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NIETZSCHE E BURCKHARDT: O CONCEITO DE CULTURA

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INSTITUTO SÃO BOAVENTURA
	
	Disciplina: Leitura de Obras Filosóficas
	
	
	
	Curso: Filosofia – 2.2017
	
	Estudante: Ricardo Rodrigues Lima
RELATÓRIO DE PESQUISA
NIETZSCHE E BURCKHARDT: O CONCEITO DE CULTURA
PRELÚDIO
Friedrich Nietzsche, ainda muito jovem, é nomeado como professor de filosofia clássica na Universidade da Basileia. Ao chegar à Universidade, ele ainda jovem (com apenas 24 anos) conhece o professor Jacob Burckhardt, criando certa admiração por este professor.
	Nietzsche, pela admiração ao companheiro de docência, começa a participar de suas conferências sobre história sendo um assíduo ouvinte do curso de Burckhardt ministrados em 1870/1871, principalmente sobre as aulas referentes à grandeza histórica.
	Burckhardt tinha posições conservadoras que chamavam a atenção do jovem Nietzsche; posições próximas de seu diagnóstico de crise da cultura. Ambos tinham posicionamentos contrários aos expostos pelo nacionalismo, também convergiam sobre a divergência aos crescentes avanços da indústria, dos benefícios da democracia e tinham a preocupação pela preservação da cultura.
	Cabe expor aqui, algumas questões que eram comuns a Nietzsche e a Burckhardt: “1) a importância de Schopenhauer, em especial sua crítica ao hegelianismo e suas ideias acerca da arte como consolação e da música como a mais elevada das artes; 2) a importância concedida à antiguidade clássica, em especial aos gregos e 3) a necessidade de uma renovação da cultura e da educação, implicando uma crítica do seu tempo ou, em outras palavras, da Modernidade” (CHAVES, 2000, p. 44).
	
DEFINIÇÕES DE CULTURA EM BURCKHARDT
	Segundo Thaís Rodrigues de Almeida, Burckhardt vê a cultura como um elemento independente que pode modificar outros elementos que sejam estáticos, sendo a cultura um elemento dinâmico capaz de transformar ações em conhecimentos úteis ao desenvolvimento da sociedade.[1: SOUZA, Thaís Rodrigues de. 2016, p. 36.]
Em Burckhardt podemos observar que o autor acredita em “três potências” que são desempenhados pelos “grandes da História”. A estas potências, o autor as denomina como o Estado, a religião e a Cultura.[2: Para Burckhardt, estes “grandes da História” seriam pensadores “insubstituíveis”, “únicos” que deram grande auxílio com suas capacidades intelectuais, que sem estes, o mundo permaneceria incompleto, pois nada poderia ser pensados sem eles; foram considerados, também, “mestres” em suas respectivas épocas. Entre estes grandes está esquilo, Fídias, Platão, Rafael ou ainda Copérnico, Galileu e Kepler.]
	Para ele, as potências são categorias que podem analisar a história universal, podendo, destarte, ter certa visão sobre determinada época. Burckhardt diz que cultura é 
a soma total de criações espontâneas do espírito que não reivindicam para si uma validez obrigatória universal. Ela age ininterruptamente, como elemento modificador e desagregador, sobre ambos os organismos estáticos. (BURCKHARDT, Reflexões sobre a história, 1961, p. 34 apud SOUZA, Thaís Rodrigues de, 2016, p.36)
	Para ele, Estado e religião são “a expressão de necessidades políticas e metafísicas”; já a cultura seria o ponto cardeal no pensamento do autor, correspondendo “às necessidades materiais e espirituais do homem no sentido mais estrito do termo necessidade”, sendo assim, na cultura estaria compreendida as artes, técnicas, expressões literárias e ciências.[3: CHAVES, Ernani. Cadernos Nietzsche 9, p. 47.][4: Idem, Ibidem.]
	Ao se fazer um afunilamento, referente às manifestações de cultura, pode-se perceber, em Burckhardt, que as artes estariam a ocupar um lugar privilegiado em seu pensamento, sendo estas as mais “extraordinárias” e “misteriosas”, tendo as artes a ver com o “representar uma vida superior, que sem ela não existiria”.
DEFINIÇÕES DE CULTURA EM NIETZSCHE
	Segundo Duncan Large, Nietzsche tem duas visões sobre aquilo que seria cultura, sendo uma visão negativa e uma visão positiva. Negativamente, Nietzsche diz que cultura não seria aquilo que falta aos alemães. Positivamente, ele argumenta na Primeira intempestiva ao dizer que a cultura seria um estilo de vida presente em todas as manifestações na vida de um povo, ou seja, seria uma “obra de arte orgânica e coletiva, e este é, eu diria, o conceito de cultura que Nietzsche ‘herda’ de Burckhardt”.[5: LARGE, Denson. Cadernos Nietzsche 9, p. 21, 2000.]
Anteriormente, Nietzsche já havia deixado evidente o conceito de cultura na Segunda Consideração Intempestiva: “a cultura, enquanto antítese da barbárie foi designada certa vez, e, segundo minha opinião, com algum direito, como unidade do estilo artístico em todas as expressões da vida de povo”.[6: Considerações Extemporâneas II: Da utilidade e desvantagem da história para a vida, 4, p. 35 apud SOUZA, Thaís Rodrigues de, p. 28.]
Para melhor compreensão, Thaís de Souza traz a relação que Nietzsche faz entre cultura e natureza, tendo-se a concepção de necessidade. Destarte, tal compreensão é elaborada a partir dos processos vitais e necessários na medida em que se compreende cultura enquanto construção humana orgânica.[7: O termo necessidade (Nothwendigkeit) remete, neste contexto, àquilo que é indispensável, presente, ou ainda um requisito ou condição para a compreensão de um fenômeno.]
Ainda segundo Thaís de Souza, Nietzsche indaga-se em o que dependeria a unidade de um povo; a esta indagação, ele responde que seria “externamente, de seu governo, internamente, de sua língua e de seus costumes. No entanto, os costumes só se fazem uniformes muito gradualmente, em grande parte pela convivência e imigração”. Deste fragmento percebe-se que a compreensão da unidade cultural pode depender de um lento processo de desenvolvimento.[8: SOUZA, Thaís Rodrigues de. 2016, p. 34.]
Anteriormente foram expostas duas visões de Nietzsche sobre a cultura, sendo uma positiva e outra negativa. Em outro fragmento, ele diz que
o problema da cultura raramente foi compreendido corretamente. Seu objetivo não é a felicidade possível de um povo, nem o desenvolvimento desimpedido de todas as suas aptidões: mas a cultura revela-se na correta proporção desses desenvolvimentos. Seu objetivo aponta para além da felicidade terrena: a criação de grandes obras é seu objetivo.[9: SOUZA, Thais Rodrigues de. 2016, p. 34. Nietzsche expõe este argumento em sua obra “Sabedoria para depois de amanhã”.]
	Neste fragmento percebem-se, novamente, estas duas ideias sobre a cultura. Negativamente seria vista como uma oposição à procura daquilo que seria a maior felicidade de determinado povo. Por outro lado, sendo vista de forma positiva, seria finalidade da cultura a produção de grandes obras.[10: Ou visões: positiva e negativa.]
CONCLUSÃO
	Vale ressaltar aqui sobre a unidade de estilo artístico, sendo esta considerada como a característica necessária da cultura. Tendo-se o somatório das diversas manifestações artísticas realizadas por um povo, sabendo que este mesmo conhece as suas tradições e elementos fundamentais, tem-se com isso a expressão mais genuína de um povo.
	Em Nietzsche observa-se que “a autenticidade da cultura de um povo reside no modo como ele reconhece e honra seus grandes homens e no modo como valorizam os impulsos artísticos naturais e necessários”. Neste ponto pode-se perceber a influência do pensamento de Burckhardt quando este expõe suas ideias sobre os “grandes da história”.[11: SOUZA, Thaís Rodrigues de. 2016, p. 103.]
	Em Nietzsche se percebe a vida como critério de análise. Pois a partir do modo como é feita as relações, suas construções, deixando o indivíduo hábil a refletir, questionar e criar de existência. 
	Para findar, pode-se compreender como maior contribuição de Burckhardt à Nietzsche, aquilo que é exposto por Thaís de Souza: “através de seus estudos históricos e valorização das individualidades, Nietzsche defenda uma (...) cultura autêntica”.[12: Idem, p. 106.]
REFERÊNCIAS 
CHAVES, Ernani. Cultura e política: o jovem Nietzsche e Jakob Burckhardt. Cadernos Nietzsche9, p. 41-66, 2000. Disponível em: http://gen.fflch.usp.br/sites/gen.fflch.usp.br/files/upload/cn_09_02%20Chaves.pdf. Acesso em: 25/09/2017 às 20h.
Jacob Burckhardt e as suas contribuições para a História. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/25078/25078_3.PDF. Acesso em: 25/09/2017 às 19:17.
LARGE, Duncan. “Nosso Maior Mestre”: Nietzsche, Burckhardt e o conceito de cultura. Cadernos Nietzsche 9, p. 3-39, 2000. Disponível em: http://gen.fflch.usp.br/sites/gen.fflch.usp.br/files/upload/cn_09_01%20Large.pdf. Acesso em: 25/09/2017 às 19:45. 
SILVA LIMA, Márcio José. História e vida: a influência de Jacob Burckhardt no pensamento de Nietzsche. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/Itaca/article/viewFile/246/228. Acesso em: 25/09/2017 às 19:32.
SOUZA, Thaís Rodrigues de. Contribuições de Jacob Burckhardt para a compreensão de cultura no pensamento de Friedrich Nietzsche. Orientadora: Profª Drª Adriana Delbó. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Filosofia (Fafil), Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Goiânia, 2016. Disponível em: https://repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/6467/5/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20-%20Tha%C3%ADs%20Rodrigues%20de%20Souza%20-%202016.pdf. Acesso em: 25/09/2017 às 20:12.

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