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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ FACULDADE DE ODONTOLOGIA DISCIPLINA DE ENDODONTIA Manual da Técnica Endodôntica Profa. Dra. Carmen Milena Siqueira Carvalho Profa. Dra. Josete Veras Portela Profa. Dra. Josilda Floriano Martins Julho - 2022 2 ETAPAS DO TRATAMENTO ENDODÔNTICO I FASE PRÉ-OPERATÓRIA II CIRURGIA DE ACESSO III ESVAZIAMENTO IV PREPARO QUÍMICO-CIRÚRGICO V MEDICAÇÃO INTRACANAL VI OBTURAÇÃO VII PROSERVAÇÃO I FASE PRÉ-OPERATÓRIA 1. Anestesia  Anti-sepsia intra-oral com solução de clorexidina 2% (roletes cortados ao meio embebidos na solução);  Aplicação de anestésico tópico;  Anestesia infiltrativa ou regional;  Anestesia complementar 2. Preparo do dente para o isolamento (eventualmente em sessões anteriores)  Remoção de cálculos, placa e polimento, se possível no quadrante em questão, ideal em todos os dentes;  Preparo cervical do dente - deve-se recorrer às manobras periodontais com o intuito de expor ou criar um colo clínico suficiente para a adaptação do grampo quando parte do dente ficar sub-gengival devido à descontinuidade por cárie, fratura ou preparo cavitário, removendo tecido gengival ou tecido de granulação;  Remoção de bordos cortantes do dente, restaurações e cárie;  Confecção de elemento provisório se necessário;  Criar sempre um referencial para a odontometria; 3. Isolamento absoluto  Aplicar sempre rolete de algodão ou gaze no sulco vestibular (isolamento relativo);  Montar o lençol de borracha no arco de Östby;  Selecionar o grampo apropriado;  Definir a área de perfuração do lençol de borracha  Levar o conjunto grampo/lençol/arco em posição com a pinça porta-grampo (de Palmer);  Soltar o lençol de borracha das aletas do grampo;  Adaptar o lençol ao colo dental;  Se necessário acomodar o lençol nas faces proximais do dente com auxílio do fio dental;  Fazer antissepsia (embrocamento) do campo operatório com solução de clorexidina 2%, iniciando do dente a ser trabalhado em direção à porção mais externa do isolamento (arco de Östby). 3 II CIRURGIA DE ACESSO 1. Cirurgia de acesso à câmara pulpar e aos canais  Montar broca diamantada esférica para alta rotação (proporcional ao volume da câmara pulpar) e demarcar o ponto de eleição desgastando o esmalte; Iniciar a cirurgia de acesso, sempre a partir do ponto de eleição, estabelecendo a direção de trepanação;  Remover com a mesma broca todo o teto da câmara pulpar (FORMA DE CONTORNO);  Com uma broca tronco cônica para alta rotação tipo 3083 ou uma broca ENDO-Z realiza-se (FORMA DE CONVENIÊNCIA);  Lavar fartamente o dente e a câmara pulpar com hipoclorito de sódio  Sondar a cavidade com a parte angulada do explorador, verificando eventuais concrescências de dentina que deverão ser eliminadas;  Com curetas afiadas, remover o eventual conteúdo da câmara pulpar;  Com um explorador reto, localizar a(s) entrada(s) do(s) canal(is);  Promover um novo embrocamento;  Lavar fartamente a câmara pulpar e a entrada do canal com hipoclorito de sódio concomitante à aspiração; III ESVAZIAMENTO Essa etapa do tratamento diz respeito a remoçao do eventual conteúdo do canal: a. Pulpectomia – remoção do tecido pulpar vivo; b. Penetração Desinfetente ou Descontaminação Progressiva – remoção de restos necróticos nos casos de polpa morta; PULPECTOMIA O procedimento de pulpectomia supracitado pode ser didaticamente dividido em duas fases distintas com base na abordagem anatômica do tecido pulpar: pulpotomia excisão do tecido pulpar situado na câmara pulpar enquanto a pulpectomia propriamente dita diria respeito a remoção da porção radicular (Paiva e Antoniazzi, 1993; Machado, 2017).  Pulpotomia - Após farta irrigação da câmara pulpar com hipoclorito de sódio 1%, proceder a pulpotomia com uma cureta (de pescoço longo) afiada;  Aguardar que a hemorragia cesse espontaneamente e, caso haja sangramento intenso curetar novamente e irrigar com hipoclorito de sódio 1%;  Pulpectomia - é realizada após o cateterismo e odontometria; Cateterismo - Por meio deste movimento, confere-se ao instrumento pequenos avanços em sentido apical, 4 conjuntamente com discretos movimentos de rotação à direita e à esquerda com pequenos retrocessos.  Deve-se considerar as observações realizadas na radiografia de estudo quanto à anatomia específica e a medida média do dente);  A lima é introduzida delicadamente no canal radicular, pesquisando sua forma e volume até o Comprimento Aparente do Dente (CAD) estabelecendo-se o Comprimento de Trabalho Provisório (CTP).  Odontometria - poderá ser realizada com localizador apical seguida de confirmação radiográfica, ou pela técnica de Ingle modificada, descrita a seguir:  De posse da radiografia de diagnóstico, mede-se a distância que vai da coroa ao ápice do dente. Desse comprimento obtido, CAD, subtraem- se 3 mm como margem de segurança das distorções radiográficas;  Transfere-se essa medida para o instrumento, CTP e nova tomada radiográfica deve ser realizada;  O instrumento deverá permanecer bem posicionado e firme no canal determinando perfeitamente o ponto de referência coronária;  Radiografar enfocando a região apical (diminuir a angulagem vertical devido ao grampo) e processar a radiografia;  Nessa nova radiografia, verifica-se uma nova medida, denominada X, que consiste na medida obtida entre o espaço que vai da ponta do instrumento ao vértice radiográfico;  Avaliar o Comprimento Real do dente (CRD), somando-se ao CTP a diferença da ponta do instrumento ao vértice radiográfico da raiz;  Determinar o Comprimento Real de Trabalho (CRT) diminuindo-se 1 mm do CRD;  Fazer nova tomada radiográfica para confirmação, se o X for maior que três; PULPECTOMIA  A remoção integral do tecido pulpar só ocorre em canais com polpas volumosas e consistentes. Inicialmente realiza-se o descolamento da polpa das paredes dentinárias com a ajuda de uma lima K de pequeno diâmetro por meio de movimentos circulares margeando as paredes do canal;  Em seguida é introduzida uma lima # K de diâmetro ligeiramente menor que o do canal até o CRT. Esse movimento é composto de três manobras: avanço do instrumento no canal radicular, rotação de uma a duas voltas a direita sobre seu eixo e tração em direção incisal / oclusal, procedendo-se com a remoção da polpa (Siqueira, 2020);  A remoção por esmagamento do tecido é realizada em canais estreitos. O esvaziamento ocorrerá simultaneamente com o preparo 5 químico-cirúrgico de maneira que à medida que se realiza a modelagem do canal principal, paralelamente se procede seu esvaziamento (Paiva e Antoniazzi, 1993; Machado, 2017); PENETRAÇÃO DESINFETANTEOU DESCONTAMINAÇÃO PROGRESSIVA  Selecionar uma lima tipo K adequada para penetrar livremente no canal (#10, #15 ou #20) passiva e gradativamente, realizando a agitação da substância química com o intuito de desobstruí-lo;  Preencher a câmara pulpar com hipoclorito de sódio 2,5% (dentes com lesão perirradicular) e a 1% (dentes sem lesão perirradicular);  Lavar fartamente com hipoclorito de sódio;  Repetir os dois itens anteriores até que seja atingido o CTP previamente determinado (2 a 3mm aquém do ápice);  Prossegue-se com a odontometria. Caso o instrumento utilizado no esvaziamento fique muito frouxo no canal o substitua por outro mais calibroso de forma a ficar mais ajustado (sem ficar preso).  A odontometria deverá ser realizada como descrita no item anterior (pulpectomia);  Após a odontometria, complementa-se o esvaziamentocom a patência apical. V PREPARO QUÍMICO-CIRÚRGICO 1. Sequência – substâncias químicas e instrumentos  Lavar a câmara pulpar com hipoclorito de sódio  1% (polpa viva e dentes com polpa morta sem lesão apical) e a 2,5% dentes com lesão perirradicular;  Preencher a câmara pulpar e a entrada do(s) canal(is) com hipoclorito de sódio  O preparo químico cirúrgico segue agora da mesma forma para os dentes com polpa viva e polpa necrosada; POLPA VIVA - POLPA MORTA  Obtenção do IAI (Instrumento Apical Inicial);  Confecção do batente apical: 3 a 4 instrumentos acima do IAI, obtendo-se o IM (instrumento memória);  Escalonamento: aproximadamente 3 instrumentos acima do IM;  Nos dentes com polpa morta e lesão periapical a cada instrumento utilizado, proceder farta irrigação com hipoclorito de sódio e utilizar uma lima # 10 em todo o comprimento do dente;  Os limites da instrumentação, isto é, o alargamento do(s) canal(is) principal(is) deve estar vinculado às condições anatomo-patológicas do elemento dental envolvido; 6  O tempo despendido durante o preparo do canal não deverá ser inferior a 15 minutos, tempo mínimo para que as reações químicas sejam estabelecidas, promovendo a desinfecção;  A instrumentação deverá ser harmônica e uniforme com movimentos tênues, sempre observando as mensurações nas limas, o ponto de referência e a cinemática do instrumento. 2. Irrigação e Aspiração – Final  Utiliza-se inicialmente cerca de 5 mL de hipoclorito de sódio em cada canal;  Utilizar cânulas finas para levar a substância irrigadora que deve ser posicionada cerca de 3 a 4 mm do CRT (Ex. Endo Eze Irrigator Tip, Ultradent);  A irrigação com o NaOCl é seguida de outra com 5 mL de EDTA a 17% e 5 mL de NaOCl em cada canal preparado;  Irrigar com movimentos simultâneos de penetração e retirada, apoiando a agulha em uma das paredes do conduto. Nunca trave a agulha no canal;  Concomitantemente à irrigação, promover a aspiração, posicionando a cânula suctora nas proximidades da entrada do canal;  Terminada a irrigação-aspiração inicia- se a secagem do canal, usando ponta White Mac para aspirar a câmara pulpar e as porções iniciais do canal;  Em seguida, usa- se ponta aspiradora capilary tip roxa capaz de penetrar no canal, promovendo, aspiração no terço médio e apical;  Complementar a secagem do(s) canal(is) com o auxílio de cones de papel previamente à colocação da medicação intracanal. V MEDICAÇÃO INTRACANAL Medicação intracanal com pasta de Ca (OH)2  As pastas de hidróxido de cálcio podem ser encontradas na forma de produtos comerciais ou manipuladas na hora do seu emprego;  As pastas comerciais prontas para o uso são aplicadas com o auxílio de seringas acopladas a agulhas com cursores, o que possibilita uma aplicação controlada até o comprimento de trabalho.  Utilizaremos a pasta Ultracal XS, (Ultradent Products Inc.) ou o Calen com PMCC;  A pasta Ultracal XS é uma pasta em veículo aquoso à base de metil- 7 celulose, que vem acondicionada em uma seringa plástica acoplada a uma agulha NaviTip (0,33 mm de diâmetro);  Deve-se introduzir a agulha no canal a 2mm do CRT (verificar o cursor) e, ao mesmo tempo que se pressiona o êmbolo, vai-se retirando a agulha em sentido oclusal ou incisal preenchendo o canal radicular;  A pasta deve ser compactada com bolinhas de algodão, esterilizadas e de tamanho compatível com a embocadura do canal, com o auxílio de uma pinça ou calcador de Paiva;  A pasta Calen apresenta-se em um estojo contendo dois tubetes plásticos de hidróxido de cálcio e um contendo glicerina;  Para a utilização da pasta Calen, utiliza-se a seringa ML e agulha longa;  Lubrifica-se a agulha com glicerina, antes da utilização da pasta;  A aplicação no canal se faz à semelhança do Ultracal;  Removendo-se em seguida os excessos da câmara pulpar;  Quando a escolha recair pela pasta manipulada no momento do seu emprego a mesma deverá ser preparada da seguinte forma: Manipulação da pasta de Ca (OH)2  Manipular em placa de vidro e espátula esterilizadas hidróxido de cálcio P.A em anestésico atingindo uma mistura em consistência semi- fluida (iogurte);  Com uma espátula de inserção n° 1 levar a medicação à câmara pulpar;  Com auxílio de limas /cones de papel esterilizados promover o preenchimento dos canais acondicionando a pasta com bolinhas de algodão e calcadores para remoção de excesso do veículo;  Acondicionar bolinha de algodão na entrada dos canais;  Promover o selamento provisório. SELAMENTO MARGINAL CERVICAL (provisório)  Aplicar uma bolinha de algodão na entrada do(s) canal(is);  Limpar a cavidade com hipoclorito de sódio 1%;  Acomodar o cimento provisório (ionômero de vidro)  Em dentes posteriores ou em casos de curativos por longos períodos, promover um selamento duplo (cimpat / ionômero). VI OBTURAÇÃO 1. Critérios para a avaliação do pós-operatório a. ótimo: ausência de sinais e sintomas e, eventualmente o paciente poderá apresentar ligeira sensibilidade à percussão nas primeiras 12 horas; 8 b. bom: há identicamente ausência de sinais e sintomas, exceto por uma sensibilidade que, conforme o limiar da tolerância de cada paciente, exigirá a administração por via oral de analgésicos comuns nas primeiras 24 horas. c. satisfatório: o paciente apresenta um quadro de dor relativamente intenso, sendo necessária a administração de anti-inflamatórios por dois ou três dias. Existe um controle da fase aguda/ sensibilidade à palpação e à percussão através da medicação sistêmica. d. ruim: Quando os sinais e sintomas fazem-se presentes e exigem a reintervenção clínica, exigindo a reabertura da câmara pulpar para drenagem e consequentemente novo preparo do canal. Essa situação caracteriza um quadro de urgência. OBSERVAÇÕES  A persistência de sintomatologia no início da segunda sessão correspondendo ao pós-operatório satisfatório recomenda a renovação da medicação intracanal, realizando-se previamente a aplicação de hipoclorito de sódio (NaOCl) e com auxílio de um instrumento endodôntico agitar a substância química (sem realizar a excisão dentinária). Esse procedimento (agitação) deverá ter uma duração de 10 a 15 minutos, com renovação frequente da substância química  Os ítens a e b respectivamente aos pós-operatórios ótimo e bom, permitem o procedimento de obturação. 2. Obturação do sistema endodôntico Os materiais obturadores são didaticamente divididos em materiais sólidos e materiais plásticos 2.1 - Materiais sólidos: a guta percha é o material mais popular e mais utilizado na obturação dos canais. É apresentada na forma de cones disponíveis em tamanhos padronizados e não padronizados. Atualmente são encontrados cones de guta percha com diferentes índices de conicidade que acompanham a configuração dos instrumentos rotatórios ou reciprocantes. 1. Materiais plásticos: cimentos endodônticos Podem ser constituídos por pó/líquido ou pasta/pasta. 2. Sequência técnica:  Sob isolamento absoluto remover o selamento provisório com auxílio de brocas esféricas para alta rotação;  Proceder a antissepsia do campo operatório novamente e lavar fartamente a cavidade dental com hipoclorito de sódio;  Remover a medicação com auxílio da lima memória e proceder à irrigação- aspiração, retomando o CRT com o 9 instrumento final, para remoção da medicação;  Irrigar os canais com EDTA;  Irrigar com NaOCl;  Como cone principal seleciona-se aquele de diâmetro correspondente ao último instrumento utilizado duranteo PQC. Deve ser levado ao canal até o CRT de tal forma sejam realizados três testes essenciais para a comprovação da sua correta adaptação: teste visual, tátil e radiográfico  Teste Visual: o cone principal deve alcançar o comprimento de trabalho. Quando esse critério não é atendido a recapitulação do PQC deve ser empregada. Uma vez introduzido no canal até o CRT, o cone deverá ser removido e inspecionado. Não deve ser observada a presença de qualquer deformação.  Teste Tátil: Quando o cone atinge o CRT, deve ser observada uma certa resistência ao seu deslocamento coronário. Esta resistência deve ser encontrada tanto no sentido cervical como no sentido apical de maneira que não ultrapasse o CRT;  Teste Radiográfico: uma vez aprovado nos testes visual e tátil, o cone deve ser colocado em posição no(s) canal(is) e o dente é radiografado (radiografia da prova do cone).  Proceder a secagem do canal com cones estéreis de papel absorvente;  Utilizar uma placa de vidro e uma espátula n° 24 (SSWhite) para manipular o cimento.;  Deve-se incorporar, numa primeira vez, a maior quantidade de pó necessária. Porções adicionais serão acrescidas até a consistência desejada, utilizando-se a maior área da placa possível durante a espatulação;  O cimento à base de óxido se zinco e eugenol estará pronto quando apresentar escoamento formando um fio contínuo quando a espátula for desprendida da placa - “ponto de bala ou suspiro”;  O cimento poderá ser levado ao interior do canal com limas tipo K de calibre inferior ao último instrumento utilizado, e, em canais amplos o próprio cone mestre poderá veicular o cimento;  As paredes do canal deverão ser lentamente pinceladas com cimento de uma maneira uniforme, antes que seja atingida a porção apical;  Finalmente, levar o cone principal com cimento em posição de travamento;  Fazer a condensação lateral com espaçador digital e acrescentar os cones acessórios, levando-os ao dente juntamente com cimento;  Inicialmente utiliza-se espaçador de menor diâmetro e a medida que nos aproximamos dos terços médio e 10 cervical, aumentamos o diâmetro do espaçador.  Prova da obturação: Fazer uma tomada radiográfica para possíveis correções da obturação;  Aquecer um calcador tipo Paiva n° 3 ou 4;  Cortar o excedente de cones até 1mm além do colo clínico, em direção apical;  Com calcador tipo Paiva frio, de calibre imediatamente inferior ao da entrada do canal, realizar a condensação vertical, objetivando acomodar a obturação realizada e eliminar eventuais porosidades verificadas nas radiografias anteriores;  Limpar cautelosamente a câmara pulpar com álcool;  Executar selamento com ionômero de vidro;  Remover o isolamento absoluto;  Verificar a oclusão;  Tomar a radiografia final. VII PROSERVAÇÃO  A avaliação do pós-operatório deverá traduzir ausência de sinais e sintomas;  A função dental deverá ser restabelecida por dentística ou prótese, importante no processo de reparação;  Novas tomadas radiográficas e clínicas deverão ser realizadas três, seis e doze meses (no mínimo) após o término do tratamento;  A padronização do tempo de exposição, processamento radiográfico e variações de angulagem são importantes nos controles pós- tratamento, pois a avaliação radiográfica é efetuada através de uma comparação de imagens. É recomendada a tomada radiográfica com posicionadores radiográficos. IMPORTANTES CONSIDERAÇÕES CARACTERÍSTICAS DOS DENTES SUPERIORES CARACTERÍSTICAS DOS DENTES INFERIORES Tabela adaptada da versão eletrônica da técnica endodôntica da Universidade de São Paulo Cor do cabo dos instrumentos endodônticos de acordo com o diâmetro da ponta – centésimos de milímetro (Lopes & Siqueira, 2020) 11 A B C A- identificação da lima tipo K – feita pela impressão de um quadrado vazio na extremidade do cabo B- identificação da lima tipo Flex – feita pela impressão de um quadrado cheio na extremidade do cabo C- identificação da lima tipo Hedstroen – feita pela impressão de um cone circular na extremidade do cabo INSTRUMENTOS ACIONADOS A MOTOR São vários os sistemas propostos para a mecanização do preparo dos canais. Cada fabricante com suas particularidades e conceitos, cada sistema com suas características e formas de utilização. Ligas de NiTi (níquel titânio) vêm sendo utilizadas na confecção de instrumentos endodônticos há quase 30 anos. No entanto, a fratura dos instrumentos pode ocorrer com certa frequência na prática clínica. O tratamento térmico das limas proporcionou melhor comportamento mecânico, flexibilidade e resistência à fadiga ciclíca (Karatas, 2016). Os Instrumentos de NiTi (níquel titânio) para acionamento a motor foram projetados para uso com rotação contínua em baixa velocidade. No entanto, Yared (2008) ao testar seu emprego em movimentos oscilatórios demonstrou que essa cinemática resultava em uso mais seguro do que a rotação contínua, especialmente por diminuir a fadiga torcional. Este estudo também foi pioneiro na proposta de preparo de canais radiculares com o emprego de um único instrumento mecanizado, ao invés de sistemas com vários instrumentos distintos (Hussne e Câmara, 2012; Yared, 2008). Atualmente estes sistemas denominados oscilatórios são conhecidos como reciprocantes devido a característica do movimento. A disciplina de Endodontia adotará os sistemas de instrumentação com Rotação Contínua (Protaper Next) e Reciprocante (WaveOne Gold) SISTEMA ROTATÓRIO PROTAPER NEXT  O ProTaper Next é composto por 5 instrumentos: X1, X2, X3, X4 e X5. Apresentam conicidade variável e lâminas de corte alternadas reduzindo o efeito de aparafusamento; O Instrumento proglider realiza o glide path, ou seja, cria o caminho respeitando a anatomia do canal para que os outros sistemas rotatórios ou reciprocantes possam realizar o preparo com mais segurança. 12 PROTOCOLO PROTAPER NEXT  Exploração ou negociação do canal até o CTP com a lima # 10 (glide path manual); Odontometria; (conforme citado anteriormente), para estabelecer o comprimento de trabalho e confirmar a patência Realização do glide path com o instrumento ProGlider;  Pré-alargamento com a lima ProGlider acoplada ao motor elétrico X-SMART Plus a uma velocidade de 300 rpm e um torque de 2N;  A cinemática ideal para a utilização do sistema ProTaper Next é de pincelamento. Isto gera o ganho de espaço lateral e facilita sua progressão em direção apical  Instrumentação com lima ProTaper Next X1 (017/04) até atingir o comprimento o CRT; Irrigação com NaOCl e recapitulação com lima manual de número 10  Instrumentação com a lima ProTaper Next X2 (025/06) usada de forma passiva até o CRT; Irrigação com NaOCl e recapitulação com lima manual de número 10  O próximo passo é introduzir uma lima manual número 25 até o CRT. Se não houver resistência significa que podemos ampliar esse canal com um instrumento X3. Se encontrar resistência o preparo está finalizado.  As limas X4 e X5 são indicadas, principalmente para preparar canais de maior diâmetro como, por exemplo, dentes anteriores superiores ou quando o instrumento X3 atingir o comprimento de trabalho sem muita resistência SISTEMA RECIPROCANTE WAVEONE GOLD O sistema WaveOne Gold é o nome comercial do sistema reciprocante da Maillefer, Sirona.  Composto por quatro instrumentos: 13 PROTOCOLO WAVE ONE GOLD  utilizar lima manual #10 para verificar a luz do canal em todo o comprimento aparentedo dente;  Realizar a odontometria (conforme citado anteriormente), para estabelecer o comprimento de trabalho e confirmar a patência;  Realização do glide path com o instrumento Wave one Gold Glider  Selecionar um instrumento WaveOne a) Se o canal se apresentar parcialmente visível na radiografia ou parecer calcificado e o primeiro instrumento for menor ou igual ao #10, seleciona-se inicialmente a Small (21/.06) e a seguir a Primary (25/.08); b) Se o primeiro instrumento for #15, prepara-se manualmente o canal com a lima #15 e depois seleciona-se a Primary (25/.08); c) Se o primeiro instrumento for #20 ou #25: seleciona-se Large (40/.08); d) Se o canal for amplo e o primeiro instrumento for #30 ou #35, seleciona-se o Large (40/.08).  Cinemática: Faz-se 3 a 4 inserções com ligeira pressão apical de cerca de 2mm no terço cervical, depois no terço médio e assim até atingir o CRT, sempre utilizando irrigação abundante de hipoclorito de sódio entre os avanços de cada terço e repassando um instrumento  10, ou 15  Irrigação / aspiração com hipoclorito de sódio (1% ou 2,5%) – depende do estado patológico da polpa; 14 ETAPAS DO TRATAMENTO ENDODÔNTICO III ESVAZIAMENTO I FASE PRÉ-OPERATÓRIA II CIRURGIA DE ACESSO OBSERVAÇÕES CARACTERÍSTICAS DOS DENTES SUPERIORES CARACTERÍSTICAS DOS DENTES INFERIORES Os Instrumentos de NiTi (níquel titânio) para acionamento a motor foram projetados para uso com rotação contínua em baixa velocidade. A disciplina de Endodontia adotará os sistemas de instrumentação com Rotação Contínua (Protaper Next) e Reciprocante (WaveOne Gold)