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Classificação de Custos Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PROPEP) Emilio Antonio Francischetti Pró-Reitoria de Administração Acadêmica (PROAC) Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Dayse de Lima Passos Copyright © 2019, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) Virginia Genelhu de Abreu Francischetti Pró-Reitoria de Pós-Graduação Lato Sensu e Extensão (PROPEX) Nara Pires 1ª Edição Sumário Classificação de Custos Para início de conversa ....................................................................... 04 Objetivo ........................................................................................... 05 1. Custos Diretos e Custos Indiretos ............................................ 06 2. Custos Fixos e Variáveis ........................................................ 12 3. Integração da Análise do Comportamento e da Classificação dos Custos ............................................................................... 17 Referências ....................................................................................... 21 4 Custos Empresariais Para início de conversa… Para apurarmos corretamente os custos que uma empresa teve para produzir seus produtos, precisamos compreender como eles são classificados e em que momento deverão ser considerados custos de fato, além de como serão apropriados ao custo final do produto. Os custos podem ser classificados como diretos ou indiretos, fixos ou variáveis, podem estar ligados diretamente ao custo primário do produto ou, ainda, podem se unir no momento da transformação de tal produto. Assim sendo, os custos podem ser classificados de várias maneiras, de acordo com a forma, com a distribuição e com a apropriação, conforme será visto neste capítulo. É importante quantificar e alocar corretamente os custos que envolvem a produção/transformação de determinado produto, pois isso afeta diretamente o resultado das empresas. 5Custos Empresariais Objetivo Classificar os custos. 6 Custos Empresariais 1. Custos Diretos e Custos Indiretos Custos são gastos relacionados a bens ou serviços utilizados na produção de outros bens ou serviços. Eles podem gerar desembolso ou não, pois pode haver permuta (troca) entre empresas ou doação ou aporte dos sócios em matéria-prima. Os custos serão reconhecidos no instante da fabricação ou transformação (quando efetivamente entrar em produção) do produto ou prestação de um serviço, refletindo os valores gastos com a geração dos produtos. Segundo Crepaldi e Crepaldi (2018, p.20), “a classificação dos custos vai depender do enfoque que for atribuído a ela, podendo ser determinada quanto à natureza, à função, à contabilização, ao produto e à formação ou produção”. Assim, temos os seguintes exemplos de custos: matéria-prima, mão de obra direta utilizada na produção, ou ainda, mão de obra indireta, energia elétrica etc. Verifica-se que a classificação dos custos em diretos e indiretos é feita quanto ao produto que está sendo fabricado (a apropriação do custo tem que ser específica àquele produto que está sendo analisado). É necessário realizarmos a classificação correta dos custos, pois eles impactam no resultado da empresa, mostrando se haverá lucro ou prejuízo. Desta forma, devemos controlar todas as operações que envolvem a alocação dos custos e, consequentemente, a tomada de decisões quanto a qual matéria-prima adquirir, de qual fornecedor, o preço de aquisição, qual o salário dos nossos funcionários que trabalham na produção, quanto pagamos de energia elétrica, quanto desembolsamos de material de embalagem etc. Estes custos devem ser exaustivamente controlados e medidos para não termos surpresas quando apurarmos o resultado da empresa por meio da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), ao final do exercício (geralmente ao final do ano). Tal relatório, de forma gerencial, deve ser consultado também periodicamente, sempre que necessário (mensal, trimestral, semestral etc.). 7Custos Empresariais Podemos ter uma visão geral da classificação dos custos conforme o Quadro 1. Classificação de Custos Quanto à apropriação aos produtos Custos diretos Custos indiretos Quanto ao nível de atividade Custos fixos Custos variáveis Custos semivariáveis ou semifixos Quadro 1: Classificação dos Custos. Fonte: Crepaldi (2009, p.8) Os termos custos e despesas são facilmente encontrados nas Demonstrações de Resultado de Exercício (DRE) das empresas industriais, comerciais e de serviços, além das receitas, resultando no lucro ou prejuízo das empresas. Segundo Megliorini (2012, p.5) “as despesas são consideradas esforços realizados para gerar receita e administrar a empresa. Os valores de despesas lançados na demonstração de resultados correspondem ao período a que a demonstração se refere”. Como exemplo de despesas, temos a aquisição de material de escritório, de limpeza, salários dos funcionários administrativos, manutenção de equipamentos do escritório, entre outros. As despesas se referem aos gastos relacionados à administração da empresa. A administração da empresa engloba os departamentos administrativos, como os recursos humanos, contabilidade, financeiro, tecnologia da informação etc. Temos também o departamento comercial, que envolve os serviços de atendimento ao cliente, vendas, marketing etc., que geram igualmente despesas e não custos. 8 Custos Empresariais Os custos ocorrem na fábrica onde os produtos são produzidos. Temos como exemplos a usinagem, montagem, pintura, controle de produção etc. A diferença entre custo e despesa, segundo Crepaldi (2009, p.7), é: a. Custo: é o gasto com a fabricação do produto (processo produtivo). O custo só afetará o resultado da parcela do gasto correspondente aos produtos vendidos. b. Despesa: é o gasto que não está relacionado ao processo produtivo. São todos os demais fatores identificáveis na administração, financeiras e relativas às vendas, que reduzem a receita. A despesa afetará diretamente o resultado do exercício. Na demonstração dos resultados, o Custo dos Produtos Vendidos (CPV) corresponde à quantidade vendida em empresas industriais. Já nas empresas comerciais, existe a figura do Custo das Mercadorias Vendidas (CMV), que refere-se ao custo das mercadorias compradas para revenda e já vendidas pela empresa. Assim, temos também o Custo dos Serviços Prestados (CSP) para empresas prestadoras de serviços com os materiais a serem aplicados na execução dos serviços. Para encontrarmos corretamente o Custo dos Produtos Vendidos, precisamos saber como classificar os custos das empresas, ou seja, os custos em relação ao objeto que está sendo estudado, que podem ser diretos ou indiretos. O Custo Direto é aquele que facilmente pode ser quantificado e identificado diretamente no produto. Não precisa de critérios de rateio para ser alocado ao custo de determinado produto. “Custos diretos são custos apropriados aos produtos conforme o consumo em cada produto”. (MEGLIORINI, 2012, p.12). Entre os custos diretos, temos os materiais diretos e a mão de obra direta. Entre os materiais diretos, podemos destacar as matérias-primas, os materiais de embalagem daquele produto e quaisquer materiais necessários à produção, acabamento e apresentação final do produto. 9Custos Empresariais Materiais diretos são os materiais que incorporam (se identificam) diretamente aos produtos e, a mão de obra direta representa os custos relacionados com o pessoal que trabalha diretamentena elaboração dos produtos. Como material direto, temos a matéria-prima, o material secundário e as embalagens. A matéria-prima é o principal material que utiliza-se na composição do produto final (podemos ter diversas matérias-primas para um único produto), sofrendo transformação no processo industrial em conjunto com o material secundário, que utiliza-se também diretamente no produto final, mas em menor quantidade (deve ser de fácil identificação ao produto). Por fim, temos a embalagem dos produtos, que serve para seu acondicionamento. EXEMPLO Ao fabricarmos um doce gourmet do tipo “brigadeiro de Nutella” para termos uma renda extra no mês, teremos alguns custos envolvidos na produção dessa deliciosa guloseima, começando com as matérias-primas: leite condensado, manteiga, chocolate, Nutella e granulado de chocolate. Também devemos ter gás para cozinhar o brigadeiro e forminha de papel (embalagem) para cada doce produzido. Todos estes materiais são custos diretos. Quando se trata de uma indústria especializada na fabricação de sapatos, teremos como materiais diretos: o couro cru ou couro sintético, borracha para o solado, linha para a costura, cola para os acabamentos. Estes são os materiais diretos que vão compor o custo direto da fabricação do sapato. Englobando o custo direto, também devemos incluir a mão de obra de quem fez o doce no primeiro exemplo e quem costurou o sapato no segundo exemplo. A mão de obra direta é o trabalho aplicado diretamente na confecção do produto. Então, estamos falando do salário dos empregados, encargos sociais, provisões de férias etc. dos funcionários que trabalharam diretamente na transformação de determinado produto. Segundo Crepaldi e Crepaldi (2018, p.23): Custos diretos são os custos incorridos em determinado produto, identificando-se como parte do respectivo custo. São também os custos diretamente associados com o produto ou serviço que está sendo orçado, ou seja, o custo dos insumos que entram na execução do referido produto ou serviço. Podem ser diretamente (sem rateio) apropriados aos produtos, bastando existir para isso uma medida de consumo (quilos, horas de mão de obra ou de máquina, quantidade 10 Custos Empresariais de força consumida etc.). De maneira geral, associam-se a produtos e variam proporcionalmente à quantidade produzida. Já o Custo Indireto é aquele não identificado no produto, necessitando de critérios de rateios para alocação no produto. Rateios: São a distribuição proporcional dos custos pelos recursos envolvidos (DICIONÁRIO INFORMAL, 2018). Rateio é uma divisão proporcional por uma base que tenha dados conhecidos em cada uma das funções em que se deseja apurar custos. Tal base deve constituir-se de dados que guardem estreita correlação com o custo, ou seja, o custo ocorre em condições semelhantes aos dados da base. (DUTRA, 1994) O rateio é um processo convencional de distribuição dos custos indiretos aos setores da produção e serviços. A importância do critério de rateio está intimamente ligada à manutenção ou à uniformidade em sua aplicação. Devemos lembrar que a simples mudança de um critério de rateio afeta o custo de produção e, consequentemente, o resultado da empresa. Algumas normas práticas, como as que apresentamos a seguir, podem reduzir os problemas decorrentes de rateio: (i) gastos irrelevantes não necessitam ser rateados, porque podem não justificar o trabalho envolvido; (ii) gastos cujo rateio seja extremamente arbitrário devem ser lançados diretamente contra o resultado do exercício. (CREPALDI; CREPALDI, 2018, p.27) Segundo Megliorini (2012, p.12-13): Custos indiretos - são os custos apropriados aos produtos de acordo com uma base de rateio ou algum critério de apropriação. Essa base de rateio deve guardar uma relação próxima entre o custo indireto e o seu consumo pelo produto. Em geral são empregados como bases de rateio: o período (em horas) de emprego de mão de obra; o período (em horas) de utilização das máquinas na fabricação dos produtos; a quantidade (em quilos) de matéria prima consumida etc. Glossário 11Custos Empresariais EXEMPLO Quando uma máquina, que trabalha diretamente na produção de alguns produtos diferentes (produto A, produto B e produto C), se deprecia (evidenciação da perda de valor de mercado de um bem), havendo o devido registro na contabilidade da empresa, o valor dessa depreciação deverá ser rateada pelos produtos que essa máquina transformou ao longo do período. Em contrapartida, se uma indústria aluga o espaço onde ela desenvolve sua produção e tem diversos produtos sendo produzidos no mesmo local, o valor do aluguel do galpão, por exemplo, deverá ser rateado como custo indireto para os diversos produtos que foram produzidos no período de um mês, se o aluguel é pago mensalmente. De acordo com Crepaldi e Crepaldi (2018, p.23): Custos indiretos são os custos de natureza mais genérica, não sendo possível identificá-los imediatamente como parte do custo de determinado produto ou serviço. Para serem incorporados aos produtos ou serviços, necessitam da utilização de algum critério de rateio. Precisam ser rateados ou alocados entre departamentos ou centros de custo, portanto, o custeio é realizado por meio de critérios subjetivos. Exemplos: aluguel, iluminação, depreciação, salário de supervisores etc. São gastos não diretamente relacionados aos produtos ou serviços, portanto, não são mensuráveis de maneira clara e objetiva. Nesse caso, torna-se necessário adotar um critério de rateio (distribuição) para alocar tais custos aos produtos fabricados ou serviços prestados, tais como aluguel, manutenção e supervisão da fábrica etc. Então, podemos dizer que a mão de obra indireta, materiais indiretos, outros custos indiretos (seguro da fábrica, depreciação das máquinas utilizadas na produção, aluguel da fábrica) são custos indiretos. A mão de obra indireta é representada pelo trabalho realizado nos departamentos auxiliares das indústrias ou prestadoras de serviços e que não são mensuráveis em nenhum produto ou serviço único. Os materiais indiretos são os materiais empregados na fabricação do produto, mas em virtude da dificuldade de cálculo quanto à quantidade utilizada em cada produto fabricado, são considerados materiais indiretos. 12 Custos Empresariais EXEMPLO Pessoal do setor de manutenção que atende diversos setores e diferentes máquinas. Também podemos citar a mão de obra do supervisor de produção, que inspeciona a produção de diversos produtos. 2. Custos Fixos e Variáveis Os custos podem ser classificados quanto ao comportamento dos gastos em relação ao volume de produção: custos fixos ou variáveis. Se o volume da produção aumentar, o consumo de alguns elementos de custos vai aumentar; o de outros não. Os custos que sempre permanecerão os mesmos, independentemente do volume de produção, são os chamados custos fixos. Os que variam de acordo com o volume da produção são chamados de custos variáveis. Somando os custos fixos e os custos variáveis, temos o custo total. (MEGLIORINI, 2012, p.13) O Custo Variável depende da quantidade produzida. Os custos variáveis aumentam à medida que aumenta a produção. Ex.: combustível, matéria-prima consumida, material de embalagem etc. Segundo Crepaldi e Crepaldi (2018, p.25): Custos variáveis são custos que são uniformes por unidade, mas que variam no total na proporção direta das variações da atividade total ou do volume de produção relacionado. Exemplos: matéria-prima, embalagem. Custo variável é o custo cujo total apresenta variação diretamente proporcional ao volume de produção ou serviço; seu custo unitário é fixo. Já o custo fixo é o custo cujo total permanece constante, ou seja, que não varia proporcionalmente ao volume de produção ou serviço dentro de determinada capacidade instalada; seu custo unitário é variável. Os custos são variáveis em relação à produção total, pois quanto mais se produz mais custos temos, conforme podeser visto na Figura 1. 13Custos Empresariais Em relação a um único produto, o custo variável é fixo, pois a quantidade de matéria-prima que se gasta para produzir um determinado produto será sempre a mesma, desde que não haja nenhuma perda (involuntária) no processo de transformação. Custos Custo variável Quantidade 10 t0 Figura 1: Comportamento do custo variável conforme varia o volume de produção. Fonte: Megliorini (2012, p.14). Voltando ao exemplo do brigadeiro, vimos que é necessário leite condensado para realizar a produção do doce. Nesse caso, o leite condensado é um custo variável, pois quanto mais se produz doces, mais haverá o consumo desse ingrediente para sua fabricação. Ao mesmo tempo sabemos que, para cada doce pronto, utiliza-se 10 ml de leite condensado (hipoteticamente), então o custo, que é variável em relação à quantidade produzida, é fixo em relação à produção unitária. Já o Custo Fixo independe da quantidade produzida e ocorrerá independentemente do nível de atividade, de acordo com a Figura 2. Ex.: aluguel da fábrica, depreciação etc. Custos Quantidade 10 t0 Custo fixo Figura 2: Comportamento do custo fixo varia conforme o volume de produção. Fonte: Megliorini (2012, p.14). 14 Custos Empresariais Independentemente da empresa produzir ou não, ela terá de pagar o aluguel da fábrica, por isso este custo é considerado um custo fixo. A depreciação também é fixa, sendo contabilizada mensalmente no Balanço Patrimonial da empresa; sempre vai ocorrer mesmo a máquina sendo utilizada ou não. O salário do supervisor da produção deverá ser pago independentemente da fábrica estar produzindo algum produto ou não. Segundo Crepaldi e Crepaldi (2018, p. 24): Custos fixos: um custo que, em determinado período e volume de produção, não se altera em seu valor total, mas vai ficando cada vez menor em termos unitários com o aumento do volume de produção. O custo total não varia proporcionalmente ao volume produzido. Um aspecto importante a ressaltar é que os custos são fixos dentro de determinada faixa de produção e, em geral, nem sempre são fixos, podendo variar em função de grandes oscilações no volume de produção. Quanto mais se produzir, menor será o custo por unidade. Inversamente ao que foi dito sobre os custos variáveis, custos fixos o são em relação à produção total do produtos e são variáveis de acordo com a produção unitária. Se um custo é fixo para todos os produtos da empresa, quanto mais produtos forem produzidos, mais esse custo vai se diluir nos produtos unitariamente, como pode ser visto no Quadro 2. Meses Horas trabalhadas Custo total de material Custo unitário de material Custo fixo do aluguel da fábrica Custo do aluguel (unitário) Janeiro 2.000 R$ 4.000,00 R$ 2,00 R$ 5.000,00 R$ 2,50 Fevereiro 2.050 R$ 4.100,00 R$ 2,00 R$ 5.000,00 R$ 2,44 Março 1.800 R$ 3.600,00 R$ 2,00 R$ 5.000,00 R$ 2,78 Abril 1.700 R$ 3.400,00 R$ 2,00 R$ 5.000,00 R$ 2,94 Maio 1.900 R$ 3.800,00 R$ 2,00 R$ 5.000,00 R$ 2,63 Junho 2.100 R$ 4.200,00 R$ 2,00 R$ 5.000,00 R$ 2,38 Quadro 2: Análise do custo variável e fixo de acordo com as horas trabalhadas. Fonte: Adaptado de Leone e Leone (2010, p.40). 15Custos Empresariais Conforme o Quadro 2, o custo unitário não se modificou, sendo R$ 2,00, porém, de acordo com as horas trabalhadas, havendo maior ou menor produção, o custo total de material variou em todos os meses. O contrário ocorreu com o custo fixo, que é o mesmo em todos os meses, mas que varia de acordo com as horas trabalhadas, sendo unitariamente variável. Quando houve maior produção de quantidades em junho, o custo fixo unitariamente ficou em R$ 2,38 e em abril, que houve a menor produção da empresa, o custo fixo unitário ficou maior, em R$ 2,94. EXEMPLO Se existe um custo de aluguel da fábrica a ser pago mensalmente, este custo é fixo, mas ele será alocado a 100 produtos fabricados. O custo fixo será dividido para 100 produtos. Cada produto absorverá uma parte do custo fixo total, mas se, ao invés de 100 produtos, forem fabricados 1.000, este custo fixo de aluguel será dividido agora para 1.000 produtos, diminuindo o custo, pois a divisão está sendo feita para mais produtos confeccionados. “Custos fixos são aqueles que decorrem da manutenção da estrutura produtiva da empresa, independentemente da quantidade que venha a ser fabricada dentro do limite da capacidade instalada”. (MEGLIORINI, 2012, p.13) Existe também o Custo Semivariável ou Semifixo, que varia com o nível da atividade, porém não direta e proporcionalmente. O custo semivariável ou semifixo apresenta uma parte que é fixa e uma parte que é variável. Até certa quantidade o custo é fixo, sendo constante, mas, a partir de determinada quantidade, o custo passa a ser variável, pois vai crescendo de acordo com a quantidade a mais que está sendo produzida. De acordo com Crepaldi e Crepaldi (2018, p. 25): Custos semivariáveis ou semifixos são os custos que variam em função do volume de produção ou venda, mas não exatamente nas mesmas proporções. São considerados fixos até determinada parcela e a partir desse ponto passam a ser variáveis. Exemplos: remuneração por meta de produtividade aos empregados; horas extras do controle de qualidade para lotes de produção que extrapolarem o limite de análise em período normal; manutenção preventiva para atender à demanda de utilização de horas de máquinas e equipamentos. 16 Custos Empresariais Alguns autores consideram os custos semifixos como sendo diferentes dos custos semivariáveis. Megliorini (2012, p.14) afirma que: Custos semifixos são os elementos de custos classificados como fixos, mas que se alteram em decorrência de mudanças na capacidade de produção instalada. Imagine que a produção cresceu tanto que precisamos alugar mais um galpão e adquirir novas máquinas. Os custos com o aluguel e com a depreciação dessas máquinas são classificados como fixos, como já vimos, mas eles aumentarão devido ao aumento da capacidade de produção e permanecerão constantes nesse novo patamar. Se ocorrer outro aumento de capacidade, o processo se repetirá. Assim, os custos semifixos crescem patamares. O oposto também ocorre: quando a capacidade de produção é reduzida, os custos semifixos também diminuem, e isso também acontece em patamares. Conseguimos visualizar esse processo por meio da Figura 3. Custos Quantidade 10 t0 Custo semifixo 15 t Figura 3: Comportamento do custo semifixo varia conforme o volume de produção. Fonte: Megliorini (2012, p.15). Por outro lado Megliorini (2012, p. 14) considera: Custos semivariáveis são os elementos de custos que possuem, em seu valor, uma parcela fixa e outra variável. Em outras palavras, têm um comportamento de custo fixo até certo momento, mas depois se comportam como custo variável. Bons exemplos desse tipo de custo são a energia elétrica e água. Quando não há utilização desses 17Custos Empresariais recursos, ou quando o consumo fica abaixo de um valor mínimo estipulado, então paga-se uma taxa fixa (parte fixa do custo). À medida que a utilização cresce com o aumento da produção, o valor da conta se eleva (parte variável do custo). Esse esquema pode ser melhor visualizado por meio da Figura 4. Custos Quantidade Custo semivariável Figura 4: Comportamento do custo semivariável varia conforme o volume de produção. Fonte: Megliorini (2012, p.15). Raramente em empresas em pleno funcionamento (produção frequente) ocorrem as cobranças somente das taxas fixas (consumo mínimo), pois o consumo de energia elétrica é sempre superior a elas, dadas as produções diárias. 3. Integração da Análise do Comportamento e da Classificação dos Custos Ainda existem algumas nomenclaturas importantes a serem abordadas, pois a uniformidade de informações se faz necessária para o devido controle dos custos das empresas. Os custos também podem ser classificados em relação à funcionalidade, como custos de fabricação, custos comerciais e custos de serviços.18 Custos Empresariais O Custo de Fabricação é o resultante da transformação de matérias- primas (insumos) em produtos acabados pelo uso de mão de obra e instalações. Já os Custos Comerciais advêm da compra de mercadorias ou matérias-primas que serão revendidas sem sofrer nenhuma modificação, sem mudar sua forma básica. Os Custos de Serviços, por sua vez, são os resultantes da prestação de serviço para as empresas contratantes. Exemplo: uma determina empresa presta serviços de limpeza e, para isso, fornece os produtos que serão utilizados para tal, como desinfetante, sabão, cera líquida etc., além da mão de obra que será utilizada nesta prestação de serviço. Todos este itens comporão os custos dos serviços prestados. Além disso, os custos podem ser classificados em relação ao produto, podendo ser custos primários ou custos de transformação. O Custo Primário é a soma da matéria-prima mais a mão de obra direta. Crepaldi e Crepaldi (2018, p.26) enfatizam que os custos primários: Compreendem a soma da matéria-prima e da mão de obra direta e não incluem os demais custos diretos. Também não são iguais a custos diretos, uma vez que nos custos primários só estão incluídos aqueles dois itens. Assim, a embalagem é um custo direto, mas não é um custo primário. (grifo nosso) Ainda conforme Crepaldi e Crepaldi (2018, p. 26), os custos de transformação também podem ser chamados de custos de conversão. Sendo assim: Representam o esforço empregado pela empresa no processo de fabricação de determinado produto (mão de obra direta e indireta, energia, horas de máquina etc.). Não incluem matéria-prima nem outros produtos adquiridos prontos para consumo ou industrialização. Também chamados custos de conversão, compreendem a soma de todos os custos para transformar as matérias-primas em produtos acabados. Representam o valor do esforço da própria empresa no processo de elaboração de determinado produto. (grifo nosso) Relacionado também ao produto, podemos ter custos comuns entre alguns deles. Como o próprio termo sugere, esses são custos comuns para vários produtos até determinado ponto da produção e, depois disso, os custos são específicos para cada um dos produtos. Segundo Crepaldi e Crepaldi (2018, p. 26) são: 19Custos Empresariais Comumente encontrados na fabricação de produtos farmacêuticos, onde durante o processo produtivo até uma determinada fase os custos incorridos são os mesmos e, a partir de um ponto chamado ponto de segregação, tornam-se vários produtos acabados diferentes. Ponto de segregação: É o ato de segregar, de pôr de lado, de separar, isolar ou apartar. (SIGNIFICADOS, 2019) Os custos também são classificados em relação ao grau de medida, como custos totais ou custos unitários. Os Custos Totais são todos os custos de determinado objeto ou atividade (macro), e envolvem os custos fixos e os custos variáveis para produzir determinado lote de produtos, por exemplo. O Custo Unitário é um indicador representado por uma fração (individual). Vimos no início deste capítulo que a classificação correta dos custos e o seu controle ajudam a empresa a saber se os custos incidentes não estão ultrapassando suas projeções, causando prejuízo, e enfatizando a importância do controle dos custos e a necessidade de tomadas de decisões periódicas relacionadas aos custos. Os custos corretamente classificados trarão benefícios para as empresas, pois eles serão a base para construir o preço que será cobrado aos clientes pelos produtos fabricados e vendidos e a determinação da margem de lucro que será aplicada sobre eles. Se a alocação dos custos estiver incorreta, todo o processo seguinte de formação do preço de venda será impactado, podendo gerar grandes prejuízos à empresa. Sendo assim, segundo Ferreira (2007, p.48), alguns critérios para a classificação dos custos devem ser estabelecidos, como: 1. Período de contabilização a que os custos se referem. 2. Natureza dos bens ou serviços consumidos. 3. Funções ou serviços a que se referem. 4. Grau de variabilidade relativamente a certos fatores. Glossário 20 Custos Empresariais 5. Forma de imputação. 6. Possibilidade de serem evitados ou reduzidos. Outro assunto importante é saber se os produtos fabricados e vendidos estão cobrindo os custos e as despesas da empresa. Igualmente importante é reconhecer se o negócio está sendo viável ou se deve ser feita uma alavancagem na produção, troca de fornecedores de matéria-prima, redução ou ampliação de mão de obra, ou até mesmo, a substituição de produtos que serão fabricados pela empresa. Podemos observar que há várias nomenclaturas que envolvem os custos de uma empresa. Vimos que existem custos que podem ser alocados diretamente aos produtos e custos que precisamos fazer algum tipo de rateio para alocá-los, sendo chamados, respectivamente, de custos diretos e custos indiretos. Depois, vimos que os custos, quanto ao volume de produção, podem ser classificados como custos fixos ou variáveis, e que são inversamente proporcionais quando se fala de custo total ou custo unitário. Identificar corretamente cada forma de custo é importante para que o custeamento se dê de forma correta. Utilizar uma terminologia única e homogênea simplifica o entendimento e a comunicação interna e externa das empresas. 21Custos Empresariais Referências CREPALDI, S. A. Curso básico de contabilidade de custos. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2009. CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Contabilidade de custos. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2018. DICIONÁRIO INFORMAL. Rateio. 2018. Disponível em: https:// www.dicionarioinformal.com.br/significado/rateio/1492/. Acesso em: 12 maio 2019. DUTRA, R. G. Critérios de rateio e distribuição de custos. I Congresso Brasileiro de Gestão Estratégica de Custos. São Leopoldo, 1994. FERREIRA, J. A. S. Contabilidade de custos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. LEONE, G. S. G.; LEONE, R. J. G. Curso de contabilidade de custos. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2010. MEGLIORINI, E. Custos. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. SIGNIFICADOS. Significado de Segregação. 2019. Disponível em: https:// www.significados.com.br/segregacao/. Acesso em: 19 maio 2019. https://www.dicionarioinformal.com.br/significado/rateio/1492/ https://www.dicionarioinformal.com.br/significado/rateio/1492/ https://www.significados.com.br/segregacao/ https://www.significados.com.br/segregacao/ Título da Unidade Objetivos Introdução 1. Arquitetura no Brasil Análise de Custos e a Origem da Contabilidade de Custos Para início de conversa… Objetivo 1. Definição Genérica 2. Escopo da Contabilidade de Custos 3. Terminologias 3.1 Desembolso 3.2 Gasto 3.2.1 Investimento 3.2.2 Custo 3.2.3 Despesa 3.3 Perda Referências Classificação de Custos Para início de conversa… Objetivo 1. Custos Diretos e Custos Indiretos 2. Custos Fixos e Variáveis 3. Integração da Análise do Comportamento e da Classificação dos Custos Referências
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