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Estado de Necessidade

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Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços."
Índice:
1– Conceito e fundamento
2– Teorias
2.1Unitária: prevê o estado de necessidade unicamente como justificante
2.2Diferenciadora: divisão entre estado de necessidade justificante e exculpante
3 – Requisitos
3.1 Objetivos
A) Perigo atual 
B) Não provocado pela vontade do agente 
C) Inevitável
D) Defesa de direito próprio ou alheio
E) Inexigibilidade de conduta diversa
F) Inexistência do dever de enfrentar o perigo
3.2 Subjetivo
Ciência da situação fática e vontade de salvar
4 - Estado de necessidade defensivo ou agressivo
5 - Aberratio criminis
6 - Estado de necessidade putativo
6.1 Invencível
6.2 Vencível
7 - Dificuldades econômicas
8 - Efeitos civis 
1 – Conceito:
Existe estado de necessidade quando alguém, para salvar bem jurídico próprio ou de terceiro exposto a perigo atual, sacrifica outro bem jurídico. Todos os bens jurídicos em conflito devem estar protegidos pelo ordenamento jurídico, diferentemente do que ocorre na legítima defesa, em que o agente atua defendendo-se de uma agressão injusta.
Esse conflito de bens amparados pelo ordenamento é que levará, em virtude da situação em que se encontravam, à prevalência de um sobre o outro.
2 – Teorias
2.1 - Teoria Unitária:
É a adotada pelo nosso Código Penal. Todo estado de necessidade é justificante, ou seja, elimina a ilicitude do fato típico praticado pelo agente. Não importa se o bem jurídico protegido pelo agente é de valor superior ou igual àquele que está sofrendo a ofensa. Nos dois casos haverá exclusão de ilicitude.
2.1.1 - Estado de necessidade justificante:
Bem de valor inferior ou igual é ofendido
2.2 - Teoria diferenciadora
É adotada pelo Código Penal Militar. Traça uma distinção entre o estado de necessidade justificante e o estado de necessidade exculpante a partir dos bens em conflito.
2.2.1 - Justificante (Afasta a ilicitude) – bem defendido é de valor superior ao agredido. Afasta a ilicitude/Antijuridicidade.
* Ilicitude/Antijuridicidade: Todo fato típico (Conduta, Resultado, Nexo causal, Tipicidade) é presumidamente é ilícito salvo nos casos de Legitima defesa, Estado de necessidade, Exercício regular do direito
2.2.2 - Exculpante (Afasta a culpabilidade) - bem defendido é de valor igual ou inferior ao agredido. Afasta a culpabilidade.
*Culpabilidade: Imputabilidade, potencial conhecimento da ilicitude da conduta, inexigibilidade de conduta diversa
3 – Requisitos 
-Todos são necessários:
 [Salvar de perigo atual]A, [que não provocou por sua vontade]B, [nem podia de outro modo evitar]C, [direito próprio ou alheio]D, [cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se]E. 
§1° - [Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.]F
§ 2º - [Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.]G 
3.1 Objetivos
A – A maioria dos autores entende que por perigo atual também se pode entender perigo iminente. Somente afastará a causa da exclusão de ilicitude o perigo passado, já ocorrido, bem como perigo remoto ou futuro, em que não haja uma possibilidade quase que imediata de dano
B – Greco defende por vontade se entende o dolo ou o dolo eventual, excluindo a culpa. Ou seja, trata-se de não provocar dolosamente a situação de perigo
C – Para que se possa alegar estado de necessidade, é necessário que o agente não tenha tido a possibilidade de, no caso concreto, evitar os danos causados pela sua conduta. Ou seja, deve-se avaliar se o agente, entre duas opções danosas, escolheu a menos gravosa para a vítima. Se houver alguma possibilidade razoável de salvação do bem ameaçado, a inevitabilidade do dano causado, ou dano maior, desaparece. 
D – É possível o estado de necessidade de terceiros, desde que o bem em questão não seja disponível. Entretanto, se o titular do bem disponível que está em jogo aquiescer para que terceira pessoa atue a fim de salvaguardar seu bem, haverá estado de necessidade.
E – Necessidade de ponderação dos bens em conflito, para se concluir se o bem defendido pelo agente é de valor superior, igual ou mesmo inferior� àquele que é atacado.
F– Deve-se aplicar o princípio da razoabilidade. Não se admite que um bombeiro, policial, salva-vidas defenda sua vida em detrimento da de um cidadão comum. Entretanto, quando o bem jurídico em questão é o patrimônio do cidadão comum versus a vida daquele que tem o dever legal� de enfrentar o perigo, entende-se, pelo princípio da razoabilidade, que este pode alegar estado de necessidade ao salvar-se em vez de preservar o patrimônio de outra pessoa. 
G - Princípio da ponderação dos bens - colisão de bens juridicamente protegidos. Quando o bem sacrificado for de valor superior ao preservado, será inadmissível o reconhecimento do estado de necessidade. No entanto, se as circunstâncias o indicarem, a inexigibilidade de conduta diversa poderá excluir a culpabilidade. O princípio da razoabilidade impede que um bem de maior valor seja agredido em prol de um de menor valor. Nesse caso. Não se fala em estado de necessidade, mas em um fato típico, ilícito e culpável. A ilicitude da conduta não é afastada, mas a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.
3.2 Subjetivo
Teoria finalista da ação (Hans Welzel): para ser configurado o estado de necessidade faz-se fundamental a presença do elemento subjetivo, ou seja, o agente deve estar consciente de que está agindo amparado por essa excludente legal da ilicitude.
4 - Estado de Necessidade defensivo ou agressivo
4.1 Defensivo
 A conduta do agente dirige-se diretamente ao produtor da situação de perigo
4.2 Agressivo 
A conduta do necessitado sacrifica bens de um inocente não provocador da situação de perigo
5 - Aberratio criminis
O resultado aberrante, ou seja, a lesão sofrida por outrem não poderá ser atribuída ao agente que se encontra em situação de perigo.
6 - Estado de necessidade putativo
        Descriminantes putativas:
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
        § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
Quando a situação de perigo existe apenas na imaginação do agente, gerando um erro de tipo, haverá duas possibilidades: 
6.1 Se o erro for invencível - haverá isenção de pena;
6.2 Se o erro for vencível - o agente responderá por crime culposo, se previsto em lei.
7 - Estado de necessidade e dificuldades econômicas 
As situações de dificuldade econômica que tornem impossível a sobrevivência do agente podem justificar a alegação de estado de necessidade, desde que seja aplicado o princípio da ponderação dos bens�. (Fome – contravenção)
8 - Efeitos civis do estado de necessidade
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.
Caso o perigo tenha sido causado por aquele que sofreu o dano, não haverá possibilidade de indenização. Naturalmente, se a pessoa que sofreu com a conduta do agente não tiver sido a causadora da situação de perigo, haverá a necessidade de indenização pelos prejuízos causados.
Se a situação de perigo tiver sido causada por terceiro, será permitida ao agente ação regressiva contra aquele, para haver a importância que tiver sido ressarcida ao dono da coisa.�
� Nesse caso não há estado de necessidade (Art.24,§2°)
� Há divergência doutrinária acerca do fato de “dever legal” significar apenas aquele dever imposto pela lei ou abranger também o dever contratual. Rogério Greco, seguindo o posicionamento de Nelson Hungria, defende que o §1° do Art. 24 não se refere também aos deveres contratuais.
� Há divergência nas decisões judiciais acerca do assunto.
� Câmara Leal, interpretando o art. 65 do Código de Processo Penal (faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhece ter o ato sido praticado em estado de necessidade), afirma ser o juiz obrigado a isentar o réu da obrigação de reparar.

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