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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO COLEGIADO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Higor Emanuel João de Oliveira Larissa Medeiros Luan Gonçalves Kássio Rodrigues Responsabilidade social empresarial na cadeia de suprimentos Juazeiro 2017 Higor Emanuel João de Oliveira Larissa Medeiros Luan Gonçalves Kássio Rodrigues Responsabilidade social empresarial na cadeia de suprimentos Pesquisa bibliográfica apresentada à disciplina Gestão da Cadeia de Suprimentos como parte da composição da nota da Avaliação 03. Professora: Ana Cristina Castro Silva, D.Sc. Disciplina: Gestão da Cadeia de Suprimentos Juazeiro 2017 1. Introdução No cenário contemporâneo, cada vez mais as organizações são desafiadas a apresentar vantagens competitivas. Silva e Garbrecht (2016), afirmam que em razão das mutações que o contexto social vem sofrendo, a pretexto da globalização, esta apresentação de vantagens é necessária. Levando em conta estas ponderações, podemos depreender que, atualmente, é comum a perda de controle sobre o desenvolvimento sustentável das organizações. O que pode fazer com que o ciclo de vida das empresas se torne cada vez mais abreviado. Neste contexto de tríade de análise entre a sustentabilidade econômica do negócio, em confronto à sustentabilidade ambiental e também sustentabilidade social, pode-se verificar uma crescente importância da responsabilidade social empresarial nas organizações. De acordo com Lélis (2006), a preocupação com a responsabilidade social tem se intensificado nos últimos anos, e suas práticas diversificadas aplicadas em diversos setores. No ambiente empresarial, passou a ser um aspecto a mais a ser considerado, visto que a concorrência, os consumidores e a sociedade também têm estimulado esse interesse. Dentro deste ambiente, Cardoso (2009), afirma que na Cadeia Produtiva, a responsabilidade social é um ato permanente e contínuo voltado para o investimento social da empresa, agregando valor ao seu produto, envolvendo toda a Cadeia Produtiva na busca da ética cooperativa, da cidadania responsável por toda cadeia produtiva social. Ashley (2005) indica que a responsabilidade social é o comprometimento da organização com a sociedade, atuando de forma positiva para com os atores ligados a ela, de forma ética, inclusive prestando contas. Logo, responsabilidade social é toda e qualquer prática que busque eliminar os impactos, de forma sustentável, atuando positivamente na qualidade de vida dos envolvidos. Para o Instituto Ethos, a Responsabilidade Social Empresarial é a atividade econômica orientada para a geração de valor financeiro, ético, social e ambiental, cujos resultados são compartilhados com os públicos afetados. Para tanto, as empresas precisam praticar a responsabilidade social em suas áreas de atuação, e internamente, em seus processos e estruturas organizacionais, e neste contexto, o presente trabalho busca compreender as formas como as empresas lidam com esta responsabilidade social, como este tópico surgiu e se contextualizou no Brasil, quais são as diretrizes para a sua implementação, além de exemplos práticos de empresas que incorporam a responsabilidade social dentro da sua cadeia de suprimentos. 2. Responsabilidade Social Empresarial no Brasil Abaixo encontram-se as principais ocorrências no Brasil em relação à RSE desde 1960. Principais ocorrências históricas sobre a RSE no Brasil Anos 60 Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE) RSE começa a ser discutida. Função Social e bem estar dos trabalhadores. Anos 70 2º Encontro Nacional de Dirigentes de Empresas RSE ganha destaque e projeção relativa na sociedade 1984 Nitrofértil, empresa estatal situada na Bahia Publicação do primeiro balanço social feito no Brasil 1986 Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social Entidade privada, sem fins lucrativos, visando à humanização das empresas e sua integração social. Década de 90 ONG e Institutos diversos Surgimento de ONGs, institutos, e entidades sensibilizadas com a questão. 1992 BANESPA BANESPA publica um relatório com suas ações sociais. 1992 Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento Rio 92 ou Eco-92 175 países reunidos para discutir temas ambientais e relevantes à sociedade. Agenda 21. 1995 Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE) Primeira entidade com o enfoque na filantropia, cidadania e responsabilidade empresarial, objetivando reduzir as desigualdades sociais, visando a melhoria e transformação da sociedade. 1997 1998 Instituto Brasileiro de Análises Econômicas Lançamento do modelo do Balanço Social. Lançamento do selo do Balanço Social. 1997 Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) Foi criado o CEBDS que faz parte de uma rede de conselhos nacionais vinculados ao World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) 1998 Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social Criação do INSTITUTO ETHOS, entidade que visa promover a inserção dos empresários às práticas de Responsabilidade Social, com publicações, programas e eventos 2000 Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social Criação dos Indicadores Ethos, um sistema de avaliação para as práticas sociais executadas pelas empresas Fonte: Adaptado de Coutinho (2014) apud Souza (2006) e Trevisan (2002) 3. Responsabilidade Social Empresarial Tem como objetivo uma relação com a sociedade por parte da empresa, com a intenção de oferecer desenvolvimento sustentável, transparência da empresa com os agentes envolvidos e diminuir impactos negativos em termos ambientais. Também é visto na RSE (Responsabilidade Social Empresarial) uma visão de contribuir ou investir na qualidade de vida dos colaboradores e seus dependentes, não só no ambiente de trabalho, mas também além da organização. 3.1 A empresa em relação à responsabilidade social É visto que ao decorrer dos anos as empresas têm apresentado uma preocupação ou sensibilidade com o social. Campanhas cada vez mais vistas. Estas campanhas para serem uma responsabilidade social, não podem ser apenas para cumprir obrigações legais, mas devem ser assumidas a responsabilidade. 4. Reconhecimento da Responsabilidade Social A relação da empresa -Sociedade; Empresa – Partes interessadas e Partes Interessadas– Sociedade devem ser altamente analisada, a necessidade de entender o quanto que as decisões e atividades da organização impactam no meio ambiente e sociedade faz com que a empresa saia na frente para uma aplicação do RSE. Segundo a ISO 26000, a responsabilidade social se expressa pelo desejo e pelo propósito das organizações em incorporarem considerações socioambientais em seus processos decisórios e a responsabilizar-se pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente. Isso implica um comportamento ético e transparente que contribua para o desenvolvimento sustentável, que esteja em conformidade com as leis aplicáveis e seja consistente com as normas internacionais de comportamento. Também implica que a responsabilidade social esteja integrada em toda a organização, seja praticada em suas relações e leve em conta os interesses das partes interessadas. 5. Responsabilidade Social voltada para a Cadeia de Suprimentos e de Valor Segundo Cardoso a responsabilidade social na cadeia produtiva visa agregar valor ao produto ou serviço disponibilizado pela organização, deve ser contínuo e permanente, buscando a ética produtiva e a cidadania responsável por toda cadeia de suprimentos. Ao longo do tempo o sistema logístico evoluiu de forma significativa, passando a se preocupar não somente com o processo produtivo interno e externo, mas também com as questões sociais que afligem a sociedade contemporânea. Ao se importar com a responsabilidade social na cadeia produtiva, as organizações ganham vantagem competitiva no mercado, pelo fato de muitos consumidores preocuparem-se com questões muito além de preço e qualidade, mas também com fatores éticos e morais que tanto importam na sociedade atual. Diante das necessidades sociais é que as empresas buscam explorar pontos estratégicos afim de adquirirem vantagem competitiva, em um mercado cada vez mais acirrado, em que se diferenciar dos concorrentes está cada vez mais difícil. Com isso implantar a responsabilidade social na cadeia produtiva pode ser o diferencial para de destacar frente a concorrência. Assim observa-se a responsabilidade social empresarial tanto na cadeia de suprimentos quanto na cadeia de valor. Sendo seus conceitos definidos abaixo de acordo com a definição de Cardoso: Cadeia de Suprimentos: É o processo de fluxo de materiais e informações que geram valor através da produção de produtos e/ou serviços, os colocando à disposição dos consumidor final. Cadeia de Valor: A cadeia de valor está relacionado com o que os clientes estão dispostos a pagar pelos produtos e serviços ofertados. Divide-se em atividades primarias e de apoio, a primeira relaciona-se com a atividade produtiva da empresa (logística, vendas, produção, entre outros), e as de apoio servem de suporte para as atividades primárias (recursos humanos, TI, etc). A sustentabilidade na cadeia de valor visa a gestão estratégica dos impactos sociais e ambientais de matérias-primas e serviços, desde os fornecedores, subfornecedores e prestadores de serviços até o cliente final e etapas pós-consumo. Normalmente o foco da responsabilidade social na cadeia são os fornecedores, pois são as relações com estes que geram maior influência e responsabilidade no processo. Porém para total eficiência na gestão da responsabilidade social é necessário observar a cadeia produtiva como um todo, desde as operações mais simples as mais complexas (LÉLIS, 2006). Assim as empresas que se importam com a responsabilidade social, devem exigir uma serie de predeterminações de seus fornecedores como: exigir o cumprimento das práticas de responsabilidade social e monitorar seu cumprimento periodicamente; fiscalizar o cumprimento da legislação trabalhista, fiscal e previdenciária; estabelecer critérios para proibir práticas de discriminação; coibir expressamente o trabalho infantil; e monitorar se o fornecedor está cumprindo suas obrigações trabalhistas em relação a trabalhadores terceirizados (SANTOS, 2011) 6. Possíveis ganhos com o enfoque na cadeia de valor Análise SWOT da implantação da responsabilidade social empresarial na cadeia de valor segundo Coutinho, Pinto e Santos (2014). Conforme Coutinho; Pinto e Santos (2014), focar na responsabilidade social empresarial na cadeia de valor pode trazer ganhos a empresa, tais como: - Em imagem, pelo fortalecimento e fidelidade à marca; - Aos acionistas e investidores, pela valorização da empresa na sociedade e no mercado; - Em retorno publicitário, advindo da geração de mídia espontânea; - Em tributação, com as possibilidades de isenções fiscais em âmbitos municipal, estadual e federal para empresas patrocinadoras ou diretamente para os projetos; - Em produtividade e pessoas, pelo maior empenho e motivação dos funcionários e; - Os ganhos sociais, pelas mudanças comportamentais da sociedade. 7. Exemplo da BOSCH Brasil: - A Bosch implantou diretrizes de compras baseadas nos dez princípios básicos do Pacto Global das Nações Unidas; - Os contratos com os fornecedores são redigidos estipulando que eles devem estar em conformidade com as normas trabalhistas básicas da International Labor Organization (ILO) [Organização Internacional do Trabalho] e as normas ambientais gerais; - Elas incluem a declaração das obrigações e a proibição dos materiais que sejam nocivos para o meio ambiente; - São realizadas auditorias com os fornecedores para verificar se eles estão familiarizados e em conformidade com esses requisitos; - A Bosch se recusa a trabalhar com empresas que violem essas regulamentações e espera que seus fornecedores preferenciais tenham um sistema de gestão ambiental certificado em vigor. - Da preferência a fornecedores nacionais, com o objetivo de gerar e manter empregos; - O foco nas aquisições no mercado interno brasileiro estende-se às aquisições de serviços tão diversos como infraestrutura, logística, treinamento e informática. - treinamento aos fornecedores, para capacita-los a se tornarem parceiros a nível mundial - Os fornecedores asseguram, contratualmente, igualdade de tratamento a todos os seus colaboradores; - Não aceitação de qualquer tipo de discriminação e repúdio à exploração de trabalho escravo ou infantil. (BOSCH NO BRASIL). 8. Diretrizes para a implantação eficaz nas organizações Segundo o Instituto Ethos (2014), a responsabilidade social reativa à cadeia de valor pode ser implantada nas organizações através de medidas que contemplem os seguintes temas: Visão estratégica, Governança e gestão, Sociale Meio ambiente. Taís temas geram indicadores e especificações capazes de nortear as organizações. Os principais indicadores estão listados a seguir: - Visão Estratégica Modelo de Negócios Desenvolver parcerias com fornecedores, visando à melhoria de seus processos de gestão; e participa da destinação final dos produtos pós-consumo. - Governança e Gestão Engajamento das Partes Interessadas Trata-se de processo que envolve a identificação das partes interessadas com o propósito de estabelecer com elas um diálogo que possa contribuir para o seu engajamento no processo de aperfeiçoamento da conduta da empresa. -Práticas Anticorrupção A corrupção pode também causar danos irreversíveis ao meio ambiente. A violação do poder transita, assim, na contramão do comportamento ético, princípio fundamental e cuja obediência é imprescindível para a sustentação de relações legítimas e de uma saudável produtividade por parte das organizações. - Sistema de Gestão de Fornecedores O Sistema de Gestão dos Fornecedores consiste em um conjunto de mecanismos estabelecidos pela empresa com vistas a assegurar que o comportamento desses seus parceiros esteja alinhado aos princípios de RSE/ sustentabilidade. Código de Conduta Estender o Código de conduta à cadeia de suprimentos. Social - Trabalho Infantil na Cadeia Produtiva Para assegurar a erradicação dessa transgressão, qual seja, da exploração do trabalho da criança e do adolescente, a empresa deve adotar mecanismos de controle da cadeia de suprimentos. -Trabalho Forçado (ou Análogo ao Escravo) na Cadeia Produtiva A coibição do Trabalho Forçado (ou análogo ao Trabalho Escravo) na cadeia de suprimentos constitui direito fundamental do trabalho. Para assegurar sua erradicação, ou seja, a exploração do trabalho escravo, a empresa deve adotar mecanismos de controle na cadeia de suprimentos. - Promoção da Diversidade e Equidade Combate a discriminação e comportamentos que não promovem a igualdade em relação aos fornecedores. Meio Ambiente - Prevenção a Poluição Incentivar a cadeia de fornecedores na introdução de práticas de prevenção à poluição e desenvolvimento de produção mais limpa. - Educação e Conscientização Ambiental Envolver fornecedores em campanhas de educação e conscientização ambiental. De acordo com a norma SA 8000, relacionado à cadeia de fornecedores devemos considerar: Trabalho infantil, Trabalho forçado, Práticas disciplinares, Discriminação e controle de Fornecedores. 9. Conclusão Diante do cenário atual, onde devido à concorrência empresas disputam pedaços e pequenas fatias de mercado qualquer diferenciação competitiva pode trazer vantagens e consequentemente maior lucro, a responsabilidade social, desde a cadeia de suprimentos até o relacionamento direto com o cliente, surge justamente como uma forma viável e ética para desenvolver a concepção da marca pelos consumidores e stakeholders. Há diversas maneiras para implementar de forma eficaz e assegurar essa estratégia, desde aplicabilidade de normas ISO até como isso afetará o relacionamento com as empresas parceiras, como por exemplo: Engajamento com os colaboradores, Práticas Anticorrupção, Gestão de Fornecedores, Meio ambiente, Direito do Trabalho e Concorrência Legal. Fazendo com que seja necessário cada vez mais as empresas pesquisarem e incorporarem a RSE ao seu contexto e práticas. Referências ASHLEY, P. A. Ética e responsabilidade social nos negócios. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. BOSCH NO BRASIL, Cadeia de suprimentos. Disponível em: <http://www.brasil.bosch.com.br/pt/br/br_main/sustainability_innovation_1/governanca_corporativa/sistemas_d e_gestao/cadeia_de_suprimentos/cadeia_de_suprimentos_1.html Acesso em: 20 de set. de 2017. CARDOSO, J. A Responsabilidade Social na Cadeia de Fornecedores. 2009. Disponível em:< http://www.machadosobrinho.com.br/revista_online/publicacao/artigos/Artigo01REMS.pdf>Acesso em 19 de set. de 2017. COUTINHO, C. G.; PINTO, T. R.; SANTOS, S. C. A. Responsabilidade Social Empresarial na Cadeia de Valor: Diretrizes para implantação, 2014. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/295856839_RESPONSABILIDADE_SOCIAL_EMPRESARIAL_N A_CADEIA_DE_VALOR_DIRETRIZES_PARA_IMPLANTACAO> Acesso em: 19 de set de 2017. ETHOS - Instituto ETHOS de Empresas & Responsabilidade Social e SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Responsabilidade social empresarial para micro e pequenas empresas: passo a passo. São Paulo: ETHOS/SEBRAE, 2003. INMETRO. Responsabilidade Social: Norma ISO 26000. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/iso26000.asp>.Acesso em: 19 de set de 2017. LÉLIS, E. C. Responsabilidade Social na Cadeia de Suprimentos. ENEGEP, Fortaleza, 2006. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2006_TR550371_8529.pdf> Acesso em: 21 de set de 2017. SILVA, E. J. GARBRECHT, G. T. Custos empresariais: uma visão sistêmica do processo de gestão de uma empresa. Curitiba: InterSaberes, 2016. SOUSA, Ana Carolina Cardoso. Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável: A incorporação dos Conceitos à Estratégia Empresarial Rio de Janeiro. 2006. Dissertação – Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE/UFRJ, M.Sc., Planejamento Energético. 2006. Disponível: <http://www.ppe.ufrj.br/ppe/production/tesis/sousacc.pdf> Acesso em: 20 de set de 2017. TREVISAN, Fernando Augusto. Balanço Social como Instrumento de Marketing. RAEeletrônica, Volume 1, Número 2, jul-dez/2002. Editora: Fundação Getulio Vargas – Escola de Administração de Empresas de São Paulo. 2002. Disponível: <http://www.scielo.br/pdf/raeel/v1n2/v1n2a17.pdf> Acesso em: 20 de set de 2017.
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