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curso 13947 aula 01 v1

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Aula 01
Legislação Penal e Processual Penal Especial p/ Polícia Civil-GO (Agente)
Professores: Marcos Girão, Paulo Guimarães
Legislação Penal e Processual Penal Especial para PC-GO 
Teoria e exercícios comentados 
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AULA 01: Crimes hediondos. Contravenções 
penais. Lei 12.037/2009 (Identificação 
Criminal). 
Observação importante: este curso é protegido por direitos 
autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, 
atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá 
outras providências. 
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SUMÁRIO PÁGINA 
1. Lei nº 8.072/90 (Crimes Hediondos) 2 
2. Decreto-Lei nº 3.0688/1941 (Contravenções penais) 8 
3. Lei 12.037/2009 (Identificação Criminal) 27 
4. Resumo do Concurseiro 34 
5. Questões comentadas 52 
6. Questões sem comentários 78 
Olá, futuro policial civil! 
Nossa missão hoje é estudar três leis diferentes. Não vamos 
ter muito tempo, não é mesmo!? - 
Bons estudos! 
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1. LEI Nº 8.072/90 (CRIMES HEDIONDOS)
Um crime é qualificado como hediondo porque é considerado 
muito grave, repugnante, aviltante. O legislador entendeu que esses 
crimes merecem uma maior reprovação por parte do Estado. 
Os crimes hediondos estão no topo da pirâmide da 
desvaloração axiológica criminal. São os crimes que causam mais aversão 
à sociedade. 
A Constituição da República menciona os crimes hediondos no 
art. 5º, XLIII. 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de 
graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes 
e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, 
por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo 
evitá-los, se omitirem; 
A prática de tortura, o tráfico de drogas e o terrorismo são 
mencionados especificamente pela Constituição. Esses são considerados 
crimes equiparados a hediondos. Axiologicamente, não há nenhuma 
diferença entre eles, mas Lei nº 8.072/1990, bem como a própria 
Constituição, mencionam esses crimes separadamente, de forma que não 
fazem parte do conjunto dos crimes hediondos, apesar de terem muitas 
vezes o mesmo tratamento. 
Os crimes hediondos e os crimes equiparados a hediondos são 
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia. A Lei dos Crimes 
Hediondos menciona ainda, em seu art, 2º, a impossibilidade de 
concessão de indulto: 
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Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito 
de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: 
I - anistia, graça e indulto; 
II - fiança. 
A graça, o indulto e a anistia são formas de extinção da 
punibilidade. 
Anistia é o ato do Poder Legislativo por meio do qual se 
extinguem as consequências de um fato que em tese seria punível e, 
como resultado, qualquer processo sobre ele. É uma medida 
ordinariamente adotada para pacificação dos espíritos após motins ou 
revoluções. 
A graça, diferentemente, é concedida a pessoa determinada, 
enquanto o indulto tem caráter coletivo. Ambos, porém, somente podem 
ser concedidos por ato do Presidente da República, sendo possível a 
delegação dessa competência a Ministro de Estado, ao Advogado-Geral da 
União ou ao Procurador-Geral da República. 
A redação original do inciso II do art. 2º vedava também a 
concessão de liberdade provisória nos casos de crimes hediondos e 
equiparados. Você pode notar, entretanto, que a Constituição não fez 
qualquer menção à restrição da liberdade do acusado por tais crimes. 
Pelo contrário, o teor do art. 5º, LXVI, é no sentido de que 
³QLQJXpP�GHYH�VHU�OHYDGR�j�SULVmR�RX�QHOD�PDQWLGR��TXDQGR�D�OHL�DGPLWLU�
D� OLEHUGDGH� SURYLVyULD�� FRP� RX� VHP� ILDQoD´�� )RL� SRU� HVVD� UD]mR� TXH� R�
dispositivo foi alterado em 2007, e hoje os crimes hediondos e 
equiparados são inafiançáveis, mas o acusado apenas pode ter sua 
liberdade restringida cautelarmente quando houver decisão judicial 
fundamentada, e apenas nos casos previstos em lei (art. 312 do CPP). 
Mas quais são os crimes hediondos? 
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Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos 
tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código 
Penal, consumados ou tentados: 
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de 
grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio 
qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); 
I-A - lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, §
2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando 
praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da 
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional 
de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou 
contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro 
grau, em razão dessa condição; 
II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); 
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); 
IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, 
caput, e §§ lo, 2o e 3o); 
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); 
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); 
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). 
VII-A ± (VETADO)
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto
destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 
1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 
1998). 
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de 
exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 
218-B, caput, e §§ 1º e 2º). 
Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de 
genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro 
de 1956, tentado ou consumado. 
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Antes da alteração sofrida pelos incisos V e VI em 2009, havia 
uma grande discussão doutrinária acerca da inclusão ou não do estupro (e 
atentado violento ao pudor) em suas formas qualificadas no rol dos 
crimes hediondos, pois os dispositivos mencionados apenas tratavam do 
caput dos artigos correspondentes do Código Penal. Hoje você pode notar 
que os dispositivos tratam do caput e dos parágrafos do art. 213. 
CRIMES HEDIONDOS 
CRIMES EQUIPARADOS A 
HEDIONDOS 
Homicídio por grupo de extermínio, e 
homicídio qualificado 
Tortura 
lesão corporal dolosa de natureza 
gravíssima e lesão corporal 
seguida de morte, quando praticadas 
contra autoridade ou agente das Forças 
Armadas e polícias. 
Latrocínio 
Extorsão qualificada pela morte 
Extorsão mediante sequestroe na 
forma qualificada 
Tráfico de Drogas 
Estupro simples e de vulnerável 
Epidemia com resultado morte 
Falsificação, corrupção, 
adulteração ou alteração de 
produto destinado a fins 
terapêuticos ou medicinais 
Terrorismo Genocídio 
Favorecimento da prostituição ou de 
outra forma de exploração sexual de 
criança ou adolescente ou de 
vulnerável. 
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Já houve muita controvérsia na Doutrina acerca da 
possibilidade de progressão de regime do condenado por crime 
hediondo. Com as alterações legislativas que sofreram os parágrafos do 
art. 2º, a discussão foi sepultada de uma vez por todas. 
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida
inicialmente em regime fechado. 
§ 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes
previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois 
quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), 
se reincidente. 
É interessante também saber que o juiz deve decidir 
fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade, caso haja 
condenação. 
A redação anterior do §1º era de que a pena seria cumprida 
integralmente em regime fechado. 
O §1º foi recentemente declarado inconstitucional pelo STF, 
em sede de controle difuso, no julgamento do HC 111840. Abaixo 
transcrevo trecho da ementa do julgado. 
Ordem concedida tão somente para remover o óbice constante do § 
1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90, com a redação dada pela Lei nº 
11.464/07, o qual determina que ³>D] pena por crime previsto neste
DUWLJR� VHUi� FXPSULGD� LQLFLDOPHQWH� HP� UHJLPH� IHFKDGR³�� Declaração 
incidental de inconstitucionalidade, com efeito ex nunc, da 
obrigatoriedade de fixação do regime fechado para início do cumprimento 
de pena decorrente da condenação por crime hediondo ou equiparado. 
Recomendo que você tome bastante cuidado ao responder 
uma eventual questão de prova sobre esse tema, pois a banca pode ainda 
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não ter incorporado a nova Jurisprudência. Cuidado também com 
expressões que façam menção diretamente à lei. Essas são as tais 
³TXHVW}HV�EOLQGDGDV´� 
É possível a progressão de regime do condenado por crime 
hediondo, sendo possível quando se der o cumprimento de 2/5 da pena 
(apenado primário), ou de 3/5 (reincidente). 
A Lei dos Crimes Hediondos determina que a pena deve ser 
cumprida inicialmente em regime fechado. Todavia, o STF já declarou 
este dispositivo constitucional em sede de controle difuso. 
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 
288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da 
tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo. 
O art. 288 do Código Penal diz respeito ao crime de 
quadrilha ou bando. Quando a quadrilha ou bando tiver por objeto a 
prática de crimes hediondos ou equiparados a hediondos, haverá 
aumento de pena: a pena cominada pelo CP é de reclusão de 1 a 3 anos, 
enquanto, neste caso, será de reclusão de 3 a 6 anos. 
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à 
autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, 
terá a pena reduzida de um a dois terços. 
O parágrafo único traz mais uma hipótese de delação 
premiada, aqui chamada de traição benéfica. É importante que você 
compreenda que, quanto a crimes hediondos, a delação premiada 
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somente se aplica quando houver quadrilha ou bando, formada 
especificamente para o fim de cometer crimes hediondos ou equiparados. 
Caso um participante da quadrilha ou bando denuncie o grupo 
às autoridades, levando ao seu desmantelamento, sua pena será reduzida 
de 1 a 2 terços. 
Um aspecto encarado pela Doutrina é o que diz respeito à 
prova do desmantelamento da quadrilha ou bando. Obviamente é muito 
difícil fazer essa comprovação, e nada impede que, mesmo que todos os 
componentes sejam presos, eles voltem a reunir-se no futuro para a 
prática dos mesmos crimes. O Poder Judiciário deve, portanto, encarar 
com parcimônia o dispositivo legal. 
DELAÇÃO PREMIADA NOS CRIMES HEDIONDOS 
TRAIÇÃO BENÉFICA 
- Apenas quando houver quadrilha ou bando formado especificamente
para a prática de crimes hediondos ou equiparados a hediondos;
- O participante ou associado da quadrilha ou bando precisa denunciá-la
às autoridades, possibilitando seu desmantelamento;
- A pena será reduzida de um a dois terços.
2. DECRETO-LEI Nº 3.0688/1941 (CONTRAVENÇÕES PENAIS)
A infração penal é gênero, do qual são espécies os crimes e 
as convenções penais. A Doutrina traz outros sistemas de classificação, 
mas eles não são relevantes para sua prova. 
Do ponto de vista material, não há diferença entre crimes e 
contravenções. A Doutrina aponta como principal diferença a gravidade 
da conduta, ou, ainda, a natureza e quantidade da pena aplicável. 
Além da Lei das Contravenções Penais, há previsão de 
contravenções em leis especiais, a exemplo do Código Eleitoral e da Lei 
nº 8.245/1991 (Lei do Inquilinato). 
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As Contravenções Penais são, em regra, consideradas 
infrações de menor potencial ofensivo, e por isso submetem-se ao 
rito da Lei nº 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais). 
O art. 109 da Constituição Federal, que trata da competência 
da Justiça Federal, não contempla o julgamento de contravenções penais. 
Estas, portanto, são sempre julgadas no âmbito estadual, ainda que 
atinjam bens, serviços e interesses da União. 
A exceção fica por conta do contraventor que goze de 
prerrogativa de foro perante a Justiça Federal. Se um Juiz Federal, por 
exemplo, praticar contravenção, ele deve ser julgado pela Justiça Federal. 
Art. 1º Aplicam-se as contravenções às regras gerais do Código 
Penal, sempre que a presente lei não disponha de modo diverso. 
Art. 2º A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no 
território nacional. 
Aplica-se às Contravenções Penais, subsidiariamente, as 
disposições do Código Penal e as do Código de Processo Penal. Também é 
aplicável a Lei nº 9.099/1995, uma vez que as contravenções penais são, 
em regra, infrações penais de menor potencial ofensivo. 
De acordo com a Jurisprudência dos Tribunais Superiores, não 
é possível extradição de estrangeiro por Contravenção Penal praticada no 
Brasil, pois o Estatuto do Estrangeiro só permite a extradição em razão 
de prática de crime, não fazendo qualquer menção às contravenções 
penais. 
Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção. 
A inadmissibilidade da tentativa nas contravenções penais foi 
uma opção do legislador, e trata-se de medida de política criminal. 
Atenção aqui, pois já houve várias questões de concursos anteriores 
sobre esse tema. 
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Não é punívela tentativa de contravenção penal. 
Art. 5º As penas principais são: 
I ± prisão simples. 
II ± multa. 
Esta é outra questão boba que já apareceu em provas várias 
vezes. As penas aplicáveis diante da prática de contravenção penal são 
diferentes daquelas previstas para os crimes. Não há reclusão e nem 
detenção, mas apenas multa e prisão simples. 
Quanto à multa, a lei prevê a possibilidade de sua conversão 
em prisão, mas isso não é mais possível, de acordo com o art. 51 do 
Código Penal. Hoje a multa é considerada dívida de valor, e, se não for 
paga, deve ser executada pela Fazenda Pública. 
A prisão simples tem sua aplicação limitada ao prazo 
máximo de 5 anos, e é aplicada de acordo com as regras do Código 
Penal, com as seguintes diferenças: 
a) Cumprimento da pena em regime aberto e semi-aberto;
b) Obrigatoriedade de estabelecimento prisional especial ou,
ainda, área especial da prisão comum;
c) A separação obrigatória dos contraventores em relação aos
presos condenados à reclusão ou detenção;
d) No caso de prisão até 15 dias, o trabalho é facultativo;
e) Se preso por tempo superior a trinta dias, o trabalho do
preso será obrigatório;
f) O tempo máximo de prisão é de 5 anos.
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As penas aplicáveis no caso de contravenções penais são a 
prisão simples e a multa. 
A Lei das Contravenções penais contém ainda a previsão de 
penas acessórias, mas a Doutrina é praticamente unânime no sentido de 
que o dispositivo foi tacitamente revogado pela reforma geral do código 
penal de 1984, visto que, um dos temas da reforma foi a abolição das 
penas acessórias do nosso ordenamento jurídico, convolando-as em 
efeitos da condenação. 
Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma 
contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha 
condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, 
por motivo de contravenção. 
Art. 8º No caso de ignorância ou de errada compreensão da lei, 
quando escusáveis, a pena pode deixar de ser aplicada. 
A contravenção penal no estrangeiro não gera reincidência 
no Brasil, entendimento consoante ao disposto no art. 2º da Lei de 
Contravenções Penais. 
A ignorância da lei é definida como desconhecimento da 
existência da lei ± isso é o erro de direito. O Código Penal não libera essa 
hipótese, considerando o desconhecimento da lei inescusável. A 
disposição da Lei de Contravenções Penais, entretanto, é aplicável, pois 
nesse caso o erro de direito autoriza a aplicação do perdão judicial. 
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Quanto à errada compreensão da lei ± erro de proibição ± 
pode-se dizer que o art. 8º da Lei de Contravenções Penais está 
tacitamente revogado pelo art. 21 do Código Penal. 
Art. 17. A ação penal é pública, devendo a autoridade proceder de 
ofício. 
Este é outro item que já foi cobrado em provas anteriores. A 
ação penal nas contravenções é pública e incondicionada, não 
sendo necessária qualquer manifestação do ofendido. 
A ação penal nas contravenções é pública e incondicionada, 
não sendo necessária qualquer manifestação do ofendido. 
A parte especial da Lei das Contravenções Penais é a que se 
dedica à tipificação das condutas. Reproduzi abaixo as contravenções, 
divididas da forma como a própria Lei faz, adicionadas dos comentários 
pertinentes. 
CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PESSOA 
TIPIFICAÇÃO COMENTÁRIOS 
Art. 18. Fabricar, importar, exportar, ter em 
depósito ou vender, sem permissão da 
autoridade, arma ou munição: 
Pena ± prisão simples, de três meses a um 
ano, ou multa, de um a cinco contos de réis, 
ou ambas cumulativamente, se o fato não 
constitui crime contra a ordem política ou 
social. 
O tema hoje é objeto do Estatuto do 
Desarmamento. Muitos doutrinadores 
entendem que o art. 18 continua em vigor 
no que se refere às armas brancas. 
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Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa 
ou de dependência desta, sem licença da 
autoridade: 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a seis 
meses, ou multa, de duzentos mil réis a três 
contos de réis, ou ambas cumulativamente. 
§ 1º A pena é aumentada de um terço até
metade, se o agente já foi condenado, em 
sentença irrecorrível, por violência contra 
pessoa. 
§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de
quinze dias a três meses, ou multa, de 
duzentos mil réis a um conto de réis, quem, 
possuindo arma ou munição: 
a) deixa de fazer comunicação ou entrega à
autoridade, quando a lei o determina; 
b) permite que alienado menor de 18 anos
ou pessoa inexperiente no manejo de arma 
a tenha consigo; 
c) omite as cautelas necessárias para
impedir que dela se apodere facilmente 
alienado, menor de 18 anos ou pessoa 
inexperiente em manejá-la. 
Art. 20. Anunciar processo, substância ou 
objeto destinado a provocar aborto: 
Pena - multa de hum mil cruzeiros a dez mil 
cruzeiros. 
Art. 21. Praticar vias de fato contra alguem: 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a três 
meses, ou multa, de cem mil réis a um 
conto de réis, se o fato não constitui crime. 
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 
1/3 (um terço) até a metade se a vítima é 
maior de 60 (sessenta) anos. 
Vias de fato são agressões sem dolo de 
lesionar e sem causar lesões, a exemplo 
de empurrões, bofetadas, tapas, etc. 
Trata-se de hipótese de subsidiariedade 
expressa, logo, somente sendo aplicável, 
se o fato não constituir crime e, por 
conclusão, a Contravenção Penal sempre 
será absorvida por crimes. 
O parágrafo único foi acrescentado pelo 
Estatuto do Idoso. 
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Art. 22. Receber em estabelecimento 
psiquiátrico, e nele internar, sem as 
formalidades legais, pessoa apresentada 
como doente mental: 
Pena ± multa, de trezentos mil réis a três 
contos de réis. 
§ 1º Aplica-se a mesma pena a quem deixa
de comunicar a autoridade competente, no 
prazo legal, internação que tenha admitido, 
por motivo de urgência, sem as 
formalidades legais. 
§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de
quinze dias a três meses, ou multa de 
quinhentos mil réis a cinco contos de réis, 
aquele que, sem observar as prescrições 
legais, deixa retirar-se ou despede de 
estabelecimento psiquiátrico pessoa nele, 
internada. 
Art. 23. Receber e ter sob custódia doente 
mental, fora do caso previsto no artigo 
anterior, sem autorização de quem de 
direito: 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a três 
meses, ou multa, de quinhentos mil réis a 
cinco contos de réis. 
CONTRAVENÇÕES REFERENTES AO PATRIMÔNIO 
TIPIFICAÇÃO COMENTÁRIOS 
Art. 24. Fabricar, ceder ou vender gazua ou 
instrumento empregado usualmente na 
prática de crime de furto: 
Pena ± prisão simples, de seis meses a dois 
anos, e multa, de trezentos mil réis a três 
contos de réis. 
Gazua é uma chave falsa, um instrumento 
utilizado para arrombar fechaduras. 
Art. 25. Ter alguém em seu poder, depoisde condenado, por crime de furto ou roubo, 
ou enquanto sujeito à liberdade vigiada ou 
Há que se atentar para o sujeito ativo, 
indicado como o condenado definitivo por 
furto ou roubo, o vadio ou, ainda, o 
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quando conhecido como vadio ou mendigo, 
gazuas, chaves falsas ou alteradas ou 
instrumentos empregados usualmente na 
prática de crime de furto, desde que não 
prove destinação legítima: 
Pena ± prisão simples, de dois meses a um 
ano, e multa de duzentos mil réis a dois 
contos de réis. 
mendigo. 
A menção ao vadio e ao mendigo devem 
ser consideradas inconstitucionais, pois no 
nosso sistema não é mais admitida a 
presunção de periculosidade dessas 
pessoas. 
Art. 26. Abrir alguém, no exercício de 
profissão de serralheiro ou oficio análogo, a 
pedido ou por incumbência de pessoa de 
cuja legitimidade não se tenha certificado 
previamente, fechadura ou qualquer outro 
aparelho destinado à defesa de lugar nu 
objeto: 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a três 
meses, ou multa, de duzentos mil réis a um 
conto de réis. 
CONTRAVENÇÕES REFERENTES À INCOLUMIDADE PÚBLICA 
TIPIFICAÇÃO COMENTÁRIOS 
Art. 28. Disparar arma de fogo em lugar 
habitado ou em suas adjacências, em via 
pública ou em direção a ela: 
Pena ± prisão simples, de um a seis meses, 
ou multa, de trezentos mil réis a três contos 
de réis. 
Parágrafo único. Incorre na pena de prisão 
simples, de quinze dias a dois meses, ou 
multa, de duzentos mil réis a dois contos de 
réis, quem, em lugar habitado ou em suas 
adjacências, em via pública ou em direção a 
ela, sem licença da autoridade, causa 
deflagração perigosa, queima fogo de 
artifício ou solta balão aceso. 
A matéria hoje é tratada pelo Estatuto do 
Desarmamento, devendo o art. 28 ser 
considerado revogado, pois a conduta 
atualmente configura crime. 
Apenas permanece vigente a tipificação da 
conduta de queimar fogos de artifício. A 
conduta de causar deflagração perigosa 
hoje é tipif icada pelo Estatuto do 
Desarmamento, e soltar balão aceso é 
considerado crime ambiental. 
Art. 29. Provocar o desabamento de 
construção ou, por erro no projeto ou na 
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execução, dar-lhe causa: 
Pena ± multa, de um a dez contos de réis, 
se o fato não constitui crime contra a 
incolumidade pública. 
Art. 30. Omitir alguém a providência 
reclamada pelo Estado ruinoso de 
construção que lhe pertence ou cuja 
conservação lhe incumbe: 
Pena ± multa, de um a cinco contos de réis. 
Art. 31. Deixar em liberdade, confiar à 
guarda de pessoa inexperiente, ou não 
guardar com a devida cautela animal 
perigoso: 
Pena ± prisão simples, de dez dias a dois 
meses, ou multa, de cem mil réis a um 
conto de réis. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena 
quem: 
a) na via pública, abandona animal de tiro,
carga ou corrida, ou o confia à pessoa 
inexperiente; 
b) excita ou irrita animal, expondo a perigo
a segurança alheia; 
c) conduz animal, na via pública, pondo em
perigo a segurança alheia. 
Só há o crime se a omissão ocorre em 
relação à animal perigoso, ou seja, aquele 
animal capaz de causar danos ou 
ferimentos. 
$� H[SUHVVmR� ³animal de tiro´� está 
relacionada ao animal que transporta 
veículos. 
Art. 32. Dirigir, sem a devida habilitação, 
veículo na via pública, ou embarcação a 
motor em aguas públicas: 
Pena ± multa, de duzentos mil réis a dois 
contos de réis. 
A parte do dispositivo que trata da direção 
de veículo automotor foi derrogada pelo 
Código de Trânsito Brasileiro. O restante, 
que trata da condução inabilitada de 
embarcação, continua em vigor. 
Art. 33. Dirigir aeronave sem estar 
devidamente licenciado: 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a três 
meses, e multa, de duzentos mil réis a dois 
contos de réis. 
Art. 34. Dirigir veículos na via pública, ou 
embarcações em águas públicas, pondo em 
Hoje o Código de Trânsito Brasileiro tipifica 
3 crimes diferentes relacionados à direção 
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perigo a segurança alheia: 
Pena ± prisão simples, de quinze das a três 
meses, ou multa, de trezentos mil réis a 
dois contos de réis. 
perigosa de veículo automotor, mas o STF 
já decidiu que o art. 34 da LCP continua 
em vigor, pois há outras formas de direção 
perigosa não abrangidas pelo CTB. 
Art. 35. Entregar-se na prática da aviação, 
a acrobacias ou a voos baixos, fora da zona 
em que a lei o permite, ou fazer descer a 
aeronave fora dos lugares destinados a esse 
fim: 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a três 
meses, ou multa, de quinhentos mil réis a 
cinco contos de réis. 
Art. 36. Deixar do colocar na via pública, 
sinal ou obstáculo, determinado em lei ou 
pela autoridade e destinado a evitar perigo a 
transeuntes: 
Pena ± prisão simples, de dez dias a dois 
meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois 
contos de réis. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena 
quem: 
a) apaga sinal luminoso, destrói ou remove
sinal de outra natureza ou obstáculo 
destinado a evitar perigo a transeuntes; 
b) remove qualquer outro sinal de serviço
público. 
Art. 37. Arremessar ou derramar em via 
pública, ou em lugar de uso comum, ou do 
uso alheio, coisa que possa ofender, sujar 
ou molestar alguém: 
Pena ± multa, de duzentos mil réis a dois 
contos de réis. 
Parágrafo único. Na mesma pena incorre 
aquele que, sem as devidas cautelas, coloca 
ou deixa suspensa coisa que, caindo em via 
pública ou em lugar de uso comum ou de 
uso alheio, possa ofender, sujar ou molestar 
alguém. 
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Art. 38. Provocar, abusivamente, emissão 
de fumaça, vapor ou gás, que possa ofender 
ou molestar alguém: 
Pena ± multa, de duzentos mil réis a dois 
contos de réis. 
CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PAZ PÚBLICA 
TIPIFICAÇÃO COMENTÁRIOS 
Art. 39. Participar de associação de mais de 
cinco pessoas, que se reúnam 
periodicamente, sob compromisso de ocultar 
à autoridade a existência, objetivo, 
organização ou administração da 
associação: 
Pena ± prisão simples, de um a seis meses, 
ou multa, de trezentos mil réis a três contos 
de réis. 
§ 1º Na mesma pena incorre o proprietário
ou ocupante de prédio que o cede, no todo 
ou em parte, para reunião de associação 
que saiba ser de caráter secreto. 
§ 2º O juiz pode, tendo em vista as
circunstâncias, deixar de aplicar a pena, 
quando lícito o objeto da associação. 
Art. 40. Provocar tumulto ou portar-se de 
modo inconveniente ou desrespeitoso, em 
solenidade ou ato oficial, em assembleia ou 
espetáculo público, se o fato não constitui 
infração penal mais grave; 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a seis 
meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois 
contos de réis. 
A lei prevê duas condutas distintas: 
provocar tumulto, cuja caracterização não 
depende de análise da finalidadedo 
agente; e portar-se de modo 
inconveniente ou desrespeitoso, desde que 
em algum dos lugares expressamente 
elencados pelo legislador. 
Art. 41. Provocar alarma, anunciando 
desastre ou perigo inexistente, ou praticar 
qualquer ato capaz de produzir pânico ou 
tumulto: 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a seis 
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meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois 
contos de réis. 
Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o 
sossego alheios: 
I ± com gritaria ou algazarra; 
II ± exercendo profissão incômoda ou 
ruidosa, em desacordo com as prescrições 
legais; 
III ± abusando de instrumentos sonoros ou 
sinais acústicos; 
IV ± provocando ou não procurando impedir 
barulho produzido por animal de que tem a 
guarda: 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a três 
meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois 
contos de réis. 
O STF já decidiu que só há contravenção 
penal se a perturbação atingir um número 
considerável de pessoas. 
Se ocorrer poluição sonora em níveis 
prejudiciais à saúde humana, haverá crime 
ambiental. 
CONTRAVENÇÕES REFERENTES À FÉ PÚBLICA 
TIPIFICAÇÃO COMENTÁRIOS 
Art. 43. Recusar-se a receber, pelo seu 
valor, moeda de curso legal no país: 
Pena ± multa, de duzentos mil réis a dois 
contos de réis. 
No Brasil, a moeda tem curso forçado. Isso 
significa que seu recebimento é 
obrigatório, não sendo possível ao 
comerciante trabalhar exclusivamente com 
outras formas de pagamento. 
Art. 44. Usar, como propaganda, de 
impresso ou objeto que pessoa inexperiente 
ou rústica possa confundir com moeda: 
Pena ± multa, de duzentos mil réis a dois 
contos de réis. 
3RU� HVVD� UD]mR� R� ³GLQKHLUR� GH� EULQFDGHLUD´�
sempre é fabricado em tamanhos 
diferentes, ou conta com grandes carimbos 
ou sinais indicando que não vale 
comercialmente. 
Art. 45. Fingir-se funcionário público: 
Pena ± prisão simples, de um a três meses, 
ou multa, de quinhentos mil réis a três 
contos de réis. 
Art. 46. Usar, publicamente, de uniforme, 
ou distintivo de função pública que não 
exerce; usar, indevidamente, de sinal, 
distintivo ou denominação cujo emprego 
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seja regulado por lei. 
Pena ± multa, de duzentos a dois mil 
cruzeiros, se o fato não constitui infração 
penal mais grave. 
CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 
TIPIFICAÇÃO COMENTÁRIOS 
Art. 47. Exercer prof issão ou atividade 
econômica ou anunciar que a exerce, sem 
preencher as condições a que por lei está 
subordinado o seu exercício: 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a três 
meses, ou multa, de quinhentos mil réis a 
cinco contos de réis. 
Só haverá contravenção se a prof issão for 
regulamentada. Caso contrário, o fato será 
atípico. 
Art. 48. Exercer, sem observância das 
prescrições legais, comércio de 
antiguidades, de obras de arte, ou de 
manuscritos e livros antigos ou raros: 
Pena ± prisão simples de um a seis meses, 
ou multa, de um a dez contos de réis. 
Art. 49. Infringir determinação legal relativa 
à matrícula ou à escrituração de indústria, 
de comércio, ou de outra atividade: 
Pena ± multa, de duzentos mil réis a cinco 
contos de réis. 
CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À POLÍCIA DE COSTUMES 
TIPIFICAÇÃO COMENTÁRIOS 
Art. 50. Estabelecer ou explorar jogo de 
azar em lugar público ou acessível ao 
público, mediante o pagamento de entrada 
ou sem ele: 
Pena ± prisão simples, de três meses a um 
ano, e multa, de dois a quinze contos de 
réis, estendendo-se os efeitos da 
condenação à perda dos moveis e objetos de 
A lei pune tanto o dono do local quanto o 
responsável pelo negócio. O funcionário 
que colabora com a efetivação do negócio 
no estabelecimento será considerado 
partícipe. 
O simples bolão de apostas, que toma 
proporções públicas, com um número 
indeterminado de pessoas participando, 
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decoração do local. 
§ 1º A pena é aumentada de um terço, se
existe entre os empregados ou participa do 
jogo pessoa menor de dezoito anos. 
§ 2º Incorre na pena de multa, de duzentos
mil réis a dois contos de réis, quem é 
encontrado a participar do jogo, como 
ponteiro ou apostador. 
§ 3º Consideram-se, jogos de azar:
c) o jogo em que o ganho e a perda
dependem exclusiva ou principalmente da 
sorte; 
b) as apostas sobre corrida de cavalos fora
de hipódromo ou de local onde sejam 
autorizadas; 
c) as apostas sobre qualquer outra
competição esportiva. 
§ 4º Equiparam-se, para os efeitos penais,
a lugar acessível ao público: 
a) a casa particular em que se realizam
jogos de azar, quando deles habitualmente 
participam pessoas que não sejam da família 
de quem a ocupa; 
b) o hotel ou casa de habitação coletiva, a
cujos hóspedes e moradores se proporciona 
jogo de azar; 
c) a sede ou dependência de sociedade ou
associação, em que se realiza jogo de azar; 
d) o estabelecimento destinado à exploração
de jogo de azar, ainda que se dissimule esse 
destino. 
caracteriza esta contravenção. 
O Jogo do Bicho, previsto no art. 58 da 
LCP, hoje é tratado pelo Decreto-Lei nº 
6.259/1944. 
Art. 51. Promover ou fazer extrair loteria, 
sem autorização legal: 
Pena ± prisão simples, de seis meses a dois 
anos, e multa, de cinco a dez contos de réis, 
estendendo-se os efeitos da condenação à 
perda dos moveis existentes no local. 
§ 1º Incorre na mesma pena quem guarda,
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vende ou expõe à venda, tem sob sua 
guarda para o f im de venda, introduz ou 
tenta introduzir na circulação bilhete de 
loteria não autorizada. 
§ 2º Considera-se loteria toda operação
que, mediante a distribuição de bilhete, 
listas, cupões, vales, sinais, símbolos ou 
meios análogos, faz depender de sorteio a 
obtenção de prêmio em dinheiro ou bens de 
outra natureza. 
§ 3º Não se compreendem na definição do
parágrafo anterior os sorteios autorizados na 
legislação especial. 
Art. 52. Introduzir, no país, para o fim de 
comércio, bilhete de loteria, rifa ou tômbola 
estrangeiras: 
Pena ± prisão simples, de quatro meses a 
um ano, e multa, de um a cinco contos de 
réis. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena 
quem vende, expõe à venda, tem sob sua 
guarda. para o fim de venda, introduz ou 
tenta introduzir na circulação, bilhete de 
loteria estrangeira. 
Art. 53. Introduzir, para o fim de comércio, 
bilhete de loteria estadual em território onde 
não possa legalmente circular: 
Pena ± prisão simples, de dois a seis 
meses, e multa, de um a três contos de réis. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena 
quem vende, expõe à venda, tem sob sua 
guarda, para o fim de venda, introduz ou 
tonta introduzir na circulação, bilhete de 
loteria estadual, em território onde não 
possa legalmente circular. 
Art. 54. Exibir ou ter sob sua guarda lista 
de sorteio de loteria estrangeira:Pena ± prisão simples, de um a três meses, 
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e multa, de duzentos mil réis a um conto de 
réis. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena 
quem exibe ou tem sob sua guarda lista de 
sorteio de loteria estadual, em território 
onde esta não possa legalmente circular. 
Art. 55. Imprimir ou executar qualquer 
serviço de feitura de bilhetes, lista de 
sorteio, avisos ou cartazes relativos a 
loteria, em lugar onde ela não possa 
legalmente circular: 
Pena ± prisão simples, de um a seis meses, 
e multa, de duzentos mil réis a dois contos 
de réis. 
Art. 56. Distribuir ou transportar cartazes, 
listas de sorteio ou avisos de loteria, onde 
ela não possa legalmente circular: 
Pena ± prisão simples, de um a três meses, 
e multa, de cem a quinhentos mil réis. 
Art. 57. Divulgar, por meio de jornal ou 
outro impresso, de rádio, cinema, ou 
qualquer outra forma, ainda que 
disfarçadamente, anúncio, aviso ou 
resultado de extração de loteria, onde a 
circulação dos seus bilhetes não seria legal: 
Pena ± multa, de um a dez contos de réis. 
Art. 58. Explorar ou realizar a loteria 
denominada jogo do bicho, ou praticar 
qualquer ato relativo à sua realização ou 
exploração: 
Pena ± prisão simples, de quatro meses a 
um ano, e multa, de dois a vinte contos de 
réis. 
Parágrafo único. Incorre na pena de 
multa, de duzentos mil réis a dois contos de 
réis, aquele que participa da loteria, visando 
a obtenção de prêmio, para si ou para 
Esse dispositivo foi derrogado pelo 
Decreto-Lei nº 6.259/1944, que passou a 
regulamentar especificamente as 
disposições sobre esta contravenção. 
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terceiro. 
Art. 59. Entregar-se alguém habitualmente 
à ociosidade, sendo válido para o trabalho, 
sem ter renda que lhe assegure meios 
bastantes de subsistência, ou prover à 
própria subsistência mediante ocupação 
ilícita: 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a três 
meses. 
Parágrafo único. A aquisição 
superveniente de renda, que assegure ao 
condenado meios bastantes de subsistência, 
extingue a pena. 
Existem muitas discussões sobre a 
constitucionalidade desta contravenção 
penal. O combate à ociosidade deve ser 
política de Estado, mas tornar a vadiagem 
conduta ilícita não é a melhor forma de 
estimular o trabalho. 
O exercício de ocupação ilícita, entretanto, 
continua sendo contravenção penal. É o 
caso, por exemplo, dos cambistas em 
shows e jogos de futebol. 
Art. 61. Importunar alguém, em lugar 
público ou acessível ao público, de modo 
ofensivo ao pudor: 
Pena ± multa, de duzentos mil réis a dois 
contos de réis. 
A conduta pode ser praticada por meio de 
palavras, gestos ou outros atos. Haverá 
contravenção quando ocorrer em local 
público ou de acesso ao público. 
Não se confunde com o crime de ato 
obsceno (art. 233 do Código Penal), 
porque neste o agente pretende ser visto 
ou assume esse risco. 
Art. 62. Apresentar-se publicamente em 
estado de embriaguez, de modo que cause 
escândalo ou ponha em perigo a segurança 
própria ou alheia: 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a três 
meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois 
contos de réis. 
Parágrafo único. Se habitual a 
embriaguez, o contraventor é internado em 
casa de custódia e tratamento. 
Art. 63. Servir bebidas alcoólicas: 
I ± a menor de dezoito anos; 
II ± a quem se acha em estado de 
embriaguez; 
III ± a pessoa que o agente sabe sofrer das 
faculdades mentais; 
A lei não determina que a conduta deva 
ser praticada em local específico para que 
haja contravenção. 
Há discussões acerca do crime tipificado 
no Estatuto da Criança e do Adolescente 
da conduta de vender, fornecer ou 
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IV ± a pessoa que o agente sabe estar 
judicialmente proibida de frequentar lugares 
onde se consome bebida de tal natureza: 
Pena ± prisão simples, de dois meses a um 
ano, ou multa, de quinhentos mil réis a 
cinco contos de réis. 
entregar ao menor substância que possa 
causar dependência. O STJ já decidiu que 
a contravenção continua aplicável, por ser 
mais específica, enquanto o crime do ECA 
estaria configurado quando fossem 
servidas outras substâncias entorpecentes 
que não o álcool. 
Art. 64. Tratar animal com crueldade ou 
submetê-lo a trabalho excessivo: 
Pena ± prisão simples, de dez dias a um 
mês, ou multa, de cem a quinhentos mil 
réis. 
§ 1º Na mesma pena incorre aquele que,
embora para fins didáticos ou científicos, 
realiza em lugar público ou exposto ao 
publico, experiência dolorosa ou cruel em 
animal vivo. 
§ 2º Aplica-se a pena com aumento de
metade, se o animal é submetido a trabalho 
excessivo ou tratado com crueldade, em 
exibição ou espetáculo público. 
Este tipo foi derrogado pela Lei nº 
9.605/1998, que transformou a conduta 
em crime. 
Art. 65. Molestar alguém ou perturbar-lhe a 
tranquilidade, por acinte ou por motivo 
reprovável: 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a dois 
meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois 
contos de réis. 
CONTRAVENÇÕES REFERENTES À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
TIPIFICAÇÃO COMENTÁRIOS 
Art. 66. Deixar de comunicar à autoridade 
competente: 
I ± crime de ação pública, de que teve 
conhecimento no exercício de função 
pública, desde que a ação penal não 
dependa de representação; 
II ± crime de ação pública, de que teve 
Este tipo é próprio: a contravenção 
somente pode ser praticada por servidor 
público (inciso I) ou por profissionais de 
saúde (inciso II). 
Se o agente tomou conhecimento do crime 
e não o denunciou, mas este era de ação 
penal privada, a conduta é atípica. 
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conhecimento no exercício da medicina ou 
de outra profissão sanitária, desde que a 
ação penal não dependa de representação e 
a comunicação não exponha o cliente a 
procedimento criminal: 
Pena ± multa, de trezentos mil réis a três 
contos de réis. 
Art. 67. Inumar ou exumar cadáver, com 
infração das disposições legais: 
Pena ± prisão simples, de um mês a um 
ano, ou multa, de duzentos mil réis a dois 
contos de réis. 
Inumar significa sepultar, enterrar. 
Art. 68. Recusar à autoridade, quando por 
esta justificadamente solicitados ou 
exigidos, dados ou indicações concernentes 
à própria identidade, estado, profissão, 
domicílio e residência: 
Pena ± multa, de duzentos mil réis a dois 
contos de réis. 
Parágrafo único. Incorre na pena de prisão 
simples, de um a seis meses, e multa, de 
duzentos mil réis a dois contos de réis, se o 
fato não constitui infração penal mais grave, 
quem, nas mesmas circunstâncias, faz 
declarações inverídicas a respeito de sua 
identidade pessoal, estado, profissão, 
domicílio e residência. 
Art. 70. Praticar qualquer ato que importe 
violação do monopólio postal da União: 
Pena ± prisão simples, de três meses a umano, ou multa, de três a dez contos de réis, 
ou ambas cumulativamente. 
Esse monopólio atualmente é exercido por 
meio da Empresa Brasileira de Correios e 
Telégrafos. 
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3. LEI 12.037/2009 (IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL)
Agora estudaremos objetivamente a Lei n° 12.037/2009, que 
trata da identificação criminal do civilmente identificado. Essa lei 
regulamenta o inciso LVIII do art. 5° da Constituição Federal. 
Art. 5°, LVIII - o civilmente identificado não será submetido a 
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei 
A regra, portanto, é que aquele que apresentou identificação 
civil não precise ser identificado criminalmente. Vamos agora estudar os 
detalhes e os casos em que a lei determina que se aja de forma diferente. 
A nova lei entrou em vigor substituindo a Lei n° 10.054/2000, 
que sempre recebeu severas críticas em alguns de seus dispositivos, 
sendo inclusive considerada inconstitucional por parte da Doutrina, 
principalmente por determinar a identificação criminal em virtude do 
cometimento de determinados crimes em detrimento de outros até mais 
graves. 
Analisaremos agora os principais dispositivos da nova lei. 
Art. 2º A identificação civil é atestada por qualquer dos seguintes 
documentos: 
I ± carteira de identidade; 
II ± carteira de trabalho; 
III ± carteira profissional; 
IV ± passaporte; 
V ± carteira de identificação funcional; 
VI ± outro documento público que permita a identificação do 
indiciado. 
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Parágrafo único. Para as finalidades desta Lei, equiparam-se aos 
documentos de identificação civis os documentos de identificação 
militares. 
No Brasil não existe lei que obrigue a pessoa a identificar-se. 
Os doutrinadores, entretanto, são unânimes no sentido de que aquele que 
decide não se identificar deve estar pronto a assumir as consequências de 
tal decisão. A principal dessas consequências é a identificação criminal. 
A lista de documentos trazidas pelo dispositivo já foi cobrada 
em provas anteriores de forma bastante direta, incluindo aí o teor do 
parágrafo único, que diz respeito aos documentos de identificação 
militares. 
São válidos como documentos de identificação civil: 
- Carteira de Identidade;
- Carteira de Trabalho;
- Carteira Profissional;
- Passaporte;
- Carteira de identificação funcional;
- Outro documento público que permita a identificação do indiciado.
OBS: Os documentos de identificação militares são equiparados aos 
civis. 
Estando de posse de pelo menos um dos documentos 
mencionados no art. 2°, ninguém será, em geral, constrangido a sujar as 
PmRV� �³WRFDU�SLDQR´��RX�D� WLUDU� IRWRV�QD�'HOHJDFLD�GH�3ROtcia ± processo 
datiloscópico e fotográfico. Essa é a regra geral, mas o art. 3° trata das 
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hipóteses em que deve haver a identificação criminal mesmo quando o 
indivíduo esteja de posse de documento de identificação. 
Art. 3º Embora apresentado documento de identificação, poderá 
ocorrer identificação criminal quando: 
I ± o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; 
II ± o documento apresentado for insuficiente para identificar 
cabalmente o indiciado; 
III ± o indiciado portar documentos de identidade distintos, com 
informações conflitantes entre si; 
IV ± a identificação criminal for essencial às investigações 
policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que 
decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do 
Ministério Público ou da defesa; 
V ± constar de registros policiais o uso de outros nomes ou 
diferentes qualificações; 
VI ± o estado de conservação ou a distância temporal ou da 
localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a 
completa identificação dos caracteres essenciais. 
Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão 
ser juntadas aos autos do inquérito, ou outra forma de investigação, 
ainda que consideradas insuficientes para identificar o indiciado. 
Na antiga redação, o indiciado deveria submeter-se à 
identificação criminal, mesmo sendo identificado civilmente, somente pelo 
fato de ter cometido homicídio doloso, crime contra o patrimônio (se 
praticados mediante violência ou grave ameaça), crime de receptação 
qualificada, contra a liberdade sexual ou crime de falsificação de 
documento público. 
O fato de ter cometido determinado delito, por si só, não pode 
ser fundamento para submeter o acusado ao constrangimento da 
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identificação criminal. Tal dispositivo, da forma como estava redigido, foi 
por muitos considerado inconstitucional enquanto estava em vigor. 
Nas demais hipóteses, ou seja, quando o documento 
apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; quando o documento 
for insuficiente para identificar o indiciado; quando o indiciado portar 
documentos de identidade distintos, com informações conflitantes, 
perceba que haverá dúvida sobre a autenticidade do documento, ou, 
pelas suas condições, não seria possível identificar o acusado da conduta 
delituosa. 
O legislador autoriza ainda a identificação criminal quando 
esse procedimento for ³essencial às investigações policiais, segundo 
despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício 
ou mediante representação da autoridade policial, do Ministério Público ou 
GD�GHIHVD´� 
A nova redação traz, portanto, um conceito aberto. Quando a 
identificação criminal é indispensável à investigação? A essencialidade 
somente poderá ser analisada caso a caso, pelo magistrado, que deverá 
fazer o controle do ato, somente determinando a identificação em casos 
de extrema necessidade. 
Interessante que esse requerimento poderá ser feito também 
pela Defesa. Tal procedimento pode parecer estranho, mas não é. O 
procedimento pode servir, por exemplo, para comprovar a tese de 
negativa de autoria. Com a identificação criminal o advogado pode 
demonstrar que o indiciado é inocente, comprovando sua verdadeira 
identidade. 
Deverá ser realizada a identificação criminal, ainda, se 
³FRQVWDU� GH� UHJLVWUos policiais o uso de outros nomes ou diferentes 
qualificações; o estado de conservação ou a distância temporal ou da 
localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a 
completa identificaçmR�GRV�FDUDFWHUHV�HVVHQFLDLV´� 
Havendo registro de outros nomes ou se o estado de 
conservação do documento deixar dúvidas sobre a verdadeira identidade 
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do agente, a identificação torna-se necessária, até mesmo para que não 
haja dúvida sobre a real identidade do indiciado, evitando-se o 
constrangimento de imputar prática de crime a pessoa inocente. 
A identificação criminal do civilmente identificado pode ser 
realizada quando for essencialàs investigações policiais, segundo 
despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício 
ou mediante representação da autoridade policial, do Ministério 
Público ou da defesa 
Art. 4º Quando houver necessidade de identificação criminal, a 
autoridade encarregada tomará as providências necessárias para evitar o 
constrangimento do identificado. 
Caso haja excesso, deverá responder pela conduta a 
autoridade encarregada da identificação. 
Segundo Fernando da Costa Tourinho Filho, ³a identificação 
criminal é um procedimento usado para determinação da identidade e 
baseado no conjunto de dados e sinais que caracterizam o indivíduo, 
geralmente identificado pelas VDOLrQFLDV�SDSLODUHV�GRV�GHGRV´. 
Esse é o verdadeiro objetivo da identificação criminal: 
determinar a autoria do crime investigado, de forma adequada e certa, e 
não servir como forma de constrangimento policial em detrimento do 
indiciado que, muitas vezes, já se encontra preso. 
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Art. 5º A identificação criminal incluirá o processo datiloscópico e 
o fotográfico, que serão juntados aos autos da comunicação da prisão
em flagrante, ou do inquérito policial ou outra forma de investigação. 
Parágrafo único. Na hipótese do inciso IV do art. 3o, a identificação 
criminal poderá incluir a coleta de material biológico para a obtenção 
do perfil genético. 
A identificação criminal, na maioria dos casos, é feita através 
da colheita de impressões digitais, além das fotografias. É possível, 
também a identificação pela arcada dentária e pelo exame de DNA, 
entretanto, pelo custo, na prática realiza-se o exame datiloscópico. 
A exceção a essa regra é o caso da identificação criminal 
considerada essencial para as investigações policiais, e autorizada 
pelo magistrado competente. Nesse caso, determina o parágrafo único 
do art. 5° que deve também ser colhido material biológico para fins 
de obtenção do perfil genético. Esse nada mais é que o conhecido 
exame de DNA. 
O perfil genético será armazenado em banco de dados para tal 
finalidade, gerido por unidade oficial de perícia criminal. Esses dados são 
sigilosos, e a própria Lei n° 12.137/2009 determina que quem permitir ou 
promover sua utilização para fins impróprios deve responder civil, penal e 
administrativamente. 
Art. 6º É vedado mencionar a identificação criminal do 
indiciado em atestados de antecedentes ou em informações não 
destinadas ao juízo criminal, antes do trânsito em julgado da sentença 
condenatória. 
Essa dispositivo tem o escopo de preservar a identificação do 
indiciado da mídia sensacionalista e de populares exaltados, ou de 
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qualquer outro prejuízo (perda de emprego, por exemplo), enquanto não 
houver o trânsito em julgado de sentença condenatória. 
Art. 7º No caso de não oferecimento da denúncia, ou sua rejeição, 
ou absolvição, é facultado ao indiciado ou ao réu, após o arquivamento 
definitivo do inquérito, ou trânsito em julgado da sentença, requerer a 
retirada da identificação fotográfica do inquérito ou processo, desde que 
apresente provas de sua identificação civil. 
Art. 7o-A A exclusão dos perfis genéticos dos bancos de dados 
ocorrerá no término do prazo estabelecido em lei para a prescrição do 
delito. 
O réu ou indiciado pode requerer a retirada das fotos dos 
autos, desde que apresente sua identificação civil. O art. 7° não trata, 
entretanto, da identificação datiloscópica, enquanto o art. 7°-A determina 
expressamente que o perfil genético que tenha sido armazenado em 
banco de dados continuará disponível até que tenha prescrevido o delito 
investigado. 
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4. RESUMO DO CONCURSEIRO
CRIMES HEDIONDOS 
CRIMES EQUIPARADOS A 
HEDIONDOS 
Homicídio por grupo de extermínio, e 
homicídio qualificado 
Tortura 
lesão corporal dolosa de natureza 
gravíssima e lesão corporal 
seguida de morte, quando praticadas 
contra autoridade ou agente das Forças 
Armadas e polícias. 
Latrocínio 
Extorsão qualificada pela morte 
Extorsão mediante sequestro e na 
forma qualificada 
Tráfico de Drogas 
Estupro simples e de vulnerável 
Epidemia com resultado morte 
Falsificação, corrupção, 
adulteração ou alteração de 
produto destinado a fins 
terapêuticos ou medicinais 
Terrorismo Genocídio 
Favorecimento da prostituição ou de 
outra forma de exploração sexual de 
criança ou adolescente ou de 
vulnerável. 
É possível a progressão de regime do condenado por crime 
hediondo, sendo possível quando se der o cumprimento de 2/5 da pena 
(apenado primário), ou de 3/5 (reincidente). 
A Lei dos Crimes Hediondos determina que a pena deve ser 
cumprida inicialmente em regime fechado. Todavia, o STF já declarou 
este dispositivo constitucional em sede de controle difuso. 
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DELAÇÃO PREMIADA NOS CRIMES HEDIONDOS 
TRAIÇÃO BENÉFICA 
- Apenas quando houver quadrilha ou bando formado especificamente
para a prática de crimes hediondos ou equiparados a hediondos;
- O participante ou associado da quadrilha ou bando precisa denunciá-la
às autoridades, possibilitando seu desmantelamento;
- A pena será reduzida de um a dois terços.
Não é punível a tentativa de contravenção penal. 
As penas aplicáveis no caso de contravenções penais são a 
prisão simples e a multa. 
A ação penal nas contravenções é pública e incondicionada, 
não sendo necessária qualquer manifestação do ofendido. 
CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PESSOA 
TIPIFICAÇÃO COMENTÁRIOS 
Art. 18. Fabricar, importar, exportar, ter 
em depósito ou vender, sem permissão da 
autoridade, arma ou munição: 
Pena ± prisão simples, de três meses a 
um ano, ou multa, de um a cinco contos 
de réis, ou ambas cumulativamente, se o 
fato não constitui crime contra a ordem 
política ou social. 
O tema hoje é objeto do Estatuto do 
Desarmamento. Muitos doutrinadores 
entendem que o art. 18 continua em vigor 
no que se refere às armas brancas. 
Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa 
ou de dependência desta, sem licença da 
autoridade: 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a 
seis meses, ou multa, de duzentos mil réis 
a três contos de réis, ou ambas 
cumulativamente. 
§ 1º A pena é aumentada de um terço até
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metade, se o agente já foi condenado, em 
sentença irrecorrível, por violência contra 
pessoa. 
§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de
quinze dias a três meses, ou multa, de 
duzentos mil réis a um conto de réis, 
quem, possuindo arma ou munição: 
a) deixa de fazer comunicação ou entrega
à autoridade, quando a lei o determina; 
b) permite que alienado menor de 18 anos
ou pessoa inexperiente no manejo de 
arma a tenha consigo; 
c) omite as cautelas necessáriaspara
impedir que dela se apodere facilmente 
alienado, menor de 18 anos ou pessoa 
inexperiente em manejá-la. 
Art. 20. Anunciar processo, substância ou 
objeto destinado a provocar aborto: 
Pena - multa de hum mil cruzeiros a dez 
mil cruzeiros. 
Art. 21. Praticar vias de fato contra 
alguém: 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a 
três meses, ou multa, de cem mil réis a 
um conto de réis, se o fato não constitui 
crime. 
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 
1/3 (um terço) até a metade se a vítima é 
maior de 60 (sessenta) anos. 
Vias de fato são agressões sem dolo de 
lesionar e sem causar lesões, a exemplo 
de empurrões, bofetadas, tapas, etc. 
Trata-se de hipótese de subsidiariedade 
expressa, logo, somente sendo aplicável, 
se o fato não constituir crime e, por 
conclusão, a Contravenção Penal sempre 
será absorvida por crimes. 
O parágrafo único foi acrescentado pelo 
Estatuto do Idoso. 
Art. 22. Receber em estabelecimento 
psiquiátrico, e nele internar, sem as 
formalidades legais, pessoa apresentada 
como doente mental: 
Pena ± multa, de trezentos mil réis a três 
contos de réis. 
§ 1º Aplica-se a mesma pena a quem
deixa de comunicar a autoridade 
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competente, no prazo legal, internação 
que tenha admitido, por motivo de 
urgência, sem as formalidades legais. 
§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de
quinze dias a três meses, ou multa de 
quinhentos mil réis a cinco contos de réis, 
aquele que, sem observar as prescrições 
legais, deixa retirar-se ou despede de 
estabelecimento psiquiátrico pessoa nele, 
internada. 
Art. 23. Receber e ter sob custódia doente 
mental, fora do caso previsto no artigo 
anterior, sem autorização de quem de 
direito: 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a 
três meses, ou multa, de quinhentos mil 
réis a cinco contos de réis. 
CONTRAVENÇÕES REFERENTES AO PATRIMÔNIO 
TIPIFICAÇÃO COMENTÁRIOS 
Art. 24. Fabricar, ceder ou vender gazua 
ou instrumento empregado usualmente na 
prática de crime de furto: 
Pena ± prisão simples, de seis meses a 
dois anos, e multa, de trezentos mil réis a 
três contos de réis. 
Gazua é uma chave falsa, um instrumento 
utilizado para arrombar fechaduras. 
Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois 
de condenado, por crime de furto ou 
roubo, ou enquanto sujeito à liberdade 
vigiada ou quando conhecido como vadio 
ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou 
alteradas ou instrumentos empregados 
usualmente na prática de crime de furto, 
desde que não prove destinação legítima: 
Pena ± prisão simples, de dois meses a 
um ano, e multa de duzentos mil réis a 
dois contos de réis. 
Há que se atentar para o sujeito ativo, 
indicado como o condenado definitivo por 
furto ou roubo, o vadio ou, ainda, o 
mendigo. 
A menção ao vadio e ao mendigo devem 
ser consideradas inconstitucionais, pois no 
nosso sistema não é mais admitida a 
presunção de periculosidade dessas 
pessoas. 
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Art. 26. Abrir alguém, no exercício de 
profissão de serralheiro ou oficio análogo, 
a pedido ou por incumbência de pessoa de 
cuja legitimidade não se tenha certificado 
previamente, fechadura ou qualquer outro 
aparelho destinado à defesa de lugar nu 
objeto: 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a 
três meses, ou multa, de duzentos mil réis 
a um conto de réis. 
CONTRAVENÇÕES REFERENTES À INCOLUMIDADE PÚBLICA 
TIPIFICAÇÃO COMENTÁRIOS 
Art. 28. Disparar arma de fogo em lugar 
habitado ou em suas adjacências, em via 
pública ou em direção a ela: 
Pena ± prisão simples, de um a seis 
meses, ou multa, de trezentos mil réis a 
três contos de réis. 
Parágrafo único. Incorre na pena de 
prisão simples, de quinze dias a dois 
meses, ou multa, de duzentos mil réis a 
dois contos de réis, quem, em lugar 
habitado ou em suas adjacências, em via 
pública ou em direção a ela, sem licença 
da autoridade, causa deflagração perigosa, 
queima fogo de artifício ou solta balão 
aceso. 
A matéria hoje é tratada pelo Estatuto do 
Desarmamento, devendo o art. 28 ser 
considerado revogado, pois a conduta 
atualmente configura crime. 
Apenas permanece vigente a tipificação da 
conduta de queimar fogos de artifício. A 
conduta de causar deflagração perigosa 
hoje é tipif icada pelo Estatuto do 
Desarmamento, e soltar balão aceso é 
considerado crime ambiental. 
Art. 29. Provocar o desabamento de 
construção ou, por erro no projeto ou na 
execução, dar-lhe causa: 
Pena ± multa, de um a dez contos de réis, 
se o fato não constitui crime contra a 
incolumidade pública. 
Art. 30. Omit ir alguém a providência 
reclamada pelo Estado ruinoso de 
construção que lhe pertence ou cuja 
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conservação lhe incumbe: 
Pena ± multa, de um a cinco contos de 
réis. 
Art. 31. Deixar em liberdade, confiar à 
guarda de pessoa inexperiente, ou não 
guardar com a devida cautela animal 
perigoso: 
Pena ± prisão simples, de dez dias a dois 
meses, ou multa, de cem mil réis a um 
conto de réis. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena 
quem: 
a) na via pública, abandona animal de tiro,
carga ou corrida, ou o confia à pessoa 
inexperiente; 
b) excita ou irrita animal, expondo a
perigo a segurança alheia; 
c) conduz animal, na via pública, pondo
em perigo a segurança alheia. 
Só há o crime se a omissão ocorre em 
relação à animal perigoso, ou seja, aquele 
animal capaz de causar danos ou 
ferimentos. 
A expresVmR� ³animal de tiro´� está 
relacionada ao animal que transporta 
veículos. 
Art. 32. Dirigir, sem a devida habilitação, 
veículo na via pública, ou embarcação a 
motor em aguas públicas: 
Pena ± multa, de duzentos mil réis a dois 
contos de réis. 
A parte do dispositivo que trata da direção 
de veículo automotor foi derrogada pelo 
Código de Trânsito Brasileiro. O restante, 
que trata da condução inabilitada de 
embarcação, continua em vigor. 
Art. 33. Dirigir aeronave sem estar 
devidamente licenciado: 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a 
três meses, e multa, de duzentos mil réis 
a dois contos de réis. 
Art. 34. Dirigir veículos na via pública, ou 
embarcações em águas públicas, pondo 
em perigo a segurança alheia: 
Pena ± prisão simples, de quinze das a 
três meses, ou multa, de trezentos mil réis 
a dois contos de réis. 
Hoje o Código de Trânsito Brasileiro tipifica 
3 crimes diferentes relacionados à direção 
perigosa de veículo automotor, mas o STF 
já decidiu que o art. 34 da LCP continua 
em vigor, pois há outras formas de direção 
perigosa não abrangidas pelo CTB. 
Art. 35. Entregar-se na prática da 
aviação, a acrobacias ou a vôos baixos, 
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fora da zona em que a lei o permite, ou 
fazer descer a aeronave fora dos lugares 
destinados a esse fim: 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a 
trêsmeses, ou multa, de quinhentos mil 
réis a cinco contos de réis. 
Art. 36. Deixar do colocar na via pública, 
sinal ou obstáculo, determinado em lei ou 
pela autoridade e destinado a evitar perigo 
a transeuntes: 
Pena ± prisão simples, de dez dias a dois 
meses, ou multa, de duzentos mil réis a 
dois contos de réis. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena 
quem: 
a) apaga sinal luminoso, destrói ou
remove sinal de outra natureza ou 
obstáculo destinado a evitar perigo a 
transeuntes; 
b) remove qualquer outro sinal de serviço
público. 
Art. 37. Arremessar ou derramar em via 
pública, ou em lugar de uso comum, ou do 
uso alheio, coisa que possa ofender, sujar 
ou molestar alguém: 
Pena ± multa, de duzentos mil réis a dois 
contos de réis. 
Parágrafo único. Na mesma pena incorre 
aquele que, sem as devidas cautelas, 
coloca ou deixa suspensa coisa que, caindo 
em via pública ou em lugar de uso comum 
ou de uso alheio, possa ofender, sujar ou 
molestar alguém. 
Art. 38. Provocar, abusivamente, emissão 
de fumaça, vapor ou gás, que possa 
ofender ou molestar alguém: 
Pena ± multa, de duzentos mil réis a dois 
contos de réis. 
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CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PAZ PÚBLICA 
TIPIFICAÇÃO COMENTÁRIOS 
Art. 39. Participar de associação de mais 
de cinco pessoas, que se reúnam 
periodicamente, sob compromisso de 
ocultar à autoridade a existência, objetivo, 
organização ou administração da 
associação: 
Pena ± prisão simples, de um a seis 
meses, ou multa, de trezentos mil réis a 
três contos de réis. 
§ 1º Na mesma pena incorre o
proprietário ou ocupante de prédio que o 
cede, no todo ou em parte, para reunião 
de associação que saiba ser de caráter 
secreto. 
§ 2º O juiz pode, tendo em vista as
circunstâncias, deixar de aplicar a pena, 
quando lícito o objeto da associação. 
Art. 40. Provocar tumulto ou portar-se de 
modo inconveniente ou desrespeitoso, em 
solenidade ou ato oficial, em assembleia 
ou espetáculo público, se o fato não 
constitui infração penal mais grave; 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a 
seis meses, ou multa, de duzentos mil réis 
a dois contos de réis. 
A lei prevê duas condutas distintas: 
provocar tumulto, cuja caracterização não 
depende de análise da finalidade do 
agente; e portar-se de modo 
inconveniente ou desrespeitoso, desde que 
em algum dos lugares expressamente 
elencados pelo legislador. 
Art. 41. Provocar alarma, anunciando 
desastre ou perigo inexistente, ou praticar 
qualquer ato capaz de produzir pânico ou 
tumulto: 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a 
seis meses, ou multa, de duzentos mil réis 
a dois contos de réis. 
Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o 
sossego alheios: 
O STF já decidiu que só há contravenção 
penal se a perturbação atingir um número 
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I ± com gritaria ou algazarra; 
II ± exercendo profissão incômoda ou 
ruidosa, em desacordo com as prescrições 
legais; 
III ± abusando de instrumentos sonoros 
ou sinais acústicos; 
IV ± provocando ou não procurando 
impedir barulho produzido por animal de 
que tem a guarda: 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a 
três meses, ou multa, de duzentos mil réis 
a dois contos de réis. 
considerável de pessoas. 
Se ocorrer poluição sonora em níveis 
prejudiciais à saúde humana, haverá crime 
ambiental. 
CONTRAVENÇÕES REFERENTES À FÉ PÚBLICA 
TIPIFICAÇÃO COMENTÁRIOS 
Art. 43. Recusar-se a receber, pelo seu 
valor, moeda de curso legal no país: 
Pena ± multa, de duzentos mil réis a dois 
contos de réis. 
No Brasil, a moeda tem curso forçado. Isso 
significa que seu recebimento é 
obrigatório, não sendo possível ao 
comerciante trabalhar exclusivamente com 
outras formas de pagamento. 
Art. 44. Usar, como propaganda, de 
impresso ou objeto que pessoa 
inexperiente ou rústica possa confundir 
com moeda: 
Pena ± multa, de duzentos mil réis a dois 
contos de réis. 
3RU� HVVD� UD]mR� R� ³GLQKHLUR� GH� EULQFDGHLUD´�
sempre é fabricado em tamanhos 
diferentes, ou conta com grandes carimbos 
ou sinais indicando que não vale 
comercialmente. 
Art. 45. Fingir-se funcionário público: 
Pena ± prisão simples, de um a três 
meses, ou multa, de quinhentos mil réis a 
três contos de réis. 
Art. 46. Usar, publicamente, de uniforme, 
ou distintivo de função pública que não 
exerce; usar, indevidamente, de sinal, 
distintivo ou denominação cujo emprego 
seja regulado por lei. 
Pena ± multa, de duzentos a dois mil 
cruzeiros, se o fato não constitui infração 
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penal mais grave. 
CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À ORGANIZAÇÃO DO 
TRABALHO 
TIPIFICAÇÃO COMENTÁRIOS 
Art. 47. Exercer prof issão ou atividade 
econômica ou anunciar que a exerce, sem 
preencher as condições a que por lei está 
subordinado o seu exercício: 
Pena ± prisão simples, de quinze dias a 
três meses, ou multa, de quinhentos mil 
réis a cinco contos de réis. 
Só haverá contravenção se a prof issão for 
regulamentada. Caso contrário, o fato será 
atípico. 
Art. 48. Exercer, sem observância das 
prescrições legais, comércio de 
antiguidades, de obras de arte, ou de 
manuscritos e livros antigos ou raros: 
Pena ± prisão simples de um a seis 
meses, ou multa, de um a dez contos de 
réis. 
Art. 49. Infringir determinação legal 
relativa à matrícula ou à escrituração de 
indústria, de comércio, ou de outra 
atividade: 
Pena ± multa, de duzentos mil réis a cinco 
contos de réis. 
CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À POLÍCIA DE COSTUMES 
TIPIFICAÇÃO COMENTÁRIOS 
Art. 50. Estabelecer ou explorar jogo de 
azar em lugar público ou acessível ao 
público, mediante o pagamento de entrada 
ou sem ele: 
Pena ± prisão simples, de três meses a 
um ano, e multa, de dois a quinze contos 
de réis, estendendo-se os efeitos da 
condenação à perda dos moveis e objetos 
A lei pune tanto o dono do local quanto o 
responsável pelo negócio. O funcionário 
que colabora com a efetivação do negócio 
no estabelecimento será considerado 
partícipe. 
O simples bolão de apostas, que toma 
proporções públicas, com um número 
indeterminado de pessoas participando, 
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de decoração do local. 
§ 1º A pena é aumentada de um terço, se
existe entre os empregados ou participa 
do jogo pessoa menor de dezoito anos. 
§ 2º Incorre na pena de multa, de
duzentos mil réis a dois contos de réis, 
quem é encontrado a participar do jogo, 
como ponteiro ou apostador. 
§ 3º Consideram-se, jogos de azar:
c) o jogo em que o ganho e a perda
dependem exclusiva ou principalmente da 
sorte; 
b) as apostas sobre corrida de cavalos fora
de hipódromo ou de local onde sejam 
autorizadas; 
c) as apostas sobre qualquer outra
competição esportiva. 
§ 4º Equiparam-se, para os efeitos penais,
a lugar acessível ao público: 
a) a casa

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