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Adoção: Origem e Conceitos

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2 ADOÇÃO 
Desde os primórdios da humanidade a adoção faz-se presente no âmbito social, sendo impossível apontar com exatidão uma data que determine o seu surgimento, mas existem indícios que as primeiras adoções têm como origem a as antigas civilizações do Egito, Palestina, Babilônia e a Caldeia. Destarte, a adoção não é uma prática pós-moderna, escritos bíblicos já mencionavam casos de adoção, como exemplo tem-se o caso de Moisés.
No Brasil a adoção está presente desde a sua colonização. Era comum observar nas casas das famílias com mais monopólios a presença de filhos de terceiro, os chamados “filhos de criação”. A circunstância dessas crianças não era formalizada e, muitas vezes, eram vistas como forma de mão de obra gratuita e escrava. Somente em 1828 a adoção passou a existir na legislação brasileira, buscando com isso, solucionar os problemas dos casais que não poderiam ter filhos.
A ato de adoção pode ser definido por João Seabra Diniz como:
Podemos definir a adoção como inserção num ambiente familiar, de forma definitiva e com aquisição de vínculo jurídico próprio da filiação, segundo as normas legais em vigor, de uma criança cujos pais morreram ou são desconhecidos, ou, não sendo esse o caso, não podem ou não querem assumir o desempenho das suas funções parentais, ou são pela autoridade competente, considerados indignos para tal.
Maria Helena Diniz, por sua vez, apresenta um conceito amplo sobre adoção:
Adoção é um ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos legais, alguém estabelece, independentemente de qualquer relação de parentesco consanguíneo ou afim, um vínculo fictício de filiação, trazendo para sua família, na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha.
Wilson Donizeti Liberati entende que:
"Com a vigência da Lei 8.069/90, a adoção passa a ser considerada de maneira diferente. É erigida à categoria de instituição, tendo como natureza jurídica a constituição de um vínculo irrevogável de paternidade e filiação, através de sentença judicial (art. 47). É através da decisão judicial que o vínculo parental com a família de origem desaparece, surgindo nova filiação (ou novo vínculo), agora de caráter adotivo, acompanhada de todos os direitos pertinentes à filiação de sangue." 
A natureza jurídica da adoção, nunca foi pacífica o entendimento sobre a matéria. Na visão de Arnaldo Marmitt afirma que:
"Na adoção sobressai a marcante presença do estado, estendendo suas asas protetoras ao menor de dezoito anos, chancelando ou não o ato que tem status de ação de estado, e que é instituto de ordem pública. Perfaz-se uma integração total do adotado na família do adotante, arredando definitiva e irrevogavelmente a família de sangue." 
Também há posicionamento no sentido de ser a adoção como um negócio jurídico de natureza contratual, como expõe Wilson Donizeti Liberati:
"(...)Entendem eles que o ato é bilateral tendo o seu termo mútuo consenso das partes, produzindo, a partir daí, os efeitos pretendidos e acordado com plena eficácia entre as partes. Dentre eles, destacam-se Eduardo Espínola, Euvaldo Luz, Gomes de Castro, (...), Téophile Huc." 
São múltiplos os conceitos dados para definir adoção, todavia é formidável destacar que no atual conceito de adoção carece de ter sempre em destaque a importância do princípio do melhor interesse para a criança, princípio que está norteado no art. 100, inciso IV, do Estatuto da Criança e Adolescente:
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitário.
Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação das medidas: [...] IV - interesse superior da criança e do adolescente: a intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for devida a outros interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso concreto; [...].
3 ADOÇÃO INTERNACIONAL
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê, nos artigos 51 e 52, a adoção formulada por estrangeiro residente ou domiciliado fora do País.
A adoção internacional ocasiona em uma mudança cultural e social da criança, ela deixa suas raízes, tendo que coexistir com uma cultura inteiramente alheia à sua de origem.
É possível definir adoção internacional como:
[...] uma instituição jurídica de proteção e integração familiar de crianças e adolescentes abandonados ou afastados de sua família de origem, pela qual se estabelece independentemente do fato natural da procriação, uma vínculo de paternidade e filiação entre pessoas radicadas em distintos Estados: a pessoa do adotante com residência habitual em um país e a pessoa do adotado com residência habitual em outro.
Valdir Sznick afirma que:
"A adoção internacional, ou seja à procura de crianças brasileiras por estrangeiros vem crescendo muito nos últimos anos. Daí surgirem. Ao lado dos interessados diretos, várias intermediações, quer individuais quer até de pessoas jurídicas, através de agências de intermediação; como, especialmente por parte dos adotantes, há os bens intencionados nos que fazem a intermediação; em regra, muitos não só são mal intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoção), mas até formando verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes – já que os lucros são grandes e em moeda estrangeira – como seqüestro de recém-nascidos na maioria das vezes, nas próprias maternidades, ou, então, em locais públicos; outros crimes ainda não são praticados como estelionatos enganando as mães com possíveis internações ou, ainda, quando adoções escondendo que as crianças são destinadas ao exterior; falsificação de documentos, especialmente do menor."
A adoção internacional, também conhecida como adoção por estrangeiros, transnacional ou inter-racial, é assunto que deve ser tratado com todo acatamento. A adoção internacional é um instituto constitucionalmente permitido pelo Brasil, com previsão no art. 227, § 5º, da Constituição Federal de 1988: “A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros”.
Tendo em vista as denúncias frequentes de tráfico internacional de crianças, o Estatuto elencou alguns requisitos básicos, tais como, a situação jurídica da criança, habilitação dos requerentes à adoção, para, só então, ser deferida a adoção internacional.
Situação jurídica
Para que seja efetuada a adoção internacional é necessário primeiro que a criança já tenha sua situação jurídica definida, ou seja, que já possua sentença transitada em julgado, com a decretação da perda do poder familiar, ou que seus pais tenham falecido e o menor esteja sobre a proteção do Estado.
O artigo 169 da Lei 8.069/90 diz:
"Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a perda ou a suspensão do pátrio poder constituir pressuposto lógico da medida principal de colocação em família substituta, será observado o procedimento contraditório previsto nas Seções II e III deste Capítulo."
O procedimento contraditório, para a perda do poder familiar está previsto nos artigos 155 ao 163 do ECA, que terá início por provocação do Ministério Público, observado todas as garantias, tais como, direito ao contraditório, ampla defesa, defesa técnica, etc., pois o poder familiar é um direito personalíssimo.
Habilitação para adoção
O casal requerente a adotar uma criança brasileira, no Rio Grande do Sul, deverá encaminhar, via entidade estrangeira conveniada [14]que remeterá um dossiê com os seguintes documentos:
"(...) proposta formal dos candidatos; prova de atendimento das exigências legais de domicílio (art. 51, §1º); estudo psicossocial dos postulantes (idem); habilitação específica do casal para aquela criança ou adolescente; documentos pessoais (certidão de nascimento e casamento, folha corrida judicial, cópia reprográfica dos passaportes, comprovante de renda, prova de saúde física e mental) e fotos da família.
Em casoalgum serão aceitos documentos incompletos ou encaminhados por serviço de adoção não conveniada. É necessária a autenticação consular dos documentos, bem como sua tradução por tradutor público juramentado (art. 51, §3º.)." (15)
Cumpridos os requisitos do artigo 51 do Estatuto da Criança e do Adolescente, e ouvido o representante do Ministério Público, será proferida sentença habilitando os requerentes à adoção internacional.
Da ação
Os requerentes depois de habilitados e com a criança ou adolescente já pretendido, deverão requerer, mediante petição, a adoção. Desnecessário a intervenção de profissional técnico (advogado) para a formulação de tal pretensão (art. 166 ECA).
Recebida a ação, pelo MM Juiz de Direito, da Vara da Infância e Juventude, determinará que seja, pela equipe técnica, procedido no acompanhamento da adoção, dando suporte, apoio e orientação durante o período de aproximação e adaptação. Deverá trazer aos autos relatório do convívio entre adotantes e adotando, com parecer final. Deverá, ainda, determinar a liberação, provisória da criança/adolescente da casa de abrigo, mediante "termo de estágio de convivência".
Durante o período de estágio de convivência, deverá, por determinação judicial, ser lavrado "termo de estágio de convivência", pois, conforme previsto no parágrafo 1º do artigo 33, do Estatuto, que diz:
"A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros."
Com o final do estágio de convivência, e o laudo juntado aos autos, será dado vista ao representante do Ministério Público. Sendo favorável tal promoção, serão os autos conclusos ao Juiz para sentença.
Da sentença
Concluído o processo será este sentenciado pelo Meritíssimo Juiz de Direito que deverá observar os requisitos previstos no artigo 381 do Código de Processo Civil, que diz:
"A sentença conterá:
I – os nomes das partes ou, quando não for possível, as indicações necessárias para identifica-las;
II – a exposição sucinta da acusação e da defesa;
III – a indicação dos motivos de fato e de direito em que fundar a decisão;
IV – a indicação dos artigos de lei aplicados;
V – o dispositivo;
VI – a data e assinatura do juiz."
Uma vez publicada a sentença, o juiz cumpre e acaba o ofício jurisdicional, só podendo altera-la para corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou por meio de embargos de declaração (art. 463, I e II do CPC).
Da intimação da sentença, do representante do Ministério Público e dos requerentes, começa a contar o prazo para o trânsito em julgado, pois, antes de consumada a adoção não será permitida a saída do adotando do território nacional (§ 4º do art. 51, do ECA).
A adoção internacional já foi tratada em várias Convenções, Declarações e Tratados Multilaterais, com a fim de criar organismos que aprovem o melhor interesse para a criança, no entanto uma tem grande importância e destaque, a Convenção de Haia.
Numerosos problemas jurídicos e sociais relacionados à adoção internacional, começaram a serem debatidos na década de 60. Dentre os problemas destaca-se a corrupção, a busca de lucro, falsificação de registros de nascimento, intervenção de terceiros no processo de adoção, coerção dos pais biológicos, chegando até mesmo a venda e rapto de crianças, tudo isso causado por falta de fiscalização.
A Convenção veio situar procedimentos comuns para a aplicação do instituto da adoção, visando de tal modo resguardar o direito superior da criança, além disso, facilitar o reconhecimento das adoções nos outros países, tornando de certa forma o processo mais rápido.
O objetivo da convenção de Haia é dar transparência aos processos de adoções internacionais, bem como buscando a legalidade delas. Também tem como objetivo proteger o interesse superior da criança e do adolescente e respeitar os direitos fundamentais.
O Protocolo de Palermo é o órgão legal internacional que aborda o tráfico de pessoas, em tratando especificamente de mulheres e crianças. Completa a Convenção das Nações Unidas contra a Criminalidade Organizada Transnacional e deverá ser interpretado em conjunto com a mesma. Foi formado em 2000, tendo entrado em vigor em 2003 e sido sancionado pelo Brasil por meio do Decreto nº 5.017 de 12/03/2004, que o promulgou como “Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças”.
Trata-se do primeiro órgão global juridicamente vinculante com uma acepção consensual sobre o tráfico de pessoas, qual seja:
Art. 3º a) A expressão "tráfico de pessoas" significa o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração. A exploração incluirá, no mínimo, a exploração da prostituição de outrem ou outras formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços forçados, escravatura ou práticas similares à escravatura, a servidão ou a remoção de órgãos;
b) O consentimento dado pela vítima de tráfico de pessoas tendo em vista qualquer tipo de exploração descrito na alínea a) do presente Artigo será considerado irrelevante se tiver sido utilizado qualquer um dos meios referidos na alínea a);
c) O recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de uma criança para fins de exploração serão considerados "tráfico de pessoas" mesmo que não envolvam nenhum dos meios referidos da alínea a) do presente Artigo;
d) O termo "criança" significa qualquer pessoa com idade inferior a dezoito anos.
Essa definição tem o fim de promover a convergência de abordagens no que diz respeito à definição de infrações penais nas legislações nacionais para que possa haver uma cooperação internacional eficaz na investigação e nos processos em casos de tráfico de pessoas. Um objetivo adicional do protocolo é proteger e dar assistência às vítimas de tráfico, com pleno respeito aos direitos humanos.
Depois do tráfico de drogas e armas, o tráfico de pessoas é o mais lucrativo do crime organizado, cerca de 1,2 milhões de crianças são vendidas por ano no mundo.
Os crimes incidem em maiores proporções em países menos desenvolvidos, devido ao poder aquisitivo das famílias, que se tornam vítimas fáceis para os criminosos, tendo em vista a precária situação financeira das famílias.
As redes internacionais de tráfico operam de forma praticamente invisível para os olhos da sociedade e movimentam crianças no mundo inteiro. Essas redes agem dentro das favelas, em regiões afastadas e até mesmo nos grandes centros urbanos.
Ao longo do tempo leis de combate ao crime de tráfico de crianças foram e estão sendo aplicadas; um exemplo é a Convenção Interamericana sobre Tráfico Internacional de Menores. Entretanto mesmo com a aplicação e a existência de muitas medidas preventivas, tráfico de crianças continua acontecendo em grande número em todas as regiões do país. Cerca de 1,2 milhões de crianças são vítimas de tráfico humano por ano, muitas delas vendidas como escravas, como revela uma pesquisa da UNICEF.
Segundo a organização não governamental (ONG) Desaparecidos do Brasil, nos anos 80 e 90, aproximadamente 19.071 crianças brasileiras foram adotadas por casais americanos e europeus, no entanto, sua situação após a adoção era completamente desconhecida.
Quando uma criança é traficada ela pode ter diferentes destinos: em determinados casos ela é comercializada para uma família que a adota e a recebe como seu herdeiro consanguíneo, todavia em outros casos, crianças e adolescentes são traficados para realizar algum tipo de trabalho forçado ou são até mesmo forçados a se prostituir, ou a mendigar e roubar,enquanto outras são vítimas do tráfico de órgãos.
A adoção internacional estava, e ainda está sendo usada como uma forma de disfarçar o tráfico de crianças para o exterior, no entanto, com a nova lei de adoção é possível notar uma reação positiva contra o tráfico de crianças, isso acontece, pois, a nova lei de adoção acarreta dispositivos que dificultam o tráfico de menores, de forma que apenas aquele estrangeiro que tem real intenção de adoção passa ou passarão pelo processo necessário.
A antiga lei, chamada de Código do Menor, de 1979 facilitava muito o tráfico de crianças, beneficiando assim as adoções irregulares. Essas adoções ilegais eram feitas da seguinte forma: a pessoa interessada em adotar uma criança contratava certo advogado, o mesmo cobrava uma quantia altíssima para realizar o seu “trabalho”, e após alguns dias ele entregava ao casal adotante a criança com toda a documentação necessária.
As crianças que são adquiridas para a exercício de adoções ilegais, muitas vezes são entregues por suas mães biológicas, pois sofrem algum tipo de coação ou ainda em troca de algum benefício financeiro. Existem ainda os casos em que crianças são sequestradas, ou dadas como mortas assim que nascem, tais casos acontecem com a participação de médicos que mantém uma postura conivente com a situação.
Nos anos 80, o Brasil foi denominado de “Exportador de bebês” devido ao alto número de crianças traficadas; tal fato foi devido à grande facilidade de “adoção internacional” no país.
Tal circunstância obrigou o governo a tomar determinadas providências, e foi nesse cenário que nasceu o Estatuto da Criança e Adolescente. Com o novo Estatuto, aconteceram algumas modificações na lei de adoção, com o objetivo de impedir ou de, ao menos, tentar minimizar o tráfico de crianças, além de dificultar a ação de quadrilhas atuantes nessa área.
Outro grande passo dado pelo Brasil para combater o tráfico de crianças foi a adesão à Convenção de Haia, de 1993. A convenção é um tratado internacional que estabelece regras sobre adoção internacional e que foi incorporada ao ordenamento brasileiro pelo Decreto nº 3.087 de 1999.
A Convenção de Haia foi um ponto de virada do tráfico de crianças no Brasil, devido à instalação de Comissões Estaduais Judiciárias de Adoção Internacional. Além destas Comissões, também foi criado o Sistema de Autoridades Centrais, que passou a exercer o papel de fiscalizar e controlar o envio de crianças para o exterior, o que serviu como ferramenta de grande ajuda de combate ao tráfico internacional de crianças. Esse crime está tipificado no art. 239 do ECA e trata de duas posturas, que são caracterizadas como tráfico de crianças:
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro:
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003).
A primeira conduta a ser observada para ser caracterizado o crime é o envio de crianças ou adolescente sem a observância das formas legais, ou seja, sem passar pelos procedimentos necessários. A segunda é o objetivo de lucro.
A Organização das Nações Unidas também demonstrou sua preocupação com relação ao tráfico internacional de crianças no art. 35 da Convenção dos Direitos da Criança: 
“Art. 35. Os Estados Partes tomam todas as medidas adequadas, nos planos nacional, bilateral e multilateral, para impedir o rapto, a venda ou o tráfico de crianças, independentemente do seu fim ou forma”.
Está previsto neste artigo que os Estados ficam obrigados a adotar todas as medidas necessárias para combater e impedir o tráfico de crianças. Outro documento de grande importância para o combate ao tráfico de crianças foi a Convenção Interamericana sobre Tráfico Internacional de Menores, em 1995. Tal Convenção estabeleceu minuciosas normas de prevenção e sanção ao tráfico de crianças, tanto nos aspetos penais como civis.
A aptidão para julgar esse crime é da Justiça Federal, por estar indicado no art. 109, inciso V, da Constituição Federal de 1988, que crimes previstos por convenção internacional da qual o Brasil faz parte serão julgados por instância federal.

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