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Acidente Vascular Cerebral Dra. Cladis L. K. Moraes DEFINIÇÃO Síndrome clínica de rápida ou brusca instalação que produz um déficit neurológico focal não convulsivo, de mais de 24 horas de evolução. ETIOLOGIA AVC ISQUÊMICO (80%) HEMORRÁGICO (20%) Trombótico (75%) Embólico (25%) Intraparenquimatoso(67%) - cerebral Subaracnoídeo (33%) - meningeo Lacuna de pequeno vaso (25%) Grande vaso (75%) A. Cer. Média A. cer. Anter A. cer. Poste. A. vertebral A. Basilar A. carótida Hudak e Gallo 2007 INFARTOS CEREBRAIS 25% são embólicos, cardíacos, de carótida ou vertebrais 10% são lacunares: doença de pequenos vasos Mais de 50% são trombo-embólicos de vasos grandes ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL A prevenção e o reconhecimento precoce dos sinais e sintomas determinam a mortalidade e a incapacidade Deve ser visto como uma emergência médica pois a isquemia pode ser revertida antes de se instalar a lesão A lesão cerebral ocorre quando a oclusão arterial dura mais de 2-3 horas. Após 4 hs não é mais recomendado o uso de trombolíticos. ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL O AVC é uma das principais causas de incapacidade permanente em adultos. Há um grande custo para subsidiar os sobreviventes de AVC O AVC ocorre quando o fluxo sanguíneo é interrompido por causa de uma obstrução de um vaso por um êmbolo, um trombo ou ruptura de um vaso. Os aspectos clínicos observados dependem da localização do evento e da região do cérebro que o vaso perfunde. EPIDEMIOLOGIA Principal causa de incapacidade e diagnostico de cuidado a longo prazo A maior causa é por trombose, embolia e hemorragia A etiologia pode ser diferente mas o resultado final é uma lesão focal no cérebro. AVC hemorrrágico 10-15% dos casos de AVCs Brasil até 30% dos AVCs VASCULARIZAÇÃO CEREBRAL CARÓTIDAS (irrigam a parte anterior) CEREBRAIS MÉDIAS (se originam das carótidas) VERTEBRAIS (irrigam a parte posterior) FISIOPATOLOGIA 1. AVCi aterotrombótico Fatores de risco: precedido de ataque isquêmico transitório pode apresentar flutuação do quadro neurológico HAS Tabagismo DM Dislipidemias 2. AVCi embólico Fatores de risco origem cardíaca início súbito FA IAM recente FISIOPATOLOGIA FISIOPATOLOGIA Interrupção do fluxo sanguíneo por êmbolo ou trombo que leva a privação de O2 Privação de 1 min. Leva a perda da consciência Privação de mais de 1 min. produz necrose (infarto) Causas da privação de O2: Isquemia (parada cardíaca, hipotensão), hipóxia (anemia, altitude) Na hipóxia há possibilidade de reversão do processo. Circundando a zona infartada existe uma área de tecido isquêmico que se adequadamente tratada pode ser viabilizada (área de penumbra isquêmica) FISIOPATOLOGIA AVC por êmbolos são resultantes de: coágulos sanguíneos fragmentos de placas ateromatosas Lipídeos Ar São normalmente de origem cardíaca (secundária ao IAM ou fibrilação) AVC por hemorragia HAS é a principal causa secundária ou associadas a mal formação arteriovenosa ou aneurismas A Artéria cerebral média é a mais envolvida: Supre as faces laterais do hemisférios cerebral – provoca déficit motor e sensorial contralateral (afeta a fala e provoca disfasia) FISIOPATOLOGIA Como a causa mais frequente são os trombóticos (aterosclerose) e os embólicos eles podem ser recorrentes se a causa subjacente não for tratada. A extensão da isquemia e do infarto esta relacionada a área e ao tempo de atendimento do paciente. Perda súbita de força ou formigamento de um lado do corpo – face e/ou membro superior e/ou membro inferior; Dificuldade súbita de falar ou compreender; Perda visual súbita em um ou ambos os olhos; Súbita tontura, perda de equilíbrio e ou de coordenação; Dor de cabeça súbita, intensa sem causa aparente; Quando o evento se resolve em menos de 24 horas é classificado como ataque ou crise isquêmica transitória (AIT) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DIAGNÓSTICO ESCALA DE CINCINATI DIAGNÓSTICO ESCALA DE AVC DO NIHSS (National Institute of Health Stroke Scale) Morton, Patricia G. et al. Cuidados Críticos de enefrmagem. Uma visão Holística, Guanabara Koogan, 2007, pag. 830 DIAGNÓSTICO UTILIDADE DA ESCALA: Escala mais utilizada na atualidade Determina o índice de gravidade e mortalidade Valores acima de 16 tem pior prognóstico Retratar o déficit neurológico Avaliar dinamicamente a intensidade do déficit durante a evolução do AVC isquêmico DIAGNÓSTICO UTILIDADE DA ESCALA: Perguntas do nível de consciência Melhor olhar conjugado Visual Paralisia visual Motor para braços Motor para pernas Ataxia de membros (index-nariz, calcanhar-joelho) Sensibilidade Melhor linguagem (afasia leve, moderada ou grave a compreensão é julgada) Disartria (dificuldade na fala) Extinção ou desatenção (antiga negligência) Anamnese Descrição do evento neurológico Identificação dos fatores de risco (HAS, FA, colesterol sérico elevado, tabagismo, contraceptivo, orais, histórico familiar de AVC) Sinais vitais (PA), sonolência Presença doença cardíaca (IAM) Nível de consciência (escala de Glascow?) Tipo de AVC isquêmico/hemorrágico Localização do AVC isquêmico Gravidade do déficit neurológico DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL AVCT AVCI AVCH Sintomatologia semelhante ao AVCI Déficit neurológico focal súbito Déficit focal súbito Resolução em menos de 24 hs Dificuldade na fala Redução do nível de consciência Dificuldade visual Náusea Formigamento Vômitos Diplopia Cefaléia súbita Déficit motor Rigidez nuca Vertigem Síncope Desvio do olhar conjugado AVCi TRANSITÓRIO Déficit neurológico focal, encefálico ou retiniano, súbito e reversível Duração menor de 1 hora Sem lesão nos exames de imagem Melhora em 24 hs DIAGNÓSTICO Isquêmico versus hemorrágico >70% do total é isquêmico Tratamento geral é semelhante Tratamento específico é especializado DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Avc hemorrágico (TC) Trauma craniocervical Meningite/encefalite Encefalopatia hipertensiva Precesso expansivo intracraniano (tumor, abcesso, hematoma) Crises convulsivas com paralisia persistentes Enxaqueca com sinais neurológicos Anormalidades metabólicas hipo/hiperglicemia Encefalopatia pós parada cardíaca Abuso de drogas Esclerose múltipla A AVALIAÇÃO É FUNDAMENTAL PARA RECONHECER COMPLICAÇÕES COMO: INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA HIPERTENSÃO INTRACRANIANA TRANSFORMAÇÃO HEMORRÁGICA HIDROCEFALIA DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO Prognóstico 10% recuperação total ou quase 25% deficiência pequena 40% requerem ajuda a longo prazo 10% incapacitados 15% morte precoce Tratamento OBJETIVOS Restauração do fluxo sanguíneo cerebral (reperfusão) Prevenção da trombose recorrente Neuroproteção Cuidados de suporte *** Preservar a área isquemica o máximo possível utilizando: O2, glicose e fluxo sanguíneo adequado. MEDIDAS GERAIS SV, monitorização ECG (ver FA) Manter Saturação acima em 96% Monitorar nível de O2 - Gasometria Acesso venoso para infundir solução salina *SNG para dieta e evitar aspiração *Monitorar volume urinário e função renal e cardíaca * Sondagem vesical para retenção urinária Monitorização respiratória (AVC de tronco) PA para manter pressão de perfusão cerebral (PPC) não usar antihipertensivo na fase aguda apenas se PAS >220 e PAD >120 mmHg) Manter PA em 180/105mmHg por 36 hs Monitorar Níveis glicêmicos TRATAMENTO Tratamento: Controle da PA Controle deve ser lento e progressivo, visando PAS máxima entre 140-180 Evitar quedas bruscas ou irremediáveis e hipotensão postural Medicamentos ideais são beta-bloqueadores (metropolol, atenolol) e inibidores de ECA (captopril) para PAD entre 120 - 140 e nitroprussiato de sódio para PAD acima de 140 TRATAMENTO Controle da Temperatura Glicemia A Hiperglicemia leva a aumento da cc de lactato gerando aumento de radicais livres que leva a lesão neuronal, edema e aumenta a isquemia. Manter entre 150 -180mg/dl Heparina profilática para trombose venosa/ embolia pulmonar Proteção gástrica Tratamento: controle de viscosidade sanguínea Volume globular entre 36-48 Usar soro fisiológico Evitar diuréticos AVC Isquêmicos Dose baixa de heparina (<10000ui/dia) AAS Tratamento: controle de estado geral Repouso calmo reclinado a 30º Excelente ventilação pulmonar Correção de situação cardíaca Mobilização e prevenção de infecções e úlceras de decúbito. Prevenção de agitação Grupos especiais: trombólise Uso de r-TPA (ativador plasminogênio tecidual) restrito a < 3h para injeção (por via EV por 60 min), sempre dentro de protocolo, excluir uso de heparina, crise hipertensiva, AAS? COMPLICAÇÕES Piora grande de deficit neurológico Falta de controle de pressão arterial Demora de início de tratamento Hipertensão intracraniana por edema em 10% casos Edema causa herniação O edema piora o quadro neurológico em 2-4 dias Complicações: novo infarto Falta de anticoagulação e correção de arritmias Falta de identificação de embolia de origem em carótidas ou vertebrais REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Morton, Patricia Gonce, et al.Cuidados Críticos de Enfermagem. Distúrbios Neurológicos. 8ª Ed. Guanabara Koogan. 2007. Pág. 826-834. HEMORRAGIA INTRACECEBRAL ESPONTÂNEA (HICE) DEFINIÇÃO Sangramento no interior do tecido cerebral FISIOPATOLOGIA Incidência Idade, etnia (negra) Causas HAS – ruptura artérias pequenas Coagulopatia (leucemia, hemofilia, policitemia, anemia falciforme), anticoagulantes, trombolíticos, podem levar a hemorragia maciça Neoplasias primárias ou metastáticas Angiopatia amilóide – depósito de betaproteína Doenças inflamatórias e infecciosas: virais, bacterianas por necrose ou ruptura vascular Abuso de drogas: álcool, cocaína, anfetaminas FISIOPATOLOGIA • Locais mais comuns de ruptura de vasos por enfraquecimento dos vasos e aterosclerose: • Artéria cerebral anterior • Artéria cerebral média • Artéria cerebral posterior • Artéria basilar QUADRO CLÍNICO Dependem da localização e extensão da hemorragia Déficit focal súbito, náuseas, vômito, redução nível de consciência. Progressão dos sintomas em 50 – 60% dos pacientes em 3-6 hs que é característico dos AVC hemorrágicos Alteração do nível de consciência por Hipertensão intracraniana (HI) por hidrocefalia ou sangramento intraventricular ou infiltração do diencéfalo Todo paciente que tenha quadro de cefaléia súbita de forte intensidade, até que se prove o contrário, tem um AVE hemorrágico. Tríade cefaléia + rigidez de nuca + síncope diagnóstico provável. TC não contrastada confirma o diagnóstico em 95%. QUADRO CLÍNICO QUADRO CLÍNICO Déficit sensitivo e motor Afasia, hemianopsia e desvio do olhar conjugado Crises convulsivas em hematomas lobares Hematomas com mais de 70 ml são quase sempre fatais Os hematomas expandem-se (em 33%) nas primeiras 3-4 hs de sintomas A mortalidade varia de 30 – 50% Volume hematoma maior de 60 ml mortalidade de 90% DIAGNÓSTICO TC sem contraste define: Localização Tamanho hematoma Presença sangramento intraventricular, subdural ou subaracnoide ou tumores, aneurismas ou tromboses HIC – localizado em estruturas mais profundas Gânglios da base, tálamo Complicações Ressangramento: a maioria ocorre nas primeiras 24 horas. 20% nos primeiros 7 dias. Vasoespasmo: 20-30% dos casos, entre 3-4 dias. Hidrocefalia: 15% - entupimento da drenagem liquórica pela fibrina nas granulações aracnóideas. Hiponatremia: comum nas primeiras 2 semanas. TRATAMENTO TRATAMENTO DE SUPORTE Monitorização neurológica Controle da Via aérea – entubação ECG < 9 Controle da PA individualizado para evitar hipofluxo cerebral Manter PA média acima de 130 mmHg evitar diminuição brusca e exagerada TRATAMENTO Manter pressão intracraniana < 20 mmHg Manter Pressão perfusão cerebral (PPC) > 70 mmHg Profilaxia de crises convulsivas para os que já apresentaram crises nas primeiras horas Controle da glicemia – a hiperglicemia aumenta acidose intracelular e produção de radicais livres, manter entre 80 – 140 mg/dl Controle da temperatura < 37º Profilaxia da úlcera gástrica –Ranitidina, omeprazol Tratamento Escala de Hunt-Hess I – Assintomático ou cefaléia e rigidez de nuca leves, Glasgow 15 II – Cefaléia e rigidez de nuca moderada a grave, Glasgow 13-14 III – Torporoso, sonolento, déficit motor, Glasgow 13-14 IV – Torpor, pode haver hemiparesia moderada-grave, Glasgow 7-12 V – Coma com postura patológica (GCS <6) – 97% de mortalidade, sem recuperação funcional, Glasgow 3-6 • Nos 3 primeiros dias e Hunt-Hess < III arteriografia cerebral, para localizar o aneurisma e depois clampeá-lo. • Se o paciente tiver rebaixamento da consciência, ou se tiver passado o terceiro dia, a cirurgia deve ser protelada para após 10-14 dias. • Vasoespasmo deve ser tratado com hemodiluição hipervolêmica. • A nimodipina é recomendada para a prevenção da isquemia cerebral. Tratamento TRATAMENTO Profilaxia da trombose venosa profunda após 14 dias nos pacientes estáveis Reversão da anticoagulação Plasma fresco, Vitamina K, protamina TRATAMENTO TRATAMENTO CIRÚRGICO Evacuação do hematoma Drenagem ventricular Realizada em paciente com hidrocefalia Realizada em pacientes com hemorragia intraventricular extensa A hidrocefalia leva a hipertensão intracraniana Drenagem dos hematomas cerebelares grandes
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