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Frieden 
17 – A vitória dos globalizantes
Em 1997, a Malásia enfrentou uma grave crise econômica. O primeiro-ministro Mahathir Bin Mohamad acusou os financistas internacionais de causarem essa crise a partir de ataques a moeda. Essa crise não era exclusiva da Malásia, tendo começado com a moeda tailandesa que, após ataques especulativos, teve que desvalorizar a moeda, seguida de Filipinas, Malásia, Cingapura, Indonésia, Vietnã, Hong Kong, Taiwan e Coreia. Em setembro, todos esses estavam em uma crise que ameaçava todo o desenvolvimento econômico conseguido pelos países até aquele momento. Para o primeiro ministro, os países em desenvolvimento eram submissos aos caprichos dos mercados globais e os operados financeiros ficaram ricos (George Soros foi citado como uma dessas pessoas), empobrecendo os demais. Apesar disso, em pouco tempo a Malásia voltou a crescer e depender da economia internacional, utilizando também de controles monetários e cambiais.
As mudanças técnicas apoiavam a integração econômica mundial, principalmente as inovações de transportes e comunicações que diminuíram os custos das trocas internacionais, dos custos de transações comerciais, dos investimentos e custos de monitoração dos interesses estrangeiros. Com isso, a indústria de alta tecnologia veio a requerer grande volume de P&D, indicando que a rentabilidade passaria a depender de produção ou distribuição em larga escala. Essas invenções tiveram grande impacto nas finanças, tornando mais fácil e veloz a movimentação de recursos, dificultando o controle governamental. 
Esses avanços não alteraram de maneira fundamental as condições do comércio e dos investimentos desde o século XX, mas os custos caíram de forma significativa, tornando as relações econômicas internacionais mais atrativas e tornando-se argumentos de defesa contra o retorno do protecionismo. As mudanças não podiam garantir o comprometimento nacional com os mercados mundiais. Na década de 1980, o envolvimento dos governos na economia passou a ser atacado, dando preferência ao monetarismo, privatização e desregulamentação das empresas públicas, também clamando por medidas de combate a inflação, principalmente pela influencia dos monetaristas. Eles acreditavam que era possível lidar com os problemas econômicos afastando os governos da economia.
Esse cenário tornava urgente privatização e desregulamentação de áreas. EM 1990, as economias estavam mais livres do controle do governo desde a década de 1930, o que também promoveu grande consolidação das empresas privadas. A desregulamentação e a privatização seriam causa e consequência das mudanças tecnológicas e da integração econômica global. As empresas que passaram por mudanças também foram as que mais evoluíram tecnologicamente e tinham maior importância nos mercados globais.
O consenso de Washington (também conhecido por livre mercado, neoliberalismo e ortodoxia) tornou-se o principio das discussões de política economia, repercutindo com grande forte no mundo em desenvolvimento.
A vitória do monetarismo sobre o keynesianismo é exemplo de como a ideologia pode mascarar motivações pragmáticas. A decisão de trabalhar com metas de base monetária, considerada uma vitória pelos monetaristas, nada mais era que uma medida do Fed para mostrar uma maior ênfase nos negócios. Transformações políticas levaram a mudanças na política economia, como um aumento no tamanho e na coordenação das indústrias e uma crescente preocupação popular com desemprego, inflação e baixo crescimento.
A liberalização e integração também eram buscadas pelas indústrias, por aumentar a importância da economia global para muitas, já que empresas de alta tecnologia só eram viáveis com mercados globais. Além disso, a facilidade de circulação do dinheiro aumentou o desejo de integração econômica internacional e grupos de investidores e companhias pressionavam o governo para a adoção de políticas abertas.
Economias recentemente industrializadas podiam usar sua mão de obra para produzir bens industriais básicos para os mercados e as corporações internacionais podiam combinar o gerenciamento de alta tecnologia, P&D do norte com a industrialização de baixo custo do sul. Mas as novas indústrias ameaçam as antigas, a Europa passava por estagnação e os Estados unidos foram invadidos por importações baratas. A resposta foi protecionista, utilizando de barreiras não tarifárias. Isso gerou uma tendência de compensação. Apesar da busca por proteção, as indústrias de países industrializados necessitavam de mão de obra e outros produtos do sul. As décadas de 70 e 80 foram de conflitos políticos na Europa e Am. Norte. Os poderosos defensores de uma integração global mais ampla bateram de frente com adversários influentes e, no final, derrotaram seus adversários, forçando o recuo de nacionalismo economia, trabalhismo, esquerda e compromisso com política social.
 
Os esforços de estabilização e regulação de mercados eram apoiadas por financistas (como Soros), que acreditavam nos mercados internacionais, mas, para se assegurarem, também queriam evitar os conflitos políticos e sociais que haviam causado problemas para as finanças internacionais no passado. Soros transformou-se na voz das ações governamentais no sentido de garantir um mundo seguro para os mercados globais, assim como tinha sido um poderoso defensor da redução da intervenção dos governos da Europa central e do leste, a fim de torná-la hospitaleira às sociedades de mercado.
O sistema financeiro global mantinha trilhões e movimentava centenas de bilhões de dólares ao redor do mundo, com velocidade e eficiência extraordinárias. Nem governos, nem cidadãos podiam ignorar as opiniões e as ações dos investidores internacionais, e o mercado global de capitais gerou restrições à economia e à política no mundo todo.
A abertura economia da Europa central, do leste, da China e índia levou um terço da população mundial ao mercado. Apesar disso, a América do Norte e a Europa Ocidental definiram o curso mundial, pela participação na economia mundial. Duas grandes áreas de comércio surgiram, a União Europeia e parte do hemisfério ocidental (liderado pelos EUA), sendo que ainda havia dúvidas se os acordos regionais eram auxílios ou obstáculos a uma economia mundial integrada. O novo regionalismo era internacionalista, com um grande mercado consumidor e possibilidade de fortalecimento de negócios. A consolidação da década de 1990 se tornou peça importante no processo de globalização econômica, com melhoria de posição de mercado para muitas empresas em diversos países. Os avanços na integração econômica regional foram parte do sucesso generalizado dos defensores do internacionalismo econômico.

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