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Monografia sobre Lei de Maquila

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Prévia do material em texto

FACULDADES UNIFICADAS DE FOZ DO IGUAÇU – UNIFOZ
CURSO DE DIREITO
JOELMA CRISTINA DE SOUSA
LEI DE MAQUILA E OS BENEFÍCIOS FISCAIS PARA AS INDÚSTRIAS BRASILEIRAS		
FOZ DO IGUAÇU/PR
2017
JOELMA CRISTINA DE SOUSA
LEI DE MAQUILA E OS BENEFÍCIOS FISCAIS PARA AS INDÚSTRIAS BRASILEIRAS
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito das Faculdades Unificadas de Foz do Iguaçu – UNIFOZ.
Orientador: Prof. Doutor Alfredo Copetti Neto
FOZ DO IGUAÇU/PR
2017 
JOELMA CRISTINA DE SOUSA
LEI DE MAQUILA E OS BENEFÍCIOS FISCAIS PARA AS INDÚSTRIAS BRASILEIRAS
	Monografia aprovada, apresentada às Faculdades Unificadas de Foz do Iguaçu – UNIFOZ, Curso de Direito, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharela em Direito, com nota final igual a ______ conferida pela Banca Examinadora formada pelos professores:
___________________________________________
Prof. Orientador, Dr° Alfredo Copetti Neto
Faculdades Unificadas de Foz do Iguaçu – UNIFOZ
__________________________________________
Prof. Membro da Banca, titulação (....)
Faculdades Unificadas de Foz do Iguaçu – UNIFOZ
Foz do Iguaçu/PR, ____de____ de 2017.
AGRADECIMENTOS
	Vivem no Paraguai alguns brasileiros e paraguaios que se tornaram grandes amigos e parceiros de trabalho. Quero agradecer a todos eles sua amizade e apoio que me têm dado e o muito que com eles tenho aprendido.
	Uma palavra especial de agradecimento ao meu amigo, colega de profissão na educação e meu orientador, o Professor Alfredo Copetti Neto. Que de imediato se encantou pelo tema e me encaminhou para colocar neste trabalho o meu conhecimento prático. Possibilitando a transformá-lo em uma fonte de pesquisa.
	Devo igualmente deixar aqui uma palavra de reconhecimento ao meu compadre, parceiro de negócios e grande amigo Gustavo Valiati, que me apresentou a Lei de Maquila, me incentivou na abertura da ETHOS Asesoria de Inversiones SRL no Paraguai, e que até então vem se tornado um grande apoiador neste projeto.
	Também agradecer imensamente a grande contribuição do economista e Chefe do CNIME (Conselho Nacional das Indústrias Maquiladoras e Exportadoras), Srᵒ. Ernesto Paredes. Responsável pelo Projeto Maquila dentro do Ministério de Indústria e Comércio – Assunção.
	Apaixonadamente, quero agradecer ao meu marido Júlio César Cozer, pela paciência e compreensão pelos tantos dias de abandono enquanto esposa devido à correria no meu dia a dia, e ainda assim, mantendo o apoio e orgulho da produção deste trabalho.
	Agradeço por fim, a minha filha Mariana Sousa Scherer, que muitas vezes tarde da noite estava ao meu lado me auxiliando na preparação dos eventos sobre a Lei de Maquila realizados em nossa cidade, e que me deram suporte para fundamentar este tema ainda bastante desconhecido em nosso País.
Empreendedores são aqueles que entendem que há uma pequena diferença entre obstáculos e oportunidades e são capazes de transformar ambos em vantagem.
 (Maquiavel) [1: Nicolau Maquiavel (nascido em  Florença em 3 de maio de 1469 e falecido na mesma cidade em 21 de junho de 1527). Foi historiador, poeta, diplomata e músico durante o  Renascimento. Sua famosa obra foi escrita em 1513 – “O Príncipe” - que sugere a famosa expressão: “os fins justificam os meios”. ]
SOUSA, Joelma Cristina. Lei de Maquila e os benefícios fiscais para as indústrias brasileiras. 71f. Monografia para conclusão de Graduação em Direito – Faculdades Unificadas de Foz do Iguaçu – UNIFOZ, Foz do Iguaçu, 2017.
RESUMO
	A monografia visa analisar quais serão os incentivos adquiridos no processo de transição da indústria brasileira para o Paraguai por meio da Lei de Maquila. Sendo esta Lei promulgada desde 2000, cujo benefício principal é a cobrança de um único imposto dentro do Paraguai, sendo este de um por cento sobre o faturamento mensal da empresa, em seu processo de reexportação do produto manufaturado ou ensamblado. No decorrer do processo deve-se respeitar os requisitos determinados pelo Acordo Mercosul no que tange ao Certificado de Origem do produto que será produzido totalmente ou parcialmente no Paraguai. E assim, caso seja viável economicamente transformar o produto em made in Paraguai, com a certificação de origem será isento o imposto de importação tanto na entrada da matéria prima no Paraguai quanto na reexportação do produto final para o Brasil. Neste sentido, buscou fundamentar à luz dos teóricos Reinaldo Gonçalves, Jacob Paulo Kunzler, Edison Carlos Fernandes, e Edmar Bacha com Monica Baumgartem de Bolle, que abordam questões sobre a harmonização das leis no Mercosul e o futuro da indústria brasileira dentro do ambiente global, com maior propriedade. Além dos relatos de diversos operadores da Lei de Maquila dentro do Paraguai. Assim, analisa-se passo a passo o procedimento e os pré-requisitos para obtenção do certificado maquila, com base nos pontos cruciais apontados pela Lei de Maquila. 
PALAVRAS-CHAVE: Lei de Maquila, indústrias brasileiras, incentivos, tributos e Paraguai.
SOUSA, Joelma Cristina. Ley de Maquila y los beneficios fiscales para las industrias brasileñas. 71f. Dissertación para conclusión del Grado en Derecho – Facultades Unificadas de Foz do Iguazú – UNIFOZ, Foz do Iguazú, 2017. 
RESUMEN
La monografía tiene como objetivo analizar los incentivos adquiridos en el proceso de transición de la industria brasileña a Paraguay através de la Ley de Maquila. Dado que esta ley ha sido promulgada desde el año 2000, el beneficio principal de los cuales es la colección del impuesto único dentro de Paraguay, que es uno por ciento de la facturación mensual de la compañía, en su proceso de exportar el producto fabricados o ensamblados. En el curso del proceso, los requisitos establecidos por el Acuerdo Mercosur con respecto al certificado de origen del producto a ser producido parcialmente o totalmente en Paraguay debe ser respetada. y así, si es económicamente viable para transformar el producto en hecho en Paraguay, con la certificación de origen estarán exentas del impuesto de importación tanto en la entrada de las materias primas en el Paraguay y en la re-exportación del producto final a Brasil . En cierto sentido esto, se buscó establecer, a luz de los teóricos Reinaldo Gonçalves, Jacob Paul Kunzler, Edison Carlos Fernandes, y Edmar Bacha con Monica Baumgartem Bolle, que abordan cuestiones sobre la armonización de las leyes en el Mercosur y el futuro de la industria brasileña dentro del entorno global, con mayor propiedad. Además de los informes de tantos operadores de la Ley de Maquila dentro del Paraguay. Por lo tanto, el procedimiento y los requisitos para la obtención del certificado maquila, en base a los puntos cruciales señalado por la Ley de Maquila, se analizan paso a paso.
PALABRAS CLAVE: Ley de Maquila, industrias brasileñas, incentivos, impuestos y Paraguay.
LISTA DE ABREVIATURAS 
CNI .................................. 	Confederação Nacional das Indústrias 
CNIME............................. 	Conselho Nacional de Indústrias Maquiladoras e Exportadoras
EUA ................................. 	Estados Unidos da América
FHC...................................	Fernando Henrique Cardoso
GATT............................... 		Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (General Agreement on Tariffs and Trade) 
GMC..................................	Grupo Mercado Comum
IBGE ............................... 	Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPEA ................................ 	Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
MERCOSUL..................... 	Mercado Comum Europeu
MIC..................................Ministério de Indústria e Comércio
PIB................................... 	Produto Interno Bruto
SGP................................. 	Sistema Geral de Preferências 
TEC ................................. 	Tarifa Externa Comum
UE ................................... 	União Europeia
INTRODUÇÃO
	Num momento em que vivenciamos os efeitos da globalização impactando os resultados econômicos de nossas empresas, seja de forma negativa ou positiva, torna-se crucial identificar quais variáveis do macro ambiente poderão ser utilizadas como potencializadoras nas estratégias traçadas pelas mesmas com o intuito de ora crescer, ora sobreviver, dentro deste ambiente global.
	Deste modo, o presente trabalho visa estudar os efeitos deste processo global que atingem as indústrias brasileiras, e que ao tentarem minimizar seus custos de produção e financeiros, buscam novos caminhos e novos mercados. E neste caso específico, será descrito as causas do processo migratório de indústrias brasileiras para o Paraguai sob o Regime Maquila.
	A temática desta pesquisa visa à análise dos benefícios fiscais adquiridos por meio do certificado Maquila que será fornecido para as indústrias que trouxerem parte ou todo o processo de produção da mesma para o Paraguai, com a obrigatoriedade de reexportar sua produção.
	Com isto, torna-se necessária a verificação das etapas de instalação e aprovação da indústria como maquiladora, desde a análise dos requisitos para obtenção do certificado de origem Mercosul, bem como, dos custos de produção que envolve todo o processo. Neste sentido, a tônica da reflexão delimita-se em investigar quais serão os incentivos adquiridos no processo de desindustrialização brasileira para o Paraguai por meio da Lei de Maquila.
	Deste modo, a problemática desta pesquisa consiste em responder a seguinte indagação: Os benefícios fiscais apresentados pela Lei de Maquila serão eficientes ao ponto de garantir o desenvolvimento regional? 
	Justifica-se a escolha do tema por refletir um movimento novo e crescente observado na fronteira entre Brasil e Paraguai. Onde ambos os países, pertencentes ao Mercosul, possuem acordos comerciais voltados a alavancagem do comércio exterior. Seja dentro do próprio bloco ou fora deste. E portanto, governos e sociedade poderão vir a questionar se a mudança das indústrias para o Paraguai tornará um problema dentro do próprio bloco.
	A análise e desenvolvimento deste trabalho, consistiu num primeiro momento a investigação bibliográfica, a qual teve como base os teóricos Reinaldo Gonçalves, Jacob Paulo Kunzler, Edison Carlos Fernandes, e Edmar Bacha com Monica Baumgartem de Bolle, além de diversos artigos eletrônicos que colaboraram com dados estatísticos mais atualizados; além da própria Lei nᵒ 1.064/1997 – Lei de Maquila, e outras legislações paraguaias relacionadas ao tema.
	Num segundo momento, foi determinante a reunião de informações com os operadores da maquila no Brasil e Paraguai, por meio de entrevistas e coleta de dados de material em slides fornecidos durante algumas palestras que ocorreram no Brasil sobre o tema.
	E por fim, pesquisa in loco, realizada pela autora desta pesquisa e que atua desde 2014 como consultora maquila no Paraguai; e atualmente, também é sócia de uma indústria têxtil maquiladora no país, e portanto, conhecedora de todo o processo realizado.
A composição desta pesquisa é dividida em três capítulos, sendo o primeiro destinado a análise da atual conjuntura econômica do Mercosul, apresentando aspectos relevantes do Tratado Mercosul e os efeitos da globalização na economia mundial e regional. Abordando o preocupante tema: desindustrialização. 
No segundo capítulo, são descritos as normas tributárias aplicadas no Mercosul e a intenção de harmonização das legislações tributárias dentro do bloco. Assunto debatido por anos entre os operadores do comércio internacional de fronteira.
No terceiro capítulo, é apresentado a Lei de Maquila e os requisitos exigidos para obtenção do certificado que dará a garantia de importar e exportar com a isenção de alguns impostos, pagando tributo único de 1% dentro do Paraguai. No entanto, não deixando de apresentar as dificuldades enfrentadas pelas indústrias que desejam migrar suas operações para o Paraguai.
 E por fim, concluindo a pesquisa com respostas para a temática proposta inicialmente, e que poderão servir de suporte para o desenvolvimento de trabalhos posteriores, envolvendo a Lei de Maquila e comércio regional de fronteira. 
1 O MERCOSUL E A NOVA ORDEM ECONÔMICA INTERNACIONAL
	No dia vinte e seis de março de 1991 foi assinado um Tratado para a constituição de um mercado comum entre a República Argentina, a República Federativa do Brasil, a República do Paraguai e a República do Uruguai, conhecido como Tratado de Assunção, e cujo marco histórico deu origem ao bloco econômico Mercosul (Mercado Comum do Sul). Sendo estes países denominados como “Estados Partes”.
São países associados: Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru, Guiana e Suriname. E país observador: México. A Venezuela foi suspensa do Mercosul em dezembro de 2016.
​	A diferença entre os membros efetivos e os associados ao Mercosul está na adesão da Tarifa Externa Comum (TEC), que consiste em uma mesma tarifação sobre produtos exportados para países de fora do bloco, evitando a concorrência e privilegiando os parceiros comerciais existentes dentro do próprio acordo. A TEC é adotada apenas pelos membros efetivos, que são também aqueles responsáveis pelas principais decisões, incluindo a aprovação do ingresso de novos países -membros.
Assim, podemos notar que o Mercosul já abrange toda a América do Sul e o México, que é apenas um Estado observador, uma vez que suas dinâmicas comerciais centram-se nos acordos do NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio) e da APEC (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico).
	No entanto, recapitulando de forma breve as causas que deram origem a este bloco econômico em 6 de julho de 1990. Os presidentes Fernando Collor e Carlos Menem assinaram a Ata de Buenos Aires, e por meio da Cúpula de Buenos Aires resultaram duas decisões: a formação de um mercado comum como objetivo final e a redução de dez para cinco anos no prazo fixado pelo tratado de 1988 para a remoção dos obstáculos tarifários e não-tarifários ao comércio de bens e serviços entre os dois países. 
	A incorporação do Paraguai e do Uruguai ao processo de aproximação Brasil-Argentina levou à criação do Mercosul, definindo-se como objetivo central a construção de um mercado comum.
	O bloco adquiriu personalidade jurídica internacional com o Protocolo de Ouro Preto, firmado em 17 de dezembro de 1994. 
1.1 ASPECTOS RELEVANTES DO TRATADO MERCOSUL 
	Essa iniciativa de integração se desencadeou a partir da disposição dos governos democráticos recém-instalados e pôs em marcha um processo de aproximação e cooperação envolvendo iniciativas no plano político, econômico e estratégico. Temas como: energia, transporte, comunicação, ciência e tecnologia tornaram-se foco principal para operacionalizar as medidas propostas pelo bloco recém criado.
	O Tratado se inicia definindo que “a ampliação das atuais dimensões de seus mercados nacionais, por meio da integração, constitui condição fundamental para acelerar seus processos de desenvolvimento econômico com justiça social”. Sendo que este objetivo somente seria alcançado mediante o aproveitamento mais eficaz dos recursos disponíveis, preservando o meio ambiente, coordenando políticas macroeconômicas com base nos princípios de gradualidade, flexibilidade e equilíbrio.[2: BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. MERCOSUL: legislação e textos básicos. 3 ed. Brasília: Senado Federal, 2000.p.15.]
	Prevendo que não haveria como compatibilizar de pronto as legislações dos Estados que comporiam o Mercosul, tendo em vista que cada país teria suas peculiaridades ideológicas, culturais e sociais, estes princípios serviram como orientação para que gradativamente as regras quesurgissem deveriam existir visando a “harmonização das legislações” dos Estados-partes com o elemento do processo de integração. Um grande exemplo atual é a legislação ambiental, muito similar a do Brasil, e aplicada como pré-requisito para obtenção do Certificado Maquila. Deve ser preparado um Projeto Ambiental da operação no Paraguai. 
	Em seu artigo primeiro, que trata do propósito, princípios e instrumentos que serão utilizados pelos Estados Partes, define-se que o Mercosul implica na livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os países integrantes, eliminando restrições não tarifárias à circulação de mercado, estabelecimento de uma tarifa externa comum e a adoção de uma política comercial comum em relação a terceiros Estados (fora do bloco).
	No âmbito macroeconômico, o tratado abordou a coordenação de políticas de comércio exterior, agrícola, industrial, fiscal, monetária, cambial e de capitais, de serviços, alfandegária, de transportes e comunicações e outras que se acordem, a fim de assegurar condições adequadas de concorrência entre os Estados Partes.
	Em seu artigo segundo, estabeleceu que o Mercosul esteja fundado na reciprocidade de direitos e obrigações entre seus integrantes.
	Em seu artigo terceiro, definiu-se que os Estados Partes adotariam um Regime Geral de Origem, presente no Anexo II do Tratado de Assunção. Na sequencia, o artigo quarto define que na relação com países fora do bloco, visando assegurar condições equivalentes de comércio aplicarão suas legislações nacionais para incluir importações cujos preços sejam afetados por dumping, subsídios ou quaisquer outras práticas desleais. O que acarreta na necessidade de cada país membro elaborar normas comuns sobre concorrência comercial.
	Especificamente em seu artigo sexto, o Tratado reconheceu as diferenças pontuais de ritmo para a República do Paraguai e do Uruguai (conforme constam no Programa de Liberação Comercial anexo 1 do Tratado).
	Em seu artigo sétimo, definiu-se que impostos, taxas e outros gravames internos dariam aos produtos originários do Mercosul o mesmo tratamento aplicado ao seu produto nacional. A esta normativa é que se reconhece os benefícios dados aos produtos com Certificado de Origem Mercosul. 
	Tratando-se ainda sobre aspectos relevantes do Mercosul tem-se a preocupação com a segurança jurídica dos acordos comerciais tratado entre os Estados-partes e/ou entre países terceiros. Sobre este enfoque tem-se o Protocolo de Olivos promulgado em 9 de fevereiro de 2004 (Decreto Legislativo no 712, de 14 de outubro de 2003), cujo objetivo é a solução de controvérsias no Mercosul.
	Em seu preâmbulo, o Protocolo de Olivos define: [3: PROTOCOLO DE OLIVOS. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d4982.htm˃ acesso em: 5 de dez. de 2016.]
A República Argentina, a República Federativa do Brasil, a República do Paraguai e a República Oriental do Uruguai, doravante denominados "Estados Partes";
Tendo em conta o Tratado de Assunção, o Protocolo de Brasília e o Protocolo de Ouro Preto;
Reconhecendo que a evolução do processo de integração no âmbito do MERCOSUL requer o aperfeiçoamento do sistema de solução de controvérsias;
Considerando a necessidade de garantir a correta interpretação, aplicação e cumprimento dos instrumentos fundamentais do processo de integração e do conjunto normativo do MERCOSUL, de forma consistente e sistemática;
Convencidos da conveniência de efetuar modificações específicas no sistema de solução de controvérsias de maneira a consolidar a segurança jurídica no âmbito do MERCOSUL.
	Em seu artigo primeiro define-se que  as controvérsias que surgirem entre os Estados Partes sobre a interpretação, aplicação ou o não cumprimento do Tratado de Assunção, do Protocolo de Ouro Preto, dos protocolos e acordos celebrados sob a égide do Tratado de Assunção, das decisões de conselho, das resoluções do Grupo Mercado Comum (GMC), e das diretrizes da Comissão de Comércio do MERCOSUL serão submetidas aos procedimentos estabelecidos pelo Protocolo. As controvérsias compreendidas no âmbito de aplicação do Protocolo também poderão ser submetidas ao sistema de solução de controvérsias da Organização Mundial do Comércio (OMC) ou de outros esquemas preferenciais de comércio composto pelos Estados Partes do MERCOSUL. 
	No que tange as controvérsias ou queixas efetuadas por particulares (pessoas físicas ou jurídicas) encontram-se nos artigos 39 a 41 do Protocolo quando das sanções ou aplicações, por qualquer dos Estados Partes, de medidas legais ou administrativas de efeito restritivo, discriminatórias ou de concorrência desleal, em violação do Tratado de Assunção, demais protocolos ou acordos celebrados no marco do Tratado de Assunção.
	As controvérsias surgidas entre os Estados-Partes do Mercosul e terceiros países serão solucionadas no âmbito da OMC. Nos casos envolvendo Bolívia e Chile, os conflitos poderão ser resolvidos ao amparo dos regimes de solução de controvérsias previstos nos acordos de livre comércio celebrados com o Mercosul.
	Martins (2009) descreve que “a flexibilidade do sistema de solução de controvérsias do Mercosul  favorece a solução negociada, fundamental para países que têm de lidar com uma constante instabilidade política e econômica, bem como com os abalos sofridos por influência políticas externas.”[4: MARTINS, Eliane M. Octaviano. MERCOSUL: O mecanismo de solução de controvérsias sob a égide do Protocolo de Olivos. Âmbito Jurídico, Rio Grande, XII, n. 70, nov.2009. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6846&revista_caderno>. Acesso em: 9 de dez. 2016.]
1.1.1 Regionalização na fronteira Brasil – Paraguai
	Ao reconhecermos que blocos econômicos são agrupamentos de países cujo objetivo é a integração econômica e/ou social dos mesmos e como consequência espera-se a prosperidade de todos, verifica-se que inicialmente estes blocos preocuparam-se em constituir uma área de livre comércio, isentando tarifas de importações de produtos entre seus Estados Membros. Deste modo, o que ocorre é a comercialização de produtos de origem Mercosul isentos de impedimentos fiscais, desde que estejam respeitando as normas sanitárias e as regras de composição do produto final (Certificado de Origem). 
	Com a economia mundial globalizada, a tendência comercial é a formação de blocos econômicos, e estes adotam redução ou isenção de impostos ou de tarifas alfandegárias, buscando soluções para problemas comerciais que poderão surgir dentro ou fora do próprio bloco. Em tese, o comércio entre os países constituintes de um bloco econômico aumenta e gera crescimento econômico para os mesmos. Trata-se de tendência mundial, pois cada vez mais o comércio entre blocos econômicos cresce, transformando os processos produtivos dos países num forte sistema cluster e sinérgico.
	Mayoral (2000), descreveu anos atrás que o desenvolvimento do Mercosul diferiu de tudo que ocorrera antes em relação a política comercial, já que absorveu a definição de “Zona de livre comércio” adotada pelo GATT. Portanto, conforme o autor, as expectativas dos empresários que atuavam neste mercado globalizado eram de agonia constante, pois o mercado volátil e fragmentado gerava insegurança jurídica. A não ser para os grupos mais concentrados ou de empresas multinacionais que conseguiam identificar estratégias mais coerentes e definidas em face da integração.[5: MAYORAL, Alejandro. Expectativas empresariais ante o processo de integração. In: CAMPBELL, Jorge.(Organizador).Mercosul: entre a realidade e a utopia. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000.p. 383. ]
	O que se verifica atualmente é um processo mais sedimentado, juridicamente mais seguro e cheio de oportunidades para expandir os negócios através dos diversos blocos. Seja entre os países membros e/ou entre os países extrazonais. Mas quando ocorre a integração econômica, entende-se que deva ocorrer a desregulamentação ou abertura de mercado, e por issonecessariamente irão surgir ações e reações crescentes dentro de um processo de politização. Em geral, promovida pelos que se percebem como os mais prejudicados.
	Na prática, o que se visualizou no início foram coalizões de interesses a favor ou contra o processo de integração e regionalização, que no caso do Brasil, baseava-se principalmente no tamanho das empresas e de suas características setoriais. 
	KUNZLER (2002, p. 176 -177) ao abordar sobre os desafios enfrentados pelo Brasil dentro do Mercosul descreveu dois pontos que ainda são tão ou mais relevantes, sendo: [6: KUNSLER, Jacob Paulo. Mercosul e o comércio exterior. 2 ed. São Paulo: Aduaneiras, 2002.p.176-177.]
No âmbito comercial, a cooperação comercial deve promover o incremento e diversificação de intercâmbio entre todos os setores; e como esse propósito, realiza-se diálogos sistemáticos sobre acesso aos mercados, relações comerciais com terceiros países e seu impacto no comércio recíproco, regras de origem, identificação de produtos sensíveis e prioritários para cada parte, e cooperação e intercambio de informação em matéria de serviços. 
	Neste contexto, registram-se temas relevantes como propriedade intelectual dos produtos, redução de barreiras das exportações e do Sistema Geral de Preferências (SGP) que facilita produtos de países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, como o Paraguai, a exportarem para países da UE ou EUA.
	Souza e Gemelli (2011) descreve que o dinâmico processo de globalização, gera a desterritorialização e esta, trata-se de uma das características da modernidade, pois o espaço e o território não ficam “vazios” quando ocorre concomitantemente um processo de mudanças, cujo espaços antes vazios adquirem novas características. [7: SOUZA, Clemente e GEMELLI, Vanderléia. FRONTEIRA BRASIL – PARAGUAI: a regionalização através da ação do Estado na implementação de políticas públicas. Costa Rica II Semestre : Revista Geográfica de América Central.Número Especial EGAL, 2011.p 6. Disponível em: < http://www.revistas.una.ac.cr/index.php/geografica/article/view/2514/2405˃ Acesso em: 9 de dez. 2016.]
	Pode-se chamar de multiculturalismo regional na qual há a instantaneidade da informação, a rapidez dos fluxos, a conexão do território possibilitada pelas redes, os processos migratórios globais, o surgimento de inovações tecnológicas. Há também uma frequência maior dessas transformações, uma vez que as mudanças espaciais são intensas e ocorrem com uma rapidez jamais verificada na história. 
	Nesse sentido, o Estado, por meio de suas ações no espaço concreto, promove mudanças de acordo com o futuro desejado, interfere na dinâmica social e transforma concomitantemente o espaço e o território. Ele (Estado) interfere diretamente na realidade espacial pela criação de políticas públicas e programas, muitas vezes em parceria com instituições privadas, pela concessão de subsídios, mediante o poder que possui para dar o curso das transformações. E assim, a ação do Estado, direta ou indiretamente, é capaz de promover a regionalização. 
	No entanto, a organização do espaço fronteiriço se deve à atuação do Estado, do capital e da sociedade. Visto que os dois primeiros possuem uma estreita relação como agente regulador. O capital e o Estado atuam, normalmente, numa colaboração mútua, uma vez que: 
O Estado capitalista tem progressivamente investido mais e mais, contribuindo para a organização do espaço. Este crescente papel do Estado na organização espacial está ligado às necessidades de socialização dos custos necessários à acumulação do grande capital. (CORRÊA, 1998, p. 61-2 apud SOUZA e GEMELLI, 2011, p.7). [8: SOUZA, Clemente e GEMELLI, Vanderléia. FRONTEIRA BRASIL – PARAGUAI: a regionalização através da ação do Estado na implementação de políticas públicas. Costa Rica II Semestre : Revista Geográfica de América Central.Número Especial EGAL, 2011.p 6. Disponível em: < http://www.revistas.una.ac.cr/index.php/geografica/article/view/2514/2405˃ Acesso em: 9 de dez. 2016.]
	No passado, as próprias características do lado brasileiro na faixa de fronteira e que sofreu a interferência na construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu (1974 – 1991), condicionaram a criação de ações voltadas para o desenvolvimento da atividade turística. No entanto, essas condições não favoreceram o mesmo desenvolvimento do lado paraguaio. 
	Normalmente, o retrato sobre o Paraguai é de desconfiança e descrença. Souza (2013, p.16) descreveu o País como:[9: SOUZA, Edson B.C. Dinâmicas Territoriais na região de fronteira Brasil-Paraguai. Anais. UEPG, 2013. Disponível em: ˂http://pitangui.uepg.br/eventos/semanadegeografia/_PDFs/20131/RESUMOS%20EXPANDIDOS/SOUZA.pdf˃ Acesso em: 25 de mar. 2017. ]
(...) O Paraguai pode ser explicado pelas seguintes características: forma de governo centralizador e fechado, o que dificulta a autonomia dos departamentos na criação de políticas; intenso narcotráfico e ilegalidade no comércio com os países vizinhos, que se torna um problema fiscal e de segurança e faz com que as atenções estejam voltadas para políticas ligadas a essa área (...).
	Na realidade, atualmente o que se percebe é um País lutando e conseguindo combater este narcotráfico, com apoio da Polícia Federal, Receita Federal e Polícia Rodoviária Federal, que patrulham noite e dia as fronteiras terrestre, lacustre e aérea de fronteira. 
Em relação a seriedade fiscal, o Paraguai por meio de um acordo com o governo brasileiro combate ferozmente a tentativa de lavagem de dinheiro com as offshores, que por sua vez verifica-se na abertura de contas em bancos que demoram de 20 a 30 dias para serem abertas, e mesmo assim, somente por meio de transferências bancárias justificadas e com geração de boletos para pagamento do IVA (Imposto sobe valor agregado) sobre cada transferência realizada. [10: Em termos financeiros, é designada por offshore uma empresa que tem a sua contabilidade num país distinto daquele (s) onde exerce a sua atividade. Porém, muitas vezes, utilizada como “fachada” para lavagem de dinheiro.]
Pessoa física não abre conta em bancos se não comprovar a existência de sua empresa (pessoa jurídica) ou noutro caso, comprovar contrato de trabalho em empresa local.
	A análise das duas realidades fronteiriças (Brasil - Paraguai) permite constatar que, embora constituam espaços contíguos com problemas e situações em comum, ambas apresentam características diferentes em desiguais níveis de desenvolvimento. E por isto, entende-se o processo de desindustrialização brasileira para o Paraguai como um fenômeno ora interessante para ambos os países, ora dificultoso quando se trata de adaptação, instalação ou até mesmo de obtenção do Certificado de Origem. 	
	Atualmente, o trabalho conjunto entre os países com seus respectivos órgãos reguladores, promoveram o desenvolvimento regional com a industrialização do Paraguai, por meio de incentivos fiscais e econômicos gerados com a Zona Franca e a Lei de Maquila. E este processo é que transforma em grande parte o perfil da fronteira (Foz do Iguaçu-BR e Ciudad del Este- Paraguai) no âmbito cultural, econômico, político e social.
	
1.1.2. Certificado de Origem 
	Certificado de Origem é o documento que atesta a origem da mercadoria que está sendo comercializada entre países que mantêm acordos comerciais, com o objetivo de conceder redução ou isenção do imposto de importação, garantindo o acesso preferencial de mercadorias ao mercado externo.
	No caso da indústria maquiladora, o certificado de origem irá ISENTAR o imposto de importação, desde que o valor do produto produzido, em regra, agregue 40% em seu custo final a ser comercializado – ou seja, custo Mercosul. Entretanto, vale atentar que tanto os custos operacionais quanto custos de matéria prima deverão ser oriundos de quaisquer país membro do Mercosul.
	Quando se trata de custos operacionais considera-se: frete, aluguel do galpão industrial, despacho aduaneiro, custo de energia, mão de obra, contadores, outsourcings diversos,além do custo com a matéria prima e outros. Deste modo, quando a indústria brasileira - com intenção de transferir suas operações para o Paraguai - trazem praticamente 100% da matéria prima dos países extrazonais considera-se elevado o grau de dificuldade para formar um custo Mercosul viável economicamente para a nova maquiladora. Muitas empresas acabam desistindo da ideia de mudar-se para o Paraguai, neste caso.
O Mercosul dentro desta nova ordem internacional prevê algumas ações para os Estados-partes, com estratégias de ações, tais como: Programa de Liberação Comercial (ACE-18), que define lista de produtos com impostos de importação preferenciais, garantindo melhores condições de competitividade do país parceiro no mercado do país outorgante. Ou, a criação de União Aduaneira e Fiscal, estabelecendo Zona de livre comércio. Ou, a Tarifa Externa Comum (TEC), definindo valor percentual para determinadas mercadoria ao ingressar no Mercosul, por qualquer um dos países membros. E ainda, com a Liberdade de Circulação de Mercadorias, pessoas, serviços e capitais, e outros.
	KUNSLER (2002, p.109), descreve que segundo as diretrizes estabelecidas, desde 1992, a TEC deve incentivar a competitividade dos Estados Partes e seus níveis tarifários contribuindo para evitar a formação de oligopólios ou de reservas de mercado. Sendo acordado que a TEC deveria atender aos seguintes critérios:[11: KUNZLER, Jacob Paulo.Mercosul e o comércio exterior. 2 ed. São Paulo: Aduaneiras, 2002.p.109. ]
a) ter pequeno número de alíquotas; 
b) baixa dispersão; 
c) maior homogeneidade possível das taxas de promoção efetiva (exportações) e de proteção efetiva (importação); 
d) que o nível de agregação para o qual seriam definidas as alíquotas de importação. 
	No entanto, ao esclarecer o tema “Regime de Origem” – fala-se de benefício dado para diminuição tarifária concedido entre os países-membros, quando aplicados aos produtos fabricados e reexportados - tornando-se necessário estabelecer um regime de origem de todos os produtos maquilados no Paraguai. [12: O termo “produtos maquilados” será utilizado para produtos manufaturados sob o Regime Maquila no Paraguai. ]
Atenta-se para o fato de que os países-membros mantêm uma lista de exceção TEC para obtenção do Certificado de Origem. 
	VIEIRA (2010) descreve que as regras de origem, claras e previsíveis, facilitam o fluxo do comércio interzonal e discriminam regras de exceção para produtos que diretamente atingem o mercado interno de cada país-membro. Regras de exceção formam a lista de produtos que possuem incidência de antidumping e de medidas compensatórias. [13: VIEIRA, Flávio. O regime de origem no Mercosul. 2010. Disponível em : ˂https://neccint.wordpress.com/2010/01/22/o-regime-de-origem-no-mercosul/˃. Acesso em: 13 de abr. 2017. ]
	Assim sendo, o Decreto 6/94 que aprovou o Regime de Origem Mercosul e foi completado pelo Decreto 23/94, estabeleceu que o mesmo seria aplicado aos produtos intrazonais, exceto aos que constam na lista da TEC.
No âmbito da Aladi a Resolução 252/99 - chamada de Regime Geral de Origem, é que estabelece os procedimentos para emissão dos Certificados de Origem pelos contratantes de tratados internacionais na Associação. A sistemática no ACE 18 que estabelece o Mercosul, segue o Regime Geral da Aladi.
	Em regra, o Regime Geral de Origem estabelece qual percentual deve compor o valor do produto nacional de cada país membro, sendo: 
QUADRO 1 – 	Percentual de Valor Agregado ao Produto Final para obtenção do Certificado de Origem
	PAÍSES
	MERCOSUL 
	EXTRAZONAL 
	BRASIL
	60%
	40%
	ARGENTINA-URUGUAI
	50%
	50%
	PARAGUAI
	40%
	60%
A caracterização de um bem como originário de um país membro depende do atendimento aos critérios estabelecidos pelo Regime de Origem do Mercosul. 
No entanto, para que um bem seja considerado originário de um país membro do Mercosul não é necessário que ele seja integralmente produzido em um dos países membros, a partir de insumos originários de Estados-parte, pois se reconhece como originários, por exemplo, “os produtos em cuja elaboração forem utilizados materiais não originários dos Estados-parte, quando resultantes de um processo de transformação que lhes confira uma nova individualidade, caracterizada pelo fato de estarem classificados em uma posição tarifária diferente da dos mencionados materiais” – capítulo III, artigo 3º , inciso c do ACE-18). Esse critério é denominado de “salto tarifário“, ou mudança de NCM, ou “salto de partida” no Paraguai.
Exemplo de parte do Anexo – DEC01_2009_REOS atualizada maio_2011, verifica-se lista de produtos que se encaixam na regra especial, ou seja, exceção do quadro 1 acima apresentado. 
	7308.10.00
	60% de valor agregado regional
	Pontes, obras de ferro fundido...
	7309.00.10
	60% de valor agregado regional
	Reservatórios, tonéis, cubas...
	7310.29.20 
	Salto de partida arancelária mais 60% de valor agregado regional
	Reservatórios, barris, tambores...
	7321.11.00
	Salto de partida arancelária mais 60% de valor agregado regional
	Aquecedores de ambientes, caldeiras....
	8207.19.00 
	50% de valor agregado regional.
	Ferramentas de perfuração e sondagem...
	8538.90.10
	I- Montagem e solda de todos os componentes em de placa de circuito impresso; II- Configuração final de produto, instalação de software (quando for o caso) e testes de funcionamento. 
Diretiva N° 07/2011
	Máquinas, aparelhos e materiais elétricos, lâmpadas LED.
	61099000
	60% de valor agregado regional
	Vestuário e seus acessórios de malha
Alguns produtos sofrem transformação em mais de um Estado-parte ou são compostos de partes e peças originárias de outros Estados-parte. Nesses casos, o regime de origem determina que, para o cálculo do Índice de Conteúdo Regional, devem-se levar em consideração todos os insumos originários agregados ao produto nos Estados-parte. Esse mecanismo, denominado de “Acumulação Total de Origem Intrazonal, está previsto no artigo 7º do Regime de Origem do Mercosul – Quadragésimo Quarto Protocolo Adicional ao ACE-18.
PAREDES (2017), explica que o Paraguai ainda possui a exigência de menor percentual de valor agregado Mercosul, devido ao fato de o país ser pobre e por anos apenas importar produtos acabados, na maioria das vezes oriundos da Ásia. Porém em 2022 este protocolo será revisado.[14: PAREDES, Ernesto. Secretário Executivo do CNIME, Assunção, 2017. ]
Sobre os critérios de origem, estes são estabelecidos em conformidade com os bens a ser importados. Esquematicamente, delineasse tais bens da seguinte forma: 
Bens totalmente obtidos: minerais extraídos, vegetais colhidos, animais nascidos no território do exportador; 
Inteiramente produzidos - bens produzidos exclusivamente a partir dos bens totalmente obtidos; 
Não inteiramente produzidos - bens produzidos a partir de materiais não originários ou com mistura a materiais originários. 
Esta classificação é feita em conformidade com os itens a seguir: 
a) Salto tarifário: transformação dos materiais a tal ponto que o produto passe para outra posição ou subposição tarifária; 
b) critério de valor: a ser dividido em: 
b1) Valor agregado – impõe um porcentual mínimo de valor agregado nacional ou regional; 
b2) limite de valor – determina um porcentual máximo para o valor de materiais não originários; 
b3) Comparação – estabelece uma relação de limitação entre materiais nacionais e regionais e não originários.
c)Transformações específicas - descreve o processo produtivo mínimo pelo qual os materiais não originários devem passar; 
d) Combinação dos critérios anteriores – eleição de critérios específicos colhidos dentre os anteriores.
E finalmente, após cumprimento destes requisitos, obtém-se o Certificado de Origem - documento emitido por organização oficial independente ou órgão da administração pública que declara de forma oficial a origem da mercadoria do país exportador. 
Em suma, trata-se de documento que atesta a origemda mercadoria. Sua importância reside na possibilidade de obtenção de tratamento preferencial, previsto em acordo ou para cumprimento de norma legal do país importador com a finalidade de controlar quotas ou aplicar medidas de defesa comercial. 
No que tange à estrutura formal do certificado, nele consta:
 a) informações do vendedor e do comprador; 
b) dados sobre o local de partida, de destino e meio de transporte utilizado; 
c) informações sobre os produtos contemplados. 
No que se refere ao prazo, geralmente emite-se tal certificado no período de 60 (sessenta) dias a contar da data de emissão da fatura do produto, e a validade do certificado é de 180 (cento e oitenta) dias após sua regular emissão.
Lembrando que as exportações amparadas pelo Sistema Geral de Preferências Comerciais (SGPC) visa a redução alfandegária para incentivar a importação dos produtos originários de países em desenvolvimento, outorgado pela União Europeia, pelos Estados Unidos, Rússia, Belarus, Suíça, Japão, Turquia, Canadá, Noruega, Nova Zelândia e Austrália.
No caso do Paraguai, o selo SGPC propicia as industrias maquiladoras não somente os benefícios de redução ou até isenção dos impostos importação pelos países da União Europeia ou Estados Unidos que comercializarem a produção, mas também a chance de expandir seu mercado consumidor além das fronteiras brasileiras. 
A exemplo, pode-se falar dos calçados que ao serem produzidos no Brasil e exportados para os EUA, este paga o imposto de 37% na compra do produto, no entanto, o mesmo produto produzido e vendido pelo Paraguai terá imposto de importação nos EUA de 8% somente.
	Em Assunção, no departamento responsável pelo processo de certificação das indústrias maquiladoras (CNIME) pertencente ao Ministério de Indústria e Comércio do Paraguai, encontram-se as listas dos produtos e países que comercializam com Paraguai sob os benefícios adquiridos pelo SGP.
A emissão do Certificado de Origem é emitida por uma entidade credenciada pelo governo, fundamentada por uma declaração juramentada do produtor. No entanto, esta "declaração de origem" do produtor não será instruída com documentação comprobatória, já que será presentada apenas se houver uma auditoria. E como esta declaração é emitida sem conferência prévia da mercadoria na aduana, presume-se sempre a veracidade do documento, e por isto, cairão sob o produtor as penalidades cabíveis quando descoberto em posterior fiscalização.
VIEIRA (2010) descreve que os benefícios do Certificado de Origem são muitos para o importador, para o exportador e para a sociedade. O importador terá isenção ou redução dos impostos de importação, o que resulta em redução de custo de operação e aumento de competitividade quando se trata de aquisição de bens de capital (máquinas e equipamentos), insumos ou até bens de consumo final, pois a empresa pode revender tais materiais no mercado interno a preços reduzidos.[15: VIEIRA, Flávio. O regime de origem no Mercosul. 2010. Disponível em: ˂https://neccint.wordpress.com/2010/01/22/o-regime-de-origem-no-mercosul/˃. Acesso em: 13 de abr.2017.]
	Para o exportador, a vantagem é ofertar produtos a preços mais competitivos, o que facilita a conquista de mercados, além de gerar ganhos crescentes, com a possibilidade da venda de seus produtos com margens de lucro superiores às que teria sem os benefícios concedidos.
	Para os consumidores, o aumento da concorrência multiplica as chances de aquisição de produtos de melhor qualidade e melhores preços. Sempre que a indústria negociar com países participantes de acordos com o Brasil, ela própria, assim como a sociedade, obterá benefícios diante da economia com impostos e aumento das vendas da empresa.
1.2. OS EFEITOS DA GLOBALIZAÇÃO NA ECONOMIA BRASILEIRA
	No mundo globalizado, a palavra de ordem chama-se Resiliência, ou seja, o oposto da vulnerabilidade. E quando se trata de vulnerabilidade de pessoas ou de nações, fala-se de fatores desestabilizadores e da baixa capacidade de resistência às pressões. No caso das nações, a vulnerabilidade externa coloca a economia em uma trajetória de instabilidades e crises (cambiais e econômicas) que irão se transformar em crises políticas e institucionais.
	Desde 1995 houve um aumento da vulnerabilidade externa do Brasil, manifestada em dimensões financeiras, comerciais, tecnológicas, produtivas e sociais, que acabaram enfraquecendo a estrutura econômica do país. E o que se observou ao longo desta trajetória foi uma economia prisioneira das expectativas desfavoráveis quanto à sustentabilidade desta trajetória futura.
	Em 1999, devido a maxidesvalorização da moeda nacional, enfrentou-se uma forte crise cambial e seus efeitos devastadores. Atualmente, conforme relata Fernando Ribeiro ao descrever a Carta de Conjuntura N° 32 - que reavalia a vulnerabilidade externa da economia brasileira - evidencia que o país não tem sido capaz de sustentar um ritmo de crescimento econômico mais intenso sem que isso gerasse um déficit externo crescente.[16: Técnico de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (DIMAC) do Ipea. Ref.: INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). Reavaliando a vulnerabilidade externa da economia brasileira: indicadores e simulações. Carta de Conjuntura N° 32 jul.-set. 2016. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/conjuntura/160811_cc32_nt_reavaliando_a_vulnerabilidade.pdf˃ Acesso em: 4 de abr. 2017. ]
	Na Carta de Conjuntura nᵒ 32, encontra-se descrito que em termos macroeconômicos, este déficit equivale a um excesso de investimento sobre a poupança doméstica, ou a um crescimento mais rápido da demanda que da oferta doméstica de bens e serviços; e aí está a essência do problema da vulnerabilidade externa, problema crônico na história do país e que permanece sendo um limitador importante do crescimento econômico brasileiro no longo prazo. Em períodos de aceleração do investimento versus uma taxa de poupança baixa exigirá volumes elevados de financiamento externo e, em consequência, a acumulação de um crescente passivo externo. [17: Disponível em:˂ http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=28349˃ Acesso em: 27 de abr. 2017.]
	Gonçalves (2006, p.23) descreve em sua obra que: [18: GONÇALVES, Reinaldo. Globalização e desnacionalização. 2 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2006, p.23.]
O processo de globalização econômica provoca relações mais complexas e profundas de interdependência entre economias nacionais e, no caso de alguns países, essas relações levam à consolidação ou ao agravamento de uma situação de vulnerabilidade externa.
	Sabe-se que o fator globalização tem provocado transformações a nível local e global, e por isso, discutir sobre quais estratégias adotar, seja para crescer ou apenas para sobreviver, tornou-se o principal papel dos órgãos governamentais.
 	Equilibrar o fluxo de capital internacional, manter-se concorrente nos mercados internacionais, investir em pesquisas e desenvolvimento tecnológico, combater a desigualdade social, gerar emprego, etc. faz parte da difícil realidade dos países emergentes ou subdesenvolvidos.
	No Brasil, dados estatísticos da atividade industrial fornecidos pelo Ipea, mostram que desde 2010 a produção física das Indústrias caíram quase 20%, comparados até agosto de 2016. Somente no último ano a redução foi acima de 9%. O que mostra que vários dos fatores acima apontados não puderam ser cumpridos, além de que reformas na legislação trabalhista e tributária tornaram-se os principais fatores para o fechamento das empresas neste último ano.
	Conforme matéria publicada no Jornal O Globo, Trevizan (2016) descreve que o número de empresas que pediram falência entre janeiro e outubro de 2016 cresceu 13,7% em relação a 2015, ou ainda, em 12 meses a alta foi de 14,3%. O número de falências efetivamente decretadas também aumentou de janeiro a outubro, sendo que a alta em relação ao mesmo período do ano passado foi de 13%. Já em relação o mesmomês de 2015, o crescimento em outubro deste ano foi de 26,1%. [19: TREVIZAN, Karina. Número de pedido de falências cresce 13% de janeiro a outubro. G1. São Paulo, 2016. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/11/numero-de-pedidos-de-falencia-crescem-13-de-janeiro-outubro.html˃ Acesso em: 22 de nov. 2016.]
	Outro dado complementar e alarmante é que o número de empresas que pediram recuperação judicial nos primeiros dez meses de 2016 subiu 66,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já na comparação com o mesmo mês de 2015, o número de pedidos aumentou 32,7% em outubro. A quantidade de empresas que tiveram seu pedido de recuperação judicial atendido pela Justiça aumentou 61,8% entre janeiro e outubro de 2016. Comparando com o mesmo mês de 2015, houve aumento de 15,2% em outubro. 
	Vetorazzo (2016) aponta o cenário da indústria brasileira como o primeiro setor a sofrer com a crise econômica e o recuo do PIB (Produto Interno Bruto) no Brasil. E este cenário desfavorável foi ainda mais agravado pelo aumento do desemprego, redução da renda média do trabalhador, inflação elevada e aumento das taxas de crédito. Luiz Macedo apud Vetorazzo (2016), gerente de coordenação da indústria do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), afirma que “em momentos de incerteza as decisões de investimentos e de consumo são adiadas, fator que dificulta a retomada do setor.”[20: VETORAZZO, Lucas. Produção industrial recua 11,4% em março e completa 25 meses de queda. Folha de São Paulo. Rio, 2016. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/05/1767220-producao-industrial-recua-114-em-marco-e-completa-25-meses-de-queda.shtml˃ Acesso em: 22 de nov. 2016.][21: MACEDO, André Luiz. ibid VETORAZZO, Lucas. 2016. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/05/1767220-producao-industrial-recua-114-em-marco-e-completa-25-meses-de-queda.shtml˃ Acesso em: 22 de nov. de 2017.]
	A partir dos dados acima apontados pode-se afirmar que a desindustrialização no País é uma consequência e um dos problemas econômicos que merece estudos. SALES (2017) aponta que a produção da indústria nacional caiu 6,6% em 2016, o terceiro ano seguido de queda. 
Segundo o IBGE, as dificuldades que a indústria vem atravessando se devem ao esgotamento da política econômica adotada pelo governo, que aposta no estímulo ao consumo.   No entanto, em tempos de crise, o consumo não ocorre na mesma proporção necessária para manter o ritmo das indústrias, e ainda, sem pacotes que possam estimular a competitividade das mesmas, o cenário só tende a piorar.
1.2.1 Desnacionalização versus desindustrialização
	Em 2009 dados do Banco Central mostravam que, de janeiro a novembro de 2009, o IED – Investimento Estrangeiro Direto - para a indústria representava 44,3% do total de US$ 25,1 bilhões de ingressos brutos de investimento externo. [22: BANCO CENTRAL DO BRASIL. IED, 2009. Disponível em: ˂ http://www.bcb.gov.br/pec/boletim/banual2009/rel2009p.pdf˃ Acesso em: 21 abr. 2017.]
A maior participação da indústria no IED naquele ano refletia a combinação de dois fenômenos: a forte queda nominal nos investimentos para os setores primários (agricultura, pecuária e extrativo mineral) e o crescimento dos investimentos nos setores automotivo e químico, que caminharam na contramão da maioria dos demais setores.
GRANER (2009) escreveu em seu artigo: "É importante notar, entretanto, que a extração de petróleo da camada do pré-sal representará grande impulso ao setor extrativo nos próximos anos”. [23: GRANER, Fabio. A indústria atrai mais capital estrangeiro. O ESTADÃO DE S.PAULO, 2009. Disponível em: ˂http://www.estadao.com.br/noticias/geral,industria-atrai-mais-capital-estrangeiro,483976˃ Acesso em: 4 de abr.2017.]
No entanto, desde 2016, com a crise enfrentada pelo Brasil com os diversos escândalos de corrupção envolvendo o pré-sal, Braskem, Petrobrás e toda a cúpula de políticos que representam o país, na operação conhecida como Lava Jato, o processo de investimento de capital estrangeiro para estas áreas desapareceram, enquanto que os investimentos sobre o setor primário aumentaram.
 Concomitantemente, o câmbio real desvalorizou, dificultando ainda mais a importação de matérias primas para sua produção, além da elevação das taxas de juros, da inflação e do corte do governo em financiar programas de alavancagem das indústrias. Tornando-as mais obsoletas para atender as exigências do mercado interno e externo. 
Dependendo da ótica tanto a desnacionalização quanto a desindustrialização podem ser reconhecidas como estratégias de governo, seja para equilibrar o PIB nacional ou para atrair investimentos ao país com as promessas de aumento de competitividade, geração de empregos, investimentos em novas tecnologias e outros. Importar mais do que produzir ou privatizar nossas empresas nos colocam em situações de risco, devido a dependência estrangeira. 
	GONÇALVES (2006) descreveu sobre a tendência de desnacionalização do Brasil durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Caracteriza-se como “desnacionalização” quando algum setor da economia deixava de ser estatal e passava para o setor privado, ou de privado nacional para o estrangeiro. E tratando-se da segundo hipótese, quando o setor privado nacional mostrava-se enfraquecido. E assim, este enfraquecimento do empresariado nacional junto as fabulosas oportunidades de investimentos para os grupos estrangeiros resultam na privatização. [24: GONÇALVES, Reinaldo. Globalização e desnacionalização. 2 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2006, p.137-142.]
	Outra grande estratégia de governo em tempos de crise são as operações de fusões e aquisições, possibilitando a entrada em novos mercados, consolidando a marca no mesmo mercado, e posteriormente, expandindo sua posição de mercado. E assim, GONÇALVES (2006, p.140) descreve que durante o governo FHC verificou-se um aumento das operações de fusões e aquisições, onde: [25: GONÇALVES, Reinaldo. Op.cit. p.140. ]
Houve 423 operações no período 1995-97, e as empresas com capital estrangeiro envolveram-se em 251 operações, isto é, em 59% do total. No governo FHC, não somente aumenta o número de operações e aquisições, mas também há uma tendência de crescimento da participação de investidores estrangeiros (de 48% em 1994 para 70% em 1997). Isso indica, na realidade, o processo de desnacionalização da economia brasileira.
		E assim, entende-se que a desnacionalização da economia brasileira significa uma parcela crescente da produção e da renda interna sendo controlada por capital estrangeiro. Mas, na medida em que esses aumentam suas fontes de poder por meio de novas aquisições e fusões, o Estado nacional perde o grau de manobra na definição de suas estratégias e implementação de novas políticas cambiais e fiscais.
	De lá para cá, são diversas as evidências de que a desindustrialização no Brasil iniciou-se a partir da década de 70 continuando a ocorrer até os dias atuais. No entanto, é importante destacar dois aspectos: o primeiro é a aceleração desse processo em anos recentes e em segundo lugar a partir de 2010, onde a produção industrial deixa de crescer em termos absolutos  e, mais recentemente, se expande negativamente.
Apesar de não haver uma resposta única, o que se observa é que a desindustrialização está relacionada ao reflexo da crise mundial que se instalou a partir de 2008 e, na sequencia, em decorrência de como o governo brasileiro reagiu à crise principalmente a partir de 2011 culminando com o excesso de gastos em 2014. E nestes dois âmbitos, o consenso entre especialistas é unânime.
Apesar dos diagnósticos e soluções ofertadas estarem cada vez mais diferenciadas na crise em que o país enfrenta, existem algumas peculiaridades: recessão, falta de liderança política, descrença devido ao comportamento ético reprovável de nossos políticos e de certos grupos de empresários, falta de legislação adequada aos dois pólos da cadeia produtiva, excesso dos sindicatos dos trabalhadores,constante aumento dos custos de produção (como energia, encargos trabalhistas, logística e impostos elevados). 
	Por fim, tragicamente o que se verifica é que a participação da indústria de transformação no PIB, que já foi de 21,6% em 1985, caiu mais de dez pontos percentuais em 30 anos e atingiu 11,40% em 2015. [26: In: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2016/10/02/internas_economia,551413/cai-a-partitipacao-do-setor-industrial-no-pib-do-brasil.shtml). ]
	Fazendo o caminho inverso devido à sobrevalorização cambial que durou tempo demais, a inserção de conteúdo importado na indústria nacional saltou de 16,5%, em 2003, para 26,1%, em 2011, e deverá fechar em torno de 24% este ano, conforme dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). 
	Robson Andrade, presidente da CNI, declarou em maio deste ano na cerimônia de abertura da Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos (FEIMEC), em São Paulo que “as decisões equivocadas de políticas econômicas tomadas pelo governo levaram a indústria a uma perda de mais de dez pontos porcentuais na sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos anos”. [27: ANDRADE, Robson. Presidente da CNI, eleito em maio de 2016.]
	De acordo com Andrade: “hoje a indústria da transformação representa mais ou menos 9% do PIB, mas já fomos 26% do PIB. Perdemos posições por conta das politicas econômicas equivocadas.” Andrade também afirma que o setor enfrenta problemas de ordem cambial e trabalhista, que também contribuem para a situação negativa do setor, e assim diz: "A indústria que mais emprega e mais capacita trabalhadores no Brasil é a mais prejudicada pela justiça trabalhista e pela tributação".[28: ANDRADE, Robson. Op cit.]
	Embora seja um processo natural em países desenvolvidos, a desindustrialização, no Brasil, é prematura e veloz, provocada pela valorização exacerbada do real ante o dólar por um período longo demais, dizem especialistas.
No caminho inverso, também provocada pela sobrevalorização cambial, a inserção de conteúdo importado na indústria nacional saltou de 16,5%, em 2003, para 26,1%, em 2011, fechando em torno de 24% em 2016, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). 
Sendo assim, com a globalização e a redução de impostos de importação, é natural que os empresários busquem fornecedores de outros países, principalmente na Ásia. E neste contexto, surge o Paraguai como uma oportunidade estratégica para otimizar a produção nacional. Seja made in Paraguai. Seja parcialmente produzido no Paraguai e finalizado no Brasil, como é o caso de algumas indústrias maquiladoras na área têxtil ou de plásticos, que buscam benefícios fiscais no Brasil importando produtos semiacabados (insumos) da maquiladora paraguaia. Deste modo, certificando como made in Brasil o seu produto final. 
KUNSLER (2002) descreveu em sua obra que [29: KUNSLER, Jacob Paulo. Mercosul e o comércio exterior. 2 ed. São Paulo: Aduaneiras, 2002.p.39.]
As organizações buscam maximização de resultados de seus investimentos, maior especialização produtiva, vantagens comparativas, com inovações administrativas e tecnológicas. O fluxo de comércio intraindústrias e intrafirmas cresce de importância, induzido pela lógica interna de expansão e de estratégias de mercado das empresas, convertidos em fluxos de investimentos internacionais.
	Para alguns a desnacionalização dos sistemas produtivos dos países em desenvolvimento - como o Brasil – ocorre mais por uma questão política do que uma questão econômica. Aonde a principal consequência no curto prazo será a mudança dos centros decisórios para pontos do planeta onde não estão em pauta os problemas específicos de nosso país. Lava Jato, Reformas previdenciárias ou trabalhistas, como é o caso neste momento. 
	Sendo assim, o maior problema de uma ampla desnacionalização dos setores produtivos serão evidenciados a longo prazo. 
2 NORMAS TRIBUTÁRIAS APLICADAS AO COMÉRCIO EXTERIOR
2.1. MERCOSUL E OS TRATADOS INTERNACIONAIS EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA
	O Mercado Comum do Sul - MERCOSUL é uma União Aduaneira entre Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela, existente desde 1991. Na prática, uma União Aduaneira objetiva a adoção de uma tarifa externa comum e a livre circulação das mercadorias entre membros e associados, e assim, tornar-se um Mercado Comum. 
	Neste estágio compreende, além da União Aduaneira, o livre comércio de fatores de produção, como a mão-de-obra, insumos e investimentos.
Entre as principais vantagens de comércio exterior entre países do Mercosul pode-se destacar: [30: AUDADE TRADE (2014). Disponível em:˂ http://www.audacetrade.com.br/single-post/2014/10/30/MERCOSUL-Vantagens-na-importa%C3%A7%C3%A3o-e-exporta%C3%A7%C3%A3o˃ Acesso em: 8 de abr. 2017. ]
Menor esforço de marketing, já que naturalmente as empresas trocam catálogos, enviam amostras, participam de feiras, reuniões e etc, principalmente na área de fronteira entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este;
Imposto de importação reduzido à ZERO ou muito próximo a este valor, quando os produtos se encaixarem nos regimes de origem ou da maquila;
Agilidade logística no envio e recebimento de produtos. Normalmente uma carga leva cerca de 54h para chegar aos estados do norte do Brasil;
Possibilidade de iniciar negócios com volumes reduzidos, minimizando assim os riscos;
Comodidade e maior agilidade em exportar/importar entre países vizinhos, principalmente pelo fato de a fronteira possuir os profissionais em comércio exterior, como traders, operadores logísticos e despachantes, com elevado conhecimento sobre operações internacionais, sejam terrestres, lacustres ou aéreas. 
Indiscutivelmente, verifica-se que apesar de alguns desencontros nos acordos entre os países membros do Mercosul, o mesmo tem grande potencial de crescimento em grandes mercados, como a União Europeia, grande parceira do bloco. 
Deste modo, pela excelência nas operações na tríplice fronteira e pelas oportunidades de adoção de diversos regimes entre os países é que pode-se afirmar que as oportunidades para novos negócios ou expansão das operações nacionais rapidamente ocorrerão em nível internacional. De modo simples, transparente e seguro.
FERNANDES (2001), relata em sua obra que os tratados internacionais são a principal fonte do direito internacional, tendo como objeto assuntos de diversas áreas. Especificamente, à área tributária, no âmbito do direito internacional tributário, muito se avançou sobre a bitributação do imposto sobre a renda e a fortuna. Mas de maior interesse para esta pesquisa são os acordos e convenções internacionais para a organização do comércio mundial.[31: FERNANDES, Edison Carlos. Sistema Tributário do Mercosul: o processo de harmonização das legislações tributárias. 3 ed. São Paulo: RT, 2001.p. 51]
Após a II Guerra, na Conferência de Bretton Woods, realizada em agosto de 1944, cujo objetivo foi a reorganização econômica mundial. Elaborando-se a ideia da formação de uma organização internacional ligada à ONU, responsável exclusivamente pelo comércio mundial, principalmente para cuidar das tarifas externas dos Estados (TEC).
Em 1948, Genebra, criou-se o GATT (Acordo Geral sobre as Tarifas Aduaneiras e Comércio). E somente em 1994, com a sétima Rodada Uruguai, instaurou-se a Organização Mundial do Comércio – OMC.
Atualmente, toda matéria sobre tarifas aduaneiras e impostos sobre o comércio exterior está sujeita à regulamentação, fiscalização e, se necessário, à solução de conflitos a cargo desse órgão da ONU. De modo geral, o que se tem é o compromisso dos Estados-membros harmonizarem suas legislações tributárias. 
O importante no âmbito do direito internacional tributário no Mercosul é manter os acordos sobre concessões mútuas, diminuir ou impedir a bitributação internacional em matéria de imposto de renda, além do combate à evasão fiscal e a lavagem de dinheiro.
2.2. SISTEMA TRIBUTÁRIO DO PARAGUAI
A República do Paraguai constitui-se em Estado unitário, descentralizado, e dentro de umadefinição jurídica de soberania em que o Estado tem o poder de ditar suas próprias regras de conduta, conforme Constituição Federal Paraguaia:[32: PARAGUAI. Constituição (1992). Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1998. Disponível em: ˂ https://www.oas.org/juridico/mla/sp/pry/sp_pry-int-text-const.pdf˃ Acesso em: 01 de mai. 2017. ]
Art. 8ᵒ Esta Constituição é a lei suprema da nação. Os tratados, convênios e demais acordos internacionais, ratificados e trocados, e as lei integram o direito positivo nacional na ordem de preleção enunciada.
	Em se tratando de relações internacionais, a Constituição paraguaia – CFPY(1992) - destaca a soberania também como sinônimo de autodeterminação dos povos, adota a solução pacífica de conflitos e o relacionamento amistoso entre as Nações e reconhece o indivíduo como sujeito de direito internacional. Lê-se:
	Art. 9ᵒ A República admite os princípios de Direito Internacional; condena a guerra de agressão e de conquista e toda forma de colonialismo e imperialismo; aceita a solução pacífica das controvérsias internacionais por meios jurídicos; e proclama a respeito aos Direitos Humanos e a Soberania dos povos. Aspira a viver na paz com todas as nações e a manter com elas relações de amizade, culturais e de comércio, sobre a base da igualdade jurídica, a não intervenção nos assuntos internos e a autodeterminação dos povos. A República poderá incorporar-se a sistemas multilaterais internacionais de desenvolvimento, cooperação e segurança. 
Os impostos, taxas e contribuições formam a base do sistema tributário paraguaio conforme artigo 178 da CFPY, estando presentes os princípios da legalidade, tipicidade, vedação do confisco e da bitributação, bem como a isonomia e capacidade contributiva.
	Conforme artigo 178 da CFPY (1992), presente na seção II – Da organização Financeira, estabelece: [33: PARAGUAI. Constituição (1992). Op. Cit. ]
Para o cumprimento de suas finalidades, o Estado estabelece impostos, taxas, contribuições e demais recursos; explora por si, ou por meio de concessões os bens de seu domínio privado, sobre os quais determinam benefícios, "royalties", compensações ou outros direitos, em condições justas e convenientes para os interesses nacionais; organiza exploração dos serviços públicos; contraem empréstimos internos ou internacionais destinados aos programas nacionais de desenvolvimento; regula o sistema financeiro do país, e organiza, fixa e compõe o sistema monetário. 
	No artigo 179 da CFPY (1992), sobre a criação dos tributos, destaca-se: 
Todo o tributo, qualquer seja sua natureza ou denominação, será estabelecido exclusivamente pela lei, respondendo a princípios econômicos e sociais justos, assim como as políticas favoráveis ao desenvolvimento nacional. Também é privativo da lei determinar a matéria imponível, os sujeitos obrigados e o caráter do sistema tributário.
A partir de 1992, o IVA foi incorporado ao sistema tributário paraguaio, trazendo profundas alterações na legislação e sistemática tributária nacional. Como será analisado abaixo, os fatos geradores deste imposto são a alienação de bens, a importação de bens e a prestação de serviços.
Por fim, o artigo 98, da CFPY (1992) estabelece que:
A lei poderá outorgar isenções fiscais à introdução de materiais de ensino, a cultura, e a investigação científica e tecnológica; e de maquinarias, equipamentos, ferramentas e outros elementos indispensáveis para o fomento da agricultura, pecuária, a indústria e a mineração. 
Nota-se que o legislador constituinte paraguaio não quis prever imunidades, mas apenas autorizou a lei a outorgar isenções. 
Sobre o sistema de tributos do Paraguai, este foi reformulado através da Lei 125/91- Lei que rege o Sistema Tributário, e entrou em vigência em janeiro de 92, alterando substancialmente a tributação ao consumo, incentivado pela formação do Mercosul.[34: PARAGUAI. Decreto nᵒ 125/91, promulgado em 9 de jan. de 1992. Promulga a Lei sobre o novo regime tributário paraguaio. Disponível em: ˂ http://www.oas.org/juridico/spanish/mesicic3_pry_ley125.pdf˃ Acesso em: 02 de mai. 2017.]
	O primeiro tributo a ser destacado é o Imposto de Renda, que até 2012 atingia apenas as pessoas jurídicas, fossem empresas comerciais, industriais ou agropecuária. [35: Com a Lei n. 4.673/2012, o imposto de renda passou a ser obrigatório para a pessoa física, além da jurídica. ]
	O critério espacial adotado, como no Brasil, é o da territorialidade, sendo a base de cálculo, a renda líquida, obtida em conformidade com a legislação comercial.
	 FERNANDES (2001, p. 90) descreve em sua obra o conceito de renda aplicado à legislação paraguaia, como: [36: FERNANDES, Edison Carlos. Sistema Tributário do Mercosul: o processo de harmonização das legislações tributárias. 3 ed. São Paulo: RT, 2001.p.90.]
São rendas de fonte paraguaia as que provêm de capitais, coisas ou direitos situados, colocados ou utilizados economicamente na República e da realização, no território nacional, de atividades gravadas pelo imposto, sem ter-se em conta a nacionalidade, domicílio ou residência do titular ou das partes que intervenham nas operações, nem no lugar da celebração dos contratos.
	A lei paraguaia prevê o aproveitamento dos prejuízos fiscais dos exercícios anteriores limitados a três anos.
	Há também, a título de imposto de renda, o imposto sobre o capital de determinadas entidades econômicas, que incide sobre os ganhos de sociedades por ações, ou suas filiais, que funcionem como sucursal, agência ou qualquer outra denominação, de sociedades estrangeiras.
	Porém, a maior alteração da Lei 125/91 foi em relação à tributação do consumo. Sendo o Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) que prevê uma lista taxativa de bens em que o imposto somente é gravado no momento da importação, e não nas etapas sucessivas da comercialização. 
	Além do IVA, tem-se o Imposto Seletivo sobre o Consumo ou Imposto Interno, específico ao consumo. Carlos Mersán apud Fernandes (2001, p.91) descreveu que a incidência deste imposto específico sobre o consumo trata-se: tabaco e afins, bebidas alcoólicas em geral, sucos de frutas, outros tipos de produtos a base de álcool, e combustíveis a base de petróleo.[37: FERNANDES, Edison Carlos. Sistema Tributário do Mercosul: o processo de harmonização das legislações tributárias. 3 ed. São Paulo: RT, 2001.p.91.]
	Existem ainda outros tributos de menor complexidade como: as taxas aduaneiras, que gravam as exportações e as importações, imposto sobre os atos e documentos (semelhante aos selos nos registros públicos), e o imposto imobiliário, que recai sobre a propriedade independente de quem seja o proprietário ou possuidor. No Paraguai chama-se “Patente”, a taxa similar ao alvará no Brasil.
Retomando o tema IVA, o Paraguai implementou uma ampla reforma tributária incorporando o IVA ao sistema tributário nacional por meio da Lei n° 125/91, caracterizando-se a exação por ser plurifásica, não-cumulativa, tipo de valor agregado essencialmente econômico, incidindo em cada etapa do processo de produção e comercialização somente no valor acrescido ao bem ou serviço.
As hipóteses de incidência da tributação conforme dispõem os artigos 77 e 78 da Lei n° 125/91, são a alienação de bens, entendendo-se por alienação a transferência onerosa do direito de domínio sobre a coisa, bem como a entrega gratuita de bens a terceiros, com poderes de uso e gozo, ainda que não exista efetivamente a transferência definitiva do direito de propriedade; a importação de bens; e, a prestação de serviços, excluídos os de caráter pessoal prestados com relação de dependência.
A alíquota fixada em lei é de 10%, sendo que o Poder Executivo pode estabelecer alíquotas menores que o limite fixado, por exemplo, para o transporte internacional prestado em jurisdição paraguaia, transporte de bens por qualquer meio, transporte de pessoas, importações de determinados produtos, bens usados, transporte terrestre urbano de passageiros. 
O surgimento da obrigaçãode pagar o IVA, conforme dispõe o artigo 80 da Lei n° 125/91, ocorre: 
a) para o caso de alienação de bens móveis, com a entrega do bem, a emissão da fatura ou ato equivalente, para o caso do uso ou consumo de bens, o momento da retirada dos bens; 
b) para as importações, no momento da abertura do registro da entrada dos bens na Aduana; 
c) na prestação de serviços, com a emissão da fatura correspondente, o recebimento total ou parcial do pagamento do serviço a ser prestado, o vencimento do prazo para pagamento com a conclusão do serviço.
Como dito anteriormente, o IVA paraguaio constitui-se em exação fiscal plurifásica e não-cumulativa, um imposto sobre o consumo em que o único destinatário é o consumidor final do produto ou serviço. Portanto, possui a particularidade de gerar débitos e créditos, devendo o contribuinte recolher apenas a diferença entre ambos. 
Os sujeitos passivos do IVA são as pessoas físicas prestadoras de serviços, as empresas que desempenhem atividades industriais, comerciais ou de serviços, as autarquias e empresas públicas, bem como os importadores. 
Este imposto é liquidado mensalmente e é determinado pela diferença entre o ‘débito fiscal’ e o ‘crédito fiscal’, sendo regra geral a irrecuperabilidade do mesmo e a obrigação de utilizá-lo nas sucessivas compensações, acumulando os créditos emergentes mês a mês. Lê-se na Lei 125/91: [38: PARAGUAI. Decreto nᵒ 125/91, promulgado em 9 de jan. de 1992. Promulga a Lei sobre o novo regime tributário paraguaio. Disponível em: ˂ http://www.oas.org/juridico/spanish/mesicic3_pry_ley125.pdf˃ Acesso em: 02 de mai. 2017.]
Art. 86.- Liquidação do Imposto. o imposto se liquidará mensalmente e se determinará pela diferença entre o "débito fiscal" e o "crédito fiscal". O débito fiscal para a soma dos impostos cresce nas operações gravadas do mês. Do mesmo se deduziram: o imposto corresponde às devoluções , bonificações e descontos, assim como o imposto corresponde aos atos gravados considerados incobráveis. O crédito fiscal será integrado por: a) A soma do imposto sobre o valor acrescentado e as compras em praças realizadas no país, que se encontram cumpridas no que se refere ao artigo 85. b) O imposto pago no mês de importação. c) As retenções de impostos efetuadas aos beneficiários radicados no exterior pela realização de operações gravadas no território paraguaio. 
Não há direito ao crédito fiscal o imposto incluso nos controles que não cumprem os requisitos legais os regulamentos e/ou os documentos visíveis adulterados ou falsos. Quando o crédito fiscal for superior ao débito fiscal, por ser excedido pode ser utilizado como tal em liquidações, mas não é o que deve ser feito, salvo os casos de negócio, clausura ou fechamento definitivo de negócios, e os que estão expressamente previstos na Presente Lei.
Na estrutura do IVA paraguaio as exportações estão livres da imposição tributária, uma vez que a legislação optou pela incidência do imposto no país de destino dos bens ou serviços, motivo pelo qual as exportações estão sujeitas à alíquota zero. Os créditos gerados pela compra de bens incidentes direta ou indiretamente na elaboração do produto de exportação, pelos mecanismos de devolução previstos, devem ser reembolsados em um prazo não superior a 60 (sessenta) dias, a fim de manter a intangibilidade da alíquota zero.
Além das exportações, existe uma série de outros casos de exoneração do IVA, como produtos agropecuários em estado natural, moeda estrangeira, títulos de valores públicos e privados, ações, bilhetes de apostas, combustíveis derivados de petróleo, bens havidos por herança a título universal, várias espécies de importações, livros, periódicos e revistas, entidades educacionais reconhecidas pelo Congresso Nacional ou pelo Ministério da Educação, partidos políticos, entidades de assistência, ciência e cultura em geral, associações, fundações e entidades religiosas reconhecidas pela autoridade competente, empréstimos e depósitos realizados por instituições financeiras compreendidas pela Lei dos Bancos, operações entre as cooperativas e seus associados, etc.[39: PARAGUAI. Decreto nᵒ 125/91, promulgado em 9 de jan. de 1992. Promulga a Lei sobre o novo regime tributário paraguaio. Art. 14 – Exonerações. Disponível em: ˂ http://www.oas.org/juridico/spanish/mesicic3_pry_ley125.pdf˃ Acesso em: 02 de mai. 2017.]
2.3. SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO COM FOCO NO COMERCIO EXTERIOR
Dentre os principais impostos incidentes no comércio exterior brasileiro, sob a ótica da Constituição Federal (CFRB/88) e do Código Tributário Nacional (CTN), observa-se o caráter extrafiscal e não arrecadatório destes. Para tanto, dentre os tantos tributos, taxas, impostos envolvidos nas operações realizadas no âmbito do comercio internacional, destaca-se para análise: o Imposto de Importação (II), o Imposto sobre Exportação (IE), o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e por fim, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
O Código Tributário Nacional (CTN) no seu Livro Primeiro, Título I, das Disposições Gerais, assim define tributo no ser art. 3°: [40: BRASIL. Código Tributário Nacional (1966). Lei 5.172 de 25 de outubro de 1966. Disponível em: ˂ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172.htm˃ Acesso em: 1 de abr. 2017.]
Art. 3° – Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
E como dito anteriormente, é de suma importância ratificar o caráter extrafiscal e não arrecadatório dos tributos incidentes no comércio exterior, uma vez que a Carta Magna (CFRB/88) atribuiu-lhes o instituto da Anterioridade e da Legalidade, consagrados respectivamente na alínea “b” do inciso III do artigo 150 da Constituição Federal/88 e no inciso I do mesmo artigo. Sendo: [41: BRASIL.Constituição (1988). Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: ˂ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172.htm˃. Acesso em: 1 de abr. 2017.]
Art. 150 – Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado a União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III – cobrar tributos:
...
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentado;
§ 1° - A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos artigos 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II;... (Redação dada pela Emenda Constitucional n° 42, de 19/12/2003)
E para aprimorar a leitura desde, segue a descrição do trecho em destaque acima o artigo da CFBR (1988): [42: BRASIL.Constituição (1988). Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988. Op. Cit. ]
Art. 153 - Compete à União instituir impostos sobre:
I – importação de produtos estrangeiros;
II – exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou  nacionalizados;
...
IV – produtos industrializados;
V – operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;
§ 1° - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.
Observa-se pelo disposto no §1° do artigo 150 o instituto do Princípio da Anterioridade. Já a exceção em relação ao Princípio da Legalidade, no artigo 153, parágrafo supracitado. Faz-se necessário, todavia, e não obstante, frisar que tal ato administrativo do poder executivo pode alterar as alíquotas, excetuando-se a lei para fazê-lo.
Sobre o Imposto de Importação (II), Machado (2004) explica que este é conhecido como "tarifa aduaneira" ou “direitos aduaneiros", de competência da União Federal por se tratar de imposto com implicações no relacionamento do País com o exterior. [43: MACHADO, Hugo Brito.Curso de Direito Tributário. Malheiros Editores Ltda, 24ª ed. São Paulo, 2004, p.118.]
Considerado importante instrumento de proteção da indústria nacional

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