Buscar

Direito Penal II

Prévia do material em texto

Direito Penal II
Tipicidade é um fato típico, em um conceito formal, é a descrição de uma conduta considerada proibida, para qual se estabelece uma sanção. Um fato típico é aquele que se adéqua a essa descrição. A adequação de uma conduta ao tipo penal praticada a descrição que dela se faz na lei penal, é a subsunção de uma conduta ao tipo penal. Sendo assim, existe tipicidade quando a conduta concreta corresponde a conduta abstrata presente na lei (relação de correspondência ao tipo penal), pode ser adequação típica. 
Tipo penal é um instrumento legal logicamente necessário e de natureza predominantemente descritiva, que tem por função a individualização das condutas penalmente relevantes. São figuras abstratas e existem apenas no texto legal, não é um acontecimento concreto, na realidade, só se encontra tipo penal na lei. O tipo penal sempre descreve uma conduta (abstrata ou concreta), descrição abstrata, é uma descrição hipotética de certa conduta (modelo) que podem acontecer. Nunca no tipo penal irá acontecer uma situação concreta, será uma descrição abstrata de uma conduta hipotética. Os tipos penais descrevem condutas para mostrar que estas são relevantes para o Direito Penal, o que não esta descrita na lei é relevante. Para tanto, tipo penal é a descrição na lei de uma conduta penalmente relevante. 
Não se deve confundir o tipo com a tipicidade. O tipo é a fórmula que pertence à lei, enquanto a tipicidade pertence à conduta. Um fato típico é uma conduta humana, por isso prevista na norma penal. Tipicidade é a qualidade que se dá a esse fato. Tipo penal é o próprio artigo da lei. Fato típico é inerente a norma penal. Típica é a conduta que apresenta característica específica de tipicidade (atípica a que não apresenta); tipicidade é a adequação da conduta a um tipo; tipo é a fórmula legal que permite averiguar a tipicidade da conduta. O juiz comprova a tipicidade comparando a conduta particular e concreta com a individualização típica, para ver se adéqua ou não a ela. Este processo mental é o juízo de tipicidade que o juiz deve realizar.
Funções dos tipos penais: Tipos penais exercem funções dentro do direito, sendo fragmentada em três funções diferentes.
Função de proteção ou protetiva: Todo tipo penal é criado com a função|finalidade de proteger determinados bens jurídicos. O tipo penal é criado porque determinados interesses da sociedade precisam de proteção maior, e é papel do legislador perceber que há bens jurídicos que necessitam ser protegidos. 
Função indiciária: Os tipos penais indicam que aquelas condutas previstas são em regra, geralmente ilícitas, sendo um indício de que ela é antijurídica, portanto, ilícita. Para tanto, tem vezes que apenas há indícios no tipo penal de que determinada conduta é ilícita, entretanto, em alguns casos a conduta é típica e licita, cabendo interpretar os tipos penais, sendo na MAIORIA das vezes condutas ilícitas. 
Função de garantia: é a função de que o tipo penal exerce em relação à segurança jurídica para os cidadãos. Os tipos penais tem uma lista do que é ilícito, então é possível que o sujeito tenha percepção das condutas classificadas ilícitas e lícitas, sendo crimes ou não, sendo certas ou erradas, para evitar-se condutas negativas.
Elementos dos tipos penais: Cada uma das palavras que compõe o tipo penal, podem se apresentar em três tipos de espécie diferentes, sendo eles:
Subscritivos: São os elementos que diz a respeito a algo que existia dentro da mente do autor da conduta. Sempre que os elementos contiverem intenção, motivos e ou finalidades. 
Objetivos: Todo elemento que não é subjetivo, sendo classificado como:
- Descritivos: O elemento que diz a respeito a algo que pode ser percebido através dos sentidos humanos (tato, olfato, paladar). Porque quando descrevemos algo, descrevemos através do que percebemos, através dos nossos sentidos.
- Normativos: São aqueles que se referem a algo de que demanda realização de um juízo valorativo a partir de normas jurídicas ou culturais. Não basta utilizar os sentindo humanos, se faz necessário fazer uma valoração jurídica ou cultural, é necessário interpretar os elementos em normas.
Elementar do crime: Tudo aquilo que é indispensável para que uma conduta se adeque a um tipo penal.
Circunstância do crime são todas as particularidades do caso concreto que não são indispensáveis para a adequação típica. São, portanto, os fatos de aplicação da pena, sendo questionado qual são a pena que eu aplico a este crime¿
Tipo derivado: É aquele que surge da inclusão de uma nova elementar a outro tipo penal, é adicionar novas elementares usando a elementar básica do tipo penal. (Exemplo: Matar alguém seguido de furto – Elementar especializante).
** Regra especial afasta regra geral (Exemplo: básico = furto \ derivado = roubo).
Os tipos derivados podem apresentar:
Tipos qualificados: é o tipo derivado mais grave que o tipo básico, onde sempre que o derivado for mais grave, este é classificado como qualificado ou elementar qualificadora. 
Tipos privilegiados: é o tipo derivado menos grave que o tipo básico, onde sempre que o derivado for menos grave, este é classificado como privilegiado ou elementar privilegiadora. (Exemplos: Infanticídio)
Tipo básico: Modalidade que descreve integralmente uma infração penal. Assim, o crime de furto, pois não há necessidade de referência a outro tipo para conhecer-se, integralmente, a conduta proibida, ao contrário. 
Tipos Penais:
Tipos penais simples: é o que possui somente um núcleo. Núcleo é a palavra ou expressão que representa a ação ou omissão típica. Todo tipo penal terá que ter pelo menos UM núcleo. 
Tipos penais mistos: é aquele que possui dois ou mais núcleos, são várias ações no tipo penal. Para se praticar e consumar um crime com mais de um núcleo, basta a prática de um dos núcleos. Como regra geral, todos os tipos mistos são tipos mistos alternativos, ou seja, se no mesmo contexto o sujeito comete um ou mais núcleos, ele comete um só crime, pois ele afeta somente uma única ofensa ao bem jurídico, e o tipo misto cumulativos é quando o sujeito comete vários núcleos para cada crime praticado, pois é uma lesão independente, afetando diversos bem jurídicos, ou seja, é um crime para cada bem jurídico afetado. 
*Geralmente se todos os núcleos estão juntos na letra da lei, separado apenas por vírgulas, é um tipo penal alternativo.
* Geralmente se na letra da lei possui várias frases autônomas, separados por pontos, ou pontos e virgulas, mas que de certa forma são autônomas, é um tipo penal cumulativo. 
Estrutura da tipicidade:
Tipos Ativos Dolosos
Tipos Ativos Culposos
Tipos Omissivos Dolosos
Tipos Omissivos Culposos
TIPOS ATIVOS DOLOSOS \TIPICIDADE ATIVA DOLOSA: Para existir tipicidade é necessário que exista tipicidade legal conjuntamente com a tipicidade material. Portanto, só existe tipicidade somente se esses dois elementos estiverem presentes nos tipos penais.
- Tipicidade Legal: é a adequação da conduta ao tipo penal descrito na lei, em seus elementos explícitos e implícitos.
- Tipicidade Material: é a ofensividade da conduta em relação ao bem jurídico protegido pelo tipo. 
>> Tipicidade legal e seus Elementos: 
- Tipo Objetivo: é o conjunto dos elementos descritivos e normativos do tipo penal. Sempre que uma conduta tem o tipo objetivo terá a tipicidade objetiva.
-Tipo Subjetivo: é o conjunto dos elementos subjetivos do tipo. Sempre que a conduta preencher os requisitos do tipo subjetivo terá a conduta de tipicidade objetiva. 
Tipicidade objetiva e seus Elementos:
- Tipicidade objetiva: necessita ter pelo menos três elementos obrigatórios (1º,2º e 5º), e facultativos dois elementos (3º e 4º). Ou seja, ou aparece os CINCO elementos todos juntos, ou aparece somente três elementos obrigatórios (1º, 2º e 5º). Sendo eles:
1- Núcleo: Todo tipo ativo doloso terá que ter pelo menos um núcleo.
2- Elementos acidentais: São todos os elementos objetivos que tem por função a delimitação do alcance do núcleo. Todo elementocom intuito de limitar um tipo é um elemento acidental. Quanto maior os elementos acidentais, mais restritos ficam o próprio crime, mais difícil será de acontecer este crime. 
3-Resultado material: é a modificação do mundo exterior provocada pela conduta do agente e indispensável para a consumação de determinado crime. Crimes materiais dependem de um resultado, pois só vai ser exigido o resultado material se a conduta for um crime formal.
4- Núcleo de causualidade: é a relação de causa e efeito existente entre a conduta do agente e o resultado naturalístico exigido pelo tipo. É uma relação de que une o resultado material e a conduta (Conduta + Resultado = Nexo de causualidade). Somente existe nos crimes materiais, pois o nexo pressupõe o resultado naturalístico justamente com o crime material.
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
** Segunda parte do texto da lei = Regra geral para o Nexo de Causualidade e adota uma teoria chamada Teoria de Antecedentes ou das causas ou condicio sine quo non. Esta teoria parte de duas premissas: 
1- O resultado não decorre de uma única causa, todo resultado decorre de múltiplas causas.
2- Existindo várias causas, todas são igualmente importantes com o mesmo valor, mesmo peso, sendo assim, todas as causas possuem a mesma importância.
>> Técnica para saber se algo é ou NÃO causa de um resultado:
a) Isolar a conduta que irá ser analisada.
b) Eliminar a conduta “hipoteticamente”.
c) Verificar se a conduta não tivesse acontecido, como seria o resultado.
- Se a eliminação da conduta afetar o resultado, significa que depende de outro, sem a causa do resultado.
Art. 13 - § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
** Em alguns casos devemos abandonar a teoria da Equivalência de Antecedentes e adotar a Teoria da causualidade adequada. 
5- Critérios de imputação objetiva: A quem eu posso imputar o resultado jurídico do crime, sendo este resultado a ofensa ao bem jurídico tutelado, lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico.
Risco proibido – Risco criado por aquele que age em violação as normas jurídicas. 
Risco permitido – Risco criado por aquele que age de acordo com as normas jurídicas. 
A teoria Claus Roxim estabelece 2 critérios para imputar resultado jurídico a alguém, sendo como requisito nesta teoria os dois critérios. 
1º Critério - Criação de um risco proibido: risco que não existia no caso concreto e este foi criado, como também aumentar o risco que existia.
NÃO existe criação de risco proibido:
a) Casos de Diminuição de risco: Sempre que o agente pratique uma conduta ao bem jurídico, o agente não pode ser punido, pois ele diminuiu o risco de perigo mesmo que tenha se afetado o bem jurídico do qual queria proteger, entretanto houve a diminuição do grau de risco do agente. Exemplo: Paciente entra no centro cirúrgico com um grau de risco de vida muito alto (80% de chance de morrer), o médico alterou para menor o risco de vida do paciente no momento em que realizou uma intervenção cirúrgica. Mesmo que o agente tenha morrido pela intervenção cirúrgica, o médico não pode ser punido, pois houve uma diminuição de risco do paciente. 
b) Substituição do risco por risco equivalente: Não cria e nem aumenta o risco, somente se altera os fatores das condutas, sem diminuir ou aumentar o risco, há uma troca equivalente sem alteração de risco.
c) Criação de risco permitido: O autor cria riscos que cumprem as normas jurídicas, onde o agente não pode ser imputado, pois não existe responsabilidade.
d) Criação de risco juridicamente irrelevante: Criado pela conduta do agente mas não interfere o bem jurídico, aqui se fala de riscos pequenos e insignificantes, decorrem das nossas condutas e é irrelevante para a afetação ao bem jurídico, portanto ignora estes riscos por não afetar em tamanha significância os bens jurídicos tutelados. Exemplo: Gripe – o agente pega uma gripe e vai para a aula, no entanto, seu colega de classe pega o vírus da gripe, e morre. 
Avião – Compro uma passagem de avião e entrego de presente a alguém, na viagem a pessoa morre pois o avião caiu. Os requisitos para a criação de riscos irrelevantes são: Imprevisibilidade, improbabilidade, incontrolável. 
2º Critério – Realização do risco no resultado: Somente quando tem a realização do resultado para que possa ser imputado. 
NÃO existe realização do risco nos resultados:
a) Resultado não é a realização do risco proibido criado: a conduta somente cria riscos determinados.
b) O resultado não decorre diretamente do risco proibido criado: o resultado aconteceu independentemente dos riscos proibidos criados, e não se pode imputar o resultado ao agente.
Tipicidade subjetiva e seus Elementos:
1º Elemento: Dolo: Elemento implícito nos tipos penais, ele nunca estará explicito na letra da lei. 
 Art. 18 - Diz-se o crime:
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
 ** 1º Espécie **2º Espécie
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
** Como regra geral, NÃO existe crime SEM DOLO, salvo nos casos EXPRESSOS em lei. ** Exceções: Homicídios e lesão corporal. 
Teorias do Dolo:
Teoria da Vontade: (+ Importante): A teoria da Vontade é a qual regula o Dolo Direto. Nessa teoria prevalece que o dolo é uma vontade de praticar uma conduta típica. 
Teoria da Representação: O dolo é uma representação, que seria a possibilidade de prever que algo aconteça. Se o sujeito representa\prevê a possibilidade de algo acontecer, ele esta praticando a conduta com dolo, mesmo pelo simples fato dele somente imaginar a possibilidade. Essa teoria NÃO é mais aceita hoje em dia.
Teoria do consentimento: O dolo é um consentimento. Quando um sujeito representa\prevê e ainda consente em praticar a conduta, diz que ele esta praticando a conduta com dolo. O consentimento é aceitar a possibilidade dos efeitos da sua conduta. Essa teoria regula o Dolo Eventual.
Espécie de Dolo:
1- Dolo direto: Adota a teoria da vontade. Dolo direto é a consciência e a vontade de realizar os elementos objetivos do tipo penal. Por exemplo, “Matar alguém”. O dolo direto sempre é a consciência e a vontade de alguma coisa. 
“Subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel”
 Obj Subjetivo Obj Obj Obj 
CONSCIÊNCIA + VONTADE = DOLO > Dolo é a consciência de vontade de subtrair coisa alheia móvel. Sendo dotado de elemento cognitivo, que é a consciência em saber o que se esta fazendo, e o elemento volitivo, sendo a vontade.
O dolo pressupõe que o sujeito tinha consciência, sabendo aquilo que esta se fazendo. Não é sobre tratamento jurídico de fato. O conceito de saber em dolo, não é saber sobre a repercussão do crime, é sobre uma própria conduta. Exemplo: Só existe homicídio, sabendo que a conduta pode matar alguém, mesmo que não saiba que é crime. 
2- Dolo Eventual: é a representação e o consentimento com a possibilidade de realizar os elementos objetivos do tipo penal. Sendo dotado o elemento cognitivo como representação da possibilidade e o elemento volitivo consentimento com uma possibilidade. Há 2 requisitos para ser dolo eventual:
- Sujeito tinha consentimento
- Sujeito tinha como prever\representação. 
2º Elemento subjetivo especial: Elemento explícito, ou seja, escrito na lei. 
Espécie de elemento subjetivo especial:
1- Tendência Interna Transcendente: TIT – é o elemento subjetivo especial presente em alguns tipos penais que exige que a conduta seja praticada com a intenção específica de atingir determinadoresultado.
 Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate. Tendência interna transcendente. 
 
“Sequestrar pessoa com o fim de um resgate ou preço” – ‘com o fim de’ é um elemento subjetivo = precisa.
**Fazer PARA alguma coisa: é tendência interna transcendente. 
2- Tendência Interna Peculiar: TIP – é o elemento subjetivo especial presente em alguns tipos penais que exige que a condutas seja praticada mediante um determinado estado anímico (animo). 
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.
 Tendência interna peculiar.
**Fazer POR alguma coisa: é tendência interna peculiar. 
NÃO É ELEMENTO DA TIPICIDADE SUBJETIVA:
Erro de tipo: Grupo de figuras que influenciam na tipicidade subjetiva, sendo classificado em três erros de tipo:
1.Erro de tipo essencial: é o fenômeno que implica a ausência de dolo quando havendo uma tipicidade objetiva falta ou é falso o conhecimento acerca da presença dos elementos subjetivos do tipo no caso concreto. Portanto, o sujeito pratica uma conduta com todos os elementos do tipo mas não possui consciência completa dos elementos no caso concreto. É o defeito no erro cognitivo do dolo. 
- Exemplo: Estupro de menor em uma festa +18, onde somente é permitida a entrada de maiores de idade, e o sujeito sem consciência tem relações sexuais com uma menina de 14 anos, acreditando que esta teria 18 anos pelo menos, esse fato, é um erro essencial, pois a conduta realizada foi feita sem consciência do sujeito. 
a) Erro tipo essencial inevitável\invencível: é aquele que o agente nas circunstâncias em que se encontrava, não podia\não conseguia ter evitado a conduta, mesmo caso tivesse agido com cautela juridicamente exigível. Neste caso, exclui o dolo e exclui a culpa do sujeito. 
b) Erro de tipo essencial evitável: é aquele que o agente nas circunstâncias em que se encontrava, podia ter evitado a conduta, caso tivesse agido com cautela juridicamente exigível. Neste caso o erro de tipo evitável exclui o dolo e permite a punição por crime culposo SE previsto em lei. 
Erro de tipo acidental: influência menos drástica no mundo jurídico, e recai sob um elemento periférico. Nome que da para o grupo de 5 figuras que recai no erro acidental são:
1. Erro sobre a pessoa\error persona: Ocorre quando o agente querendo praticar um crime contra uma vítima determinada, por erro na sua identificação, acaba praticando a conduta contra a pessoa diversa do pretendido. Nesse caso, ele vê alguém ou alguma coisa, e acha que é a pessoa determinada, então pratica o crime e logo após nota-se que foi praticado o crime contra a pessoa errada. Portanto, houve o erro na identificação da vítima. O erro sob a pessoa não excluiu o dolo, mesmo tendo matado pessoa errada.
Exemplo: Mulher quer matar o próprio filho, e por engano, na verdade, mata outro bebe. A pena do crime que irá ser aplicada é do crime de infanticídio, mesmo que a mãe não tenha matado seu próprio filho, pois as características que precisam ser levadas em consideração é a do sujeito determinado, incidindo a pena em relação ao crime que quis praticar. 
Erro sobre a pessoa  Art. 20 § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
2. Erro sobre o objeto: ocorre quando o agente querendo praticar o crime sobre um objeto determinado, por um erro na sua identificação, pratica-o sobre um objeto diverso. Não interfere no dolo, e não exclui o dolo. Leva em consideração o objeto.
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:      
        I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
        II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
3. Erro na execução: ocorre quando o agente querendo praticar o crime contra a vítima determinada, por erro ou acidente no uso dos meios de execução, atinge pessoa diversa da pretendida. Não há erro na identificação da vítima neste caso, seria erro do próprio sujeito em sua execução, “sujeito é ruim de mira”, há, portanto, erro na conduta do sujeito.
Exemplo: Sujeito queria atirar em “A”, mas por erro na execução do tiro, atira sem querer na vítima “B”. Ou também, quero matar “A”, e sujeito “B” se mete na frente e consequentemente mato a vítima “B”. 
 a) Erro na execução com unidade simples: quando a conduta do sujeito não atinge a vítima pretendida e atinge somente a vítima NÃO pretendida. Neste caso, há somente UM resultado concreto, por isso o instituto se chama de unidade simples. Aplica-se o caso do:
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
** 1 único resultado = 1 único crime. 
b) Erro na execução com unidade complexa: quando o sujeito atinge a vítima pretendia e atinge também a vítima NÃO pretendida. Há nesse caso mais de um resultado, sendo então, 1 crime por resultado. O agente será punido dolosamente pelo resultado produzido na vítima pretendida, e culposamente pelo resultado produzido na vítima não pretendida. 
	VÍTIMA PRETENDIDA
	VÍTIMA NÃO PRETENDIDA
	CRIME
	Mata
	Mata
	Homicídio doloso + Homicídio culposo
	Mata
	Lesa
	Homicídio doloso + lesão corporal culposa
	Lesa
	Mata
	Tentativa de homicídio + Homicídio culposo
	Lesa
	Lesa
	Tentativa de homicídio + lesão corporal culposa
** TODA TENTAVIDA É DOLOSA, NÃO EXISTE TENTATIVA DE HOMICIDIO CULPOSA. 
** NÃO EXISTE DANO CULPOSO
4. Erro de resultado diverso do pretendido: ocorre quando o agente querendo produzir determinado resultado criminoso, por erro ou acidente no uso dos meios de execução produz resultado diverso do pretendido.
Exemplo: quando o sujeito pretendia acertar uma pedra no ônibus e acaba acertando um passageiro dentro do ônibus, OU, quando o sujeito pretendia acertar uma passageira dentro do ônibus e acaba acertando o próprio objeto ônibus. 
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. 
a) Erro de resultado diverso do pretendido com unidade simples: quando ele não produz o resultado pretendido e produz apenas o resultado diverso do pretendido.
Exemplo: Sujeito joga uma pedra com intuito de acertar o ônibus e acerta por erro em uma pessoa. Queria praticar o crime de dano, mas, acabou lesando uma pessoa (vice versa). É um Resultado diverso do pretendido. 
**REGRA 1= Pune-se o resultado diverso do pretendido culposamente e não se pune a tentativa do resultado diverso do pretendido.
**REGRA 2= Será aplicado quando o resultado diverso do pretendido não ter forma culposa, inverte. Portanto, pune-se a tentativa do resultado pretendido e não se pune por resultado diverso do pretendido.
b) Erro de resultado diverso do pretendido com unidade complexa: o sujeito produz o resultado pretendido e produz também o resultado diverso do pretendido.
Exemplo: Sujeito joga uma pedra na janela do ônibus e acerta uma pessoa, portanto, é mais de 1 resultado, sendo 1 crime por resultado. 
Nesse caso, o sujeito será punido dolosamente pelo resultado pretendido e culposamente pelo resultado diverso do pretendido, SE houver previsão legal na lei. 
5. Erro na causalidade: Este instituto não esta disciplinado no código, ele é usado para se referira 2 figuras diferentes. 
a) Primeira forma de erro na causalidade: ocorre quando o agente pratica uma conduta visando a produção de um determinado resultado, mas este se produz através de um nexo de causalidade diverso do previsto. Quando eu sei o resultado eu prevejo o nexo de causalidade diferente do qual eu previ inicialmente. 
Exemplo: O sujeito mata alguém, onde queria jogar a vítima de uma ponte com o intuito de afogamento, mas o indivíduo ao jogar a vitima da ponte, cai em uma pedra, e a mesma morre por traumatismo craniano, e não pelo afogamento, o qual ele havia previsto. O nexo de causalidade é diferente do previsto. Houve um erro no nexo de causalidade, o previsto não foi o qual ocorreu, mas o resultado final foi igual, foi previsto (morte). 
**Se deixar de existir o nexo de causalidade, deixa de ser imputada a pena ao sujeito, e este não responderá por dano. 
b) Segunda forma de erro na causalidade: ocorre quando o sujeito pratica uma primeira conduta visando a produção de um resultado e após supor equivocadamente que ele se produziu, pratica uma segunda conduta com a finalidade distinta, produzindo-se o resultado apenas em decorrência do primeiro. 
Problema que envolve 2 condutas, sendo que a 1º conduta não produz resultado (o sujeito supostamente acha que produziu), sendo caracterizado como uma tentativa, e a 2º conduta praticada pelo sujeito, entretanto, sem dolo. 
* 1º conduta: dolo sem resultado.
*2º conduta: sem dolo com resultado.
Exemplo: O sujeito estrangula uma pessoa e acha que devido ao estrangulamento a vítima morreu, e este, achando que a vítima esta morta, acaba enterrando a pessoa viva, e sua morte se dá por soterramento. 
Dolus generalis: existe dolus generalis quando o agente desde o principio planejou e decidiu praticar ambas as condutas, portanto, houve um único processo decisório, uma única decisão criminosa. Neste caso é indiferente se a vítima morre por soterramento ou afogamento, nesse caso o sujeito responderá com dolo.
Não existe dolus generalis: quando o agente apenas decide praticar a segunda conduta após supor EQUIVOCADAMENTE que o resultado já havia sido produzido na primeira conduta. Nesse caso, a primeira conduta é classificada como uma tentativa de homicídio, e a segunda conduta atribuem o resultado de forma culposa. 
>> Tipicidade Material: é igual para todas as formas de tipicidade, sendo invariável. É a relação de ofensividade existente entre a conduta do agente e o bem jurídico protegido pelo tipo, sendo, portanto, a relação entre a conduta X bem jurídico. Para ser caracterizado como tipicidade material necessita a conduta praticada ofender o bem jurídico, se não existe tipicidade material, não existe tipicidade, portanto, não tem crime. 
Ofensa ao bem jurídico são condutas que lesam o bem jurídico ou perigo de lesão ao bem jurídico. 
Exemplo: Tentativa de homicídio = perigo de lesão ao bem jurídico.
CASOS QUE TEM TIPICIDADE LEGAL MAS NÃO EXISTE TIPICIDADE MATERIAL:
Casos de condutas que não geram nenhuma ofensa ao bem jurídico. Ex: Porte ilegal de armas.
Condutas que geram ofensas insignificantes ao bem jurídico. Ex: Professor cutucar um aluno.
Condutas que geram ofensas socialmente adequadas devido à cultura. Ex: furar a orelha do bebê recém-nascido – traço cultural. 
TIPOS ATIVOS CULPOSOS: 
- Culpa: é a violação de um dever objetivo de cuidado manifestado em uma conduta produtora de um resultado não desejado, nem consentindo, mas objetivamente previsível. Sendo assim, é a violação de um dever objetivo de cuidado. Existem algumas condutas lícitas, e essa prática está vinculada com o dever de determinados cuidados. A culpa existe quando o sujeito pratica uma conduta com uma falta de cuidado, não estando relacionada com um fim e sim com a falta de cuidado do sujeito. 
Exemplo: Dirigir sem cumprir as regras de transito, consequentemente violando os deveres de cuidado estabelecido pelas regras de transito. 
Os deveres de cuidado podem aparecer de 2 (duas) formas:
1- Expressamente previsto em um ato normativo. Nesse caso para o aplicador do direto fica mais fácil para ele perceber quem violou o direito ou não. Exemplo: regras de transito. 
2- Não estão expressamente previsto em um ato normativo.
Exemplo: Criança que coloca a panela no fogão com o cabo virado para fora, violando os deveres de cuidado.
Os deveres de cuidado não precisam estar estabelecidos formalmente para se violarem. Nesse caso esses deveres de cuidado não estão previstos em nenhum ato normativo, mas decorrem do perigo e por isso necessita mesmo assim da atenção aos deveres de cuidado. 
O resultado não desejado e consentido é considerado CULPA, sendo assim, se houver DOLO não há culpa, pois a culpa é um elemento normativo, não sendo necessário que o sujeito preveja o resultado, será somente necessário para a tipicidade ativa dolosa se o resultado era previsível, não importando se o sujeito previu ou não.
*NÃO existe crime culposo se o resultado for previsível.
*Nem toda violação do direito do dever de cuidado é relevante para o direito penal, portanto, para que seja considerado crime necessita violar e ter um resultado violado. 
*É possível crimes culposos com finalidade ilícita e lícita.
>> Tipicidade material e seus elementos:
1- Resultado naturalístico: é o resultado concreto, todos os tipos ativos culposos são crimes materiais e, portanto, exige um resultado naturalístico. Precisa ser um resultado punível na forma culposa. 
2- Nexo de causualidade: é exatamente igual aos da Tipicidade Ativa Dolosa (TAD). Sendo que a única diferença é que o nexo de causualidade esta previsto em todos os elementos dos Tipos Ativos Culposos (TAC).
3- Violação de um dever objetivo de cuidado: é a culpa propriamente dita, necessitando haver o dever de cuidado.
*Parâmetro para saber se houve ou não violação de um dever de cuidado:
Violação de norma jurídica de contenção de riscos: algumas normas existem para restringir e regular as contenções de riscos, gerando um dever de cuidado. Exemplo: Normas de trânsito.
Violação de regulamentos técnicos ou desportivos: Normas de técnicas atividades, em que o Estado não regula, são normas privadas reguladas por instituições. Essas normas são especificas, criadas dentro daquela própria atividade. Exemplo: normas do Conselho Nacional de Medicina, normas técnicos de engenharia etc. São regras técnicas de determinadas atividades, e essas normas\regras são consideradas dever de cuidado. 
Dever de informação e dever de omissão: são deveres gerais pois recaem sobre todas as pessoas. Sempre irá surgir quando o sujeito quer tomar uma conduta que envolve determinado conhecimento técnico. O dever de informação diz que se o sujeito quer praticar uma conduta especializada, ele tem o dever de se informar. Enquanto o sujeito não se informa, ou não conseguir obter o conhecimento, ele tem o dever de omissão. Nesse elemento não esta dizendo que precisa haver uma habilitação formal para que o sujeito pratique a conduta sem a violação do dever de cuidado, portanto, praticar a conduta sem a habilitação formal NÃO É uma violação de dever de cuidado. Se o sujeito tem perícia\conhecimento, mas não possui a habilitação formal, não é considerada uma violação do dever de cuidado. 
NÃO SABE DEVER DE INFORMAR OBTEVE A INFORMAÇÃO¿ SIM 
 NÃO INFORMAÇÃO INSU. PODE PRATICAR
 DEVER DE OMISSÃO 
Principio da confiança: aquele que se comporta de acordo com as regras de um determinado ramo de atividade pode confiar que os outros também o farão. Sempre que não existam indícios para supor tal conduta ilícita, o contrário serve para o sujeito que faz atividades cooperativas. Exemplo: Construção civil\médico supervisionando residente em uma operação médica.Portanto, cada um é responsável por uma parte do trabalho, cooperando para o mesmo fim. O principio da confiança serve para individualizar a conduta, partindo do pressuposto que todos estão cuidando dos deveres de cuidado. A responsabilidade é de quem violou o principio da confiança não comportando os deveres de cuidado. 
*O principio da confiança NÃO se aplica a pessoas que exercer o papel de fiscalização.
*O principio da confiança NÃO se aplica quando há fortes indícios de que a pessoa esta violando os deveres de cuidado, partindo do pressuposto que você não pode confiar. 
4- Nexo ou relação de determinabilidade: só existe nos crimes culposos. É a união entre o resultado e violação de dever de cuidado, não bastando ter um ou outro, é necessário que ambas estejam ligadas, dado o nexo ou relação d determinabilidade. Existe relação de determinabilidade quando a violação do dever de cuidado for determinante para a ocorrência do resultado. Somente haverá crime se a pessoa violou o dever de liberdade, então houve o nexo. 
5- Previsibilidade objetiva: é a possibilidade que tinha o agente nas condições concretas de prever a possibilidade de ocorrência do resultado. Sendo assim, é a possibilidade de prever a possibilidade do resultado. A culpa não exige representação, previsão subjetiva, e sim, importa a previsibilidade objetiva, no caso concreto tem que existir condições para que o sujeito preveja o resultado para ter culpa. Se no caso concreto, não tinha condições para que o sujeito previsse o resultado, não se imputa a responsabilidade culposa, pois o resultado é imprevisível. “Se eu não tenho como prever o resultado, não tem como prevenir”. 
Se o resultado é imprevisível, não é possível o dever de cuidado, e não existe crime culposo.
Se o resultado é previsível, mesmo que o sujeito não previu, é crime culposo, pois não importa o que o sujeito pensou. 
Classificação da Culpa: Há duas espécies de culpa:
A culpa consciente com representação e a culpa inconsciente sem representação, onde qualquer das duas que aconteça é caracterizado crime culposo. 
Culpa consciente com representação: Acontece quando o resultado era previsto e o sujeito previu a possibilidade. Existia a previsibilidade objetiva e a previsão. Sendo culpa consciente com representação. 
Culpa consciente sem representação:

Continue navegando