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Direito Penal II (Caso concreto 2) Concurso de pessoas: duas ou mais pessoas praticam um crime. Art29: “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”. Monossubjetivo – concurso eventual: o crime pode ser praticado por 1 ou num concurso de pessoas. Ex: homicídio. Plurissubjetivo – concurso necessário: só pode ser praticado em concurso de pessoas. Ex: associação criminosa art288 (3 ou mais pessoas). ● Requisitos para se configurar concurso de pessoas: pluralidades de agentes e condutas, relevância causal e jurídica das condutas praticadas, liame subjetivo entre os concorrentes (estar colaborando para o resultado criminoso visado pelo outro – um sabe do outro) e identidade da infração penal (comportamentos diversos que visam um resultado comum). ● Teoria do domínio do fato = divisão de tarefas + tarefa importante + domínio do fato OBS: Só serve para crimes dolosos, pois tem a intenção e o domínio do fato. ✗ Autoria imediata : realização pessoal do fato – domínio da ação. Ex: lesão corporal. ✗ Autoria mediata : domínio da vontade alheia. Ex: coação irresistível, obediência hierárquica. ✗ Autoria funcional : coautoria – vários autores cada qual com o domínio das funções que lhe foram atribuídas na divisão de tarefas. ● Questão subjetiva: Duas pessoas ingressam em casa alheia com o objetivo de furtar os bens ali existentes, acreditando que o proprietário do imóvel estava viajando. Entretanto, eles foram surpreendidos por esse proprietário, o qual retornara para buscar uma mala esquecida. Um dos autores saca uma arma de fogo, cujo porte era desconhecido pelo outro, e mata a vítima. Por fim, consideramos que aquele que não estava armado não desejava o desfecho trágico. Estamos diante da cooperação dolosamente distinta. Como cada um responde? O caso é regido pelo art29 §2º. Determina o dispositivo que o agente que quis praticar o crime menos grave, será punido de acordo com as penas deste (furto), ao passo em que o outro responderá pelo delito efetivamente praticado por ele (latrocínio). Isso se da mesmo quando o crime mais grave é previsível, embora, nessa hipótese, haja um aumento da pena em metade. ● Art30: “Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”. Circunstâncias e condições Elementares Caráter pessoal Incomunicáveis Comunicáveis Caráter impessoal Comunicáveis Comunicáveis Concurso de Crimes: um ou mais crimes. ● Concurso Material (art69): ✗ Mais de uma ação/omissão ✗ Pratica 2 ou mais crimes ✗ Mesmo contexto fático ✗ Sistema de cúmulo material = somatório das penas ● Concurso Formal (art70) ✗ 1 só ação/omissão ✗ Pratica 2 ou mais crimes Pode ser dividido em: (1) Concurso formal próprio/perfeito (art70 §1º) ✗ 1 só ação/omissão ✗ 2 delitos culposos ou 1 delito doloso e 1 delito culposo (erro na execução) ✗ Aplica-se somente uma pena (+ grave) + causa de aumento de 1/6 a 1/2 relacionada ao número de crimes praticados (2) Concurso formal impróprio/imperfeito (art70 §2º) ✗ 1 só ação/omissão ✗ 2 ou mais crimes dolosos ✗ Desígnios autônomos (vontade dirigida para cada um dos delitos) ✗ Somatório das penas. ● Crime Continuado ✗ mais de uma ação/omissão ✗ prática de 2 ou mais crimes da mesma espécie ✗ condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes ✗ Aplica-se somente 1 pena com causa de aumento de 1/6 a 2/3 ● Art 70 PU – Cúmulo/concurso material benéfico: nos casos de crime continuado e concurso formal próprio, a pena não poderá exceder a que seria cabível no concurso formal. Caso seja, aplica-se a segunda. Ex: Homicídio doloso e lesão culposa Concurso formal = 6 anos + 1/6 = 7 anos Concurso material = 6 anos + 2 meses = 6 anos e 2 meses (aplica-se essa). Penas ● Teoria das penas ✗ Teoria retributiva : absoluta. Instrumento de castigo. Retribuir ao criminoso o mal por ele causado. ✗ Teoria preventiva : relativa. Prevenção de novos delitos. Evitar novas violações. ✗ Teoria da prevenção geral negativa : volta-se para a sociedade. Coação psicológica. ✗ Teoria da prevenção geral positiva : volta-se para a sociedade. Reafirmar a confiança social na autoridade do Estado. ✗ Teoria da prevenção especial : se volta ao indivíduo delinquente. Busca-se evitar que ele volte a praticar ilícitos penais. ✗ Teoria unificadora/eclética/mista : união entre as teorias já citadas. ✗ Teoria agnóstica da pena : manifestação de um poder político. A pena serve para restringir o arbítrio estatal, obrigando o exercício do poder político nos estritos limites das regras estabelecidas. ● Princípios: ✗ Legalidade : não há pena sem lei. ✗ Humanidade das penas : respeito a integridade física e moral do condenado. ✗ Personalidade : ninguém pode ser penalmente sancionado pela conduta de outrem. ✗ Inderrogabilidade : Estado não pode deixar de aplicar a pena. ✗ Proporcionalidade : a pena deve se ajustar ao crime, não importante punição excessiva nem banal. ● Espécies de pena: (1) Penas privativas de liberdade: pena de prisão. ✗ Reclusão : crimes de maior gravidade. Pode ser cumprida no regime fechado, semi aberto ou aberto. Réu primário: Acima de 8 anos – Fechado; Acima de 4 até 8 anos – Semi aberto; Até 4 anos – Aberto. Réu reincidente: Em regra, ele inicia o cumprimento da pena em regime fechado independente da pena aplicada. Entretanto, o STJ liberou o regime semi aberto aos reincidentes condenados a pena até 4 anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. ✗ Detenção :crimes menos graves. Pode ser cumprida no regime semi aberto ou aberto. OBS: Nos casos de regressão, o condenado pode ir para o regime fechado. Réu primário: Acima de 4 anos – semi aberto; Até 4 anos – aberto. Réu reincidente: Inicia a pena no semiaberto independente da pena. ✗ Prisão Simples : contravenções penais. Pode ser cumprida no regime semi aberto e aberto. (2) Penas restritivas de direito (penas alternativas): Formas alternativas de cumprir a pena. Elas são substitutivas (substituem as penas privativas de liberdade nos casos que preencherem os requisitos legais) e Autônomas (não pode aplicá-la junto com outra pena – condena 2x). Possui um rol taxativo (só pode aplicar as penas previstas no CP ou em outra lei). PRD não cumprida vira uma PPL. ✗ Prestação pecuniária : pagamento de um valor a vítima. ✗ Perda de bens e valores : confisco de bens do condenado. ✗ Prestação de serviços à comunidade : atribuição de tarefas gratuitas. ✗ Interdição temporária de direitos ✗ Limitação de final de semana OBS: as três últimas terão duração idêntica a pena privativa de liberdade que substituíram. (3) Pena pecuniária (multa): pagamento de uma quantia, fixada de acordo com o sistema dos dias- multa ao fundo penitenciário nacional. Pode vir: de forma cumulativa (prisão + multa), alternativa (prisão ou multa) e, nos casos de contravenção penal, somente multa. Aplicação da Pena ● Sistema trifásico (Nélson Hungria) - art68 : usada pelo juiz para fixar a pena privativa de liberdade em um caso concreto, após a condenação do réu. 1ª Fase – Pena-base: A pena inicial corresponde à pena mínima cominada abstratamente ao tipo penal – 1 ano no furto art155, 12 anos no homicídio qualificado, etc. Nessa fase são observadas: Qualificadoras: derivação ao tipo simples, onde o legislador indica circunstâncias que, se ocorrerem, determinam novos limites mínimos e máximos para a pena. Ex: Homicídio simples – pena 6 a 20 anos x Homicídio qualificado – pena 12 a 30 anos Privilégios: caso de diminuição de pena nos casos de relevante valor moral, relevante valor social ou domínio de violenta emoção logo após injusta provocação da vítima. Ex: homicídio privilegiado art121 §1. Logo após definir a pena inicial, são analisadas as circunstâncias judiciais(art59). São chamadas assim porque quem determinará se serão benéficas ou prejudiciais é o magistrado. São elas: ✗ Culpabilidade : grau de reprovabilidade da conduta do autor. ✗ Antecedentes : se o autor já se envolveu em questões criminais anteriormente. ǂ Reincidência (art63): cometer um novo crime durante os 5 anos após transitado em julgado a sentença condenatória. É caso agravante da pena. ✗ Conduta social : forma como o condenado se relaciona com familiares e a comunidade local. ✗ Personalidade do agente : personalidade “desviada” ou normal. ✗ A motivação para o crime : propósito que impulsiona o agente a cometer a conduta. ✗ As circunstâncias do crime : dados periféricos que orbitam o fato, conferindo maior ou menor carga de reprovabilidade. Ex: traição, audácia desmedida, etc. ✗ As consequências do crime : consequências que não prestam a caracterização do crime. ✗ O comportamento da vítima 2ª Fase – Pena provisória: incidem as circunstâncias agravantes e atenuantes. O quantum de aumento/diminuição fica a critério do juiz. Circunstâncias agravantes arts 61 e 62: deve-se respeitar o princípio da legalidade – rol taxativo. ✗ Inexorabilidade das agravantes : O art 61diz que as circunstâncias nele previstas sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime. Existem 2 exceções onde as circunstâncias não incidiram na dosimetria de pena: (1) A mesma circunstância não pode servir simultaneamente para agravar, constituir, qualificar ou aumentar a sua pena. Ex: a motivação torpe (art61,II) serve como agravante genérica, mas também qualifica o homicídio (art121§2º,I). Nesse caso, ela será considerada apenas como qualificadora. (2) Atingimento das margens penais : A sentença por roubo já tinha atingido o limite máximo previsto em lei (10 anos), quando o juiz aprecia uma agravante. Essa terá que ser descartada. Na primeira e segunda fases, o uiz não pode elevar a pena acima do máximo nem abaixar do mínimo previsto no tipo penal. ✗ Agravantes em espécie (1) Reincidência (2) Ter o agente cometido o crime: ✔ Por motivo fútil (bobo) ou torpe (vil) ✔ Para facilitar ou assegurar a execução do crime, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime ✔ À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido ✔ Com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum ✔ Contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge ✔ Com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica ✔ Com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão ✔ Contra criança, maior de 60 anos, enfermo ou mulher grávida ✔ Quando o ofendido estava sob imediata proteção da autoridade ✔ Em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido ✔ Em estado de embriaguez preordenada ✗ Agravantes no concurso de pessoas ✔ Promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes ✔ Coage ou induz outrem à execução material do crime ✔ Instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não punível em virtude de condição ou qualidade pessoal ✔ Executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa Circunstâncias atenuantes arts 65 e 66: ✗ Inexorabilidade das atenuantes : as circunstâncias sempre atenuam a pena. Pode-se aplicar privilégios, atenuantes e minorantes sob a mesma circunstância. Entretanto, as atenuantes não podem ser aplicadas nos casos em que a pena já está no mínimo legal. ✗ Atenuantes em espécie : (1) Ser o agente menor de 21, na data do fato, ou maior de 70 anos, na data da sentença (2) O desconhecimento da lei (3) Ter o agente: ✔ Cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral ✔ Procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar- lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano ✔ Cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima ✔ Confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime ✔ Cometido o crime sob influência de multidão em tumulto, se não o provocou ✗ Atenuantes inominadas : “A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei” - juiz pode reconhecer outras atenuantes, mas não pode alterar as citadas no art 65. ✗ Concurso entre agravantes e atenuantes (art67) : Em regra, as circunstâncias agravantes e atenuantes alteram a pena em 1/6, mas existem circunstâncias agravantes ou atenuantes que preponderam sobre as demais, provocando alterações mais intensas sobre a sanção penal. Ex: a reincidência prepondera sobre a reparação do dano. 3ª Fase – Pena definitiva: incidiram as causas de aumento e de diminuição de pena. Elas estão espalhadas por toda a legislação penal. Ex: 121 §1. O quantum tem previsão legal ainda que variável (fração). Nessa fase, o juiz pode elevar ou diminuir a pena além dos limites previstos em lei. Aumento Diminuição Princípio Incidência isolada: Soma as duas e aplica de 1x a pena Incidência cumulativa: cascata/sucessivamente/juros sobre juros Só tem 1 causa Aplica ela Concurso de Causas Parte Especial Juiz pode limitar-se a atender apenas 1 delas. Deve optar pela de maior aumento u de maior diminuição ou ele considera todas e aplica os princípios acima. Parte Geral Deverão ser consideradas todas, aplicando os princípios acima.