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Prova 1 b

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Questão 2:
Rodan:
Dado um excesso de oferta de trabalhadores muito grande (pressuposto inicial) e maioria da população no campo;
Economia subdesenvolvida pode se desenvolver ou com o deslocamento da mão-de-obra para o capital (emigração), ou com o deslocamento do capital para a mão-de-obra (industrialização). A segunda alternativa é mais viável, pois emigração em larga escala não é plausível.
Economia subdesenvolvida pode se industrializar de duas formas:
“Modelo Russo” – Auto suficiência e sem investimento internacional (Verticalização da indústria).
Isso é negativo, pois faz com que a economia cresça lentamente; reduz a divisão internacional do trabalho, pois opera sozinho na economia.
Ajustar e inserir a região subdesenvolvida na economia mundial, com base em investimentos externos e empréstimos de capital.
Preserva as vantagens da divisão internacional do trabalho; progresso mais rápido e com menos sacrifícios de consumo; maior nível e rentabilidade do emprego; desenvolvimento de indústrias leves, ao invés de concentração na indústria pesada.
O autor diferencia esse tipo de industrialização com a realizada no sec. XIX: Diferenças na forma de financiamento; planejamento regional da industrialização, diferentemente do investimento específico em uma indústria, e não planejado; não há tanto progresso técnico na industrialização em áreas deprimidas, mas a utilização de conhecimentos prévios; participação ativa do estado na vida econômica.
Industrialização bem sucedida exige um campo institucional próprio:
Conjunto industrial deve ser tratado e planejado como um truste/grande empresa;
Necessidade de treinar a mão-de-obra – o laissez-faire não funciona adequadamente para dar conta dessa necessidade; O estado/conjunto de empresas é quem deve assumir esse investimento, que não é viável para uma empresa individual. 
A complementação das industrias é o mais forte razão para uma industrialização planejada:
Redução de riscos de previsão da demanda, uma vez que a previsão da demanda de uma região pobre é fácil de prever;
Ganhos com externalidades geradas a partir da cadeia de industrias, de forma que a atividade de uma empresa pode facilitar o desenvolvimento de uma nova empresa, e assim sucessivamente, de forma a aumentar o ganho total da região.
Objetivo da industrialização das áreas deprimidas: Produzir equilíbrio estrutural na economia mundial, através da criação de emprego produtivo para a população agrária excedente.
HIRSCHMAN
Critica a teoria proposta por R-R e outros autores, que se baseiam no “crescimento equilibrado” e assume uma visão distinta sobre o desenvolvimento das economias subdesenvolvidas, propondo um modelo de “crescimento desequilibrado”.
Diferenciação entre países subdesenvolvidos e desenvolvidos:
Sub. Não tem recursos suficientes para desenvolver industrias de consumo capazes de realizar economias de escala em sua produção.
O principal recurso que falta em economias subdesenvolvidas é a capacidade de se tomar decisões de investimento e de gestores eficientes (recursos humanos empreendedores para desenvolver uma sequencia de investimentos eficientes).
Dessa forma, é possível realizar investimentos que simultaneamente maximizam possíveis externalidades positivas e que gerem novas externalidades para outros negócios (vai de acordo com R-R).
O modelo de crescimento equilibrado necessita de uma grande quantidade de habilidades específicas que Hirschman identificou como escassa em ambientes subdesenvolvidos. R-R identifica como endêmica, a falta de coordenação para realização destes investimentos.
Para ambos os autores, um dos problemas chave é a incapacidade dos empreendedores de planejar e coordenar investimentos, assim como explorar as externalidades positivas.
R-R tenta contornar esse problema com a grande intervenção estatal no controle e planejamento dos investimentos. Hirschman é mais cético com relação a essa intervenção, e acredita que agencias estatais não são capazes de absorver e nem criar os benefícios das externalidades.
O autor rejeita a ideia de crescimento equilibrado, pois afirma que os setores não crescem de maneira homogênea, com demanda e oferta bem distribuídas. O crescimento se dá a partir de crescimento desigual de um setor, que é seguido pelos outros através de um modelo de catching-up.
O modelo de crescimento desequilibrado otimiza o crescimento como um todo.
Hirschman defende o desenvolvimento de projetos menores de desenvolvimento, ao contrario de R-R.
Em ambos autores, as externalidades são a base do crescimento, e elas são utilizadas como critério para a seleção dos melhores projetos de investimento.
Hirschman acredita que o investimento em industrias de bens de produção é crucial para o crescimento do mercado interno das regiões subdesenvolvidas. R-R acredita que os esforços devem ser concentrados em bens de consumo.
EXTERNALIDADES:
Economias subdesenvolvidas tem dificuldades em diferenciar custos privados e custos sociais. Isso acaba resultando em uma má alocação dos recursos. (os dois autores afirmam isso).
Questao 3:
- Causação circular cumulativa: Para que se possa entender a definição de causação circular cumulativa (ccc), de Myrdal, é preciso compreender o que é círculo vicioso. O autor mostra que em um ambiente econômico de pobreza, por exemplo, existem várias forças agindo em sentidos diversos, onde um fator negativo qualquer é considerado causa e efeito de outros fatores negativos. Ou seja, as pessoas passam fome, porque estão doentes, e estão doentes porque passam fome. Da mesma forma, um círculo virtuoso ocorre em ambientes econômicos desenvolvidos, com forças positivas causando este processo acumulativo. Logo, percebe-se que o processo acumulativo opera nas duas direções. 
O segundo ponto a ser ressaltado é que estes ambientes econômicos não atingem um estado de equilíbrio natural, de forma estável. O autor afirma que o sistema social não encontra uma auto estabilização automática, mas sim um processo de mudança contínua através de uma interação de forças em sentidos diversos, que podem por certo momento, resultar em uma estabilidade do sistema, mas não de forma perene. As externalidades são fatores importantes nesse processo, que podem resultar em uma estabilização do sistema, mas lembrando que tal posição é instável e, qualquer alteração no sistema, seja ela planejada por interferências políticas, ou apenas um fato externo fora do controle do sistema, podem alterá-lo novamente.
Portanto, tendo conhecimento destes conceitos, pode-se definir o processo de CCC, como a forma como os diversos fatores econômicos e não econômicos de uma economia interagem, e o resultado dessa interação no processo acumulativo desta economia, seja ele construtivo ou destrutivo. Portanto, as forças interagem de forma multicausal e aparentam fazer com que o ambiente econômico analisado tenha atingido um equilíbrio estável. Porém, caso haja uma mudança em qualquer um destes fatores, o outro também se modificaria, desencadeando um processo acumulativo de interação, sendo que a mudança de cada fator é continuamente apoiada pela reação do outro. Logo, o sistema se move de forma circular no sentido da mudança primária. Isso faz com que o sistema se transforme, mesmo que o impulso inicial da mudança já tenha cessado. 
As forças não operam sempre no mesmo sentido. São diversas forças operando em diversos sentidos diferentes, sendo que por algum momento o sistema pode ficar em repouso. Porém, qualquer mudança nos fatores, seja ela interna ou externa ao sistema, torna a coloca-lo em movimento, pois os fatores estão tão entrelaçados, que o choque no primeiro gera uma causação circular transformando todas as outras forças do sistema, sucessivamente.
Exemplo Circulo Virtuoso:
Como exemplo de causação circular cumulativa ascendente, pode-se citar a criação de uma fábrica que é construída ao lado de uma vila. Essa fábrica desenvolve efeitos multiplicadores diretos e indiretos na renda e no emprego desta localidade, uma vez que necessitade mão-de-obra e oferece salários atrativos. Existe a necessidade de especializar a mão-de-obra, e desenvolve-se cursos na vila, que já apresenta um crescimento e maior demanda de consumo dos habitantes. Ocorre maior demanda por melhora na cidade, como investimentos em infra estrutura e ambientes de lazer. O cenário torna-se atrativo para a atividade econômica, e novas fábricas começam a se instalar na região, para aproveitar o dinamismo da mesma, e a mão-de-obra já especializada. Um segundo ciclo de investimentos tem início e assim por diante. Neste caso, o crescimento pode não ser tão rápido como o planejado, devido a existência de fatores não-econômicos, que são de difícil mensuração. Por exemplo, os habitantes desta vila podem ter uma origem agrária, e apresentarem certa dificuldade em abrir mão de realizar o trabalho habitual que sua família desenvolve no campo há muitas gerações, para ir trabalhar na fábrica recém aberta. Para eles, pode ser mais fácil se manter com menos recursos, mas trabalhando em algo que tenha um conhecimento sólido, além de continuar com a tradição da família. Isso ocasionaria em uma dificuldade de atrair mao de obra, resultando em um menor crescimento que o planejado.
Exemplo Circulo Vicioso:
O fechamento de uma fábrica, por outro lado, é um exemplo de circulo vicioso. Os efeitos negativos na renda e emprego da população causariam uma situação de degradação econômica, aumentando índices de violência e de miséria. A redução do consumo de modo geral ocasionaria em uma nova rodada de impactos negativos, com outras empresas encerrando suas atividades e assim sucessivamente. A presença de fatores não-econômicos nesse caso, pode ser exemplificada pela manutenção de algum comércio, que ofereça um tipo de produto que culturalmente não é afetado pelo dinamismo econômico da população. Independentemente da condição financeira, a população consumirá este produto, e essa situação pode ajudar a melhorar as condições da região, oferecendo alguns empregos e gerando assim a economia de forma positiva.

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