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Classificação dos custos Ely Célia Corbari1 Joel de Jesus Macedo2 Os custos são classificados em relação a sua identificação aos produtos e, ainda, a sua variação diante das oscilações na quantidade produzida. Ao longo deste capítulo iremos tratar destas classificações. Classificação dos custos quanto à identificação ao produto A apropriação dos custos aos produtos depende de sua identificação ao produto, que pode ocorrer de forma direta ou indireta. A identificação é o reconhecimento da identidade dos insumos nos produtos, a forma com que se consegue relacionar a aplicação dos bens e serviços (insumos) nos itens produzidos ou nos serviços prestados. El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Forma de identificação do custo ao produto Direta – quando possui uma me- dida de consumo dos insumos pelo produto. Indireta – quando não há uma medida de consumo dos insumos pelo produto. Figura 1 – Identificação do custo ao produto. Alguns gastos com insumos podem ser diretamente apropriados aos pro- dutos, desde que haja uma unidade de medida de consumo pelo produto, a exemplo das embalagens, da quantidade de matéria-prima e das horas de mão de obra utilizadas. Os gastos que possuem uma identificação direta com o produto são classificados como custos diretos, pois estão diretamente relacionados aos produtos. Outros gastos produtivos, porém, não oferecem condições de uma medida objetiva e a sua apropriação ao produto ocorre por meio de alo- cações muitas vezes arbitrárias, mesmo que visem a melhor relação causa/ efeito. São exemplos de gastos que não permitem uma medida exata de consumo pelos produtos: o aluguel da fábrica, a supervisão das linhas de produção, os seguros dos maquinários e do prédio da fábrica. 31 1Mestre em Contabilidade pela Universidade Federal do Paraná – UFPR. Pós- graduada em Gestão Pú- blica e, em Contabilidade e Gestão Estratégica pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unio- este. Bacharel em Ciên- cias Contábeis também pela Unioeste. Atua como professora de graduação e pós-graduação em ins- tituições de nível superior. Possui diversos artigos publicados em revistas e congressos, é autora do livro Contabilidade Societária e do livro Con- trole Interno e Externo na Administração Pública, ambos publicados pela Editora IBPEX. 2Mestre em Engenharia de Produção pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC/PR, bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Paraná – UFPR. Atua como professor de gra- duação e pós-graduação em instituições de nível superior. É consultor nas áreas de finanças públicas e de mercado de capitais. Possui artigos publicados, direcionados para a área pública e privada. Rece- beu em dois anos conse- cutivos o prêmio Sérgio Scorsin de melhor artigo científico na área de pes- quisa operacional, no Congresso Internacional de Administração – ADM 2010 e no Congresso In- ternacional de Administra- ção – ADM 2011. É autor do livro Controle Interno e Externo na Administração Pública editado pela Edi- tora IBPEX. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 32 Classificação dos custos Para Martins e Rocha (2010, p. 32) a classificação dos custos em diretos e indiretos diz respeito ao nível de precisão da mensuração de cada elemento de custo em relação a entidade objeto de custeio: “quanto mais precisa for a mensuração, mais direto é o custo”. Martins (2010) ressalta que a classifica- ção dos custos em direto e indireto é com relação ao produto feito ou serviço prestado, e não à produção no sentido geral ou aos departamentos dentro da empresa. Como custos diretos são classificados os gastos com insumos que pos- suem uma medida fácil, objetiva e direta com o produto elaborado. Como custos indiretos, por sua vez, são classificados os gastos com insumos que não possuem uma medida direta de consumo pelos produtos e, por isso, precisam de rateios para a sua alocação. Martins (2010, p. 49) expõe que “cada vez que é necessário utilizar qual- quer fator de rateio para a apropriação ou cada vez que há o uso de estima- tivas e não de medição direta, fica o custo incluído como indireto”. Para o autor, mesmo aqueles custos que tenham por natureza relação direta com os produtos podem ser lançados como custos indiretos devido à dificuldade de apropriação a cada unidade produzida, ou mesmo, devido à irrelevância desta medição ou ao desinteresse da empresa no tratamento rigoroso desta informação. Mas por que é importante a classificação dos custos em diretos e indire- tos? Martins e Rocha (2010) expõem que os principais objetivos da separa- ção são: obter o nível de precisão desejado na mensuração do custo dos pro- � dutos; gerar as informações de custos por produtos mais corretas possíveis; � garantir confiabilidade às informações geradas; � gerenciar o custo dos bens e serviços com eficiência e eficácia, a partir � do conhecimento da sua relação com os produtos; e conduzir, com precisão e acurácia, o processo de custeio de produtos � e de outras entidades. Conhecer o nível de precisão dos custos permite decisões mais acertadas sobre o volume de produção e sobre os preços a serem praticados consi- derando a estrutura de custos e a quantidade produzida e vendida. Porém, Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Classificação dos custos 33 é preciso sempre considerar a relação custo-benefício dessa mensuração. Muitas vezes a busca da verdadeira causa e efeito é mais cara do que o be- nefício da informação. Custos diretos Martins e Rocha (2010, p. 32) expõem que “todos os recursos utilizados exclusivamente para conceber, projetar, desenvolver e produzir um único produto são custos diretos, uma vez que a associação é direta, a relação é biunívoca e os custos podem ser quantificados com acurácia, precisão e objetividade”. Somente aqueles custos identificáveis e mensuráveis, em relação a cada objeto de custeio (produto ou serviço), de maneira clara, direta e precisa é que devem ser classificados como custos diretos. Os custos são considera- dos diretos quando podem ser identificados como pertencentes a este ou àquele produto. Caso as alocações sejam feitas por estimativas ou aproxima- ções não se caracterizam os custos como diretos, mas sim, como indiretos. A principal segregação dos custos diretos é: Material Direto � O Material Direto (MD) é formado pelas matérias-primas, embalagens e outros materiais utilizados diretamente no processo produtivo. Na fabrica- ção do vinho, por exemplo, classifica-se como material direto a uva (matéria- -prima), o frasco (embalagem) e a rolha e rótulo (outros materiais diretos). Enquadram-se como material direto todo material utilizado como insumo de produção e que possui uma apropriação direta com o produto elaborado, ou seja, que pode ser identificado facilmente como pertencente a este ou àquele produto. Há materiais, porém, que são considerados indiretos devido à impraticabilidade de atribuir esses itens às unidades físicas específicas do produto. Mão de Obra Direta � A Mão de Obra Direta (MOD) é formada pelo gasto com pessoal que tra- balha diretamente com o produto, desde que seja possível a mensuração clara do tempo despendido para cada produto e a identificação de quem executou o trabalho, sem qualquer apropriação indireta ou rateio. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 34 Classificação dos custos Se houver dificuldade ou impraticabilidade de atribuir o tempo despen- dido da mão de obra às unidades específicas de um produto, o gasto com pessoaldeverá ser lançado como mão de obra indireta, a exemplo do pesso- al da limpeza e vigilância. Como mão de obra indireta, consideramos aquela em que não há medida efetiva de quanto tempo foi necessário para fabricar um único produto. Sempre que não é possível mensurar de forma efetiva a mão de obra aplica- da ao produto e sejam necessários rateios, o gasto deixa de ser classificado como direto e passa a ser indireto. Assim, a mão de obra direta é aquela apro- priável ao produto sem a necessidade de utilização de rateios. Outros Custos Diretos � Classificam-se como outros custos diretos os gastos identificados direta- mente com a produção e não classificados em material direto ou mão de obra direta, a exemplo da energia elétrica, da manutenção de equipamen- tos e de outros gastos que possuam uma unidade de medida que permita a apropriação direta ao produto. Custos indiretos de fabricação Os Custos Indiretos de Fabricação, mais conhecidos pela sua sigla CIFs, são todos os gastos identificados com a função de produção, mas que não permitem uma associação direta com o produto. Martins e Rocha (2010, p. 39) expõem que “custos indiretos são aqueles alocados a cada entidade objeto de custeio por meio de estimativas e apro- ximações. Sua alocação às entidades pode conter algum grau de subjetivida- de e o nível de precisão da mensuração é inferior ao dos custos diretos”. Sob sua classificação, agrupam-se inúmeros gastos de diversas naturezas produtivas comuns a diversos produtos, como depreciações de equipamentos industriais, gastos com mão de obra indireta, energia elétrica, aluguel, segurança e materiais consumidos de forma indireta por diversos produtos em conjunto. Tendo em vista a dificuldade de mensurar de forma clara e precisa a quan- tidade que cada produto consumiu de determinado insumo, geralmente são tratados como custos indiretos todos os gastos que a entidade incorre para produzir e que não estejam classificados em material direto, mão de obra direta e outros custos diretos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Classificação dos custos 35 Como o próprio nome indica, os custos indiretos compreendem os gastos cujo consumo não é quantificado por unidades produzidas e, por isso, não podem ser alocados diretamente aos produtos. Por tratarem-se de custos comuns, uma das maiores dificuldades na contabilidade de custos é trans- ferir os custos indiretos aos produtos e processos, uma vez que são com- partilhados por todos os departamentos, produtos e processos ao mesmo tempo. A transferência dos custos indiretos aos produtos ocorre por meio de rateios. Rateio: é a divisão dos gastos indiretos e sua respectiva aloca- ção às unidades produzidas ou aos serviços prestados, respeitando o princípio da causação.% O princípio da causação ordena que os custos devem ser atribuídos a quem compete, ou seja, aquele que consumiu o insumo deve arcar com o respectivo custo. A observância do princípio de causação é o fator mais im- portante para a busca da alocação justa ou menos arbitrária dos custos aos produtos. “Atribuições de custos distorcidas podem produzir decisões errô- neas e avaliações ruins” (HANSEN; MOWEN, 2001, p. 62). Martins e Rocha (2010) classificam os custos indiretos em rastreáveis ou não. Custos indiretos rastreáveis � : são aqueles que podem ser alocados a determinado produto através de direcionadores lógicos, isto é, que re- presentem a verdadeira relação de causa e efeito entre o comportamen- to do direcionador e do respectivo custo, a exemplo da energia elétrica. Custos indiretos não rastreáveis � : são aqueles que não podem ser alocados a determinada entidade objeto de custeio por falta de evi- dência de relação causal de qualquer variável com o comportamento do custo sob análise, a exemplo da segurança e vigilância da fábrica. Além disso, os custos indiretos podem ser subdivididos em: Custos indiretos variáveis � : são gastos que não possuem relação dire- ta com o produto, porém aumentam ou diminuem conforme altera-se o volume produzido, a exemplo da mão de obra indireta. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 36 Classificação dos custos Custos indiretos fixos � : são gastos que não possuem uma relação di- reta com o produto e não se alteram com as oscilações nos níveis de produção, a exemplo do aluguel. Tendo em vista a dificuldade de mensurar como os produtos são respon- sáveis pelo consumo dos custos indiretos de fabricação, utilizam-se alguns critérios de rateio, os quais definem direcionadores que buscam observar a relação de causa e efeito. Tabela 1 – Critérios de rateio El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Custos Indiretos Critérios de Rateio Energia elétrica Consumo de energia (% ou kW); horas máquinas Aluguel Área ocupada (m2) Depreciação prédio Área ocupada (m2) Depreciação equipamentos e maquinários Valor do equipamento; horas máquinas Seguro do prédio Área ocupada (m2) Seguro dos equipamentos e maquinários Valor do equipamento; horas máquinas Água Consumo de água (%) Telefone Consumo de telefone por ramais Outros custos Quantidade produzida; número de funcionários As formas de rateio dos custos comuns aos departamentos, produtos e pro- cessos não se esgotam aqui, e constituem um dos pontos fundamentais a serem definidos pelas entidades para estabelecer medidas mais precisas de rateio. No entanto, devemos considerar que todas estas formas de apropriar os custos aos produtos por meio de estimativas, critérios de rateios e previsão de comportamento de custos contêm, em menor ou maior grau, certo subjetivis- mo e, sendo assim, a arbitrariedade sempre vai existir nessas alocações. Diante disso, o que devemos buscar é sempre a redução do nível de subjetivismo. Classificação dos custos quanto ao volume de produção A classificação dos custos quanto ao volume de produção leva em consi- deração o quanto variam ou não os custos em relação à quantidade fabrica- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Classificação dos custos 37 da de determinado produto. Considera o relacionamento entre o valor total dos custos num período com o volume de produção. Warren, Reeve e Fess (2008, p. 92) relatam que o “comportamento de custos refere-se à maneira como o custo muda quando uma atividade muda”. Saber como os custos se comportam é fundamental para um gestor definir o que vai produzir e quanto vai produzir, pois permite prever lucros quando os volumes de produção e de vendas mudam. Os custos são classificados em fixos e variáveis, em relação ao volume de produção. El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Figura 2 – Classificação dos custos em relação ao volume de produção. Comportamento dos custos quanto ao volume de produção Mudam de acordo com o volume de produção. Não se alteram quando as quantidades produzidas oscilam para mais ou para menos. Variáveis Fixos Mistos Semivariáveis: variam com o nível de produção, porém têm uma parcela fixa. Semifixos: têm valor constante até certo volume de produção. Os custos fixos são aqueles que possuem um comportamento fixo em relação ao volume de produção, ou seja, não se alteram com a oscilação na produção. O comportamento dos custos variáveis, por sua vez, tem seu valor alterado na medida em que aumenta ou diminui a quantidade produzida. A seguir iremos abordar o comportamento dos custos e suas respectivas classificações. Custos fixos Martins e Rocha (2010, p. 21) expõem que “custos fixos são aqueles cujo montante não é afetado pelo volume, dentrode determinado intervalo do nível de atividade”. São custos que permanecem no mesmo patamar en- quanto a produção aumenta ou diminui. Imaginemos uma fábrica de camisetas com capacidade produtiva de 50 000 camisetas. Sabendo que a empresa apresenta custos fixos (salário, depreciação, aluguel, impostos e outros) iguais a R$300.000,00/mês, inde- pendente do volume produzido, os custos fixos totais serão sempre iguais. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 38 Classificação dos custos Tabela 2 – Exemplo de cálculo de custos fixos El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Quantidade Produção/Venda Gastos Fixos totais Fixos unitários 20 000 300.000,00 15,00 20 500 300.000,00 14,63 21 000 300.000,00 14,29 21 500 300.000,00 13,95 22 000 300.000,00 13,64 22 500 300.000,00 13,33 23 000 300.000,00 13,04 Porém, ao dividir os custos totais pela quantidade observa-se que, quanto maior é a quantidade produzida, menor é o custo unitário atribuído ao pro- duto, pois são rateados a maiores quantidades de produtos. Considerando o gasto fixo total, observa-se que ele possui uma caracte- rística constante em relação ao volume produzido, não apresentam variação, conforme comportamento ilustrado no gráfico a seguir: Gráfico 1 – Representação gráfica do comportamento do custo fixo Quantidade produzida Valor R$ El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Desta forma, os custos fixos são gastos vinculados à produção que tendem a se manter constantes diante das oscilações do volume produzido, mantêm- -se fixos independente do volume de produção, a exemplo do aluguel, de- preciação do prédio, depreciação dos equipamentos, entre outros que estão relacionados com a capacidade instalada que a empresa possui. São gastos que irão existir independente de a empresa estar produzindo ou não. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Classificação dos custos 39 Custos variáveis Custos variáveis são gastos que estão diretamente relacionados com o volume de produção, aumentam ou diminuem conforme oscila a quantida- de produzida. Warren, Reeve e Fess (2008, p. 92) expõem que “custos variáveis são custos que variam no total proporcionalmente às mudanças no nível” de produção. São gastos que oscilam de acordo com o volume de produção, ou seja, têm seu crescimento ou redução vinculados às quantidades produzidas. Quanto maior a quantidade produzida, maior seu consumo, variando numa proporção direta com o volume de produção. Voltemos ao exemplo da fábrica de camisetas: o custo variável unitário com materiais (tecido, linhas, estampa etc.) é igual a R$27,20. Quanto mais camisetas forem produzidas maiores serão os custos variáveis totais. Tabela 3 – Exemplo de cálculo de custos variáveis El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Quantidade Produção/Venda Gastos Variáveis totais Variáveis unitárias 20 000 544.000,00 27,20 20 500 557.600,00 27,20 21 000 571.200,00 27,20 21 500 584.800,00 27,20 22 000 598.400,00 27,20 22 500 612.000,00 27,20 23 000 625.600,00 27,20 Considerando o gasto variável total, observa-se que ele possui um com- portamento crescente, ou seja, quanto maior a produção, maiores serão os gastos com a matéria-prima e outros materiais diretos aplicados à produção, conforme comportamento ilustrado no gráfico a seguir: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 40 Classificação dos custos Gráfico 2 – Representação gráfica do comporta- mento do custo variável Quantidade produzida Valor R$ El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Um exemplo claro de custo variável é a matéria-prima, quanto maior for o volume de produção, maiores serão os custos, pois mais matéria-prima será utilizada. Neste contexto, se o valor de matéria-prima aplicada em um pro- duto for de R$20,00, por exemplo, ao produzir duas unidades o valor será de R$40,00 e, se não for produzido nada, não haverá nenhum custo, pois não haverá aplicação da matéria-prima. Assim, o custo direto tem seu consumo associado ao volume de produ- ção, seu consumo aumenta ou diminui conforme aumentam ou diminuem as unidades produzidas. Custos mistos Poucos são os custos que são completamente fixos ou variáveis, outras classificações intermediárias que podem ser aplicadas aos gastos caracte- rizam-se como custos mistos. Os custos mistos têm características tanto do custo fixo como do custo variável (WARREN; REEVE; FESS, 2008). Dubois, Kulpa e Souza (2009, p. 31) relatam que a palavra “semi significa a metade de alguma coisa. Neste caso, cabe a crítica de que, se o gasto com a energia elétrica da fábrica for considerado um custo semifixo, pode-se dedu- zir que metade dos custos é fixo enquanto a outra metade é variável”. Os custos mistos são segregados em: Custos semivariáveis � São custos que variam em função do volume de produção, mas não exa- tamente nas mesmas proporções. Os custos semivariáveis possuem uma Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Classificação dos custos 41 parcela fixa e uma parcela variável, a exemplo da água e do telefone que possuem uma taxa mínima (fixa) contratada no plano e outra parte cobrada em função do consumo efetivo (variável), cujo comportamento está ilustra- do no gráfico a seguir: El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Gráfico3 – Representação gráfica do comportamento do custo semivariável Quantidade produzida Valor R$ Os custos semivariáveis são fixos até certo patamar, passando a ser variá- vel quando este patamar for excedido. Custos semifixos � São custos que permanecem constantes dentro de certos intervalos de produção, alterando-se em degraus até atingir um novo patamar de ativida- des. Um exemplo de custos semifixos é o valor despendido com supervisor de produção, mantém-se fixo até a contratação de um novo supervisor (va- riável) e depois volta a se manter fixo novamente até nova contratação. O comportamento deste tipo de custo está ilustrado no gráfico a seguir: Gráfico 4 – Representação gráfica do comportamento do custo semifixo El y Cé lia C or ba ri/ Jo el d e Je su s M ac ed o. Quantidade produzida Valor R$ O custo semifixo mantém-se fixo dentro de certos patamares de produ- ção, depois aumenta e volta a tornar-se fixo. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 42 Classificação dos custos Destaca-se, porém, que a separação da parcela fixa ou variável deve levar em consideração os custos X benefícios da informação, não devendo ser dis- pensado um tratamento rigoroso para fatores de produção que não pos- suem valor expressivo em relação ao total dos custos. Ampliando seus conhecimentos Atribuição de Custos: rastreio direto, rastreio por direcionadores e alocação (HANSEN; MOWEN, 2001) Sistemas de contabilidade gerencial são estruturados para medir e atribuir custos para objetos de custos. Um objeto de custo é qualquer item, como pro- dutos, clientes, departamentos, processos, atividades, e assim por diante, para o qual os custos são medidos e atribuídos. Por exemplo, se quisermos determinar quanto custa para produzir uma bicicleta, então o objeto de custo é a bicicleta. Se quisermos determinar o custo para operar um departamento de manutenção dentro da fábrica, então o objetode custo é departamento de manutenção [...]. Atribuir custos para objetos de custos com precisão é crucial. A nossa noção de precisão não é estimada com base no conhecimento de algum custo “ver- dadeiro” subjacente. Em vez disso, é um conceito relativo e tem a ver com a racionalidade e a lógica dos métodos de atribuição de custos que estão sendo usados. O objetivo é medir e atribuir, tão acuradamente quando possível, os custos dos recursos consumidos por um objeto de custos. Alguns métodos de atribuição de custos são nitidamente mais acurados do que outros [...]. O relacionamento de custos com objetos de custos pode ser explorado para ajudar a aumentar a precisão das atribuições de custos. Custos são direta ou indiretamente associados com objetos de custos. Custos indiretos são os custos que não podem ser rastreados fácil e acuradamente aos objetos de custo. Custos diretos são os custos que podem ser fácil e acuradamente rastre- ados aos objetos de custo. Custos precisamente rastreados são os que podem ser distribuídos usando um relacionamento causal. Assim, rastreabilidade é simplesmente a capacidade de se atribuir um custo diretamente ao objeto de custo de forma economicamente viável por um relacionamento causal. Quanto mais custos puderem ser rastreados para o objeto, maior a precisão da atribuição dos custos. O estabelecimento da rastreabilidade é um elemen- to-chave na construção de atribuições acuradas de custos [...]. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Classificação dos custos 43 Rastrear os custos para objetos de custos pode ocorrer em uma de duas ma- neiras: (1) rastreamento direto e (2) rastreamento por direcionadores. Rastrea- mento direto é o processo de identificar e atribuir custos, ao objeto de custo, que são específica ou fisicamente associados com o objeto de custo. Identificar custos que são especificamente associados com um objeto de custos é reali- zado na maior parte das vezes por observação física [...]. Seria ideal se todos os custos pudessem ser debitados para objetos de custos usando o rastreamento direto. Infelizmente, muitas vezes não é fisicamente possível observar a quan- tia exata de recursos que está sendo consumida por um objeto de custo. A segunda melhor abordagem é usar um raciocínio de causa e efeito para iden- tificar fatores – chamados de direcionadores – que podem ser observados e medem o consumo de recursos do objeto de custo. Direcionadores são fatores que causam mudanças no consumo de recursos, no consumo de atividades, nos custos e nas receitas. Rastreamento por direcionadores é o uso de dire- cionadores para atribuir custos aos objetos de custo. Embora menos preciso do que o rastreamento direto, se o relacionamento de causa e efeito for bem fundamentado, então o rastreamento por direcionadores é muito acurado. Atividades de aplicação 1. Classifique os gastos de uma indústria de confecção de roupas (calças e saias) em Diretos (D) ou Indiretos (I). Gastos Diretos Indiretos Tecido ( ) ( ) Botões ( ) ( ) Aluguel da fábrica ( ) ( ) Mão de obra de costureira (por produtividade) ( ) ( ) Publicidade mensal do produto ( ) ( ) Salários do gerente da fábrica ( ) ( ) Linhas e aviamentos ( ) ( ) Água e esgoto ( ) ( ) Serviços de limpeza terceirizados ( ) ( ) Gastos com manutenção de equipamentos ( ) ( ) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 44 Classificação dos custos Gastos Diretos Indiretos Gastos com moldes do produto ( ) ( ) Gastos c/ utensílios gerais (tesoura, régua etc.) ( ) ( ) Fita para embalagens dos produtos ( ) ( ) IPTU ( ) ( ) 2. Classifique os gastos de uma fábrica de jogo de cama (lençol, sobre lençol e fronhas) em Fixos (F), Variáveis (V), Semifixos (SF) e Semivariáveis (SV). Gastos Fixos Variáveis Semifixos Semivariáveis Tecido ( ) ( ) ( ) ( ) Botões ( ) ( ) ( ) ( ) Aluguel da fábrica ( ) ( ) ( ) ( ) Mão de obra de costureira (por produtividade) ( ) ( ) ( ) ( ) Salário do supervisor da produção ( ) ( ) ( ) ( ) Publicidade mensal do produto ( ) ( ) ( ) ( ) Salários do gerente da fábrica ( ) ( ) ( ) ( ) Linhas e aviamentos ( ) ( ) ( ) ( ) Telefone ( ) ( ) ( ) ( ) Serviços de limpeza terceirizados ( ) ( ) ( ) ( ) Gastos com moldes do produto ( ) ( ) ( ) ( ) Gastos c/ utensílios gerais (tesoura, régua etc.) ( ) ( ) ( ) ( ) Linha para bordados nos produtos ( ) ( ) ( ) ( ) IPTU ( ) ( ) ( ) ( ) 3. Analise os gastos ocorridos na indústria de bebidas Sabores do Vinho Ltda. e identifique o montante dos custos diretos e indiretos. Gastos Valor em R$ Uvas utilizadas na produção 30.000,00 Mão de obra direta 23.000,00 Rolhas, frascos e rótulos utilizados na produção 9.000,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Classificação dos custos 45 Gastos Valor em R$ Salário do gerente de produção do vinho 11.000,00 Energia elétrica consumida na fábrica de vinho 4.000,00 Aluguel do barracão industrial 2.000,00 Depreciação das máquinas e equipamentos da fábrica 4.000,00 a) R$62.000,00 e R$21.000,00, respectivamente. b) R$72.000,00 e R$11.000,00, respectivamente. c) R$66.000,00 e R$17.000,00, respectivamente. d) R$53.000,00 e R$30.000,00, respectivamente. Referências DUBOIS, Alexy; KULPA, Luciana; SOUZA, Luiz Eurico de. Gestão de Custos e For- mação de Preço: conceitos, modelos e instrumentos: abordagem do capital de giro e da margem de competitividade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. HANSEN, Don R.; MOWEN, Maryanne M. Atribuição de custos: rastreio direto, rastreio por direcionadores e alocação In: Gestão de Custos: contabilidade e controle. Tradu- ção de Robert Brian Taylor. 1. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARTINS, Eliseu; ROCHA, Welington. Métodos de Custeio Comparados: custos e margens analisados sob diferentes perspectivas. São Paulo: Atlas, 2010. WARREN, Carl S.; REEVE, James M.; FESS, Philip E. Contabilidade Gerencial. Tradu- ção técnica de: CASTRO, André Olimpio Mosselmann Du Chenoy. 2. ed. São Paulo: Thomson Learning, 2008. Gabarito 1) D; D; I; D; I; I; D; I; I; I; I; I; D; I. 2) V; V; F; V; SF; F; F; V; SV; F; F; F; V; F. 3) A Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
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