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educacao ambiental cap 3

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CAPÍTULO 3
A CRISE AMBIENTAL
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo, você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
  Compreender as múltiplas razões da crise ambiental da atualidade, associadas às 
inter-relações das condições socioespaciais, políticas, econômicas e culturais.
  Conhecer a amplitude da crise ambiental através dos problemas ambientais globais.
  Verifi car a urgência da Educação Ambiental como uma ação e/ou medida para
 amenizar os problemas ambientais.
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 Fundamentos da Educação Ambiental
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65
A CRISE AMBIENTAL
65
 Capítulo 3 
CONTEXTUALIZAÇÃO
 Grande parte da degradação ambiental e, consequentemente, da crise 
ambiental que estamos vivenciando estão diretamente relacionadas ao 
desrespeito às leis, à falta de conscientização e de punição para quem comete 
algum crime ambiental e à maneira irresponsável com que o ser humano vem 
utilizando os recursos naturais.
 Como, enfi m, poderemos nos comportar para conseguirmos viver em 
harmonia e equilíbrio em prol de um mundo “sustentável”? Pensando no 
planeta como um organismo vivo, onde os diversos ecossistemas vivem e 
têm a necessidade de serem equilibrados, como você percebe a atual crise 
ambiental? Que atitudes devem ser adotadas para alcançarmos um estágio 
onde as sociedades possam ser ditas sustentáveis? 
 Assim, ao longo deste capítulo, estudaremos as confi gurações da crise 
ambiental na atualidade e as razões que levaram a este confronto entre meio 
ambiente e desenvolvimento. Vamos conhecer a amplitude desta crise através 
dos problemas ambientais globais e verifi car a urgência de um processo 
contínuo de Educação Ambiental (EA) envolvendo todos os atores sociais. 
Ao término deste estudo, veremos que este processo deve ser globalizado e 
tem papel fundamental na tomada de ações e/ou medidas para amenizar os 
problemas ambientais já instalados, bem como promover uma transformação 
profunda no modo de pensar e agir da humanidade.
CONFIGURAÇÕES DA CRISE AMBIENTAL NA 
ATUALIDADE
 No capítulo 2, você pôde compreender o processo evolutivo das relações 
entre sociedade e natureza, verifi cando que o conceito de natureza foi 
sendo produzido, principalmente, a partir dos avanços da ciência, resultando 
em signifi cativas rupturas nas relações sociais e na relação sociedade-
natureza. Observamos também, neste estudo, a relação existente entre o 
desenvolvimento industrial, o crescimento exponencial do uso dos recursos 
naturais e a degradação ambiental. 
 Traçadas essas relações, percebemos que a crise ambiental tem suas 
origens na ilusão de domínio sobre a natureza e na cultura exacerbada do 
ter sobre o ser. Foi baseada nesta concepção que a humanidade conduziu 
sua relação com o meio ambiente e com seus próprios semelhantes. O 
conhecimento adquirido pelos homens ao longo dos tempos certamente trouxe 
Traçadas essas 
relações, percebemos 
que a crise ambiental 
tem suas origens na 
ilusão de domínio 
sobre a natureza e na 
cultura exacerbada 
do ter sobre o ser. Foi 
baseada nesta concep-
ção que a humanidade 
conduziu sua relação 
com o meio ambiente 
e com seus próprios 
seme-lhantes.
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 Fundamentos da Educação Ambiental
66
importantes avanços científi cos, tecnológicos e econômicos. Porém, ao mesmo 
tempo, ocorreu o aumento dos problemas socioambientais, resultantes do 
uso irracional e inconsequente dos recursos naturais. Em Santos e Machado 
(2004, p. 81) lemos:
Indubitavelmente a sociedade atual caracteriza-se 
pelo avanço técnico-científi co e informacional que lhe 
confere peculiaridades nunca antes imaginadas. É 
predominantemente urbana, da comunicação instantânea, 
das distâncias reduzidas, da robótica, da cibernética. Em 
contrapartida, é a sociedade do ter em detrimento do ser, 
da rapidez frenética, da competição acirrada, e, porque não 
dizer, marcada por profundas crises.
 A crise ambiental, foco de nossa conversa, repercute e se impõe de 
forma cada vez mais concreta perante a sociedade que, aos poucos, vem se 
conscientizando deste grave problema que põe em risco a sobrevivência de 
todas as espécies.
 Franco (2005, p. 25) relata que:
o mundo desperta, repentinamente, assustado diante de 
alarmantes catástrofes naturais e de previsões ainda mais 
assustadoras. Toma consciência de que o desenvolvimento, 
a todo custo perseguido, apresenta efeitos colaterais 
distintos daqueles conhecidos.
Você já observou que algumas catástrofes naturais não ocorrem mais tão 
longe de nós? Procure lembrar-se de eventos que até pouco tempo nunca 
ocorriam na sua região e que começaram a se tornar frequentes. Para quem 
é de Santa Catarina, o início pode ser o Furacão Catarina que atingiu o Sul do 
Estado em março de 2004 e deixou um rastro de destruição em 40 cidades 
catarinenses.
Franco (2005) traz uma nota interessante a respeito de como nossa 
Civilização percebe o desenvolvimento. Observe: o termo “desenvolvimento”, 
em nossa Civilização, costuma ser tradicionalmente utilizado sob um enfoque 
eminentemente capitalista, cujo indicador normalmente está vinculado ao 
crescimento econômico ou, quando muito, tecnológico; e mesmo neste, 
considerado somente se estiver voltado à produção de riquezas.
 
 Assim, veiculados por todos os meios de comunicação, os problemas 
ambientais e as agressões ao meio ambiente tornaram-se cada vez mais 
frequentes e visíveis nas últimas décadas, o que pode ter contribuído 
para este processo aparente de conscientização da “questão ambiental”. 
Desmatamentos, queimadas, descarte de lixo (doméstico, hospitalar, industrial, 
entre outros), diariamente depositados em locais impróprios e sem qualquer 
tipo de tratamento, uso excessivo de agrotóxicos, são alguns exemplos 
Franco (2005, p. 
25) relata que “o 
mundo desperta, 
repentinamente, 
assustado diante de 
alarmantes catástrofes 
naturais e de 
previsões ainda mais 
assustadoras. Toma 
consciência de que o 
desenvolvimento, a 
todo custo perseguido, 
apresenta efeitos 
colaterais distintos 
daqueles conhecidos”.
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A CRISE AMBIENTAL
67
 Capítulo 3 
de como o homem vem se relacionando, ao longo da história, com o meio 
ambiente. 
E por falar em lixo...veja a seguinte manchete: Brasil investiga 
contêineres de lixo enviados da Grã-Bretanha. Parece mentira, mas não 
é! A solução para o excesso de lixo produzido pelos países “ricos” e a falta 
de gerenciamento ambiental adequado para seus resíduos sólidos é a 
exportação! Leia a reportagem no site da BBC Brasil. Nele você encontrará 
outras reportagens relacionadas. Acesse: http://www.bbc.co.uk/portuguese/
noticias/2009/07/090717_lixotoxicobrasilbg.shtml
 Se fi zéssemos uma analogia das relações que acontecem entre os 
organismos, nos ecossistemas, com a relação do homem e o meio ambiente, 
poderíamos dizer que o homem, ao longo de sua história, estabeleceu com o 
meio ambiente uma relação desarmônica de parasitismo, na qual atua como 
parasita. Extrai dele o que deseja sem se preocupar com a saúde de seu 
hospedeiro, ou seja, do sistema que sustenta a sua vida (ODUM; BARRET, 
2007).
 Como vimos em outros momentos, no decorrer desta disciplina, a crise 
ambiental não surgiu de uma hora para outra e, sim, há muito tempo. E se 
agravou especialmente no período da Revolução Industrial, quando começaram 
de fato as agressões ao meio ambiente. Este quadro de degradação ambiental, 
que caracteriza a crise, nada mais é do que o conjunto de ações danosas que 
nós mesmos viemos cometendo ao longo de nossa existência. 
 Indiscutivelmente, não se trata somente de uma crise ambiental, mas de 
uma crise da sociedade no ambiente, uma crise de valores, de percepção. 
Para Santos e Machado (2004), a sociedade do século XXI tem dois grandes 
desafi os: o primeirodeles é conseguir produzir de forma sustentável, 
lembrando que existe o dever ético de garantir o abastecimento para as futuras 
gerações; neste caso, trata-se de investir em pesquisas e novas tecnologias, 
colocando-as a serviço da conservação, recuperação e preservação dos 
recursos naturais. O segundo desafi o consiste em distribuir de forma 
equitativa a produção, tendo a necessidade de desenvolver mecanismos 
efi cientes para acabar com a miséria de cerca de 20% da população mundial.
 Observe a comparação que Miller (apud BRAGA et al., 2002, p. 2) faz a 
respeito de nosso planeta:
Nosso planeta pode ser comparado a uma astronave, 
deslocando-se a cem mil quilômetros por hora pelo espaço 
sideral, sem possibilidade de parada para reabastecimento, 
mas dispondo de um efi ciente sistema de aproveitamento 
de energia solar e de reciclagem de matéria. Existem 
Se fi zéssemos uma 
analogia das relações 
que acontecem entre 
os organismos, nos 
ecos-sistemas, com 
a relação do homem 
e o meio ambiente, 
poderíamos dizer 
que o homem, ao 
longo de sua história, 
estabeleceu com o 
meio ambiente uma 
relação desarmônica 
de parasitismo, na qual 
atua como parasita.
Indiscutivelmente, não 
se trata somente de 
uma crise ambiental, 
mas de uma crise 
da sociedade no 
ambiente, uma crise de 
valores, de percepção. 
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 Fundamentos da Educação Ambiental
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atualmente, na astronave, ar, água e comida sufi cientes 
para manter seus passageiros. Tento em vista o progressivo 
aumento do número desses passageiros, em forma 
exponencial, e a ausência de portos para reabastecimento, 
pode-se vislumbrar, a médio e longo prazos, problemas 
sérios para a manutenção de sua população.
Atividade de estudo:
Qual a sua opinião frente a esta comparação de Miller? Refl ita sobre isso!
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 Esta analogia proposta por Miller parece bastante pertinente, tendo em 
vista os dados que temos a respeito do crescimento populacional. No entanto, 
deixaremos este assunto para o próximo tópico, no qual o aumento da 
população é apontado como um dos problemas ambientais globais.
 Para Braga et al. (2002), os principais componentes da crise ambiental 
estão representados na fi gura 18. São eles: população, recursos naturais e 
poluição.
População
Recursos Naturais Poluição
Figura 18 – Relação entre os principais componentes da crise ambiental.
Fonte: Adaptado de Braga et al. (2002)
69
A CRISE AMBIENTAL
69
 Capítulo 3 
 Desta forma, o nível da qualidade de vida que temos depende, diretamente, 
do equilíbrio entre os vértices do triângulo que acabamos de observar. 
Um aumento na população, sem qualquer tipo de controle, por exemplo, 
certamente causará um desequilíbrio neste sistema. A demanda por recursos 
naturais será maior para suprir as necessidades vitais dessa população que, 
inevitavelmente, acabará gerando algum tipo de poluição.
 
 Como seres integrantes do meio ambiente que somos, temos o dever de 
utilizar todo o avanço tecnológico e científi co que conquistamos ao longo das 
gerações e aproveitar esta era da informação globalizada em que vivemos 
para criar formas efetivas de promover um meio ambiente equilibrado. Superar 
a crise ambiental implica não somente conciliar desenvolvimento econômico 
e social com a proteção do meio ambiente. É necessário, acima de tudo, 
mudança verdadeira no modo de pensar e agir da humanidade. No próximo 
tópico abordaremos, de forma isolada, alguns dos problemas ambientais que 
se apresentam em escala global.
Dica de leitura! Escrito por Jean Dorst, a obra “Antes que a natureza 
morra”, lançada em 1998, continua a ser uma leitura básica para os que 
querem compreender as causas da crise ambiental do século XX. Trata do 
meio de vida e de como a sociedade foi educada para o trabalho e para a 
super-produção, resquícios da Revolução Industrial, afl orando a preocupação 
com a preservação do meio ambiente e a discussão sobre a qualidade de vida, 
e os efeitos causados pelas políticas de industrialização e produção de bens, 
adotados pelos países da Europa . DORST, J. Antes que a natureza morra. 
São Paulo: Edgard Blucher, 1998.
Atividade de estudo:
Como você descreveria a relação entre os componentes apresentados na 
fi gura 18: população, poluição e recursos naturais?
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 Fundamentos da Educação Ambiental
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PROBLEMAS AMBIENTAIS GLOBAIS
 
 Como vimos no tópico anterior, começamos a perceber que a crise 
ambiental tem suas origens no modo de vida que adotamos, no qual, 
valorizamos o ter em relação ao ser. Essa mudança do modo de vida e de 
valores adotados é muito bem relatada por Franco (2005, p. 27): 
O modo de vida e valores adotados encontram clara 
explicação diante da história da Civilização Ocidental, 
remontando a eras mais remotas, quando o homem via-
se como parte da natureza, adotando outras formas de 
relacionamento com esta, considerando-a, em alguns 
casos, como sagrada e sua transição para uma concepção 
eminentemente antropocêntrica, onde o homem passa a 
entender-se como elemento externo e mais, para o qual tudo 
foi criado.
 A partir desse momento, em que passamos a não nos enxergarmos mais 
como parte integrante da natureza, inicia-se um processo de degradação 
ambiental e cultural. Cabe dizer nesse momento que, embora essa percepção 
das origens da crise comece a ser compreendida pela humanidade, a crise 
ambiental que estamos vivendo normalmente é atribuída a fatores externos, 
como:
[...] excesso de emissões gasosas, poluição das águas e do 
solo por efl uentes e por resíduos provenientes, dentre outros, 
do crescente processo de produção e de consumo, poluição 
do ar pela emissão excessiva de poluentes gasosos, [...] 
explosão demográfi ca e da necessidade de aumento de 
áreas urbanas e rurais – para plantio ou pecuária – bem como 
da crescente demanda de matéria-prima necessariamente 
extraída da natureza, acarretando, portanto, dizimação de 
grandes áreas de vegetação nativa e o desaparecimento de 
grande quantidade de animais e vegetais (FRANCO, 2005, 
p. 27).
 
 Conscientes do processo histórico que levou à crise ambiental que hoje 
vivemos,vamos analisar alguns aspectos causais relevantes que contribuíram 
e vem contribuindo para aumentar a crise. Os vértices do triângulo que você 
acabou de ver no tópico anterior, como causas da crise ambiental, serão 
tratados isoladamente agora. Além, é claro, das “mudanças climáticas” que 
temos presenciado em todo planeta.
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A CRISE AMBIENTAL
71
 Capítulo 3 
O AUMENTO DA POPULAÇÃO
 
 No topo do triângulo, como um dos componentes da crise ambiental, está 
a população. Como dissemos anteriormente, o crescimento populacional está 
diretamente relacionado ao aumento da demanda de recursos naturais e à 
geração de resíduos lançados no meio ambiente.
 De acordo com dados da ONU (apud BRAGA et al., 2002, p. 2), “a 
população mundial cresceu de 2,5 bilhões em 1950 para 6 bilhões no ano 
2000 e, atualmente, a taxa de crescimento está em aproximadamente 1,3 por 
cento ao ano”. Lembrando a analogia da astronave que vimos anteriormente, 
isso signifi ca que, a cada ano, milhões de novos passageiros embarcam nela 
e, como você lembra, não há paradas para reabastecimento, o que torna esse 
aumento populacional preocupante.
Os dados da ONU, apresentados no parágrafo anterior, são do documento 
Revison of the World Population Estimates and Projections. Acesse o 
endereço eletrônico http://www.undp.org/ e veja outras informações do United 
Nations Development Programme (Programa das Nações Unidas para o 
Desenvolvimento). A ONU tem ainda o PNUMA (Programa das Nações Unidas 
para o Meio Ambiente), responsável por catalisar a ação internacional e 
nacional para a proteção do meio ambiente no contexto do desenvolvimento 
sustentável. Acesse o site e leia mais sobre este programa: http://www.onu-
brasil.org.br/agencias_pnuma.php
Desastres ecológicos, extinções de espécies, perda irreparável da 
biodiversidade, surgimento de novas doenças, mudanças climáticas, poluição 
do ar, água e solo, escassez de alimentos, ecossistemas em desequilíbrio, são 
fatores que levam à diminuição da qualidade de vida. 
 Os fatores que o Leo acabou de nos mostrar podem se agravar com o 
crescimento exponencial da população. Dados da ONU (apud SANTOS; 
MACHADO, 2004, p. 82) revelam que:
[...] a população mundial, em 2050, poderá atingir 10,9 
bilhões de pessoas, ou seja, um aumento real de 78% sobre 
o número atual de habitantes. Além disso, o número de 
pessoas com mais de 60 anos deve triplicar nesse mesmo 
período, chegando a 25% da população mundial.
 Este crescimento populacional é maior nos países menos desenvolvidos, 
os chamados países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos. Devido às 
altas taxas de crescimento nessas nações, a situação de desequilíbrio tende a 
se agravar ainda mais (BRAGA et al., 2002).
Como dissemos 
anteriormente, 
o crescimento 
populacional 
está diretamente 
relacionado ao au-
mento da demanda de 
recursos naturais e à 
geração de resíduos 
lançados no meio 
ambiente.
72
 Fundamentos da Educação Ambiental
72
 Para calcularmos o aumento da população, observamos a diferença 
entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade. Um fator muito importante 
relacionado ao aumento populacional observado ao longo dos últimos tempos 
é, justamente, a redução considerável das taxas de mortalidade. Para Braga et 
al. (2002, p. 3):
A partir da Revolução Industrial, a tecnologia proporcionou 
uma redução da taxa de mortalidade, responsável pelo 
aumento da taxa de crescimento populacional anual, apesar 
de a taxa de natalidade estar se reduzindo desde aquela 
época até os dias atuais. 
Se traçarmos uma linha, ao longo da história das civilizações, 
perceberemos que as pressões exercidas sobre o meio ambiente se 
intensifi caram, tornando-o cada vez mais frágil. Diante desses dados e dessa 
perspectiva de crescimento populacional, a situação pode se agravar ainda 
mais. Será que os recursos naturais disponíveis serão sufi cientes para garantir 
a sobrevivência dos “passageiros da astronave” que aumentam a cada ano? 
Se pensarmos a longo prazo, a redução da taxa de crescimento populacional 
é imprescindível para garantir a sobrevivência e restabelecer o equilíbrio 
necessário.
A EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS
 Vamos ver agora alguns aspectos relacionados à exploração dos recursos 
naturais. Ao longo de todo estudo, você leu muitas vezes esta expressão: “uso 
inadequado dos recursos naturais”, “preservação dos recursos naturais”, 
“disponibilidade dos recursos naturais”. Mas o que isto signifi ca realmente? 
Braga et al. (2002, p. 4) defi nem recurso natural como “[...] qualquer insumo 
de que os organismos, populações e ecossistemas necessitam para sua 
manutenção. Portanto, recurso natural é algo útil”. Assim, o termo está 
diretamente relacionado a desenvolvimento e economia, como concebidos 
pelo sistema sócio-econômico. Quando algo é chamado de recurso é porque 
pensamos na sua utilidade e não na sua importância intrínseca (como 
natureza, ser vivo, entre outros).
Sendo assim, água, ar, minerais, biomassa, vento, combustíveis, entre 
outros, são exemplos de recursos naturais.
 Relembrando novamente o capítulo 2, você pode compreender o 
processo evolutivo das relações entre sociedade e natureza e as rupturas que 
aconteceram nessas relações ao longo da história. O homem deixou de ser 
A partir da Revolução 
Industrial, a tecnologia 
proporcionou uma 
redução da taxa 
de mortalidade, 
responsável pelo 
aumento da taxa 
de crescimento 
populacional anual, 
apesar de a taxa 
de natalidade estar 
se reduzindo desde 
aquela época até os 
dias atuais.
Recurso natural como 
“[...] qualquer insumo 
de que os organismos, 
populações e 
ecossistemas 
necessitam para sua 
manutenção. Portanto, 
recurso natural é algo 
útil”. 
73
A CRISE AMBIENTAL
73
 Capítulo 3 
nômade para tornar-se sedentário e, a partir disso, aprendeu a cultivar a terra 
e passou a acumular uma quantidade cada vez maior de riquezas e de bens. 
Esta cultura do acúmulo de riqueza e de um consumo cada vez maior de bens 
e serviços hoje faz parte dos costumes de qualquer sociedade e economia no 
mundo.
 
 Acompanhando o aumento da produção e o crescimento econômico, 
vieram os impactos negativos da humanidade sobre o meio ambiente. Se 
conseguirmos transpor nosso pensamento imediatista e projetarmos essa 
situação para algumas décadas à frente, estes impactos negativos podem 
levar a uma deterioração irreversível das reservas de recursos naturais, 
prejudicando desta forma o desempenho e a prosperidade das economias. 
Porém, isso não quer dizer que não possa existir “harmonia” entre os recursos 
naturais e o desenvolvimento econômico.
Recursos naturais e economia interagem de modo bastante 
evidente, uma vez que algo é recurso na medida em que 
sua exploração é economicamente viável. Exemplo dessa 
situação é o álcool, que antes da crise do petróleo de 1973 
apresentava custos de produção extremamente elevados 
ante os custos de exploração de petróleo. Hoje, no Brasil, 
apesar da diminuição do Proálcool, o álcool ainda pode ser 
considerado um importante combustível para automóveis 
e um recurso natural estratégico e de alta signifi cância, 
devido a sua possibilidade de renovação e consequente 
disponibilidade. Sua utilização efetiva depende de análises 
políticas e econômicas que poderão ser revistas sempre que 
necessário. (BRAGA et al., 2002, p. 5).
 Assim, podemos dizer que atrás do conceito de recurso natural temos 
intrinsecamente relacionados o meio ambiente, a economia e a tecnologia. A 
questão ambiental reside no fato de que, nas últimas décadas, o uso irracional 
e inadequado desses recursos provocou uma série de problemas ambientais 
agravando a atual crise. É por isso que o nível de degradação dos recursos 
naturais e o nível de crescimentoeconômico de uma nação estão intimamente 
relacionados.
Na disciplina de Gestão Ambiental, você verá, no capítulo 4, os principais 
problemas associados à exploração dos recursos naturais frente aos modelos 
econômicos tradicionais e perceberá que a conservação de recursos naturais 
envolve várias questões políticas, econômicas, culturais, entre outras. 
Neste mesmo capítulo, o autor abordará a questão da Pegada Ecológica, 
através da qual é possível mensurar a quantidade de recursos naturais que 
precisamos para sustentar nosso estilo de vida, o que inclui a cidade e a casa 
onde moramos, os móveis que temos, as roupas que usamos, o transporte 
que utilizamos, aquilo que comemos, o que fazemos nas horas de lazer, os 
produtos que compramos, e assim por diante. 
Impactos negativos 
podem levar a 
uma deterioração 
irreversível das 
reservas de recursos 
naturais, prejudicando 
desta forma o 
desempenho e a 
prosperidade das 
economias.
O homem deixou 
de ser nômade para 
tornar-se sedentário 
e, a partir disso, 
aprendeu a cultivar 
a terra e passou 
a acumular uma 
quantidade cada vez 
maior de riquezas e de 
bens.
 A questão ambiental 
reside no fato de que, 
nas últimas décadas, 
o uso irracional e 
inadequado desses 
recursos provocou 
uma série de 
problemas ambientais 
agravando a atual 
crise.
74
 Fundamentos da Educação Ambiental
74
Assim, a pegada ecológica corresponde ao tamanho das áreas produtivas 
de terra e de mar, necessárias para gerar produtos, bens e serviços que 
sustentam determinados estilos de vida (mas também para dar conta dos 
descartes). E, como podemos perceber, a demanda e, consequentemente, o 
consumo dos recursos naturais podem variar muito entre países, cidades, e, 
até mesmo, entre pessoas. Acesse o site da WWF – Brasil, e leia mais sobre a 
pegada ecológica: http://www.wwf.org.br/wwf_brasil/pegada_ecologica/. 
 Os recursos naturais podem ser classifi cados em renováveis e não-
renováveis, como você pode observar na fi gura 19.
Figura 19 – Classifi cação dos recursos naturais
Fonte: Adaptado de Braga et al. (2002)
Um fato interessante a ser ressaltado, neste momento, é que o uso 
inadequado desses recursos pode tornar um recurso renovável em não-
renovável, “[...] quando a taxa de utilização supera a máxima capacidade de 
sustentação do sistema”. (BRAGA et al., 2002, p. 5). É nesse momento que a 
exploração destes recursos naturais se torna um dos problemas ambientais 
globais, tratados nesse tópico: quando o homem não respeita o tempo natural 
e necessário de renovação dos recursos na natureza. 
75
A CRISE AMBIENTAL
75
 Capítulo 3 
Em várias ocasiões deste estudo, você leu a expressão “questão 
ambiental”. O que você entende por essa expressão? A questão ambiental 
são os problemas relacionados ao intenso processo de degradação do meio 
ambiente e dos recursos naturais. Estes problemas e situações estão, em 
grande parte, atrelados às atividades humanas, devido à intensifi cação do 
desenvolvimento econômico e crescimento populacional observados nos 
últimos tempos.
Atividade de estudo:
1 Com relação aos recursos naturais, que acabamos de estudar no tópico 
anterior, faça uma pesquisa, a fi m de identifi car e relacionar as vantagens 
e desvantagens na utilização de dois tipos de recursos naturais: o petróleo 
(recurso natural não-renovável) e o álcool combustível (recurso natural 
renovável). 
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2 Faça uma pesquisa sobre os recursos naturais que são usados como fontes 
de energia limpa. Conceitue o termo energia limpa, apresente quais são os 
principais tipos existentes e de que forma é utilizada. Através desta pesquisa, 
faça uma análise sobre a utilização dessas fontes de energia, apontando 
seus prós e contras. Como dica, construa uma tabela, organizando essas 
informações.
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76
 Fundamentos da Educação Ambiental
76
A POLUIÇÃO AMBIENTAL 
 Ao passo que fazemos uso dos recursos naturais, automaticamente 
geramos algum tipo de poluente. Ao escutar ou ler o termo “poluição”, o que 
lhe vem à mente? Quais são as imagens que você automaticamente produz 
ao pensar em um ambiente poluído? A poluição pode ser conceituada como 
alterações, de ordem antrópica, nas características físicas, químicas ou 
biológicas da atmosfera, litosfera ou hidrosfera. Essas alterações causam ou 
podem causar prejuízos à saúde, afetar a sobrevivência ou as atividades dos 
seres humanos e outras espécies (BRAGA et al., 2002).
 Mas, como essa poluição é quantifi cada? A poluição está ligada à 
quantidade ou à concentração de um determinado poluente. Assim, são 
estabelecidos padrões e indicadores de qualidade do ar, água e solo, para que 
seja possível o controle da poluição de acordo com a legislação ambiental.
Figura 20 – Classifi cação das fontes poluidoras
Fonte: Adaptado de Braga et al. (2002)
Como podemos perceber, a partir da análise da fi gura 20, os efeitos da 
poluição podem ser localizados, regionais ou globais. Os mais conhecidos e 
fáceis de serem percebidos são os de efeito local ou regional, que normalmente 
ocorrem em lugares onde a concentração de pessoas é maior, ou então, em 
áreas com grande atividade industrial.
 
A poluição pode 
ser conceituada 
como alterações, de 
ordem antrópica, nas 
características físicas, 
químicas ou biológicas 
da atmosfera, litosfera 
ou hidrosfera. 
A poluição está 
ligada à quantidade 
ou à concentração 
de um determinado 
poluente. Assim, são 
estabelecidos padrões 
e indicadores de 
qualidade do ar, água 
e solo, para que seja 
possível o controle da 
poluição de acordo 
com a legislação 
ambiental.
Os efeitos da poluição 
mais conhecidos 
e fáceis de serem 
percebidos são os de 
efeito local ou regional, 
que normalmente 
ocorrem em lugares 
onde a concentração 
de pessoas é maior, 
ou então, em áreas 
com grande atividade 
industrial.
77
A CRISE AMBIENTAL
77
 Capítulo 3 
 Veremos agora alguns efeitos globais em virtude do excesso de poluição 
no ambiente.
a) Chuvas Ácidas
As chuvas ácidas são um dos maiores problemas ambientais da 
atualidade. Desde a Revolução Industrial, com o aumento da emissão de 
gases poluentes na atmosfera, este fenômeno vem aumentando devido à 
solubilização de alguns gases cuja hidrólise seja ácida. 
 
 Vale lembrar que as chuvas normais possuem um pH levemente ácido, 
em torno de 5,6 unidades. Essa acidez é causada pela dissociação do CO2 
em água, formando um ácido fraco, conhecido comoácido carbônico, mas 
também de outros gases. Assim, chuva ácida é toda chuva que possui um 
valor de pH abaixo de 4,5 unidades (BENETTI, 2009).
 Este fenômeno provoca o desequilíbrio nos ecossistemas. Um exemplo 
disso é o aumento do pH da água, modifi cado pelas chuvas ácidas. Esta 
alteração do meio aquático é nociva às mais diversas formas de vida, sendo que 
algumas espécies de peixe, por exemplo, não são tolerantes a esta diminuição 
do pH. Vegetais também sofrem as consequências da chuva ácida e muitos 
microrganismos, presentes no solo e responsáveis pela sua fertilidade, são 
destruídos em virtude do aumento da acidez, além de problemas econômicos 
e sociais. 
b) Destruição da Camada de Ozônio
A camada de ozônio é um escudo natural da Terra que nos protege dos 
efeitos nocivos dos raios solares, em especial os raios ultravioleta (UV). 
Situada entre 10 e 50 km de altitude, a camada de ozônio é uma região onde 
se concentra o ozônio molecular (O3). A redução acelerada desta área da 
atmosfera fi cou conhecida como “buraco na camada de ozônio”.
O gás CFC (Cloro Flúor Carbono) é o grande responsável pela degradação 
do ambiente em escala global e pela destruição da camada de ozônio. Ao 
atingir a faixa de concentração da camada de ozônio, as moléculas de CFC 
rompem-se sob a ação dos raios ultravioleta e liberam cloro, que reage com o 
ozônio, formando oxigênio comum. 
Acesse o site http://videoseducacionais.cptec.inpe.br/ e assista a um 
vídeo que mostra como ocorre a destruição da camada de ozônio. Este vídeo 
é um dos que estão na lista do tema Mudanças Climáticas. Navegue neste site 
e assista a outros vídeos relacionados às mudanças ambientais globais. 
A camada de ozônio é 
um escudo natural da 
Terra que nos protege 
dos efeitos nocivos 
dos raios solares, 
em especial os raios 
ultravioleta (UV).
O gás CFC (Cloro 
Flúor Carbono) é o 
grande responsável 
pela degradação 
do ambiente em 
escala global e pela 
destruição da camada 
de ozônio. Ao atingir a 
faixa de concentração 
da camada de ozônio, 
as moléculas de CFC 
rompem-se sob a ação 
dos raios ultravioleta 
e liberam cloro, que 
reage com o ozônio, 
formando oxigênio 
comum.
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 Fundamentos da Educação Ambiental
78
Ainda sobre a camada de ozônio:
O buraco na camada de ozônio sobre a Antártida 
estabilizou-se desde 2000, mas ainda demorará décadas 
para se regenerar e fechar, o que pode ocorrer a partir de 
2065. Apesar da estabilização, ainda não há sinais de 
uma recuperação sobre o pólo sul, embora o climatólogo 
americano David J. Hofmann, da Administração Nacional de 
Oceanos e Atmosfera dos EUA (NOAA), afi rme que, caso 
continue a tendência atual, o buraco poderia começar a se 
fechar a partir do ano 2030. (FOLHA ONLINE, 2009).
Com o objetivo de amenizar este problema ambiental global, diversos 
países, inclusive o Brasil, assinaram o Protocolo de Montreal, em que todos 
se comprometeram em reduzir e deixarem de produzir e consumir os CFCs, 
em um determinado prazo pré-estipulado (COIMBRA; TIBURCIO, 2006). Este 
protocolo surgiu diante do aumento do buraco na camada de ozônio e suas 
consequências para a vida na Terra. Assim, a humanidade vai tentando, ao 
longo de sua existência, remediar os problemas ambientais que ela mesma 
cria.
Sugestão de leitura! O Instituto Brasil PNUMA, como Comitê Brasileiro 
do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, tem como uma 
de suas atividades a promoção e participação em atividades de educação 
e conscientização ambiental. Leia o texto Camada de Ozônio, escrito por 
Ricardo Daher - Secretário Executivo do PNUMA. Basta acessar: http://www.
brasilpnuma.org.br/pordentro/saibamais_ozonio.htm.
c) Mudanças Climáticas - Aquecimento Global
 Para iniciarmos nosso diálogo, precisamos entender que o clima é 
um conjunto de condições meteorológicas (temperatura, umidade, chuvas, 
pressão e ventos) que mantêm características comuns em uma determinada 
região. Além disso, as variações no clima fazem parte da dinâmica ambiental 
do planeta.
 As causas reais das mudanças climáticas não são unanimidade perante a 
comunidade científi ca. Embora não haja unicidade entre os discursos, estudos 
apontam a ação antrópica, associada às variações cíclicas naturais, como um 
dos principais fatores relacionados às mudanças climáticas.
 
Segundo Souza e Camargo (2006), as mudanças climáticas já afetam o 
cotidiano de bilhões de pessoas de forma impossível de ser ignorada:
Com o objetivo 
de amenizar este 
problema ambiental 
global, diversos 
países, inclusive o 
Brasil, assinaram o 
Protocolo de Montreal, 
em que todos se 
comprometeram em 
reduzir e deixa-rem de 
produzir e consumir 
os CFCs, em um 
determinado prazo pré-
estipulado (COIMBRA; 
TI-BURCIO, 2006). 
Para iniciarmos nosso 
diálogo, precisamos 
entender que o clima é 
um conjunto de condi-
ções meteorológicas 
(temperatura, umidade, 
chuvas, pressão e 
ventos) que mantêm 
característi-cas comuns 
em uma determinada 
região. Além disso, 
as variações no clima 
fazem parte da dinâ-
mica ambiental do 
planeta.
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A CRISE AMBIENTAL
79
 Capítulo 3 
Pela primeira vez desde que começaram as medições, 
no século XIX, o termômetro chegou aos 40 graus em 
diversas regiões temperadas da Europa e dos Estados 
Unidos. A Somália foi castigada pelas enchentes mais 
devastadoras do último meio século. A calota gelada do 
Ártico fi cou 60 400 quilômetros quadrados menor – ou seja, 
uma área equivalente a duas vezes o estado de Alagoas 
virou água e ajudou a elevar o nível dos oceanos. Na 
China, segundo o relatório, a pior temporada de ciclones 
em uma década resultou em 1 000 mortes e 10 bilhões de 
dólares em prejuízos. Na Austrália, o décimo ano seguido 
de seca impiedosa agravou o processo de desertifi cação 
do solo e desencadeou incêndios fl orestais com virulência 
nunca vista. Sabe-se que o relatório fi nal da Organização 
Meteorológica Mundial, a ser divulgado em fevereiro, prevê 
o desaparecimento total do gelo no Ártico durante os meses 
de verão já a partir de 2040. Isso pode signifi car a extinção 
do urso-polar em seu habitat. 
 Se pensarmos que todas essas catástrofes acontecem em decorrência do 
aumento de apenas 1 grau na temperatura média do planeta, nos últimos 100 
anos, é, no mínimo, assustador imaginarmos as consequências do aumento 
previsto para o ano de 2100, que, segundo o relatório do Intergovernmental 
Panel on Global Climate, fi nanciado pelas Nações Unidas, terá um acréscimo 
de até 5,8ºC (KERR apud KRÜGER, 2001). 
 Se analisarmos a história da vida de nosso planeta, realmente veremos 
que em 4,5 bilhões de anos ocorreram mudanças climáticas radicais, com 
períodos de estabilidade seguidos de glaciações. Assim, essas mudanças 
climáticas de causas geológicas são normais e cíclicas. Porém, não podemos 
esquecer que a composição química da atmosfera também infl uencia o clima 
e que, desde a Revolução Industrial, a emissão de gases de efeito estufa, 
responsáveis pelo aquecimento global, vem aumentando consideravelmente, 
como já vimos em outros momentos desta disciplina. Veja o que diz Eerola 
(2003, p. 7):
Os dados de medições meterológicas de temperaturas 
existentes cobrem um período de apenas aproximadamente 
cem anos, ou seja, parte do período industrial. Porém, cem 
anos é um período completamente desprezível do ponto 
de vista geológico. Vivemos atualmente em um período 
posterior à glaciação que terminou somente há 10.000 
anos. Estamos caminhando rumo a uma nova glaciação que 
ocorrerá daqui a 23.000 anos. Portanto, estamos em um 
período interglacial, quando as temperaturas podem oscilar 
ciclicamente entre mais altas e mais baixas. Esta alternância 
é completamente natural. Porém, levando-se em conta estas 
medições,existem dois fatos sobre as mudanças climáticas: 
a temperatura média e o teor de dióxido de carbono estão 
em ascensão mundialmente. [...] Ao não se conhecer 
Se analisarmos 
a história da vida 
de nosso planeta, 
realmente veremos que 
em 4,5 bilhões de anos 
ocorreram mudanças 
climáticas radicais, com 
períodos de estabilidade 
seguidos de gla-ciações. 
80
 Fundamentos da Educação Ambiental
80
outras fontes naturais de dióxido de carbono ativas ao 
mesmo tempo, a conclusão lógica ao que os pesquisadores 
chegaram, foi que estes aumentos dever ser provocados pelo 
homem. [...] Mesmo assim, existem evidências de que estes 
teores em ascensão não são devidos apenas à atividade 
antrópica. Existe uma correlação forte com algumas outras 
fontes de dióxido de carbono e o aumento de temperaturas 
globais, como oceanos e atividade vulcânica, por exemplo. 
 
Nos últimos tempos temos ouvido muito sobre o aumento da temperatura 
média mundial, aumento do efeito estufa e a expressão “aquecimento global”. 
Na certa, você já deve ter lido alguma manchete ou reportagem a respeito 
deste fenômeno. Este aumento da temperatura da atmosfera é causado pela 
excessiva emissão de gases poluentes, principalmente dióxido de carbono, 
que formam uma espécie da “capa” em torno da Terra. Esses gases absorvem 
parte da radiação solar; consequentemente, o calor fi ca retido, não sendo 
liberado para o espaço, ocasionando o chamado efeito estufa.
Não podemos nos esquecer de que o efeito estufa é um fenômeno natural 
e vital para a manutenção da vida na Terra. Ele é responsável por temperaturas 
mais amenas e adequadas que permitem esta grande biodiversidade do nosso 
Planeta. Se não fosse ele, a Terra seria aproximadamente 33ºC mais fria! 
Os gases de estufa, assim chamados por serem os intensifi cadores deste 
fenômeno são, principalmente: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido 
nitroso (N2O), CFC`s (clorofl uorcarbonetos).
 
Dessa forma, medidas de preservação dos ecossistemas e uso de 
energias que não poluam o meio ambiente devem fazer parte dos programas 
de desenvolvimento de todas as Nações. 
Acesse o site: http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/meio_
ambiente_brasil/clima/painel_intergovernamental_de_mudancas_climaticas/ 
e leia os relatórios divulgados sobre as mudanças climáticas. O Painel 
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC – sigla em inglês) é o 
órgão das Nações Unidas responsável por produzir informações científi cas 
sobre as mudanças climáticas.
Este aumento da 
temperatura da 
atmosfera é causado 
pela excessiva emissão 
de gases poluentes, 
principalmente dióxido 
de carbono.
Medidas de preservação 
dos ecossistemas e 
uso de energias que 
não poluam o meio 
ambiente devem fazer 
parte dos programas 
de desenvolvimento de 
todas as Nações. 
81
A CRISE AMBIENTAL
81
 Capítulo 3 
Benetti (2009) relata algumas consequências do aquecimento global:
• derretimento das calotas polares, acarretando o aumento do nível dos 
oceanos, o que causará inundações em cidades litorâneas;
• alterações no regime das chuvas (menor pluviosidade em determinadas 
regiões e maior em outras);
• doenças que hoje são típicas de uma determinada região, como a malária 
e a febre amarela, poderão atingir regiões onde hoje não são encontradas;
• desertifi cação de áreas que hoje são campos ou fl orestas;
• extinção de espécies;
• grandes incêndios.
 Torna-se evidente que, para não piorar ainda mais a situação, 
precisaríamos parar de lançar na atmosfera gases como dióxido de carbono, 
metano e óxido nitroso, resultantes da atividade humana. Cabe à intensifi cação 
do efeito estufa a maior responsabilidade pelo aumento da temperatura global. 
 
 Nesta batalha pela redução da emissão de gases poluentes temos, de 
um lado, países desenvolvidos e altamente industrializados, detentores de 
um grande poderio econômico; porém, os maiores poluidores. Do outro lado, 
países em desenvolvimento, que poluem em uma escala menor, mas sofrem 
igualmente as consequências da emissão excessiva de gases poluentes. Você 
verá, no capítulo 4 desta disciplina, detalhes sobre o Tratado de Quioto, que 
propôs a redução das emissões de gases causadores da intensifi cação do 
efeito estufa. Segundo Coimbra e Tiburcio (2006, p.163):
O Tratado de Quioto entrou em vigor em fevereiro de 2005, 
reconhecido por 55 países industrializados. Porém, o 
maior poluidor do mundo, os Estados Unidos, fi cou fora do 
tratado, alegando que teria consequências negativas em seu 
desempenho econômico caso diminuísse suas emissões em 
7%.
 Essa postura é uma prova de que, embora exista uma"frágil"consciência 
da humanidade sobre a crise ambiental instalada no planeta, indicando que 
iniciamos o processo de mudança de pensamento, verdadeiramente ainda 
não mudamos nossa forma de agir. Precisamos consolidar a ideia de que o 
desenvolvimento econômico está altamente ligado às políticas de preservação 
do meio ambiente e a uma gestão planejada de nossos recursos naturais.
82
 Fundamentos da Educação Ambiental
82
Sessão de cinema! Assista ao fi lme "Uma Verdade Inconveniente", de 
Albert Gore. Neste fi lme, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, 
apresenta uma análise da questão do aquecimento global, mostrando os mitos 
e equívocos existentes em torno do tema e também possíveis saídas para que 
o planeta não passe por uma catástrofe climática nas próximas décadas. 
Atividade de estudo:
“Uma Verdade Inconveniente, o documentário protagonizado pelo ex-vice-
presidente dos EUA se agarra a clichês e pouco acrescenta ao debate sobre 
aquecimento global. Diante desse problema, que perturba, incomoda e 
preocupa, entrar no cinema para assistir a Uma verdade inconveniente, do 
diretor Davis Guggenheim, gera expectativas de que o fi lme contribua para 
ampliar a questão, multiplicar suas nuances e produzir novas percepções 
e sensibilidades. Mas as opções de Uma verdade inconveniente pouco 
contribuem nessa direção. Um fi lme-palestra, repleto de clichês, tais como 
a ideia de que o aquecimento global é um problema moral e não político; a 
apresentação da ciência como conhecimento superior a outras formas de 
conhecimento, que nos oferecerá sempre as alternativas certas; o mito da 
natureza intocada; e a noção de consenso sobre o problema. Ao repetir esses 
chavões, que há mais de dez anos povoam as discussões ambientais sem 
acrescentar muito, aproveita pouco do que a arte do cinema possibilita. O fi lme 
provocou reações de cientistas, que o consideram pouco confi ável e alarmante; 
de cineastas, especialmente documentaristas, que o avaliaram como pobre, 
nas relações entre realidade-fi cção-verdade, além de fi carem indignados com 
o Oscar da Academia de Artes e Ciências Cinematográfi cas de Hollywood que 
o documentário recebeu; e ambientalistas que atacaram a visão reducionista, 
que o fi lme apresenta, da complexidade sociopolítica da questão”. 
Fonte: DIAS, Susana. Uma verdade inconveniente. 
Revista Eletrônica de Jornalismo Científi co.
Disponível em: <http://www.comciencia.br/comciencia/handler.php?sec
tion=8&edicao=22&tipo=resenha>.Acesso em: 17 set. 2009.
1 Você concorda com a crítica apresentada? Refl ita e expresse a sua opinião 
sobre o fi lme!
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83A CRISE AMBIENTAL
83
 Capítulo 3 
2 O que é e como acontece o chamado "efeito estufa"? Qual a relação entre 
efeito estufa e aquecimento global? 
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O meio ambiente em debate. Nesta obra, o autor aborda vários assuntos 
pertinentes ao nosso estudo, como por exemplo: ecologia, meio ambiente, 
poluição, chuva ácida, efeito estufa, buraco na camada de ozônio, poluição 
urbana, impactos sociais e culturais, entre outros. Veja a referência completa: 
BRANCO, S. M. O Meio Ambiente em Debate. São Paulo: Moderna, 1999.
 É inegável a contribuição do homem no aumento dos níveis de dióxido 
de carbono e outros gases poluentes na atmosfera. Sabemos que, ao longo 
da história, ocorreram muitas mudanças no meio ambiente, na paisagem e 
no clima, e, em decorrência dessa evolução, a paisagem que vemos hoje não 
será a mesma do futuro. Assim também o nível de desenvolvimento, com uma 
economia baseada no uso de combustíveis fósseis e outros recursos não 
renováveis, não será mais possível. É bastante arriscado continuarmos com 
nossos hábitos, sem preocupação com as consequências de nossas ações 
sobre o meio ambiente. 
 Enquanto vivemos e "aguardamos" novas transformações ambientais 
globais, temos o dever de usar toda inteligência e tecnologia alcançadas ao 
longo de nossa evolução, para atenuar nossa infl uência sobre essas mudanças 
climáticas. De que forma poderemos fazer isso? Aprendendo a reciclar, 
reduzindo o consumo de combustíveis fósseis, buscando fontes alternativas de 
energias, aproveitando recursos naturais renováveis, como a energia eólica, 
respeitando o meio ambiente e promovendo Educação Ambiental para todos 
de forma interdisciplinar, como veremos no próximo tópico.
Acesse o site http://veja.abril.com.br/301206/p_138.html e leia a 
reportagem 7 megassoluções para um megaproblema. Boa leitura!
É inegável a 
contribuição do homem 
no aumento dos níveis 
de dióxido de carbono e 
outros gases poluentes 
na atmosfera.
É bastante arriscado 
continuarmos com 
nossos hábitos, sem 
preocupação com as 
con-sequências de 
nossas ações sobre o 
meio ambiente. 
Enquanto vivemos e 
“aguardamos” novas 
transformações 
ambientais globais, 
temos o de-ver de usar 
toda inteligência e 
tecnologia alcançadas 
ao longo de nossa 
evolução, para atenuar 
nossa infl uência sobre 
essas mudanças 
climáticas.
84
 Fundamentos da Educação Ambiental
84
Do nicho ao lixo: ambiente, sociedade e educação. Este volume apresenta 
ampla discussão de um assunto de grande atualidade: a questão ambiental. 
Os autores fazem uma exposição dos problemas ambientais - chuva ácida, 
inversão térmica, camada de ozônio, efeito estufa, aterros sanitários, 
desmatamentos - e discutem a possibilidade do processo de evolução 
técnica, econômica e social que tantas modifi cações impõe à vida do planeta. 
SCARLATO, F. C.; PONTIN, J. A. Do nicho ao lixo: ambiente, sociedade e 
educação. São Paulo: Atual, 1992.
d) A Perda da Biodiversidade 
 O grande desequilíbrio ecológico gerado pelo homem, através de suas 
ações, afeta não somente a si, como às diversas outras formas de vida. A 
atual crise ambiental está diretamente relacionada também a uma crise da 
biodiversidade, uma vez que a harmonia entre os componentes bióticos e 
abióticos de um ecossistema é fundamental para permitir e manter a vida no 
nosso planeta.
Os componentes bióticos e abióticos de um ecossistema foram estudados 
no capítulo 1 desta disciplina – Fundamentos da Ecologia. Se necessário, 
retorne a ele e relembre os conceitos. 
 Segundo Franco (2005, p. 21):
O grande desafi o, atualmente enfrentado, reside exatamente 
em proteger a diversidade da vida, através de adequada 
interpretação dos instrumentos legais existentes calcados 
nos conhecimentos científi cos disponíveis. Grande parte 
dessa diversidade concentra-se em áreas fl orestais, 
representando um dos principais focos de biodiversidade do 
planeta, tendo, portanto, sua proteção, especial importância 
na busca de uma solução para a crise ambiental.
 O termo biodiversidade pode ser entendido em vários níveis, desde gens 
até ecossistemas, assim como toda a diversidade biológica existente, ou seja, 
a diversidade da vida. Isso inclui todos os seres vivos, desde os organismos 
microscópicos mais simples, até os mais complexos, como os seres humanos. 
Segundo o Decreto 2.519/98, o termo biodiversidade está conceituado em seu 
art. 2º como: 
A variabilidade de organismos vivos de todas as origens, 
compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, 
marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos 
A atual crise ambiental 
está diretamente 
relacionada também 
a uma crise da 
biodiversidade, uma 
vez que a harmonia 
entre os componentes 
bióticos e abióticos 
de um ecossistema 
é fundamental para 
permitir e manter a vida 
no nosso planeta.
O grande desafi o, 
atualmente enfrentado, 
reside exatamente em 
proteger a diver-sidade 
da vida, através de 
adequada interpretação 
dos instrumentos legais 
exis-tentes.
85
A CRISE AMBIENTAL
85
 Capítulo 3 
ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda 
a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de 
ecossistemas.
 Para entendermos a importância e o tempo do homem na história evolutiva 
da biodiversidade, precisamos fazer uma rápida análise, desde o surgimento 
da Terra há 4,5 bilhões de anos atrás até os dias atuais. Aproximadamente 
um bilhão de anos após o surgimento da Terra foi que gradualmente se 
estabeleceram as condições ambientais favoráveis ao surgimento das 
primeiras células, como pode ser observado na fi gura 21.
 
Figura 21 – Eras geológicas condensadas em 24 horas.
Fonte: Disponível em: <http://www.jornaljovem.com.br/edicao13/
images/13_eras_geologicas01_000.jpg>. Acesso em: 03 ago. 2009.
Diante da análise desta fi gura e conforme você estudou no capítulo 2 
desta disciplina, podemos perceber que a participação do homem na história, 
se pensarmos no tempo geológico, é praticamente insignifi cante em relação ao 
período e processo evolutivo da vida na Terra. Entretanto, não se pode dizer o 
mesmo em relação à sua participação para a rápida perda da biodiversidade, 
que presenciamos na atual crise.
Dentre os fatores que se encontram diretamente relacionados à crise da 
biodiversidade, e que são causa direta de sua deterioração, podemos citar 
86
 Fundamentos da Educação Ambiental
86
ações antrópicas, como: poluição do solo, da água e da atmosfera; alterações 
climáticas; introdução de espécies exóticas; exploração de espécies vegetais 
e animais; devastação ou alteração de ambientes naturais; entre outros 
(FRANCO, 2005).
Alguns problemas ambientais já estudados neste capítulo, como 
por exemplo, chuva ácida e aquecimento global, são consequências da 
ação danosa humana sobre o meio ambiente e responsáveis por parte da 
degradação da biodiversidade. A devastação e a fragmentação de fl orestas, por 
meio de desmatamentos e queimadas, também acarretam o desaparecimento 
de um grande número de espécies. Franco (2005, p. 38) ressalta que “A 
fragmentação dos habitats constitui, juntamente com a destruição destes, 
uma das principais causas da perdada biodiversidade no planeta, por tornar 
inviável a perpetuação, condenando à extinção um incontável número de 
espécies animais e vegetais”. 
Na disciplina de Gestão Ambiental, no capítulo 4, o professor autor 
abordará a questão da valoração ambiental como uma alternativa de 
preservação. Se forem atribuídos valores monetários aos recursos naturais, 
capazes de refl etir sua escassez, sua preservação será mais provável.
 O descaso com que o ser humano vem tratando do recurso natural água 
também é fator de preocupação e responsável pela perda da diversidade 
biológica. Interferências nos ciclos hidrológicos e, principalmente, inúmeras 
formas de poluição desse recurso, são ações que afetam não somente o ser 
humano, mas também todos os demais seres vivos, tendo em vista que a 
água é um elemento indispensável à sobrevivência de todas as espécies da 
biosfera.
Quando se diz que água é essencial à vida, é porque 
sem ela não existe respiração, reprodução, fotossíntese, 
quimiossíntese, habitats e nichos ecológicos para a maioria 
das espécies existentes. A sua ausência ou contaminação 
implica (em) forma de poluição cujas consequências não 
são outras senão degradar diretamente a própria vida 
(FIORILLO; RODRIGUES apud FRANCO, 2005, p. 133).
Dessa forma, a perda contínua da biodiversidade é um forte indicador 
do desequilíbrio existente entre as necessidades humanas e a capacidade 
de suporte da natureza. Como vimos em outro momento deste capítulo, o 
crescimento populacional e o uso proporcional e excessivo dos recursos 
naturais tornam evidentes os limites de sustentabilidade dos processos 
naturais.
87
A CRISE AMBIENTAL
87
 Capítulo 3 
Estamos vivendo um momento de extrema importância diante da 
crise ambiental, quando temos a opção de seguir dois caminhos: podemos 
continuar a utilização desenfreada dos recursos naturais para atender nossas 
necessidades imediatas, acarretando danos talvez irreversíveis, ou podemos 
implementar medidas alternativas para a conservação da biodiversidade 
e utilizá-la de forma sustentável, o que pode ser alcançado através de um 
processo emergente de Educação Ambiental, como veremos no próximo 
tópico.
A EMERGÊNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
 Diante dos fatos apresentados e da crise ambiental abordada neste 
capítulo, quando falamos na emergência da Educação Ambiental (EA), 
estamos dando a esse processo de educação o grande desafi o de transformar 
cidadãos passivos e alheios à situação, em grandes defensores do meio 
ambiente. A mudança no modo de pensar e agir, fundamentais para reverter a 
desarmonia entre homem e meio ambiente, será, em grande parte, conseguida 
através de um processo efetivo de EA. 
 Você terá a oportunidade de acompanhar, no capítulo 4, o surgimento da 
EA (como resposta à preocupação da sociedade com o futuro) e analisar as 
tendências deste processo educativo na busca da sustentabilidade, como uma 
nova perspectiva nas relações sociedade-natureza. 
 Vendo a EA como uma das possíveis estratégias para o enfrentamento 
da crise social e cultural que estamos vivendo, Sorrentino et al. (2005, p. 287) 
relatam:
A urgente transformação social de que trata a educação 
ambiental visa à superação das injustiças ambientais, 
da desigualdade social, da apropriação capitalista e 
funcionalista da natureza e da própria humanidade. [...] 
A educação ambiental, em específi co, ao educar para a 
cidadania, pode construir a possibilidade da ação política, 
no sentido de contribuir para formar uma coletividade que é 
responsável pelo mundo que habita.
 Essa emergência da conscientização “ecológica”, em que sociedade 
e natureza não sejam mais vistas como dissociáveis e sim, como partes 
intrinsecamente relacionadas do todo, e como responsabilidade de cada 
indivíduo perante o coletivo, é condição importante a ser alcançada através da 
EA.
Diante dos fatos 
apresentados e da crise 
ambiental abordada 
neste capítulo, quando 
falamos na emergência 
da Educação Ambiental 
(EA), estamos dando 
a esse processo de 
educação o grande 
desafi o de transformar 
cidadãos passivos e 
alheios à situação, em 
grandes defensores do 
meio ambiente.
A educação ambiental, 
em específi co, ao 
educar para a cidadania, 
pode construir a 
possibilidade da ação 
política, no sentido de 
contribuir para formar 
uma coletividade que é 
responsável pelo mundo 
que habita.
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 Fundamentos da Educação Ambiental
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 Dada a complexidade dos problemas socioambientais, a EA se apresenta 
como um grande desafi o, o que implica utilizar novas estratégias de ação e 
novos padrões de conduta, baseados em uma nova relação ética, com enfoque 
ambiental (BENETTI, 2009).
 Na disciplina de “A Inserção Curricular da EA e a Formação de 
Professores”, que você verá mais adiante, estudaremos a importância da 
EA dentro do contexto do ensino formal. Porém, seja a EA desenvolvida no 
âmbito dos currículos escolares, ou de maneira não-formal, através de ações 
de natureza educativa que visem à capacitação dos indivíduos, tornando-os 
aptos a agir em defesa da qualidade ambiental, nós a temos como uma arma 
importante a ser utilizada contra a crise ambiental. 
Neste momento, sugerimos que você faça a leitura da “Carta do Chefe 
Seattle”. Em 1854, "O Grande Chefe Branco" em Washington fez uma oferta 
por uma grande área de território indígena e prometeu uma "reserva" para os 
índios. A resposta do Chefe Seattle, reproduzida na íntegra neste endereço, 
tem sido considerada uma das declarações mais belas e profundas já feitas 
sobre o meio-ambiente. Acesse: http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cf
m?LibDocID=3981&ReturnCatID=1773. Este documento estará disponível 
também no material de apoio da disciplina. Consulte-o!
Em busca da dimensão ética da educação ambiental. Esse livro 
defende o resgate da humildade, do respeito e do diálogo com a Natureza, 
para a compreensão dos problemas ambientais que estamos vivenciando. 
Ao longo dos últimos 300 anos, a Natureza foi transformada em mero objeto 
de manipulação à disposição da razão humana. A visão das paisagens e dos 
lugares de modo mecânico e sem vida levaram a uma completa separação 
entre seres humanos e meio ambiente. Atento a esses problemas, o autor 
desenvolve nessa obra uma ética de parceria com a Natureza, em educação 
ambiental, uma simbiose na qual os elementos se combinam num regime de 
co-participação e integração. GRUN, M. Em busca da dimensão ética da 
educação ambiental. Campinas: Papirus, 2007.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
 Uma possibilidade real de reversão da crise ambiental consiste em 
promovermos uma profunda transformação no pensar e no agir da humanidade, 
sendo a Educação Ambiental a força propulsora desta transformação. Quando 
percebermos que os recursos naturais são parte integrante da nossa vida, 
e não apenas algo que utilizamos como mercadoria para satisfazer nossas 
necessidades, muitas vezes imediatistas, talvez consigamos reduzir em muito 
nossos impactos negativos sobre o meio ambiente. 
Temos como uma 
arma importante a ser 
utilizada contra a crise 
ambiental.
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A CRISE AMBIENTAL
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 Capítulo 3 
 A espécie humana, pela primeira vez na história, pode ter o poder de 
contribuir de forma signifi cativa às mudanças globais. Independente dos 
causadores reais das mudanças climáticas, as consequências da crise 
ambiental, como aquecimento global, mudanças climáticas promovendo 
grandes períodos de estiagem ou chuva excessiva, aumento das doenças, o 
perigo eminente da falta de água potável, perda da biodiversidade, entre tantos 
outros, podem ser minimizadas. Para tanto, é necessário a mudança também 
globalizada de pensamento e atitude por parte da humanidade. Só assim será 
possível amenizar os problemas, a ponto de garantir a nossa sobrevivênciae 
assegurar para as gerações futuras um ambiente saudável.
 Para concluir nossa refl exão, reescrevemos algumas linhas extraídas da 
“Carta do chefe Seattle”: “[...] Tudo o que acontece à Terra – acontece aos 
fi lhos da Terra. O homem não teceu a teia da vida – ele é meramente um fi o 
dela. O que quer que ele faça à teia, ele faz a si mesmo [...]”. Pense nisso e 
seja um ator social consciente de suas responsabilidades perante o coletivo.
REFERÊNCIAS
CARTA do chefe Seattle”. Disponível em: <http://boasaude.uol.com.br/lib/
ShowDoc.cfm?LibDocID=3981&ReturnCatID=1773>. Acesso em: 17 set. 
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