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Estado patológico caracterizado por progressiva obstrução do fluxo aéreo, em grande parte irreversível, normalmente com aparecimento clínico em pessoas de meia-idade ou idosos com um histórico de consumo de cigarros, e que não pode ser atribuída a outra doença específica. A DPOC inclui enfisema (destruição e dilatação dos alvéolos pulmonares), bronquite crônica (tosse crônica e expectoração purulenta – MANIFESTAÇÃO CLÍNICA) e doença das pequenas vias respiratórias (OBSTRUÇÃO - bronquíolos de pequeno calibre se encontram estreitados – hiperplasia e acúmulo – por muco e fibrose). É uma doença primária do pulmão, mas existem consequências sistêmicas da DPCO, como complicações endocrinometabolicas (osteoporose, diabetes...), cardiovasculares e nutricionais. ENFISEMA PULMONAR O enfisema é definido patologicamente pelo aumento anormal dos espaços aéreos, devido à destruição e deformação das paredes alveolares. A gravidade do enfisema pode variar em pacientes com DPOC com graus semelhantes de obstrução ao fluxo aéreo. A sociedade torácica americana definiu enfisema como um aumento histológico do espaço alveolar, pela destruição da arquitetura do alvéolo. A patogênese do enfisema compreende quatro eventos inter-relacionados: (1) a exposição crônica à fumaça de cigarros, leva ao recrutamento de células inflamatórias e imunes para o interior dos espaços aéreos terminais do pulmão; (2) essas células inflamatórias liberam proteinases outras que destroem a matriz extracelular dos pulmões; (3) a morte celular estrutural (células endoteliais e epiteliais) ocorre diretamente por meio da lesão oxidativa induzida pela fumaça do cigarro e pela senescência, assim como indiretamente por meio da perda proteolítica de ligação da matriz; (4) um reparo ineficaz da elastina e de outros componentes da matriz extracelular leva ao alargamento dos espaços aéreos que define o enfisema pulmonar. Após exposição de longo prazo à fumaça do cigarro, células inflamatórias são recrutadas para o pulmão; elas liberam proteinases com excesso de inibidores, e se o reparo for anormal, isso levará à destruição e ao alargamento do espaço aéreo ou enfisema. MEC, matriz extracelular; MPM, metaloproteinases matriciais. ENFISEMA CENTROACINAR: dilatação de bronquíolo terminal e bronquíolo respiratório, mas que poupa os sacos alveolares e os alvéolos. Esse padrão é praticamente exclusivo de fumantes, e típico nos lobos superiores. ENFISEMA CENTROACINAR: toda estrutura é prejudicada, desde bronquíolos terminais, bronquíolos respiratórios, sacos alveolares e alvéolos. Típico de lobos inferiores. BRONQUITE CRÔNICA A bronquite crônica é definida clinicamente como tosse persistente e produção de expectoração e patologicamente como o alargamento anormal das glândulas mucosas no seio das vias aéreas centrais cartilaginosas. A DPOC está presente apenas quando há obstrução crônica do fluxo aéreo. A sociedade torácica americana definiu bronquite crônica como “tosse crônica por 3 meses, em 2 anos consecutivos”. DPOC representa um problema crescente de saúde pública mundial, embora as estimativas variem muito. Fumar cigarros é o principal fator de risco para DPOC, assim a prevalência tende a refletir os hábitos tabágicos da sociedade. O consumo de cigarros se estabilizou ou diminuiu em países desenvolvidos, mas a prevalência pode aumentar à medida que a população envelheça. A maior carga futura da DPOC pode ser antecipada na Ásia e outras regiões do mundo devido ao aumento rápido do consumo de cigarro. A limitação do fluxo aéreo (principal alteração fisiológica da DPOC), pode provir da obstrução das pequenas vias respiratórias e do enfisema. As pequenas vias respiratórias são estreitadas por células (hiperplasia e acúmulo), muco e fibrose. A ativação do fator de crescimento transformador β (TGF-β) contribui para a fibrose das vias respiratórias, enquanto a falta de TGF-β pode contribuir para a inflamação do parênquima e o enfisema. A redução persistente das taxas de fluxo expiratório forçado é a anormalidade mais típica da DPOC. Também são observados aumentos dos volumes residuais e da razão volume residual/ capacidade pulmonar total, distribuição não uniforme da ventilação e desequilíbrio da ventilação-perfusão. OBSTRUÇÃO DO FLUXO AÉREO Geralmente determinada pela espirometria, que inclui manobras de expiração forçada após a inspiração até sua capacidade pulmonar total. Em pacientes com DPOC, ocorre redução crônica da razão VEF1/CVF (volume expiratório forçado em 1 segundo/capacidade vital forçada). Ao contrário da asma, a inalação de broncodilatadores não ajuda, embora seja comum observar em alguns pacientes melhorias de até 15%. Os pacientes com asma também podem apresentar obstrução crônica do fluxo aéreo (parcialmente reversível). HIPERINSUFLAÇÃO ocorre “encarceramento do ar” (aumento do volume residual e da razão ente VR e CPT) e hiperinsuflação progressiva (ampliação da Capacidade Pulmonar Total) nos estágios avançados da DPOC. A hiperinsuflação do tórax preserva o fluxo expiratório máximo, porque à medida que o volume pulmonar aumenta, a pressão da retração elástica se eleva e as vias áreas dilatam- se, de modo que a resistência diminui, compensando a obstrução das vias aéreas. A hiperinsuflação pode empurrar o diafragma para uma posição retificada. Por causa da redução da zona de aposição entre o diafragma e a parede abdominal, a pressão abdominal positiva durante a inspiração não é aplicada eficientemente na parede torácica, limitando os movimentos do gradil costal e dificultando a inspiração. Além disso, as fibras musculares do diafragma retificado são mais curtas, elas possuem então menor capacidade de gerar pressões inspiratórias. Ainda mais, o diafragma retificado precisa gerar tensão maior para desenvolver a pressão transpulmonar necessária para produzir respiração recorrente. Em último lugar, o gradil torácico está distendido além do seu volume de repouso normal, e durante a respiração, os músculos precisam realizar esforço para suplantar a resistência do gradil e insuflar ainda mais os pulmões. TROCA GASOSA GASOSA: PaO2 permanece normal até que o VEF1 fique reduzido a cerca de 50% do normal, porém em repouso, níveis menores que 50% podem deixar a PaO2 normal. A PaCO2 não aumenta até que o VEF1 seja < 25% do normal, e ainda sim, pode não ocorrer aumento. A hipertensão pulmonar grave, ao ponto de causar cor pulmonar e insuficiência ventricular direita decorrente de DPOC ocorre com redução extremas do VEF1 e hipoxemia crônica (PaO2 < 55 mmHg). Alguns pacientes desenvolvem hipertensão pulmonar mesmo que a gravidade da DPOC seja baixa. O desequilíbrio da ventilação-perfusão é responsável por quase toda redução da PaO2, assim o volume de shunting é mínimo. Há necessidade de investigar outros problemas além da DPOC quando for difícil corrigir a hipoxemia com níveis modestos de oxigênio suplementar. Além do tabagismo (clássico), há também a exposição ambiental (mina de carvão, mina de ouro, tecelagem de algodão...). No diagnóstico, DPOC não pode ser excluída apenas pelo fato de o paciente não fumar ou ter carga tabágica baixa. TABAGISMO É o principal fator de risco para a mortalidade por bronquite crônica e enfisema. Declínio acelerado do VEF1, em relação dose- resposta com a intensidade do tabagismo, expresso em maços-anos. Essa relação dose- resposta entre a redução da função pulmonar e a intensidade do tabagismo explica as taxas de prevalência mais altas de DPOC com o aumento da idade. CARGA TABÁGICA: número médio de maços de cigarro fumados por dia, multiplicado pelo número total de anos de tabagista. 1 MAÇO = 20 CIGARROS. A prevalência historicamentemais alta de tabagismo entre homens é a explicação provável para a prevalência mais alta de DPOC no sexo masculino; entretanto, a prevalência da DPOC entre as mulheres tem aumentado nos últimos 50 anos à medida que diminui a diferença nos índices de tabagismo entre os dois sexos. RESPONSIVIDADE DAS VIAS AÉREAS A origem da asma é vista como doença alérgica, enquanto a DPOC resulta primariamente de inflamação e dano relacionados ao tabagismo. Porém, tanto a asma como a hiper responsividade das vias aéreas são fatores de risco para a DPOC. INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS são causas importantes de exacerbações da DPOC, estando associadas com maior perda da função pulmonar longitudinalmente. Pneumonia na infância pode levar a maiores riscos de DPOC em idades mais avançadas. EXPOSIÇÕES OCUPACIONAIS são menos importantes do que o efeito do tabagismo. Porém pode acontecer pela exposição à poeira e vapores no local de trabalho, como aos pós das minas de carvão. POLUIÇÃO DO AR DO AMBIENTE Exposição prolongada à fumaça produzida pela combustão de biomassa, porém é um fator de risco muito menos importante. EXPOSIÇÃO PASSIVA AO TABAGISMO exposição de crianças reduz o crescimento pulmonar, exposição intrauterina reduz a função pulmonar pós-natal. CONSIDERAÇÕES GENÉTICAS A deficiência grave de α1AT é um fator de risco genético comprovado para DPOC; há evidência crescente de que também existam outros determinantes genéticos. DEFICIÊNCIA DE α1-ANTITRIPSINA: o alelo M comum está associado a níveis normais de a1- AT. O alelo S traduz níveis ligeiramente reduzidos, e o alelo Z está associada à redução acentuada das concentrações de a1-AT, ocorrendo com frequências > 1 % na população branca. Existe a herança rara de alelos nulos, que lavem a ausência de qualquer produção de a1-AT. Os indivíduos com dois alelos Z, sendo um Z e outro nulo, são descritos como Piz, forma mais comum e grave da deficiência de a1-AT. Representam 1% dos pacientes com DPOC, com início precoce, e a asma e o gênero masculino parece elevar o risco de DPOC nos Piz. OUTROS FATORES: fenótipo IP, 20 regiões do genoma contendo loci de suscetibilidade pra DPOC e uma região de um gene de função desconhecida. Os efeitos do tabagismo sobre a função pulmonar dependem da intensidade da exposição ao tabaco, da fase do crescimento na qual houve exposição e da função pulmonar inicial do indivíduo. A maioria das pessoas tem uma trajetória progressiva de elevação da função pulmonar na infância e na adolescência, seguida de um platô na vida adulta e de um declínio gradativo com o envelhecimento. A morte ou Incapacitação causadas pela DPOC podem advir de uma taxa normal de declínio após uma fase de crescimento reduzida (curva C), de um início precoce do declínio da função pulmonar após um crescimento normal (curva B), ou de um declínio acelerado após um crescimento normal (curva D). Além disso, muitas pessoas que preenchem critérios espirométricos para DPOC tiveram crescimento reduzido, mas taxas normais de declínio da função pulmonar. Essa taxa pode ser modificada pelas alterações das exposições ambientais e cessação do tabagismo. A perda anual absoluta no VEF1 tende a ser maior na DPOC leve e menor na DPOC muito grave. PRINCIPAIS SINTOMAS Os três sintomas mais comuns são tosse, produção de escarro e dispneia aos esforções, e alguns pacientes apresentam esses sintomas durante vários meses ou anos antes de buscarem auxílio médico. O aparecimento da obstrução do fluxo aéreo é um processo gradativo, porém em muitos pacientes ela é se apresenta como uma doença aguda ou exacerbação. O início da dispneia de esforço (esforço para respirar), sensação de peso, ou falta de ar são sintomas comuns, até mesmo atividades físicas com braços elevados ao nível dos ombros ou acima são mais difíceis para os pacientes com DPOC. Á medida que a doença avança, a principal manifestação é o agravamento da dispneia aos esforços, e nos estágios mais avançados, os pacientes manifestam dispneia em atividades simples da vida diária. Quando ocorre agravamento da obstrução do fluxo aéreo, há aumento das exacerbações, podendo manifestar hipoxemia em repouso e necessidade de oxigênio suplementar. - Tosse produtiva por 3 meses, por 2 anos consecutivos (bronquite crônica); - Desconforto torácico; - Hemoptise (pode provim da bronquite crônica ou de uma bronquiectasia secundária, mas também pode ser resultado de uma tuberculose ou câncer de pulmão, principalmente se o paciente não tinha e agora teve, pois tem fator de risco pelo tabagismo); - Dispneia progressiva (dificuldade é a inspiração, já que a obstrução de via aérea prejudica a musculatura inspiratória. O fluxo expiratório é limitado, causando uma hiperinsuflação pulmonar, e para vencer a resistência, aumenta-se a força inspiratória. Nesses casos, a musculatura infra- hioide é usada em excesso. O paciente “luta” para inspirar); - Taquipneia (respiração acelerada); - Intolerância a exercício (Intolerância ao exercício é um conjunto complexo que culminam com isso, questão cardiovascular, questão ventilatória, questão nutricional e hiperinsuflação dinâmica.); HIPERISUFLAÇÃO DINÂMICA: Uma pessoa que faz um exercício físico qualquer, há aumento da demanda ventilatória. Para suprir a demanda ventilatória, aumenta-se o volume minuto (volume corrente x frequência respiratória). Quem é DPOC já tem o volume corrente no limite, já tem o pulmão com elevação dos volumes pulmonares e a hiperinsuflação. Então, para compensar, aumenta-se o volume minuto aumentando a frequência respiratória, que causa uma tacpneia. Conforme vai aumentando a frequência respiratória, vai diminuindo o tempo expiratório. DPOC atrapalha a saída de ar e aumenta o aprisionamento aéreo. O paciente vai piorando dinamicamente sua hiperinsuflação pulmonar. - Limitação de atividades (quando a doença começa a debilitar o exercício, já não há reabilitação cardiopulmonar. paciente perde o condicionamento, pode desnutrir, piorando sua ventilação e limitando as atividades; - Hipoxemia (a baixa de oxigênio é comum em pacientes gold 2, doença moderada ou para baixo. Às vezes, não há alteração de troca gasosa na gasometria (CO2) ou na oximetria (O2) desses pacientes, mas não significa que não há DPOC. A hipoxemia vai indicar gravidade; - Hipercapnia (aumento de CO2 no sangue como resultado da hipoventilação - ainda mais tardia que a hipoxemia, gold 3 para baixo. Da mesma maneira, não significa que não há DPOC); - Taquicardia e palpitação (paciente DPOC e precisa controlar frequência e diminuir palpitação, tendência a fazer Beta 1 seletivo (atenolol, metoprolol, bizoprolol, nebivolol). - Arritmia: descompasso dos batimentos cardíacos; - Pneumotórax espontâneo (bolhas do enfisema podem estourar); - Hipertensão pulmonar (tipo 3, secundária a doenças pulmonares); - Taquidispneia grave (sinais como fala encurtada e esforço respiratório – além da musculatura acessória, também cianose, sudorese, batimento das asas do nariz, exaustão). ACHADOS FÍSICOS Nos estágios iniciais, os pacientes costumam apresentar um exame físico absolutamente normal. Os fumantes podem apresentar sinais de tabagismo ativo, como odor de fumaça ou manchas de nicotina nas unhas dos dedos da mão. Nos pacientes com doença mais grave, o exame físico caracteriza-se por uma fase expiratória longa e pode incluir sibilância à expiração (chiado agudo – as vezes o paciente refere “miado de gato”). Os sinais de hiperinsuflação incluem tórax em barril (aumento do diâmetro anteroposterior do paciente) e ampliação dos volumes pulmonares com limitação das excursões diafragmáticas avaliadas por percussão. Os pacientes com obstrução grave do fluxo aéreo tambémpodem evidenciar o uso dos músculos acessórios da respiração, sentando-se na posição típica de “tripé” para facilitar as ações dos músculos esternocleidomastóideos, escalenos e intercostais. Alguns pacientes podem desenvolver cianose, visível nos lábios e leitos ungueais A doença avançada pode vir acompanhada de caquexia, com perda significativa de peso, depressão bitemporal e perda difusa do tecido adiposo subcutâneo. Essa síndrome tem sido associada à ingestão oral inadequada e níveis elevados de citocinas inflamatórias (TNF-α). Os sinais de insuficiência cardíaca direita avançada, conhecida como cor pulmonale, são relativamente incomuns desde o advento da Oxigenoterapia suplementar. Há duas divisões clássicas do DPOC, mas evidências atuais demonstram que a maior parte dos pacientes apresenta elementos tanto de bronquite quanto de enfisema e que o exame físico não diferencia confiavelmente as duas entidades. PINK PUFFER: Significa “soprador rosado”, paciente enfisematoso. Consegue compensar a doença com uma hiperventilação, possui uma massa muscular reduzida e não cianóticos durante o repouso. Possuem uma baixa hipoxemia e uma baixa disfunção de VD (ventrículo direito), motivo pelo qual são “rosados”. Isso acontece porque, para compensar a hipoxemia, eles fazem eritrocitose secundária (aumento das hemácias causado por uma doença/uso de certas substâncias – nesse caso, fumar). Fazem uso importante da musculatura acessória. BLUE BLOATER: Significa “tossidor azul”, paciente bronquitico que não consegue hiperventilar. Apresentam maior probabilidade de serem pesados. O distúrbio de ventilação/ perfusão acaba causando mais hipoxemia, mais cianose, mais disfunção de VD (ventrículo direito), mais congestão sistêmica. ACHADOS LABORATORIAIS As provas de função pulmonar mostram obstrução ventilatória com reduções de VEF1 e VEF1/CVF. Com o agravamento da doença, os volumes pulmonares podem aumentar, resultando em ampliação da capacidade pulmonar total, da capacidade residual funcional e do volume residual. Nos pacientes com enfisema, a capacidade de difusão pode estar reduzia, refletindo a destruição parenquimatosa típica da doença. O grau de obstrução do fluxo aéreo é um fator prognóstico importante da DPOC. A gasometria arterial e a oximetria podem evidenciar hipoxemia em repouso ou em situação de esforço. A gasometria arterial fornece informações adicionais quanto à ventilação alveolar e ao equilíbrio acidobásico pela avaliação dos níveis da PCO2 arterial e do pH. As alterações do pH com a PCO2 são de 0,08 unidades/10 mmHg nos estados agudos e de 0,03 unidades/10 mmHg na fase crônica. Por essa razão, a determinação do pH arterial permite a classificação da insuficiência ventilatória, definida por PCO2 > 45 mmHg, nas formas aguda ou crônica; a insuficiência respiratória aguda está associada a acidemia. Os exames radiográficos ajudam a classificar o tipo de DPOC. Bolhas evidentes, escassez da trama parenquimatosa ou hiper transparência na radiografia de tórax sugerem a presença de enfisema. A TC de tórax é atualmente o exame definitivo para estabelecer a presença ou ausência de enfisema, o padrão do enfisema e a presença de doença significativa envolvendo as vias aéreas de calibres médio e grande. Ela também permite a descoberta de doença pulmonar intersticial coexistente e de bronquiectasias, que são complicações comuns da DPOC. O teste para deficiência de a1-AT em todos os indivíduos com DPOC ou asma com obstrução crônica do fluxo aéreo é sugerido. CÂNCER DE PULMÃO DPOC é uma doença com prevalência muito alta em tabagistas, fator de risco importante para câncer de pulmão. A busca ativa por sintomas durante a consulta é a chave para identificar um processo neoplásico. Câncer de pulmão relacionados ao tabagismo são de pequenas células e de células escamosas. SINTOMAS: - Clubbing (alteração do ângulo da unha/ ponta dos dedos) - Estertores localizados (sibilância diferenciada em um local específico através da ausculta) - Hemoptise (pode ser caso de câncer de pulmão e de tuberculose) - Perda de peso - Piora abrupta da tosse (pode ser o tumor comprimindo ou irritando as terminações nervosas) - Rouquidão (compressão - nervo laringiorecorrente), circulação colateral do tórax (clássico é síndrome de veia cava superior, por compressão tumoral no sistema vascular) - Sinal de Dorendorf (turgência jugular unilateral). - Dor no ombro (pode ser Tumor de pancoast, tumor de ápice pulmonar). ESPIROMETRIA: O GOLD recomenda a espirometria para qualquer pessoa que tenha fator de risco para DPOC, no intuito de buscar um diagnóstico precoce. Avalia a gravidade e o curso da doença. ALTERAÇÕES ESPIROMÉTRICAS: VEF1/CVF < 70% previsto. DPOC tem ausência de reversibilidade total. Caso seja encontrado um distúrbio obstrutivo na espirometria, é feito um teste broncodilatador (Beta-agonista de curta ação para avaliar resposta do VEF1). VEF1 > 200ml e 12% valor pré-teste POSITIVO VEF1 > 200ml e 7% valor previsto POSITIVO CLASSIFICAÇÃO DO DPOC GOLD 0: SINTOMAS + ESPIROMETRIA NORMAL GOLD 1: VEF1/CVF <0,70 E > 80% DO PREVISTO GOLD 2: VEF 1/CVF < 0,70 E VEF1 50-79% DO PREVISTO GOLD 3: VEF1/CVF <0,70 E VEF1 30-49% DO PREVISTO GOLD 4: VEF1/CVF <0,70 E VEF1 <30 DO PREVISTO OU SINAIS DE INSUFICIENCIA VD As exacerbações são um aspecto marcante da história natural da DPOC; elas são episódios de aumento de dispneia e tosse, bem como alterações na quantidade e no caráter do escarro. Podem ou não ser acompanhadas por outros sinais de doença, incluindo febre, mialgias e dor de garganta. A qualidade de vida relacionada com a saúde informada pelo paciente correlaciona-se mais diretamente com a frequência das exacerbações do que com o grau de obstrução do fluxo aéreo. A abordagem aos pacientes que se apresentam no curso de uma exacerbação inclui avaliação da gravidade da doença em seus componentes agudo e crônico; tentativa de identificar o fator desencadeante da crise; e instituição do tratamento. Deve-se tentar determinar a gravidade da exacerbação, assim como a gravidade da DPOC preexistente. Quanto mais grave for um desses dois componentes, maior a probabilidade de que o paciente necessite de internação. A anamnese deve incluir uma avaliação do grau de dispneia investigando se o paciente apresenta falta de ar quando realiza atividades da vida diária e suas tarefas habituais. Perguntar ao paciente se tem febre; se houve alterações nas características do escarro; se entrou em contato com pessoas doentes; e se surgiram sintomas associados como náuseas, vômitos, diarreia, mialgias e calafrios. O exame físico deve incluir uma avaliação do grau de desconforto do paciente. É importante dar atenção especial a taquicardia, taquipneia, uso dos músculos acessórios, sinais de cianose perioral ou periférica, capacidade de proferir frases completas e estado mental do paciente. O exame do tórax deverá estabelecer a presença ou ausência de sinais focais, a amplitude do movimento respiratório, a presença ou ausência de sibilos, a assimetria do exame torácico (sugerindo a obstrução das vias respiratórias de grande calibre ou pneumotórax imitando uma exacerbação) e a presença ou ausência de movimentos paradoxais da parede abdominal. Os pacientes com acidose respiratória e hipercapnia, hipoxemia significativa ou doença subjacente grave, ou aqueles cujas condições de vida não favoreçam a observação atenta e a adesão ao tratamento prescrito, devem ser internados. Deve-se caracterizar e quantificar o escarro. Escarro normal: escarro hialino. QUANTIFICAR: Quantidade maior que 2 a 3 colheres de sopa, indica uma bronquiectasia secundária que pode ser, inclusive, pelo DPOC.Cerca de 25% a 50% dos pacientes que tem DPOC mais significativo, desenvolvem bronquiectasia secundária. CARACTERIZAR: Caso mude abruptamente a quantidade do escarro ou muda o padrão do escarro, deve-se pensar em uma exacerbação infecciosa da doença. DISPNEIA Existem 2 validações para classificar dispneia no GOLD: MMRC e o CAT A: MMRC 0-1 OU CAT<10 B: MMRC >2 OU CAT >10 EXACERBAÇÕES Exacerbação como qualquer evento aguda de piora de sintoma respiratório e necessite de aumento de medicação. C: 2 (ULTIMOS 12 MESES) E HOSPITALIZAÇÃO A: 0-1, SEM HOSPITALIZAÇÃO TRATAMENTO NA FASE ESTÁVEL Apenas 3 intervenções: (1) cessação do tabagismo, (2) oxigenoterapia para pacientes com hipoxemia crônica e (3) cirurgia de redução do volume pulmonar em pacientes selecionados com enfisema. Essas 3 intervenções mostraram-se capazes de influenciar a história natural dos pacientes com DPOC. O objetivo é fornecer alívio sintomático e reduzir os futuros riscos. PARAR DE FUMAR: reduz os sintomas de tosse e produção de escarro em muitos pacientes com DPOC. Ocorre melhora na taxa de declínio da função pulmonar, muitas vezes retornando ao patamar de alterações anuais parecidos às das pessoas que não fumavam, podendo melhorar também a sobrevida. Pacientes com DPOC tendem a parar de fumar à medida que a doença progride, possivelmente porque eles têm uma maior consciência da sua doença ou como a fumaça de cigarro torna seus sintomas respiratórios piores. ABORDAGENS FARMACOLÓGICAS: terapia de reposição da nicotina disponível sob a forma de gomas de mascar, adesivos transdérmicos, pastilhas, inaladores, spray nasal e vareniclina, um agonista/antagonista do receptor do ácido nicotínico. BRONCODILATADORES: Costumam ser usados para obtenção de alívio sintomático e para reduzir exacerbações. É feito preferivelmente de forma inalatória, pois causa menos efeitos colaterais. preferida. Indica-se tanto o uso em intervalos regulares dos agentes de longa duração como os de curta duração usados quando necessidade. GLICOCORTICOIDE INALATÓRIO: glicocosteroides inalados produzem melhora marginal na função pulmonar e do estado de saúde respiratória e reduzem as taxas de exacerbação da DPOC em cerca de 15 a 20% em termos relativos. Corticosteroides inalados combinados com β2 - agonista inalatório de longa duração fornecem um benefício adicional sobre aquele visto com monoterapia. Os efeitos adversos mais comuns são candidíase oral das vias aéreas superiores, pneumonia e disfonia (rouquidão). Estudos observacionais sugerem que podem causar osteoporose e catarata também. GLICOCORTICOIDES ORAIS: Não é recomendado devido a relação custo-benefício desfavorável. O uso crônico pode levar a osteoporose, ganho de peso, catarata, intolerância a glicose e risco aumentado de infecções. ANTAGONISTAS ANTICOLINÉRGICOS MUSCUARINICOS: O brometo de ipratrópio atenua os sintomas e produz uma melhora aguda na VEF1. Tiotrópio, um anticolinérgico de ação prolongada, melhora os sintomas e diminui as exacerbações. Possuem efeitos colaterais discretos como boca seca. BETA-AGONISTAS: esses fármacos proporcionam alívio sintomático. Os principais efeitos colaterais observados são tremor e taquicardia. A utilização desses fármacos é mais conveniente do que a dos agentes de curta ação. Foi demonstrado que o acréscimo de um β-agonista ao tratamento com anticolinérgico inalatório amplia os efeitos benéficos. TEOFILINIA: produz melhoras modestas no fluxo aéreo e na capacidade vital, mas não é uma terapia de primeira linha devido aos efeitos colaterais (náuseas, taquicardia e tremor) e às interações medicamentosas. ATIBIOTICOS: utilizar azitromicina quando infecção bacteriana como um agente precipitador de uma porção substancial de exacerbações. OXIGÊNIO: única terapia farmacológica comprovadamente capaz de reduzir as taxas de mortalidade em pacientes com PDOC. Em pacientes com hipoxemia em repouso, mostrou-se que essa administração exerce impacto grande sobre a taxa de mortalidade. Os principais critérios de indicação são uma PaO2 arterial menor que 56 mm Hg ou uma saturação arterial de oxigênio de menos de 89%, enquanto se respira ar ambiente em repouso em um estado clínico estável. Os pacientes também devem ser considerados para oxigênio domiciliar se sua PaO2 é menor que 60 mm Hg na presença de insuficiência cardíaca direita ou Policitemia (aumento da massa eritrocitária glóbulos vermelhos). O tratamento deve consistir em oxigênio domiciliar para ser usado por pelo menos 18 horas por dia, para incluir tempo total de sono. TERAPIA DE REPOSIÇÃO IV DA A1-AT: recomenda- se a vacina anti-hepatite B antes do início da terapia. Observou-se redução do enfisema em pacientes com essa terapia, e o critério de elegibilidade é um nível sérico de < 11yM (50mg/dL). Não é recomendado para pacientes com essa deficiência que tenham função pulmonar preservada e TC de tórax normal. TERAPIAS NÃO FARMACOLÓGICAS: tratamento médico geral, reabilitação pulmonar, cirurgia e, até mesmo, transplante pulmonar. TRATAMENTO MÉDICO GERAL: pacientes com DPOC devem ser vacinados anualmente contra influenza. A vacina antipneumocócica polivalente também é recomendada. REABILITAÇÃO PULMONAR: programa de tratamento que inclui educação e condicionamento cardiovascular. A reabilitação pulmonar melhora a qualidade de vida relacionada com a saúde, dispneia e capacidade para exercícios, além de diminuir as taxas de internações. CIRURGIA PARA REDUÇÃO DO VOLUME PULMONAR (CRVP): cirurgia para pacientes com enfisema, excluídos se apresentarem doença pleural significativa, pressão sistólica da artéria pulmonar > 45 mmHg, falta de condicionamento externo, insuficiência cardíaca congestiva ou outras condições de comorbidade grave. TRANSPLANTE PULMONAR: DPOC é a segunda indicação para transplante de pulmão. As recomendações atuais são de que os candidatos a transplante de pulmão apresentem limitação física grave apesar do tratamento clínico máximo e não sejam portadores de outras condições de comorbidade, como doenças hepática, renal ou cardíaca. Ao contrário da CRVP, a distribuição anatômica do enfisema e a existência de hipertensão pulmonar não são contraindicações ao transplante de pulmão. TRATAMENTO DE EXACERBAÇÕES O uso crônico de glicocorticoides orais não é recomendado para essa finalidade. Os glicocorticoides inalatórios reduzem a frequência de exacerbações em 25 a 30% na maioria das análises. O uso de glicocorticoides inalatórios deve ser considerado em pacientes com exacerbações frequentes ou naqueles que apresentam um componente asmático, ou seja, reversibilidade significativa nos testes de função pulmonar ou melhora sintomática expressiva após inalação dos broncodilatadores. Reduções semelhantes são descritas com o uso de anticolinérgicos e β-agonistas de longa duração. A vacina contra influenza demonstrou redução nas taxas de exacerbações em pacientes com DPOC. A administração diária de azitromicina em indivíduos com DPOC e um histórico de exacerbação reduz a frequência da exacerbação. TRATAMENTO DE EXACERBAÇÕES AGUDAS BRONCODILATADORES: pacientes costumam ser tratados com um β-agonista inalatório, frequentemente com acréscimo de um agente anticolinérgico. Esses fármacos podem ser administrados juntos ou separadamente, e a frequência da administração depende da gravidade da exacerbação. No início, os pacientes costumam ser tratados com nebulização, pois essa forma de administração é mais fácil para pacientes idosos ou aqueles com desconforto respiratório. ANTIBIÓTICOS: As bactérias comumente implicadas nas exacerbações da DPOC incluem Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis.Além dessas, Mycoplasma pneumoniae ou Chlamydia pneumoniae são observados em 5 a 10% das exacerbações. A escolha do antibiótico deve ser baseada nos padrões locais de sensibilidade ao antibiótico dos patógenos citados, assim como no estado clínico do paciente. GLICOCORTICOIDES: Em pacientes internados, o uso de glicocorticoides sistêmicos reduz a permanência hospitalar, acelera a recuperação e diminui as chances de exacerbação ou recidiva subsequentes. OXIGÊNIO: O O2 suplementar deve ser administrado para manter saturações arteriais maiores ou iguais a 90%. SUPORTE VENTILATÓRIO MECÂNICO: A instituição da ventilação com pressão positiva não invasiva (VPPNI), em pacientes com insuficiência respiratória, definida por uma Paco2 > 45 mmHg, resulta em reduções significativas da mortalidade, necessidade de intubação, complicações do tratamento e duração das internações. As contraindicações da VPPNI são instabilidade cardiovascular, alteração do estado mental ou incapacidade de cooperar, secreções copiosas ou incapacidade de eliminar as secreções, anormalidades ou traumatismo craniofacial impedindo a adaptação da máscara, obesidade extrema ou queimaduras significativas. A ventilação mecânica invasiva (convencional) por um tubo endotraqueal está indicada para os pacientes com dificuldade respiratória grave apesar do tratamento inicial, hipoxemia potencialmente fatal, acidose e/ou hipercarbia grave, comprometimento profundo do estado mental, parada respiratória, instabilidade hemodinâmica ou outras complicações. Deve ser levado em conta a necessidade de garantir um tempo expiratório suficiente aos pacientes com obstrução ventilatória grave e a presença de auto-PEEP (pressão expiratória final positiva intrínseca), que pode ocorrer nos indivíduos que fazem esforço respiratório significativo para iniciar uma respiração durante um processo de procura de ventilação. A taxa de mortalidade dos pacientes que necessitam de suporte ventilatório mecânico é de 17 a 30% em cada internação. Entre os pacientes com idade > 65 anos internados em unidades de terapia intensiva, a taxa de mortalidade duplica para 60% ao longo do ano seguinte, independentemente da necessidade de ventilação mecânica. DPOC grave é associada ao aumento da mortalidade, e a função pulmonar, geralmente, expressa como a porcentagem do VEF1 previsto, é o mais forte preditor isolado de morte. Apenas cerca de metade dos pacientes com VEF1, que é em torno de 40% do previsto, irá sobreviver cinto anos. Outros fatores de risco incluem gravidade de dispneia, perda de peso, distância de caminhada limitada, hospitalização por exacerbação, hipoxemia, hipercapnia e comprometimento da qualidade de vida. As únicas intervenções que mostraram reduzir a mortalidade são parar de fumar em pacientes com DPOC leve a moderada e a terapia com oxigênio domiciliar para o subconjunto de pacientes com hipoxemia crônica.
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