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A filosofia e o educador

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FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO: 
REFLETINDO SOBRE A EXISTÊNCIA DO EDUCANDO 
 
 
 
Como reflexão filosófica, a Filosofia da Educação desenvolve sua 
tríplice tarefa: fundamentalmente como reflexão antropológica, epistemológica e 
axiológica. 
Sua tarefa básica é buscar o sentido mais profundo do próprio sujeito 
da Educação, ou seja, de construir a imagem do homem em sua situação de 
sujeito/educando. Como tal torna-se uma antropologia filosófica, buscando 
integrar as contribuições das ciências humanas. 
Nessa tarefa, ela é, pois, reflexão eminentemente antropológica e, 
como tal, torna-se alicerce das demais tarefas que lhe couberem. Só que não 
basta dizer que cabe à filosofia da Educação construir a imagem do homem que 
se propõe a educar. É que essa formulação pode nos induzir à idéia tradicional 
em nossa cultura filosófica, de se desenhar uma essência do homem, seja a partir 
da metafísica clássica, seja a partir da própria ciência positiva. 
A tradição filosófica ocidental, tanto através de sua perspectiva 
essencialista (metafísica) como de sua perspectiva naturalista (ciência positiva), 
acabou construindo, por um lado, uma imagem universal e abstrata da natureza e, 
por outro, uma imagem do homem como simples prolongamento da natureza 
biológica. 
Nos dois casos, a filosofia da Educação, perde seu ponto de apoio, pois 
não fica adequadamente sustentada a condição básica humana, que é sua 
profunda e radical historicidade. É que o sentido da existência só pode ser 
apreendido em suas mediações históricas e sociais concretas. A imagem que a 
filosofia deve construir do homem só será consistente se baseada nessas 
condições reais da existência. 
Assim, os sujeitos humanos envolvidos na esfera educacional, sujeitos 
que se educam e que buscam educar, não pode ser reduzidos a modelos 
abstratamente concebidos de uma “natureza humana”, modelo universal 
idealizado, nem uma “máquina natural”, prolongamento orgânico da natureza 
biológica. Desse modo, só uma antropologia filosófica é capaz de apreender o 
homem existindo sob mediações histórico-sociais, sendo visto como um ser 
eminentemente histórico-social. Aqui se fará concreta e efetiva a colaboração 
entre a filosofia da Educação e as ciências humanas da Educação. 
Mas, de um segundo ponto de vista, considerando que a educação é 
fundamentalmente uma prática social, a Filosofia da Educação vai ainda contribuir 
para sua compreensão e efetivação, mediante uma reflexão voltada para os 
valores que a sustentam e para os fins que a norteiam. A reflexão filosófica se faz, 
então, reflexão axiológica, pesquisando a dimensão valorativa da consciência e 
a expressão do agir humano relacionando com valores. 
Também quanto a este aspecto, a tradição filosófica ocidental, coerente 
com seus pressupostos, tendeu a ver como fim último da educação a realização 
de uma perfeição dos indivíduos como plena atualização de uma essência 
modelar, ou ainda, entendeu essa perfeição como plenitude de expansão e 
desenvolvimento de sua natureza biológica. 
Hoje, a filosofia da Educação busca desenvolver sua reflexão, levando 
em conta os fundamentos antropológicos da existência humana tal como se 
manifestam em mediações histórico-sociais, dimensão esta que qualifica e 
específica a condição humana. 
A filosofia da Educação tem ainda uma terceira tarefa: a tarefa 
epistemológica. Cabe-lhe instaurar uma discussão sobre questões que 
envolvam os processos, sistematização e transmissão do conhecimento 
presentes no processo específico da Educação. 
Essa questão é importante para a filosofia da Educação porque a 
educação pressupõe mediações subjetivas, isto é, ela pressupõe a intervenção da 
subjetividade de todos aqueles que se encontram envolvidos por ela. Em cada um 
dos momentos da atividade educativa está necessariamente presente uma dose 
de subjetividade, que impregna todo o processo. A atividade da consciência é 
uma mediação necessária às atividades da educação. 
Nesse seu momento epistemológico, a filosofia da Educação, investe 
no esclarecimento das relações entre produção do conhecimento e o processo da 
educação. 
A construção de um sistema de saber no âmbito da educação, o 
estatuto científico da própria educação, a natureza interdisciplinar do 
conhecimento educacional. Bem como o processo de ideologização presente na 
teoria e na prática da educação, entre outros, os campos da indagação 
epistemológica da filosofia da Educação. 
 
 
 
 
A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO 
E NA PRÁTICA DO PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
Tendo em vista o significado intrínseco da filosofia da Educação, é 
possível entender a exigência de sua presença no currículo dos cursos de 
formação de educadores e a necessidade de sua atuação permanente na prática 
do profissional da educação. Sua presença nos currículos dos cursos de 
preparação de educadores não se justifica por critérios de erudição ou 
academicismo. Ao contrário, trata-se de uma exigência do próprio 
amadurecimento humano do educador. 
A reflexão filosófica, desenvolvida no âmbito teórico da Filosofia da 
Educação, deverá propiciar ao futuro profissional da área de educação as 
condições de explicitação do projeto educacional a ser desenvolvido por nossa 
sociedade na busca de seu destino e de sua civilização. 
Com efeito, cabe à filosofia da Educação explicitar e explorar o 
significado da condição humana no mundo. Ela deve colocar para o educador a 
questão antropológica a ser instaurada nas coordenadas histórico-sociais da 
existência concreta dos homens. 
O profissional da Educação não poderá entender sua tarefa e nem 
realizá-la, dando sua contribuição histórica ao desenvolvimento do projeto de sua 
sociedade, se não tiver por base uma visão da totalidade do humano. 
À Filosofia da Educação, cabe, então, colaborar para que essa visão 
seja construída com coerência e “sistematicidade”, no decorrer do processo de 
sua formação e sustentada durante o processo de sua atuação prática no social. 
 
 
 
A EDUCAÇÃO DO EDUCADOR 
 
 
 
À luz do que dissemos, podemos concluir que é tríplice o objetivo da 
educação do educador: ela deve dar formação científica, política e filosófica. E à 
Filosofia da Educação, como área de reflexão, cabe a tarefa pedagógica de 
responder pela sua formação filosófica. 
Por formação técnico-científica devemos entender o domínio do s 
conhecimentos científicos relacionados com a realidade educacional. Domínio 
qualificado e competente que permita ao educador ter uma visão objetiva dessa 
realidade, superando todas as formas ingênuas e superficiais dos dados que 
constituem a Educação em sua fenomenalidade. Por isso, os cursos de 
preparação dos profissionais, não podem perder de vista essa exigência dos 
procedimentos rigorosos da ciência na construção do conhecimento do objeto 
educacional. 
Esse embasamento científico servirá de lastro para o domínio das 
técnicas instrumentais do trabalho a ser desenvolvido. A educação é uma prática 
de intervenção social e, como tal, exige instrumentos adequados, metodologias 
específicas, que possam torná-la eficaz na consecução de seus objetivos. As 
técnicas atuam como mediações para os fins visados, devendo ser 
cientificamente fundadas, superadas as formas espontaneístas ou intuicionistas 
de agir. 
Além dessa qualificação técnico-científica, o educador precisa de uma 
formação política, isto é, a apropriação e o desenvolvimento de uma consciência 
social e sensibilidade às condições especificamente políticas, não só de sua 
atividade, mas de todo o tecido social no qual desenvolverá sua ação pedagógica. 
Trata-se da competência de compreender e de agir coerentementecom essa 
compreensão. Educação só tem sentido no âmbito de um projeto político mais 
amplo. 
Finalmente, ao educador impõe-se uma formação filosófica, ou seja, a 
sensibilidade de que sua ação educacional depende ainda de sua inserção num 
projeto antropológico. Com isso se quer dizer que a educação só ganha sentido 
pleno a partir de uma visão de totalidade, que articula o destino das pessoas ao 
de toda a comunidade humana. 
Em síntese, dadas as características específicas da educação, a 
preparação do profissional dessa área deve garantir-lhe com solidez e 
competência, um rigoroso domínio dos conteúdos científicos e de habilidades 
técnicas, uma consistente percepção das relações situacionais dos homens e 
uma abrangente sensibilidade às condições antropológicas de sua existência. 
 
(SEVERINO, Antônio Joaquim. Filosofia da Educação: construindo a cidadania. São Paulo: 
FTD, 1994, p. 37-40)

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