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Universidade Federal do Pará Instituto de Ciências da Saúde Faculdade de Odontologia ENDODONTIA MANUAL PRÉ-CLÍNICA II Este manual tem por objetivo nortear a prática pré-clíncia de endodontia, da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Pará, quanto ao passo a passo das etapas laboratoriais executadas em molares superiores e inferiores. Conteúdo Programático Teoria Morfologia de molares Cirurgia de acesso de molares Preparo de canais curvos Desobturação Radicular Acidentes e complicações Prática Cirurgia de acesso de molares Instrumentação de molares Obturação de molares Desobturação Normas Gerais 1 – IDENTIFICAÇÃO Disciplina: A Endodontia está inserida na Integração Multidisciplinar VI (parte teórica) e Pré-Clínica II (parte prática) Situação na matriz curricular: 6º Semestre Carga horária semanal: 2h (teoria) e 4h (prática) Professores Manhã: Patrícia Rodrigues (patsilesouza@uol.com.br) Oscar Pessoa (ofpessoa@cesupa.br) Professores Tarde: Juliana Melo Brandão (melo_juliana@yahoo.com.br) Luciana Jorge Moraes (luma1000@hotmail.com) 2 – HORÁRIO DAS ATIVIDADES INTEGRAÇÃO MULTIDISCIPLINAR VI Turmas da Manhã: quarta-feira 12 às 14h Turmas da Tarde: terça-feira 18 às 20h PRÉ-CLINICA II – MÓDULO DE ENDODONTIA Turmas da Manhã: terça e quarta-feira 08 às 12h Turmas da Tarde: terça e quarta-feira 14 às 18h 3 – JUSTIFICATIVA A disciplina Endodontia possui caráter obrigatório dentro do currículo do Curso de Odontologia e é de fundamental importância para que o aluno possa adquirir conhecimentos técnicos da operatória endodôntica, através de dentes extraídos, aplicando todo o conteúdo programático ao longo do semestre letivo. 4 – OBJETIVOS Geral: Proporcionar aos alunos do Curso de Graduação em Odontologia o domínio da técnica endodôntica laboratorial. Específicos: Cognitivo – Compreender a técnica endodôntica através dos seus princípios básicos, assim como das particularidades de suas etapas. Psicomotor – Desenvolver a habilidade técnica do tratamento endodôntico realizando os procedimentos em dentes humanos extraídos. Comportamental – Valorizar cada etapa do tratamento endodôntico e entender a importância da inter-relação entre as mesmas, desenvolvendo senso crítico para reconhecer o erro quando presente. As atividades laboratoriais serão realizadas individualmente É OBRIGATÓRIO o uso de luvas, máscara, óculos de proteção, avental branco e gorro durante a prática laboratorial As fichas e cartelas radiográficas deverão ser organizadas em uma pasta e entregues ao professor no final do semestre O instrumental básico é individual e na sua ausência o aluno ficará impedido de executar as tarefas laboratoriais A nota prática será atribuída de acordo com a produção, organização, interesse, pontualidade e qualidade da intervenção Editoração: Profa. Juliana Melo Brandão 2 Passo a Passo: 1a Etapa: RADIOGRAFAR OS DENTES • Selecionar 02 molares (preferencialmente superior e inferior) • Radiografar no sentido vestíbulo-palatino/lingual • Descartar dentes calcificados, com dilacerações (curvatura acentuada), ápice aberto e fratura radicular 2a Etapa: CIRUGIA DE ACESSO • Selecionar broca diamantada esférica compatível com o diâmetro da câmara pulpar (1012, 1013, 1014 ou 1015) • Determinar o ponto de eleição, marcando esse ponto levemente com a parte ativa da broca. Nos molares superiores e inferiores o ponto de eleição é na fosseta central. • Direção de trepanação: nos molares superiores paralela ao longo eixo do dente em direção ao canal mais volumoso (palatino) e nos molares inferiores paralelo ao longo eixo do dente em direção ao canal distal (mais volumoso). • Avançar com a broca esférica até a trepanação da câmara pulpar (sensação de ter caído no vazio). Em caso de dúvida se houve ou não a trepanação, fazer exploração com o explorador reto e / ou lima endodôntica de fino calibre. • Ampliar forma de contorno/conveniência com broca tronco cônica (Endo-Z ou 3082). Realizar a ampliação já esboçando a forma de contorno: molares superiores triangular de base vestibular e molares inferiores retangular (no caso de 4 canais) ou trapezoidal de base mesial (3 canais). • Utilizar o explorador angulado para identificar a presença de teto e proceder a remoção de todo o teto, deixando as paredes divergentes para a oclusal, lisas e sem ângulos agudos. • Utilizar limas de fino calibre para localizar os canais: Molares superiores 02 canais vestibulares (mesio-vestibular e disto-vestibular) e 01 palatino. Pode apresentar o 4° canal na raiz mésio-vestibular (denominado mésio-palatino). Molares inferiores podem apresentar 02 canais mesiais (mesio-vestibular e mesio-lingual) 02 canais distais (disto- vestibular e disto-lingual). OBS: Não tente localizar os canais no início da cirurgia de acesso e sim após a conclusão da mesma quando os canais estarão naturalmente visíveis. CIRURGIA DE ACESSO DE MOLARES 3 CIRURGIA DE ACESSO DE MOLARES Fonte: Torabinejad & Walton , 2010 Molar inferior: pode apresentar 02 canais mesiais (mésio-vestibular e mésio-lingual) 02 canais distais (disto-vestibular e disto-lingual). Molar superior: 02 canais vestibulares (mésio-vestibular e disto-vestibular) e 01 palatino. Podendo apresentar o 4° canal na raiz mésio-vestibular, denominado mésio-palatino (incidência de 70%). D M D M D M • Ponto de eleição: Fosseta central • Direção Trepanação: longo eixo do dente, ligeiramente inclinada para o canal distal Forma de contorno: trapezoidal com base para mesial (3 canais) Forma de contorno: retangular (no caso de 4 canais) • Ponto de eleição: Fosseta central • Direção Trepanação: longo eixo do dente, ligeiramente inclinada para o canal palatino (mais volumoso) Forma de contorno: triangular de base vestibular (4 canais) Forma de contorno: triangular de base vestibular (3 canais) 4 Observações: ü Introduzir o instrumento no conduto com movimento rotatório no sentido horário até sentir resistência ü Retirar a lima no sentido anti-horário de aproximadamente ¼ de volta ü Irrigar e aspirar abundantemente com no mínimo 2mL de substância química a cada troca de lima ü Antes de introduzir o instrumento no canal, preencher com substância química auxiliar INSTRUMENTAÇÃO SISTEMA PROTAPER Passo a Passo: 1a Etapa: Exploração Inicial e Preparo Cervical/Médio • Medir o comprimento aparente do dente (CAD) na radiografia inicial (ortorradial), a partir do ponto de referência oclusal mais próximo a entrada de cada canal até o ápice radiográfico. • CAD menos 2mm é igual ao comprimento real do instrumento (CRI). • Exploração de todos os canais com limas tipo K# 10 e #15, pré-curvadas no CRI. Previamente o canal deve estar inundado por substância química auxiliar (SQA). • Preparo dos terços cervical e médio: S1 (roxa) em CAD - 4 mm e em seguida Sx (laranja) em CAD – 4 mm 2a Etapa: Odontometria • RX com limas #15 em CRI. Inserir uma lima em cada canal. • Medir o “X” (distância da ponta da lima até o ápice). Para obter o comprimento real do dente (CRD) deve-se somar o “X” com o CRI. Para obter o comprimento real de trabalho (CRT) diminui-se 1mm do CRD. 3a Etapa: Patência • Realizar patência com instrumento de fino calibre #10 ou #15 no CRD, com objetivo de eliminar detritos produzidos durante o preparo cervical. • A cada troca de instrumento sempre irrigar e aspirar. 4a Etapa: Preparo do Terço Apical • Utilizar S1(roxa), S2 (branca) e F1 (amarela) no CRT.• Utilizar limas F2 (vermelha) e F3 (azul), conforme o diâmetro do canal no CRT. • Ainda podemos também utilizar as limas F4 e F5 quando o canal for anatomicamente mais volumoso. OBS: Sempre irrigar e aspirar entre um instrumento e outro e manter o canal inundado de SQA quando estiver utilizando limas 5 INSTRUMENTAÇÃO SISTEMA PROTAPER Exemplo: Molar inferior CAD: 21mm CRI: 19mm Exploração do Canal : K# 10 e 15 em CRI 19mm PREPARO TERÇO CERVICAL /MÉDIO S1 (roxa) Sx (laranja) CAD - 4mm = 17mm ODONTOMETRIA PARA ESTABELECER O CRT = 20mm PATÊNCIA APICAL com Lima #10 ou #15 no CRD = 21mm PREPARO APICAL S1 (roxa) CRT = 20mm S2 (branca) CRT = 20mm F1 (amarela) CRT = 20mm F2 (vermelha) CRT = 20mm F3 (azul) * CRT = 20mm PATÊNCIA APICAL #10 ou #15 no CRD = 21mm *Utilizar a F3 se necessário, depende do volume/diâmetro do canal R-X final com lima de aço inoxidável de diâmetro compatível à última lima Protaper utilizada no ápice de cada canal 6 INSTRUMENTAÇÃO MANUAL MOLARES Passo a Passo: 1a Etapa: Exploração Inicial e Preparo Cervical/Médio • Medir o comprimento aparente do dente (CAD) na radiografia inicial. • CAD menos 2mm é igual ao comprimento real do instrumento (CRI). • Exploração dos canais com limas tipo K# 10 e #15, pré-curvados no CRI. O canal deve estar inundado por substância química auxiliar (SQA). • Técnica de Goerig: Limas Hedtroem #15, #20 e #25 em CAD – 5mm (executar apenas nos canais que o cabo da lima de exploração foi tensionado para região oposta a entrada do canal) • Ampliação Anatômica: limas K #15 a #40 em CAD-4mm. • Preparo Cervical: sequência das Gates Glidden N.4, N.3 e N.2 no comprimento de CAD – 4 ou até antes do início da curvatura. 2a Etapa: Odontometria • RX com limas #15 em CRI (uma lima em cada canal). • Medir o “X” (distância da ponta da lima até o ápice). Para obter o comprimento real do dente (CRD) deve-se somar o “X” com o CRI. Para obter o comprimento real de trabalho (CRT) diminui-se 1mm do CRD. 3a Etapa: Patência • Realizar patência com instrumento de fino calibre #10 ou #15 no CRD, com objetivo de eliminar detritos produzidos durante o preparo cervial. • A cada troca de instrumento sempre irrigar e aspirar. 4a Etapa: Preparo do Terço Apical • Selecionar o instrumento anatômico (IA), que se adapta ao diâmetro do canal no CRT. Utilizar o IA e mais 3 instrumentos de calibres subsequentes, quando um instrumento estiver solto podemos passar para o próximo, com movimentos de ¼ para direita e ¼ para esquerda. O último instrumento será a 4º lima, ou seja, o instrumento memória (IM). • Novamente realizar a patência em CRD. • Escalonamento Regressivo, com uma lima de caliber subsequente ao instrumento memória, serão utilizados mais 4 limas, a primeira em CRT – 1, a segunda em CRT – 2, a terceira em CRT – 3 e a quarta em CRT – 4. • RX com as limas memória (IM) no CRT. 7 INSTRUMENTAÇÃO MANUAL MOLARES Exemplo: Molar inferior CAD: 21mm CRI: 19mm Instrumento Comprimento Exploração do Canal: Limas K# 10 e 15 em CRI 19mm TÉC. GOERIG (se necessário) H #15 #20 #25 CAD - 5mm = 16mm 1ª. FASE AMPLIAÇÃO ANATÔMICA #15, #20, #25, #30, #35, #40 CAD - 4mm = 17mm GATES GLIDDEN N.4, N3, N.2 CAD - 4mm =17mm ou antes da curvatura ODONTOMETRIA PARA ESTABELECER O CRT = 20mm PATÊNCIA APICAL com Lima #10 ou #15 no CRD = 21mm 2ª. FASE PREPARO APICAL (IA + 3) IA = FF #20 20mm FF #25 20mm FF #30 20mm IM = FF #35 20mm PATÊNCIA APICAL com Lima #10 ou #15 no CRD = 21mm RECUO ANATÔMICO (Escalonamento Regressivo) K #40 19mm K #45 18mm K #50 17mm K #55 16mm Fazer a recapitulação Lima #10 ou #15 no CRD R-X final com uma lima memória em cada canal 8 OBTURAÇÃO Passo a Passo: 1a Etapa: Recapitulação com Instrumento memória (IM) • Preencher o canal com solução irrigadora • Recapitular com o IM no CRT, com cinemática de alargamento • Irrigar e aspirar com substância química auxiliar (SQA) • Atentar para que o IM alcance passivamente o CRT, sem girar a lima 2a Etapa: Seleção dos cones principais • Selecionar o cone principal que deve ser equivalente ao diâmetro do IM • Desinfetar com hipoclorito de sódio sob gaze estéril (etapa clínica) • Fazer os testes: visual (visualizar com a régua o CRT), táctil (sensação de travamento do cone no CRT) e radiográfico (verificar no RX se o cone está no CRT, à 1mm do ápice) 3a Etapa: Irrigação Final e Secagem do canal • Preencher o canal com EDTA a 17% e deixar agir por 3 minutos • Lavar com soro • Secar os canais com cones de papel absorvente de calibre igual ao IM no CRT 4a Etapa: Obturação propriamente dita • Preparar o cimento endodôntico em consistência de “fio de bala” • Pincelar com o cone principal no cimento e levar no canal, pincelando as paredes. Repetir por 3 vezes e na última vez deixar no canal no CRT • Inserir cones secundários, sempre besuntados no cimento endodôntico. • Quando já estiver sem espaço, inserir o espaçador digital de diâmetro compatível para criar espaço lateralmente (Condensação lateral) e inserir mais cones secundários. • Radiografia de qualidade de obturação 5a Etapa: Corte e condensação • Corte: aquecer o condensador de Paiva ao rubro e cortar o excesso de cones. Nível do corte deverá ser de 2 à 3mm abaixo do limite da junção amelo-cementária • Condensação: com condensador frio, fazer a condensação vertical • Limpeza: limpar o excesso de cimento endodôntico com algodão embebido em álcool • Selamento: selar a cavidade com material restaurador temporário: CIV, Coltosol ou similar • Rx final da obturação 9 DESOBTURAÇÃO Passo a Passo: 1a Etapa: RAIO-X de Diagnóstico • Preencher o canal com solução irrigadora • Uso de Gates e Largo no terço cervical e médio do canal • Irrigar e aspirar com substância química auxiliar (SQA) • Alternar o uso de limas K (cateterismo) e H (limagem pura) até alcançar o CRT • Radiografia final para confirmar a remoção do material obturador OBS: Somente se necessário, utilizar solvente (eucalipitol ou óleo de laranja) para auxiliar a remoção do material obturador ENDODONTIA UNIVERSIDADE FEDERL DO PARÁ Considerações Finais: ü Respeite a anatomia original do canal ü Evite pular a sequência dos instrumentos ü Havendo entrave do instrumento nunca girá-lo ü Mantenha sempre a irrigação e aspiração ü Faça radiografias de qualidade ü Mantenha o ambiente de trabalho limpo e organizado ü Na dúvida sempre pergunte “Quando você ouve, você esquece. Quando você vê, você entende. Quando você FAZ, você aprende” Equipe de Endodontia Pré-Clínica da UFPA: Juliana Melo Brandão (melo_juliana@yahoo.com.br) Luciana Jorge Moraes (luma1000@hotmail.com) Oscar Pessoa (ofpessoa@cesupa.br) Patrícia Rodrigues (patsilesouza@uol.com.br) Bom Semestre à todos!
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