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TUTORIA 6 --> Sangramento Uterino Anormal (SUA) = é a queixa mais comum no consultório ginecológico. É um sintoma, não um diagnóstico Conceitos -> menorragia: intervalos regulares, com duração prolongada ou fluxo excessivo Metrorragia: sangramento uterino leve em intervalos regulares, fluxo normal Menometrorragia: intervalos irregulares, duração prolongada e fluxo intenso Hipermenorreia: intervalos regulares, com duração normal e fluxo intenso Hipomenorreia: intervalos regulares, com duração normal ou menor e fluxo reduzido Oligomenorreia: intervalos irregulares, duração variável, frequência maior ou igual a 35 dias Polimenorreia: frequência menor ou igual a 21 dias Etiologia -> infância: vulvovaginites, trauma, irritação vulvar, prolapso uterino, sarcoma de vagina e tumor ovariano - Puberdade precoce: quando ocorre antes dos 8 anos; é dependente de GnRH Adolescência: anovulação, pólipos, discrasias sanguíneas e anormalidades hematológicas Adultas: anormalidades da gestação, pólipos, leiomiomas, adenomiose, SOP, uso de contraceptivos orais (primeiros meses de uso tem escape) Perimenopausa: anovulação, leiomiomas e adenomiose Pós-menopausa: terapia de reposição hormonal (estrogênio intenso), CA de endométrio e vaginite atrófica Sangramento Uterino Disfuncional (SUD): é um sangramento uterino anormal, cuja origem se deve a uma ação hormonal irregular sobre o endométrio - Na maioria das vezes acomete mulheres no fim da idade reprodutiva Sangramento disfuncional ovulatório -> cerca de 15 a 20% das pacientes apresentam ciclos ovulatório, que inclui os seguintes tipos de sangramento: Sangramento da ovulação: maior ocorrência no final da vida reprodutiva. É geralmente escasso e coincide com o período ovulatório - Identificado pela secreção mucosa, clara, abundante que apresenta rajada de sangue e eventualmente associada à dor da ovulação - Sangramento dura de 1 a 3 dias pode ser secundário à formação de pequenos trombos nos vasos endometriais, que são consequências da elevação plasmática dos níveis de estrogênio Polimenorreia: refere-se ao ciclo ovulatório com menos de 24 dias de intervalo. Em geral, é consequência do encurtamento da fase folicular Descamação irregular: sangramento prolongado e abundante com intervalos regulares - Ocorre uma regressão retardada do corpo lúteo, fazendo com que ainda persistam áreas sob a ação da progesterona do ciclo anterior junto com áreas de proliferação estrogênica do ciclo atual Sangramento pré-menstrual: perda escassa de sangue, geralmente escuro - Associado a uma deficiente produção de progesterona Hipermenorreia: resultam de causas orgânicas como miomas, pólipos, adenomiose e distúrbios de coagulação é um diagnóstico de exclusão para SUD Síndrome de Halban: é um episódio esporádico frequentemente confundido com gravidez ectópica Sangramento disfuncional anovulatório -> representa 80 a 85% dos casos de SUD - Sangramento pode ser leve ou intenso e a paciente pode relatar cólicas devido à passagem de coágulos pelo canal cervical Fisiopatologia: podem ocorrer em qualquer época da menacme, porém é mais frequente nos extremos da vida reprodutiva - Na puberdade, a anovulação se deve a uma imaturidade do eixo C-H-H-O, ainda incapaz de levar um folículo ao estágio maduro e desencadear o pico ovulatório de LH - Na menacme, a anovulação crônica é resultado de um mecanismo de feedback inapropriado ovários policísticos - No climatério, a anovulação se deve à falência funcional dos ovários, que não produzem progesterona - O sangramento ocorre superficialmente, ele ocorre porque os níveis de estrogênio são incapazes de manter um estímulo endometrial constante e adequado - Estimulação contínua dos estrogênios pode acarretar em uma displasia - Há um aumento da vascularização e das glândulas que se apresentam coladas umas às outras, sem o devido arcabouço do estroma de sustentação, que torna o tecido mais frágil, facilitando a exteriorização do sangramento - O sangramento é interrompido somente pela ação proliferativa cicatricial dos estrogênios endógenos ou exógenos Diagnóstico -> o primeiro passo é afastar as causas orgânicas, o segundo passo é separar as pacientes em dois grupos: as que estão ovulando das que não estão ovulando feito pela anamnese associado a qualquer exame que comprove - Anamnese: história natural, uso de medicações e doenças associadas - Exame físico: há sangramento? O que o toque vaginal bimanual revela quanto ao volume, superfície, mobilidade e dor uterinas? Há aumento da tireoide? Há presença de equimoses? Há presença de galactorreia? Tratamento SUD anovulatório -> se os ciclos forem muito curtos, ou a perda sanguínea for abundante ou prolongada, justifica-se um tratamento hormonal - O objetivo primordial é restabelecer o controle natural hormonal sobre o tecido endometrial estabilidade estrutural e ritmicidade vasomotora - Causa da anovulação sempre deve ser tratada Puberdade: no caso de sangramento prolongado paciente ↓ progesterona necessita tomar progesterona 300mg diários por via oral durante 10 dias; ou qualquer progestogênio oral em doses correspondentes interromperá o efeito proliferativo do estrogênio sobre o endométrio, mas não promove a cicatrização da lesão avisar a paciente que ela continuará perdendo sangue durante o tratamento - Após tratamento ocorre descamação fisiológica, o que corresponde a uma menstruação verdadeira - Se a paciente continuar sangrando após tratamento terá que ser realizada uma nova série de 10 dias progestacional, começando no 15º dia a partir do início da menstruação - Hemorragia de grande intensidade será indicado o emprego de estrogênios associado ao progestogênio ocorre uma rápida reepitelização do endométrio e interrupção do sangramento – necessário tomar cuidado para não espessar endométrio e causar o cessamento do estímulo hormonal, causando um sangramento maior - Estrogênio = 4 comprimidos/dia de 1,25 ou 2,5 mg de estrogênios conjugados são suficientes para interromper a hemorragia dentro de 48 horas progestogênio poderá ser acrescentado durante 10 dias - Pode-se fazer uma associação de estrogênio- progestogênio = 3 vezes ao dia durante 10 dias, após isso somente progesterona oral por mais 3 ou 4 séries, a partir do 15º dia do ciclo Menacme: o tratamento é praticamente o mesmo que o da puberdade. Deve-se lembrar que a ausência da ovulação acarreta em SOP - O objetivo do tratamento visa também o hirsutismo, a obesidade, o hiperinsulinismo ou a infertilidade junto com o tratamento do sangramento Climatério: o tratamento é o mesmo, porém, o estudo histológico prévio do endométrio, obtido através de biópsia ou curetagem é indispensável, a menos que a ultrassonografia endovaginal revele uma espessura endometrial inferior a 5mm, o que nestes casos não é comum, já que quase sempre estaremos diante de um endométrio proliferado ou hiperplásico, devido à ação não oposta dos estrogênios. - Baseado nos conhecimentos da dinâmica hormonal do climatério, o progestogênio deverá continuar ciclicamente, até que surjam sintomas de deficiência estrogênica quando, então, este hormônio será acrescido. - Deverá ser afastada a possibilidade de um câncer de endométrio - Paciente deverá continuar tomando o progestogênio até que ocorra a menopausa para poder acrescentar o estrogênio, evitando hiperplasia endometrial (CA) Dismenorreia: esse termo é utilizado para denominar as cólicas menstruais dolorosas que ocorrem durante a menstruação ou algumas horas antes,com sinais e sintomas representados por náuseas, vômitos, diarreia, fadiga, dor lombar, nervosismo, tonturas e cefaleia - É a dor pélvica que ocorre antes ou depois do período menstrual impede as atividades normais ou necessita de medicação específica - É uma das queixas mais frequentes em consultórios de ginecologista - A dismenorreia pode ser primária, quando não há doença orgânica evidente que a justifique, e secundária, quando ocorre em virtude de outra condição orgânica, sendo a endometriose pélvica a causa orgânica mais frequente. Dismenorreia primária é a menstruação dolorosa na ausência de lesões nos órgãos pélvicos. Geralmente, acompanha os ciclos menstruais normais. Cessa ou diminui de intensidade em torno dos 20 anos ou com a gravidez. Ocorre por conta do aumento da produção de prostaglandinas, que promovem contrações uterinas dolorosas. Dismenorreia secundária está associada a alterações do sistema reprodutivo, como endometriose, miomas uterinos, infecção pélvica, anormalidades congênitas da anatomia do útero ou da vagina, uso de DIU. - Aumento anormal na contratilidade miometral ocorre por conta da queda da progesterona antes da menstruação, ácido araquidônico é liberado, promovendo a cascata das prostaglandinas, que causam vasoconstrição e contração muscular + dor Sintomatologia -> dor branda – causa cólica, desconforto, sensação de peso no ventre ou nas costas Dor moderada – pode causar também mal- estar, diarreia e cefaleia Dor forte – incapacita a mulher de realizar suas atividades, durando de dois a sete dias, e sendo acompanhada de transtorno gastrointestinal Diagnóstico -> é fundamentalmente clínico. O enfoque se dá em comprovar se ela é primária ou secundária, o que acontece por meio de uma anamnese cuidadosa, exame físico geral e exames complementares - Deve-se atentar para a idade da paciente, já que adolescentes têm um quadro mais doloroso que o da mulher adulta - O toque vaginal só deve ser realizado ser a paciente já teve atividade sexual - Deve-se dar destaque ao início dos sintomas e duração - Pode ser feita uma USG pélvica, que revela se é DP ou DS e alguma irregularidade uterina, leiomioma, cistos ovarianos e doença inflamatória pélvica. Tratamento -> dismenorreia primária: através dos AINEs, que bloqueiam a produção das prostaglandinas. -> dismenorreia secundária: o problema orgânico deve ser tratado; é direcionado para alívio dos sintomas – analgésicos e AINEs, contraceptivos hormonais (agem por inibição da ovulação e ↓ a proliferação endometrial, limitando a produção de prostaglandinas), DIU com levonorgestrel e associação de tratamentos (quando mulheres não correspondem a uma terapia única) - Pode ser realizada uma terapia hormonal para diminuir a produção de prostaglandinas pelo endométrio - Terapia não medicamentosa: atividade física - melhora o fluxo sanguíneo pélvico e estimula a liberação de beta-endorfinas que agem como analgésicos inespecíficos Leiomioma uterino: é uma neoplasia benigna formada por fibras musculares lisas do útero com estroma de tecido conjuntivo em proporções variáveis. - É a neoplasia benigna mais comum na mulher 95% das neoplasias benignas do trato genital da mulher - Responsável por 1/3 do total de histerectomias Fatores de risco -> alguns fatores podem aumentar o risco: • História familiar; • Idade (40-50 anos); • Afrodescendência; • Menarca precoce; • Nuliparidade; • Obesidade; • Consumo regular de álcool; • Dietas com muita carne e poucas fibras Etiopatogenia -> seu aparecimento não está totalmente esclarecido, mas alguns fatores podem influenciar em seu surgimento 1) Níveis circulantes de estrogênio – é o principal fator determinante do crescimento tumoral estradiol age diretamente na proliferação dos miócitos - Existe maior número de receptores de estrogênio em células neoplásicas = ↑ sensibilidade dessas células - GH exerce influência no crescimento tumoral - Na gravides ↓ GH e ↑ HPL (hormônio lactogênio placentário), que possuí ação semelhante ao GH - Aumenta os receptores de progesterona 2) Níveis circulantes de progesterona – há maior concentração de receptores de progesterona no mioma. Esse hormônio pode estimular o crescimento celular e inibir a apoptose, através do ↑ de BCL-2 - Aumenta fator de crescimento epidérmico - Aumenta índice mitótico do tumor (fase lútea) 3) Alteração da 17-OH-desidrogenase – é um conjunto de enzimas responsáveis pela transformação de hormônios esteroides em metabólitos mais fracos - Enzima tipo I: estrona estradiol (reação aumentada no mioma) - Enzima tipo II: estradiol estrona (reação diminuída no mioma) O mioma produz um ambiente hiperestrogênico que mantém seu crescimento 4) Influência genética – aproximadamente 40% dos miomas possuem anormalidades cromossômicas em suas células. Pode ocorrer por mutação espontânea ou por predisposição familiar. Patologia -> são tumores nodulares que podem ser únicos ou múltiplos. São circunscritos e bem delimitados, pseudocapsulados. - Podem estar localizados no colo uterino, no istmo ou no corpo uterino, sendo pediculados ou sésseis - Os miomas são intensamente celulares; mas, à medida que crescem, passam por transformações com aumento do tecido conjuntivo e diminuição dos miócitos, definindo diversas alterações degenerativas encontradas: Hialina – presença de um tumor amolecido -> ocorre diminuição do fluxo sanguíneo para o mioma Cística – liquefação das áreas com degeneração hialina Mucoide – cistos preenchidos com material gelatinoso Rubra – alterações que provocam dor, hipertermia e até ruptura com quadro de abdome agudo ocasionadas por obstruções venosas Gordurosa – tecido gorduroso depositado no interior das fibras musculares lisas Calcificação – ocorre em áreas onde o suprimento sanguíneo da neoplasia é deficitário Necrose – resulta da interrupção do fluxo sanguíneo mais comum em miomas pediculados com pedículo longo Classificação -> subseroso: posicionado abaixo da serosa uterina. É o que provoca menos sintomas Intramural: posicionado na intimidade do miométrio. À medida que cresce, pode evoluir para submucoso ou seroso. - Relaciona-se com casos de hemorragia uterina Submucoso: é a forma que provoca mais hemorragias devido à sua intima relação com a mucosa endometrial Sinais e sintomas -> os principais desconfortos produzidos pelo mioma, à medida que se desenvolve, podem ser: • Menstruação irregular; • Dismenorreia; • Sangramento anormal; • Dores abdominais e pélvicas; • Dispareunia; - Miomas pequenos não causam sintomas, porém os grandes e numerosos podem causar, dependendo do local onde estão: • Dor e pressão na pelve; • Dor nas costas e na perna; • Compressão da bexiga, levando a uma necessidade frequente de urinar • Compressão dos ureteres • Compressão sobre o intestino, levando a constipação e distensão abdominal • Anemia, que pode dificultar a gravidez Diagnóstico -> ultrassonografia ginecológica se tornou a ferramenta padrão para avaliar os leiomiomas. - A ultrassonografia mostra os miomas como massas focais com uma textura heterogênea formando uma sombra incomum. Assim, a localização pode ser determinada e as dimensões da lesão medidas. - A ressonância magnética é melhor para definir o tamanho e localização dos miomas dentro do útero, detectar comorbidades e para definir o melhor tratamento. Tratamento -> algumas drogas conseguem impedir o crescimento do mioma ou até reduzir de tamanho temporariamente, mas como causam efeitoscolaterais e não podem ser usadas por mais de 3 ou 4 meses -> o mioma volt a crescer com a interrupção do tratamento - Pode-se realizar o uso de pílula anticoncepcional - Embolização da artéria uterina - Cirurgia para retirada do mioma e, em casos graves, a histerectomia Existem diversas opções de tratamento, cada uma com suas vantagens e desvantagens, indicações e contraindicações. Os leiomiomas tendem a reduzir com a menopausa e medicamentos devem ter prioridade antes de uma cirurgia. Exemplos de tratamentos incluem: - Agonistas do GnRH: inibe a produção de estrógeno interrompendo os ciclos menstruais e diminuindo os miomas. Costuma ser feito por apenas 3 a 6 meses para evitar causar osteoporose - AINEs associado a anticonceptivos para reduzir os sintomas - DIU liberador de progesterona: pode aliviar sangramento intenso causado por miomas proporcionando alívio dos sintomas, mas não diminui os miomas Endometriose: é definida pela presença de tecido endometrial (glândulas e estroma), em localização extrauterina geralmente localizados na pelve e peritônio. - Encontrada em mulheres em idade reprodutiva, com prevalência entre 10% - Em mulheres com dor pélvica ou infertilidade, a prevalência gira em torno de 90% - Idade média de diagnóstico varia entre 25 e 30 anos Etiologia -> por ainda ser desconhecida foram criadas algumas teorias: 1) Teoria da implantação ou da menstruação retrógrada – efluente menstrual que contém células endometriais viáveis na cavidade peritoneal, que é capaz de aderir e implantar. - Durante a menstruação, pode ocorrer que esse líquido volte para as tubas uterinas -> promove a disseminação de células endometriais viáveis na cavidade peritoneal. - Alterações anatômicas da pelve -> aumentam refluxo menstrual transtubário, aumentando a chance de desenvolver endometriose - Quantidade de tecido endometrial que atinge a cavidade peritoneal e/ou a capacidade do sistema imune de eliminar o tecido menstrual ectópico contribuem para o desenvolvimento da doença 2) Teoria Imunológica – uma grande variedade de anormalidades imunológicas foi descrita em mulheres com endometriose. - O fluido peritoneal das pacientes acometidas contém grande número de células do sistema imune, que ao invés de removerem as células endometriais da cavidade, acabam por estimular a doença através da secreção de citocinas e fatores de crescimento que estimulam a adesão e proliferação do endométrio ectópico. 3) Teoria da metaplasia celômica – as células do mesotélio celômico são capazes de originar diferentes tecidos do organismo, incluindo o endométrio, peritônio e a serosa ovariana. - Células peritoneais células endometriais (processo de metaplasia, de forma espontânea ou induzida) 4) Disseminação linfática – explica a rara presença de endometriose em sítios distantes da pelve, endometriose umbilical, retina, cérebro, etc. Patologia -> fatores genéticos = estudos indicam a importância do histórico familiar no desenvolvimento da endometriose (dando importância aos parentes de 1º grau – risco 7 vezes maior) Fatores imunológicos = principais alterações encontradas na doença: deficiência da imunidade celular (não reconhece a presença de tecido endometrial em locais atípicos), redução da atividade das células natural killer (diminui a citotoxicidade) e um aumento na concentração de macrófagos na cavidade peritoneal e endométrio ectópico (citocinas + fatores de crescimento) Fatores hormonais = o desenvolvimento da endometriose é estrogênio-dependente; hormônio cujo produção e metabolismo encontram-se alterados na doença: - Aromatase é expressa de forma anormal no endométrio produção de estrogênio endometrial, que estimula a atividade local da COX-2, produzindo prostaglandina E2, que é um potente estimulador da aromatase (feedback positivo) Fatores ambientais = foram conhecidos há pouco tempo. O mais estudado é a dioxina, um poluente encontrado principalmente nas grandes metrópoles. Estudos mostraram que a dioxina acentua as alterações endometriais (↑ atividade proliferativa, ↑ MMPs e integrinas), atuando através de receptores de progesterona. Fatores de risco -> história familiar, primiparidade tardia, menarca precoce e ciclos menstruais curtos, baixos índices de massa corporal e consumo persistente de cafeína e álcool. Aspectos macroscópicos das lesões -> pode ser reconhecida por meio de lesões atípicas (se apresentam através de vesículas e lesões vermelhas em chama de vela) e lesões típicas: • Vermelhas – podem se apresentar como petéquias • Pretas – descritas como “queimadura por pólvora” (nódulos retos ou castanho-escuros), ou como pequenos cistos contendo hemorragia antiga circundada por um grau variável de fibrose • Brancas – resquícios cicatriciais - Doença passa de vermelha -> branca (7/10 anos) Sítios de envolvimento e tipos -> ovários, ligamentos uterossacros, fundo de saco posterior, folheto posterior do ligamento largo e fundo do saco anterior. 1) Endometriose leve – é caracterizada por lesões pequenas na região pélvica que não provocam alterações anatômicas em ovário, tubas e útero. Nesses casos as lesões são superficiais e raramente atingem o intestino, bexiga ou ureter. - Sintomas são mais suaves = anos sem diagnóstico. Mas há mulheres nesse quando que sentem cólicas muito intensas, por vezes, incapacitante. 2) Endometriose profunda – corresponde às lesões que atingem os órgãos pélvicos em profundidade superior a 5 mm, provocando deformidades anatômicas. É nessa fase que se encontram as lesões intestinais, acompanhadas ou não por lesões na bexiga e ureter. - Existem diversas teorias sobre a origem das lesões profundas podem ser originadas a partir de lesões superficiais que foram aos poucos invadindo o tecido intestinal, ou então podem surgir por metaplasia de células embrionárias que se diferenciam em lesões endometrióticas. - Provoca quadros dolorosos muito intensos - Quando atinge o intestino pode provocar quadros de diarreia e dor para evacuar, principalmente durante o período menstrual. Se a lesão atingir as camadas mais profundas do intestino sangramento intestinal - Exame físico é indispensável para o diagnóstico 3) Endometriose ovariana – lesão característica é o endometrioma (cisto endometrioide), que é uma estrutura cística com conteúdo líquido espesso e achocolatado cercado de áreas de fibrose. - São mais comuns do lado esquerdo - Pode atingir o ovário de duas formas: uma é através de pequenos implantes superficiais, semelhantes à endometriose pélvica superficial. A outra forma, mais comum, é o endometrioma ovariano. Quadro clínico: cólicas menstruais, dor à relação sexual e, em algumas mulheres, infertilidade. Pode ocorrer rotura do endometrioma com extravasamento do seu conteúdo na cavidade pélvica, causando dor aguda muito intensa - Exame ginecológico mostra um aumento no tamanho do ovário, dor à sua palpação e redução de sua mobilidade; ultrassom transvaginal apresenta grande eficiência no diagnóstico. Sintomatologia -> principais sintomas são dor e infertilidade: • Dismenorreia intensa (apresenta caráter progressivo e são muito intensas, ou seja, a mulher precisa cada vez mais de remédios analgésicos para conviver com ela); • Dor pré-menstrual; • Dispareunia • Dor difusa ou crônica da região pélvica; • Fadiga crônica e exaustão; • Sangramento menstrual intenso ou irregular; • Alterações intestinais ou urinárias durante a menstruação; • Dificuldade para engravidar; • Distúrbios do sono; • Dor ao urinar (lesões provocam sintomas semelhantes ainfecções) Diagnóstico -> é feito por meio de exame físico, ultrassom endovaginal especializado, exame ginecológico, dosagem de marcadores e outros exames de laboratório. - Anamnese: deve ser informado quando os sintomas começaram, de que forma foram mudando ao longo do tempo e se a intensidade foi aumentando. É de extrema importância explicar os remédios e tratamentos já utilizados durante esse período e como foi a resposta a eles. - Exame ginecológico: irá ser realizada uma detalhada verificação das condições do útero, ovários, tubas e ligamentos uterossacrais (ligamentos que saem do colo do útero e direcionam-se para a região sacral) -> se nota alterações anatômicas - Exames de imagem: o mais indicado é o ultrassom transvaginal e a ressonância magnética, principalmente diante da suspeita de endometriose profunda intestinal - Exames laboratoriais: Ca-125 é uma glicoproteína do tipo mucina, de alto peso molecular. Apresenta baixa sensibilidade e especificidade – solicitado apenas para pacientes em situações específicas - Videolaparoscopia: pode ser necessária para confirmação definitiva do diagnóstico. O procedimento é realizado através de pequenas incisões na barriga, e a introdução de instrumentos telescópicos para a visualização e, se for o caso, retirada das lesões. Prevenção -> filhas e irmãs de pacientes com endometriose têm maior risco de também desenvolver o problema. A identificação genética poderia ajudar a entender melhor a doença, mas é ainda difícil saber o quanto os genes realmente são relevantes em relação a outros fatores, como etnia e fatores ambientais. - Realizar atividades físicas - Consultar regularmente um ginecologista e observar atentamente os sintomas Tratamento -> pode ser realizado tratamento medicamentoso ou cirúrgico, cabendo ao ginecologista avaliar e recomendar qual o melhor tratamento - Tratamento cirúrgico: a endometriose é removida por meio de uma cirurgia chamada laparoscopia. Em situações mais sérias, órgãos pélvicos afetados pela enfermidade precisarão ser removidos. - Tratamento medicamentoso: analgésicos, anti-inflamatórios, análogos de GNHR, danazaol e dienogeste. Atualmente também é possível reduzir os sintomas utilizando o DIU com levonorgestrel. - Não existe cura permanente para a endometriose, o objetivo do tratamento é aliviar a dor e amenizar os outros sintomas Síndrome do Ovário Policístico: (SOP) é uma condição com sinais e sintomas diversos, que incluem alterações reprodutivas, endócrinas e metabólicas. - Se caracteriza por ciclos anovulatórios irregulares, infertilidade, manifestações de hiperandrogenismo, obesidade e ovários aumentados de volume com múltiplos cistos - Afeta 5 a 10% das mulheres em idade reprodutiva Etiologia -> permanece desconhecida qualquer alteração que resulte em desequilíbrio do eixo H-H-O pode levar a uma secreção inadequada de gonadotrofinas e esteroides ovarianos que levara à anovulação e SOP Fisiopatologia -> base fisiológica da SOP é o hiperandrogenismo, que pode ser causado por anormalidades em 4 compartimentos endócrinos: • Compartimento ovariano; • Compartimento adrenal; • Compartimento periférico; • Compartimento hipotálamo-hipófise 1) Compartimento ovariano – ovários são as principais fontes de androgênios em pacientes com SOP. A desregulação da enzima formadora de androgênios pode ser o mecanismo central do hiperandrogenismo. - Também foram encontradas alterações na aromatase - Androgênios inibem a secreção e pulsatilidade do FSH ↓ FSH responde pela falta de estímulo adequado para o crescimento de novos folículos, nunca chegando à sua maturação completa, sendo assim, acumulam-se no ovário no aspecto policístico 2) Compartimento adrenal – ocorre uma hiper-responsividade do receptor ao ACTH, sendo possível perceber o surgimento dos sintomas em torno da puberdade (adrenarca) 3) Compartimento periférico – constituído pela pele e tecido adiposo - Os androgênios no tecido periférico são convertidos em estrona pela ação da enzima aromatase, que se encontra aumentada na SOP - Obesidade: é comumente encontrada em pacientes com SOP e pode interferir no processo ovulatório por 3 mecanismos: a) aumento da aromatização periférica de androgênios em estrogênios b) inibição da síntese hepática de SHBG, o que resulta no ↑ da fração livre de estradiol e testosterona c) aumento dos níveis de insulina que atua de forma sinérgica com as gonadotrofinas (LH), e estimulam a síntese de androgênios pelas células da teca no estroma ovariano - Existe um estado hiperestrogênico crônico 4) Compartimento hipotálamo-hipófise – ocorre um aumento na sensibilidade hipofisária ao GnRH, que leva a um aumento na frequência e na amplitude dos pulsos de LH resposta exagerada do LH ao GnRH – característico da síndrome - ↑ LH hiperplasia do estroma ovariano e das células da teca, com produção aumentada de testosterona e androstenediona, que serão convertidos em estrogênio - Ocorre supressão do FSH - A resistência insulínica e a hiperinsulinemia fazem parte da disfunção esteroidogênica ovariana na SOP aumento na produção de androgênios e na sua disponibilidade; aumento na disponibilidade da IGF, que irá atuar nos receptores das células da teca - A insulina altera a esteroidogênese ovariana na SOP. Ela também inibe a produção hepática da globulina carreadora dos hormônios sexuais (SHBG) e da proteína carreadora do fator de crescimento semelhante à insulina-1 (IGFBP-1) há consequente aumento das frações livres hormonais de androgênios e estrogênios. - Hiperinsulinemia contribui para o hiperandrogenismo ovariano por causa do IGF-1 (encontrados nas células da teca), acarreta na ↓ do crescimento folicular - Conversão periférica é mantida, mas SHBG está diminuído há maior [entrona], que estimula LH estimula células tecais - Resistência insulínica gera uma hiperinsulinemia compensatória, que leva ao aumento do de testosterona livre Sintomatologia -> a ausência de ovulação ou a ausência dela é o principal sinal da síndrome. Os outros sintomas são: • Atrasos na menstruação; • Aumento de pelos no rosto, seios e abdômen; • Obesidade; • Acne; • Pode predispor o desenvolvimento de diabetes, doenças cardiovasculares, infertilidade e CA do endométrio Diagnóstico -> é necessário exame clínico, USG ginecológico e exames laboratoriais - Através da ultrassonografia da pelve, a doença pode ser percebida pelo aparecimento de ovários de volume aumentado e pela presença de 10 folículos de pequenas dimensões ao mesmo tempo na superfície de cada ovário - É importante realizar a dosagem da testosterona total, já que na SOP os hormônios masculinos estão elevados - Mulheres que apresentam apenas sinais de ovários policísticos ao exame de imagem sem desordens de ovulação ou hiperandrogenismo (↑ dos níveis dos hormônios masculinos) não devem ser consideradas como portadoras de síndrome dos ovários policísticos Prevenção -> para prevenir a síndrome dos ovários policísticos é recomendada uma dieta leve e completa, acompanhada de exercícios físicos. Mulheres que estão acima do peso, têm glicemia, pressão arterial e taxa de colesterol elevadas fazem parte do grupo de risco da doença, por isso precisam se prevenir seguindo uma dieta saudável, praticando exercícios físicos e realizando acompanhamento ginecológico anual. Tratamento -> depende dos sintomas que a mulher apresenta e do que ela pretende. Cabe ao médico e à paciente a avaliação do melhor tratamento - Perguntar se a paciente pretende engravidar ou não - Os principais tratamentossão: Anticoncepcionais orais – a pílula melhora os sintomas de aumento de pelos, aparecimento de espinhas, irregularidade menstrual e cólicas, além de reduzir o volume dos ovários e o aparecimento de cistos Cirurgia – estão sendo abandonados por conta das terapias com hormônios orais Antidiabetogênicos orais – utilizado quando associado à resistência insulínica Dieta e atividade física – essas pacientes devem ser orientadas em relação à dieta e atividade física, simultaneamente com as medidas terapêuticas Indução da ovulação – se a paciente pretende engravidar, o médico poderá lhe recomendar tratamento de indução da ovulação após normalização dos níveis hormonais caso haja dificuldade para tal Neoplasias mais presentes: 1) Câncer de mama: é definido como a proliferação maligna das células epiteliais que margeiam os lóbulos - 4ª Causa geral de mortes - O programa mais efetivo para reduzir a mortalidade é a detecção precoce Estratégias diagnósticas -> exame clínico periódico e estudo mamográfico de rastreamento - Na anamnese procurar fatores de risco, sinais e sintomas de CA queixa principal: nódulo cresce indolor no quadrante superior externo ou região central da mama - Na palpação: firme e endurecido (avaliar as duas mamas). A descarga papilar (extravasamento de líquido pelo mamilo de forma espontânea) pode estar associado - Antecedentes pessoais Fatores de risco -> • Idade avançada; • Mulheres com história prévia de CA de mama tem risco de 50% • Doenças benignas com padrão proliferativo • Cicatriz radial • Parente de 1º grau = 2,5 x • Mulher com menarca antes dos 11 e menopausa depois dos 55 • Nulíparas ou primíparas idosas • Terapia hormonal de estrogênio e progesterona (há controvérsias) - Para identificarmos as lesões nodulares, além do exame físico, pode-se usar ultrassom, mamografia (principal), RM e cintilografia História do CA de mama -> a primeira célula maligna aparece no epitélio ductal susceptível pelos fatores de risco. A proliferação é iniciada por estímulos hormonais, fato que acarreta uma elevação do número celular acima da membrana basal = hiperplasia Na maioria das vezes o processo cessa nesse ponto, mas pode ultrapassá-lo caso a célula seja mutada, evoluindo para precursores morfológicos dos carcinomas invasivos (intraductais ou intralobulares) Metástase a distância -> ossos, pulmões e fígado Estadiamento -> Tx: tumor não pode ser avaliado T0: não há evidência de CA Tis: carcinoma in situ T1: tumor menor ou igual a 2 cm T1mic: carcinoma microinvasor T1a: < 0,5 cm T1b: 0,5<x<1 cm T1c: 1<x<2 cm T2: 2<x<3 T3: > 5 T4: tumor com qualquer tamanho com extensão à parede torácica ou à pele T4a: extensão para a parede torácica T4b: edema ou ulceração de pele da mama T4c: t4a e t4b T4d: carcinoma inflamatório N: número de nódulos comprometidos M: 0 sem metástases e 1 com metástases Tratamento -> pode ser cirúrgico, quimioterápico ou radioterápico Cirurgia: pode ser retirada apenas do tumor e, em casos mais graves retirada total da mama (mastectomia) e retirada da cadeia linfática axilar Radioterapia: controle regional da doença Quimioterapia: controlar e tratar o surgimento de metástase Hormonioterapia: consiste na utilização de substâncias que inibam ou diminuam a atividade dos hormônios endógenos
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