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1. DEFINIÇÃO A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma enfermidade respiratória prevenível e tratável, que se caracteriza pela presença de obstrução crônica do fluxo aéreo, que não é totalmente reversível. A obstrução do fluxo aéreo é geralmente progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas ou gases tóxicos, causada primariamente pelo tabagismo. Embora a DPOC comprometa os pulmões, ela também produz conseqüências sistêmicas significativas. O processo inflamatório crônico pode produzir alterações dos brônquios (bronquite crônica), bronquíolos (bronquiolite obstrutiva) e parênquima pulmonar (enfisema pulmonar). A predominância destas alterações é variável em cada indivíduo, tendo relação com os sintomas apresentados. A bronquite crônica é uma doença produzida por uma excessiva produção de muco traqueobrônquico que se manifesta com tosse e expectoração no mínimo 3 meses ao ano durante mais de 2 anos consecutivos. O enfisema é uma doença do pulmão caracterizada por um crescimento anormal dos alvéolos pulmonares por destruição de seus tabiques. 2. FATORES DE RISCO PARA DPOC Fatores externos • Tabagismo É o fator que mais se relacionou com a bronquite crônica durante a vida e com o grau de enfisema após a morte na autópsia. Nos fumantes a queda da função respiratória é o dobro e naqueles fumantes suscetíveis de desenvolver a DPOC a queda triplica e inclusive quadruplica.Esta suscetibilidade não pode ser explicada pela quantidade de cigarros fumados, em vista de existirem outros fatores de suscetibilidade pessoal que fazem com que 15 a 20% dos fumantes desenvolvam uma DPOC e não o restante. Observou-se que a obstrução das pequenas vias respiratórias é o defeito mecânico demonstrável mais precoce nos fumantes jovens e que essa obstrução pode desaparecer por completo ao deixar de fumar. Ainda que o abandono do tabaco não dê lugar à reversão completa nos casos de obstrução mais pronunciada, existe uma lentidão significativa da deterioração da função pulmonar em todos os fumantes que abandonam o tabaco. Portanto, nunca é tarde para deixar de fumar. Além disso, os não fumantes que convivem com fumantes (fumantes passivos) possuem níveis elevados de monóxido de carbono, o que indica que estão significativamente expostos à fumaça do tabaco. • Poluição do ar Existem mais bronquíticos crônicos e enfisematosos em áreas urbanas muito industrializadas. Além disso, o agravamento da bronquite guarda relação com períodos de maior contaminação. • Irritantes químicos • Fumaça de lenha • Infecções respiratórias graves na infância A asma e a DPOC podem ser encontradas até 40% mais em indivíduos que procedem de famílias com doenças respiratórias. Ainda que estar exposto ao mesmo ambiente pudesse ser um fator determinante, está demonstrado que a suscetibilidade persiste após a correção dos fatores do meio ambiente. • Condição socioeconômica Fatores individuais • Deficiência de alfa-1 antitripsina • Deficiência de glutationa transferase • Alfa-1 antiquimotripsina • Hiper-responsividade brônquica • Desnutrição • Prematuridade 3. QUEM SOFRE COM A DOENÇA Aproximadamente 20% dos homens adultos tem bronquite crônica, ainda que apenas uma minoria esteja incapacitada. Os homens são afetados com mais freqüência que as mulheres, embora o consumo de tabaco entre as mulheres tenha aumentado e também o número de mulheres com doenças respiratórias. Desenvolverão a DPOC aproximadamente 15% dos fumantes. 4. DIAGNÓSTICO São básicas a história dos sintomas e a exploração física. Como provas complementares podem ser usados: Espirometria: Permite confirmar o diagnóstico e quantificar a gravidade do processo. Na DPOC existe uma diminuição do Volume Espirante Máximo em um Segundo (VEMS) que não aumenta com broncodilatadores. Entretanto, o volume residual do pulmão, depois de tirar todo o ar possível, está aumentado devido ao fato de não poder tirar o ar devido à obstrução dos brônquios e o ar vai acumulando-se. Gasometria arterial: É uma análise para medir a quantidade de oxigênio e dióxido de carbono no sangue das artérias. A primeira anormalidade presente na DPOC é a hipoxia moderada; constata-se a retenção de anidro carbônico no sangue quando a doença está mais avançada. Os testes de exercício são úteis para objetivar o grau de dispnéia, a afetação cardíaca, a aparição de hipoxia durante o exercício e o grau de limitação para a vida diária. Eletrocardiograma: Mostra uma sobrecarga do coração, fundamentalmente se existe uma cor pulmonar. Também são freqüentes as arritmias. Exame radiológico: Tanto a radiografia de tórax como o exploratório torácico ajudam o diagnóstico, ainda que não sejam definitivos. 5. TRATAMENTO Broncodilatadores Corticóides (Orais e Inalatórios), N- Acetilcisteína (agente mucolítico), Oxigenoterapia Tratamento da Hipertensão Pulmonar. Tratamento dos Agravamentos A DPOC pode agravar-se bruscamente por infecções pulmonares, aumento da umidade ou da poluição ambiental e pelo tabagismo. A maioria destes reagravamentos podem ser tratados no ambulatório, ainda que em ocasiões, e quanto mais avançada estiver a doença, a falha respiratória pode ser mais severa requerendo sua internação em um hospital e, inclusive, em uma unidade de cuidados intensivos. Para diminuir a resistência à passagem do ar nas vias aéreas serão utilizados broncodilatadores e corticóides. Os corticóides são os principais agentes antiinflamatórios. A via inaladora é a mais adequada porque alcança-se o maior benefício com os mínimos efeitos adversos. Também podem ser administrados por via oral e intravenosa. Vacinação As vacinas para influenza e para pneumococo são recomendadas para todos os indivíduos portadores de DPOC. Entretanto, os índices de vacinação ainda não são os ideais. A vacina para influenza previne o número de exacerbações e a da pneumonia diminui a incidência de doença pneumocócica invasiva, sem, contudo, ter impacto significativo na redução da morbi-mortalidade. A vacinação com as duas vacinas produz um efeito aditivo e é capaz de reduzir as exacerbações mais eficazmente e, por isso, estão indicadas para todos os pacientes portadores de DPOC. Tratamento do Cor Pulmonale A medida fundamental é a correção da hipoxia mediante a administração de oxigênio. Diversos broncodilatadores e outros fármacos que produzirem dilatação das artérias pulmonares também são vantajosos. Transplante Pulmonar É a medida mais drástica no tratamento da DPOC muito grave. O transplante duplo de pulmão é a técnica de escolha. A principal indicação de transplante na DPOC é o déficit de alfa-1-antitripsina, que desenvolvem uma DPOC terminal aos 30 - 40 anos de idade. REFERÊNCIAS MEDGRUPO – Ciclo 1: Medcurso de Pneumologia. São Paulo: Medyklyin, 2010 http://www.jornaldepneumologia.com.br/PDF/Suple_124_40_DPOC_COMPLETO_FINALimpresso.pdf HALL, J.E.. Tratado de Fisiologia Médica – 12 ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. Vacinação profilática em pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica. Prophylatic vaccinations in chronic obstrutive pulmonary disease. Mauro Zamboni Fisiologia do Sistema Respiratório FISIOPATOLOGIA DPOC Medicina - 3º Período Professor Erik Trovão Discentes: Alessandra Brasil, Darwin Ribeiro, Gabriela Vaz, Mateus Braz, Natasha Lins, Priscila Werton, Rodolpho Barbosa, Samara Nóbrega e Stephanie Catunda