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Uma Rápida Imersão no Conceito Freudiano de Inconsciente

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Uma Rápida Imersão no Conceito Freudiano de Inconsciente
Algumas teorias da aprendizagem humana dizem-nos que, para que um sujeito apreenda novos conteúdos, faz-se necessário fazer uma imersão na nova teoria a ser apreendida, ou seja, deixar-se inundar pelo novo conhecimento a adquirir, para num segundo momento emergir, tomar uma certa distância e então buscar uma nova compreensão, fazendo uso dos novos conhecimentos adquiridos.
Penso que ao iniciarmos um curso de especialização é justamente isto que buscamos. Fazer imersão em alguma área do conhecimento que nos capturou, para que assim possamos, exercer nossa prática de forma hábil.
Capturou?
Sim! A psicanálise nos captura, nos conquista, nos arrebata, nos apreende.
E, assim vamos fazendo imersões para compreendê-la.
Laplanche e Pontalis, em seu Vocabulário de Psicanálise, vão afirmar que: “…Se fosse preciso concentrar numa palavra a descoberta freudiana, seria incontestavelmente, na palavra inconsciente…”
Freud vai apontar a psicanálise como a terceira ferida narcísica sofrida pelo saber, imposto até então. Pois ela vai produzir a descentralização da razão e da consciência, fazendo destas, como diz Garcia Rosa, um mero efeito de superfície do Inconsciente. Resultando assim, a clivagem da subjetividade, a qual não mais será vista como um todo centralizado na consciência e razão, mas, uma divisão em dois sistemas – o Consciente e o Inconsciente.
Para Freud a divisão do psíquico, constitui a premissa fundamental da psicanálise, vindo assim tornar, compreensível, os processos patológicos da vida mental.
Foi praticando a psicanálise que Freud foi desvelando o inconsciente. Sua práxis permitiu-lhe pontuar que, o inconsciente pode ser visto do ponto de vista descritivo – o qual simplesmente atribui uma qualidade específica a um estado mental; e do ponto de vista dinâmico – o qual atribui uma função específica a um estado mental.
A partir dai vai afirmar que o inconsciente do ponto de vista descritivo é latente, ou seja, é capaz de tornar-se consciente a qualquer momento, portanto Freud o denominou de pré-consciente (PCS); e do ponto de vista dinâmico é o reprimido, não sendo capaz de tornar-se consciente (CS), a não ser no trabalho de análise, por isso é denominado de inconsciente.
Com o intuito de tornar sua teoria cada vez mais compreensível, Freud então vai registrar que os fenômenos psíquicos podem ser lidos no sentido descritivo – que descreve o elemento psíquico – e no sentido sistemático – que significa a inclusão em sistemas particulares e a posse de certas características. Assim os processos psíquicos podem ser vistos sob três aspectos, a saber:
* Dinâmico – aquele que atribui uma função especifica a um estado        mental – Inconsciente ou Consciente.
* Topográfico – aquele em que os processos mentais estão localizados topograficamente em sistemas distintos – Sistema Inconsciente (ICS); Sistema Pré-consciente (PCS) e Sistema Consciente (CS).
* Econômico – no qual vamos trabalhar com quantidades de excitação – Catexia e Anticatexia.
Para Freud descrever uma processo psíquico em seus aspectos dinâmico, topográfico e econômico consiste em uma apresentação metapsicológica do mesmo.
O sistema inconsciente possui características muito peculiares, as quais não podemos deixar de citar, pois são elas que nos permitem , entre outras coisas, vislumbrar os conteúdos psíquicos inconscientes que surgem no setting terapêutico.
Assim podemos caracterizar – com Freud – que o núcleo do inconsciente consiste em impulsos carregados de desejo, os quais são coordenados entre si, existem lado a lado sem se influenciarem mutuamente. Não há neste sistema contradição, negação, dúvida ou certeza. Só existem conteúdos catexizados com maior ou menor força. Este sistema não inclui nenhuma relação ao tempo. Seu funcionamento ocorre por deslocamento , enquanto um processo metonímico – o qual consiste no uso de uma palavra fora do seu contexto semântico normal, por ter uma significação que tenha relação objetiva, de contigüidade, material ou conceitual com o conteúdo referente ocasionalmente pensado (Dic. Houassis), ou seja, o deslizamento de um sentido o qual para o sujeito é difícil de aceitar, para um outro que não gere conflito. A condensação também é uma forma de funcionamento do inconsciente, pode-se designá-la como um processo metafórico, ocorre quando várias cadeias associativas concentram-se numa única representação. Este sistema ainda dispensa pouca atenção à realidade e está sujeito ao principio do prazer e a regulação prazer-desprazer.
O inconsciente para dar notícias de sua existência, irá reunir essas características para desenvolver formações como as Fantasias, Sintomas, Atos Falhos, Chistes e os sonhos, denominadas pela teoria psicanalítica como formações do inconsciente.
 
 
Texto elaborado em 2004, durante o curso de especialização em Psicologia Clínica – Psicanálise.

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