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Unidade 2 Legitimidade sucessória

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Unidade 2: Legitimidade sucessória, indignidade e deserdação 
 
Bibliografia: 
 
Gonçalves, Carlos Roberto Direito das sucessões / Carlos Roberto Gonçalves. 17. ed. – São Paulo : 
Saraiva, 2016. – (Coleção sinopses jurid́icas ; v. 4) 
Tartuce, Flávio. Direito civil, v. 6: direito das sucessões / Flávio Tartuce – 10. ed. rev., atual. e ampl. – 
Rio de Janeiro: Forense, 2017. 
 
Temas para estudo: 
• Partes legitimadas à sucessãolegítima 
• Partes legitimadas (ou não) à sucessão testamentária 
link para estudo: pg. 25 a 30 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788502617803/pageid/25 
• Indignidade 
link para estudo: pg. 39 a 44 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788502617803/pageid/39 
• Deserdação 
link para estudo : pg. 137 a 140 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788502617803/pageid/137 
• Comparação entre os dois institutos 
 
Resumo: 
Legitimidade Sucessória 
Para que haja herdeiros, dois são os pressupostos:- a morte do “de cujus” 
 - sobrevivência do herdeiro 
A partir disso, podem ser herdeiros, como regra geral do art. 1798, as pessoas nascidas ou pelo 
menos concebidas no momento da abertura da sucessão. 
Assim, protege-se também o direito do nascituro que será resguardado por curador de ventre. 
Essa herança tem condição resolutiva. 
Claro está também que o herdeiro deve ser pessoa. Animais não podem. 
O CC, no art. 1799, traz exceções para a sucessão testamentária, onde podem suceder: 
- pessoas jurídicas já existentes. (aqui não se sabe se a jurisprudência beneficiará 
também as sociedades de fato, como fazia durante a vigência do CC anterior, já que o legislador 
não fez a ressalva.) 
- pessoas jurídicas a serem criadas pela vontade expressa do testamento - art. 62: 
fundação 
- filhos ainda não concebidos de pessoas nomeadas. PROLE EVENTUAL: herdam a 
eventual prole futura de pessoas nomeadas no testamento, mas que devem estar vivas no 
momento da abertura da sucessão, sob pena de o testamento caducar. Essa prole terá seu direito 
resguardado por curador. O prazo para que sejam concebidos é de dois anos, salvo previsão 
expressa em contrário. Se não nascerem, então revertem-se os bens e seus frutos aos herdeiros 
legítimos, e não aos que seriam seus pais. 
Limitação para nomeação de herdeiros e legatários (art. 1801 e ss) 
Casos de ilegitimidade relativa e não de incapacidade: 
- pessoa que escreveu “a rogo” o testamento e parentes especificados na lei. 
- testemunhas do testamento 
- tabelião perante quem se faz o testamento ou outro oficial, no caso dos testamentos especiais. 
Nesses 3 casos, é claro que o objetivo do legislador é dar segurança ao ato, de tal forma que 
quem participa da sua elaboração não possa querer praticar ilícito em abuso de confiança, para 
tirar proveito próprio. 
O outro caso previsto no artigo é diferente: 
- concubino de testador casado (salvo separado de fato, sem culpa, há mais de 5 anos). 
Deve lembrar-se que, com o novo CC, é diferente o concubinato da união estável. Só o impuro, 
portanto adulterino, gera tal ilegitimidade. 
Da mesma forma, portanto, que há a proibição para a doação (ato “inter vivos”), também fica 
vedada a nomeação como beneficiário em testamento (“causa mortis”). 
É questionável a imposição do prazo de 5 anos para a separação de fato, já que no art. 1723, 
específico sobre o instituto, não se impõe tal limite de tempo. 
Quanto à questão da culpa, essa já deveria ter sido retirada do CC e, na prática, só servirá para 
provocar confusão, mesmo porque o morto não terá como provar sua inocência... 
O CC ainda veda, com relação à vedação de benefício ao concubino, a prática de simulação ou 
ainda que o benefício atinja pessoa relacionada ao concubino, salvo no caso de filho que 
também seja do testador, pois é filho dele. 
INDIGNIDADE (ART. 1814) 
Definição - “Pena civil que rpiva do direito à herança herdeiro ou legatário que cometeu atos 
criminosos ou reprováveis, taxativamente elencados na lei, contra a vida, honra e liberdade do 
‘de cujus’“. (Washington de Barros Monteiro) 
Fundamento ético – quem ofende, não pode depois tirar vantagem, já que a sucessão tem por 
base a afeição existente enter “de cujus” e heredeiro/legatário. 
Causas da exclusão – taxativas – art. 1814, I, II e III. 
1. homicídio doloso, ou tentativa – deve ser doloso, sem excludente de ilicitude ou 
imputabilidade. 
Também incluía, no CC anterior, segundo a jurisprudência, a instigação ao suicídio, embora a 
interpretação não possa ser extensiva, já que o rol é taxativo. 
A ação é cível, podendo a prova ser feita independentemente da esfera criminal, salvo se houver 
absolvição por reconhecimento da ausência de fato ou autoria (art. 935 CC – a excludente de 
criminalidade faz coisa julgada no cível). A mera falta de provas não impede a ação. 
A novidade deste inciso é que inclui não mais os cúmplices mas, em geral, co-autores ou 
partícipes. E a ofensa poderá ser não só contra o autor da herança, mas também contra o 
cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente. 
2. quem praticar calúnia em juízo (contra o “de cujus”) ou praticar crime contra a honra 
dele ou de seu cônjuge ou companheiro. Ou seja, inclui também as figuras da injúria e 
difamação. 
 - antes, alguns entendiam que se aplicava também à ofensa à memória do morto. 
 - Washington entende que, nesse caso, é necessária a condenação criminal. 
3.violência ou fraude à liberdade de testar ou de execução do testamento (salvo se corrigir-
se a tempo ou se o testamento que impede for nulo). 
Ação de Indignidade 
A ação é declaratória – art. 1815. 
Decadência : 4 anos (art. 1815, par. Único) da abertura da sucessão. 
Autor da ação: quem tem interesse na sucessão (herdeiro, legatário, município, credor). O MP 
não tem interesse, já que esse é particular. 
A ação deve ser proposta só depois de aberta a sucessão. 
O indigno deve estar vivo, já que a indignidade é pena e, portanto, personalíssima. 
Reabilitação – art. 1818 
Só por perdão do próprio autor da herança, por meio de testamento ou documento autêntico. 
Parágrafo único fala em reabilitação parcial. 
Efeitos da indignidade 
São pessoais – atingindo somente a ele, por isso o art. 1816 diz que o indigno é considerado 
pré-morto, sendo representado por seus descendentes. 
Mas aí o indigno não terá usufruto e administração sobre esses bens recebidos por seus 
descendentes, se tiver sobre eles poder parental. 
Importante – 1817: pode o indigno representar o autor da herança, na herança de outrem. 
Os efeitos são “ex tunc”, devendo devolver rendimentos e frutos, sendo ressarcido pelas 
despesas. Será respeitado o 3º de boa-fé. 
DESERDAÇÃO 
“Ato pelo qual o “de cujus” exclui da sucessão, mediante testamento, com expressa declaração 
de causa, herdeiro necessário, privando-o de sua legítima, por ter praticado qualquer ato 
taxativamente enumerado no CC”. 
 
Difere do caso dos herdeiros facultativos – basta dispor de outra forma, e da deserdação “bona 
mente”, que é restringir a herança com cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, 
incomunicabilidade. 
Requisitos 
 
- testamento válido, com previsão expressa da causa 
- ocorrência do fato antes da morte do testador 
- causa deve estar entre as da lista taxativa da lei 
- existência de herdeiros necessários 
- comprovação da veracidade dos fatos alegados 
A comprovação deve ser feita por herdeiro instituído ou por aquele a quem ela aproveita. Ação 
ordinária, como na indignidade. 
Decadência: 4 anos, a contar da abertura da sucessão. 
O testamenteiro a quem não aproveite a deserdação não tem legitimidade. 
Provada a causa, a sentença priva o herdeiro da legítima. Do contrário, a deserdação é nula,assim como as disposições que atingirem a legítima deverão ser reduzidas. 
Causas da deserdação (1961, 1962 e 1963 CC) 
- as mesmas da indignidade 
- ofensa física, leve ou grave, independente de decisão na esfera criminal 
- injúria grave, contra a honra do testador. 
 Questões como pedido de interdição; ação para anular doação feita por doador; se o 
herdeiro é inimputável; destituição do testador de cargo de inventariante, e outras do tipo não 
são aqui consideradas. 
- relações ilícitas com madrasta ou padrasto – ou com genro, nora ou mulher do neto ou 
marido da neta. Porque são relações incestuosas e adúlteras. 
- desamparo em alienação mental ou grave enfermidade – mera internaçãonão é causa, 
assim como o herdeiro não é obrigado a fazer o que não tem meios de custear. 
Efeitos da deserdação 
- aberta a sucessão, o herdeiro recebe o domínio da herança, mas com a publicação do 
testamento há condição resolutiva que o priva da herança. 
- com a exclusão da herança o herdeiro é considerado pré-morto. 
- efeitos “ex tunc” 
- Como é personalíssimo, há direito de representação. 
-preservação do acervo até a sentença por meio de depósito judicial. 
- se não for provada a causa ou não for proposta a ação no prazo, a deserdação será nula e o 
herdeiro terá direito à legítima. 
Reabilitação – mero perdão ou reconciliação não geram efeito. É necessária revogação 
testamentária. 
 
Indignidade ≠ Deserdação 
 
Objetivo Igual nos 2 casos: punir quem 
ofendeu o 
“de cujus”, com a privação da herança 
Casos Os do art. 1814 Vontade do testador, baseada em 
motivo legal: 1814, 1962 e 1963 
Tipo Sucessão legítima ou testamentária, 
atingindo herdeiro ou legatário 
Sucessão testamentária, para atingir 
herdeiro necessário 
Iniciativa Interessado Antes da morte: “de cujus” 
Depois: interessado. 
 
Questões para fixação: 
• É preciso estar nascido para ser herdeiro? 
• O que é prole eventual? 
• É possível deixar herança em testamento para amante? E para companheiro(a)? 
• Em que casos uma pessoa deixa de receber a herança por indignidade? 
• Quais as diferenças entre indignidade e deserdação?

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