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Émile Durkheim

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INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA -
SOCIOLOGIA CLÁSSICA
Universidade de Brasília
Mestranda: Rebecca Fidelis de Almeida
2014
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PLANO DE TRABALHO
 
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
 
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SOCIOLOGIA CLÁSSICA
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SOCIOLOGIA CLÁSSICA
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SOCIOLOGIA CLÁSSICA
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ÉMILE DURKHEIM (1858-1917)
Émile Durkheim (1858-1917) foi um dos pensadores que mais contribuiu para a consolidação da Sociologia como ciência empírica e disciplina acadêmica. Pesquisador metódico e criativo, foi o primeiro professor universitário de Sociologia e deixou um considerável número de herdeiro intelectuais. Durkheim viveu numa Europa conturbada por guerras e em vias de modernização e sua produção reflete a tensão entre valores e instituições que estavam sendo corroídos e formas emergentes, cujo perfil ainda não se encontrava totalmente configurado. 
Todos esses fatores influenciaram a visão de mundo de Durkheim, em sua crença no racionalismo e na superação do grande desregramento imperante na sociedade da época.
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ÉMILE DURKHEIM (1858-1917)
Durkheim se propôs a construir a Sociologia como uma ciência autônoma, que deveria analisar a sociedade cientificamente, com racionalidade e procurou conhecer cientificamente a sociedade, para que para que o conhecimento da ciência esclarecesse sobre intervenções necessárias na realidade social. Ver para prever; ciência daí previdência; previdência daí ação, dizia Comte.
Em Durkheim percebemos sua profunda preocupação com a constituição de uma moral realmente científica ( o progresso moral sendo equiparado ao progresso científico); a moral viria a ser considerada como um setor da ciência das condições das sociedades humanas ( a moral é ela própria um fato social); a moral se confunde enfim com civilização - o povo mais civilizado é o que tem mais direitos e o progresso moral consiste no domínio crescente dos povos cuja cultura seja mais avançada. Daí, sua grande ênfase na Solidariedade com alternativa para sanar os desajustes que a sociedade de sua época enfrentava.
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Principais obras
Durkheim empreendeu em um intervalo de tempo de apenas 6 anos ¾ de sua obra sociológica, o que demonstra uma extraordinária fecundidade teórica:
Em 1983 publicou sua primeira grande obra sociológica chamada “A divisão do trabalho social”, que foi sua tese de doutoramento e alcançou grande repercussão, pois seus princípios metodológicos são estabelecidos a partir dessa investigação e postos à prova e aplicados em sua monografia posterior “O Suicídio”;
Em 1895 publica “As regras do método sociológico”, que constitui sua primeira obra exclusivamente metodológica escrita por um sociólogo e voltada para a investigação e explicação sociológica;
Em 1987 publica “O Suicídio”, uma monografia exemplar em que a manipulação de variáveis e dados empíricos é feita pela primeira vez num trabalho sociológico sistemático e devidamente delimitado;
Simultaneamente à monografia que utiliza o método estatístico, Durkheim organiza uma outra de menor porte em 1896 chamada “A proibição do incesto e suas origens” e onde o método de análise de dados etnográficos é aplicado em numa perspectiva sociológica. Dando prosseguimento a essa linha de investigação em sua obra não menos importante, a monografia publicada em 1901/1902 denominada “Algumas formas primitivas de classificação”, antecipam sua última fase metodológica que culmina na publicação relativamente tardia de “ As formas elementares da vida religiosa” em 1912, em parceria com Mauss.
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O objeto sociológico: o Fato Social
A Sociologia pode ser definida, segundo Durkheim em sua obra As Regras do Método Sociológico, como a “ciência das instituições, da sua gênese e do seu funcionamento”, ou seja, de “toda a crença, todo o comportamento instituído pela coletividade”. 
São os chamados Fatos Sociais que constituíram o objeto próprio da ciência que então aspirava tornar-se autônoma e os fenômenos que Durkheim denomina Fatos Sociais compreendem:
 “toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou então é ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter”. São também aquelas “maneiras de agir, de pensar e de sentir exteriores aos indivíduos, dotadas de um poder de coerção em virtude do qual se lhe impõem” ou “ maneiras de fazer ou de pensar, reconhecíveis pela peculiaridade de serem suscetíveis de exercer influência coercitiva sobre as consciências particulares”.
Durkheim, As Regras do Método Sociológico, páginas 11 e 31. 
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O Fato Social - Características
Segundo Durkheim, os Fatos Sociais possuem um caráter imperativo e externo aos indivíduos, tendo uma realidade objetiva independente do sentimento ou da importância específica que alguém lhes dá e possuem sobre os membros de uma comunidade uma certa autoridade. Durkheim define três características dos Fatos Sociais:
Exterioridade;
Coercitividade;
Generalidade.
 
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O Fato Social - Educação
Para Durkheim, a educação é um fato social que se impõem aos indivíduos, pressionando-os a agir de acordo com as leis, as normas, os valores, o costume e as tradições de uma sociedade que, como uma entidade moral assim exige. Para tentar comprovar o caráter externo desses modos de agir ou sentir, Durkheim argumenta que eles têm de ser internalizados por meio do processo educativo. Durkheim lembra que desde muito pequenas as crianças são constrangidas (ou educadas) a seguir horários, a desenvolver certos comportamentos e maneiras de ser e, mais tarde, a trabalhar. Elas passam por uma socialização metódica e é uma ilusão pensar que educamos nossos filhos como queremos. Somos forçados a seguir regras estabelecidas no meio social em que vivemos.
 “A construção do ser social, feita em boa parte pela educação, é a assimilação pelo indivíduo de uma série de normas e princípios — sejam morais, religiosos, éticos ou de comportamento — que balizam a conduta do indivíduo num grupo. O homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela.”
 Émile Durkheim
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O Fato Social- Sanções Sociais
Para demonstrar que os fatos sociais são coercitivos, Durkheim aponta para as dificuldades em que tropeçam aqueles que não se submetem a uma convenção mundana, como resistir a uma lei, violar uma regra moral, não usar o idioma nacional para comunicar-se ou técnicas produtivas mais avançadas. As sanções sociais que sofremos pelos demais membros do grupo social, desde o constrangimento até uma punição formal severa, são suficientes para nos advertir que estamos diante de algo que não depende de nós.
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A questão do método: positivismo e objetividade
Uma da maiores preocupações de Durkheim ao procurar conhecer a vida social era avaliar qual o método que permitiria fazê-lo de forma científica, superando as deficiências do senso comum. Sua conclusão foi a de que a busca da objetividade deveria se assemelhar ao adotado pelas ciências naturais, observando que os fatos que a Sociologia examina pertencem ao “reino social” e têm peculiaridades que o distingue dos fenômenos da natureza. Portanto, tal método deveria ser estritamente sociológico, onde os cientistas investigariam possíveis ligações de causa e efeito e regularidades com vistas à descoberta de leis e mesmo de regras de ação para o futuro.
Durkheim estabelece regras para a observação dos fatos sociais e a primeira delas e mais fundamental é considerá-los como coisas, ou seja, tomá-los como uma realidade externa: 
 “ A coisa se opõem à ideia (...). É coisa todo objeto do conhecimento que a inteligência não penetra de maneira natural (...) tudo que o espírito não pode chegar a compreender senão sob a condição de sair de si mesmo, por meio da observação e experimentação, passando de caracteres mais exteriores e mais imediatamente acessíveis para os
menos visíveis e profundos”.*
 “ Seu papel (do cientista) é o de exprimir a realidade, não o de julgá-la”**
*Durkheim, As Regras do Método Sociológico, página 21.
**Durkheim, Educação e Sociologia, página 47.
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O Suicídio
Numa de suas obras mais intrigantes, Durkheim procura demonstrar um fato novo e sui generis, resultante de fatores de origem social que chama de “correntes suicidogêneas”, verdadeiros estímulos que atuariam sobre os indivíduos exortando-os ou possibilitando que eles procurem a própria morte. 
Durkheim então elaborou, de um ponto de vista sociológico, uma “tipologia dos suicidas”, considerando esse fenômeno de ordem coletiva, levantando dados relativos a algumas sociedades para encontrar regularidades e construir uma taxa específica para cada uma delas. Ele utilizou estatísticas nacionais européias de demonstrou que as taxas de suicídio podem variar em função de ondas de movimento, que variam de sociedade para outra. Porém, essas taxas se conservam constantes durante longos períodos.
Cada grupo social tem uma inclinação coletiva para o suicídio, e desta derivam as inclinações individuais. Tratam-se de correntes de egoísmo, de altruísmo ou agonia que afligem a sociedade com tendências à melancolia langorosa, à renúncia ativa ou à fadiga exasperada que são consequências das referidas correntes. Certas condições sociais particulares, profissões ou confissões religiosas é o que estimulam ou detêm essas correntes.
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O Suicídio- Classificação
Suicídio Egoísta: a depressão, a melancolia, a sensação de desamparo moral provocados pela desintegração social tornam-se então as causas desse tipo de suicídio. Durkheim acreditava que a lacuna gerada pela carência da vida social era muito maior nos povos modernos do que entre os primitivos e afligia mais aos homens do que às mulheres
Suicídio Altruísta: nas sociedades inferiores, os suicídios altruístas eram mais frequentes, que compreendem os atos praticados por enfermos ou pessoas que chegam ao limiar da velhice, viúvas por ocasião da morte de seu marido, fieis e servidores com o falecimento de seus chefes ou atos heróicos por ocasiões de guerras e convulsões sociais. O suicídio é visto como um dever, que se não for cumprido é punido com desonra, perda de estima pública ou castigos religiosos.
Suicídio Anômico: é o tipo em que se deve a um estado de desregramento social no qual as normas estão ausentes ou perderam o respeito. A sociedade deixa de estar suficientemente presente para regular as paixões individuais, deixando-as correr desenfreadas e esta é a situação característica das sociedades modernas.
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Normalidade e patologia dos fatos sociais
Para Durkheim a sociologia tinha por finalidade não só explicar a sociedade como também encontrar soluções para problemas da vida social. A sociedade, como todo organismo, apresenta estados que podem ser saudáveis e doentios. Por isso, pode-se considerar um fato social “normal” quando se encontra generalizado pela sociedade ou quando desempenha alguma função importante para sua adaptação ou sua evolução. 
Segundo a perspectiva sociológica e normativa é normal todo acontecimento cuja incidência tenha uma distribuição “normal” do ponto de vista estatístico. Trata-se, portanto, de uma postura metodológica e não de um julgamento de valor ético.
A GENERALIDADE de um fato social, isto é, sua unanimidade é garantia de normalidade na medida em que representa o consenso social, a vontade coletiva ou o acordo de um grupo a respeito de determinada questão.
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A Sociedade
Segundo Durkheim, a sociedade não é resultado do somatório ou uma mera justaposição das consciências, ações e sentimentos particulares, pois ao serem associados, combinados e fundidos fazem crescer algo novo e externo às consciências individuais que a formou. A sociedade é uma síntese que não se encontra em cada um dos elementos que a compõem, assim como os diferentes aspectos da vida não se acham decompostos nos átomos contidos na célula, a vida está no todo e não nas partes. 
As almas agregadas geram um fenômeno sui generis, uma vida psíquica de um novo gênero. 
Durkheim procura mostrara que a mentalidade do grupo não é a mesma que a dos indivíduos, que os estados de consciência coletiva são distintos dos estados de consciência individual. Assim, os fenômenos que constituem a sociedade têm sua origem na coletividade e não em cada um dos seus membros e é na sociedade que devemos buscar as explicações para os fatos sociais e nas unidades que a compõem. 
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A Sociedade 
Os fatos sociais são formados pelas representações coletivas, ou seja, como a sociedade vê a si mesma e ao mundo que a rodeia, através de suas lendas, mitos, concepções religiosas, crenças morais, etc. 
 “ porque a sociedade não está simplesmente constituída pela massa de indivíduos que a compõem, pelo solo que ocupam, pelas coisas que utilizam, pelos movimentos que efetuam, mas antes de tudo, pela ideia que faz de si mesma”. As regras do método sociológico, pg. 474.
A partir do conceito de Solidariedade Social Durkheim procurou demonstrar como a sociedade se constituía e se tornava responsável pela coesão entre os homens e de que maneira variava segundo o tipo de organização social, dada a presença maior ou menos da divisão do trabalho e de uma consciência mais ou menos similar entre os membros de uma sociedade.
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A Consciência Coletiva
Existem em nós dois seres, um individual, constituído de todos os estados mentais que não se relacionam senão conosco mesmos e com os acontecimentos de nossa vida pessoal e outro que representa em nós a mais alta realidade, onde seu conjunto forma o ser social. 
Essa consciência comum ou coletiva corresponde ao:
 “conjunto de crenças e de sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade que forma um sistema determinado e que tem vida própria”. Ela produz “um mundo de sentimentos de ideias, de imagens e independem da maneira como os membros dessa sociedade venham a manifestá-la porque é uma realidade de outra natureza”. A divisão do trabalho social, página 94.
Quanto maior é a consciência coletiva, mais a coesão entre os participantes da sociedade refere-se a uma conformidade de todas as consciências particulares a um tipo comum, fazendo com que todas se assemelhem e por isso, os membros de um grupo sintam-se atraídos pelas similitudes uns com os outros, ao mesmo tempo que é menor sua individualidade. 
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Os tipos de Solidariedade Social
Os laços que unem cada elemento ao grupo constituem a Solidariedade que pode ser de dois tipos: Mecânica ou Orgânica.
Solidariedade Mecânica: o tipo de sociedade baseado na solidariedade é mecânica quando liga o indivíduo diretamente à sociedade, sem nenhum intermédio, constituindo-se um conjunto mais ou menos organizado de crenças e sentimentos comuns a todos os membros do grupo, que é o chamado tipo coletivo. O indivíduo não se pertence, segundo Durkheim, é literalmente uma coisa que a sociedade dispõe.
Solidariedade Orgânica: é o tipo de sociedade que é condensada, que ao multiplicar suas relações intersociais, leva ao progresso da divisão social do trabalho, instituindo um processo individualização. 
A divisão social do trabalho tem a função de integrar o corpo social, assegurando-lhe a unidade. É, portanto, uma condição de existência da sociedade organizada, uma premissa. 
Essas duas formas de solidariedade evoluem na razão inversa, pois enquanto uma progride, a outra retrai, mas cada qual a seu modo, cumprem a função de assegurar a coesão social nas sociedades simples ou complexas.
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Os tipos de Solidariedade Social
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Os indicadores dos tipos de Solidariedade Social
Já que a solidariedade trata-se de um fenômeno moral e que não pode ser diretamente observado na realidade social, Durkheim utiliza a predominância de certas normas do Direito como indicador da presença dos tipos de solidariedade
nas sociedades.
Para Durkheim, enquanto as sanções impostas pelos costumes são difusas, as que impõem através do Direito são organizadas e podem ser de dois tipos:
Repressivas: que infligem ao culpado uma dor, uma diminuição, uma privação, etc. 
Restituitórias: que fazem com que as coisas e relações perturbadas sejam restabelecidas ao seu anterior estado, levando o culpado a reparar o dano causado. 
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Fontes
COHN, Gabriel (org). Sociologia Émile Durkheim - Grandes Cientistas Sociais. Ática, 2002.
COSTA, Maria Cristina de Carvalho. Sociologia, uma introdução à ciência da Sociedade. 3ª edição. São Paulo: Ed. Moderna, 2005.  
LEMOS FILHO, Arnaldo et. alii. Sociologia Geral e do Direito. 4ª edição. Campinas: Ed. Alínea, 2009. 
QUINTANERO, Tânia. Um toque dos clássicos: Durkheim, Max Weber e Karl Marx. Belo Horizonte: Editora UFMG, 3ª Edição, 2006.

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