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QUÍMICA ORGÂNICA AVANÇADA UNIDADE 1: ESTEREOQUÍMICA 1.1. Isomerismo Molecular 1.2. Simetria em Compostos Orgânicos 1.3. Estereoisomerismo 1.4. Nomenclatura de Estereoisômeros 1.5. Estereoquímica com Heteroátomos 1.6. Estereoquímica sem Átomos Quirais 1.7. Topicidade e Prostereoisomerismo 1.8. Topicidade e Espectroscopia de RMN de 1H 1.9. Atividade Óptica e Quiralidade 1.10. A Projeção de Fischer 1.11. Configuração Absoluta 1.12. Métodos de Determinar a Configuração Absoluta 1.13. Síntese Assimétrica 1.14. Confôrmeros Acíclicos e Cíclicos Bibliografia Sugerida: 1. Eliel, E. L. and Wilen, S. H. Stereochemistry of Organic Compounds; John Wiley & Sons, Inc.: New York, 1994. 2. Buxton, S. R.; Roberts, S. M. A Guide to Organic Stereochemistry; Longman, Edinburgh, Inglaterra, 1996. 3. Romero, J. R. Fundamentos de Estereoquímica dos Compostos Orgânicos. Editora Holos, Ribeirão Preto, SP, 1998. * Os itens de 1.1 a 1.8 foram baseados totalmente no material didático desenvolvido pelo Prof. Sergio Pinheiro da Universidade Federal Fluminense. 2 1.1 - ISOMERISMO MOLECULAR Estereoquímica → estuda a geometria espacial das moléculas Importância: nas propriedades físicas das moléculas, no curso e no mecanismo de reações, na espectroscopia, etc. Estereoisômeros: são isômeros espaciais Geométricos (cis-trans) (trans) (cis) (cis) (trans) Confôrmeros interconvertíveis por rotação em torno de ligação simples . Cl Cl H H H Cl H Cl Moléculas iguais (em equilíbrio) Conformações diferentes Configuracionais (ópticos) átomos têm arranjos espaciais diferentes b ac d b a d ce Configurações diferentes Não são a mesma molécula Se interconvertem por quebra de ligações Homômeros são a mesma molécula. Têm fórmulas moleculares iguais e mesmo arranjo dos átomos. Isômeros são moléculas diferentes. Têm fórmulas moleculares iguais e diferentes arranjos dos átomos. 3 1.2 - SIMETRIA EM COMPOSTOS ORGÂNICOS Quiralidade → é um fenômeno molecular. Está associada à presença de elementos de simetria nas estruturas dos compostos. Elemento de simetria → é uma operação que interconverte certas partes de uma molécula em outras, de tal modo que a estrutura final seja idêntica ao desenho original. 1.2.1- Elementos de simetria a) Eixo Próprio (Cn) É o eixo de ordem n tal que quando uma molécula é rodada de 360o/ n ao redor desse eixo Cn faz com que a nova molécula seja idêntica à original. ATENÇÃO ! Moléculas lineares têm eixo C∞ C1 → ocorre em todas as moléculas (não é eixo de simetria) Br H H Br 180o Br H H Br 360o/ 180o = 2 (eixo C2) N H H H 120o NH H H 360o/ 120o = 3 (eixo C3) C6 C2 C2 Eixo principal: é o eixo de maior ordem n Exerc.: Identificar todos os eixos Cn da molécula ao lado. EtMe C oo 4 b) Plano de Simetria (σ) É o plano que divide a molécula em duas porções idênticas. c) Centro de Simetria (inversão) (Ci) É um ponto Ci da molécula tal que as retas que passam por Ci cortam pontos equivalentes na mesma distância dos dois lados de Ci. d) Eixo Impróprio ou Alternado (Sn) Elemento consiste de rotação de n graus sobre um eixo e reflexão no plano perpendicular a esse eixo. com reflexão com rotação ou Tanto faz começar (elemento S 2) 360o / 180o = 2 Ph H H Ph 180o H Ph Ph H H Ph Ph H 180o Ph H H Ph Ci Ph H H Ph H HO2C CO2H H Ci C6 C2 C2 σ(h) H H H H σ(v)C2 σ(h) σ(v) σ (v) (vertical) plano que contém o eixo principal. σ (h) (horizontal) plano perpendicular ao eixo principal. 5 ATENÇÃO ! Qualquer molécula pode ser classificada através das operações de simetria. 1.2.2- Simetria e quiralidade A presença de pelo menos um dos elementos de simetria de reflexão (σ, Sn ou Ci) faz com que a molécula seja sobreponível, ponto a ponto, à sua imagem especular: molécula aquiral a bc c a b c c 180o (tem σ e C2) b a a b (tem σ e S2) H H σ, C2 2 planos σ 1 eixo C2 N H H H σ C3 3 planos σ 1 eixo C3 Cl Cl C2 1 eixo C2 Molécula quiral - não é sobreponível, ponto a ponto, à sua imagem especular. - não tem σ, Sn nem Ci a b Cd e b a C e d * * (não sobreponíveis) C* carbono assimétrico [α]D 0o 6 PPh2 PPh2O O (R,R)-DIOP C2 CO2Et CO2EtHO HO H H C2 (+)-DET OH OH (R)-BINAFTOL C2 Moléculas quirais (tipos) - assimétrica não tem elementos de simetria; geralmente tem C* O D-(+)-cânfora CN Br Cl H - dissimétrica tem eixo de simetria Cn Cl Cl C2 Cl Cl 180o enantiômeros C2 é o eixo Cn mais importante ! Cl Cl L-(-)-cânfora O enantiômeros NC Cl Br H enantiômeros CO2H CO2H H HO OH H ácido (-)-tartárico C2 7 GRUPOS PONTUAIS Grupo pontual de simetria → é o grupo de todas as moléculas que contêm o mesmos elementos de simetria. H H O C2 Cl Cl H C H C2 2 planos σ 1 eixo C2 2 planos σ 1 eixo C2 Grupo pontual C2v C2v C2 eixo de maior n Cv plano σ contém o eixo de maior n H NH H H ClClCl C Grupo pontual σ, C3 3 planos σ 1 eixo C3 σ, C3 3 planos σ 1 eixo C3 3V 8 Exemplos: moléculas quirais CH3 OHHPh Grupo pontual C1 Não há elementos de simetria OH OHC2 H Cl Cl H H Cl ClH C2 Grupo pontual Cn Moléculas com eixo próprio Cn (dissimétricas) O OH NO2 Cl NO2 Cl NO2 Cl C2 alenos com padrão abC=C=Cab NO2 Cl Grupo pontual Dn Moléculas com n eixos C2 ao eixo principal Cn. O O bifenilas em ponte nas posições α,α' C2 (Grupo pontual C2) (Grupo pontual D2) Cn = C2 Cn = C2 C2 bifenilas com substituintes iguais em posições orto (Grupo pontual C2) (Grupo pontual D2) Moléculas assimétricas 9 Determinação do grupo pontual: Grupos pontuais que contêm moléculas quirais: C1, Cn e Dn Cn não S2n sim com Cn ? Há Sn colinear não Cnv sim eixo principal ? contendo o Há n planos σ não Dn Dnd não sim ângulos entre C2 ? que biseccionam Há n planos σ nãoDnh sim σ Cn ? Há plano sim Há n eixos C2 Cn ? Selecionar o maior Cn; S2~~Ci Cl sim não Há centro Ci ? não Cs sim Há plano σ ? não sim Há eixo Cn ? não Ohsimoctaedro ? Molécula énão Td sim regular ? tetraedro Molécula é Moléculas assimétricas Moléculas dissimétricas Moléculas dissimétricas assimétricas e 10 Exemplos: Moléculas aquirais Grupo Td Cl Cl Cl Cl moléculas com alta simetria Si F F F F F F Grupo Oh moléculas com alta simetria (octaedros e cubos) Grupo Cs moléculas com plano de simetria e Cl Br H H H Cl O CHO H OHH H CR2XY RCHO sem eixode simetria Grupo Ci = S2 não têm eixo de simetria CO2H CO2H HHO H OH N N H O O H não têm plano de simetria têm centro de simetria H CO2Me O=C=O Grupo Dooh compostos com simetria cilíndrica 11 Grupo Dnh têm eixo Cn (principal) têm plano de simetria Cl Cl têm n eixos C2 perpendi- culares ao eixo principal perpendicular ao eixo principal (D2h) (D2h) (D3h) (D3h) (D6h) Grupo Dnd (D2d) (D2d) (D3d) têm eixo principal e n eixos C2 perpendiculares a ele existem n planos que inter-ceptam o eixo principal Grupo C2V (C2V) Br H H O (C2V) (C2V) moléculas com um eixo Cn e n planos de simetria 12 1.3- ESTEREOISÔMEROS Enantiômeros → estereoisômeros em que um é a imagem especular e não sobreponível, átomo por átomo, do outro. ATENÇÃO ! Mistura racêmica (par d,l) é opticamente inativa. = - 42,9oD 27[α]= + 42,9oD27[α] CH3 HO Ph H CH3 OH Ph H + (1 mol) (1 mol) Ph OH = 0oD 27[α] Se um dos enantiômeros for predominante na mistura, essa é opticamente ativa. CUIDADO ! CH3 OHHPh HO CH3 Ph H [α]D = + 42,927 [α]D = - 42,9 27 Uma molécula só pode ter um enantiômero Em meio aquiral, dois enantiômeros só diferem pelo sinal do [α]. Cada enantiômero é quiral C2 Em enantiômeros: todos os centros quirais são invertidos CO2H CO2H H HO OH H ácido (-)-tartárico CO2H CO2H OH H H HO Ph CO2Me OH Ph CO2Me OH Enantiômeros: podem ser assimétricos ou dissiméticos CO2H CO2H H HO OH H CO2H CO2H OH H H HO OH OH par (d,l) assimétricos ácido (+)-tartárico (d, l) ou (R, S) ou +_ dissimétricospar (d,l) 13 Diastereoisômeros → estereoisômeros em que um não é a imagem especular do outro. Um ou ambos podem ser opticamente ativos. Cl Me 2 C* 2 2 = 4 estereoisômeros possíveis 22/2 = 2 pares (d,l) possíveis Cl Me Cl Me Cl Me Cl Me (d,l) (d,l) diastereoisômeros (todos são quirais: não têm σ, Ci nem Sn) H OH H OH HO H H OH σ meso (aquiral) H OH HO H (d,l) enantiômeros (quirais) diastereoisômeros diastereoisômeros (aquirais: têm plano σ) 14 Alguns termos importantes: Meso → estereoisômero que tem um número igual de grupos identicamente ligados e enantioméricos e nenhum outro grupo quiral. É aquiral Epímeros → diastereoisômeros que diferem entre si pela configuração de apenas um dos centros quirais. Anômeros → são epímeros no carbono anomérico. H OH HH OHH σ H Ph H Ph σ Formas meso sempre têm plano de simetria O OH HO HO HO HO O OH HO HO HO HO (β-D-glicose) (α-D-glicose) O Cl But (anômero β) O Cl But (anômero α) Et Et 15 1.4- NOMENCLATURA DE ESTEREOISÔMEROS 1.4.1- Para configuração relativa 2o modo: eritro-treo Usada para sistemas acíclicos com 2 centros quirais onde dois dos substituintes são iguais e o terceiro é diferente. Usar projeções de Fischer ou formas em cavalete eclipsadas! Y Z W X W X Y X W X W Z eritro substituintes iguais do mesmo lado (Atenção! Se Y = Z meso) Y Z X W W X Y X W W X Z treo substituintes iguais em lados diferentes (Atenção! Se Y = Z d,l) Ex: D,L; R,S; (+) / (-) da molécula. dá a geometria espacial- absoluta Ex: cis-trans, eritro-treo, syn-anti (quirais ou não).diferentes centros dá a relação entre átomos ligados a- relativa Configuração 1o modo: cis-trans Et Et cis trans cis trans Et Et Z E 16 ficam no plano. Prioridade: maiores cadeias de carbonoem zig-zag ! CO2Me H MePh H HO syn dos C CO2Me H MePh HO H Usar forma 3o modo: syn-anti Mais usada para sistemas acíclicos com 2 ou mais centros quirais. anti OH e Me em lados diferentes Y N Z X N Z X Y (syn) (anti) X Y Z prioridade Cahn-Ingold-Prelog 17 1.4.2- Para configuração absoluta prioridade A B C D S: sentido anti-horário A C B D R: sentido horário A B C D Nomenclatura atual: baseada no sistema Cahn-Ingold-Prelog . 2o modo: Nomenclatura R,S H i-Pr H R S But Et R R N Ph H H R Atualmente: só é usada para carboidratos e aminoácidos. 1o modo: Nomenclatura D,L Nomenclatura antiga: baseada nos enantiômeros do gliceraldeído. CHO OHH CH2OH CHO HHO CH2OH D-(+) L(-) gliceraldeído (açúcares naturais: série D ) CO2H NH2H CH3 CO2H HH2N CH3 L(-)D-(+) glicina (aminoácidos naturais: série L ) 18 ATENÇÃO! Carbono pseudo-assimétrico → é um carbono quiral contido em uma molécula aquiral. Br OH OH Br OH OH Br OH OH Br OH OH Br OH OHH OH H Br H OH H OH Br H H OH Br OH OH Br OH OH Ex.: 2 3 4 C3 pseudo-assimétrico assimetria depende das configurações de C2 e de C4 2 4 1o caso σ 2 4 σ C3: r C3: s (moléculas diferentes) prioridade: R S Br C2 C4 prioridade molécula aquiral C2: R; C4: S C3 pseudo- assimétrico Cahn-Ingold-Prelog: r s 2o caso 2 4 moléculas quirais C3 aquiral C2: R; C4: R não é σ nem C2 2 4 C2: S; C4: S não é σ nem C2 Moléculas são assimétricas enantiômeros (moléculas diferentes) 19 1.5- ESTEREOQUÍMICA COM HETEROÁTOMOS Estereoisomerismo → ocorre em átomos centrais diferentes do carbono. a) Substâncias com átomos assimétricos trivalentes b) Substâncias com outros átomos assimétricos tetravalentes no P é muito lenta ! Inversão do guarda-chuva (d,l) P Ph Et MeP PhEt Me opticamente ativos Fosfinas, sais de sulfônio e não enantiômeros. Moléculas são iguais,N Ph Et Me N PhEt Me (inversão do guarda-chuva) equilíbrio rápido leva à perda da quiralidade Aminas e NH3 e sulfóxidos são (d,l) S O Et Me S OEt Me BrBr S Ph Et MeS PhEt Me (d,l) N Et Me Pr O N EtMe Pr O (d,l) BrBr N Et Me Pr H N EtMe Pr H (d,l) compostos de Si, (d,l) H Si Ph But Me H Si PhBut Me sais de amônio e N-óxidos 20 1.6- ESTEREOQUÍMICA SEM ÁTOMOS QUIRAIS Certas substâncias podem ser opticamente ativas mesmo sem possuir centros quirais. Principais casos: rotação restrita origina planos dissimétricos e perpendi- culares. Pertencem ao grupo pontual Cn (dissimétricas). diferentes em ortobifenilas com substituintes volumosos e O2N Et Me NO2 Et NO2 Me NO2 (d,l) ATROPISÔMEROS são confôrmeros que são separáveis devido a rotação reatrita em C-C Ex.: Ex.: alenos dos tipos abC=C=Cab e abC=C=Cde Me Et Et Me Et Me Me Et (d,l) Ex.: certos alquilidenocicloalcanos certos espiranos substituidos Ex.: H CO2H H Me (d,l) H HO2C H Me Et Me Me Et Me Et Me Et H Cl H Me H Cl H Me (d,l) 21 1.6.1. "MOLECULAR PROPELLERS" E "GEARS" "Molecular Propellers" São moléculas análogas às hélices de barcos e aviões e são um caso especial de atropisomerismo. As "palhetas" da hélice são torcidas no mesmo sentido, sendo constituidas de grupos planares (geralmente anéis aromáticos com substituintes diferentes), que não são coplanares entre si. A não coplanaridade é devida a rotação impedida nas ligações simples. Se os 3 anéis forem perpendiculares ao plano sp2 do boro há 4 pares (d, l): os substituintes X, Y e Z ficam acima e abaixo do plano trigonal do boro. OBS: Se os anéis forem torcidos (e não perpendiculares ao plano sp2 do B), há helicidade. Anéis torcidos p/ a direita e p/ a esquerda dão 8 pares (d, l). BY Z X B X Z Y (d, l) BY Z B Z Y (d, l) X X BY X B X Y (d, l) Z Z B Z X B X Z (d, l) Y Y B X Z Y B um "propeller" não é um "propeller" quiral; grupo C1 (assimétrica) quiral; grupo Dn X = Y = Z X = Y = Z 22 O átomo central da hélicedo "propeller" pode ser assimétrico. Ex.: carbono assimétrico Os estereoisômeros dos "molecular propellers" podem ser interconvertidos através de mecanismos em "flip" envolvendo 0, 1, 2 ou os 3 anéis. Conseqüência no espectro de 1H-RMN: X Z YH 16 pares (d, l) X Z YH 8 pares (d, l) X Y Z (há eixos C2) Presença de eixos C2 nos anéis diminui o número de pares (d, l) 0 anéis 1 anel 2 anéis 3 anéis flip flip flip flip N Ph X X = CO2CH3 1H-RMN (CD2Cl2) a -40 oC: há duplicidade de sinais (há mistura de dois diastereoisômeros) 1H-RMN (CD2Cl2) a 25 oC: sinais dos dois diastereoisômeros coalescem Barreira de energia para interconversão dos diastereoisômeros é relativamente baixa a 25oC (17,8 kcal/ mol) 23 Gears São engrenagens ("gears") observadas em moléculas aquirais onde a rotação impedida em torno de ligações simples é decorrente de tensões de van der Waals entre grupos não ligados. H H HH H Grupo pontual C6h H H3C H3C H H3C CH3 H CH3H3C H CH3 CH3 Grupo pontual C2h "Gears" estáticos Há conformações preferenciais em C-C Rotação restrita em torno de C-C H Grupos isopropila são isócronos 24 1.7- TOPICIDADE E PROSTEREOISOMERISMO Dá as relações entre átomos, grupos e faces em uma dada molécula. 1. Para átomos e grupos As relações entre dois átomos (ou grupos) são dadas pela substituição de um deles por um terceiro átomo (ou grupo). O conceito é usado principalmente para distingüir dois átomos de hidrogênio presentes no mesmo carbono. 1o CASO Moléculas do tipo CH2X2 H1 H2 X X H1 X D H2 X D D H2 X X H1 D X X rotação Produtos são iguais H1 e H2 iguais (HOMOTÓPICOS) 2o CASO Moléculas do tipo CH2XY H1 H2 X Y H1 X D H2 X D D H2 X Y H1 D X Y rotação Produtos são enantiômeros H1 e H2 são ENANTIOTÓPICOS Hidrogênios homotópicos e enantiotópicos não são diferenciados por 1H-RMN sob condições de simetria (ex.: CDCl3 na ausência de reagentes de deslocamento quirais). 25 ATENÇÃO! PRÓ-QUIRAL termo usado para grupo (ou molécula) que tem dois átomos (ou grupos) enantiotópicos. A substituição por um terceiro átomo (ou grupo) produz uma molécula quiral! Ph CO2Me H1 H2 centro pró-quiral 1. LDA, THF 2. CH3I Ph CO2Me H1 CH3 centro quiral molécula quiralmolécula aquiral (pró-quiral) H1 e H2: são pró-quirais (enantiotópicos) Posição benzílica também é pró-quiral Ph CO2Me H1 H2 centro pró-quiral OBS: 3o CASO Moléculas do tipo XH2C-C* H1 X D H2 X D Produtos são diastereoisômeros H1 e H2 são DIASTEREOTÓPICOS Hidrogênios diastereotópicos são diferenciados por 1H-RMN sob condições de simetria. X H1 H2 R1 R2 R3 C* = centro quiral C* X D H2 R1 R2 R3 X H1 D R1 R2 R3 26 Atenção!!! O centro quiral pode estar afastado, mas os hidrogênios continuam sendo diastereotópicos. Nomenclatura de átomos e grupos pró-quirais: sistema Cahn-Ingold-Prelog (nomenclatura R, S) O H1 H2 Et But H1 e H2 são diastereotópicos Os H em cada CH2 são diastereotópicos entre si. O H2 H1 (pró-quiral) H1 x D H2 x D O H2 D O D H1 R (quiral) S (quiral) R S H1 e H2: pró-quirais (enantiotópicos) H1 pró-R (HR) H2 pró-S (HS) 27 2. Para faces Também existe topicidade em faces de moléculas trigonais. 1o CASO Moléculas do tipo Produtos são iguais (HOMOTÓPICAS) 2o CASO Moléculas do tipo rotação Produtos são enantiômeros ENANTIOTÓPICAS R R X R R O Nu _ Nu _ ataque por trás ataque pela frente R R Nu OH R R Nu OH H3O + H3O + R R O faces iguais R R1 X rotaçãoR R1 O Nu _ Nu _ ataque por trás ataque pela frente R R1 Nu OH R R1 Nu OH H3O + H3O + R R1 O faces são (PRÓ-QUIRAIS) 28 3o CASO Moléculas do tipo Produtos são diastereoisômeros DIASTEREOTÓPICAS R R* X Nu _ Nu _ ataque por trás ataque pela frente H3O + H3O + R R* O faces são R* = grupo contendo centro quiral R O R1 R2 R3 R R1 R2 R3 Nu OH R R1 R2 R3 Nu OH ATENÇÃO ! O estereocentro pode estar afastado da C=X. Ph O H1 H2 H3 H4 Et estereocentro faces de C=O são diastereotópicas H1 e H2 são diastereotópicos H3 e H4 são diastereotópicos 29 Nomenclatura de faces pró-quirais (enantiotópicas): usar o sistema Cahn-Ingold-Prelog (nomenclatura R, S) Y Z X face Si Z Y X face Re Prioridade: X Y Z (na nomenclatura R, S) Atenção! X é sempre o de maior prioridade (X = O, S, NR, etc) Exemplo: Et Me O Nu _ face Re Nu _ Nu _ H3O + H3O + face Si _ Nu Et Me HO Nu Et Me HO Nu 30 1.8- TOPICIDADE E ESPECTROSCOPIA DE 1H-RMN Hidrogênios homotópicos e enantiotópicos → não acoplam entre si e não são diferenciáveis (δ iguais) no espectro de 1H-RMN. Ex.: hidrogênios homotópicos Ex.: hidrogênios enantiotópicos N N Ha Hb Ha e Hb: homotópicos 1H RMN (300 MHz, CDCl3) Ha e Hb: 3,20 ppm (s, 2H) Ha e Hb N OCH3 Ha Hb Ha e Hb: enantiotópicos Ha e Hb: 3,44 ppm (s, 2H) 1H RMN (300 MHz, CDCl3) Ha e Hb 31 Hidrogênios diastereotópicos → acoplam entre si e são diferenciáveis (diferentes δ) no espectro de 1H-RMN. Ex.: Ex.: O O CO2CH3 Ha Hb carbono quiral +_ Ha: 2,98 ppm (d, 1H, JHaHb = 15 Hz) Hb: 2,66 ppm (d, 1H, JHbHa = 15 Hz) Padrão AB: 1H RMN (100 MHz, CDCl3) Hb N O Ha Hb H3 Ha: 2,68 (dd, JHaHb = 12,6 Hz e JHaH3 = 3,0 Hz) Hb: 2,38 (dd, JHaHb = 12,6 Hz e JHaH3 = 7,2 Hz) 1H RMN (300 MHz, CDCl3) Ha 32 1.9- ATIVIDADE ÓPTICA E QUIRALIDADE Jean Baptiste Biot, físico francês - 1815: Ele descobriu que algumas substâncias naturais (glicose, nicotina, sucrose, ) giravam o plano da luz polarizada e outras não. Qualquer molécula que gira o plano da luz polarizada é dito ser opticamente ativa. Se uma substância pura é opticamente ativa, a molécula não é superponível na sua imagem especular. Se a molécula é superponível na sua imagem especular a substância não gira o plano da luz polarizada, e ela é então opticamente inativa. Enantiômeros somente podem ser discriminados na presença de um agente quiral. O plano da luz polarizada é um agente quiral. Se uma luz normal é passada através de um filtro polarizador, tal como um polaróide, o vetor de campo elétrico, associado com a propagação da luz, oscila num plano único perpendicular à direção de propagação. Fi lme Po la ro id L u z p o l a r i z a d a Este plano de luz polarizada pode ser descrito como sendo composto de duas ondas em hélice, enantioméricas, circulando em torno do eixo de propagação em direções opostas. Cada hélice tem um vetor campo elétrico associado, e as duas ondas estão em fase de tal forma que a qualquer tempo as contribuições dos dois 33 vetores campo elétrico para a propagação se cancelam exceto no plano de propagação. Os campos elétrico e magnético de um raio de luz ordinária em um plano. (T.W.G. Solomons “Organic Chemistry”, John Wiley & Sons, Inc. 1996, 6th Ed.) Quando a luz plano polarizada é passada atravésde uma solução contendo uma substância quiral há uma interação diastereoisomérica. As moléculas quirais refratarão uma hélice mais que outra; cada componente terá um índice de refração diferente num meio quiral. Se as moléculas quirais são todas de mesma configuração, ou um enantiômero está em excesso, o plano da luz polarizada será girado em relação ao plano original. E < a' EL X ER Y Este fenômeno forma a base da análise de enantiômeros pela suas rotações óticas. Um aparelho chamado polarímetro é usado para estudar rotações óticas 34 passando luz plano-polarizada monocromática (usualmente a linha D do sódio a 589 nm) através de uma célula de comprimento fixo e medindo sua rotação. A rotação numa direção horária, em relação ao observador, olhando através da solução em direção a fonte de luz, é registrado como positiva (+) e uma rotação anti-horária é negativa (-). Um enantiômero com uma rotação positiva é algumas vezes descrito como d (destro) (não confundir com D!) e um com uma rotação negativa como l (levo). A quantidade de rotação a não é uma constante para um dado enantiômero, ela depende do comprimento do vidro da amostra, da temperatura, do solvente e concentração (para soluções), da pressão (para gases), e do comprimento de onda da luz. O O Po la r ímet roPo la r ímet ro c h e m i s t r y n e r d samp le ce l l po la r i ze rpo la r i ze r N a l a m p p lane i s ro ta ted ana l yze rana l yze r aaaaaaaa p lane -po la r i zed l igh t obse rved ro ta t ion 00000 00000 r o t a t e t o nu l l 35 Rotação específica (aa ) a [ ] = a lc ( para soluções ) e a [ ] = a ld ( para substâncias puras ) a- rotação observada l- comprimento da célula (decímetros) c- concentração (g/mL) d- densidade [a]D Æ rotação foi medida com a luz D de sódio (l= 589 nm). Pureza Óptica A pureza óptica é uma medida do excesso de um enantiômero sobre outro em uma amostra opticamente ativa. Um composto opticamente puro é 100% de um enantiômero. Uma mistura racêmica é 0% em pureza óptica (já que os 50% de um enantiômero cancela a atividade óptica dos 50% do outro enantiômero). Por outro lado, uma amostra opticamente ativa que contenha 75% de um enantiômero dextrógiro (+) e 25% do levógiro (-) será somente 50% opticamente pura. Isto é: 25% do enantiômero (+) cancelará a atividada óptica dos 25% de enantiômero (-), sobrando 50% do enantiômero (+) responsável pela rotação do plano de luz polarizada. A porcentagem de pureza óptica se mede comparando a rotação específica da amostra, com aquela do estereoisômero puro o [a]max e aplicando a seguinte equação: % Pureza Optica = [a] D muestra t0C [a] D enantiómero puro t0C x 100 Por exemplo, para cada enantiômero de ácido láctico as rotações específicas a 150C são respetivamente: Acido-(-)-láctico [a] D = 3.82 015 0C Acido-(+)-láctico [a] D = 3.82 015 0C 36 Então, uma amostra de ácido láctico com 50% de pureza óptica produz uma rotação específica de +1.910 ou -1.910 (0.5 x 3.82) dependendo de qual enantiômero se encontra em excesso. Assumindo que há uma relação linear entre a rotação específica [a] e a concentração dos enantiômeros (o qual é certo para a maioria dos casos), a pureza óptica é também igual à porcentagem em excesso de um enantiômero sobre o outro: % Pureza Optica = porcentagem em excesso = [ ( ) ] [ ( ) ] x 100 [ ( ) ] [ ( ) ] = % [ ( ) ] % [ ( ) ] Obs: com o advento da cromatografia quiral a determinação da pureza óptica pelo método acima ficou totalmente obsoleto, pois através da cromatografia quiral pode- se obter rapidamente as proporções entre os enantiômeros e conseqüentemente a pureza óptica de maneira incontestável. 37 Quais Tipos de Moléculas Mostram Atividade Ótica? A descoberta de Pasteur (Louis Pasteur 1848, Sorbonne, Paris) H O O C C H C H C O O H O H O H O O C C H C H C O O O H O H N H 4N a ++ 2- Ácido tartárico Tartarato de amônio e sódio (Obt ido índustr ia lmente) Pasteur cristalizou esta substância num dia frio. Pasteur encontrou dois diferentes cristais. Louis Pasteur separou esses cristais e os encaminhou para Biot medir a atividade óptica de cada um deles. (+) (-)Resultado de Biot : Faces hemi-hedral Pasteur decidiu que as moléculas que faziam os cristais, assim como os cristais, deveriam também ser imagens especulares uma da outra. Cada cristal, portanto, deveria conter um simples tipo de enantiômero. 38 A descoberta de Pasteur do enanciomerismo e sua demonstração de que a atividade óptica das duas formas do ácido tartárico era uma propriedade das moléculas levou, em 1874, à proposta da estrutura tetraédrica do carbono por van’t Hoff e Le Bel. Somente a geometria tetraédirca pode levar as Moléculas serem imagens especulares: C C C Carbono tetraédrico Van’t Hoff e LeBel (1874) Moléculas possuindo um plano de simetria são sempre oticamente inativas, mas existem uns poucos casos nos quais moléculas não têm um plano de simetria e são contudo inativas. Tais moléculas possuem um centro de simetria, tal como o ácido a-truxílico (exemplo c), ou um eixo alternado de simetria como no exemplo d (subunidade 1.2, página 4). Um centro de simetria é um ponto dentro de um objeto tal que uma linha reta desenhada de qualquer parte ou elemento do objeto para o centro e estendida a uma distância igual no outro lado encontra uma parte igual. Um eixo de simetria alternado de ordem n é um eixo tal que quando um objeto contendo tal eixo é girado por 360o/n em torno do eixo e então uma reflexão é efetuada transversalmente a um plano em ângulo reto ao eixo, um novo objeto é obtido que é indistinguível daquele original (veja mais detalhadamente na subunidade 1.2). Uma molécula que contém somente um carbono quiral (definida como um átomo de carbono conectado à quatro grupos diferentes; também chamado de átomo de carbono assimétrico) é sempre quiral e daí oticamente ativo. Contudo, a presença de um carbono quiral não é uma condição nem necessária e nem suficiente para atividade ótica, uma vez que atividade ótica pode estar presente em 39 moléculas sem átomo quiral (veja a subunidade 1.6) e uma vez que moléculas com dois ou mais átomos de carbono quiral são superponíveis sobre suas imagens especulares e daí inativas (subunidade 1.3). Rotações Especí f i cas Para A lguns Compostos Rotações Especí f i cas Para A lguns Compostos Bio loBio lo -- g i camen teg i camen te At ivosAt ivos cholesterol -31.5 cocaine -16 morphine -132 codeine -136 heroin -107 epinephrine -5.0 progesterone +172 testosterone +109 sucrose +66.5 bb-D-glucose +18.7 aa-D-glucose +112 oxacillin +201 COMPOSTOSCOMPOSTOS [[aaaa]]DD Quadro Retirado do site: http://www.chem.wwu.edu/dept/facstaff/pavia/paviacourses.shtml 40 1.10- A PROJEÇÃO DE FISCHER Para um entendimento completo de estereoquímica é útil examinar modelos moleculares. Contudo, não é praticável quando estamos escrevendo no papel ou no quadro. Em 1891 Emil Fischer serviu grandemente os interesses da química inventando a projeção de Fischer, um método de representar carbonos tetraédricos no papel. Por esta convenção, o modelo é mantido de tal forma que as duas ligações na frente do papel é horizontal e aquelas atrás do papel são verticais. CHOCHO HOCH2HOCH2 H OH OHH CHOCHO CH2OHCH2OH H CH2OHCHO OH P r o j e ç ã o d e F i s c h e r P r o j e ç ã o “ c a v a l e t e ” Veja com modelos moleculares: 41 O R I E N T A Ç Ã O D A C A D E I A P R I N C I P A L E D O S S U B S T I T U I N T E S N A P R O J E Ç Ã O D E F I S C H E R con t inuação da cade ia p r inc ipa l CH3 OHH OHH OHH CH3 OH OH OH H H H Como obter a projeção de Fischer a partir de outras projeções: a) H H CH3 CH3 Cl Br H H CH3 CH3 Cl Br CH3 CH3 H H Cl Br Cl CH3 Br CH3 Cade ia p r inc ipa l em ve rme lho Colocar a cadeia principal verticalmente Converter Para a Projeção de Fischer rotate 90o Br Cl CH3 H H 42 b) H OHC OH CH2OH HO H CH2OH CHO HO OHH H H CHO HO CH2OH HO H CH2OH CHO H OH HO H CHO CH2OH HO H H OH 180o De forma a obter resultados adequados através destas fórmulas, deveria ser relembrado que elas são projeções e devem ser tratadas diferentemente de modelos quando testamos superponibilidade. Todo plano é superponível na sua imagem especular; daí com estas fórmulas devemos fazer algumas restrições. Restrições para as fórmulas de Fischer: 1. Não devem ser retiradas do plano do papel ou quadro; 2. Elas não podem ser giradas de 90o, embora 180o é permitido: 180o CHO OH OH CH2OH CH2OH HO HO CHO . 3. É permitido manter qualquer grupo fixo e girar os outros três nos sentido horário ou anti-horário: CHO H HO H HO CH2OH CHO CH2OH HO H H OH 43 C H 3 C H 2 O H C H C O H O C H O C O O H C O H C O O H AUMENTANDO O ESTADO DE OXIDAÇÃOAUMENTANDO O ESTADO DE OXIDAÇÃO Estado de oxidação cresce N a p r o j e ç ã o d e F i s h e r a c a d e i a p r i n c i p a l é o r i e n t a d a d e m a n e i r a q u e o g r u p o c o m o m a i o r e s t a d o d e o x i d a ç ã o f i q u e n o t o p o d o d e s e n h o . C = O o n c a r b o n-2 i n c r e a s e s t h e p r i o r i t y o f C -O H Rotações podem ser usados para comparações...….. 3 A A e A* são enantiômeros ? C H 3 B r B r C H C H 1) reflexo A* 3 B r B r C H 3 C H 1) reflexo A* 3 B r B r C H 3 H C 2) giro 3 B r B r C H 3 H C 2) giro 3 B r B r C H 3 3) comparação 3) comparação 44 CO O H OH OH OH OH CO O H F U R T H E R H O M E S T U D Y F i n d a l l o f t h e s t e r e o i s o m e r s f o r t h i s c o m p o u n d . G r o u p a l l e n a n t i o m e r s in pa i rs . A r e the re any m e s o s t e r e o i s o m e r s ? W i l l y o u f i n d 1 6 ( 2 4 = 1 6 ) s t e r e o i s o m e r s ? W h y o r w h y n o t ? 45 1.11- CONFIGURAÇÃO ABSOLUTA Suponha que temos dois tubos de ensaio, um contendo (-)-ácido lático e o enantiômero (+). Um tubo contêm I e o outro II. H HO2C OH CH3 (-)-ácido lático [a] 25 oC D = -3,8 H HO2C CH3 OH (+)-ácido lático [a] 25 oC D = +3,8 Tubo I Tubo II Como nós saberemos qual é qual? Químicos no início do século ponderaram sobre este problema e decidiram que eles não podiam saber - para o ácido lático ou qualquer outra substância. Portanto Rosanoff propôs que uma substância fosse escolhida como padrão e uma configuração fosse arbitrariamente atribuída a ele. A substância escolhida foi o gliceraldeído por causa de sua relação com açúcares. Ao isômero (+) foi atribuída a configuração mostrada em III e dado o rótulo D (atualmente R pelo sistema R/S). O isômero (-), designado para ser IV, foi dado o rótulo L (S). Exemplo: CHO CH2OH H OH (+)- Gliceraldeído D III CHO CH2OH HO H (-)- Gliceraldeído L IV 46 Por exemplo, (+)-gliceraldeído, oxidado com óxido de mercúrio, fornece (-)- ácido glicérico: CHO CH2OH H OH (+)- Gliceraldeído CO2H CH2OH H OH (-)- ácido glicérico HgO Uma vez que é altamente improvável que a configuração do átomo de carbono central seja alterada, pode-se concluir que (-)-ácido glicérico tem a mesma configuração que (+)-gliceraldeído e portanto (-)-ácido glicérico é também chamado D. Este exemplo enfatiza que moléculas com a mesma configuração não precisam girar o plano da luz polarizada na mesma direção. Uma vez que a configuração dos ácidos glicéricos foi conhecida (em relação aos gliceraldeídos), foi então possível relacionar outras substâncias a um ou outro destes, e cada vez que uma nova substância foi relacionada, outras poderiam ser relacionadas a ela. Desta maneira centenas de substâncias foram relacionadas, indiretamente, ao D- ou L-gliceraldeído, e foi determinado que III, o qual tem a configuração D, é o isômero que gira o plano da luz polarizada para a direita. Mesmo substâncias sem átomos assimétricos, tais como bifenilas e alenos, têm sido colocados nas séries D ou L. Quando uma substância era colocada nas séries D ou L, sua configuração absoluta era dita ser conhecida. Em 1951 tornou-se possível determinar se a suposição de Rosanoff estava correta. Cristalografia de raios-X comum não pode distinguir entre um isômero D ou L, mas pelo uso de uma técnica especial, Bijvoet foi capaz de examinar tartarato de sódio e rubídio e descobriu que Rosanoff tinha feito a escolha correta. Foi historicamente adequado que a primeira configuração absoluta tivesse sido determinada num sal de ácido tartárico, uma vez que Pasteur fez suas grandes descobertas num outro sal deste ácido. 47 Resumindo: 48 O Sistema Cahn-Ingold-Prelog 1) Especificação de Configuração: a mais comum origem da dissimetria molecular em moléculas orgânicas é a presença de um ou mais centros quirais (ou centros assimétricos), ou seja, átomos de carbono saturado sustentando quatro diferentes substituintes. A configuração de um centro quiral é atualmente especificada pelo sistema Cahn-Ingold-Prelog. Sistema Cahn-Ingold-Prelog: os ligantes do centro quiral são assinalados numa ordem de prioridade: 1. Quanto maior o número atômico do átomo diretamente ligado, maior é a prioridade; 2. Se dois átomos são isótopos, aquele com maior massa atômica tem maior prioridade; 3. Um par de elétrons não compartilhados é tratado como um átomo ligante de número atômico zero; 4. Se dois átomos ligados são os mesmos, os átomos ligados a eles são comparados, e assim por diante, até a prioridade puder ser estabelecida; 5. Ligações múltiplas são trocadas por ligações simples, com ambos átomos considerados para serem duplicados ou triplicados. Visualiza-se a molécula ao longo da ligação do centro quiral para o grupo de mais baixa prioridade, com o centro quiral na frente do grupo de baixa prioridade. Se os grupos restantes, partindo da mais alta prioridade para a mais baixa, estão arranjados no sentido horário, o centro é R; se são anti-horário, S. 2 c l o c k w i s e c o u n t e r c l o c k w i s e ( r ec tus ) (s i n i s t e r) 1 2 4 3 C C 1 4 3 R S 49 6. Grupos próximos tomam preferência sobre todos os distantes. Usando a projeção de Fischer para denotar a configuração absoluta pelo sistema R/S: Exemplo: Coloque o grupo ou átomo com prioridade = 4 em uma das posições verticais e olhe para os outros 3 restantes:H CH2OH CHO OH H OH OHC CH2OH 1 2 3 4 1 2 3 4 R alternativamente: H CH2OH CHO OH1 2 3 4 HOCH2 CHO OH 2 1 4 3 H R #4 no topo#4 no topo #4 em baixo#4 em baixo A M B O S D Á O M E S M O R E S U L T A D O
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