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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA Profª.: Dra. Selma Helena Marchiori Hashimoto Cálculo Diferencial e Integral I LIMITES DE FUNÇÕES E CONTINUIDADE 1. TANGENTES, ÁREAS E LIMITES Os matemáticos do século XVI tinham dois problemas a serem resolvidos: 1. O Problema da Reta Tangente: Encontrar a inclinação da reta l tangente ao gráfico da função f, no ponto P. 2. O Problema da Área: Encontrar a área da região R limitada pelo gráfico da função f e o eixo-x para a ≤ x ≤ b. O Cálculo Diferencial analisa a taxa de variação de uma função. Portanto, resolve o problema 1. O Cálculo Integral envolve um processo de soma generalizada que resolve o problema 2. 2 1.1 A Tangente de uma Curva O primeiro passo ao atacar o problema da reta tangente é definir claramente o que significa “reta tangente ao gráfico de f no ponto P”. Da geometria sabemos que se o gráfico de f é um arco de uma circunferência então a tangente no ponto P pode ser definida como a única reta que intercepta a circunferência apenas no ponto P. Esta definição é perfeitamente adequada para arcos de circunferências, mas fracassa para curvas mais gerais. Por exemplo, a figura (a) mostra várias retas interceptando o gráfico de f apenas no ponto P, mas nenhuma delas é uma tangente. A figura (b) mostra a tangente a P interceptando o gráfico de f em outros pontos. Existe um outro meio, entretanto, de definir a tangente a uma circunferência que tem uma generalização satisfatória para as curvas mais gerais. A figura a seguir ilustra que um segundo ponto Q sobre a circunferência determina uma secante que liga os pontos P e Q. Quando o ponto Q se move em direção a P ao longo da circunferência, a reta secante gira tendo o ponto P fixo. Vamos usar esta idéia para definir a tangente de forma mais geral. 3 Definição 1.1: Sejam P e Q pontos sobre uma curva C. A reta tangente à curva C no ponto P, se existir, é a posição limite da reta secante que passa por P e Q, quando Q se aproxima de P ao longo da curva C. Vamos agora determinar como definir a inclinação da reta tangente ao gráfico de uma função f em um ponto P, de tal modo que seja consistente com esta noção de tangente a uma curva. Considere a figura abaixo: A inclinação da reta secante é: h xfhxf x y 00 À medida que o ponto Q se aproxima de P ao longo do gráfico de f, o número h ≠ 0 se aproxima de zero. Então, a tangente ao gráfico de f em P, é a “posição limite” da secante por P e Q quando h se aproxima de zero, ou seja, a inclinação da tangente a P é igual ao valor limite da inclinação da reta secante quando h se aproxima de zero, e isto é igual ao limite quando h se aproxima de zero de h xfhxf 00 . 00 xfhxfy 4 Exemplo 1.1: Encontre a inclinação da reta tangente ao gráfico de 2xxf no ponto (2,4). Solução: h -1 -0.1 -0.01 -0.001 0.001 0.01 0.1 1 h fhf 22 3 3.9 3.99 3.999 4.001 4.01 4.1 5 Quando h se aproxima de zero para estes valores, a inclinação das secantes parecem aproximar- se de 4. De fato: 220 4422 hhhhfhxf , e 422 20 fxf A inclinação da tangente é portanto, 44lim 0 hm h Definição 1.2: A inclinação da reta tangente ao gráfico da função f no ponto 00 , xfx , se existir, é o número h xfhxf m h 00 0 lim . 5 Exemplo 1.2: Encontre uma equação para a reta tangente ao gráfico de 233 xxxf no ponto (1,2). Solução: 22311 3 f 26321311 233 hhhhhhf A inclinação da reta secante que passa por (1,2) é: 0,63 226311 2 23 hhh h hhh h fhf A inclinação da reta tangente é portanto, 663lim 2 0 hhm h Uma equação para a reta tangente que tem a inclinação m = 6 e passa pelo ponto (1,2) é: 046162 xyxy . Exercícios 1. Use a definição 1.2 para encontrar a inclinação da reta tangente ao gráfico de f no ponto dado. (a) 4,2,23 Pxxf (b) 18,3,2 2 Pxxf (c) 5,1,32 2 Pxxf (d) 6,2,243 2 Pxxxf (e) 11,2,33 Pxxf (f) 16,2,4 Pxxf (g) 1,2, 3 1 P x xf (h) 1,2, 4 2 P x xf 2. Encontre uma equação para a reta tangente ao gráfico da função 23xxf no ponto (-1, 3). 3. Encontre uma equação para a reta tangente ao gráfico da função 2axxf , no ponto (1, a). 4. Encontre uma equação para a reta tangente ao gráfico da função xxxf 22 , no ponto em que x = 1. 6 5. Usando uma calculadora podemos aproximar a inclinação da reta tangente ao gráfico de f em 00 , xfx calculando a inclinação da secante h xfhxf 00 para h pequeno. (a) Aproxime a inclinação da reta tangente ao gráfico de xxxf 33 no ponto (2, 2) completando a tabela 1.1. (b) Use o método dos exemplos 1.1 e 1.2 para calcular a inclinação da reta tangente ao gráfico de xxxf 33 no ponto (2, 2). Compare com a parte (a). Tabela 1.1 0x h h xfhxf 00 0.1 0.01 0.001 0.0001 -0.0001 -0.001 -0.01 -0.1 6. Use a tabela 1.2 para aproximar a inclinação da reta tangente ao gráfico de xy sen no ponto (0, 0). Aplique o método dos exemplos 1.1 e 1.2 para obter uma expressão para o limite que deve ser calculado a fim de obter a inclinação da reta tangente. 7. Mostre que a inclinação da reta tangente ao gráfico de 162 xxxf no ponto em que x = a é m = 2a + 6. Use esta informação para encontrar o número x em que a inclinação da tangente ao gráfico é zero. 8. Seja xxf . Complete a tabela 1.2 para o ponto (0, 0). A função valor absoluto tem um tangente no ponto (0, 0)? 7 2. LIMITES DE FUNÇÕES A afirmação xfL ax lim significa que os valores xf estão tão próximos de L quanto desejarmos para todo x ≠ a, mas suficientemente próximo de a. Esta definição não é uma definição rigorosa porque as frases “tão próximos de L quanto desejarmos” e “suficientemente próximo de a” são, de algum modo, imprecisas. Exemplo 2.1: Seja 12 xxf . Então 7lim 3 xf x . Para ver como esta função satisfaz a definição intuitiva de limite dada acima, analisaremos duas escolhas diferentes de “tão próximo” de xf para L = 7. Por exemplo, vamos supor que xf esteja próximo de 7 com um precisão de 0.5, isto é, 5.7125.6 x Mas, 25.375.25.625.55.7125.6 xxx . Assim, para obter a precisão desejada de ±0,5 em torno de L = 7, restringimos x ao intervalo 25.375.2 x . Agora, se quisermos que xf esteja próximo de 7 com uma precisão de 0.1, temos 05.395.21.629.51.7129.6 xxx . Portanto, se 05.395.2 x , então xf está próximo de 7 com precisão de 0.1. Em geral, dada qualquer precisão desejada de xf para 7, podemos encontrar um intervalo aberto I centrado em 3 tal que, se x pertence ao intervalo I, então o valor xf difere de 7 por não mais do que a precisão prescrita. Assim, dizemos que 712lim 3 x x . 8 Exemplo 2.2: A função x x xf sen não é definida em x = 0. Entretanto, o limite 1 sen lim 0 x x x . Observe a tabela 1.2: Tabela 1.2 X x xsen x x xsen 0.8 0.896695 -0.002 0.999999 0.5 0.958851 -0.005 0.999996 0.2 0.993347 -0.02 0.999933 0.08 0.998934 -0.05 0.999583 0.05 0.999583 -0.08 0.998934 0.02 0.999933 -0.2 0.993347 0.005 0.999996 -0.5 0.958851 0.002 0.999999 -0.8 0.896695 Esta evidência numérica é consistente com o gráfico de xf : 9 Exemplo 2.3: Calcule x x x 11 lim 3 0 . Solução: A função x x xf 11 3 não é definida para x = 0. Mas observando a tabela 1.3 vemos que quando x está se aproximando de zero, o valor xf se aproxima de L = 3. Tabela 1.3 X x x 11 3 x x x 11 3 2.0 13.0 -0.001 2.997 1.5 9.75 -0.01 2.9701 1.0 7.0 -0.1 2.71 0.5 4.75 -0.2 2.44 0.2 3.64 -0.5 1.75 0.1 3.31 -1.0 1.0 0.01 3.0301 -1.5 0.75 0.001 3.003 -2.0 1.0 Os dados sugerem que 3 11 lim 3 0 x x x . Podemos verificar este limite utilizando uma álgebra simples. De fato, 0,33 33113311 2 23233 xxx x xxx x xxx x x . Concluímos, portanto que as funções x x xf 11 3 e 332 xxxg tem os mesmos valores, exceto para x = 0, em que 0f não é definida. Assim, os limites quando x se aproxima de zero destas duas funções devem ser os mesmos. Nosso limite pode ser calculado como segue: 330033lim11lim 2 0 3 0 xx x x xx Graficamente, temos: 10 Exemplo 2.4: Calcule o limite 6 23 lim 2 2 2 xx xx x . Solução: Primeiro observemos que para x = 2 obtemos o quociente: 0 0 624 264 622 2232 2 2 que não está definido. Portanto, devemos fatorar o numerador e o denominador, obtendo para x ≠ 2, 3 1 32 12 6 23 2 2 x x xx xx xx xx . Assim, 5 1 32 12 3 1 lim 6 23 lim 22 2 2 x x xx xx xx Exemplo 2.5: Calcule x x x cos1 sen lim 2 . Solução: Primeiro observemos que 0sensen 22 e 011cos1 . Assim, numerador e denominador são ambos iguais a zero quando x . Temos, então, de encontrar uma expressão equivalente para x x cos1 sen2 , isto é, 1cos se,cos1 cos1 cos1cos1 cos1 cos1 cos1 sen 22 xx x xx x x x x Assim, 211cos1lim cos1 sen lim 2 x x x xx . 11 2.1 Limites que não existem Exemplo 2.6: O limite x x x 0 lim não existe. Para ver porque, utilizamos a definição de módulo, 0 se 0se xx xx x Para reescrever a função x x xf como: 0se 0se x x x x x x xf Se x está próximo de zero e for positivo, 1xf . Mas, se x está próximo de zero e for negativo, 1xf . Para que o limite exista quando 0x , os valores de xf devem se aproximar de um número L, quando x se aproxima de zero por qualquer um dos lados. Como não é o que acontece nesse exemplo, o limite não existe. Exemplo 2.7: xx 1 senlim 0 não existe. De fato, os valores x f 1 senx não se aproximam de um único número L quando 0x . As tabelas 1.4, 1.5 e 1.6 a seguir ilustram as oscilações de xf numericamente. A tabela 1.4 sugere que o limite seria 1, a tabela 1.5 sugere que o limite seria 0 e a tabela 1.6 sugere que o limite seria 2 2 . Tabela 1.4 X x 1 sen 2 1 5 2 1 9 2 1 13 2 1 17 2 1 Tabela 1.5 x x 1 sen 2 1 0 4 1 0 6 1 0 8 1 0 10 1 0 Tabela 1.6 x x 1 sen 4 2 2 9 4 2 2 17 4 1 25 4 2 2 25 4 2 2 Exercícios 9. Para cada uma das funções dadas pelos seus gráficos, indique se: (i) xf ax lim existe e é igual a af . (ii) xf ax lim existe mas não é igual a af . (iii) xf ax lim não existe. (a) (b) (c) 10. Calcule o limite, se existir: (a) 73lim 2 x x (b) x x x 93 lim 2 0 (c) 1 1 lim 2 1 h h h (d) 2 6 lim 2 2 x xx x (e) xx x x cossen cos1 lim 2 0 (f) xx x cossec2senlim 2 (g) 1 32 lim 2 1 x xx x (h) x xx x cossec lim 2 (i) h h h 93 lim 0 11. Esboce o gráfico de xfy e determine o limite de xf quando 0x , se existir. Se o limite não existir explique o porquê. (a) 0 se22 0 se 2 xx xx xf (b) 0 se2 0 se2 3 2 xx xx xf (c) 0 se 11 0 se 33x- 3 2 x x x xx xf (d) 0 se sen 0 se 12 x x x xx xf 13 2.2 Definição Formal de Limite Na seção anterior definimos o limite de uma função de maneira informal, dizendo que xfL ax lim Significando que os valores xf estão tão próximos de L quanto desejarmos, para todo x ≠ a, mas suficientemente próximo de a. Do ponto de vista da precisão matemática, esta noção informal de limite é problemática. A dificuldade repousa no uso da frase “próximo de a”. Uma afirmação matemática precisa pode envolver constantes, variáveis, sinal de igual, desigualdades, expressões aritméticas, e assim por diante, mas não referências vagas como “proximidade”. Para recuperar nossa noção intuitiva de limite com uma linguagem precisa, procedemos da seguinte forma: 1. Em lugar da frase “os valores de xf estão tão próximos de L quanto desejarmos”, usamos a desigualdade Lxf (2.1) 2. Em lugar da frase “para todo x ≠ a, mas suficientemente próximo de a”, usamos a desigualdade em que é um número positivo pequeno ax0 (2.2) A razão da parte esquerda da desigualdade é que não queremos x = a. 3. Para ligar estas duas frases na forma desejada, dizemos que, não importa que seja dado, podemos encontrar um número tal que se x satisfaz a desigualdade (2.2), então xf satisfaz a desigualdade (2.1). Isto é, queremos dizer que pequenoéLxfquegarantepequenoax . Estas convenções nos permitem fazer a definição formal de limite. 14 Definição 2.1: Seja xf definida para todo x em um intervalo aberto contendo a, exceto possivelmente em a. Dizemos que o número L é o limiteda função f quando x se aproxima de a, e escrevemos xfL ax lim se, e somente se, dado qualquer número 0 , existe um número correspondente 0 , tal que se ax0 , então Lxf . Em outras palavras, xfL ax lim , significa que os valores xf estão tão próximos de L quanto desejarmos (dentro de unidades) para todo x ≠ a, mas suficientemente próximo de a. Exemplo 2.8: Demonstre usando a definição 2.1, que 712lim 3 x x . Solução: De acordo com a definição 2.1, L = 7 e a = 3. Além disso, as seguintes desigualdades são equivalentes: Dado qualquer número pertencente a Lxf 712x (2.3) 32 62 x x 2 3 x (2.4) Ainda, de acordo com a definição 2.1, devemos encontrar uma distância aceitável para cada precisão 0 dada, afim de provar que o limite é 7. A equação (2.4) obtida a partir de (2.3) é a chave para isto. De fato, os cálculos acima mostram que 2 3712 xx . É exatamente esta equivalência que nos mostra como escolher . Com 2 , sabemos que se 30 x , então a desigualdade 2 3 x é verdadeira e, portanto, a desigualdade (2.3). Formalmente, a demonstração é: 15 Seja 0 dado. Vamos escolher 2 . Segue, então, que se 30 x , então 2 2 3 pois,2 32 62712 x x xx Ou seja, se 30 x , então 712x , como exigido pela definição 2.1. Exemplo 2.9: Prove que 1134lim 2 x x . Solução: Neste caso, 2e11,34 aLxxf . Temos as seguintes desigualdades equivalentes: 4 2 24 84 1134 x x x x Lxf Dado 0 , escolhemos 4 . Segue, então, que se 20 x , então 4 4 4 24 841134 x xx Assim, com 4 temos que se 20 x , então 1134x . 16 Exemplo 2.10: Prove que 374lim 2 2 xx x . Solução: Neste caso, temos que 2e3,742 aLxxxf . Assim, se é um número positivo dado, as seguintes desigualdades são equivalentes: 2 2 44 374 2 2 2 x x xx xx Lxf Se tomarmos , segue que se 20 x , então 3742 xx . Isto prova que 374lim 2 2 xx x , de acordo com a definição 2.1. 2.3 Propriedades de Limite 1. cc ax lim , c = constante 2. ax ax lim A afirmação 1 diz que o limite da função constante cxf é sempre o número c, independente de quem seja a. A afirmação 2 diz que o limite da função linear xxg quando x se aproxima de a é o valor da função em a, isto é, g(a) = a. O teorema que segue estabelece uma álgebra dos limites, pela qual limites de somas, produtos e quocientes de funções podem ser calculados a partir de limites de termos individuais. Teorema 2.1: Suponhamos que Lxf ax lim e Mxg ax lim , existem. Seja c um número qualquer. Então, cada um dos seguintes limites existem com os valores indicados: a) MLxgxfxgxf axaxax limlimlim b) cLxfcxcf axax limlim c) MLxgxfxgxf axaxax limlimlim d) 0 que desde , lim lim lim M M L xg xf xg xf ax ax ax 17 Demonstração: Faremos a demonstração das partes a) e b). As duas últimas, embora similares às duas primeiras são logicamente mais complexas a) Queremos mostrar que, dado 0 , existe um 0 tal que MLxgxfax então, ,0 se Para isto, consideremos as hipóteses dadas do problema: - Dado 0 , como Lxf ax lim , então existe um número 01 tal que se 10 ax , então, 1 Lxf . - Da mesma forma, dado 0 , como Mxg ax lim , então existe um número 02 tal que se 20 ax , então, 2 Mxg . Consideramos, então, como sendo o menor dos números 1 e 2, isto é, 21,min . Assim, utilizando estas informações, temos: 2 21 MxgLxf MxgLxfMLxgxf Isto demonstra que MLxgxf ax lim , ou seja, “O limite da soma é a soma dos limites”. b) Primeiro observemos que se c = 0, então, cLxcf ax lim é exatamente 00lim ax , que é obviamente verdadeiro. Vamos supor, então, que c ≠ 0. Queremos provar que dado 0 , existe um 0 tal que se ax0 , então, cLxcf . - Mas, por hipótese, temos que dado 0 , existe 0 tal que se ax0 , então, c Lxf (lembre-se que c ≠ 0). Assim, dado 0 existe um 0 tal que se ax0 , então, c cLxfcLxfccLxcf . Isto mostra que cLxcf ax lim . 18 Exemplo 2.11: Calcule 63lim 2 2 x x . Exemplo 2.12: Calcule 21 1 32 lim x x x . Teorema 2.2: (Extensão do teorema 2.1 para potências inteiras de x e funções potência) Suponhamos que Lxf ax lim . Para qualquer inteiro positivo n = 1,2,3,... vale que: a) nn ax ax lim b) nn ax n ax Lxfxf limlim Exemplo 2.13: Calcule xxx x 473lim 24 2 . Exemplo 2.14: Calcule 323 2 53lim xxx x . Exemplo 2.15: Calcule 33 2 17lim xx x . Teorema 2.3: Sejam m, n inteiros positivos. Então, a) se m é par, m n m n ax ax lim , para a0 ; b) se m é ímpar, m n m n ax ax lim , para a . Exemplo 2.16: Calcule 2 3 4 3lim xx x . 19 Teorema 2.4: (Teorema do Confronto, ou “Sanduíche”) Suponha que o limite de xg e o limite de xh existam quando ax , e que xhLxg axax limlim . Se a função f satisfaz a desigualdade xhxfxg para todo x em um intervalo aberto contendo a (exceto possivelmente para x = a), então, Lxf ax lim Interpretação Geométrica do Teorema do “Sanduíche”: Exemplo 2.17: Use o teorema do “sanduíche” para mostrar que 0senlim 0 x x . Exemplo 2.18: (Limite Fundamental) Mostre, usando o teorema do “sanduíche”, que 1 sen lim 0 x x x Exercícios 12. Considerando 952lim 2 x x , (a) Mostre que 952x , se e somente se, 2 2 x . (b) Encontre um apropriado para .05.0,4.0,2 13. Considerando 33lim 2 0 x x , (a) Mostre que 332x , se e somente se, x . (b) Encontre um apropriado para 3.0,1,2. 20 14. Use as propriedades de limites para calcular: (a) 73lim 3 x x (b) 3 3 lim 2 2 x xx x (c) xx xx x 2 5 2 3 4 2 lim (d) 2 4 1lim xx x (e) 3 32 lim 2 3 x xx x (f) x x x 2sen tan lim 0 (g) 2 4 lim 4 x x x (h) 2 3 2 3 7 1 2lim xx x 15. Nas questões (a) e (b) suponha que 2lim xf ax e 3lim xg ax e calcule o limite especificado. (a) xgxf ax 3lim (b) xfxg xgxf ax 4 46 lim 2 16. Use a desigualdade trigonométrica xx sen para provar que 0senlim 0 xx x . 17. Use o fato de que 1 sen lim 0 x x x (limite fundamental) para calcular o limite: (a) x x x 2 sen lim 0 (b) x x x 4 tan lim 0 18. Suponha que 22 11 xxfx para todo x. Calcule xf x 0 lim . 21 2.4 Limites Laterais Considere o gráfico de uma função xf Este gráfico tem a propriedade de que quando x é escolhido próximo de a, mas à direita de a, os correspondentes valores da função xf estão próximos ao número L. Este é o conceito de limite à direita, cuja notação é: Lxf ax lim Analogamente escrevendo Mxf ax lim significa que os valores de f(x) estão próximos de M se x está próximo de a pela esquerda (limite à esquerda). Observação: O conceito de limite lateral obedece a definição intuitiva e formal de limite. Exemplo 2.17: Como xxf não é definida para 0x , o limite de x quando 0x não existe. Entretanto, podemos escrever que 0lim 0 x x . Exemplo 2.18: Para a função x x xf quando 0x , como já concluímos x x x 0 lim não existe. Entretanto, seus limites laterais existem. De fato, 22 Exemplo 2.19: O gráfico a seguir corresponde à função maior inteiro, definida por: . com inteiromaior xnnx Por exemplo, ,77,322.1,25.2 etc. Embora x nx lim não exista, ambos limites laterais existem. Por exemplo, 1xlime2xlim 2x2x ; 3lime2lim 22 xx xx . Teorema 2.5: xf ax lim existe, se e somente se, ambos os limites laterais existem e são iguais. Isto é, Lxf ax lim se, e somente se, xfLxf axax limlim . Exemplo 2.20: Dada a função 1,2 1,34 2 xx xx xf calcule o xf x 1 lim . 23 2.5 Limites Infinitos Seja f uma função definida por x xf 1 . Iremos analisar o comportamento numérico desta função através das tabelas a seguir. (a) Comportamento de f à esquerda de x = 0: x -1 -0.1 -0.01 -0.001 -0.0001 f(x) -1 -10 -100 -1000 -10000 Podemos notar que quando 0x , ou seja, por valores menores que zero, os valores da função decrescem sem limite. (b) Comportamento de f à direita de x = 0: x 1 0.1 0.01 0.001 0.0001 f(x) 1 10 100 1000 10000 Podemos notar que quando 0x , ou seja, por valores maiores que zero, os valores da função crescem sem limite. Baseado neste exemplo, podemos afirmar que quando x está próximo de 0 esta função não tem os valores se aproximando de um limite bem definido. Observe o gráfico: Analisando, agora, o comportamento da função 2 1 x xf , nas proximidades de x = 0, observamos que: 24 (a) Comportamento de f à esquerda de x = 0: x -1 -0.1 -0.01 -0.001 -0.0001 f(x) 1 100 10000 1000000 100000000 (b) Comportamento de f à direita de x = 0: x 1 0.1 0.01 0.001 0.0001 f(x) 1 100 10000 1000000 100000000 Observamos pelas tabelas, que se 0x ou 0x os valores da função crescem sem limite. Assim, podemos afirmar, por este exemplo que, quando 0x esta função tem os valores se aproximando de um limiar (infinito = ). Observe o gráfico: Neste caso, dizemos que não existe o limite de 2 1 x xf no ponto x = 0, mas denotamos tal fato por: 20 1 lim xx Por causa desta notação costuma-se dizer que algumas funções têm limites infinitos e por causa deste limite, dizemos também que o gráfico desta função tem uma assíntota vertical, que é uma reta cuja equação é dada por x = 0, neste caso. 25 Definição 2.2: Seja xf definida para todo x em um intervalo aberto contendo a, exceto possivelmente em a. Diz-se que f tem limite infinito, quando x se aproxima de a, o que é denotado por: xf ax lim se, para todo número real > 0,existir um > 0 tal que se ax0 , então xf . Observação: De modo similar, pode-se chegar à conclusão que para a função 2 1 x xg não existe limite no ponto x = 0, no entanto pode-se representar um resultado, como descrito anteriormente, por: 20 1 lim xx . 2.6 Limites no Infinito Analisaremos agora o comportamento de x xf 1 , quando x cresce arbitrariamente x , ou quando x decresce arbitrariamente x : (a) Comportamento de f para x pequenos: x -1 -10 -100 -1000 -10000 -100000 f(x) -1 -0,1 -0.01 -0.001 -0.0001 -0.00001 (b) Comportamento de f para x grandes: x 1 10 100 1000 10000 100000 f(x) 1 0,1 0.01 0.001 0.0001 0.00001 Pelas tabelas observamos que: 0lim xf x e 0lim xf x E quando construímos o gráfico de f, observamos que existe uma reta (assíntota) horizontal que é a reta y = 0, que nunca toca a função, mas se aproxima dela em e em . 26 Temos então uma definição geral, englobando tal situação: Definição 2.3: Seja xf definida para todo x em um intervalo ,a . Escrevemos: Lxf x lim quando, para todo número real > 0,existir um > 0 tal que Lxf e sempre que x > . Formalizaremos agora o conceito de assíntota horizontal. Definição 2.4: Dizemos que a reta y = L é uma assíntota horizontal do gráfico de f se: Lxf x lim ou Lxf x lim Exemplo 2.21: Calcule o 422 13 lim 2 2 xx x x . A interpretação geométrica deste fato é que a reta horizontal 2 3 y é uma assíntota do gráfico da função 422 13 2 2 xx x xf . 27 A figura a seguir é um esboço do gráfico de f. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Quando, no cálculo do limite de uma função, aparecer uma das seguintes formas: 1,,0,0,,, 0 0 00 que são denominadas expressões indeterminadas, nada se poderá concluir de imediato sobre o limite sem um estudo mais aprofundado de cada caso. Exercícios 20. Para cada função cujo gráfico é o da figura indicada, calcule os limites, se existirem: (a) (i) xf x 1 lim (ii) xf x 1 lim (iii) xf x 0 lim 28 (b) (i) xf x 2 lim (ii) xf x 2 lim (iii) xf x 2 lim 21. Considere o gráfico de xf mostrado na figura abaixo. Para que números a, temos: (a) afxf ax lim ? (b) afxf ax lim ? (c) xf ax lim existe? (d) xf ax lim existe e é igual a af ? 22. Calcule o limite, se existir: (a) 2lim 2 x x (b) 2 3 2 5 0 5lim xx x (c) 2 4 lim 4 x x x (d) 2 44 lim 2 2 x xx x (e) xx x 3 lim (f) x x 1lim 3 (g) 4 12 lim 3 2 x xx x (h) xx 1 lim 0 (i) 4 12 lim 23 4 xx xx x (j) 1 lim x x x (k) x x x 1 lim 0 29 23. Seja 0,1 0,cos xx xx xf (a) Calcule xf x 0 lim (b) Calcule xf x 0 lim (c) xf x 0 lim existe? 24. Seja 3,12 3,2 xx xx xf . Prove que 5lim 3 xf x 25. Seja 1, 11, 1,2 2 xx xx x xf (a) Esboce o gráfico de f. (b) xf x 1 lim existe? Justifique. (c) xf x 1 lim existe? Justifique. 3 CONTINUIDADE Quando definimos limite de xf quando x tende para a, enfatizamos que este limite não é necessariamente igual a af . De fato, af pode nem mesmo ser definida. A partir de agora voltaremos nossa atenção para o caso em que afxf ax lim . Se isto ocorrer, dizemos que a função f é contínua em x = a. Definição 3.1: Suponhamos que a função f é definida em um intervalo aberto contendo o número a. Então f é contínua em a, se afxf ax lim Caso contrário, dizemos que f é descontínua em a. 30 Observações: 1. A definição de continuidade exige duas coisas: primeiro que xf ax lim exista, e segundo que a função f seja definida no número a. 2. A definição 3.1 é uma definição de continuidade no número a para funções que são definidas sobre um intervalo aberto em torno de a. Geometricamente, continuidade é uma propriedade que garante que o gráfico de f não terá uma interrupção (ou será “quebrado”) em afa, . Cada uma das funções, cujos gráficos são dados a seguir, são descontínua em a. Exemplo 3.1: Calcule os números x para os quais 2 42 x x xf é contínua. af não é definida existe não limlimlim xfxfxf axaxax xfaf ax lim 31 A descontinuidade no número 2 é chamada de descontinuidade removível, pois podemos eliminar (remover) a descontinuidade em 2x definindo 4lim2 2 xff x Em outras palavras acrescentamos 2x ao domínio de f definindo a nova função 2,4 2, 2 4 ˆ 2 xse xse x x xf A função fˆ é, então, contínua para todo x, e concorda com f para 2x . Exemplo 3.2: Outra função com uma descontinuidade removível é x x xf sen . Embora 0f é indefinida, já mostramos que 1 sen lim 0 x x x Podemos, portanto, “remover” a descontinuidade para 0x , definindo: 0,1 0, sen ˆ xpara xpara x x xf A função fˆ é, então, contínua para 0x . Teorema 3.1: Se a função f e g são contínuas para ax e se c é um número real qualquer, então, as seguintes funções são também contínuas em ax : (a) f + g (b) fc (c) gf (d) g f , desde que 0ag . 32 Teorema 3.2: Para cada inteiro positivo n = 1, 2, 3,..., (a) a função nxxf é contínua para todo x. (b) se a função g é contínua em ax , a função nxgxf é contínua em ax . A combinação dos teoremas 3.1 e 3.2 mostra que qualquer polinômio é contínuo para todo x, e qualquer função racional é contínua para todo x diferente daquele que anula seu denominador. Por exemplo: (a) O polinômio 72 23 xxxf é contínuo para todo x. (b) A função racional 6 73 x xx xg é contínua para todo x, com 6x . (c) A quarta potência de xg 4 3 4 6 7 x xx xgxh é contínua para todo x, com 6x . 3.1. Continuidade em Intervalos Definição 3.2: (i) A função f é contínua no intervalo aberto (a, b) se for contínua em cada bax , . (ii) A função f é contínua no intervalo fechado ba, se for contínua em (a, b), e, além disso afxf ax lim e bfxf bx lim 33 A continuidade é definida de modo análogo em intervalos tais como (a, b], [a, ∞), etc. Exemplo 3.3: A função xxf é contínua no intervalo [0,∞). Em outras palavras 0,lim aax ax e 00lim 0 fx x . Teorema 3.3: Sejam m e n inteiros positivos. A função m n xxf é: (a) contínua em [0,∞) se m é par; (b) contínua em (-∞,∞) se m é ímpar. Exemplo 3.4: Utilizando os teoremas anteriores, podemos concluir que as seguintes funções são contínuas nos intervalos dados (a) xxxf 32 em [0,∞) (b) x xx xf 1 3 2 2 em (-∞,1) e (1,∞) (c) 32 56 2 3 3 2 xxx xx xf em (0,2) e (2,∞) 3.1.1 Definição Alternativa de Continuidade Teorema 3.4: Seja f uma função definida em um intervalo aberto contendo o número a. Então, f é contínua em a se, e somente se, afhaf h 0 lim . A função f é contínua em (a, b], mas não em [a, b]. 34 Demonstração: Seja axh . Então, ax , se, e somente se, 0h . Além disso, xaxaha , tal que xfhaf e xfhaf axh limlim 0 . Portanto, afhaf h 0 lim é equivalente a afxf ax lim , que é a definição de continuidade (definição 3.1). Exemplo 3.5: Mostre que a função xxf sen é contínua para todo x. Teorema 3.5: Seja f uma função contínua em um intervalo aberto contendo o número L. Se o limite Lxg ax lim existe, então, Lfxgfxgf axax limlim Este teorema afirma que se a função “de fora” na função composta fog é contínua, podemos “passar o limite para dentro da função f”. Exemplo 3.6: (a) 0sen0senlimsensenlim 2 0 2 0 xx xx . Neste caso, xxf sen e 2xxg . (b) 2 2 2 1sen lim 2 1 2 sen lim 2 sen lim 000 x x x x x x xxx . 35 3.1.2 Teorema do Valor Intermediário Teorema 3.6: Seja f contínua no intervalo [a, b] com bfaf . Seja d um número qualquer entre afe bf . Então, existe, no mínimo, um número bac , tal que dcf . O teorema do valor intermediário é um teorema de existência. Ele simplesmente garante que, no mínimo, um número c existe que satisfaz a condição dcf . Entretanto, não nos diz como encontrará este número. Exemplo 3.7: A função 13 xxf é contínua no intervalo [0,2]. Como 10 f e 32 f , o teorema do valor intermediário garante que se d é qualquer “valor intermediário” com 1 < d < 3, existe um número 2,0c com dcf . Em particular se 2 5 d , então, 2 5 cf . Portanto, 3 33 4 1 4 1 2 5 1 ccc . 36 Exemplo 3.8: Use o teorema do valor intermediário para resolver a desigualdade xxx 54 23 . Solução: Primeiro, convertemos a desigualdade na forma 0xf . 054 23 xxx Assim, seja xxxxf 54 23 . Com f é um polinômio, f é contínua em , . Os zeros de f são: 515454 223 xxxxxxxxxxf , tal que 0xf para x = -1, 0 e 5. A tabela a seguir mostra o sinal de f em cada intervalo. Intervalo X xf Conclusão 1, 2x 0142 f 1, em 0 xf 0,1 2 1 x 0 8 11 2 1 f 0,1 em 0 xf 5,0 1x 081 f 5,0 em 0xf ,5 6x 0426 f ,5 em 0xf Exercícios 26. Dê os intervalos sobre os quais a função é contínua: (a) 1 1 x xf (b) 2,1 2,1 xx xx xf (c) 2 2 2 xx x xf (d) 21 2 1 214 1 2 x,x x,x xx, xf 27. A função 1 12 x x xf tem uma descontinuidade removível em x = 1. Determine como definir 1f tal que a função seja contínua em 1. 28. Calcule a constante k que torne a função contínua em x = a: 2,10 2, xx xx y k , a = 2 29. Use o teorema 3.5 para calcular o limite: (a) 53 8 1lim x x (b) x x coslim 2 30. Resolva a desigualdade 0xf ou 0xf usando o teorema do valor intermediário: (a) 86 xx (b) 09 24 xx