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Unidade 5

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UNIDADE 5
Produção acadêmica: tipos de 
trabalhos científi cos
Objetivos de aprendizagem
� Distinguir os tipos de resumo e conhecer os principais 
procedimentos para resumir.
� Conceituar e identifi car a estrutura da resenha critica.
� Identifi car os tipos e a estrutura da fi cha de leitura.
� Distinguir os tipos de paper.
� Conhecer a estrutura do projeto de pesquisa.
� Conhecer os tipos e a estrutura do artigo científi co.
� Conceituar relatório técnico-científi co e monografi a.
Seções de estudo
Seção 1 Resumo
Seção 2 Resenha crítica
Seção 3 Fichamento
Seção 4 Paper
Seção 5 Artigo científi co
Seção 6 Projeto de pesquisa
Seção 7 Relatório técnico-científi co
Seção 8 Monografi a
5
154
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Um trabalho acadêmico, segundo a Associação Brasileira 
de Normas Técnicas (2005), consiste num “documento 
que representa o resultado de estudo, devendo expressar 
conhecimento do assunto escolhido, que deve ser 
obrigatoriamente emanado da disciplina, módulo, estudo 
independente, curso, programa e outros ministrados. Deve ser 
feito sob a coordenação de um orientador”. 
Nesta unidade você conhecerá os principais tipos de trabalhos 
acadêmicos solicitados no cotidiano da vida universitária: o 
conceito, os tipos e os principais procedimentos para resumir, 
para fazer fi chamentos, papers, artigo científi co, projeto de 
pesquisa, relatório técnico-científi co e monografi a. 
— Após o estudo dessa unidade, realize as atividades de auto-
avaliação sugeridas no fi nal. Elas ajudarão você a estudar o conteúdo 
desta disciplina de maneira estruturada.
SEÇÃO 1 - Resumo
O resumo é a apresentação concisa das principais idéias de um 
texto. Resulta da capacidade analítica e compreensiva que o leitor 
adquire no momento em que faz sua leitura. Quanto mais se tem 
domínio e compreensão do texto, maior será a capacidade de 
síntese e de apresentação de forma breve.
Na apresentação do resumo, o aluno deve evitar a manifestação 
de opinião sobre o tema ou analisá-lo criticamente. O acréscimo 
da crítica no resumo caracteriza um outro tipo de trabalho, 
denominado resumo crítico ou resenha crítica.
No meio acadêmico, o desenvolvimento de um resumo é 
importante, por que permite “[...] em rápida leitura, recordar o 
essencial do que se estudou e [apresentar] a conclusão a que se 
chegou” (GALLIANO, 1986, p. 89).
Sobre esse assunto você 
estudará na próxima seção 
desta unidade.
155
Ciência e Pesquisa
Unidade 5
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003b), 
existem três tipos de resumos, que são:
Resumo crítico: resumo redigido por especialistas com 
análise crítica de um documento. Também chamado de 
resenha. [...].
Resumo indicativo: indica apenas os pontos principais 
do documento, não apresentando dados qualitativos, 
quantitativos etc. De modo geral, não dispensa a consulta 
ao original.
Resumo informativo: informa ao leitor fi nalidades, 
metodologia, resultados e conclusões do documento, de 
tal forma que este possa, inclusive, dispensar a consulta 
ao original.
O resumo é útil para difundir as idéias contidas em obras 
de diversos tipos, como também, para favorecer ao leitor a 
possibilidade de escolha ou consulta do texto no original.
Quais procedimentos devem ser seguidos na 
elaboração de um resumo?
Para elaborar um resumo você deve seguir os seguintes 
procedimentos:
a) Leitura integral para adquirir uma visão de conjunto 
da unidade (capítulo). Alguns alunos preferem não fazer 
a leitura integral do texto achando que vão perder tempo e 
partem logo para a elaboração do resumo, mas, ao contrário 
do que se pensa, a leitura integral do capítulo permitirá 
uma visão ampla da estrutura do texto, possibilitando 
diferenciar o que é essencial e o que é secundário.
b) Delimitação das unidades de leitura do texto. Delimitar 
signifi ca decompor as partes constitutivas do texto. Cada 
unidade de leitura possui um sentido completo e é composta 
por: idéia central ou diretriz, explicitação da idéia e 
conclusão. Aprendemos em linguagem e produção textual 
que a função do parágrafo é apresentar uma idéia nova com 
�
�
�
156
Universidade do Sul de Santa Catarina
uma totalidade de sentido, aprendemos que devemos mudar de 
parágrafo quando mudamos a idéia no texto. Esse procedimento 
fez com que por um período muito longo da história os autores 
escrevessem parágrafos longos. 
Entretanto, hoje, os autores preferem escrever textos com 
parágrafos breves, curtos e, muitas vezes, um parágrafo não dá 
conta de apresentar o sentido completo da informação. Assim, é 
possível que encontremos textos onde os autores utilizam mais 
de um parágrafo para expor uma idéia. Por isso, é importante 
separar as unidades de leitura do texto, decompondo-o 
analiticamente, antes de iniciar o resumo. 
c) Esquematização (na forma de tópicos) ou preparação das 
anotações da leitura. Consiste na estruturação gráfi ca e visual do 
texto com divisões e subdivisões. O esquema pode ser elaborado 
por meio de chaves, marcadores ou divisão numérica das idéias. 
A esquematização do texto servirá de base para a redação do 
resumo.
d) Redação do resumo com frases breves e objetivas. Observe 
as sugestões apresentadas por Marconi e Lakatos (2003, p. 69, 
grifo do autor) para a redação da ordem em que aparecem as 
idéias no texto:
a) conseqüências (quando se empregam palavras tais 
como: em conseqüência, por conseguinte, portanto, por 
isso, em decorrência disso etc.);
b) justaposição ou adição (identifi cada com expressões de 
tipo: e, da mesma forma, da mesma maneira etc.);
c) oposição (com a utilização das palavras: porém, 
entretanto, por outra parte, sem embargo etc.);
d) incorporação de novas idéias;
e) complementação do raciocínio;
f) repetição ou reforço de idéias ou argumentos;
g) justaposição de proposições (por intermédio de um 
exemplo, comprovação etc.);
h) digressão (desenvolvimento de idéias até certo ponto 
alheias ao tema central do trabalho).
157
Ciência e Pesquisa
Unidade 5
Acompanhe, a seguir, exemplos de resumo indicativo e 
informativo, elaborados com base nos procedimentos citados 
nesta seção. Observe que as palavras grifadas indicam que o 
resumo indicativo está dentro do resumo informativo:
Resumo indicativo:
LUCKESI, Cipriano Carlos et al. O leitor no ato 
de estudar a palavra escrita. In:______. Fazer 
universidade: uma proposta metodológica. 2. ed. 
São Paulo: Cortez, 1985. cap. 3, p. 136-143.
Estudar signifi ca o ato de enfrentar a realidade. 
O enfrentamento da realidade pode ocorrer pelo 
contato direto ou indireto do sujeito que conhece 
com o objeto que é conhecido. As duas formas de 
estudar (direta ou indireta), podem ser classifi cadas 
como críticas ou a-críticas. O leitor poderá ser sujeito 
ou objeto, dependendo da postura que assume 
frente ao texto.
Resumo informativo:
LUCKESI, Cipriano Carlos et al. O leitor no ato 
de estudar a palavra escrita. In:______. Fazer 
universidade: uma proposta metodológica. 2. ed. 
São Paulo: Cortez, 1985. cap. 3, p. 136-143.
Estudar signifi ca enfrentar a realidade para 
compreendê-la e elucidá-la. Este enfrentamento 
pode ocorrer, de um lado, pelo contato direto do 
sujeito com o objeto. Isso se dá quando o sujeito 
opera “com” e “sobre” a realidade. De outro lado, o 
enfrentamento pode ocorrer pelo contato indireto. 
Neste caso, o sujeito recebe o conhecimento 
por intermédio de outra pessoa ou por símbolos 
orais, mímicos, gráfi cos, etc. O ato de estudar 
indiretamente crítico equivale à objetividade 
na elucidação. O ato de estudar indiretamente 
crítico equivale a descrição da realidade como 
ela é, sem magnetização pela comunicação em si. 
A atitude a-crítica corresponde à abdicação da 
capacidade de investigar, à alienaçãoe à retenção 
mnemônica. O leitor que assume uma postura 
de objeto frente ao texto de leitura é verbalista, ou 
seja, a aprendizagem não se dá pela compreensão, 
mas pela reprodução intacta e mnemônica das 
informações. O leitor sujeito, por outro lado, 
compreende e não memoriza, avalia o que lê e tem 
uma atitude constante de questionamento. 
158
Universidade do Sul de Santa Catarina
Os resumos que precedem trabalhos científi cos assumem 
características diferentes dos resumos de textos didáticos, são 
normatizados pela NBR 6028 da Associação Brasileira de 
Normas Técnicas (2003) e devem ressaltar o objetivo, o método, 
os resultados e as conclusões do trabalho.
A extensão dos resumos científi cos conforme a Associação 
Brasileira de Normas Técnicas (2003, p. 2) deve ter: 
a) de 150 a 500 palavras para trabalhos acadêmicos 
(teses, dissertações e outros) e relatórios técnico-
científicos; 
b) de 100 a 250 palavras para artigos de periódicos;
c) de 50 a 100 palavras para indicações breves. 
O resumo do artigo escrito por Guimarães e outros (2006, grifo 
nosso), publicado pela Revista de Nutrição, indica, de forma clara 
a estrutura de um resumo que precede trabalhos científi cos. Leia: 
Fatores associados ao sobrepeso em escolares
Objetivo: Identifi car variáveis associadas ao sobrepeso 
em escolares de Cuiabá, MT, Brasil. Métodos: Foi feito 
um estudo de caso-controle a partir de um inquérito 
antropométrico, aplicado em uma amostra aleatória 
de alunos da primeira série do ensino fundamental, 
com idades entre 6 e 11 anos. Foram incluídos, como 
casos, os 158 escolares que apresentaram sobrepeso 
(índice de massa muscular >P85) e, como controles, 316 
crianças sorteadas entre as que apresentaram índice de 
massa muscular<P85. Informações socioeconômicas, 
do domicílio, da família e de atividade física dos 
escolares foram obtidas por meio de entrevistas. Foram 
tomadas medidas de peso e altura da criança e dos 
pais por antropometristas treinados. Os dados foram 
submetidos à análise de regressão logística múltipla 
hierarquizada. Resultados: O sobrepeso foi maior em 
escolares com renda familiar per capita >3 salários 
mínimos (OR= 3,75), que tinham mães de idade 
entre 25 e 29 anos (OR=1,74) e com nível mais alto 
de escolaridade (OR=1,91) e com história de apenas 
uma união conjugal (OR=2,53); também foi maior nos 
escolares, de sexo feminino (OR=2,15), que possuíam 
159
Ciência e Pesquisa
Unidade 5
no máximo um irmão (OR=1,94), brincavam <10h por 
semana (OR=2,58), tinham mães e pais com índice de 
massa muscular >30 (OR= 7,27 e 2,65, respectivamente) 
e nasceram com peso >3500g (OR= 2,27). Conclusão: 
Os resultados apontam que variáveis de diferentes 
níveis hierárquicos se associam na confi guração de 
contextos favoráveis ao aumento do sobrepeso em 
escolares e fornecem subsídios para o desenvolvimento de 
intervenções que considerem os grupos mais vulneráveis à 
presença de sobrepeso.
SEÇÃO 2 - Resenha crítica
A Resenha Crítica é uma modalidade de trabalho científi co que 
consiste no desenvolvimento de uma síntese sobre uma obra, 
no sentido de expressar um juízo de valor acerca do assunto 
abordado. Corresponde à apreciação crítica de um texto com o 
objetivo de discussão das idéias nele contidas.
Segundo Oliveira Netto (2005, p. 73), a resenha pode ser 
defi nida como “a apresentação do conteúdo de uma obra, 
acompanhada de uma avaliação crítica ou indicativa”. Este 
resumo deve apresentar as idéias da obra, a avaliação das 
informações e a forma como foram expostas, bem como a 
justifi cativa da avaliação desenvolvida no resumo.
Para proceder a essa avaliação, é necessário que se recorra ao 
posicionamento de outros autores da comunidade científi ca em 
relação às defendidas pelo autor da obra criticada, estabelecendo 
uma espécie de comparação principalmente no que se refere ao 
enfoque, método de investigação e forma de exposição das idéias. 
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003), por 
meio da NBR 6028, denomina a resenha de resumo 
crítico. 
Normalmente, a Resenha é desenvolvida por especialistas, pois 
exige, por parte do resenhista, conhecimento completo da obra, 
capacidade crítica e maturidade intelectual. Salvador (1979 apud 
160
Universidade do Sul de Santa Catarina
MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 264) apresenta os seguintes 
requisitos básicos para a elaboração de uma resenha crítica: 
a) conhecimento completo da obra;
b) competência na matéria;
c) capacidade de juízo de valor;
d) independência de juízo;
e) correção e urbanidade;
f) fidelidade ao pensamento do autor.
A apresentação da estrutura da resenha crítica pode variar 
de autor para autor. Em geral, dois elementos são essenciais: 
o resumo e a crítica. Dos diversos modelos encontrados na 
literatura de metodologia científi ca adotamos aqui o roteiro 
descrito por Marconi e Lakatos (2003, p. 264) apresentado a 
seguir:
a) Obra – apresentação dos dados de identificação da 
referência bibliográfica.
b) Credenciais da autoria – nacionalidade, formação 
acadêmica, outras obras escritas pelo autor.
c) Conclusões da autoria – síntese das principais 
conclusões da obra apresentada no final de cada 
capítulo ou no final da obra. 
d) Digesto – resumo das principais idéias dos capítulos 
ou da obra como um todo;
e) Metodologia da autoria – descrição do tipo de 
método e das técnicas utilizadas pelo autor da obra.
f) Crítica do resenhista – julgamento da obra do ponto 
de vista da coerência e consistência na argumentação, 
originalidade, emprego adequado de métodos e 
técnicas, contribuição para o desenvolvimento da 
ciência e estilo empregado. É importante salientar que 
a crítica deve ser bem fundamentada e o resenhista 
deve confrontar as idéias da obra com outras idéias de 
outras obras e autores.
161
Ciência e Pesquisa
Unidade 5
g) Indicação do resenhista – indicação da obra para qual 
público (estudantes, especialistas) e para qual curso ou 
área do conhecimento.
— Nessa seção você conheceu mais uma modalidade de trabalho 
científi co: Resenha Crítica que em outras palavras, é uma síntese na 
qual você expressa um juízo de valor. A próxima seção convida você a 
estudar sobre o fi chamento. Bom estudo!
SEÇÃO 3 - Fichamento
A leitura é uma atividade constante na vida acadêmica e se torna, 
no decorrer do curso, a base de sua formação. Você é sujeito 
ativo de sua aprendizagem e não pode esperar que tudo seja 
transmitido pelos professores. A iniciativa de aprender sempre 
deverá ser sua.
O estudante tem de se convencer de que sua 
aprendizagem é uma tarefa eminentemente pessoal; tem 
de se transformar num estudioso que encontra no ensino 
escolar não um ponto de chegada, mas um limiar a partir 
da qual constitui toda uma atividade de estudo e de 
pesquisa [...] (SEVERINO, 2000, p. 35).
A leitura é um instrumento de aprendizagem que 
permite a você ter o conhecimento e a compreensão 
do mundo, por isso, você deve ser especialista nela.
Você pode perceber que estamos diante de uma cultura que se 
complexifi ca a cada dia que passa e nem sempre se consegue 
assimilar o conjunto das informações que nos rodeia. E, 
dependendo da leitura que estamos fazendo, seja pelo interesse ou 
pela necessidade, algumas anotações precisam ser feitas.
A maneira mais adequada para reter essas informações é o 
registro em algum suporte físico. Achar que a memória vai dar 
conta de armazenar tudo, é um grande engano. Na memória, 
infelizmente, não podemos confi ar.
162
Universidade do Sul de Santa Catarina
A fi cha de leitura pode se tornar um instrumento útil no 
momento da recuperação de uma informação e pode ser realizada 
com diferentes fi ns:
a) como instrumento de coleta de dados na realização de 
uma pesquisa bibliográfica; 
b) como trabalho acadêmico em disciplinas de graduaçãoe pós-graduação; 
c) como preparação de textos na apresentação oral de 
trabalhos em sala de aula; e, 
d) como um instrumento auxiliar na leitura e registro das 
idéias de um texto.
Quando se fala em fi cha de leitura automaticamente pensamos 
naquele papel de cartolina que é vendido em livrarias e que 
possui em média 10,5 x 15,5cm. Entretanto, com os recursos 
disponibilizados pela tecnologia, é possível fazer os registros 
diretamente no computador e depois imprimi-los em papel A4.
Para fazer a fi cha de leitura, primeiramente, é necessário 
delimitar a unidade de leitura do texto.
Unidade de leitura pode ser compreendida com 
sendo um setor do texto que possui um sentido 
completo, ou seja, um livro, um capítulo de um livro, 
um artigo científi co, uma matéria de jornal ou revista, 
ou qualquer outro texto que precise ser estudado.
Classifi cação das fi chas
De maneira geral, as fi chas podem ser classifi cadas em 2 tipos: 
bibliográfi ca e temática. A bibliográfi ca, como o próprio nome 
diz, ocupa-se de uma obra e, a temática, de um tema pesquisado 
em várias obras.
163
Ciência e Pesquisa
Unidade 5
Se o objetivo é fazer a leitura e apontamentos da obra 
“A semente da vitória”, de Nuno Cobra, teríamos um 
fi chamento bibliográfi co. Mas se o objetivo é a leitura 
e a tomada de apontamentos sobre o tema “sono”, em 
várias obras, teríamos um fi chamento temático.
As atividades desenvolvidas na leitura também podem servir para 
classifi car os tipos de fi cha. No momento da leitura podemos 
resumir, transcrever fragmentos considerados importantes ou 
simplesmente comentar analiticamente o texto.
Dessas atividades podem resultar a fi cha resumo, a fi cha de 
citação e a fi cha de comentário analítico. Acompanhe a seguir.
a) Ficha resumo - resumir signifi ca apresentar de forma concisa 
as principais idéias de um texto. O resumo deve ser elaborado na 
fase da leitura analítica, no exato momento em que conseguimos 
assimilar e compreender as idéias do texto. Quanto maior a 
compreensão das idéias, tanto maior será nossa capacidade 
resumir. Veja os procedimentos para a elaboração do resumo na 
seção 1 desta unidade. 
b) Ficha de citação - nesse tipo de fi cha copia-se literalmente, na 
forma de transcrição textual (cópia fi el), fragmentos considerados 
relevantes para o estudo do texto. A parte a ser transcrita não 
deverá ser muito extensa, pois não faz muito sentido copiar por 
copiar. As fi chas desse tipo podem dar origem às citações no 
texto quando se está elaborando um trabalho acadêmico. 
c) Ficha de comentário analítico – nessas fi chas podem ser 
registradas as nossas refl exões sobre o material que está sendo 
lido (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2003, p. 233). As 
refl exões podem resultar em: 
� afinidade - quando a análise manifesta nossa 
concordância e aceitação das idéias do texto; 
164
Universidade do Sul de Santa Catarina
� antagonismo – quando manifestamos discordância 
e, neste caso, é importante fundamentar bem nossas 
idéias com argumentos lógicos e convincentes, pois 
simplesmente não podemos discordar por discordar; e 
� conexões com outras idéias – neste caso, podemos 
comparar as idéias do autor com as idéias de outros 
autores e, assim, possuir uma visão mais ampla sobre o 
tema.
A estrutura da fi cha de leitura é constituída de três partes: 
cabeçalho, referência e texto. No cabeçalho deve aparecer o título 
ou assunto da fi cha; na referência os elementos de identifi cação 
da e no texto o conteúdo da fi cha (resumo, transcrição ou 
comentário). Veja o exemplo:
TÍTULO DA FICHA
Referência
Espaço livre para você inserir o texto (resumo, transcrição ou comentário 
analítico).
SEÇÃO 4 - Paper
O paper é um trabalho científi co que tem como objetivo 
principal analisar um tema/questão/problema, por meio do 
desenvolvimento de um ponto de vista de quem o escreve. O 
paper geralmente trata do particular ou da essência do problema.
Se o autor apenas compilou informações sem fazer 
avaliações ou interpretações sobre elas, trata-se 
simplesmente de um relato e não de um paper. Assim, 
a composição de um paper decorre do estudo e do 
posicionamento de quem o escreve. Para isso, o autor do paper 
deve manter certo distanciamento crítico ou evitar, na medida 
do possível, deixar transparecer suas crenças e preferências.
Veja como fazer 
referências na Unidade 6.
165
Ciência e Pesquisa
Unidade 5
Segundo Heerdt e Leonel (2005, p. 141), neste tipo de 
trabalho “[...] as refl exões devem ser mesmo do autor do paper” 
caracterizando-o principalmente pela originalidade. 
Conforme Roth (apud MEDEIROS, 1996, p. 186), para a 
composição do paper é necessário seguir cinco passos: “1) escolher 
o assunto; 2) reunir informações; 3) avaliar o material; 4) 
organizar as idéias; e 5) redigir o paper”.
Quanto à estrutura do paper, assim se organiza: folha 
de rosto; sinopse, introdução (objetivo e delimitação 
do tema); desenvolvimento; conclusão e referências.
Position paper
Segundo Heerdt e Leonel (2005, p. 143), o position paper consiste 
no desenvolvimento da: 
capacidade de refl exão e criatividade [do aluno] diante do 
que está escrito (livro, artigo, revista, jornal, etc.), diante 
do que é apresentado (palestra, congresso, seminário, 
curso, etc.) e também diante do que pode ser observado 
numa determinada realidade (empresa, projeto, entidade, 
viagem de estudos, etc.).
Sua composição decorre do posicionamento de quem o 
escreve, exigindo, também, revisão de literatura para conhecer 
e sistematizar o posicionamento de outros autores sobre o tema/
questão/problema. 
Para Heerdt e Leonel (2005, p. 144), a estrutura do position 
paper é assim organizada: capa; folha de rosto; sumário; 
introdução (objetivo, delimitação do tema, metodologia); revisão 
bibliográfi ca sobre o assunto (no mínimo, dois outros autores); 
refl exão e posicionamento do autor sobre o assunto; conclusão; 
referências.
166
Universidade do Sul de Santa Catarina
Paper – comunicação científi ca
É a informação concisa que se apresenta em congressos, 
simpósios, reuniões, academias, sociedades científi cas, expostos 
em tempo reduzido. “Sua fi nalidade é fazer conhecida a 
descoberta e os resultados alcançados com a pesquisa, podendo 
por fi m fazer parte de anais [ou revistas]” (HEERDT; 
LEONEL, 2005, p. 142). 
A comunicação não necessita de abrangência de aspectos 
analíticos, compondo-se basicamente da introdução, do 
desenvolvimento e da conclusão. 
SEÇÃO 5 - Artigo científi co
Na vida acadêmica, são várias as atividades de pesquisa 
realizadas, tanto pelo corpo docente como pelo discente. Essas 
atividades resultam de trabalhos didáticos e científi cos elaborados 
freqüentemente nas disciplinas, cursos ou em grupos de pesquisa. 
Os trabalhos didáticos e científi cos, muitas vezes, pelo nível de 
excelência que apresentam, são merecedores de publicação. As 
instituições de ensino, de maneira geral, e os cursos que a elas 
pertencem, em particular, dispõem de revistas especializadas 
para a publicação desses trabalhos produzidos por alunos e 
professores na forma de artigo científi co.
Artigo científi co pode ser entendido como um trabalho completo 
em si mesmo, mas possui dimensão reduzida. Köche (1997, p. 
149) afi rma que “o artigo é a apresentação sintética, em forma 
de relatório escrito, dos resultados de investigações ou estudos 
realizados a respeito de uma questão”.
Salvador (1977, p. 24) apresenta cinco razões para escrever 
artigos científi cos. São elas:
167
Ciência e Pesquisa
Unidade 5
a) Expor aspectos novos por nós descobertos, mediante 
o estudo e a pesquisa, a respeito de uma questão, ou 
de aspectos que julgamos terem sido tratados apenas 
superfi cialmente, ou soluções novas para questões 
conhecidas; b) expor de uma maneira nova uma questão 
já antiga; c) anunciar resultadosde uma pesquisa, que 
será exposta futuramente em livro; d) desenvolver 
aspectos secundários de uma questão que não tiveram o 
devido tratamento em livro que foi editado ou que será 
editado; e) abordar assuntos controvertidos para os quais 
não houve tempo de preparar um livro.
O artigo é um meio de atualização de informações e por isso, 
enquanto fonte de pesquisa, jamais pode ser ignorado por alunos 
e professores no processo de busca e aquisição de conhecimentos.
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003) 
os artigos são classifi cados em dois tipos: original e revisão. 
O artigo original “parte de uma publicação que apresenta 
temas ou abordagens originais [...] (relatos de experiência de 
pesquisa, estudo de caso etc.)”. O artigo de revisão “parte de 
uma publicação que resume, analisa e discute informações já 
publicadas”.
O resumo do artigo escrito por Dalgalarrondo e outros (2004), 
publicado pela Revista Brasileira de Psiquiatria, exemplifi ca um 
artigo original. Acompanhe a seguir:
168
Universidade do Sul de Santa Catarina
Religião e uso de drogas por adolescentes
Introdução: Estudos internacionais e nacionais 
mostram que a religiosidade é um modulador importante 
no consumo de álcool e drogas entre estudantes 
adolescentes. Objetivos: verifi car se diferentes variáveis 
da religiosidade infl uenciam o uso freqüente e/ou 
pesado de álcool e drogas entre estudantes de 1º e 2º 
graus. Métodos: Estudo transversal com uma técnica 
de amostragem do tipo intencional. Foi utilizado 
um questionário anônimo de autopreenchimento. A 
amostra foi constituída por 2.287 estudantes de escolas 
públicas periféricas e centrais e escolas particulares da 
cidade de Campinas, SP, entrevistados no ano de 1998. 
As drogas estudadas foram: álcool, tabaco, solventes, 
medicamentos, maconha, cocaína e ecstasy. As variáveis 
independentes incluídas na análise de regressão logística 
foram: fi liação religiosa, freqüência de ida ao culto/
missa por mês, considerar-se pessoa religiosa e educação 
religiosa na infância. Para identifi car como as variáveis 
de religiosidade infl uenciam o uso de álcool e drogas 
utilizaram-se análises bivariadas e a análise de regressão 
logística para resposta dicotômica. Resultados: O uso 
pesado de pelo menos uma droga foi maior entre os 
estudantes que tiveram educação na infância sem religião. 
O uso no mês de cocaína e de “medicamentos para 
dar barato” foi maior nos estudantes que não tinham 
religião. O uso no mês de ecstasy e de “medicamentos 
para dar barato” foi maior nos estudantes que não 
tiveram educação religiosa na infância. Conclusões: 
Várias dimensões da religiosidade relacionam-se com 
o uso de drogas por adolescentes, com possível efeito 
inibidor. Particularmente interessante foi que uma maior 
educação religiosa na infância mostrou-se marcadamente 
importante em tal possível inibição. 
O resumo do artigo escrito por Pedroso e outros (2006, grifo 
nosso), publicado pela Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, 
exemplifi ca um artigo de revisão. Leia o texto a seguir: 
169
Ciência e Pesquisa
Unidade 5
Expectativas de resultados frente ao uso de álcool, 
maconha e tabaco
Este artigo teve como objetivo realizar uma revisão 
teórica acerca do construto expectativas de resultados 
frente ao uso de álcool, maconha e tabaco. As 
expectativas de resultados são determinadas a partir 
do que as pessoas acreditam acerca dos efeitos de 
determinada droga, sendo uma variável importante no 
tratamento de dependentes químicos. Foram realizadas 
buscas de artigos publicados nas bases de dados 
MEDLINE, PsycINFO, ProQuest, Ovid, LILACS e 
Cork, usando os descritores belief, expectancy, expectation, 
drugs, psychoactive e eff ect. Os resultados demonstraram 
que as expectativas de resultados frente ao uso dessas 
substâncias podem surgir de fontes como: exposição a 
estímulos condicionados, dependência física, crenças 
pessoais e culturais e fatores situacionais e ambientais. 
Conclui-se que ainda há necessidade de novas pesquisas 
quanto às expectativas relacionadas às diferentes 
substâncias psicoativas e faixas etárias para uma melhor 
compreensão deste construto.
Para a publicação de um artigo científi co é necessário que se 
observem as recomendações estabelecidas pela Associação 
Brasileira de Normas Técnicas (2003) que estrutura, de maneira 
geral, os seguintes elementos: pré-textuais, textuais, pós-textuais. 
Os elementos pré-textuais apresentam, na página de abertura, 
as informações que identifi cam o artigo; os elementos textuais 
apresentam os resultados do estudo em três partes logicamente 
encadeadas: introdução, desenvolvimento e conclusão; e 
os elementos pós-textuais apresentam as informações que 
identifi cam o artigo, traduzidos para uma língua estrangeira, 
conforme indicação da própria revista, como também, as 
referências, apêndices e anexos.
170
Universidade do Sul de Santa Catarina
Conheça os itens que compõem cada um dos elementos da 
estrutura de um artigo.
Elementos pré-textuais - os elementos pré-textuais são os 
seguintes:
a) título - contém o termo ou expressão que indica o 
conteúdo do artigo;
b) autoria - nome do autor ou autores, acompanhado de 
um breve currículo em nota de rodapé;
c) resumo - apresenta objetivos, metodologia, resultados 
e conclusões alcançadas. Deve ser elaborado de acordo 
com a Associação Brasileira de Normas Técnicas 
(2003);
d) palavras-chave - termos indicativos do conteúdo do 
artigo.
Elementos textuais - Os elementos textuais são constituídos das 
seguintes partes:
a) introdução - apresenta o tema-questão-problema, 
justifica-o, expõe os objetivos e descreve a metodologia 
que foi adotada na realização da pesquisa;
b) desenvolvimento - apresenta fundamentação teórica e 
os resultados do estudo;
c) conclusão - analisa criticamente os resultados do 
estudo e abre perspectivas para novas investigações.
Elementos pós-textuais - Os elementos pós-textuais são os 
seguintes:
171
Ciência e Pesquisa
Unidade 5
a) título e subtítulo (se houver) - escrito em língua 
estrangeira;
b) resumo - o mesmo resumo que aparece como elemento 
pré-textual, porém escrito em língua estrangeira;
c) palavras-chave - escritas em língua estrangeira;
d) notas explicativas - citadas para evitar notas de 
rodapé;
e) referências - apresenta as obras que foram citadas no 
corpo do artigo conforme a Associação Brasileira de 
Normas Técnicas (2002).
f) Glossário - definição, em ordem alfabética, de termos 
que assumem significado específico no artigo;
g) Apêndice - texto escrito pelo autor, que complementa 
as idéias contidas no desenvolvimento;
h) Anexo - texto não escrito pelo autor, que 
fundamenta, comprova ou ilustra aspectos contidos no 
desenvolvimento;
É importante salientar que nem todas as revistas científi cas 
seguem rigorosamente a ordem dos elementos apresentados nesta 
seção. Alguns itens podem variar de acordo com as necessidades 
e/ou exigência de cada conselho editorial.
Independentemente disso, é importante que professores e 
alunos sintam-se motivados para publicar os resultados de suas 
atividades científi cas ou didáticas.
SEÇÃO 6 - Projeto de pesquisa
Para Gil (2002, p. 19), projeto de pesquisa “[...] é o documento 
explicitador das ações a serem desenvolvidas ao longo do processo 
de pesquisa”. Trata-se, portanto, do documento que nos permite 
planejar todas as ações inerentes à pesquisa. 
172
Universidade do Sul de Santa Catarina
Pesquisa não é pura coleta de dados mas um conjunto 
de ações orientadas por metas e estratégias a serem 
atingidas na tentativa de buscar respostas para um 
determinado problema. 
De modo geral, um projeto de pesquisa deve oferecer respostas às 
seguintes indagações:
Pergunta Indicação
O que pesquisar? 
Determinaçãodo objeto da pesquisa por meio da 
apresentação, principalmente, do tema, delimitação do 
tema e da problematização
Com que base teórica pesquisar? Referencial teórico e/ou marco teórico e/ou revisão de literatura
Por que pesquisar? Justifi cativa
Que ações serão desenvolvidas na pesquisa? Objetivos
Quem pesquisar? Sujeitos
Onde pesquisar? Unidade ou local de observação e/ou coleta de dados
Quando pesquisar? Cronograma
Como pesquisar? Determinação dos métodos e técnicas
Com quanto pesquisar? Orçamento
Modelos de roteiro
É comum encontrar na literatura de metodologia científi ca e da 
pesquisa vários modelos de roteiro de projeto de pesquisa. 
O modelo apresentado a seguir não deve ser entendido como 
único e absoluto, ao contrário, deve ser entendido apenas como 
um roteiro que nos permite entender quais são as etapas que se 
sucedem na elaboração de um projeto.
173
Ciência e Pesquisa
Unidade 5
1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A DELIMITAÇÃO DO 
TEMA E FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
1.1 Tema
1.2 Delimitação do tema
1.3 Problematização
1.4 Justifi cativa
1.5 Objetivos
1.6 Defi nição dos conceitos operacionais
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3 DELINEAMENTO METODOLÓGICO
3.1 Tipo de pesquisa
3.2 População/amostra
3.3 Instrumentos utilizados para a coleta de dados
3.4 Procedimentos utilizados para a coleta de dados
3.5 Tratamento dos dados
4 CRONOGRAMA
5 ORÇAMENTO
REFERÊNCIAS
De acordo com o modelo exemplifi cado, acompanhe, a seguir, o 
signifi cado e as ações a serem desenvolvidas em cada uma dessas 
etapas do projeto de pesquisa.
174
Universidade do Sul de Santa Catarina
Considerações sobre a delimitação do tema e formulação do 
problema
Neste primeiro capítulo você deve apresentar as informações 
relacionadas ao objeto da pesquisa especifi cando o tema, a 
delimitação do tema, a problematização, a justifi cativa, os 
objetivos e os conceitos operacionais. Acompanhe a seguir.
Tema 
Para escolher o tema da pesquisa você deve levar em conta alguns 
fatores: a) interesse pelo assunto; b) qualifi cação intelectual; c) 
existência de bibliografi a especializada; d) disponibilidade de um 
orientador que possa acompanhar a pesquisa; e) tempo disponível 
para a realização da coleta de dados; f) recursos fi nanceiros, 
quando for o caso; g) disponibilidade de material necessário para 
a coleta de dados. 
A não observação de um ou mais fatores pode comprometer o 
curso da investigação e, em alguns casos, a pesquisa poderá sofrer 
solução de continuidade (ser interrompida).
A indicação do tema deve expressar, de modo geral, em dimensão 
abstrata, o assunto da pesquisa. Observe os exemplos em algumas 
áreas do conhecimento:
“Sigilo bancário”
“Ética na advocacia”
“Assédio moral”
“Avaliação da idade óssea”
“Traumatismo na dentição decídua”
“Gestão no esporte”
“Eutanásia”
“Criminalidade”
“Cidadania e movimentos sociais”
“Empreendedorismo”
“Empresa familiar”
175
Ciência e Pesquisa
Unidade 5
Delimitação do tema
Delimitar é indicar a abrangência do estudo; é estabelecer os 
limites extencionais e conceituais do tema. Enquanto princípio 
de logicidade é importante salientar que quanto maior a extensão 
conceitual, menor a compreensão conceitual e, inversamente, 
quanto menor a extensão conceitual, maior a compreensão 
conceitual.
Em outras palavras isto signifi ca dizer que quando se escolhe 
um tema muito abrangente, corre-se o risco de se ter pouco 
domínio ou profundidade. Por isso você deve delimitá-lo em 
uma dimensão viável, não muito abrangente, para poder alcançar 
maior compreensão e domínio sobre as propriedades do assunto.
O enunciado da delimitação do tema, em alguns casos, deve 
incluir os seguintes elementos: a) variáveis principais, b) a 
população a ser estudada, c) o local e o período da pesquisa. 
No exemplo, “Reclamações contra advogados na OAB-SC, 
no período de 2004 a 2006”, a variável a ser estudada seria 
“Reclamações contra advogados”, a população seria os advogados 
da OAB-SC, o local seria a própria OAB-SC e o período seria 
de 2004 a 2006.
Observe outros exemplos de temas delimitados em algumas áreas 
do conhecimento:
176
Universidade do Sul de Santa Catarina
Traumatismo dentário em crianças de 0 a 5 anos 
vacinadas em 2007 em Tubarão,SC (GONÇALVES; 
QUARESMA, 2006).
Avaliação da idade óssea em crianças infectadas pelo 
HIV atendidas no setor de Infectologia do Hospital 
Infantil Joana de Gusmão (HIJG) de Florianópolis, SC. 
(ZEFFERINO; JUNKES, 2006).
O perfi l dos proprietários de empresas familiares da 
Região da Amurel.
Efeitos do tratamento fi sioterapêutico em lesões, 
durante o treinamento físico, que acometem militares 
de um Batalhão de Infantaria do Sul do Brasil 
(TEODORO, 2006).
A efetividade do direito a educação em escolas de 
educação infantil da Rede municipal de ensino do 
Município de Tubarão, SC. (PIRES, 2006)
Cabe salientar que se a pesquisa for puramente bibliográfi ca 
devem-se destacar apenas as variáveis principais. Acompanhe 
alguns exemplos:
A Responsabilidade civil dos pais pelo abandono 
moral dos fi lhos (NORY)
Progressão de regimes nos crimes hediondos 
(CAMPOS)
A legislação brasileira e a efetividade das sanções 
impostas aos transgressores do meio ambiente 
(SILVA)
Problematização
Delimitado o tema, o passo seguinte é a problematização. Para 
que fi que clara e precisa a extensão conceitual do assunto, é 
importante situá-lo em sua respectiva área de conhecimento, 
possibilitando, assim, que se visualize a especifi cidade do objeto 
no contexto de sua área temática. 
177
Ciência e Pesquisa
Unidade 5
Gil (2002, p. 57-58) aponta cinco “regras” para a 
adequada formulação do problema: a) o problema 
deve ser formulado como uma pergunta; b) o 
problema deve ser delimitado a uma dimensão viável; 
c) o problema deve ter clareza; d) o problema deve 
ser preciso; e) o problema deve apresentar referências 
empíricas. 
As regras não são absolutamente rígidas e devem ser moldadas 
de acordo com a especifi cidade do problema. É importante, 
também, lembrar que cada orientador possui uma forma própria 
de problematizar as questões de pesquisa. 
O texto da problematização deve ser encerrado com as perguntas 
de pesquisa. É importante salientar que todo o processo de 
pesquisa será desenvolvido para que se encontrem respostas às 
perguntas que são formuladas nesta seção do projeto. Tome 
cuidado para não apresentar perguntas que estejam fora do 
alcance do tema delimitado. 
Acompanhe o exemplo:
Qual a prevalência de traumatismo dentário em 
crianças de 0 a 5 anos vacinadas em 2007 em 
Tubarão,SC?
Qual o grau da extensão da lesão nos tecidos 
dentários?
Justifi cativa
A justifi cativa situa a importância do estudo e os porquês da 
realização da pesquisa. O texto da justifi cativa, em geral, deve 
apresentar os motivos que levaram à investigação do problema 
e endereçar a discussão à relevância teórica e prática, social e 
científi ca do assunto.
178
Universidade do Sul de Santa Catarina
Objetivos
Os objetivos indicam as ações que serão desenvolvidas para 
a resolução do problema de pesquisa. O objetivo geral é 
apresentado na forma de um enunciado que reúne, ao mesmo 
tempo, todos os objetivos específi cos. 
Os objetivos específi cos informam sobre as ações particulares 
que dizem respeito à análise teórica e aos meios técnicos da 
investigação do problema.
Os objetivos devem ser iniciados com o verbo no 
infi nitivo. Ex. defi nir, identifi car, selecionar, indicar, 
explicar, classifi car, aplicar, avaliar, demonstrar, 
analisar, comparar, diferenciar, criticar, combinar, 
repetir, sumarizar, sintetizar, discutir, organizar, 
relacionar, julgar, determinar, reconhecer, dentre 
outros. 
Os objetivos precisam ser relacionados com a parte teórica eprática da pesquisa. Na parte teórica é importante explicitar 
claramente os objetivos de cada capítulo, permitindo ao 
pesquisador ter uma visão mais concreta do seu plano de estudo 
e, na parte prática, relacioná-los com o instrumento de coleta de 
dados (questionário, formulário, entrevista, dentre outros).
Hipótese(s)
Consiste em apresentar um ou mais enunciados sob forma 
de sentença declarativa e que resolve (em) provisoriamente o 
problema. A pesquisa tratará de buscar respostas que refutam ou 
corroboram as suposições que forem apresentadas. 
Dessa maneira, sua elaboração está ligada diretamente ao 
problema da pesquisa, funcionando como uma espécie de “aposta” 
do pesquisador de que a resposta a que o desenvolvimento da 
pesquisa levará será a mesma ou estará muito perto da resposta 
enunciada na hipótese. Para isso, o seu conteúdo deve ter 
conceitos claros, ser de natureza específi ca e não se basear em 
valores morais (SANTAELLA, 2001).
179
Ciência e Pesquisa
Unidade 5
Defi nição dos conceitos operacionais
Este item consiste em apresentar o signifi cado que os termos 
do problema assumem na pesquisa. Através das defi nições, diz 
Köche (1997, p. 117), [...] “é possível estabelecer os indicadores 
que podem ser utilizados para categorizar as variáveis.” 
É importante salientar que não será possível estabelecer 
instrumentos e procedimentos para coleta de dados, se os 
indicadores das variáveis não estiverem previamente defi nidos.
— Até aqui, você conheceu os itens que compõem a primeira parte 
do roteiro de pesquisa. Estude, a seguir, sobre o segundo elemento do 
roteiro: revisão bibliográfi ca.
Revisão bibliográfi ca
A revisão bibliográfi ca apresenta uma breve discussão teórica 
do problema, na perspectiva de fundamentá-lo nas teorias 
existentes. As idéias apresentadas no texto de revisão devem 
ser organicamente ligadas aos objetivos, hipóteses, defi nição 
conceitual e operacional das variáveis e outros elementos do 
projeto. 
A fundamentação teórica apresentada deve, ainda, servir de base 
para a análise e a interpretação dos dados coletados na fase de 
elaboração do relatório fi nal. Os dados apresentados precisam, 
necessariamente, ser interpretados à luz das teorias existentes.
— Após defi nidos o tema, o problema da pesquisa e realizada a 
discussão teórica, o próximo passo é estruturar a pesquisa quanto aos 
instrumentos para a coleta de dados. Confi ra a seguir.
Delineamento da Pesquisa
O delineamento da pesquisa, segundo Gil (1995, p. 70), “refere-
se ao planejamento da mesma em sua dimensão mais ampla”, ou 
seja, neste momento, o investigador estabelece os meios técnicos 
da investigação, prevendo-se os instrumentos e os procedimentos 
utilizados para a coleta de dados.
A primeira atividade consiste na determinação e justifi cativa do 
tipo de pesquisa ou estudo. A determinação do tipo de estudo 
180
Universidade do Sul de Santa Catarina
deve levar em conta três critérios de classifi cação: quanto ao 
nível (exploratória, descritiva ou explicativa), abordagem 
(qualitativa, quantitativa) e procedimento utilizado na coleta de 
dados (bibliográfi ca, documental, experimental, estudo de caso, 
estudo de caso controle, levantamento, estudo de campo, dentre 
outras). 
População/amostra
Neste item, você indica se a pesquisa vai abranger o universo 
populacional ou se apenas uma amostra dos indivíduos 
pesquisados. No caso de se optar por uma ou por outra, é 
necessário informar os procedimentos e/ou critérios adotados 
para a sua execução.
Aqui você informa, também, as características gerais da 
população a ser investigada (cidade, município, bairro).
Instrumentos utilizados para coleta de dados
Este item consiste em indicar o tipo de instrumento utilizado 
para registro dos dados que serão coletados. No caso de 
questionários ou entrevistas, fi chas de avaliação ou de registro 
documental você deve apresentar o modelo em anexo ou em 
apêndice. O anexo deve ser utilizado quando você adotar um 
instrumento de coleta de dados proveniente da literatura e o 
apêndice quando você elaborou o próprio instrumento.
Procedimentos utilizados na coleta de dados
Informam-se as operações e/ou atividades desenvolvidas, a forma 
de aplicação dos instrumentos de coleta de dados.
Tratamento dos dados
Indicam-se os recursos que serão utilizados para a análise dos 
dados.
— Os itens a seguir, compõem a parte fi nal do modelo de roteiro de 
pesquisa apresentado.
181
Ciência e Pesquisa
Unidade 5
Cronograma
Neste item, você informa a previsão das atividades e, 
respectivamente, o período de execução.
Orçamento
Este é o item em que você informa a previsão e o detalhamento 
de todos os recursos fi nanceiros necessários para a realização da 
pesquisa.
Referências
Aqui você informa a relação dos documentos utilizados para a 
fundamentação do problema de pesquisa (Ver NBR 6023 vigente, 
encontrada em qualquer biblioteca da Unisul).
SEÇÃO 7 - Relatório técnico-científi co
O Relatório técnico-científi co é um documento que relata 
formalmente os resultados ou progressos obtidos numa 
investigação. Descreve minuciosamente a situação de uma 
questão técnica ou científi ca.
Segundo Rauen (2002, p. 235), o Relatório se defi ne como uma 
“[...] comunicação por escrito dos resultados de uma pesquisa, 
no qual se podem identifi car: os passos da pesquisa, a revisão 
bibliográfi ca, a análise/interpretação dos dados e as conclusões 
estabelecidas”. 
Para Oliveira (2003, p. 101), o relatório constitui-se em uma “[...] 
descrição objetiva [e pormenorizada] de fatos, acontecimentos ou 
atividades, que incorpora uma análise metódica para a obtenção 
de conclusões que se constituam em parâmetros para a escolha de 
alternativas”.
Como você pode observar, o Relatório é um tipo de trabalho 
que tem como fi nalidade descrever as etapas das investigações 
realizadas diretamente na realidade (“in loco”).
O relatório técnico-
científi co geralmente é 
desenvolvido na fase dos 
estágios supervisionados 
em diversos cursos. 
182
Universidade do Sul de Santa Catarina
É capaz de apresentar, sistematicamente, informação 
sufi ciente para que se possam traçar conclusões e 
fazer recomendações à resolução de determinada 
situação-problema, caracterizando-se pela fi delidade, 
objetividade e exatidão de relato. 
De acordo com Severino (2000, p. 174), o relatório técnico-
científi co “[...] visa pura e simplesmente historiar seu 
desenvolvimento, muito mais no sentido de apresentar os 
caminhos percorridos, de descrever as atividades realizadas e de 
apreciar os resultados – parciais ou fi nais – obtidos”.
SEÇÃO 8 - Monografi a
Você sabe de onde surgiu a palavra monografi a? 
Etimologicamente, essa palavra vem do prefi xo grego mono (de 
onde derivam palavras como monge, mosteiro, monossílabo, 
monolítico, etc.) e do prefi xo latino solus (solteiro, solitário, 
solitude), que signifi ca um só e da palavra graphein, que signifi ca 
escrever. (BITTAR, 2003, p. 1). 
Com base na etimologia da palavra você pode perceber que 
monografi a resulta de um trabalho intelectual baseado em apenas 
um assunto.
Conforme Bebber e Martinello (1996, p. 71), a monografi a é 
“um estudo realizado com profundidade e seguindo métodos 
científi cos de pesquisa e de apresentação de um assunto em todos 
os seus detalhes, como contributo à ciência respectiva”.
Segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 235), a monografi a 
apresenta as seguintes características:
183
Ciência e Pesquisa
Unidade 5
a) trabalho escrito, sistemático e completo;
b) tema específi co ou particular de uma ciência ou parte 
dela;
c) estudo pormenorizado e exaustivo, abordando vários 
aspectos e ângulos do caso;
d) tratamento extenso em profundidade, mas não em 
alcance (nesse caso, é limitado);
e) metodologia específi ca;
f) contribuiçãoimportante, original e pessoal para a 
ciência.
Este tipo de trabalho científi co abrange dois sentidos: o stritu, 
que se identifi ca com a tese e a dissertação dos cursos de 
doutorado e mestrado respectivamente e o latu, que se relaciona 
àquelas monografi as desenvolvidas nos cursos de graduação, 
principalmente nas licenciaturas. Ambos os sentidos não 
dispensam a rigorosa metodologia na pesquisa de um tema em 
específi co, a partir de um só problema, qualifi cando-as como de 
natureza científi ca, pois do contrário se tratará de um simples 
estudo. 
184
Universidade do Sul de Santa Catarina
Atividades de auto-avaliação
Leia com atenção os enunciados e realize, a seguir, as atividades:
1) Acesse o Scientifi c Electronic Library Online - SciELO (www.scielo.br), 
selecione o artigo escrito por Sigmar de Mello Rode e Bruno das Neves 
Cavalcante, publicado na revista Pesquisa Odontológica Brasileira e 
faça um fi chamento do tipo comentário analítico das idéias presentes 
do texto. Orientações para pesquisa no SciELO: 
Primeiro passo - digite o endereço: www. scielo.br.
Segundo passo - clique sobre a opção português.
Terceiro passo - clique sobre a opção pesquisa de artigos.
Quarto passo - clique sobre a opção formulário livre. 
Quinto passo - preencha o formulário de busca escrevendo as 
palavras “pesquisa” e “ética” (sem aspas e sem a letra “e” entre as 
palavras) e selecione o artigo escrito por Sigmar de Mello Rode e 
Bruno das Neves Cavalcante.
Sexto passo - clique sobre a opção texto em português para fazer a 
leitura na íntegra do artigo e realizar a atividade.
TÍTULO DA FICHA (crie o título)
RODE, S. de M.; CAVALCANTI, B. das N.. Ética em autoria de trabalhos 
científi cos. Pesquisa Odontologia Brasileira, São Paulo, v. 17, p. 65-66, maio 
2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S
151774912003000500010&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 15 jun. 2004.
Comentário analítico sobre o texto 
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185
Ciência e Pesquisa
Unidade 5
2) Como colocar conteúdos em um trabalho sem incorrer no erro (e no 
crime) de plágio?
3) Assinale a alternativa incorreta e depois justifi que o erro identifi cado.
a) ( ) A Resenha crítica é a apreciação de uma obra, tendo que 
apresentar o resenhista conhecimento completo da obra. 
b) ( ) O Position paper consiste em um resumo, elaborado pelo leitor, a 
fi m de identifi car as principais idéias do texto.
c) ( ) O relatório técnico-científi co consiste no relato formal dos 
resultados de uma investigação ou a descrição minuciosa e 
criteriosa de uma determinada situação-problema vivenciada na 
fase do estágio supervisionado. 
d) ( ) A monografi a é um estudo realizado com profundidade que segue 
métodos científi cos de pesquisa. 
186
Universidade do Sul de Santa Catarina
e) ( ) Resumo é a condensação de um texto, que apresenta suas 
principais idéias de maneira abreviada, permitindo ao leitor decidir 
sobre a consulta ou não do texto original.
f) ( ) O artigo científi co é um trabalho completo em si mesmo, que 
resulta de uma pesquisa ou de uma revisão bibliográfi ca.
4. Leia o resumo do artigo escrito por Kerr-Correa e outros (1999) e 
responda:
a) Como se classifi ca o artigo quanto ao tipo? Justifi que sua resposta. 
b) Quais são os elementos que compõem a estrutura do resumo? 
Numere-os na linha a seguir e identifi que-os no texto a seguir, sobre 
o Uso de álcool e drogas por estudantes de medicina da Unesp, 
indicando a mesma numeração da linha.
(1) Objetivo, (2) , (3) , (4) 
187
Ciência e Pesquisa
Unidade 5
Uso de álcool e drogas por estudantes de medicina da Unesp
(1) Objetivo: o objetivo deste trabalho foi analisar a prevalência do uso 
de drogas por estudantes da Faculdade de Medicina de Botucatu 
- Unesp, comparada com outras oito escolas médicas paulistas (uso 
na vida, nos últimos 12 meses e nos últimos 30 dias). A pesquisa foi 
realizada entre 1994 e 1995, com 5.227 estudantes do 1º ao 6º ano de 
graduação.: Foi usado um questionário de auto-respostas, anônimo, 
incluindo o questionário da Organização Mundial da Saúde para 
levantamento de uso de drogas e álcool. Setenta e um por cento 
(3.725) dos alunos responderam ao mesmo, e destes, 421 eram de 
Botucatu.: Não houve diferenças estatisticamente signifi cantes entre 
escolas e, nos 30 dias anteriores ao preenchimento do questionário, 
a prevalência do uso de drogas para os estudantes de Botucatu 
foi a seguinte, com a variação entre outras escolas mostrada entre 
parênteses: álcool 50% (42-50%); tabaco 7% (7-13%); solventes 8% 
(7-12%); maconha 6% (6-16%); benzodiazepínicos (BZD) 3% (2-9%); 
cocaína 0,5% (0,2-4%); anfetaminas 1 % (0-1%). Embora tenha se 
encontrado um uso crescente de todas as drogas do 1º ao 6º ano, e 
em especial os BZD, os estudantes não aprovam este uso. A análise de 
regressão logística indicou que o uso de álcool e drogas foi favorecido 
por: a) ser homem; b) perder aulas sem razão e referir ou ter muito 
tempo livre nos fi nais de semana; e c) ter uma atitude favorável em 
relação ao uso de álcool e drogas. Diferentemente de outras escolas, 
na Unesp não houve diferenças estatisticamente signifi cantes de 
gênero em relação ao uso de tranqüilizantes. No entanto, as mulheres 
iniciam uso mais precocemente e o fazem mais freqüentemente. 
Também as mulheres já faziam uso de maconha antes de entrar para 
a faculdade (30% mulheres X 10% homens), o contrário ocorrendo 
com solventes (50% homens X 2% mulheres), sendo essas diferenças 
estatisticamente signifi cantes. Embora a pesquisa tenha focalizado o 
uso (não abuso ou dependência), os resultados sugerem a necessidade 
de as universidades estabelecerem uma política clara de orientação 
sobre uso de drogas e álcool para os estudantes, incluindo mudanças 
curriculares e programas de prevenção. 
188
Universidade do Sul de Santa Catarina
5) Leia o resumo da pesquisa de dissertação de mestrado realizada por 
Macedo (2003) e, em seguida, responda as seguintes questões: 
O estudo do perfi l empreendedor em empresas familiares 
 O objetivo do presente trabalho é identifi car os fatores responsáveis 
pela sobrevivência de empresas familiares através da análise do 
perfi l de seus empreendedores. Para isso é feito um levantamento 
bibliográfi co à cerca de alguns aspectos que envolvem o tema 
empreendedorismo, subdividindo-se a dissertação em três temas 
principais: o empreendedorismo em empresas familiares; as 
características do empreendedor, como sendo as necessidades, 
conhecimentos, habilidades e valores; alguns dos principais 
determinantes do comportamento empreendedor como sendo a 
personalidade, percepção, atitude, aprendizagem e motivação. Em 
seguida, é realizada uma pesquisa de campo nas empresas familiares 
dos bairros da Trindade, Pantanal, Córrego Grande e Carvoeira, 
em Florianópolis, independentemente de ramo ou porte, com o 
objetivo de traçar um perfi l para os proprietários ou empreendedores 
dessas empresas. Na pesquisa é enfatizada a importância do estudo 
dos fatores comportamentais dos empreendedores em empresas 
familiares, face as mudanças ocorridas nas organizações em função 
do desenvolvimento tecnológico e as mudanças político econômicas 
ocorridas no ambiente empresarial atual. Os resultados obtidos foram 
os seguintes: os empreendedores possuem muitas das características 
da tendência impulso e determinação, o que já não aconteceu com a 
tendência riscos calculados/moderados, cuja média obtida fi cou abaixo 
da média do teste. E a maioria das tendências empreendedoras tem 
maior média nas empresas com até um ano de vida e dirigidas por três 
ou mais pessoas.
a) Qual o tema da pesquisa?
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Ciência e PesquisaUnidade 5
b) Qual o problema subjacente ao assunto pesquisado, isto é, o que o 
autor quis saber ou pesquisar? 
c) Cite o objetivo geral da pesquisa
d) Cite dois objetivos específi cos referentes a pesquisa:
� Objetivo específi co (1)
� Objetivo específi co (2)
e) Que justifi cativa você apresentaria para a realização dessa pesquisa?
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Universidade do Sul de Santa Catarina
f) Quais foram os instrumentos utilizados para a coleta de dados?
Síntese
Nesta unidade você estudou os vários tipos de trabalhos 
científi cos que se podem desenvolver na universidade: resumo, 
resenha crítica, fi chamento, paper, artigo científi co, relatório 
técnico-científi co e monografi a.
O resumo é a apresentação concisa das principais idéias de um 
texto Resulta da capacidade analítica e compreensiva que o leitor 
adquire no momento em que faz sua leitura. Quanto mais se 
tem domínio e compreensão do texto, maior será a capacidade de 
síntese e de apresentação de forma breve. Existem basicamente 
dois tipos de resumos: o indicativo e o informativo.
A resenha crítica consiste no desenvolvimento de uma síntese 
sobre uma obra, no sentido de expressar um juízo de valor acerca 
do assunto abordado. Corresponde à apreciação crítica de um 
texto com o objetivo de discussão das idéias nele contidas. Para 
desenvolver essa avaliação, é necessário que o resenhista recorra 
ao posicionamento de outros autores da comunidade científi ca.
A fi cha de leitura é um instrumento adequado para se reter as 
informações resultantes de uma leitura. É o registro em algum 
suporte físico. Achar que a memória vai dar conta de armazenar 
tudo, é um grande engano. Na memória, infelizmente, não 
se pode confi ar. A fi cha pode ser realizada com diferentes 
fi ns: a) como instrumento de coleta de dados na realização de 
uma pesquisa bibliográfi ca; b) como trabalho acadêmico em 
disciplinas de graduação e pós-graduação; c) como preparação 
de textos na apresentação oral de trabalhos em sala de aula; e, d) 
como um instrumento auxiliar na leitura e registro das idéias de 
um texto.
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Ciência e Pesquisa
Unidade 5
O paper tem como objetivo principal analisar um tema/questão/
problema, por meio do desenvolvimento de um ponto de vista 
de quem o escreve. O paper geralmente trata do particular ou da 
essência do problema. Assim, a composição de um paper decorre 
do estudo e do posicionamento de quem o escreve.
O position paper é o posicionamento sobre um tema ou assunto 
acompanhado de uma breve revisão de literatura para conhecer, 
também, o posicionamento de outros autores.
O paper – comunicação científi ca é a informação concisa que 
se apresenta em congressos, simpósios, reuniões, academias, 
sociedades científi cas, expostos em tempo reduzido.
O artigo científi co pode ser entendido como um trabalho 
completo em si mesmo, mas possui dimensão reduzida. Trata-se 
de um meio de atualização de informações e por isso, enquanto 
fonte de pesquisa, jamais pode ser ignorado por alunos e 
professores no processo de busca e aquisição de conhecimentos. 
Existem dois tipos de artigos: o original e o de revisão.
O Relatório Técnico-Científi co é um documento que relata 
formalmente os resultados ou progressos obtidos numa 
investigação. Descreve minuciosamente a situação de uma 
questão técnica ou científi ca. Trata-se de um tipo de trabalho 
que tem como fi nalidade descrever as etapas das investigações 
realizadas diretamente na realidade (“in loco”). É capaz de 
apresentar, sistematicamente, informação sufi ciente para que 
se possam traçar conclusões e fazer recomendações à resolução 
de determinada situação-problema, caracterizando-se pela 
fi delidade, objetividade e exatidão de relato.
A monografi a se defi ne como um trabalho intelectual 
concentrado sobre um único assunto decorrente de um estudo 
que é realizado com profundidade e seguindo métodos científi cos 
de pesquisa. Este tipo de trabalho pode assumir dois sentidos: o 
stritu e o latu.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Saiba mais
Escrever um artigo vale a pena?
Conta-se que um colunista social, certa vez, ao ler um elogio de 
um famoso artista de televisão e querendo tirar uma casquinha, 
escreveu: ‘gostaria de dizer que é isso mesmo.’
Um atento crítico de outro jornal ao ver sua preciosidade, retrucou: 
‘se você tem algo a acrescentar, então não é isso mesmo, mas se você 
acha que é isso mesmo, então você não tem nada a acrescentar’.
No volume 37, Número ½, da Brasília Médica, o editor da revista Dr. 
Maurício G. Pereira, escreveu o artigo ‘Vale a pena publicar artigo 
cientifi co?’, em que ele enumerou cinco razões pelas quais todos 
deveriam escrever:
1. ter algo a dizer para a comunidade acadêmica
ou para o público;
2. melhorar o próprio currículo;
3. obter financiamento para pesquisas;
4. impressionar os outros;
5. força interior, que impele o articulista a escrever.
Quanto ao primeiro item, nada a discutir, pois se o médico, seja ele 
um pesquisador ou não, tiver algo a dizer, deverá dize-lo, uma vez 
que os assuntos com conteúdo passam a interessar ao meio médico, 
mesmo que seja apenas uma única especialidade.
O segundo item é conseqüência do primeiro, porém, para se 
melhorar o currículo, não basta apenas escrever. É necessário, antes 
de mais nada, que o artigo apresentado tenha qualidade, seja 
profícuo.
Já a obtenção de fi nanciamento para pesquisas, mencionada no 
terceiro item, também deveria ser uma conseqüência da qualidade 
do trabalho. Isto, infelizmente, nem sempre se dá. Às vezes, mais vale 
ter boas amizades, amigos políticos ou livre trânsito nos corredores 
palacianos, o que não deixa de ser lamentável.
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Ciência e Pesquisa
Unidade 5
A quarta razão aventada pelo Dr. Maurício também não deixa de ser 
conseqüência da primeira, sendo que é muito difícil, a priori, julgar 
que tipo de impressão pode causar a quem o lê. Essa impressão pode 
ser boa, mas também pode ser má ou de total indiferença. Acho 
essa razão presunçosa, em total desacordo com certos princípios 
inerentes à formação médica, como a humildade ou descrição, por 
exemplo.
Finalmente, a quinta razão está relacionada a quem gosta e sente 
prazer em escrever. Aí, é inevitável. Se a pessoa tem facilidade para 
escrever, escreva. Mas por favor, escreva coisas proveitosas ou, se 
inúteis, que sejam pelo menos elegantes, espirituosas.
O Dr. Maurício ainda chega a sugerir uma sexta razão: ‘manter as 
revistas em circulação.’. Essa sim, é uma razão sem razão. Escrever, 
por escrever, com propósito único de manter a revista viva. Somos 
cerca de 8 mil médicos, em Brasília. Se apenas 1% dessa população 
resolver escrever um artigo todos os meses, serão 80 artigos a 
cada 30 dias. Caso isso viesse a acontecer, é possível que surgissem 
algumas boas surpresas, mas, em contrapartida, teríamos muita 
porcaria também.
Para fi nalizar, diria que se você tem algo a acrescentar, por favor 
escreva. Mas se você acha que é isso mesmo, então não escreva, 
porque nada tem a acrescentar.
Referência:
RETAMERA, José Navarrete. Escrever um artigo vale a pena? 
BrasíliaMédica, Brasília, DF, v. 37, n. 3, p. 123, 2000.

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