mentais exame de LCR, ELISA, radiografia (não detecta microcalcificações), tomografia (detecta microcalcificações) neurocirurgia (se possível), praziquantel e albendazol ingestão de ovos viáveis de Taenia solium educação sanitária, saneamento básico Oftalmocisticercose A) câmara anterior → inflamação, perturbações visuais B) câmara posterior → redução da visão, descolamento da retina, opacificação e dores oculares exame de fundo de olho, ELISA cirurgia (câmara ant), praziquantel, albendazol Himenolepíase Hymenolepis nana X homem, pulga, caruncho assintomático, perturbações GI, perda de peso, anorexia, inquietação, eosinofilia, diarreia, convulsões procura de ovos nas fezes (repetir várias vezes) praziquantel ou albendazol (repetir 2 vezes) ingestão de ovos viáveis de H nana ou ingestão de inseto infectado higiene individual, educação sanitária, tratamento coletivo Ancilostomose Ancylostoma duodenale (2 pares de dentes) e Necator americanus (placas cortantes) X homem - assintomática - lesões cutâneas mínimas - síndrome de Loeffler (geralmente benigna) - perturbações GI → hemorragia, dor epigástrica, indigestão, constipação - crônico →eosinofilia, anemia, hipoproteinemia e edema procura de ovos nas fezes, ELISA, imunofluorescência albendazol, nitazoxanida e sulfato ferroso (antianêmico) penetração cutânea de larvas filarióides ou por via oral (no caso de A duodenale) utilização de calçados, controle das larvas, tratamento, saneamento básico Estrongiloidose Strongyloides stercoralis X homem - assintomática - lesões cutâneas e pulmonares - perturbações GI clássicas - enterite catarral → inflamação leve e muco abundante nas fezes - enterite edematosa → inflamação e síndrome de má-absorção - enterite ulcerosa → ulcerações, hemorragia, necrose, íleo paralisado - forma disseminada → possível óbito procura de larvas rabditóides nas fezes, biópsia intestinal, hemograma (eosinofilia), ELISA ivermectina, tiabendazol e albendazol penetração cutânea ou da mucosa por larvas filarióides saneamento básico, educação sanitária, uso de calçados, tratamento 92 Parasitose Agente etiológico Vetor Hospedeiro Patologia Diagnóstico Tratamento Transmissão Profilaxia Esquistossomose Schistosoma mansoni X homem (HD) e molusco do gênero Biomphalaria (HI) - assintomática - dermatite cercariana, forma toxêmica da esquistossomose (imunocomplexos) - forma intestinal → retocolite, diarréia, tenesmo, ardor - forma hepatointestinal → má digestão, gases, hepatomegalia, emagrecimento - forma hepatoesplênica → fibrose hepática, hipertensão portal, edema, hepatoesplenomegalia, ascite, icterícia, hepatopatias - complicações → fibrose pulmonar, glomerulopatia, mielorradiculopatia procura de ovos nas fezes, biópsia retal, ELISA, imunofluorescência indireta, PCR praziquantel e oxamniquine penetração cutânea por cercárias de S mansoni tratamento, saneamento básico, educação sanitária, controle do molusco Filariose Wuchereria bancrofti fêmea de mosquitos do gênero Culex humanos (HD) e Culex (HI) - assintomáticos, danos vasculares - linfangite, adenite, febre, mal-estar - linfedema, hidrocele, quilúria - elefantíase (aumento do volume do órgão e queratinização da pele) - eosinofilia pulmonar tropical gota espessa (microfilárias no sangue periférico), biópsia dos linfonodos, ultrassonografia dietilcarbamazina (microfilárias e vermes adultos), correção cirúrgica penetração cutânea ativa da larva infectante depositada na hematofagia do Culex tratamento, medicação em massa, controle do vetor Malária Plasmodium falciparum, vivax, malariae e ovale fêmea de mosquitos do gênero Anopheles humanos (HI) e Anopheles (HD) - acesso maláricos → calafrios incontroláveis, febre intensa e sudorese - anemia → quebra dos eritrócitos, fagocitose, disfunção hematopoiética - hepatoesplenomegalia - acidose lática, hipotensão, hipoglicemia → insuficiência renal e respiratória - hipoglicemia severa - icterícia - malária cerebral → cefaléia intensa, convulsões, vômitos, sonolência, óbito procura por protozoário em amostra sanguínea - P falciparum → apenas trofozoítos e gametócitos são visualizados em MO - P vivax e malariae → esquizonte e outros estágios de desenvolvimento são vistos em MO P vivax → cloroquina e primaquina P falciparum → quinina/doxiciclina (forma não grave) artesunato/ mefloquina (forma grave) esporozoítos infectantes são inoculados no homem pelo inseto vetor evitar áreas de risco, repelentes, mosquiteiros, quimioprofiláticos, combate ao vetor, saneamento básico, detecção e tratamento precoce, vacina 93 Parasitose Agente etiológico Vetor Hospedeiro Patologia Diagnóstico Tratamento Transmissão Profilaxia Leishmaniose visceral Leishmania (L) infantum chagasi Flebótomo (Lutzomyia longipalpis) Flebótomo (HI) e mamíferos (HD) - pode ser assintomática e curar-se - febre, micropoliadenia - anemia, leucopenia, plaquetopenia - hepatoesplenomegalia (+ o baço) - inversão da albumina/globulina no soro - desnutrição → caquexia - sorologia (IFI ou ELISA) - exame direto (pouco utilizado) glucantime, pentamidina e anfotericina B picada do vetor inocula promastigotas na corrente sanguínea - combate ao vetor - eliminação dos cães doentes Doença de Chagas Trypanosoma cruzi Triatomíneos (Triatoma infestans, Rhodnius prolixus e Panstrongylus megistus) Triatomíneos (HI) e mamíferos (HD) - fase aguda: sinal de Romaña, pode ser assintomática ou febre, ninho de amastigotas, hepatoesplenomegalia, miocardite (alta parasitemia) - fase crônica: lesão direta por parasita e autoimunidade (baixa parasitemia) - forma cardíaca: cardiomegalia, fibrose, aneurisma de ponta, embolia, arritmia, destruição do sist condutor, ICC - forma digestiva: destruição do SN parassimpático → diminui peristaltismo → hipertrofia → formação de “megas” - megaesôfago: disfagia, regurgitação, dor epigástrica, emagrecimento - megacólon: constipação progressiva - fase aguda: exame direto, sorologia - IgM (ELISA ou IFI) - fase crônica: sorologia- IgG (ELISA ou IFI) fase aguda: benznidazol fase crônica: benznidazol, aloprurinol - via oral - contato dos tripomastigotas nas fezes do barbeiro com a picada - transfusão - combate ao vetor - melhora das habitações - educação sanitária - profilaxia em bancos de sangue Toxoplasmose Toxoplasma gondii X gatos (HD) e outros vertebrados (HI) - forma pós-natal: alta parasitemia, pode ser assintomática, adenopatia, febre - forma congênita: afeta SNC e retina (coriorretinite, calcificações cerebrais, hidrocefalia, retardamento mental) - pacientes imunodeprimidos (abaixo) - sorologia (ELISA ou IFI) sulfadiazina + pirimetamina espiramicina (gestantes) - ingestão de oocistos presentes em fezes de gato - ingestão de carne contaminada com cistos ou taquizoítas - evitar contato com gatos - saneamento básico - fiscalização de abatedouros Hidatidose Echinococcus granulosus X cão (HD) e outros mamíferos (HI) - eosinofilia sanguínea - cistos hidáticos → deformação, fibrose e calcificação - formas principais: hepática, pulmonar, renal, muscular e esplênica - exames de imagem - reação de Casoni - sorologia (ELISA e hemaglutinação) - remoção cirúrgica - albendazol e mebendazol ingestão de ovos viáveis provenientes de fezes do cão - fiscalização de abatedouros - educação sanitária - tratamento do cão - vacinação de ovinos Larva migransvisceral toxocara canis X cão (HD) e outros mamíferos (HI) - lesão típica: granuloma alérgico - toxocaríase ocular: descolamento da retina, opacificação, perda da visão - toxocaríase visceral: febre, eosinofilia, hepatomegalia, entre outros toxocaríase oculta → poucos sintomas - sorologia (ELISA e Western blot) - exames de imagem e, eventualmente, biópsia - geralmente desnecessário - se há risco: albendazol - ocular: prednisona ingestão de ovos embrionados ou carne contendo larva - remoção das fezes de animais das ruas - proteger lugares de recreação - tratamento de cães 94 Parasitose Agente etiológico Vetor Hospedeiro Patologia Diagnóstico Tratamento Transmissão Profilaxia Angiostrongilíase Angiostrongylus cantonensis e A. costaricensis X roedores (HD), humanos (hosp acidental) e moluscos (HI) - angiostrongilíase abdominal → febre, dor abdominal, náuseas, obstrução - meningoencefalite eosinofílica → encefalite, meningite e forma ocular - sorologia (ELISA) - exame de líquor - exames de imagem - PCR - abdominal: cirurgia - meningite: tratar sintomas - ingestão de animais e alimentos contaminados com a larva infectiva (L3) - combate a moluscos e roedores - vigilância sanitária - evitar consumo de moluscos e vegetais não lavados Tricomoníase Trichomonas vaginalis X humanos (HD) - frequentemente assintomática - na mulher → vaginite, leucorréia, prurido e lesão do colo do útero - exame direto de secreção uretral ou vaginal metronidazol e secnidazol contato sexual - preservativo - evitar promiscuidade - tratamento do parceiro Ftiríase Pthirus pubis X humanos (HD) - irritação mecânica devido à saliva - intenso prurido na região pubiana -encontro do parasita piretróides sintéticos contato sexual - medidas de higiene - evitar promiscuidade Parasitoses em imunodeprimidos Parasitose Agente etiológico Vetor Hospedeiro Patologia Diagnóstico Tratamento Transmissão Profilaxia Pneumocistose Pneumocystis carinii ou jirovecci X humanos febre baixa, do torácica, tosse, dispnéia e cianose crescentes encontro dos parasita (escarro ou lavado) prednisona + bactrim aérea, por gotículas evitar contato com doentes Isosporíase isospora belli X humanos diarréia mucosa intermitente exame de fezes bactrim ingestão de oocistos saneamento básico Criptosporidíase Cryptosporidium parvum ou muris X humanos e outros animais diarréia mucosa, cólicas, flatulência, vômitos, desidratação e caquexia exame de fezes paromicina, azitromicina ingestão de oocistos saneamento básico Toxoplasmose Toxoplasma gondii X gato (HD) e vertebrados (HI) agudização das forma crônica → encefalite e coriorretinite encontro do parasita ou de antígenos circulantes sulfadiazina + pirimetamina ingestão de cistos, taquizoíta ou oocisto mesma citada acima amebíase Entamoeba histo lytica X humanos - colite amebiana fulminante - hemorragia intestinal - perfurações por úlceras - morte em poucos dias exame de fezes deidroemetina e tetraciclina hepática → cloroquina ingestão de cistos saneamento básico Leishmaniose visceral Leishmania (L) chagasi flebótomo humanos e outros mamíferos - sintomas mais acentuados - associação AIDS + calazar conduz rapidamente a desfecho fatal exame direto antimoniais pentavalentes e pentamidina inoculação de promastigotas por picada do mosquito - combate ao vetor - eliminação dos cães doentes Doença de Chagas Trypanosoma cruzi flebotomíneos humanos e outros mamíferos - reagudização em imunodeprimidos - encefalite multifocal necrosante exame direto benznidazol - via oral - contato de fezes do barbeiro com picada mesma citada acima Estrongiloidose Strongyloides stercoralis X humanos - sintomas intestinais + acentuados - autoinfecção → oclusão intestinal, disseminação para outros órgãos e lesões necróticas extensas exame de fezes ivermectina, albendazol ou tiabendazol penetração cutânea de larvas filarióides - saneamento básico - uso de calçados 95 1 Prática - PARASITO Leishmaniose cutânea Macrófagos infectados com amastigotas de L (L) amazonensis amastigota macrófago Leishmaniose cutânea Flebótomo Promastigotas de Leishmania spp Pediculose Lêndeas de P. capitis em fio de cabelo Pediculus capitis 96 2 Escabiose e tungíase Sarcoptes scabiei Tunga penetrans Carrapato Ninfa hexápode – Amblyomma cajennense Ninfa octópode – Amblyomma cajennense Adulto– Amblyomma cajennense Miíases Varejeira (pequena e brilho metálico) Sarcophaga (média, cinza) Motuca (muito grande, marrom) Larvas de varejeiras Amebíase Cisto – Entamoeba coli (5 a 8 núcleos) Cisto – Entamoeba histolytica (até 4 núcleos e corpos cromatoides) Trofozoítas – Entamoeba coli (cariossoma excêntrico) Trofozoítas – Entamoeba histolytica (cariossoma central) núcleo cariossoma núcleo cariossoma 97 3 Giardíase Cisto - Giardia intestinalis trofozoíta - Giardia intestinalis Ascaridíase e enterobíase Ovos – Ascaris lumbricoides Verme – Ascaris lumbricoides Verme – Enterobius vermicularis Tricuríase Ovos – Trichuris trichiura Verme – Trichuris trichiura Teníase e cisticercose Proglotes maduras de Taenia spp Proglote grávida de T solium(ramificações dendríticas) Proglote grávida de T saginata (ramificações dicotômicas) 98 4 Teníase e cisticercose Cisticerco invaginado de T soliumEscólex de T solium Cisticerco desinvaginado de T solium Himenolepíase Verme – Hymenolepis nana Ancilostomíase Necator americanos (placas cortantes) Ancylostoma braziliense (1 par de dentes) Ancylostoma duodenale (2 pares de dentes) Ancylostoma caninum (3 pares de dentes) Ancilostomíase Ancilostomídeo macho (possui aparato copulador) Ancilostomídeo fêmea 99 5 Estrongiloidose Strongyloides stercoralis Esquistossomose Schistosoma mansoni - casal Ovos de Schistosoma mansoni (possui espícula lateral) Granuloma periovular Esquistossomose Schistosoma mansoni - cercária Caramujo com esporocistos de Schistosoma mansoni Malária e Filariose(vetores) Anopheles adulto (asas com riscos) e larva de anofelíneo (sem sifão respiratório) Culex adulto (asas “lisas”) e larva de culicíneo (tem sifão respiratório) 100 6 Malária Plasmodium spp - trofozoíta Plasmodium vivax - esquizonte Plasmodium falciparum - gametócito Filariose Microfilárias de Wuchereria bancrofti Leishmaniose visceral Flebótomo Promastigotas de Leishmania spp Leishmaniose visceral Macrófagos infectados amastigotas de Leishmania L. chagasi Corte de fígado com amastigotas de Leishmania L. chagasi corte de baço com amastigotas de Leishmania L. chagasi 101 7 Doença de Chagas Hemípteros separados por aparato picador Gêneros de hamatófagos Doença de Chagas Epimastigotas de T cruzi Tripomastigotas metacíclico deT cruzi Tripomastigotas sanguíneo de T cruzi Doençade Chagas “Ninho de amastigotas” (corte de coração) Células infectadas com amastigotas de T cruzi Toxoplasmose Trofozoítas / taquizoítas de Toxoplasma gondii Cistos de Toxoplasma gondii 102 8 Hidatidose Areia hidática Echinococcus granulosus adulto Cistos de Echinococcus granulosus Tricomoníase Trofozoítas de Trichomonas vaginalis Ftiríase Pthirus pubis 103