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PSICOLOGIA, PSIQUIATRIA E PSICOPATOLOGIA (aula 1 parte 1) Inês Carneiro 1 – Raízes das palavras: . Psicopatologia: psyqué + pathos + logos Psyché: alma, mente Pathos: afetação, sofrimento, paixão, alteração, doença, transtorno, etc. Logos: palavra, relato, estudo, etc. . Psicologia: psyché+ logos . Psiquiatria: psyché + iatros (médico) 2 - Algumas tentativas de definição: . “A psicopatologia é uma ciência normativa, que estuda, investiga e classifica os fenômenos patológicos da mente humana e representa uma verdadeira psicologia do patológico. A psiquiatria constitui um ramo da clínica médica aplicada, e tem por objetivo a prevenção primária, o tratamento e a assistência aos doentes mentais”. (Isaías Paim, Curso de Psicopatologia) . “A palavra psicopatologia quer dizer, literalmente, falar sobre a alma que sofre. Como todos sabemos, as almas humanas têm passado maus pedaços desde que o Homo sapiens – ou quem sabe já mesmo o Homo erectus – foi expulso do paraíso e obrigado a encarar a responsabilidade pela determinação do seu próprio destino” (Claudio Lyra Bastos, Manual do exame psíquico – uma introdução prática à Psicopatologia) . “O termo psicopatologia foi criado por Jeremy Benthan, em 1817. Psyché significa alma; pathos, sofrimento ou doença; e logos, estudo ou ciência. No entanto, Esquirol e Grisginger, com seus trabalhos publicados, respectivamente, na França (em 1837) e na Alemanha (em 1845), é que são considerados os criadores da psicopatologia.” (Elie Cheniaux, Manual de Psicopatologia) 3 - Psicopatologia – um campo autônomo. Karl Jaspers (1883-1969): Filósofo e psiquiatra alemão. . Autor do livro Psicopatologia Geral , grande marco em sua carreira e na evolução da psicopatologia. Um dos principais responsáveis pela delimitação da psicopatologia como campo autônomo em relação à medicina psiquiátrica. . Procurava integrar a ciência ao pensamento filosófico. Para Jaspers, as ciências são por si só insuficientes e necessitam do exame crítico da filosofia, por elucidação da existência do homem real, e não da humanidade abstrata. . “Queremos saber o que os homens vivenciam e como o fazem. Pretendemos conhecer a envergadura das realidades psíquicas... mas nem todos os fenômenos psíquicos constituem nosso objeto. Apenas os patológicos”. (Karl Jaspers) . “O fundamento real da investigação é constituído pela vida psíquica representada e compreendida através de expressões verbais e do comportamento perceptível. Queremos sentir aprender e refletir sobre o que acontece na alma do homem”. (Karl Jaspers, Psicopatologia Geral) 4 – Psicopatologia e Prática: - Como um campo de saber autônomo, a psicopatologia pode servir de instrumento de trabalho para diversos profissionais, médicos, psicólogos, enfermeiros, filósofos, artistas, etc. - Como todo instrumento, requer exercício e prática para ser bem utilizado. - Como todo instrumento, pode ser usado para diferentes fins. 5 - Referência Bibliográficas. DALGALARRANDO, Paulo. Psicopatologia e Sociologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed, 2000; capítulo 2. JASPERS, Karl. Psicopatologia Geral – Psicologia Compreensiva, Explicativa e fenomenologia. Rio de Janeiro, São Paulo: Atheneu Livraria, 1987. PAIM, Isaías. Curso de psicopatologia. São Paulo: EPU, 2000. BASTOS, Claudio Lyra. Manual do exame psíquico – Uma introdução à Prática da Psicopatologia. Rio de Janeiro: Revinter, 2000. CHENIAUX, Elie. Manual de Psicopatologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. � Semiologia dos Transtornos Mentais (aula 1 – parte 2) 1 – Semiologia: Raízes da palavra Semeion = Signo Logos= Estudo, Ciência, etc. Semiologia ou semiótica = Estudo ou ciência dos signos. Signo: Unidade mínima de qualquer sistema de comunicação humana, sinal dotado de significação. Exemplos: Sistema Lingüístico ( signos = palavras ou radicais), Sistema Musical (signos = notas, etc.), Sistema Matemático (signos = números, sinais,figuras, etc.), Sistema de comunicação não verbal (signos = expressões faciais, gestos, vestimentas, tons de voz, posturas, etc.). Ferdinand de Saussure (1857-1913): lingüista e filósofo suíço, cujas elaborações teóricas propiciaram o desenvolvimento da lingüística enquanto ciência autônoma. Seu pensamento exerceu grande influência sobre o campo da teoria da literatura, dos estudos culturais e da psicanálise de Jacques Lacan. Seus conceitos serviram de base para o desenvolvimento do estruturalismo no século XX. Saussure entendia a lingüística como um ramo da ciência mais geral dos signos, que ele propôs fosse chamada de Semiologia. 2 – Os componentes do signo: Para Saussure, todo signo é composto por um significante e um significado: Signo =significante / significado. Significante: suporte material ou formal do signo, o veículo que carrega o significado. Significado: um conceito, idéia, ou conteúdo. 3 – Semiologia, Medicina, Psiquiatria e Psicopatologia Semiologia Médica: estudo dos sintomas e sinais da doença, que permite ao profissional de saúde, identificar alterações físicas e mentais, ordenar os fenômenos observados, formular diagnósticos. Ex: A febre pode ser um sinal/signo de uma infecção ou inflamação. Semiologia Psiquiátrica: estudo dos signos que apontam para a existência de transtornos mentais Ex: A alucinação áudio-verbal pode ser um signo de esquizofrenia, uso de drogas, transtornos de estresse, histeria, etc. Semiologia Psicopatológica: estudo dos signos que indicam a presença de psicopatologias (tomando o termo pathos no seu sentido mais amplo, não apenas doenças e transtornos mentais, como sofrimentos, paixões e afetações psíquicas em seu sentido mais amplo). 4 - Sinais e sintomas. Sinais – Estímulos emitidos pelos indivíduos, seus comportamentos. Observados diretamente pelo examinador (objetivos). Sintomas – Experiências vivenciadas e percebidas apenas pelo próprio indivíduo. Precisam ser relatados ao examinador (subjetivos). 5 – Síndromes, doenças e transtornos mentais (entidades nosológicas): Síndromes : Conjunto de sinais e sintomas que se apresenta de modo estável e recorrente. Transtorno (doenças): Conjunto estável de sinais e sintomas que se apresentam de modo estável e recorrente + Fatores causais (Etiologia) + Cursos (Evolução) + Mecanismos psicológicos (psicodinâmica) + Antecedentes familiares + Respostas à tratamento. 7 - Referências Bibliográficas: Básica: DALGALARRANDO, P. Psicopatologia e Sociologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed, 2000; cap. 1. Complementar: SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Lingüística Geral. São Paulo: Cultrix, 2002. MAGNO, MD. O pato lógico. http://www.novamenteeditora.com.br/index.php?detalhes/58/O-Pato-Logico
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