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Biologia Celular Egle Campos Costa APRESENTAÇÃO É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Biologia Celular, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apre- sentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5 1 ESTRUTURA, FUNÇÃO E EVOLUÇÃO DAS CÉLULAS PROCARIÓTICAS E EUCARIÓTICAS ........................................................................................................................................7 1.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................11 1.2 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................11 2 MACROMOLÉCULAS CELULARES: PROTEÍNAS, POLISSACARÍDEOS, ÁCIDOS NUCLEICOS E LIPÍDEOS .............................................................................................. 13 2.1 Proteínas ..........................................................................................................................................................................14 2.2 Polissacarídeos ..............................................................................................................................................................16 2.3 Ácidos Nucleicos ...........................................................................................................................................................17 2.4 Lipídeos ............................................................................................................................................................................20 2.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................20 2.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................20 3 NÚCLEO CELULAR: ORGANIZAÇÃO MORFOLÓGICA E FUNÇÕES GERAIS .........................................................................................................................................................23 3.1 Estrutura Nuclear ..........................................................................................................................................................23 3.2 Material Genético .........................................................................................................................................................26 3.3 Estrutura dos Cromossomos Metafásicos ...........................................................................................................28 3.4 Função Nuclear ..............................................................................................................................................................30 3.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................30 3.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................30 4 CICLO CELULAR E MITOSE ............................................................................................................ 33 4.1 Fases do Ciclo Celular: Intérfase ..............................................................................................................................34 4.2 Divisão Celular: Mitose e Citocinese ......................................................................................................................36 4.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................40 4.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................41 5 MEIOSE E GAMETOGÊNESE ......................................................................................................... 43 5.1 Meiose I ............................................................................................................................................................................44 5.2 Meiose II ...........................................................................................................................................................................46 5.3 Gametogênese ..............................................................................................................................................................48 5.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................50 5.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................50 6 MEMBRANA CELULAR: ESTRUTURA E FUNÇÃO ........................................................... 53 6.1 Estrutura das Membranas Biológicas ....................................................................................................................53 6.2 Funções das Membranas Biológicas .....................................................................................................................59 6.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................59 6.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................60 7 TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA PLASMÁTICA .......................................... 61 7.1 Tipos de Transporte através da Membrana Celular .........................................................................................61 7.2 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................65 7.3 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................66 8 ROTA ENDOCÍTICA: DIGESTÃO INTRACELULAR ........................................................... 69 8.1 Pinocitose ........................................................................................................................................................................698.2 Fagocitose .......................................................................................................................................................................70 8.3 Lisossomos ......................................................................................................................................................................71 8.4 Via Endocítica .................................................................................................................................................................72 8.5 Via Fagocítica ..................................................................................................................................................................74 8.6 Via Autofágica ................................................................................................................................................................75 8.7 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................77 8.8 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................77 9 ROTA BIOSSINTÉTICA E O DESTINO DOS PRODUTOS CELULARES ................ 79 9.1 Retículo Endoplasmático (RE) ..................................................................................................................................79 9.2 Complexo de Golgi .....................................................................................................................................................84 9.3 Via Secretora Constitutiva .........................................................................................................................................87 9.4 Via Secretora Regulada ...............................................................................................................................................89 9.5 Via Destinada aos Lisossomos .................................................................................................................................91 9.6 Exocitose ..........................................................................................................................................................................92 9.7 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................94 9.8 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................95 10 MITOCÔNDRIAS: ESTRUTURA E FUNÇÃO NA TRANSFORMAÇÃO E ARMAZENAMENTO DE ENERGIA ............................................................................................ 97 10.1 Ultraestrutura das Mitocôndrias ..........................................................................................................................98 10.2 Biogênese e Origem das Mitocôndrias ........................................................................................................... 100 10.3 Respiração Celular .................................................................................................................................................. 101 10.4 Resumo do Capítulo .............................................................................................................................................. 106 10.5 Atividades Propostas ............................................................................................................................................. 107 11 CITOESQUELETO E MOVIMENTOS CELULARES ........................................................109 11.1 Componentes do Citoesqueleto ....................................................................................................................... 109 11.2 Resumo do Capítulo .............................................................................................................................................. 117 11.3 Atividades Propostas ............................................................................................................................................. 117 12 COMUNICAÇÃO CELULAR .......................................................................................................119 12.1 Comunicação Hormonal ...................................................................................................................................... 120 12.2 Comunicação Parácrina ou Autócrina ............................................................................................................. 122 12.3 Comunicação por Neurotransmissores .......................................................................................................... 123 12.4 Comunicação Celular que não Envolve Ligantes e Receptores ............................................................ 124 12.5 Resumo do Capítulo .............................................................................................................................................. 125 12.6 Atividades Propostas ............................................................................................................................................. 125 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ...................................127 REFERÊNCIAS ...........................................................................................................................................135 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), Esta apostila compreende o conteúdo do módulo de Biologia Celular. Nela, você encontrará todos os temas de que trataremos nas videoaulas e aulas web. Cada capítulo da apostila aborda o assunto trata- do na aula correspondente. O aproveitamento das aulas será melhor se você se disciplinar a ler o referido tema na apostila, antes e depois das aulas. Nesta apostila, você lerá a respeito das células. Inicialmente, apresentamos aspectos gerais da es- trutura e função celular, caracterizando os dois tipos básicos de células existentes no planeta. Em seguida, focamos na composição molecular das células eucarióticas. Apresentamos os princípios básicos da teoria celular, com ênfase no mecanismo envolvido nos processos de divisão celular. Destacamos a composição e as propriedades das membranas celulares, que permitem o transporte de elementos para dentro e fora das células. Discutimos as vias de síntese e digestão celular, identificando as organelas envolvidas. Intro- duzimos o conceito de transformação de energia que ocorre nas células, desde os nutrientes absorvidos até a produção da energia na forma utilizável pela célula, para a realização das suas funções. Apresen- tamos as bases moleculares dos movimentos celulares e, por fim, os princípios básicos da comunicação celular, por meio de sinalizadores químicos extracelulares e intracelulares. Ao fim de cada capítulo, propomos atividades para verificação e fixação da aprendizagem e in- dicamos a bibliografia utilizada. Sugerimos que consolide seu aprendizado consultando a bibliografia indicada. Como você sabe, a célula é a unidade morfológica e funcional dos organismos, e, neste exato mo- mento, enquanto você lê este texto, elas (as suas células) estão trabalhando para mantê-lo(a) nas me- lhores condições possíveis, sabia? São elas que o(a) permitem olhar para a tela do computador ou para a folha do papel e ler o que preparamos para você. Todas as informações que chegam até você pelos olhos, ouvidos, tato, são percebidas e processadas por células. Enquanto você estuda, muitas estão preparando moléculas fundamentais para o seu bem-estar, outras estão transformando moléculas que poderiam prejudicá-lo(a), muitas estão tornando o seu jantaraproveitável, outras estão limpando o seu sangue, existem aquelas que estão preparando parte dos seus descendentes, tantas estão conjuntamente garan- tindo sua postura e movimentos, e ainda há aquelas que produzem moléculas para fazê-lo(a) feliz, entre tantas outras com funções que nós ainda nem conhecemos. Não são sensacionais? Pois bem, você inicia, agora, uma jornada muito especial da sua vida, e desejamos que faça um ex- celente módulo, aprofunde seus conhecimentos, tire proveito do que estamos lhe oferecendo, mas isso exigirá de você muita disciplina e estudo diário. Lembre-se, o conhecimento adquirido é o bem mais efetivo que podemos ter, pois não se desgasta e ninguém pode tirar de nós. Estamos aqui para ajudá-lo(a)... Conte conosco... Torcemos por você! Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 Caro(a) aluno(a), você já deve ter lido ou ou- vido falar sobre as células e deve saber que elas são muito pequenas para serem vistas a olho nu. Por isso que tanto a descoberta da célula quanto a compreensão de sua estrutura e função sempre estiveram atreladas aos avanços metodológicos e instrumentais. O termo ‘célula’ foi usado pela primeira vez em 1665 por Robert Hooke, um microscopista in- glês. Ao observar cortes de cortiça em um micros- cópio rudimentar, descreveu a estrutura como favo de mel, denominando cada poro como celas (em menção às celas ocupadas por monges nos monastérios). Na verdade, Hooke estava vendo as paredes celulares, produzidas pelas células, que na cortiça já estão mortas. Em 1838, Matthias Schleiden, um botânico alemão, ao estudar tecidos vegetais, concluiu que as plantas são feitas de células. Em 1839, Theodor Schwann, um zoólogo alemão colega de Schleiden, publicou um tra- ESTRUTURA, FUNÇÃO E EVOLUÇÃO DAS CÉLULAS PROCARIÓTICAS E EUCARIÓTICAS 1 O primeiro microscópio óptico foi inventado no fim do século XVI, mas foi o holandês An- ton van Leeuwenhoek (1632-1723) quem cons- truiu microscópios de extraordinária qualidade. Leeuwenhoek foi o primeiro a observar bacté- rias e protozoários; descreveu o espermatozoi- de de insetos, de cães e do homem. Também foi o primeiro a descrever as hemácias e muitas outras estruturas microscópicas; a divulgação da importância da célula, entretanto, só ocor- reu depois de 1830. CuriosidadeCuriosidade balho sobre as bases celulares da vida animal, concluindo que as células das plantas e as dos animais são estruturas similares, e propôs os dois princípios básicos da teoria celular: 1º – todos os organismos são compostos de uma ou mais células; 2º – a célula é a unidade estrutural da vida. Em 1855, Rudolf Virchow, um patologista alemão, realizou experimentos que deter- minaram o terceiro princípio da teoria celu- lar: 3º – as células podem surgir somente por divisão de uma célula preexistente. Todas as células conhecidas guardam suas informações hereditárias na forma de moléculas de DNA, e apenas as células são capazes de obter a matéria-prima do ambiente para a produção da energia necessária para a realização de suas fun- ções. Com base na estrutura celular, os seres vi- vos podem ser classificados em procariontes ou eucariontes. Os procariontes são formados por uma úni- ca célula (unicelulares) pequena (geralmente de 1 a 5 µm) e simples. A célula procariótica é delimi- AtençãoAtenção Você já deve ter ouvido ou lido a respeito dos vírus, certo? Pois bem, saiba que estes não são considerados seres vivos, pois não se encaixam na teoria celular. Não são compostos por célu- las e dependem da célula hospedeira (a qual infectam) para se reproduzirem. Egle Campos Costa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 tada por membrana; envolvendo essa membrana há uma parede com função protetora. Todo con- teúdo celular fica em um único compartimento citoplasmático sem nenhuma organização apa- rente; assim, o material genético (DNA) fica em uma região do citoplasma denominada “nucleoi- de”, mas não em um núcleo verdadeiro, como ocorre na célula eucariótica. Isso explica a origem do nome “procarionte” (grego pro = antes; karyon = núcleo). As bactérias são procariontes (Figura 1). A maioria vive como indivíduos independen- tes ou em comunidades organizadas livremente, mas não como organismos multicelulares. São ti- picamente esféricas ou em forma de bastão. Figura 1 – Estrutura básica da célula procariótica. Fonte: Junqueira Carneiro (2005). As plantas, os fungos, os protozoários e os animais são formados por células eucarióticas. Nessas células, o material genético está contido em um compartimento intracelular limitado por membrana, o núcleo, daí a origem do nome “eu- cariota” (grego eu = verdadeiro; karyon = núcleo). Além da presença de um núcleo verdadei- ro, as células eucarióticas são 10 vezes maiores li- nearmente (de modo geral, de 10 a 30 µm) e 1.000 vezes maiores em volume quando comparadas à maioria das bactérias. Apresentam membra- nas internas que delimitam diferentes compar- timentos (organelas), especializados em diferen- tes atividades celulares (como síntese, secreção, digestão, armazenamento, transporte interno e transformação de energia). Têm citoesqueleto, um sistema de proteínas filamentosas (microtú- bulos, filamentos de actina e filamentos interme- diários) que, juntamente com outras proteínas associadas, determina a forma e os movimentos celulares (Figura 2). Biologia Celular Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 Figura 2 – Estrutura básica da célula eucariótica. Fonte: Alberts et al. ( 2010). O núcleo celular foi descrito pela primeira vez em 1833 por Robert Brown, um botânico e físico escocês. O núcleo é uma estrutura grande de composição intensamente ácida que pode ser facilmente corado por corantes básicos conven- cionais. A compreensão morfológica e funcional das organelas citoplasmáticas, entretanto, só pôde ser efetivamente estabelecida depois da in- venção do microscópio eletrônico, em 1950, e da criação de métodos bioquímicos e imunocitoquí- micos sofisticados. É consenso que as células procarióticas sur- giram antes no planeta e originaram as células eucarióticas. Achados fósseis permitem estimar que as células procarióticas ancestrais surgiram há 3,5 bilhões de anos, 1 a 2 bilhões de anos antes de algum registro dos eucariontes. As condições prováveis da superfície do planeta, há 4 bilhões de anos, sugerem que os primeiros seres eram procariontes heterótrofos e anaeróbios, ou seja, incapazes de sintetizar com- postos orgânicos (como a glicose) a partir de pre- cursores inorgânicos tais como o CO2 e a água, necessitando, portanto, da matéria orgânica dos alimentos, e não utilizavam o oxigênio molecular (O2). A partir de 1981, popularizou-se a teoria da endossimbiose, proposta por Lynn Margulis, para explicar a origem de algumas organelas ce- lulares (Figura 3). De acordo com essa teoria, em um determinado momento, um desses procarion- tes anaeróbio e heterótrofo maior englobou um procarionte aeróbio (que utiliza o oxigênio para a produção de energia) menor. Este último, de alguma maneira, não foi digerido e estabeleceu- -se no interior do primeiro como endossimbionte (organismo que vive no interior do outro em uma condição benéfica para os dois). As duas células foram se reproduzindo e evoluindo em simbiose permanente, com a menor recebendo abrigo e alimento, e a maior utilizando a energia gerada pela menor. Com o passar de muitas gerações, os endos- simbiontes consumidores de oxigênio perderam muitas características que não eram mais neces- sárias a sua sobrevivência nessa nova condição e evoluíram para os precursores das atuais mito- côndrias. As mitocôndrias atuais têm o mesmo tama- nho das pequenas bactérias e, como estas, têm seu própriomaterial genético. Hoje, é aceito que as mitocôndrias originaram-se há 1,5 bilhão de anos, quando a atmosfera terrestre começou a se tornar rica em oxigênio. A célula formada originou outras linhagens celulares e, por um processo gradual de evolução, desenvolveram o sistema de endomembranas pela invaginação da membrana plasmática, origi- Egle Campos Costa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 nando o envoltório nuclear e o retículo endoplas- mático associado. De acordo com a teoria da endossimbiose, as células vegetais seriam o resultado de mais um passo evolutivo, no qual o eucarionte primitivo engloba um procarionte autotrófico (fotossinteti- zante), ou seja, capaz de sintetizar moléculas or- gânicas complexas a partir de substâncias simples e energia solar. Esse procarionte fotossintetizante se estabeleceu também como um endossimbion- te e evoluiu para um cloroplasto, que também possui seu próprio DNA. As células eucarióticas atuais contêm mi- tocôndrias, organelas que captam o oxigênio e utilizam a energia da oxidação das moléculas do alimento para produzir a maior parte da energia necessária para as atividades celulares. A presença de DNA próprio nas mitocôn- drias e nos cloroplastos e o fato de as duas orga- nelas apresentarem duas membranas, sendo a in- terna de composição semelhante às membranas das bactérias, e a externa semelhante à membra- na das células eucarióticas hospedeiras, são fortes evidências a favor da teoria da endossimbiose. Figura 3 – Passos na evolução da célula eucariota de acordo com a teoria da endossimbiose. Fonte: Karp (2005). Biologia Celular Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 Com base na estrutura e no modo como obtêm seus nutrientes, os seres vivos podem ser agrupados em cinco grandes grupos ou reinos: Monera: formado pelas bactérias, todas procariotas; Protista: formado por protozoários e fi- toflagelados, organismos eucariontes unicelulares de vida livre ou coloniais; Fungi: compreende os fungos, todos eucariotos; Plantae: formado pelas algas clorofíceas e os vegetais superiores, todos eucario- tos; Animalia: formado pelos animais, todos eucariotos. Estudos filogenéticos moleculares, basea- dos principalmente no RNA ribossomal, presente em todas as células, separam os seres vivos em apenas três grupos: Árquea: compreende os procariotos metanógenos (produzem gás metano como produto do metabolismo) e os que vivem em condições extremas de temperatura, salinidade, acidez ou alca- linidade; Eucária: engloba todos os seres vivos constituídos por células eucariotas; Bactéria: engloba as bactérias mais co- muns, denominadas “eubactérias”, to- das procariotas. 1.1 Resumo do Capítulo 1.2 Atividades Propostas Todos os seres vivos são constituídos por uma ou mais células, sendo que estas surgem somente por divisão de uma célula preexistente. Com base na estrutura celular, os seres vivos podem ser classi- ficados em procariontes ou eucariontes. Os procariontes são formados por uma única célula. Na célula procariótica, todo o conteúdo celular fica em um único compartimento sem nenhuma organização apa- rente, e o material genético (DNA) fica em uma região do citoplasma denominada “nucleoide”, mas não em um núcleo verdadeiro. As plantas, os fungos, os protozoários e os animais são formados por células eucarióticas; nestas, o material genético está contido em um compartimento intracelular limitado por membrana, o núcleo. As células eucarióticas são maiores, apresentam membranas internas que delimi- tam diferentes compartimentos (organelas) e têm citoesqueleto. É consenso que as células procarióticas surgiram antes no planeta e originaram as células eucarióticas. Com base na estrutura e no modo como obtêm seus nutrientes, os seres vivos podem ser agrupados em cinco grandes grupos ou reinos: Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia. Ao fim desta leitura, é possível que você esteja um pouco angustiado(a), pois vários termos e con- ceitos foram apresentados. Mas não se preocupe; muitos deles serão abordados com mais detalhes nos próximos capítulos. Para melhor fixação de conceitos fundamentais neste início do módulo, faça os exer- cícios a seguir: Egle Campos Costa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 1. Assinale a frase que apresenta uma característica que ocorre tanto em células procarióticas quanto eucarióticas: a) Presença de membrana separando o material genético do citoplasma. b) Presença de membranas internas formando organelas. c) Citoplasma subdividido em compartimentos delimitados por membranas. d) O material genético é o DNA. e) Presença de citoesqueleto. 2. Assinale a frase incorreta: a) Todos os seres vivos são formados por células. b) Todas as células humanas são eucarióticas. c) As bactérias são células procarióticas. d) Todas as células são delimitadas por membrana. e) Os vírus são seres vivos unicelulares. 3. Defina os conceitos a seguir: a) Autotrófico: b) Heterotrófico: c) Aeróbio: d) Anaeróbio: e) Endossimbionte: Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 Caro(a) aluno(a), neste capítulo, você co- nhecerá as macromoléculas que compõem as estruturas celulares. Na disciplina de Bioquími- ca, todas essas moléculas serão estudadas pro- fundamente, mas neste momento do módulo, é fundamental que você as conheça para ter uma boa compreensão da constituição celular, suas propriedades e funções. As estruturas celulares são formadas por moléculas orgânicas, substâncias químicas que contêm na sua estrutura o átomo de carbono (C). Além do carbono, as moléculas orgânicas tam- bém contêm hidrogênio (H), oxigênio (O), nitro- gênio (N), fósforo (P), enxofre (S) e outros elemen- tos, em menor quantidade. As células contêm moléculas orgânicas pe- quenas e macromoléculas. As moléculas orgâni- cas pequenas compreendem os aminoácidos, os nucleotídeos, os açúcares e os ácidos graxos. São utilizadas para a formação das macromoléculas ou como fonte de energia. MACROMOLÉCULAS CELULARES: PROTEÍNAS, POLISSACARÍDEOS, ÁCIDOS NUCLEICOS E LIPÍDEOS 2 As macromoléculas celulares são políme- ros formados pela ligação de inúmeras moléculas pequenas, denominadas “monômeros”. Os monô- meros são unidos entre si formando grandes ca- deias. As proteínas, os polissacarídeos e os ácidos nucleicos são polímeros celulares. Os polímeros formados por monômeros se- melhantes são denominados “homopolímeros”. O glicogênio e o amido são homopolímeros, consti- tuídos por monômeros de glicose (Figura 4). Os polímeros formados por monômeros di- ferentes são denominados “heteropolímeros”. Os ácidos nucleicos são heteropolímeros, constituí- dos por diferentes nucleotídeos (Figura 5). Figura 4 – Parte da composição molecular do amido e do glicogênio. Fonte: http://lucianecantalicebiologia.blogspot.com.br/2012/05/ compostos-organicos.html Egle Campos Costa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 Figura 5 – Parte da composição molecular do DNA. Fonte: http://www.qieducacao.com/2011/03/acidos-nucleicos-acidos-nucleicos.html 2.1 Proteínas As proteínas são polímeros de aminoácidos unidos entre si por ligações químicas denomina- das “peptídicas”, e por isso os polímeros de ami- noácidos são referidos como polipeptídeos. São considerados proteínas os polipeptídeos com alto peso molecular. Os aminoácidos são moléculas orgânicas formadas por: um carbono alfa central (todas as outras partes se ligam a ele), um grupo amino (NH2), um grupo carboxila (COOH), hidrogênio e um grupamento característico de cada aminoáci- do (R) (Figura 6). Figura 6 – Fórmula geral dos aminoácidos. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Amino%C3%A1cido Existem mais de 150 aminoácidosconhe- cidos, mas apenas 20 participam da composição das proteínas. As proteínas diferem quanto ao tipo e ao número de aminoácidos que as compõem e tam- bém quanto à sequência desses aminoácidos na cadeia polipeptídica. Essas variadas possibilida- des de combinações proporcionam um grande número de formas e muita diversidade funcional. Estima-se que existam pelo menos 3 mil diferen- Biologia Celular Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 tes tipos de proteínas em uma célula humana com as mais variadas funções. As proteínas podem ser classificadas como simples ou conjugadas. As proteínas simples são formadas exclusivamente por aminoácidos. As proteínas conjugadas, além da cadeia polipep- tídica, apresentam uma parte não proteica. Por exemplo, uma glicoproteína contém uma parte proteica e uma parte glicídica (açúcar); uma lipo- proteína contém uma parte proteica e uma parte lipídica. A sequência de aminoácidos da cadeia po- lipeptídica é determinada geneticamente, e essa sequência é responsável pela determinação da forma tridimensional da proteína, que, por sua vez, está diretamente relacionada com a função da proteína. As proteínas podem apresentar até quatro níveis de organização: Estrutura Primária: é a sequência es- pecífica e linear dos aminoácidos que constituem a cadeia polipeptídica (Fi- gura 7). Estrutura Secundária: é o resultado do dobramento da estrutura primária for- mando um arranjo espacial caracterís- tico. Uma forma frequente é a α-hélice. Essa estrutura é mantida por pontes de hidrogênio entre os aminoácidos da mesma cadeia. Outra conformação é a folha β-pregueada, que consiste em vá- rios segmentos do polipeptídeo lado a lado (Figura 4). Estrutura Terciária: é o resultado do dobramento da estrutura secundária sobre si mesma formando estruturas globulares ou fibrosas. A estrutura é mantida por pontes de hidrogênio e pontes dissulfeto entre aminoácidos distantes (Figura 7). Estrutura Quaternária: é a proteína formada por várias estruturas terciárias associadas, que podem ser iguais ou di- ferentes. A estrutura é mantida por liga- ções químicas fracas, como pontes de H (Figura 7). Figura 7 – Níveis de organização das proteínas. Fonte: http://www.netxplica.com/manual.virtual/exercicios/bio10/biomoleculas/10.BIO.protidos.htm Egle Campos Costa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 A montagem das proteínas ocorre nos ri- bossomos das células. As proteínas são diversi- ficadas tanto nas formas quanto nas funções. A seguir, estão listados algumas funções das proteí- nas na célula e exemplos de proteínas envolvidas: Saiba maisSaiba mais Desnaturação e renaturação das proteínas Nas condições de pH e temperatura dos seres vivos, as proteínas assumem a configuração nativa, for- ma em que apresenta atividade; entretanto, fatores como altas temperaturas, a ação de detergentes, solventes orgânicos, radiação, entre outros, interfe- rem nas ligações químicas que estabilizam a estru- tura terciária da moléculas, causando a desnatura- ção da proteína, e elas perdem a forma funcional. Retomadas as condições ideais, a proteína pode renaturar, assumindo sua conformação funcional. estrutural: colágeno, queratina, micro- túbulos, microfilamentos; informacional: hormônios proteicos; motilidade celular: actina, miosina; transporte: proteínas transportadoras presentes nas membranas; reconhecimento celular: glicoproteí- nas da membrana; enzimática: amilase, lipase, colagena- se, tripsina, pepsina. As enzimas são moléculas proteicas que aceleram (catalisam) intensamente as reações químicas (síntese, modificação ou degradação de moléculas) que ocorrem nas células. As reações enzimáticas são específicas, eficientes e com alto rendimento. 2.2 Polissacarídeos O termo ‘carboidrato’ inclui desde os açúca- res simples (ou monossacarídeos) até as grandes moléculas formadas por muitos monossacarí- deos, os polissacarídeos. Os monossacarídeos importantes para o metabolismo celular têm de 3 a 7 átomos de car- bono em suas moléculas; são, respectivamente, as trioses, as tetroses, as pentoses, as hexoses e as heptoses. Os monossacarídeos podem se unir para formar moléculas maiores, como os: dissacarídeos: formados por dois mo- nossacarídeos, atuam como reserva de energia; são exemplos de dissacarídeos a sacarose (glicose + frutose) e a lactose (glicose + galactose); oligossacarídeos: formados por alguns monossacarídeos; ligados aos lipídeos e às proteínas, formam glicolipídeos e glicoproteínas, respectivamente; polissacarídeos: são polímeros de mo- nossacarídeos; as moléculas podem ser lineares ou ramificadas. Podem ser classificados como polímeros simples (homopolímeros), se formados pela re- petição de um único tipo de monossa- carídeo, ou complexos (heteropolíme- ros), se formados por tipos diferentes de monossacarídeos. Moléculas como o amido e o glicogênio são polissacarídeos simples de glicose (Figura 8). Moléculas como as glicosaminoglicanas (GAGs) são polissacarídeos complexos, formados por mais de um tipo de monossacarídeo (Figura 9). Biologia Celular Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 Figura 8 – Parte da composição molecular do glicogênio, um polissacarídeo simples formado por unidades de glicose. Fonte: Disponível em: http://www2.ufp.pt/~pedros/bq/glicogenio.htm Figura 9 – Parte da composição da molécula de glicosaminoglicana, um polissacarídeo complexo formado por unidades dissacarídicas de hexosamina + ácido urônico. Fonte: http://acd.ufrj.br/labhac/gags.htm Quanto à função, podem ser classificados em: polissacarídeos de reserva nutritiva: glicogênio na célula animal e o amido na célula vegetal; polissacarídeos estruturais e infor- macionais: fazem parte da superfície celular, local em que participam do re- conhecimento entre as células, da cons- tituição dos receptores de membrana e das ligações entre o citoplasma e a ma- triz extracelular. 2.3 Ácidos Nucleicos Os ácidos nucleicos são formados por uni- dades menores denominadas “nucleotídeos”. Cada nucleotídeo é constituído por um grupo fosfato, uma pentose e uma base nitrogenada (Fi- gura 7). Distinguem-se dois tipos de ácidos nuclei- cos: DNA (ácido desoxirribonucleico); RNA (ácido ribonucleico). Figura 10 – Estrutura geral dos nucleotídeos. Fonte: http://anucleicos.blogspot.com.br/ Egle Campos Costa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 Ácido Desoxirribonucleico (DNA) Na molécula de DNA, os nucleotídeos são formados por um grupo fosfato, uma pentose Figura 11 – Nucleotídeos do DNA unidos por ligações fosfodiéster destacadas em sombreado. Fonte: Junqueira e Carneiro (2005). Figura 12 – Parte de uma molécula de DNA, mostrando as cadeias complementares e antiparalelas. Fonte: Junqueira e Carneiro (2005). desoxirribose e uma base nitrogenada. A base nitrogenada pode ser Adenina, Timina, Citosina ou Guanina; portanto, no DNA, existem quatro di- ferentes tipos de nucleotídeos (Figura 11). Biologia Celular Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 O DNA é uma molécula linear formada por duas cadeias de nucleotídeos. Os nucleotídeos de uma mesma cadeia estão unidos por ligações denominadas “fosfodiéster”, que juntam o grupo 5’ fosfato de um nucleotídeo ao carbono 3’ do nucleotídeo seguinte. Os nucleotídeos das duas cadeias estão unidos entre si através de suas ba- ses nitrogenadas por pontes de hidrogênio. Na molécula de DNA, a base adenina (A) está sem- pre ligada à base timina (T), e a base citosina (C) está sempre ligada à base guanina (G). As cadeias complementares estão orientadas em sentido antiparalelo, ou seja, a direção das ligações3’ e 5’ fosfodiéster de uma cadeia é inversa em relação à cadeia complementar (Figuras 11 e 12). A molécu- la de DNA é formada, portanto, por duas cadeias complementares e antiparalelas de nucleotídeos, dispostas em hélice. Na molécula de DNA, estão armazenadas as informações genéticas dos seres vivos. Essas in- formações são transmitidas para as células-filhas no processo de divisão celular. Nas células euca- rióticas, o DNA está associado a proteínas forman- do os cromossomos, localizados no núcleo celular e em pequenas quantidades nas mitocôndrias e no cloroplasto (na célula vegetal). Ácido Ribonucleico (RNA) A molécula de RNA é formada por um fila- mento único. Os nucleotídeos são formados por um grupo fosfato, uma pentose ribose e uma base nitrogenada. A base nitrogenada pode ser de quatro tipos diferentes: Adenina, Uracila, Ci- tosina e Guanina. Na Figura 13, estão destacadas as diferenças entre os nucleotídeos do DNA e os nucleotídeos do RNA. As bases diferentes (uraci- la e timina) estão destacadas em pontilhados, e a desoxirribose do nucleotídeo de DNA possui um átomo de oxigênio a menos que a ribose do nu- cleotídeo de RNA. Figura 13 – Nucleotídeos do RNA e do DNA. Fonte: Junqueira e Carneiro (2005). Na célula, existem vários tipos de RNA que diferem tanto na estrutura quanto na função; todos são sintetizados no núcleo celular, tendo como molde uma sequência específica do DNA, “denominada” gene. Três deles atuam conjunta- mente na síntese das proteínas: RNA mensageiro (mRNA): é a molé- cula que leva para o citoplasma a in- formação contida na molécula de DNA; determina os tipos e a sequência dos aminoácidos na proteína; RNA de transferência (tRNA): é a mo- lécula que leva o aminoácido específico para a posição correta na cadeia poli- peptídica em formação durante a sínte- se proteica; RNA ribossômico (rRNA): é um com- ponente estrutural dos ribossomos. Os ribossomos têm papel fundamental na síntese proteica. Egle Campos Costa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 20 São moléculas de morfologia variada cuja propriedade comum é a solubilidade em solven- tes orgânicos não polares (como éter, clorofórmio e benzeno) e insolubilidade em água. De acordo com a sua função na célula, os li- pídeos podem ser classificados em: lipídeos de reserva nutritiva: são as gorduras neutras, armazenadas nas cé- lulas principalmente na forma de trigli- cerídeos; 2.4 Lipídeos lipídeos estruturais: são componentes das membranas celulares, e, portanto, trataremos mais detalhadamente des- ses lipídeos no capítulo 6. 2.5 Resumo do Capítulo As macromoléculas celulares são polímeros formados pela ligação de inúmeras moléculas meno- res, denominadas “monômeros”. As proteínas são polímeros de aminoácidos e diferem quanto ao tipo e ao número de aminoácidos que as compõem e também quanto à sequência desses aminoácidos na ca- deia polipeptídica. Existem pelo menos 3 mil diferentes tipos de proteínas em uma célula humana, com as mais variadas funções. Os polissacarídeos são polímeros de monossacarídeos. Existem polissacarídeos com função de reserva nutritiva, como o glicogênio e o amido, mas também existem os estruturais e os informacionais. Os ácidos nucleicos são polímeros formados por nucleotídeos. Distinguem-se dois tipos de ácidos nucleicos: o DNA (ácido desoxirribonucleico) e o RNA (ácido ribonucleico). No DNA contido no núcleo celular, estão armazenadas as informações genéticas dos seres vivos. Na célula, existem vários tipos de RNA, mas três deles atuam conjuntamente na síntese das proteínas: o RNA mensageiro, o RNA de transferência e o RNA ribossômico. Os lipídeos são moléculas solúveis em solventes orgânicos e in- solúveis em água. De acordo com a função na célula, os lipídeos podem ser classificados em lipídeos de reserva nutritiva e lipídeos estruturais. 2.6 Atividades Propostas Para auxiliá-lo(a) na fixação dos conceitos apresentados neste início do módulo, faça os exercícios a seguir: Biologia Celular Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 1. Complete com o termo apropriado: a) Macromolécula constituída por unidades menores que se repetem: ____________________. b) Macromolécula constituída por unidades iguais que se repetem: _______________________. c) Macromolécula constituída por unidades diferentes que se repetem: _____________________. d) Macromoléculas constituídas por nucleotídeos: ____________________________________. e) Macromoléculas constituídas por monossacarídeos: ________________________________. f ) Macromoléculas constituídas por aminoácidos: ____________________________________. g) Sequência linear de aminoácidos na cadeia polipeptídica: ____________________________. h) Ácido nucleico cuja pentose é a desoxirribose: _____________________________________. i) Ácido nucleico que possui em sua composição a base nitrogenada uracila: ________________. j) Principal forma de gordura neutra, armazenada nas células: ____________________________. 2. Assinale a alternativa incorreta: a) Amido e glicogênio são exemplos de polissacarídeos. b) A glicoproteína é uma proteína conjugada com glicídeos (açúcares). c) O principal lipídeo de reserva intracelular é o glicogênio. d) O nucleotídeo é constituído por um grupo fosfato, uma pentose e uma base nitrogenada. e) Os lipídeos estruturais são componentes da membrana plasmática. 3. Responda às questões a seguir quanto aos aminoácidos (aas): a) Qual a denominação da ligação que os une para formar as proteínas? __________________ _____________________________________________________________________________ b) Quantos diferentes tipos são encontrados nas proteínas humanas? _____________________ _____________________________________________________________________________ c) Qual a composição de cada um? ________________________________________________ _____________________________________________________________________________ Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 Caro(a) aluno(a), no capítulo 1, apresenta- mos as principais diferenças entre os organismos procariontes e os eucariontes, sendo que a pre- sença de núcleo nas células eucarióticas é a prin- cipal delas. Neste módulo, você aprenderá sobre a estrutura nuclear, seus componentes e sua im- portância para a célula. Muitas células apresentam núcleo central, com formato esférico ou ovoide; contudo, o ta- manho, o formato e a posição do núcleo podem variar em função do estado funcional e da forma da célula. Por exemplo, células em intensa ativi- NÚCLEO CELULAR: ORGANIZAÇÃO MORFOLÓGICA E FUNÇÕES GERAIS3 dade metabólica apresentam núcleo volumoso, já células com baixa atividade metabólica, núcleo pequeno. Grande parte das células do nosso corpo apresenta apenas um núcleo, mas existem célu- las binucleadas (com dois núcleos – no fígado), multinucleadas (com muitos núcleos – no mús- culo esquelético) e anucleadas (sem núcleo – as hemácias). Você conhecerá os diferentes tipos celula- res e suas principais características estruturais e funcionais na disciplina de Histologia. 3.1 Estrutura Nuclear Quando observamos as células ao micros- cópio óptico (microscópio que você utilizará nas aulas práticas de microscopia), o núcleo se desta- ca, pois se cora intensamente pelos corantes con- vencionais utilizados em microscopia (Figura 14). Entretanto, a estrutura nuclear é mais bem com- preendida quando observada ao microscópio eletrônico, que fornece aumentos muito maiores (Figura 15). Você terá acesso às imagens obtidas a partir do microscópio eletrônico em livros de bio- logia celular e no material de aula. Figura 14 – Plasmócito observado ao microscópio óptico. Fonte: http://minerva.ufpel.edu.br/~mgrheing/cd_histologia/geral/linfocitosplasmocitos.htm.Nota: A seta amarela indica o núcleo. A seta branca indica o nucléolo. Egle Campos Costa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 Figura 15 – Plasmócito obsevado ao microscópio eletrônico. Fonte: http://micromorfologia.blogspot.com.br/2007_02_01_archive.html Nota: A seta amarela indica o núcleo. A seta branca indica o nucléolo. O núcleo é delimitado pelo envoltório nu- clear, o qual é constituído por duas membranas, a interna, em contato com o conteúdo nuclear, e a externa, em contato com o citoplasma. Entre as duas membranas há o espaço intermembranoso. As duas membranas se fundem em alguns locais, formando poros. Nesses poros, existem várias proteínas organizadas em uma estrutura deno- minada “complexo de poro” (Figura 16). O com- plexo de poro regula o trânsito das moléculas entre o núcleo e o citoplasma. A quantidade de poros no envoltório nuclear varia de acordo com o tipo e a atividade celular, mas, em média, uma célula contém 3 mil poros nucleares. Figura 16 – Esquema ilustrativo do envoltório nuclear na região em que as membranas internas se fundem formando poros. Fonte: Karp (2005). Nota: ER – Retículo endoplasmático. Biologia Celular Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 A membrana externa é contínua ao retículo endoplasmático rugoso, uma organela envolvida na síntese de proteínas, sobre a qual você estuda- rá no capítulo 9 da apostila. Da mesma forma que o retículo endoplasmático rugoso, a membrana externa contém ribossomos aderidos à superfície que fica voltada para o citoplasma. Os ribossomos são estruturas celulares fundamentais para a pro- dução das proteínas. A membrana externa se as- socia, ainda, a uma rede de filamentos proteicos citoplasmáticos, que dão sustentação mecânica ao envoltório nuclear. A membrana interna também está associa- da a uma rede de filamentos proteicos nucleares, denominada “lâmina nuclear”, a qual dá suporte e forma ao envoltório nuclear e também serve como local de ligação dos cromossomos, princi- pal componente nuclear (Figura 17). Figura 17 – Esquema ilustrativo do envoltório nuclear na região em que as membranas internas se fundem for- mando poros. Lâmina nuclear associada à membrana interna. Fonte: Adaptada de Junqueira e Carneiro (2000). Além da lâmina nuclear, o núcleo apresenta uma rede de finas fibrilas proteicas entrelaçadas que atravessa todo o espaço interno do núcleo, denominada “matriz nuclear” (Figura 18). A matriz nuclear é responsável pela manutenção da forma do núcleo e também é uma armação na qual se organizam os filamentos cromossômicos, bem como os componentes envolvidos nas atividades nucleares. Egle Campos Costa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 26 Figura 18 – Micrografia eletrônica de parte de um fibroblasto. Fonte: Adaptada de Karp (2005). Nota: O núcleo (N) consiste de uma matriz filamentosa cujos elementos terminam no envoltório nuclear. O citoplasma (C) contém uma matriz filamentosa diferente, que é o citoesqueleto. Preenchendo os espaços nucleares há o nu- cleoplasma, uma substância fluida na qual os so- lutos do núcleo estão dissolvidos. 3.2 Material Genético O material genético é o DNA, cuja estrutu- ra molecular você conheceu no capítulo 2. Neste capítulo, veremos como o DNA está arranjado no núcleo. O DNA é uma molécula longa e delicada, linear- mente muito maior do que o núcleo onde está contido; portanto, no núcleo, o DNA está inten- samente compactado, como se fosse lã fazen- do parte de um novelo. CuriosidadeCuriosidade No núcleo das células humanas típicas, exis- tem 46 moléculas de DNA condensadas, forman- do 46 cromossomos. No capítulo 5, você estudará a formação de células reprodutoras (espermato- zoides e óvulos), as únicas que contêm 23 cro- mossomos. Biologia Celular Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 Saiba maisSaiba mais Níveis de condensação do DNA no núcleo A condensação é fundamental para que todo o DNA fique acomodado dentro do núcleo. Entretanto, essa condensação não é aleatória, mas rigorosamente organizada, de forma que esse material possa ser acessado, copiado, transcrito e pro- cessado pelas várias enzimas envolvidas nos processos, sem que haja emaranhamento das moléculas de DNA entre si. A condensação do DNA está organizada em níveis, iniciando com a associação do DNA a proteínas denominadas “his- tonas”, formando a cromatina. A molécula de DNA e as histonas estão organizadas em subunidades repetidas, deno- minadas “nucleossomos”. Cada nucleossomo é constituído por um segmento de DNA de 200 pares de nucleotídeos, associado a um octâmero (formado por oito unidades) de histonas. Este é o primeiro nível de compactação da croma- tina, a qual apresenta o aspecto de um colar de contas. O segundo nível de condensação da cromatina é a solenoide, resultando em um filamento mais espesso. Níveis sucessivos de condensação levam ao mais alto grau de compactação do material genético (Figura 19), o qual pode ser observado nos cromossomos durante o processo de divisão celular. O cromossomo visível ao microscópio óptico como unidade é, portanto, a cromatina no seu mais elevado nível de condensação. Figura 19 – Esquema dos vários níveis de condensação do DNA. Fonte: Adaptada de http://www.not1.xpg.com.br/nucleo-interfasico-e-cromossomos-caracteristicas-tipos-ciclos-na-celula/ O ciclo de vida de uma célula, denominado “ciclo celular”, é dividido em duas fases principais: a intérfase e a mitose. Mitose é o período em que a célula está se dividindo para originar células- -filhas. A intérfase é o período entre duas divisões celulares, ou seja, período em que a célula não está se dividindo. No capítulo 4, veremos em de- talhes o ciclo celular. O aspecto do núcleo muda em função da fase do ciclo celular e do grau de atividade. Du- rante a intérfase, é possível reconhecer no núcleo dois padrões de coloração, refletindo graus de condensação e estados funcionais diferentes da cromatina. De maneira geral, as regiões mais in- tensamente coradas são regiões em que há uma grande quantidade de cromatina em alto nível de condensação, denominada “heterocromatina”. Nas regiões menos coradas e mais homogêneas, a cromatina se encontra em menor grau de con- densação, e é denominada “eucromatina” (Figura 20). Nas regiões de eucromatina está o DNA que se expressa na célula naquele momento, pois é nessa forma menos condensada que o DNA pode ser acessado para ser transcrito em RNA. O pro- cesso de transcrição do DNA em RNA só ocorre, portanto, durante a intérfase e nas regiões de eucromatina. Quando a cromatina está altamen- te compactada, como ocorre durante a divisão celular, não há transcrição, pois a cromatina está altamente condensada e, portanto, inacessível às moléculas envolvidas no processo da transcrição. Egle Campos Costa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 28 Figura 20 – Esquema ilustrativo de parte do núcleo, destacando os principais componentes nucleares. Fonte: Adaptada de http://geografiaxbiologia.blogspot.com.br/2010/09/cromossomos.html No núcleo interfásico, ainda é possível ob- servar estruturas esféricas, denominadas “nucléo- los” (Figuras 16, 17 e 20). Os nucléolos são regiões onde ocorre a transcrição do DNA em RNA ribos- sômico e montagem das subunidades que com- põem os ribossomos. Neste ponto, é bom lembrar que os ribos- somos são estruturas celulares fundamentais na síntese de proteínas, processo que ocorre no ci- toplasma. Portanto, os ribossomos são montados no núcleo, mais especificamente nos nucléolos, mas atuam no citoplasma, deixando o núcleo através dos poros nucleares. Os detalhes da sínte- se proteica você conhecerá no capítulo 9. O tamanho do nucléolo está, em geral, rela- cionado com a intensidade da síntese proteicaque ocorre no citoplasma. Quanto maior o nu- cléolo, maior quantidade de unidades ribossô- micas está sendo montada, refletindo intensa produção de proteínas pela célula. CuriosidadeCuriosidade 3.3 Estrutura dos Cromossomos Metafásicos Durante a divisão celular, o núcleo sofre in- tensas modificações, as quais você conhecerá no capítulo 4. Neste capítulo, entretanto, trataremos da morfologia dos cromossomos quando a cro- matina atinge seu mais alto grau de condensação, o que ocorre durante a fase denominada “metá- fase”; portanto, os cromossomos, nessa fase, são denominados “metafásicos”. Durante a intérfase, os cromossomos são formados por uma molécula de DNA associada a histonas, constituindo a cromatina. Entretanto, durante a divisão celular, os cromossomos estão duplicados, ou seja, cada cromossomo é formado por duas moléculas idênticas de DNA organizadas na forma de cromatina, agora denominadas “cro- mátides”. Portanto, cada cromossomo metafásico é formado por duas cromátides unidas em uma região do cromossomo denominada “constrição primária” ou “centrômero” (Figura 21). De acordo com a posição do centrômero, os cromossomos são classificados em (Figura 21): Biologia Celular Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 metacêntrico: apresenta centrôme- ro na região mediana, dividindo-o em dois braços de tamanho igual ou quase igual; submetacêntrico: apresenta centrô- mero um pouco distante do centro, dividindo-o em braço longo e braço curto; acrocêntrico: apresenta centrômero muito próximo a uma das extremidades do cromossomo, dividindo-o em braço longo e braço muito curto; telocêntrico: apresenta centrômero terminal. Esse tipo de cromossomo não ocorre em humanos. Alguns cromossomos apresentam constri- ção secundária. As regiões do DNA associadas aos nucléolos estão nas constrições secundárias e são denominadas, portanto, “regiões organizadoras de nucléolos (RONs)”. Os segmentos de cromos- somo localizados além das constrições secundá- rias são denominados “satélites”. As extremidades dos cromossomos são de- nominadas “telômeros” (Figura 21), e nessa região existem sequências especiais de DNA. Os telôme- ros impedem a adesão dos cromossomos entre si, garantindo a estabilidade individual destes. Mais detalhes sobre a morfologia e organização dos cromossomos humanos serão tratados na disci- plina de Genética. Figura 21 – Morfologia dos cromossomos humanos. Fonte: Adaptada de Otto, Otto e Frota-Pessoa (2004). Egle Campos Costa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 30 Você já deve ter compreendido que, por ser o compartimento que mantém o material ge- nético organizado de modo seletivo e funcional, o núcleo é essencial para a viabilidade e função celular. Podemos pensar no núcleo como um grande arquivo que armazena as informações fundamentais de que a célula necessita para rea- lizar suas funções. Ele mantém essas informações organizadas, possibilitando o acesso diferencial de acordo com o estado funcional e o tipo celular. O núcleo controla o metabolismo celular por meio da transcrição do DNA nos diferentes 3.4 Função Nuclear tipos de RNAs; os RNAs mensageiros são traduzi- dos em proteínas, as quais efetivamente interfe- rem no funcionamento celular. As proteínas são, portanto, os efetores finais da informação genéti- ca. O núcleo possibilita que a célula se divida ori- ginando células-filhas, garantindo o crescimento do organismo, a reposição de células envelheci- das, a regeneração dos tecidos lesionados e a re- produção dos indivíduos. Assim, células anuclea- das não se dividem. 3.5 Resumo do Capítulo O núcleo é um importante compartimento da célula eucariótica, pois nele está contido o material genético, o DNA, formando os cromossomos. O conteúdo nuclear está separado do restante do citoplas- ma pelo envoltório nuclear, que apresenta poros que permitem a passagem seletiva de moléculas do nú- cleo para o citoplasma e vice-versa. No núcleo, o DNA encontra-se intensamente condensado formando a cromatina, a qual atinge seu mais alto grau de condensação nos cromossomos metafásicos, durante a divisão celular. No núcleo interfásico, há regiões em que a cromatina está mais condensada, denomina- da “heterocromatina”, e regiões em que ela se encontra em menor grau de condensação, denominada “eucromatina”. Nas regiões de eucromatina, o DNA está se expressando na célula naquele momento. No núcleo interfásico também se observam os nucléolos, regiões de montagem das subunidades ribosso- mômicas. O núcleo controla o metabolismo celular por meio da transcrição do DNA em RNA. Os RNAs mensageiros são traduzidos em proteínas, e estas efetivamente interferem no funcionamento celular, sendo, portanto, os efetores finais da informação genética. 3.6 Atividades Propostas Verifique seu aprendizado fazendo atentamente os exercícios a seguir: Biologia Celular Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 1. Identifique os componentes enumerados da Figura 9: 1 - ________________________________ 2 - ________________________________ 3 - ________________________________ 4 - ________________________________ 5 - ________________________________ 6 - ________________________________ 7 - ________________________________ 8 - ________________________________ Figura 22 – Esquema do núcleo celular. Fonte: Adaptada de http://128.232.233.5/fulltext_content/ERM/ERM4_ 17/S1462399402004842sup002.htm. Responda às questões a seguir: 2. Explique a diferença estrutural e funcional entre eucromatina e heterocromatina. 3. Qual o significado dos nucléolos? 4. Qual a importância do núcleo organizado para a célula? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 Caro(a) aluno(a), no capítulo 1, você conhe- ceu os princípios básicos da teoria celular, sendo que o terceiro deles postula: “As células podem surgir somente por divisão de uma célula preexis- tente”. Você já deve saber que um novo ser huma- no começa com a união de um espermatozoide com um ovócito, formando uma única célula, o zigoto. Essa célula passa por divisões celulares sucessivas, originando um organismo adulto com cerca de 100 trilhões (1014) de células. CICLO CELULAR E MITOSE4 As divisões celulares são essenciais para a formação, o crescimento e o desenvolvimento do organismo pluricelular, bem como para a reposi- ção das células que morrem naturalmente ou em decorrência das lesões. Neste capítulo, você aprenderá as princi- pais fases da existência de uma célula, desde o momento em que esta se forma, pela divisão de uma célula preexistente, até o momento em que ela própria se divide, originando células-filhas. A essa sucessão de eventos na vida de uma célula se dá o nome de “ciclo celular” (Figura 23). Figura 23 – Esquema representativo do ciclo celular. Fonte: Adaptada de Alberts et al. (2002). A duração de cada fase do ciclo celular varia de acordo com o tipo, a idade e o grau de ativida- de celular. Varia, também, em função das condi- ções fisiológicas, ambientais e até do ritmo circa- diano (ritmo de cerca de um dia). AtençãoAtenção O ciclo celular mitótico compreende todos os processos que ocorrem com uma célula, desde sua formação, a partir de uma célula preexis- tente, até sua própria divisão, originando duas células-filhas. Egle Campos Costa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 34 O ciclo celular pode ser dividido em duas etapas principais: a intérfase e a divisão celular, propriamente (Figura 24). 4.1 Fases do Ciclo Celular: Intérfase Figura 24 – Esquema do ciclo celular, indicando as fases da intérfase (G1, S e G2) e as fases da divisão celular (mitose). Fonte: Junqueira e Carneiro (2005). Intérfase: a célula cresce e prepara-se para a divisão. A intérfasepode ser dividida em três fa- ses: G1, S e G2. A letra G é a abreviatura do termo gap, que em inglês significa “intervalo”. A letra S vem de “síntese de DNA”, pois é nessa fase que o DNA celular deverá se duplicar para ser igualmen- te dividido entre as células-filhas. A seguir, são apresentadas as principais ca- racterísticas e ocorrências de cada fase da intér- fase. G1: intervalo entre a divisão celular e a du- plicação (replicação) do DNA, que ocorrerá na fase seguinte, a fase S. É a fase de duração mais variável, pois é a que sofre maior influência de fa- tores externos. Durante essa fase, ocorrem o cres- cimento celular e a síntese das enzimas necessá- rias para a replicação do DNA. Também ocorre a síntese das proteínas reguladoras envolvidas nos mecanismos de controle do ciclo celular. Tais pro- teínas determinam, por exemplo, se a célula irá se dividir ou não. Caso não se divida, permanece em uma fase denominada G0, podendo ou não reto- mar o processo de divisão (Figura 25). Em G1, são detectados possíveis danos no DNA, o que leva à interrupção do ciclo para que esses danos se- jam reparados, impedindo que a célula replique o DNA danificado. Figura 25 – Esquema do ciclo celular. Fonte: Lodish et al. (2000). S: fase em que ocorre a duplicação do DNA nuclear, processo denominado “replicação do DNA”. A célula inicia o ciclo na fase G1 com uma quantidade de DNA, denominada “2C”. Durante Biologia Celular Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 35 a fase S, esse conteúdo é duplicado para 4C. O conteúdo 2C é restabelecido no fim da divisão, quando cada uma das células-filhas, em G1 de um novo ciclo celular, possui 2C de DNA. A replicação do DNA é um processo com- plexo que requer a participação de muitas enzi- mas. Neste capítulo, veremos apenas característi- cas gerais. Neste momento, você deve recordar a es- trutura da molécula de DNA, vista no capítulo 2. Replicação Semiconservativa do DNA Para que o DNA se duplique, é necessário que as duas cadeias complementares se separem e que cada uma delas atue como molde para a síntese das novas cadeias complementares (Figu- ra 26). As novas moléculas de DNA serão forma- das seguindo as regras de pareamento, ou seja, Adenina pareando com Timina, e Citosina parean- do com Guanina. AtençãoAtenção O DNA é formado por duas ca- deias complementares e antipa- ralelas de nucleotídeos. O DNA associado a proteínas forma a cromatina, que apresenta dife- rentes níveis de condensação. Figura 26 – Esquema da replicação do DNA cromossômico. Fonte: Adaptada de Pierce (2004). Egle Campos Costa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 36 As fitas originais são denominadas “paren- tais”, e as recém-sintetizadas são denominadas “filhas”. Cada nova molécula de DNA é formada, portanto, por uma molécula parental e uma mo- lécula filha recém-sintetizada (Figura 26); portan- to, a replicação é semiconservativa. Ao longo das moléculas de DNA, a replica- ção começa em pontos específicos, chamados de “origens de replicação” (Figura 26). No DNA das células eucariontes, existem inúmeras origens de replicação. Portanto, a replicação do DNA ocorre Saiba maisSaiba mais Reparo do DNA e Mutação Além de adicionar os nucleotídeos à molécula de DNA em formação, a DNA-polimerase confere as bases, característica denominada “leitura de prova”, e remove as que eventualmente parearam errado. Entretanto, algumas bases incorreta- mente emparelhadas escapam do controle de qualidade da DNA-polimerase. O DNA é sensível a fatores como radia- ções ionizantes, radicais livres, vírus, agentes químicos, entre outros, que podem provocar a troca de bases ou interferên- cia nas ligações entre os nucleotídeos, causando mutações, que podem acarretar doenças como o câncer na linhagem celular somática ou malformações congênitas caso essas mutações ocorram na linhagem germinativa. Para proteger o DNA de tais erros, a célula conta com enzimas que os detectam e corrigem, mantendo a integridade do DNA. simultaneamente em várias regiões da molécula de DNA; contudo, a replicação é assincrônica, ou seja, a replicação não ocorre ao mesmo tempo em todas as moléculas de DNA do núcleo, mas todas replicam dentro da fase S. A replicação do DNA é bidiredional. A partir dos pontos de origem, a replicação se propaga para os dois lados da molécula (Figura 26). G2 – ocorre um rigoroso sistema de checa- gem que verifica se todo o DNA está corretamen- te duplicado antes de ser transmitido às células- -filhas. Também haverá a síntese de proteínas, que coordenam eventos fundamentais para a divisão celular, como a condensação cromossô- mica, a desorganização do envoltório nuclear e a montagem do fuso. 4.2 Divisão Celular: Mitose e Citocinese Se a célula já atingiu o tamanho adequado e está com o conteúdo de DNA duplicado (4C), irá se dividir originando duas células-filhas. Inicial- mente, será dividido o conteúdo nuclear em duas partes iguais, processo denominado “mitose” ou “cariocinese” (kario = núcleo; kinesis = movimen- to). Em seguida, será dividido o citoplasma, pro- cesso denominado “citocinese” (kitos = célula; ki- nesis = movimento). No sentido amplo, é comum usar o termo ‘mitose’ para o processo de divisão celular. Para facilitar a compreensão, a mitose é subdividida em cinco etapas. A seguir, veremos as principais modificações e características gerais de cada uma delas. Prófase Início da condensação cromossômica, es- sencial para evitar o emaranhamento da cromati- na. O nucléolo desaparece. Biologia Celular Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 37 No citoplasma, os dois centrossomos (du- plicados na fase S) migram para os polos opostos da célula. Os centrossomos são constituídos por um par de centríolos e material amorfo. São os or- ganizadores do fuso mitótico, um feixe de fibras que orienta o deslocamento dos cromossomos durante a mitose. As fibras do fuso são formadas por microtú- bulos, os quais se polimerizam (formam) a partir dos centrossomos. À medida que os centrosso- mos se afastam, formam-se entre eles microtú- bulos, que irão constituir as fibras do fuso (Figura 27). As estruturas dos centríolos e dos microtúbu- los serão estudadas no capítulo 11. Figura 27 – Principais características e modificações que ocorrem com a célula em Intérfase (G2), Prófase e Prometáfase do ciclo celular. Fonte: Adaptada de Pierce (2004). Nota: Acima, imagens da célula em cada uma das respectivas fases, e abaixo, desenhos ilustrativos correspondentes. Prometáfase Prossegue a condensação dos cromosso- mos, os quais se tornam cada vez mais espessos e curtos, visíveis individualmente ao microscópio óptico. Os centrossomos atingem os polos opostos da célula (Figuras 27 e 28). O envoltório nuclear se desmonta, e os mi- crotúbulos do fuso chegam até os cromossomos e ligam-se a eles em uma estrutura denominada “cinetócoro”, localizada na região do centrômero (Figuras 27 e 28). Egle Campos Costa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 38 Figura 28 – Esquema da prometáfase de uma célula 2N=4 cromossomos (2 pares de homólogos). Fonte: Purve (2004). Metáfase Os cromossomos atingem o grau máximo de condensação, e as duas cromátides unidas na região do centrômero (duplicadas na fase S da intérfase) podem ser observadas ao microscópio óptico. Nessa fase, os cromossomos direcionados pelas fibras do fuso alinham-se na região equato- rial da célula, formando a placa metafásica (Figu- ra 29). Anáfase As cromátides irmãs se separam, e as fibras do fuso encurtam-se, fazendo as cromátides ir- mãs deslocarem-se em direção a polos opostos da célula. As cromátides irmãs passam a ser deno- minadas “cromossomos-filhos” (Figura 29). Figura 29 – Principais característicase modificações que ocorrem com a célula em Metáfase, Anáfase e Telófase do ciclo celular. Fonte: Adaptada de Pierce (2004). Nota: Acima, imagens da célula em cada uma das respectivas fases, e abaixo, desenhos ilustrativos correspondentes. Biologia Celular Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 39 Telófase Os cromossomos atingem os polos opostos da célula, e o fuso mitótico desaparece. Ocorre, então, a reconstituição do núcleo, caracterizada pela descondensação da cromatina, a reorganiza- ção do nucléolo e do envoltório nuclear (Figuras 29 e 30). Figura 30 – Principais características da Telófase do ciclo celular com ênfa- se na divisão do citoplasma (citocinese). Fonte: http://biologiaparaovestibular.blogspot. A divisão do citoplasma (citocinese) inicia- -se no fim da anáfase e termina no fim da telófa- se. Ocorre uma constrição na região equatorial da célula-mãe que progride até dividir o citoplasma completamente, originando as duas células-filhas (Figuras 29 e 30). A citocinese ocorre devido à formação de um anel contrátil abaixo da membrana, no cito- plasma. Esse anel é formado pelas proteínas acti- na e miosina, as quais interagem tornando o anel cada vez menor, até a separação total das células- -filhas (Figura 30). AtençãoAtenção Após a mitose, cada célula-filha está em G1, podendo recomeçar o ciclo celular de divisão ou entrar em um período de quiescência, sem divisão, denominado “G0”. Egle Campos Costa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 40 Todas as células se originam de uma preexistente, e todos os estágios pelos quais a célula passa, desde sua formação até sua própria divisão em duas células-filhas, constituem o ciclo celular. Este é divi- dido em duas etapas principais: a intérfase e a divisão celular. Durante a intérfase, a célula cresce, duplica o conteúdo de DNA e prepara-se para a divisão. Células que temporariamente ou permanentemente não irão se dividir não podem duplicar o DNA e permanecem em uma fase denominada “G0”. A divisão celular compreende a mitose (divisão do núcleo) e a citocinese (divisão do citoplasma). No sentido amplo, usa- -se o termo ‘mitose’ para o processo completo da divisão celular que ocorre com as células somáticas. A mitose consiste na divisão de uma célula diploide em outras duas diploides idênticas a ela, denominadas “células-filhas”. Saiba maisSaiba mais Categorias celulares em função da capacidade de divisão De acordo com a capacidade de divisão, as células animais podem ser classificadas em: 1. Células que se dividem continuamente, como as embrionárias, as dos tecidos de renovação rápida, como as dos folículos capilares, da epiderme, da medula óssea, entre outras. 2. Células que normalmente não se dividem, mas podem se dividir quando estimuladas. Tais células ficam lon- gos períodos com o metabolismo e o tamanho reduzidos em um estado denominado “G0”, mas mediante estímulo apropriado retornam ao ciclo celular na fase G1 e dividem-se. Exemplos de tais tipos celulares são: hepatócitos (células do fígado), fibroblastos da pele, células do músculo liso, células dos rins, do pâncreas, do ovário, ósseas, entre outras. 3. Células terminalmente diferenciadas. Células que perderam a capacidade de se dividir; ficam permanente- mente no período G0. Nessa categoria estão os neurônios, as células dos músculos estriados esquelético e cardíaco. 4. Há, ainda, células diferenciadas que não se dividem, mas podem ser repostas pela divisão de células indiferen- ciadas, denominadas “células fonte”. É o que ocorre, por exemplo, com as células do sangue que têm tempo de vida relativamente curto, mas são repostas por células da medula óssea, que se dividem e diferenciam em células sanguíneas. 4.3 Resumo do Capítulo Biologia Celular Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 41 1. Identifique à qual fase da intérfase as frases se referem: a) O DNA já está completamente duplicado: b) A quantidade de DNA é igual à encontrada em células somáticas que não estão se dividindo: 2. Identifique os componentes enumerados da figura ao lado: 1 - ________________________________ 2 - ________________________________ 3 - ________________________________ 4 - ________________________________ 5 - ________________________________ 6 - ________________________________ 7 - ________________________________ 3. A figura ao lado representa uma célula diploide 2n = 4 cromossomos, ou seja, com dois pares de cromossomos homólogos. Em qual fase do ciclo celular ela se encontra? Justifique sua res- posta. 4.4 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 43 Você já sabe que somos formados pela união de um espermatozoide com um ovócito, ou seja, as nossas células têm metade da informa- ção genética vinda do espermatozoide (do pai) e a outra metade do ovócito (da mãe). No capítulo 3, você aprendeu que a informação genética está contida nas moléculas de DNA, as quais estão altamente condensadas formando os cromosso- mos. As células somáticas humanas típicas con- têm 46 cromossomos. Na mitose humana, as células-mães se dividem originando duas células- -filhas, cada uma com 46 cromossomos, como a célula-mãe. Isso é possível porque antes de se di- vidir a célula duplica todo seu conteúdo de DNA, e os cromossomos tornam-se duplicados até a anáfase, quando as cromátides irmãs se separam. A meiose é a divisão celular que ocorre com as células germinativas, presentes nas gônadas (os testículos dos homens e os ovários das mulhe- res). É a divisão celular especializada em reduzir à metade o número de cromossomos, resultando na formação das células denominadas “gametas” (espermatozoides e óvulos), com 23 cromosso- mos. Na fecundação, momento em que o esper- matozoide e o ovócito se unem, os núcleos de cada gameta se fundem, restabelecendo o núme- ro cromossômico característico da espécie, 46. As células somáticas (do corpo) contêm 46 cromossomos, ou seja, 23 pares cromossômicos; são denominadas “diploides” e representadas por 2N, pois apresentam dois conjuntos de cromos- somos, um proveniente do espermatozoide e o outro proveniente do ovócito. MEIOSE E GAMETOGÊNESE5 As células gaméticas (espermatozoides e ovócitos) contêm 23 cromossomos; são deno- minadas “haploides” e representadas por N, pois apresentam apenas um conjunto de cromosso- mos. As células germinativas são diploides com 46 cromossomos. Para que possam originar os gametas haploides por meio da meiose, passarão por uma fase S de duplicação do DNA, passando a apresentar 46 cromossomos duplicados. Passa- rão, então, por dois ciclos sucessivos de divisão, a meiose I, originando inicialmente duas células-fi- lhas, cada uma com 23 cromossomos duplicados (com duas cromátides), e, em seguida, a meiose II, resultando em 4 células-filhas haploides (N), com 23 cromossomos simples (com uma só cromáti- de). A meiose compreende, portanto, duas divi- sões consecutivas: meiose I e meiose II. A meiose I é reducional, pois o número de cromossomos por célula é reduzido à metade, e a meiose II é equa- cional, pois há distribuição do conteúdo de DNA, uma cromátide para cada célula-filha, sem redu- ção no número cromossômico. As células produ- zidas por meiose são geneticamente diferentes umas das outras e da célula parental. Para sua melhor compreensão, apresenta- remos, a seguir, as fases da meiose, destacando suas principais características. Egle Campos Costa Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 44 Prófase I É a fase mais longa da meiose. Nela, os cro- mossomos homólogos se dispõem lado a lado formando pares, ou seja, ocorre o pareamento dos homólogos. Esse pareamento possibilita a troca de segmentos cromossômicos entre os cro- mossomos homólogos, fenômeno denominado
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