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CEPAL e Kaldor

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CINQUENTA ANOS DE PENSAMENTO NA CEPAL
BIELSCHOWSKY
A CEPAL estuda a periferia latino-americana, gerou a teoria estruturalista do subdesenvolvimento periférico latino-americano. Principais idéias: necessidade de contribuição do Estado ao ordenamento do desenvolvimento econômico nas condições da periferia latino-americana (paradigma desenvolvimentista latino-americano), baseando-se em “mensagens” e em “idéias-forças”.
Estado conduz deliberadamente o desenvolvimento e a industrialização com equidade, buscando minar a vulnerabilidade externa e o desequilíbrio estrutural na balança de pagamentos.
O desenvolvimento econômico latino-americano estava apoiado em sistemas de produção econômica e de instituições subdesenvolvidas, herdada do período agro-exportador. As condições particulares do subdesenvolvimento da periferia latino americana condicionam um desenvolvimento e uma dinâmica produtiva extremamente própria, que são inéditos e diferentes daqueles presenciados e assistidos em economias desenvolvidas.
O subdesenvolvimento latino-americano é singular, o nosso subdesenvolvimento não é uma etapa, ao estilo de desenvolvimento de ROSTOW (1956), mas sim como algo completamente novo e que está notadamente inserido em uma dinâmica chamada centro-periferia. O pensamento HISTÓRICO ESTRUTURALISTA CEPALINO é notadamente indutivista, extremamente atento para os agentes sociais historicamente herdados do nosso passado colonial e periférico.
A oposição entre “periferia” e “centro” serve como argumento para a determinação da estrutura de um padrão específico de inserção na economia mundial, como “periferia” da mesma, produtora de bens e serviços com demanda internacional pouco dinâmica, importadora de bens e serviços com demanda doméstica em rápida expansão, e absorvedora de padrões de consumo e tecnologias adequadas ao centro, mas frequentemente inadequadas à disposição de recursos e ao nível de renda da periferia.
A estrutura sócio-econômica periférica determina um modo próprio de industrializar, introduzir progresso técnico e crescer, e um modo próprio de absorver a força de trabalho e distribuir a renda. Ou seja, em suas características centrais, o processo de crescimento, emprego e distribuição de renda na periferia seria distinto do que ocorre nos países centrais.
As diferenças devem ser encontradas no fato de que as economias periféricas possuem uma estrutura pouco diversificada e tecnologicamente heterogênea, que contrasta com o quadro encontrado na situação dos países centrais. Nestes, o aparelho produtivo é diversificado, tem produtividade homogênea ao longo de toda sua extensão e tem mecanismos de criação e difusão tecnológica e de transmissão social de seus frutos inexistentes na periferia.
O subdesenvolvimento latino americano analisado e estudado pela CEPAL é inédito, oriundo de empresas capitalistas inseridas na arcaica estrutura produtiva colonial das economias da América Latina.
Tecnologia > Toda vez que uma nova tecnologia surge aumenta a produtividade. Saímos do modelo primário exportador para o urbano industrial. A industrialização espontânea sempre teve papel importante na humanidade, esta se fazia na América Latina subdesenvolvida de forma a apenas usufruir do progresso técnico mundial, até então essencialmente confinados nos países industrializados.
Devido à vulnerabilidade externa, causada pelo desequilíbrio estrutural da balança de pagamentos, a dependência financeira e tecnológica se mostrava cada vez mais perversa. O problema geral é que utilizávamos uma tecnologia industrial e produtiva importada, que não era adequada à dinâmica econômica e institucional da periferia subdesenvolvida.
A periferia não tinha condições de absorver a força de trabalho, isso por causa de insuficiência de poupança e utilização de tecnologias intensivas em capital. Existia uma dependência tecnológica na periferia. A periferia estaria utilizando a tecnologia gerada exogenamente, no centro, em condições de dotação de recursos totalmente distintas, e seu emprego implicava sobreutilização do recurso escasso, capital, em detrimento do recurso abundante, trabalho.
Os setores industriais além de não utilizarem a mão de obra abundante presente na periferia, ainda eram cada vez mais intensivos em escala e capitais. Ou seja, empregavam cada vez menos mão-de-obra e exigiam cada vez mais mercado consumidor.
Era preciso criar um núcleo endógeno de pregresso tecnológico e científico, notadamente alinhado com o subdesenvolvimento latino-americano e com a grande massa de desempregado presentes nas nossas economias. Mais recentemente, autores cepalinos analisam a necessidade de elevar a agregação de valor intelectual às exportações, via elaboração de produtos primário-exportadores e produtos industriais com elasticidade renda-demanda alta.
A CEPAL propõe a TPE (Transformação produtiva com equidade). Era preciso ter maior competitividade internacional “autêntica”, baseada em incorporação deliberada e sistemática do progresso técnico ao processo produtivo. A competitividade é buscada visando toda uma rede de vinculações entre agentes produtivos e infra-estrutura física e educacional. Nessa esteira de pensamento existem escritos sobre a necessidade de crescer estruturalmente com equidade e amplo progresso tecnológico.
Com outras palavras:
Nossa industrialização estava dependente comercial, financeira e tecnologicamente de um perfil imperialista internacional. Éramos parte da expansão imperialista internacional e do modelo de exploração imperialista de regiões subdesenvolvidas, que enriqueciam os centros e as elites econômicas locais.
Os padrões tecnológicos e de consumo eram importados do “centro” para a “periferia” por meio das empresas transnacionais, que impunham um padrão de produção que não era compatível com os trabalhadores e as instituições da periferia. Somente uma pequena parcela da população da periferia estava integrada ao mundo moderno. 
Heterogeneidade estrutural:
	Nossa sociedade da periferia tendia a concentrar de forma desigual os avanços tecnológicos, RENOVANDO A VELHA ESTRUTURA arcaica colonial agro-exportadora. Ou seja, assim como para os dependentistas a industrialização não tinha eliminado a dependência, apenas a havia alterado, a industrialização não eliminava a heterogeneidade estrutural, apenas modificava seu formato. O subdesenvolvimento era um processo que dava mostras de perpetuar-se, apesar do crescimento econômico.
Existia na periferia um exército de mão de obra desempregada ou subutilizada, além dessa mão de obra esta desempregada, as técnicas produtivas presente na periferia eram ineficazmente absorvedoras de mão de obra, assim como as máquinas e a tecnologia importada dos países centrais. A nova organização industrial, com moldes internacionais, também era uma péssima absorvedora de mão-de-obra, já que a indústria estrangeira não tinha que lidar com os mesmos problemas do excesso de mão de obra que a periferia tinha disponível. As técnicas produtivas importadas dos países centrais eram inadequadamente absorvedoras de mão-de-obra.
TEXTO DO BRITTO A RESPEITO DO KALDOR
Questão 2) Verdoorn
rt = ra  λyt
A Lei de Verdoorn tem importância vital no modelo de crescimento com causação circular cumulativa, pois mostra que a natureza cumulativa e circular do modelo depende crucialmente do coeficiente de Verdoorn (λ), mostrando com isso diferenças significativas nas taxas de crescimento das economias.
A Lei de Verdoorn mostra a regularidade da associação entre a taxa de crescimento do produto e a taxa de crescimento da produtividade. Na equação ra é o crescimento autônomo da produtividade do trabalho e λ é a elasticidade do crescimento da produtividade em relação ao crescimento da produção, ou coeficiente de Verdoorn.
Essa é a equação é fundamental uma vez que cria a possibilidade de crescimento cumulativo. O crescimento do produto aumenta a produtividade do trabalho, reduzindo o preço dos bens domésticos que leva, consequentemente, a uma novarodada de crescimento das exportações.
↑ Crescimento do produto λyt = ↑ taxa de produtividade do trabalho (rt) ↓ reduzindo preço dos bens domésticos (pdt)
Dixon e Thirlwall (1975) argumentam que o impacto do coeficiente de Verdoorn sobre o crescimento do produto é mais aparente quando um país obtém uma vantagem na produção de bens com elasticidades renda da demanda mais elevada; bens que são comumente produzidos no setor industrial, caracterizado por rendimentos crescentes de escala.
Outras teorias do desenvolvimento:
1) Competitividade preço e não-preço
O problema da Lei de Verdoorn é a conexão do crescimento do produto a novas expansões das exportações via Lei de Verdoorn. Outras teorias do desenvolvimento mostram a pouca participação do fator preço nessa análise. Essa limitação é ainda mais pronunciada quando o modelo de crescimento com restrição do balanço de pagamentos é considerado.
2) Catching-up
Outros autores criticam modelo original mostrando que ele é insuficiente para descrever as distintas dinâmicas de crescimento dos países. Em particular, o autor questiona o fato de que no modelo original a única conexão entre o crescimento da produtividade e o crescimento das exportações se dá através da competitividade via preços. O catching-up e o lock-in servem para mostrar parâmetros de competitividade via não-preço na dinâmica do aumento da taxa de crescimento das exportações, a exemplo da escola neo-schumpeteriana e dos avanços tecnológicos de cada país.
Esses avanços tecnológicos gerados pela teoria da destruição criativa de Schumpeter criariam novos produtos e melhora na qualidade dos mesmos. Fatores como Learning by doing, Learning by using e etc. entram nesse modelo.
3) Path Dependence e Lock-in (teclado)
Para Kaldor, o crescimento econômico é um processo histórico. Entretanto, os modelos de crescimento cumulativo (Dixon e Thirlwall) e crescimento restrito pelo balanço de pagamentos (Dixon e Thirlwall) são modelos de equilíbrio. Nesse sentido, ao invés de determinada exogenamente pelos parâmetros, a taxa de crescimento corrente é parcialmente dependente do desempenho passado da economia. Dessa forma, para ficar mais semelhante a Kaldor, as elasticidades renda da demanda por importações e exportações, assumidas até o momento como exógenas, devem ser incorporadas ao modelo usando uma função endógena.
4) Inovação e competitividade não-preço
Existe também a discussão da competitividade internacional via os custos relativos da unidade de trabalho, chamado de RULC. Essa teoria é chamada de Paradoxo de Kaldor.
5) A abordagem multi-setorial da Lei de Thirlwall
Conforme analisado, a elasticidade-renda da demanda por bens industriais é superior à dos primários. Diferenças na demanda setorial, dada à estrutura produtiva da economia, portanto, afetariam a taxa de crescimento da economia como um todo. Autores incorporaram os estudos de Pasinetti, construindo assim um modelo norte-sul, que difere as elasticidades de demanda das importações e das exportações das economias.
6) Um modelo Kaldoriano de economia dual
No modelo proposto, o setor chamado de moderno engloba não somente a indústria, como também parte da agricultura e serviços modernos, sendo sujeitos a retornos crescentes, enquanto o setor de subsistência (ou informal) é caracterizado por retornos decrescentes. O modelo apresentado verifica que aumentos na produtividade estimulam elevações do emprego no setor moderno reduzindo o emprego no setor de subsistência.
Além desses autores, a teoria de Kaldor se relaciona com autores Neo-Schumpeterianos quando trata das inovações tecnológicas que auferem ganhos de produtividade e consequentemente maior produção, permitindo aumento das exportações e crescimento econômico. Além de autores como Kalecki e Pasinetti.
Questão 3)
THIRLWALL
Kaldor diz que a taxa de crescimento da demanda, mais especificamente a taxa de crescimento das exportações, assim como a existência de retornos crescentes de escala no setor manufatureiro, são os principais fatores explicativos da taxa de crescimento do PIB e suas disparidades entre países. Contudo, Thirlwall foi o primeiro a argumentar que na versão original do modelo de causação cumulativa a taxa de crescimento predita não tem um limite superior, enquanto na prática o balanço de pagamentos constitui um limite para a taxa de crescimento do PIB. Contudo, complicações no balanço de pagamentos podem criar limites para o crescimento muito antes que a limite da capacidade produtiva de curto prazo seja atingida.
Se os preços relativos não afetarem o equilíbrio no BP de maneira significativa no longo prazo, isto é, se os termos de troca são neutros, a equação (13) pode ser simplificada para:
(14)
(14a)
Nesse caso, a taxa de crescimento de equilíbrio é determinada pela taxa de crescimento das exportações dividida pela elasticidade-renda das importações. A equação (14) mostra que o crescimento liderado pelas exportações é restrito pelo BP na medida em que quanto maior for a elasticidade renda da demanda por importações, maior será a restrição sobre o crescimento. Assim, a importância da taxa de crescimento das exportações para o aumento da taxa de crescimento do PIB é reforçada nessa versão do modelo, uma vez que possui uma dupla função. Em primeiro lugar, conforme argumentou Kaldor, o funcionamento do multiplicador do comércio externo é refletido pelo aumento da demanda agregada ocasionado pelo aumento das exportações. Em segundo lugar, o aumento das exportações proporciona o influxo de moeda estrangeira necessário para permitir que os demais componentes da demanda agregada cresçam, dado que a expansão do consumo e do investimento agregados certamente estarão associados a volumes crescentes de importações. Assim, mesmo que o crescimento do PIB seja derivado em grande medida da dinâmica do mercado interno, o crescimento das exportações viabiliza os requerimentos crescentes de importações sem que o balanço de pagamentos seja deficitário. Esse mecanismo é conhecido como supermultiplicador de Hicks.
O modelo de industrialização por substituição de importações entende exatamente essa discussão ao buscar um equilíbrio na balança de pagamentos, buscando a produção interna daqueles produtos intensivos em tecnologia que antes eram importados, ou seja, é mais interessante exportar produtos intensivos em tecnologia, tendo em vista a elasticidade renda demanda por importações desses produtos. O que se via na América Latina como um há 50 anos atrás era a dependência externa de produtos intensivos em tecnologia (bens de capital, bens industriais e etc.), com isso, estávamos escravizados por uma dinâmica que não permitia o crescimento do PIB pois este está diretamente relacionado a produtividade do trabalho.
(↑ Crescimento do PIB (yt) ↔ ↑ produtiv. Do trabalho ↔ ↑ p das export. ↔ ↑ export.)
O que aumenta a produtividade do trabalho é a tecnologia e crescimento do k/y
É exógena a renda do resto do mundo.
>>>> TÓPICO: Industrialização por substituição de importações
Essa dinâmica acontece na forma como a economia reage a sucessivos estrangulamentos do balanço de pagamentos. Inicia-se com a industrialização espontânea, e por progressivas compressões na pauta de importações a industrialização vai passando de setores de instalação “fáceis”, pouco exigentes em matérias tecnológicas, capital e escala, a segmentos cada vez mais sofisticados e exigentes.

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