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FORMAÇÃO CONTINUADA

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FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES 
 
 
 COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
 e a prática pedagógica na escola. 
 
 
 
 
 
 CADERNO PEDAGÓGICO 
 
 ANO 1 – Nº. 1 – FEVEREIRO DE 2008 
 
 
 
 
DISCIPLINA – ÁREA: PEDAGOGIA 
PROFESSORA: PDE = ROSELI MARIA PIECKOCH 
PROFESSORA ORIENTADORA DA UFPR: REGINA CELY DE CAMPOS HAGEMEYER 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................................................................... 4 
UM CONVITE A TODOS OS PROFESSORES ................................................................................................................................... 5 
1 – ENSINO E FORMAÇÃO: PARA AS QUESTÕES DA CONTEMPORANEIDADE AMBIENTAIS E MUNDIAIS.......................... 7 
2 - AS QUESTÕES URGENTES PARA A FORMAÇÃO DOCENTE: O MEIO AMBIENTE E AS PRÁTICAS EDUCATIVAS.......... 9 
2.1 - Definindo Sustentabilidade............................................................................................................................................... 11 
2.2 – O Que Importa no Trabalho da Educação Ambiental ...................................................................................................... 12 
3 - A EMERGÊNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO FORMAL: UM POUCO DE HISTÓRIA............................... 13 
3.1 - Influências no Brasil: .......................................................................................................................................................... 14 
4. UMA CONVERSA SOBRE A FORMAÇÃO DO PROFESSOR: e O ENSINO A PARTIR DAS QUESTÕES DO CONTEXTO 
ATUAL ............................................................................................................................................................................................... 16 
4.1 - Universo de Complexidades: Professores e o Preparo para Decodificar e Transmitir a Expressão dos Significados 
Sobre o Meio ................................................................................................................................................................................. 18 
4.2 . Construir a Prática e a Teoria na Profissão Docente Visando a Educação Ambiental; Documentação e Pesquisa ... 20 
5 – OS PRINCÍPIOS E OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A ESCOLA BÁSICA................................................... 21 
5.1 Complementando as Estratégias Metodológicas............................................................................................................ 28 
 
 
3 
 
 
6 - O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ........................................................................................... 30 
6.1 – Finalidades da Educação Ambiental –Lei 9394/96............................................................................................................ 30 
6.2 – A Educação Ambiental no Currículo da Escola: O que Diz a Legislação ....................................................................... 32 
6. 3 – Conhecendo Princípios e Objetivos para Análise e Planejamento da Educação Ambiental ....................................... 33 
6.4 Princípios que Regem a Educação Ambiental :Art. 4º ....................................................................................................... 33 
6.5. Objetivos da Educação Ambiental no Brasil : Art. 5º ......................................................................................................... 34 
7 - A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUA INSERÇÃO CONCRETA NA ESCOLA: DESAFIOS DE UMA TRANSIÇÃO PARA A 
CIDADANIA MUNDIAL...................................................................................................................................................................... 36 
7.1 Equívocos e Alternativas: ..................................................................................................................................................... 37 
8 - A BUSCA DE NOVOS PARADIGMAS AO DESENVOLVER A PROPOSTA PEDAGÓGICA: ENVOLVENDO OS 
PROFESSORES................................................................................................................................................................................ 39 
8.1 - A Organização e a Gestão do Trabalho Pedagógico para a Educação Ambiental: ....................................................... 41 
8. 2 – As Metodologias para a Educação Ambiental.................................................................................................................. 44 
8.3 O Trabalho Curricular na Educação Ambiental: ................................................................................................................. 46 
8.4 - As Contribuições de Vygotsky na Reflexão de Metodologias para a Educação Ambiental: ......................................... 48 
PARA CONCLUIR , RECOMEÇANDO............................................................................................................................................ 53 
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................................................................. 56 
 
 
4 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
 O presente trabalho é resultado parcial do processo 
vivido durante o Programa de Desenvolvimento Educacional – 
PDE: Formação docente com ênfase em Educação 
Ambiental, em 2007. O projeto conta com os professores da 
Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná, e no tema 
que desenvolvemos, especialmente com os professores do 
Colégio Estadual São Pedro Apóstolo, participantes da 
pesquisa para o trabalho de Extensão proposto. 
 A idéia principal consiste em chamar a atenção aos 
profissionais interessados na necessidade da formação 
continuada de professores no que se refere à Educação 
Ambiental em nossas escolas públicas. Para o 
desenvolvimento desta proposta de estudo e trabalho, leva-se 
em conta a construção da história da Educação Ambiental, a 
partir de pesquisa bibliográfica, na qual elegemos autores que 
vêm se debruçando sobre esse tema, a partir de uma visão 
sócio-histórica, cultural, política e crítica.. 
 Durante a construção do projeto, buscamos o auxílio 
de profissionais da área, cursos e disciplinas sobre a 
organização do trabalho pedagógico, gestão escolar e 
Educação Ambiental para ampliação e aprofundamento das 
problematizações levantadas, compondo um processo 
significativo de formação, que buscamos compartilhar com os 
colegas professores. A partir da história da Educação 
Ambiental e das propostas ligadas às formas de proteger a 
natureza e o meio ambiente, busca-se olhar com interesse e 
de forma crítica os pedidos de socorro do planeta. 
O Caderno Pedagógico Nº 1, é uma compilação de 
textos e estudos com o objetivo de propor às escolas um 
material de fácil leitura sobre a abordagem teórico-
metodológica e tem o objetivo de impulsionar a formação 
continuada de professores. Ao oportunizar uma reflexão 
conjunta sobre as questões cruciais enfrentadas no campo da 
Educação Ambiental, você promove sua própria formação 
continuada e em serviço, que agora deve se dar de forma 
compartilhada, em esforço conjunto. Buscamos assim, 
contribuir para a busca de novos e urgentes parâmetros de 
ensino e formação de alunos preocupados com a qualidade 
de vida e a degradação ambiental que estamos assistindo a 
passos largos em todos os recantos do país e do planeta. 
 
 
 
5 
 
 
 
 
UM CONVITE A TODOS OS PROFESSORES 
DA ESCOLA PÚBLICA: 
 
 
Colegas professores : 
 
 São muitas as dificuldades e desafios postos aos 
professores paradesenvolver o trabalho da Educação 
Ambiental hoje. A experiência que a área requer é urgente, 
pela necessidade de conhecimentos necessários aos 
professores para ensinar e formar os alunos como cidadãos e 
cidadãs críticos e conhecedores do seu ambiente, como 
afirmamos na apresentação do presente trabalho. 
Convidamos você, colega professor, a desenvolver 
esse trabalho, que implica em conhecer os “porquês” das 
questões ambientais, impondo a urgência de um trabalho 
pedagógico que se torne também para os alunos, postura de 
vida, de construção e de solidariedade para com os seres 
vivos e o homem. 
Os professores são responsáveis também pelas 
leituras do meio ambiente a partir das mediações que possam 
empreender, para, a partir de uma visão de totalidade sócio- 
ambiental, promover através da atitude de pesquisa, textos, 
uso crítico das tecnologias da informação, a implementação 
de atividades e projetos significativos sobre a Educação 
Ambiental. 
 O maior desafio desta proposta de trabalho é sem 
dúvida, a utilização dos temas da área, fazendo leituras da 
realidade, a partir dos elementos obtidos no processo de 
formação proposto, que motive a refletir e atuar de forma 
crítica e construtiva sobre as questões ambientais. O ponto 
principal desse processo, é a aposta nas possibilidades do 
professor de levar seus alunos a apreender também esses 
conhecimentos e posturas de vida.. 
 O convite que fazemos por tanto é de que você 
professor, conheça a proposta, os temas e as abordagens 
dos autores que desenvolvemos neste Caderno Pedagógico 
Nº. 1, que cremos, o auxiliará a agregar conhecimentos, 
informações e construir novos conhecimentos na área da 
Educação Ambiental. Na seqüência deste trabalho, estaremos 
promovendo a divulgação dos artigos e produções dos 
professores participantes, no Caderno Pedagógico 2, que 
publicaremos após o desenvolvimento deste primeiro 
trabalho . 
 
 
6 
 
 
 
Você professor da Rede Estadual tem todo nosso 
crédito para a construção de uma formação docente voltada 
para a Educação Ambiental, pelo que propomos que venham 
somar-se a esse empreendimento no sentido de que possa 
redundar em propostas político pedagógicas sérias e 
compromissadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
1 – ENSINO E FORMAÇÃO: PARA AS 
QUESTÕES DA CONTEMPORANEIDADE 
AMBIENTAIS E MUNDIAIS 
 
 
 
A escola e seus professores têm um grande trabalho a 
realizar com as crianças e os jovens, que é proceder à 
mediação entre a sociedade da informação e os alunos, para 
possibilitar-lhes, pelo desenvolvimento da reflexão os 
conhecimentos que lhe são acessados, as formas de 
trabalhar valores ético-sociais para com o ambiente local e 
mundial. 
Ao entendermos que conhecer não se reduz apenas a se 
informar, e que não basta expor-se aos meios de informação 
para adquirir conhecimento, pode-se afirmar que conhecer 
impõe utilizar as informações para, a partir delas, chegar ao 
conhecimento. Nesse sentido, Pimenta (1994) entende que 
a educação é um processo de humanização que ocorre na 
sociedade humana com a finalidade explícita de tornar os 
indivíduos participantes do processo civilizatório e 
responsáveis por levá-lo adiante. Enquanto prática social,é 
realizada por todas as instituições da sociedade. Enquanto 
processo sistemático e intencional, destaca-se o trabalho 
pedagógico da escola. 
A educação escolar, por sua vez, está assentada 
fundamentalmente no trabalho dos professores e dos alunos, 
e sua finalidade é contribuir com o processo de humanização 
de ambos. Para Pimenta( 1994), na sociedade civilizada, fruto 
e obra do trabalho humano, cujo elevado progresso evidencia 
as riquezas que a condição humana pode desfrutar, revela-se 
também uma sociedade contraditória, desigual, em que 
grande parte dos seres humanos está à margem dessas 
conquistas, dos benefícios do processo civilizatório. 
Nesta perspectiva, o trabalho pedagógico coletivo e 
interdisciplinar do professor com o conhecimento, precisa 
caminhar numa perspectiva de inserção social crítica e 
transformadora. Assim, educar na escola significa ao mesmo 
tempo preparar as crianças e os jovens para se elevarem ao 
nível da civilização atual – da sua riqueza e dos seus 
problemas – para aí atuarem. Isso requer preparação 
científica, técnica e social. Por isso, a finalidade da educação 
escolar na sociedade tecnológica, multimídia e globalizada, é 
possibilitar que os alunos trabalhem os conhecimentos 
científicos e tecnológicos, desenvolvendo habilidades para 
 
 
8 
 
 
 
operá-los, revê-los, confrontá-los, contextualizá-los. Para isso, 
há que os articular em totalidades que permitam aos alunos ir 
construindo a noção de “cidadania mundial” propalada por 
Morin (PIMENTA, 1994). 
 Essa é uma tarefa complexa, e por isso, discutir a 
questão dos conhecimentos nos quais os professores são 
especialistas (história, física, matemática, das línguas, das 
ciências sociais, das artes...) no contexto da 
contemporaneidade, se constitui um segundo passo no 
processo de construção da identidade dos professores. Essa 
é um processo que começa nos cursos de formação inicial e 
nas licenciaturas. 
Essa formação, no entanto não se resume a um diploma 
ou titulação. A sociedade é dinâmica, as mudanças sempre 
permeiam o processo educacional e por isso outras 
necessidades de formação se colocam aos professores. Na 
escola, a busca de um espaço de formação em serviço, para 
discussões sobre as questões da realidade social da escola, 
da cidade, do estado e do país, e as novas necessidades do 
aluno podem ir reorientando a formação do professor. O 
campo da Educação Ambiental abre à reconstrução 
sistemática dessa formação um campo de conhecimentos que 
não pode mais ter a conotação de modismo, porque mobiliza 
as necessidades urgentes da formação humano social nas 
escolas. 
Vejamos a seguir o que nos parece significativo no 
campo de conhecimento da Educação Ambiental. 
 
 
 
 
9 
 
 
 
2 - AS QUESTÕES URGENTES PARA A 
FORMAÇÃO DOCENTE: O MEIO AMBIENTE E AS 
PRÁTICAS EDUCATIVAS. 
 
 
A reflexão sobre as práticas sociais, em um contexto marcado 
pela degradação permanente do meio ambiente e do seu 
ecossistema, requer uma necessária articulação com a 
produção de sentidos sobre a Educação Ambiental. A 
dimensão ambiental se configura como uma questão que 
envolve um conjunto de atores do universo educativo, 
potencializando o engajamento dos diversos sistemas de 
conhecimento, a capacitação de profissionais e a comunidade 
universitária numa perspectiva interdisciplinar. 
 Nesse sentido, a produção do conhecimento deve 
necessariamente contemplar as inter-relações do meio natural 
com o social, incluindo a análise dos determinantes desse 
processo, o papel dos diversos atores envolvidos e as formas 
de organização social que aumentam o poder das ações 
alternativas, numa perspectiva que priorize um novo perfil de 
desenvolvimento, com ênfase na sustentabilidade sócio 
ambiental. A noção de sustentabilidade implica em uma inter-
relação necessária entre justiça social, qualidade de vida, 
equilíbrio ambiental e a ruptura com o atual padrão de 
desenvolvimento. (Jacobi, 1999). 
Tomando como referência o fato de que a maior parte da 
população brasileira vive em cidades, observa-se uma 
crescente degradação das condições de vida, refletindo uma 
crise ambiental. Isto nos remete a uma necessária reflexão 
sobre os desafios que estão colocados para mudar as formas 
de pensar e agir em torno da questão ambiental numa 
 
 
10 
 
 
 
perspectiva contemporânea. Leff (2000) Jacobi fala sobre a 
impossibilidade de resolver os crescentes e complexos 
problemasambientais e reverter suas causas sem que ocorra 
uma mudança radical nos sistemas de conhecimento, dos 
valores e dos comportamentos gerados pela dinâmica de 
racionalidade existente, fundada no aspecto econômico do 
desenvolvimento. 
O desafio que se coloca é de formar uma nova 
consciência sobre a natureza, para reorientar a produção de 
conhecimento na área da Educação Ambiental, considerando 
os métodos da interdisciplinaridade e os princípios da 
complexidade. Este campo educativo tem sido fertilizado 
transversalmente, e isto tem possibilitado a realização de 
experiências concretas no seu âmbito de forma criativa e 
inovadora junto a diversos segmentos da população e em 
diversos níveis de formação. 
 A realidade atual exige uma reflexão cada vez menos 
linear, e isto se produz na inter-relação entre saberes e 
práticas coletivas que criam identidades e valores comuns e 
ações solidárias, numa perspectiva que privilegia o diálogo 
entre saberes. Cabe agora definir o que estamos entendendo 
como sustentabilidade . 
 
 
 
 
11 
 
 
 
2.1 - Definindo Sustentabilidade 
 
 O conceito de desenvolvimento sustentável surge 
a princípio para enfrentar a crise ecológica, sendo que pelo 
menos duas correntes alimentaram o processo. Uma primeira, 
centrada no trabalho do Clube de Roma, reúne suas idéias, 
publicadas sob o título de Limites do crescimento em 1972, 
segundo as quais, para alcançar a estabilidade econômica e 
ecológica propõe-se o congelamento do crescimento da 
população global e do capital industrial, mostrando a realidade 
dos recursos limitados e indicando um forte viés para o 
controle demográfico (ver Meadows et al., 1972). 
Uma segunda corrente de pensamento, está relacionada 
com a crítica ambientalista ao modo de vida contemporâneo, e 
se difundiu a partir da Conferência de Estocolmo em 1972. 
Tem como pressuposto a existência de sustentabilidade 
social, econômica e ecológica. Estas dimensões explicitam a 
necessidade de tornar compatível a melhoria nos níveis e 
qualidade de vida, com a preservação ambiental. Surge para 
dar uma resposta à necessidade de harmonizar os processos 
ambientais com os socioeconômicos, maximizando a 
produção dos ecossistemas para favorecer as necessidades 
humanas presentes e futuras. A maior virtude dessa 
abordagem é que, além da incorporação definitiva dos 
aspectos ecológicos no plano teórico, ela enfatiza a 
necessidade de inverter a tendência auto destrutiva dos 
processos de desenvolvimento no seu abuso contra a 
natureza (Jacobi, 1997). 
 O tema da sustentabilidade confronta-se com o 
paradigma da sociedade de riscos. Isto implica na 
necessidade de se multiplicarem as práticas sociais baseadas 
no fortalecimento do direito ao acesso à informação e à 
educação ambiental em uma perspectiva integradora. 
Demanda ainda em aumentar o poder das iniciativas, 
baseadas na premissa de que um maior acesso à informação 
e à transparência na administração dos problemas ambientais 
urbanos que pode implicar na reorganização do poder e da 
autoridade. 
 A preocupação com o desenvolvimento sustentável 
representa a possibilidade de garantir mudanças sócio-
 
 
12 
 
 
 
políticas que não comprometam os sistemas ecológicos e 
sociais que sustentam as comunidades. Como enfrentar todos 
estes problemas? A possibilidade de maior acesso à 
informação potencializa mudanças de atitude e 
comportamento necessárias para um agir mais orientado para 
a defesa do interesse geral. 
 
2.2 – O Que Importa no Trabalho da Educação Ambiental 
 
 A necessidade de abordar o tema da complexidade 
ambiental decorre da percepção quanto ao incipiente 
processo de reflexão sobre as práticas existentes e as 
múltiplas possibilidades presentes. Ao pensar a realidade de 
modo complexo, faz-se necessário defini-la como uma nova 
racionalidade e um espaço onde se articulam natureza, 
técnica e cultura. Refletir sobre a complexidade ambiental 
abre um estimulante espaço para compreender a gestação de 
novos atores sociais que se mobilizam para a apropriação dos 
conhecimentos sobre a natureza, buscando um processo 
educativo articulado e compromissado com a sustentabilidade 
e a participação, apoiado numa lógica que privilegia o diálogo 
e a interdependência de diferentes áreas de saber. 
Questiona também valores e premissas que norteiam as 
práticas sociais prevalecentes, o que implica numa mudança 
na forma de pensar e em uma transformação no 
conhecimento e práticas educativas. 
 O principal eixo de atuação da Educação Ambiental 
deve buscar, acima de tudo, a solidariedade, a igualdade e o 
respeito à diferença através de formas democráticas de 
atuação baseadas em práticas interativas e dialógicas. Isto se 
consubstancia no objetivo de criar novas atitudes e 
comportamentos diante do consumo na nossa sociedade e de 
estimular a mudança de valores individuais e coletivos 
(Jacobi, 1997). 
 A educação ambiental é atravessada por vários campos 
de conhecimento, o que a situa como uma abordagem multi-
referencial, e a complexidade ambiental (Leff, 2001) refletem 
um tecido conceitual heterogêneo, "onde os campos de 
conhecimento, as noções e os conceitos podem ser 
originários de várias áreas do saber" (TRISTÃO, 2002). 
 
 
13 
 
 
 
3 - A EMERGÊNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
NA EDUCAÇÃO FORMAL: UM POUCO DE 
HISTÓRIA 
 
 
Há três décadas, aproximadamente, discute-se com 
regularidade a Educação Ambiental – EA – na escola. No 
âmbito internacional, grandes encontros se sucederam a 
partir da histórica Conferência inter-governamental realizada 
em Tbilisi, capital da Geórgia (ex-URSS), em 1977, sob o 
patrocínio da UNESCO. A partir das recomendações dessa 
primeira mobilização mundial que a prática e a difusão da 
Educação Ambiental se firmaram em todos os cantos do 
planeta. 
È oportuno lembrar que a expressão “Educação 
Ambiental” surgiu em 1948, introduzida por Thomas Pritchard, 
no seu estudo “Enviromental Education” divulgado em Paris, 
por ocasião da Conferência da União Internacional para a 
Conservação da Natureza e seus Recursos. Pretendia o 
propositor, representar um enfoque educativo como síntese 
entre as ciências naturais e as ciências sociais de acordo com 
DISINGER (apud SUREDA y COLOM, 1989, p. 59). 
Ainda em 1968, instala-se no Reino Unido, o Conselho 
de Educação Ambiental. Nesse mesmo ano, é formado o 
Clube de Roma, que se propõe estudar ações que levem o 
mundo ao equilíbrio ambiental. Em conseqüência, publica-se 
em 1972, um relatório intitulado “Os limites do crescimento 
econômico”. Não obstante essas iniciativas, reconhece-se 
que a temática da Educação Ambiental apenas figurou no 
discurso oficial após a sua inserção no texto da Declaração 
da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente 
Humano, celebrada em 1972, em Estocolmo, constituindo-se 
como a primeira moldura de uma nova responsabilidade 
solidária sobre estratégias ambientais. Como conseqüência 
dessa conferência, neste mesmo ano a ONU criou o PNMA – 
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. 
Em 1975, em Belgrado, a UNESCO promoveu um 
Encontro Internacional em Educação Ambiental, que instituiu 
o Programa Internacional de Educação Ambiental – PIEA. 
Este programa estabelece que a Educação Ambiental deve 
ser desenvolvida de forma contínua, em uma perspectiva 
multidisciplinar, integrada a questões macro-regionais embora 
voltada para interesses nacionais. 
 
 
14 
 
 
 
Desde os anos setenta, portanto, é que os 
compromissos nacionais atinentes a uma educação 
ambiental, foram se tornando cada vez mais densos, mais 
importantes e mais envolventes. Hoje, inevitavelmente 
pressionados pelas catástrofes ambientaispromovidas pela 
ação transformadora do homem, a qual, não só vitima o 
presente, mas, sobretudo, vem colocando o futuro do planeta 
em risco, os governos formalizam e incentivam uma educação 
voltada à complexidade do relacionamento humano com o 
ambiente. 
 
3.1 - Influências no Brasil: 
 
Na década de 80, no Brasil, firma-se o compromisso 
educacional nacional definitivo com a questão ambiental. No 
campo da educação formal, o MEC, por meio de dois 
instrumentos – o Parecer nº 0819/85 que determinava a 
inclusão de conteúdos ecológicos nos Currículos de 1º e 2º 
graus e a criação de Centros de Educação Ambiental – 
explicita a preocupação das autoridades educacionais com as 
questões ambientais e com a “formação da consciência 
ecológica do futuro cidadão”. 
Em 1988, a Constituição da República do Brasil em seu 
artigo 225, Inciso VI, consolida a expressão de anseio de 
“promover a educação ambiental em todos os níveis de 
ensino e conscientização pública para a preservação do meio 
ambiente”. No ano de 1991, a Portaria 678/91, do MEC, 
ratifica a orientação anterior, determinando que a Educação 
Ambiental deva constar em todos os currículos das diversas 
modalidades de ensino e destaca a necessidade de formação 
de professores. Ainda neste ano a Portaria 2421/91, instituiu 
um Grupo de Trabalho de Educação Ambiental, visando 
prioritariamente à elaboração de uma proposta de atuação do 
MEC nos ensinos formal e não-formal para ser apresentado 
na Conferência do Meio Ambiente e Desenvolvimento da 
ONU – RIO / 92 
Na Conferência da ONU para o Meio Ambiente e 
Desenvolvimento – Rio/92 - ocorreu um Workshop promovido 
pelo MEC, do qual resultou a Carta Brasileira para Educação 
Ambiental. Em 1993, o MEC, por meio da Portaria 773/93, 
instituiu um grupo de trabalho, a fim de coordenar as ações 
 
 
15 
 
 
 
necessárias para a concretização das recomendações 
aprovadas na Rio-92. 
Em 1996, quando da publicação da Lei nº 9276/96 
Plano Plurianual do Governo 1996/1999), declara-se como 
um dos principais objetivos para a área de meio ambiente a 
promoção da Educação Ambiental. 
Em 1999, é estabelecida a Política Nacional de 
Educação Ambiental no Brasil com a promulgação da Lei 
9795/99. Entre os aspectos que vêm sendo regulamentados, 
cabe ressaltar a determinação expressa com dotação 
orçamentária específica, junto aos Ministérios do Meio 
Ambiente e Educação para Educação Ambiental. 
É necessário lembrar que a discussão sobre a 
Educação Ambiental tomou rumos conceituais diversos. A sua 
interpretação se dispersou, depois destes anos todos, que é 
possível identificar inúmeras posições firmadas e estáveis que 
se caracterizam como correntes. MAZZOTTI (1997) reúne as 
diversas correntes que disputam o controle da Educação 
Ambiental em dois grandes pólos: de um lado, encontram-se 
os cientistas que prescrevem práticas de acordo com 
verdades dos seus campos e, de outro, estão os 
ambientalistas, cuja bandeira é agitada pelos ventos radicais 
de preceitos éticos emergidos de determinadas instâncias 
sociais. 
A maior dificuldade, entretanto, está no passo a ser 
dado para que todos os indivíduos e todas as sociedades 
partilhem da discussão e das tarefas que implicam numa 
desejada saúde do ambiente e sua permanência. Neste 
sentido, a tarefa não é das mais fáceis. É preciso considerar 
que, antes de qualquer significado formal ecossistêmico, o 
problema ambiental permite que as pessoas o tratem de 
formas diversas, isto é, que o interpretem dentro de 
racionalidades próprias, particulares. Se perguntarmos para 
nossos colegas como vêem a questão do meio ambiente, 
vários assuntos e interpretações serão realçados. A variedade 
de respostas se amplia à medida que se estende o número de 
nossos interlocutores. O tema ambiental, em seu estado 
“bruto”, comporta uma dispersão infinita de opiniões que, no 
momento formativo, deve ser re-articulada e, principalmente, 
refletida, o que nos propomos a partir da presente 
abordagem. 
 
 
 
16 
 
 
 
4. UMA CONVERSA SOBRE A FORMAÇÃO DO 
PROFESSOR: e O ENSINO A PARTIR DAS 
QUESTÕES DO CONTEXTO ATUAL 
 
 
 
 Falar sobre a atuação necessária ao professor hoje, 
leva a retomar o problema da fragmentação de 
conhecimentos e saberes nessa formação. Estamos 
considerando que a formação docente tem como base os 
conhecimentos sobre a pedagogia ou ciência pedagógica. A 
pedagogia enquanto ciência restringe-se ao campo das 
demais ciências da educação na formação do professor e 
assim perde seu significado de ciência prática da prática 
educaciona, Houssaye,(Apud Pimenta,1994 )-se é o citado no 
texto de Pimenta... aponta como caminhos de superação, 
que nos empenhemos em construir os saberes pedagógicos a 
partir das necessidades pedagógicas postas pela realidade, 
para além dos esquemas apriorísticos das ciências da 
educação. O retorno autêntico à pedagogia ocorrerá se as 
ciências da educação deixarem de partir de diferentes 
saberes constituídos e começarem a tomar a prática dos 
formandos, ou a atuação pedagógica e suas necessidades, 
como o ponto de partida (e de chegada). Trata-se, portanto, 
de reinventar os saberes pedagógicos a partir da prática 
social da educação, isto é, no caso da formação do professor, 
a partir de sua prática social de ensinar. 
 Ainda alerta Pimenta(1994) que a última ilusão (a dos 
práticos) não é a dominante entre os cientistas da educação. 
Coloca a questão :- para que serve seu saber, se não 
instrumentaliza a prática? Qual o interesse das ciências da 
educação para as práticas? Os saberes sobre a educação e 
sobre a pedagogia não geram os saberes pedagógicos. 
Housseye(Apud. Pimenta, 1994) afirma que estes saberes só 
se constituem a partir da prática, que os confronta e os 
reelabora. Mas os práticos não geram só com o saber da 
prática. As práticas pedagógicas se apresentam nas ciências 
da educação como estatuto frágil: reduzem-se a objeto de 
análise das diversas perspectivas (história, psicologia etc.). É 
preciso conferir-lhes estatuto epistemológico, o que não pode 
se construir de forma ingênua e partindo somente do saber da 
prática. 
No momento da terceira revolução industrial, quando 
novos desafios estão colocados, à didática contemporânea 
compete proceder a uma leitura crítica da prática social de 
 
 
17 
 
 
 
ensinar, partindo da realidade existente, realizando um 
balanço das iniciativas de se fazer frente ao fracasso escolar. 
Essa disposição exige considerar os aspectos 
epistemológicos característicos das áreas de conhecimento 
que denotam avanços intrínsecos e que colocam novas 
questões ao ensino, pois dizem respeito a novos 
entendimentos e necessidades do conhecimento no mundo 
contemporâneo. Vale ressaltar a importância de um balanço 
crítico tanto das novas colaborações da psicologia e da 
sociologia educacionais, como das iniciativas institucionais 
que têm procurado fazer frente ao fracasso escolar, apoiadas 
na renovação de métodos e de sistemáticas de organização 
curricular, tais como ciclos de aprendizagem, 
interdisciplinaridade, currículos articulados às escolas-campo 
de trabalho dos professores e ao estágio (Pimenta, 1994). 
A formação inicial de professores está articulada à 
realidade das escolas e à formação contínua. Por essa razão 
não se pode falar em prática docente sem lembrar que é uma 
construção de teoria e de prática . O professor na sua 
formação e trajetória na prática escolar constrói a sua função. 
Os conhecimentos científicos de sua área de ensino, 
permeados pela sua visão histórica e da natureza própria de 
sua função de ensinar e formar, são transpostos para sua 
prática. Essa prática nunca prescinde no entanto dos 
conhecimentos teóricos que hoje requerem umanova 
qualidade. Para Hagemeyer (2006), o conhecimento científico 
é adquirido pelo trabalho pedagógico, o qual dá acesso aos 
elementos necessários às análises e à ação prática 
(sistematização, atitude de pesquisa, estudo de temas, 
construção de metodologias, adequação ao desenvolvimento 
do aluno,etc.). Esse trabalho assim, leva às possibilidades 
abertas a um trabalho teórico metodológico que tende a 
crescer porque empreendido pelo intelectual professor. 
 
 
 
 
18 
 
 
 
4.1 - Universo de Complexidades: Professores e o 
Preparo para Decodificar e Transmitir a Expressão dos 
Significados Sobre o Meio 
 
 Nas práticas docentes estão contidas elementos 
extremamente importantes, como a problematização, a 
intencionalidade para encontrar soluções, a experimentação 
metodológica, o enfrentamento de situações de ensino 
complexas, as tentativas mais radicais , mais ricas e mais 
sugestivas de uma didática inovadora, que ainda não está 
configurada teoricamente. A prática de documentação, no 
entanto, requer que se estabeleçam critérios. Documentar o 
que? Não tudo. Documentar as escolhas feitas pelos 
docentes (o saber que os professores vão produzindo nas 
suas práticas), o processo e os resultados. Não se trata de 
registrar apenas para a escola, individualmente tomada, mas 
de forma a possibilitar os nexos mais amplos a partir das 
necessidades do ensino. Documentar não apenas as práticas 
tomadas na sua concreticidade imediata, mas buscar a 
explicitação das teorias que se praticam, a reflexão sobre os 
encaminhamentos realizados em termos de resultados 
conseguidos. 
Admitindo que a prática dos professores é rica 
em possibilidades para a constituição da teoria, Laneve 
(1993), preocupa-se em como o professor pode construir 
teoria a partir da prática docente. Esse autor aponta, entre 
outros fatores, o registro sistemático das experiências, a fim 
de que se constitua a memória da escola. Essa memória, 
analisada e refletida, contribuirá tanto à elaboração teórica 
quanto ao revigoramento e o engendra mento de novas 
práticas. 
 A importância da memória/estudo da 
experiência, segundo Laneve (1993), constitui potencial para 
melhorar a qualidade da prática escolar, assim como para 
eleva a qualidade da teoria. Esse entendimento implica uma 
reorientação da pesquisa em didática – tomar o ensino 
 
 
19 
 
 
 
escolar enquanto uma prática social, e nas demais ciências 
da educação, tomar a educação enquanto prática social para, 
então, se construir novos saberes pedagógicos: da prática e 
para a prática (Libâneo, 1996),colaborando com a produção 
da teoria e da prática. 
Quando os saberes pedagógicos forem mobilizados a 
partir dos problemas que a prática coloca, fica melhor 
entendida a dependência da teoria em relação à prática, pois 
esta lhe é anterior. Essa anterioridade, no entanto, longe de 
implicar uma contraposição absoluta em relação à teoria, 
pressupõe íntima vinculação com ela. Daí decorre um 
primeiro aspecto da prática escolar: o estudo e a investigação 
sistemática por parte dos educadores sobre sua própria 
prática, com a contribuição da teoria pedagógica ( Pimenta, 
1996ª). 
 
 “Refletir na ação, sobre a ação e sobre a reflexão na 
ação – uma proposta metodológica para uma identidade 
necessária de professor”. 
 
 Essa perspectiva apresenta um novo paradigma sobre 
formação de professores e suas implicações sobre a 
profissão docente. A formação de professores se configura 
como uma política de valorização do desenvolvimento 
pessoal/ profissional dos professores e das instituições 
escolares, uma vez que supõe condições de trabalho 
propiciadoras da formação contínua e em serviço, no local de 
trabalho, em redes de auto-formação e em parcerias com 
outras instituições de formação. 
Este processo inclui trabalhar o conhecimento na 
dinâmica da sociedade multimídia, da globalização, das 
transformações nos mercados produtivos. Na formação dos 
alunos, crianças e jovens, há que se considerar as diferenças 
e a multiculturalidade, já que estão em constante processo de 
transformação cultural, de valores, de interesses e 
necessidades. Essa permanente formação, requerida pelo 
novo quadro contextual, pode ser também entendida como 
uma ressignificação identitária dos professores. Nesse 
processo situamos as preocupações urgentes do mundo 
atual, nas quais se situa a Educação Ambiental. Propomos 
verificar as questões que se colocam concretamente para a 
atuação dos professores nesse âmbito. 
 
 
20 
 
 
 
4.2 . Construir a Prática e a Teoria na Profissão Docente 
Visando a Educação Ambiental; Documentação e 
Pesquisa 
O desafio de fortalecer uma educação ambiental 
convergente e multi-referencial é prioritário para viabilizar 
uma prática educativa que articule de forma incisiva a 
necessidade de se enfrentar concomitantemente a 
degradação ambiental e os problemas sociais. Assim, o 
entendimento sobre os problemas ambientais se dão por uma 
visão do meio ambiente como um campo de conhecimento e 
significados socialmente construídos, subentende-se que é 
perpassado pela diversidade cultural, ideológica e pelos 
conflitos de interesse. Nesse universo de complexidades 
precisa ser situado o aluno, cujos repertórios pedagógicos 
devem ser amplos e interdependentes, visto que a questão 
ambiental é um problema híbrido , associado às diversas 
dimensões humanas. 
 Os professores(as) devem estar cada vez mais 
preparados para reelaborar as informações que recebem 
sobre o ambiente, a fim de poderem transmitir e decodificar a 
ecologia nas suas múltiplas determinações e intersecções e 
para transmitir aos alunos a expressão dos seus reais 
significados. Nesse contexto, a necessidade de administrar os 
riscos sócio-ambientais coloca cada vez mais a necessidade 
de ampliar o envolvimento de todos por meio de iniciativas 
que possibilitem um aumento do nível de consciência 
ambiental. 
Ao empreender o trabalho pedagógico na Educação 
Ambiental, os problemas ambientais que decorrem da 
desordem e degradação da qualidade de vida nas cidades e 
regiões, devem estar em pauta. Assim moradores, 
profissionais e educadores, podem como cidadãos garantir a 
informação e a consolidação institucional de canais abertos 
para a participação deste processo numa perspectiva 
pluralista e que considere as contribuições de cada um. 
 
 
 
21 
 
 
 
5 – OS PRINCÍPIOS E OBJETIVOS DA 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A ESCOLA 
BÁSICA 
 
 A intenção de apresentarmos os objetivos 
expressos nos Parâmetros Curriculares Nacionais, é de 
que possam ser analisados de forma atenta e crítica, 
buscando confrontá-los com as necessidades que até 
agora pudemos perceber nas reflexões das abordagens 
elaboradas anteriormente. 
Os Objetivos da Educação Ambiental em questão são: 
 
� Conhecer e compreender de modo integrado e sistêmico 
as noções básicas relacionadas ao meio ambiente. 
 
� Adotar posturas na escola, em casa e na sua 
comunidade que os levem a interações , justas e 
ambientalmente sustentáveis. 
 
� Observar e analisar fatos e situações do ponto de vista 
ambiental, de modo crítico, reconhecendo a necessidade e as 
oportunidades de atuar de modo reativo e prepositivo para 
garantir um meio ambiente saudável e de boa qualidade de 
vida. 
 
� Perceber, em diversos fenômenos naturais, os 
encadeamentos e relações de causa-efeito que condicionam 
a vida no espaço (geográfico) e no tempo (histórico), 
utilizando essa percepção para posicionar-se criticamente 
diante das condições ambientais de seu meio. 
 
� Compreender a necessidade e dominar alguns procedimentos 
de conservação e manejo dos recursos naturaiscom os quais 
interagem, aplicando-os no dia-a-dia. 
 
� Perceber, apreciar e valorizar a diversidade natural e 
sócio-cultural, adotando posturas de respeito aos diferentes 
aspectos e formas do patrimônio natural, étnico e cultural. 
 
� Identificar-se como parte integrante da natureza, percebendo 
os processos pessoais como elementos fundamentais 
para uma atuação criativa, responsável e respeitosa em 
relação ao meio ambiente. 
 
 Ao prescrever a delimitação dos conteúdos da 
Educação Ambiental, o documento classificou as abordagens 
segundo três grandes blocos temáticos: ciclos da natureza, 
 
 
22 
 
 
 
sociedade e meio ambiente e manejo e conservação 
ambiental. 
 
 
 
BLOCO 1 
 
CONTEÚDO ESPECÍFICO 
 
CICLOS DA NATUREZA 
 
 
 
 
Os ciclos da água, seus 
múltiplos uso e sua importância 
ara a vida, para a historia dos 
povos; 
 
Os ciclos da matéria orgânica e 
sua importância para o 
saneamento; 
 
As teias e cadeias alimentares, 
sua importância e o risco de 
transmissão de substâncias 
tóxicas que possam estar 
presentes na água, no solo e 
no ar; 
CICLOS DA NATUREZA 
 
 
 
O estabelecimento de relações 
e correlações entre elementos 
de um mesmo sistema; 
 
A observação de elementos 
que evidenciem ciclos e fluxos 
na natureza, no espaço e no 
tempo. 
 
 
CICICICICCCCLOS DA NATUREZALOS DA NATUREZALOS DA NATUREZALOS DA NATUREZA 
 
 
23 
 
 
 
 
BLOCO 2 
 
CONTEÚDO ESPECÍFICO 
 
SOCIEDADE E MEIO 
AMBIENTE 
 
A diversidade cultural e a 
diversidade ambiental; 
 
Os limites da ação humana 
em termos quantitativos; 
 
As principais características 
do ambiente e/ou paisagem 
da região em que se vive; as 
relações pessoais e culturais 
dos alunos e de sua 
comunidade com os 
elementos dessa paisagem; 
 
As diferenças entre 
ambientes preservados e 
degradados, causas e 
conseqüências para a 
qualidade de vida das 
comunidades, desde o 
entorno imediato até de 
outros povos que habitam a 
região e o planeta, bem 
como das gerações futuras; 
 
A interdependência 
ambiental entre as áreas 
urbana e rural. 
 
SOCIEDADE E MEIO AMBIENTESOCIEDADE E MEIO AMBIENTESOCIEDADE E MEIO AMBIENTESOCIEDADE E MEIO AMBIENTE 
 
 
 
24 
 
 
 
MANEJO E CONSERVAÇÃO AMBIENTALMANEJO E CONSERVAÇÃO AMBIENTALMANEJO E CONSERVAÇÃO AMBIENTALMANEJO E CONSERVAÇÃO AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
BLOCO 3 
 
CONTEÚDO ESPECÍFICO 
 
 
MANEJO E CONSERVAÇÃO 
AMBIENTAL 
 
 
 
 
O manejo e a conservação 
da água; noções sobre 
captação, tratamento e 
distribuição para o consumo; 
os hábitos de utilização da 
água em casa e na escola 
adequados às condições 
 
MANEJO E CONSERVAÇÃO 
AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
locais; 
 
A necessidade e formas de 
tratamento dos detritos 
humanos: coleta, destino e 
tratamento do esgoto: 
procedimentos possíveis 
adequados às condições 
locais (sistema de esgoto, 
fossa e outros). 
 
A necessidade e as formas 
de coleta e destino do lixo; 
reciclagem; os 
comportamentos 
responsáveis de “produção” 
e “destino” do lixo em casa, 
na escola e nos espaços de 
uso comum. 
 
As formas perceptíveis e 
 
 
25 
 
 
 
MANEJO E CONSERVAÇÃO 
AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
imperceptíveis de poluição 
do ar, da água, do solo e 
poluição sonora; principais 
atividades locais que 
promovem a poluição 
(indústrias, mineração, 
postos de gasolina, 
curtumes, matadouros, 
criações, atividades 
agropecuárias, em especial 
as de uso intensivo de 
adubos químicos e 
agrotóxicos, etc.). 
 
Noções de manejo e 
conservação do solo: erosão 
e suas causas nas áreas 
rurais e urbanas; 
necessidade e formas de 
uso de insumos agrícolas, 
cuidado com a saúde. 
 
MANEJO E CONSERVAÇÃO 
AMBIENTAL 
 
 
 
Noções sobre 
procedimentos adequados 
com plantas e animais; 
cuidado com a saúde. 
 
Necessidade e principais 
formas de preservação, 
conservação, recuperação e 
reabilitação ambientais de 
acordo com a realidade 
local. 
 
Processos simples de 
reciclagem e 
reaproveitamento de 
materiais. 
Cuidados necessários para 
o desenvolvimento das 
plantas e dos animais. 
 
 
 
26 
 
 
 
 
MANEJO E CONSERVAÇÃO 
AMBIENTAL 
 
 
Procedimentos corretos com 
dejetos humanos nos 
banheiros e em lugares 
onde não haja instalações 
sanitárias. 
 
Práticas que evitam 
desperdícios no uso 
cotidiano de recursos como 
água, energia e alimentos. 
 
Valorização de formas 
conservativas de extração, 
transformação e uso dos 
recursos naturais. 
 
MANEJO E CONSERVAÇÃO AMBIENTALMANEJO E CONSERVAÇÃO AMBIENTALMANEJO E CONSERVAÇÃO AMBIENTALMANEJO E CONSERVAÇÃO AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
 
Além dos conteúdos específicos sugeridos, há uma 
projeção de conteúdos comuns aos três blocos. 
 
CONSUMISMO AMBIENTALCONSUMISMO AMBIENTALCONSUMISMO AMBIENTALCONSUMISMO AMBIENTAL 
 
 
CONTEÚDOS COMUNS 
� Formas de estar atento e crítico com relação ao 
consumismo. 
� Valorização da proteção das diferentes formas de vida. 
� Valorização e cultivo de atitudes de proteção e conservação 
dos ambientes e da diversidade biológica e sociocultural. 
� O zelo pelos direitos próprios e alheios a um ambiente 
cuidado, limpo e saudável na escola, em casa e na 
comunidade. 
� O cumprimento das responsabilidades de cidadão, com 
relação ao meio ambiente. 
� O repúdio ao desperdício em suas diferentes formas. 
� A apreciação dos aspectos estéticos da natureza, incluindo 
os produtos da cultura humana. 
� A participação em atividades relacionadas à melhoria das 
condições ambientais da escola e da comunidade local. 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
Mediante uma leitura atenta, observa-se que os 
conteúdos expressados enfatizam a intenção de formar 
mentalidades capazes de reverter o quadro de degradação 
ambiental que representa o mundo atual. Serve, esta pauta 
de Educação Ambiental, para garantir a sobrevivência de 
algumas gerações pela conservação da natureza. 
Mas é possível, ainda, expandir a temática da 
Educação Ambiental a problemáticas mais abrangentes e 
complexas. Em outros países, a Educação Ambiental dá 
espaço à compreensão da formação do universo, à história do 
homem e da humanidade, oferecendo respaldo para a criança 
refletir sobre o sentido maior da vida e enquadrar, aí, as suas 
opções de conduta. 
Objetivos e conteúdos, por si sós, podem, entretanto, 
significar pouco para a efetividade da Educação Ambiental. A 
forma de articular estes componentes, é a forma de articular 
as abordagens que fazem, do currículo, uma experiência de 
maior validade. 
 
5.1 Complementando as Estratégias Metodológicas 
Verificamos as necessidades para o trabalho curricular 
na Educação Ambiental no sentido de contemplar a visão da 
totalidade da situação real e as projeções possíveis de todas 
as descobertas daí decorrentes que servem de estratégias 
metodológicas capazes de reconciliar as disciplinas. Vimos 
também que esse tratamento exige um trabalho 
multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar. 
Na abordagem multidisciplinar, as disciplinas se 
acoplam para dar visibilidade à polissemia de um fenômeno. 
Por exemplo, ao conhecer uma cidade, posso descrever e 
analisar a sua topografia, posso descrever e analisar a sua 
população, posso identificar os seus marcos históricos, o 
estilo de vida, as características da ocupação do solo, o 
caráter e os padrões de atividade econômica, etc. cada 
dimensão ou percepção que acrescente deverá enriquecer 
meu conhecimento sobre umadeterminada situação. Ao 
mesmo tempo que enriquecem a visão de um fenômeno, as 
disciplinas se servem da temática da Educação Ambiental 
para exercitarem suas estruturas. 
Na abordagem interdisciplinar, ocorre uma 
transferência, um empréstimo de lógicas originárias de 
 
 
29 
 
 
 
diferentes áreas de conhecimento. O diálogo entre as 
disciplinas promove a criação conjunta de uma outra visão 
dos fenômenos. Ou, resumindo, duas ou mais disciplinas 
interconectam suas estruturas conceituais e metodológicas 
para desvendar, juntas, uma dada realidade. Nesta 
abordagem, a Educação Ambiental tem uma identidade 
problemática própria, que incorpora, no seu tratamento, 
explicações oriundas de diversas disciplinas. Por exemplo, ao 
estudar a contaminação atmosférica, servimo-nos 
necessariamente, de contribuições da Biologia (interação 
seres vivos-biosfera, conseqüências da contaminação em 
processos como a respiração, fotossínteses, bioacumulação 
de elementos contaminadores que passam através das 
cadeias alimentares, processos biológicos de autodepuração 
das águas etc); da Geologia (composição da atmosfera e 
hidrosfera, contaminação devida a catástrofes naturais); da 
Química (natureza química dos contaminantes, capa de 
ozônio, chuva ácida, etc...); da Tecnologia (relação entre a 
contaminação e a utilização de determinadas tecnologias nos 
processos de produção e cadeias industriais, etc); das 
Ciências Sociais (desenvolvimento e ecologismo em distintas 
culturas...); da Medicina e Ciências da Saúde (doenças 
próprias dos países industrializados, efeitos da contaminação 
auditiva sobre a saúde física e mental...); da Ética (vida 
cotidiana e atitudes contaminantes, acumulação de resíduos 
em zonas rurais...) (GUTIERREZ, 1995: 177-8). 
A transposição metodológica representada pela 
transdisciplinaridade, só pode acontecer pela reconciliação 
plena das disciplinas, levando a uma leitura simultânea das 
diferentes manifestações de um mesmo fenômeno recorrendo 
aos conhecimentos das disciplinas que se fazem necessárias 
a cada conceito ou assunto. Os conceitos das disciplinas se 
complementam ao invés de se justaporem como detalhes 
analíticos. O método de problemas abre as portas para uma 
estrutura transdisciplinar, mas sua concretização curricular é 
uma possibilidade distante. 
 
 
 
30 
 
 
 
6 - O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO SOBRE A 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
 
 
 
Pode-se afirmar que, na formação de um pensamento 
sobre a questão ambiental, a escola tem, sem dúvida, um 
papel privilegiado. Mas, cabe perguntar, quanto sabemos, 
nós, professores e professoras, sobre a grandeza de nossa 
responsabilidade? Quando estamos preparados para fazer da 
Educação Ambiental, uma interface constante de nossa 
intervenção com o trabalho curricular, das áreas de ensino, 
por exemplo? 
Nossas respostas precisam situar-se dentro de uma 
perspectiva filosófica da Educação Ambiental. Neste sentido, 
é a Conferência de Tblisi, citada no princípio deste texto, que 
fornece as primeiras delimitações normativas concernentes à 
Educação Ambiental, especialmente aquelas que projetam as 
suas finalidades. 
6.1 – Finalidades da Educação Ambiental –Lei 9394/96 
 
A motivação normativa para a revitalização curricular 
da escola fundamental deriva da reforma educacional 
instituída pela Lei 9394/96, que fixou as diretrizes e bases 
para a educação nacional. Em seu Artigo 12, a Lei determina 
que cabe aos estabelecimentos de ensino elaborar e executar 
a sua proposta pedagógica. Ainda que esta autonomia seja 
relativa, pois que a União estabelece, em colaboração com os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e 
diretrizes para a educação básica, de modo a nortear os 
 
 
31 
 
 
 
currículos e os conteúdos mínimos que lhe correspondem, 
pode, a escola, singularizar a sua organização pedagógica. 
De modo coerente, as bases do entendimento sobre as 
finalidades e a organização da escola são amplas e 
submetem os sistemas ao compromisso, entre outros, de 
desenvolver o educando para a cidadania. Além disso, a 
legislação dispõe sobre a flexibilidade da organização dos 
estudos em função do interesse que o processo de 
aprendizagem suscitar e enfatiza a afirmação de orientações 
que privilegiem a difusão de valores fundamentais ao 
interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de 
respeito ao bem comum e à ordem democrática (Art. 27, 
inciso I). O texto legal é, portanto, um bom esteio para o 
aconchego da Educação Ambiental em cada escola. 
As finalidades expressas desde a primeira Conferência 
em TBLISI (1977), sugerem que nos estruturemos, seja para 
agir, seja para ensinar buscando: 
� Promover a compreensão da existência e da importância da 
interdependência econômica, social, política e ecológicano 
mundo atual; 
As finalidades expressas desde a primeira Conferência 
em TBLISI (1977), sugerem que nos estruturemos, seja para 
agir, seja para ensinar buscando: 
� Promover a compreensão da existência e da importância da 
interdependência econômica, social, política e ecológicano 
mundo atual; 
� Proporcionar a todas as pessoas a possibilidade de adquirir 
os conhecimentos, sentido dos valores, interesse ativo e 
atitudes necessárias para protegerem e melhorarem o meio 
ambiente em que se inserem; 
 
� Induzir novas formas de condutas e valores a respeito do 
meio ambiente, a partir de conhecimentos, estudos e 
pesquisas envolvendo os sujeitos e a sociedade . 
 
Deste modo, passaremos todos (professores e alunos) 
por processos de compreensão, de conhecimento, de 
sensibilização, de desenvolvimento de habilidades, atitudes, 
valores de conscientização e participação. Tais aquisições, 
entrosadas à nossa atuação teórico metodológica, é que 
poderão garantir a implementação, estrutura e construção de 
 
 
32 
 
 
 
um domínio coletivo no campo da formação e sua relação 
com a melhoria da qualidade ambiental. 
 
6.2 – A Educação Ambiental no Currículo da Escola: O 
que Diz a Legislação 
 
 
 
 
A política nacional de Educação Ambiental, em nosso 
país, parte ainda de marcos estabelecidos em âmbito 
internacional. Todavia, ela abre espaço para definições 
próprias, de caráter nacional, regional e local. 
Ao ratificar as premissas acordadas mundialmente, 
nossos legisladores vêm emitindo normas que orientam de 
modo particular a prática da Educação Ambiental no Brasil. 
Em razão de emanarem de distintas esferas administrativas, 
estas normas se apresentam de forma difusa, ainda que 
possam ser convergentes. 
Na esfera federal, existe uma Câmara Técnica de 
Educação Ambiental que integra o Conselho Nacional do 
Meio Ambiente – CONAMA, o qual faz parte do Sistema do 
Meio Ambiente – SISNAMA, como seu órgão consultivo e 
deliberativo. 
A Câmara Técnica de Educação Ambiental é presidida, 
por sua vez, pela Coordenação geral de Educação Ambiental 
– COEA, que integra a Secretaria do Ensino Fundamental do 
Ministério de Educação. Com tal estrutura, articulam-se as 
definições políticas e as ações estratégicas oficiais da 
Educação Ambiental na esfera federal, sob a égide da Lei 
9795/99. 
Segundo essa Lei, que institui a Política Nacional de 
Educação Ambiental, a educação ambiental deve integrar os 
processos por meio dos quais o individuo e a sociedade 
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, 
atitudes e competência voltadas para a conservação do meio 
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia 
qualidade de vida e sua sustentabilidade. 
 
 
33 
 
 
 
Com este sentido, a legislação específica justificou a 
presença da Educação Ambiental em todos os níveis e 
modalidades do processo educativo, seja em sua condição 
formalou não formal. 
 
6. 3 – Conhecendo Princípios e Objetivos para Análise e 
Planejamento da Educação Ambiental 
 
 
 
 
 
Com referência à educação ambiental a ser trabalhada 
na escola fundamental, devem ser ressaltados os princípios 
proclamados na legislação, aplicáveis a todas as situações 
formativas. 
A seguir, serão apresentados os princípios e objetivos 
para a Educação Ambiental no Brasil a partir da Lei 9795/99, 
buscando fornecer orientações para a composição de 
planejamentos de trabalho pedagógico aos envolvidos na 
presente proposta: 
6.4 Princípios que Regem a Educação Ambiental :Art. 4º 
 
� Enfoque humanista, holístico, democrático e 
participativo; 
 
� Concepção do meio ambiente em sua totalidade, 
considerando a sua interdependência entre o meio natural, o 
meio sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da 
sustentabilidade; 
 
� Pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na 
perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade; 
 
 
 
34 
 
 
 
� Vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as 
práticas sociais; 
 
� Garantia de continuidade e permanência do processo 
educativo; 
 
� Permanente avaliação crítica do processo educativo; 
 
� Abordagem articulada das questões ambientais locais, 
regionais, nacionais e globais; 
 
� Reconhecimento e respeito à pluralidade e à 
diversidade individual e cultural. 
 
Respeitada a complexidade da formação na Educação 
Ambiental no âmbito da escola fundamental, a legislação 
aprofunda orientações, tornando explícitos seus objetivos, 
firmando a exigência do desenvolvimento de uma 
compreensão integrada e uma consciência crítica da questão 
ambiental. Este processo deve ser dinamizado pela 
democratização da vivência ambiental forjada às custas de 
um amplo acesso às informações ambientais e de uma 
participação individual, coletiva, cooperativa e solidária. 
 
 
 
 
6.5. Objetivos da Educação Ambiental no Brasil : Art. 5º 
 
 Na operacionalização da Educação Ambiental, a 
legislação estabelece que, na escola fundamental, 
implante-se uma prática educativa integrada, contínua e 
permanente. Deste entendimento, afasta-se a idéia da 
configuração de uma disciplina específica e independente. 
 
� Desenvolvimento de uma compreensão integrada do 
meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, 
 
 
35 
 
 
 
envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, 
políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos; 
 
� Garantia de democratização das informações 
ambientais; 
 
� Estimulo e fortalecimento de uma consciência crítica 
sobre a problemática ambiental e social; 
 
� Incentivo à participação individual e coletiva, 
permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do 
meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade 
ambiental como um valor inseparável do exercício da 
cidadania; 
 
� Estímulo à cooperação entre as diversas regiões 
do País, em níveis micro e macro-regionais com vistas à 
construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, 
fundada nos princípios da liberdade, da igualdade, 
solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e 
sustentabilidade; 
 
� Fomento e fortalecimento da integração com a ciência e 
a tecnologia; 
 
� Fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos 
povos e solidariedade como fundamento do futuro da 
humanidade. 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
 
7 - A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUA INSERÇÃO 
CONCRETA NA ESCOLA: DESAFIOS DE UMA 
TRANSIÇÃO PARA A CIDADANIA MUNDIAL 
 
 
 
 
 
 Caracterizamos o papel da escola na Educação 
Ambiental, no início de nossa abordagem. Vimos que a partir 
do papel do professor de ensino e e formação, cabe situá-la 
em contexto mais amplo, que considere a educação para a 
cidadania, configurando-a como elemento determinante para a 
consolidação de sujeitos que terão um papel preponderante 
para a construção de nova consciência, atitudes e ações no 
que se refere ao meio ambiente. O fortalecimento da 
cidadania para a população como um todo - e não para um 
grupo restrito - concretiza-se pela possibilidade de cada 
pessoa ser não somente como portadora de direitos e 
deveres, mas de se converter em ator co-responsável na 
defesa da qualidade de vida. 
A formação para a cidadania está intrinsecamente ligada 
à educação ambiental e à forma como estará concebida na 
proposta pedagógica escolar. Que questões têm 
preponderância ao formarmos para a cidadania? Cidadania 
tem a ver com a identidade e o pertencimento a uma 
coletividade. A Educação Ambiental como formação e 
exercício de cidadania refere-se a uma nova forma de encarar 
a relação do homem com a natureza, baseada numa nova 
ética, que pressupõe outros valores morais e uma forma 
diferente de ver o mundo e os homens. Deve ser vista como 
um processo de permanente aprendizagem que valoriza as 
diversas formas de conhecimento e forma cidadãos com 
consciência crítica local e planetária. 
 
 
37 
 
 
 
7.1 Equívocos e Alternativas: 
O que tem sido feito nesta perspectiva? Observa-se 
que na escola a grande maioria das atividades são feitas 
dentro de uma modalidade formal. Os temas predominantes 
são lixo, proteção do verde, uso e degradação dos 
mananciais, ações para conscientizar a população em relação 
à poluição do ar entre outras. A educação ambiental que tem 
sido desenvolvida no país é pulverizada em ações 
diversificadas e a presença dos órgãos governamentais como 
articuladores, coordenadores e promotores de ações é ainda 
muito restrita. 
No caso das grandes metrópoles, existe a 
necessidade de enfrentar os problemas da poluição do ar e o 
poder público deve assumir um papel indutor do processo. A 
redução do uso do automóvel estimula a co-responsabilidade 
social na preservação do meio ambiente, chama a atenção 
das pessoas e as informa sobre os perigos gerados pela 
poluição do ar. Isso no entanto implica na necessidade de 
romper com o estereótipo de que as responsabilidades 
urbanas dependem em tudo da ação governamental e os 
habitantes mantêm-se passivos e aceitam a tutela. 
 O grande salto de qualidade tem sido feito pelas ONGs 
e organizações comunitárias, as quais desenvolvem ações 
não formais centradas principalmente na população infantil e 
juvenil. A lista de ações é interminável e essas referências são 
indicativas de práticas inovadoras preocupadas em 
incrementar a co-responsabilidade das pessoas em todas as 
faixas etárias e grupos sociais quanto à importância de formar 
cidadãos cada vez mais comprometidos com a defesa da vida. 
A educação para a cidadania representa a possibilidade 
de motivar e sensibilizar as pessoas para transformar as 
diversas formas de participação em potenciais caminhos de 
dinamização da sociedade e de concretização de uma 
proposta de sociabilidade baseada na educação para a 
participação. 
 O complexo processo de construção da cidadania no 
Brasil, num contexto de agudização das desigualdades, é 
perpassado por um conjunto de questões que 
necessariamente implica a superação das bases constitutivas 
 
 
38 
 
 
 
das formas de dominação e de uma cultura política calcada na 
tutela. A construção de uma cidadania ativa configura-se 
como elemento determinante para constituição e 
fortalecimento de sujeitos cidadãos que, portadores de direitos 
e deveres, assumam a importância da abertura de novos 
espaços de participação e interferência crítica e solidária dos 
sujeitos sociais em função de atitudes e futuras ações 
conjuntas pela melhoria da vida ambiental . 
 
 A educação ambiental, como componente da 
cidadania abrangente, que buscamos tambémao 
estabelecer os objetivos da escola hoje, está ligada a uma 
nova forma de relação ser humano/natureza . A sua 
dimensão cotidiana leva a pensá-la como somatório de 
práticas e entendê-la na dimensão de sua potencialidade de 
generalização para o conjunto da sociedade. Assim, 
pressupõe entendê-la como necessidade concreta de ações 
na educação formal, o que inclui sua entrada como um dos 
objetivos do trabalho pedagógico escolar, no qual os 
professores são os profissionais diretamente envolvidos. 
 À medida que se observa cada vez mais dificuldade de 
manter-se a qualidade de vida nas cidades e regiões, é 
preciso fortalecer a importância de garantir padrões 
ambientais adequados e estimular uma crescente 
consciência ambiental, centrada no exercício da cidadania e 
na reformulação de valores éticos e morais, individuais e 
coletivos, numa perspectiva orientada para o 
desenvolvimento sustentável. A escola tem um papel 
preponderante na construção desses objetivos e a 
generalização de práticas ambientais só será possível se 
 
 
39 
 
 
 
estiver inserida no contexto de valores sociais, mesmo que 
se refira a mudanças de hábitos cotidianos próximos aos 
alunos inicialmente. 
 O trabalho da Educação Ambiental como um dos 
pressupostos da proposta pedagógica de uma escola, ao 
questionar ideologias teóricas e práticas, propõe a 
participação democrática da sociedade na gestão dos seus 
recursos atuais e potenciais, assim como no processo de 
tomada de decisões para a escolha de novos estilos de vida 
e a construção de futuros possíveis, sob a ótica da 
sustentabilidade ecológica e a eqüidade social. Estas são 
posições que impõem novas posições teórico-metodológicas 
e a busca de novos paradigmas. 
 
8 - A BUSCA DE NOVOS PARADIGMAS AO 
DESENVOLVER A PROPOSTA PEDAGÓGICA: 
ENVOLVENDO OS PROFESSORES 
 
 
 
 
 
As oportunidades oferecidas ao sistema escolar 
brasileiro para se apropriar da temática da Educação 
Ambiental têm ocorrido com freqüência e intensidade 
testemunha-se uma resposta docente incontestavelmente 
 
 
40 
 
 
 
positiva neste sentido. No entanto, a despeito da visível 
adesão ideológica, dificuldades concretas se interpõem no 
cotidiano da vivência escolar que quer se comprometer com a 
transposição metodológica que o tema exige. 
Ora, esta transição metodológica, e de sua correlata e 
implícita reorganização curricular, encontra dificuldades em 
todos os sistemas que lidam, na atualidade, com a 
implantação. Gavidia (1996), ao analisar a realidade 
espanhola, destacou sete ordens de dificuldades para o 
desenvolvimento da Educação Ambiental que devem ser 
superadas, as quais merecem nossa reflexão: 
 
1 – A forte inércia da escola para modificar formas de 
comportamento e escalas de valores. Este fator se reflete 
também na atitude defensiva e restrita que o docente assume 
quanto ao seu repertório, a qual impede a rearticulação 
disciplinar pleiteada pela nova abordagem . 
 
2 – A incorporação dos temas sobre Educação Ambiental no 
currículo escolar dentro da organização disciplinar existente. 
Abrir espaço para o tema em uma estrutura consolidada não 
é uma tarefa fácil. Encontrar os pontos de união entre as 
disciplinas, o grau de participação de cada uma delas, a 
sincronização das abordagens... Que modelo de estratégia 
adotar? Linhas, áreas, espaços... 
 
3 – A concretização dos conteúdos. É preciso materializar as 
idéias possíveis sobre os conteúdos. Isto impõe provimento 
e/ou atualização de conhecimentos. 
 
4 – A formação necessária do corpo docente nestes temas. A 
colocação em prática da educação ambiental entre outros 
temas, supõe a sensibilização e a preparação de professores 
e professoras. O conhecimento e representações adequadas 
sobre a questão ambiental, por exemplo, constituem 
condições básicas para que possam projetar caminhos 
didáticos, estratégias de aprendizagens e interações sociais 
pertinentes. 
 
5 – A pouca tradição de trabalho em grupo, especialmente 
com pais e com outras instituições. Os cenários da Educação 
Ambiental implicam em ações não só interdisciplinares mas 
também interinstitucionais. A escola precisa se deslocar. 
 
 
41 
 
 
 
6 – A escassez de materiais curriculares. A discussão gira em 
torno da propriedade de uma bibliografia específica. O mundo 
editorial ainda não se convenceu de oferecer textos 
sistemáticos. Há manuais orientados aos professores mas 
não há textos para os alunos. 
 
7 – No que se refere ao trabalho curricular e à avaliação, os 
conteúdos da Educação Ambiental precisam ser 
selecionados, priorizados, articulados, seqüenciados, e, 
sobretudo, avaliados, especialmente em suas dimensões 
atitudinais e comportamentais. A tarefa docente fica enorme! 
 Torna-se cada vez mais necessário consolidar portanto 
novos paradigmas educativos, centrados na preocupação de 
iluminar a realidade desde outros ângulos, e isto supõe a 
formulação de novos objetos de referência conceituais e de 
transformação de atitudes. 
 
 
8.1 - A Organização e a Gestão do Trabalho Pedagógico 
para a Educação Ambiental: 
 
 
 
 Vários autores têm se referido à inércia da escola e uma 
resistência a avaliar suas novas incumbências como fruto das 
transformações em todos os campos da vida humana, seja na 
evolução da ciência, no campo do trabalho ou na 
transformação de valores sociais. Por um lado, há algo de 
positivo em avaliar essas transformações passo a passo 
implementá-las nos objetivos da formação humana, evitando 
a adaptação sem críticas às novas exigências tanto dessas 
transformações como no que encerrem de busca de 
 
 
42 
 
 
 
adaptações ao panorama neoliberal. Por outro lado, as 
necessidades trazidas pelos alunos e frequentemente 
divulgadas na mídia, mesmo aquelas extremamente próximas 
a nós, como a degradação dos rios e mananciais, o gasto 
inconseqüente da água, a falta de cuidado com o saneamento 
pelas autoridades e da população com o lixo, afora as notícias 
de catástrofes ambientais provocadas pela negligência do 
homem para com o aquecimento global e o desmatamento, 
nos obrigam a perceber a urgência de ultrapassar os 
conteúdos antes tratados pela Educação Ambiental. Impõe-se 
a busca de conhecimentos, informações, um trabalho de 
pesquisa e assimilação crítica para um processo qualificado 
de ensino que se volta à formação de valores e atitudes para 
com o ambiente local e mundial em nossos alunos. 
 A necessidade passo a passo percebida pelos 
educadores, professores e alunos sobre os temas ambientais, 
nos apontam a necessidade de um trabalho curricular voltado 
à atualização dos conhecimentos, e como uma tarefa mais 
complexa, impõe novos tratamentos para com as disciplinas, 
de forma inter e transdisciplinar, além da busca de 
sincronização e visão mais ampla e aprofundada dos 
processos e fenômenos ambientais. Estas necessidades 
exigem do professor a busca de novos conhecimentos e a 
organização da escola para um formação em serviço sobre o 
trabalho que se pretende implementar. 
 Propõe-se um trabalho de sensibilização e preparação 
dos professores , com materiais como discussão de filmes, 
debates sobre a formação da criança e do jovem hoje levando 
em conta os problemas ambientais, pesquisa sobre os 
problemas cruciais ambientais para que os professores 
possam se organizar para desenvolver atividades, visitas, 
projetos para conhecer e levantar alternativas de ação e 
interferência no meio ambiente a curto, médio e longo prazo. 
Nesse processo o pedagogo tem um papel preponderante 
como gestor e articulador de uma proposta que possa 
envolver todos os participantes de forma democrática e 
motivante. Há que seconsiderar a trajetória dos professores, 
seus conhecimentos e criatividade que podem construir um 
processo sólido e possível de ser aplicado. 
A dificuldade ao envolver os pais, talvez nesse 
momento possa ser revertida ao tratarmos de um assunto que 
diz respeito a todos e no qual os pais também são 
diretamente responsáveis. Também a resistência ao trabalho 
coletivo no processo de construção da proposta de Educação 
 
 
43 
 
 
 
Ambiental, deve levar a uma possibilidade de encontros, 
ações conjuntas e busca de respostas sempre em reuniões 
pedagógicas de avaliação de todo o processo ou em 
momentos pontuais como o Conselho de Classe por exemplo. 
 No trabalho curricular, no qual os conteúdos da 
Educação Ambiental precisam ser selecionados, a 
participação do pedagogo junto aos professores é 
imprescindível na priorização e articulação dos temas nas 
áreas de ensino. A avaliação das dimensões atitudinais e 
comportamentais, são um ensejo para que o professor avalie 
o aluno em processo, por entrevistas, auto-avaliação, 
observação da participação e descrição de progressos 
previstos na forma de uma avaliação processual. 
As dificuldades que se apresentarem, pela 
complexidade da tarefa do professor, poderão ser partilhadas 
também em momentos de avaliação em reuniões por série e 
áreas, em que a solidariedade entre o grupo envolvido 
precisa ser a tônica principal e a compreensão de que um 
trabalho inovador vem sendo construído e por isso terá 
dilemas, incertezas, mas também acertos, possibilidades 
novas e construção de novos conhecimentos e metodologias 
no que se refere ao processo . 
O desenvolvimento da Educação Ambiental vai implicar 
em uma mobilização de recursos didáticos além daqueles que 
integram a rotina tradicional da escola. Apela a cenários, 
pessoas, meios, serviços, ambientes, literatura e materiais 
variados. Estes recursos são definidos em função de 
itinerários investigatórios e de solução de problemas, 
implantados, preferencialmente, a partir de projetos 
elaborados pela classe ou por grupos de trabalho, e dos 
processos de registro, comunicação e divulgação dos estudos 
realizados. 
O que se busca, é que a Educação Ambiental se 
concretize mediante construções singulares de 
aprendizagem, garantindo o significado e a qualidade das 
experiências proporcionadas. A própria avaliação pedagógica 
deve acompanhar, controlar e regular, as interações 
realizadas durante esse processo, tanto na sua seqüência 
quanto no impacto traduzido pela ressonância da “lição 
aprendida”. Mais do que nunca, a Educação Ambiental pode e 
deve proporcionar vivências inesquecíveis e fortemente 
impregnadas de uma ética necessária. Trata-se de prover, 
pela Educação Ambiental, o aprender a viver, e, 
 
 
44 
 
 
 
principalmente, o cultivar nos professores e alunos o 
sentimento da mais elevada esperança na humanidade. 
As oportunidades oferecidas ao sistema escolar 
brasileiro para se apropriar da temática da Educação 
Ambiental têm ocorrido com freqüência e intensidade e 
testemunha-se uma resposta docente incontestavelmente 
positiva neste sentido. No entanto, a despeito da visível 
adesão ideológica, dificuldades concretas se interpõem no 
cotidiano da vivência escolar que quer se comprometer com a 
transição metodológica que o tema exige. 
-Regina Cely de Campos Hagemeyer 
 
 
8. 2 – As Metodologias para a Educação Ambiental 
 
 
 
 
 
 
O manejo do conhecimento, na experiência escolar, 
delimitado pelas fronteiras das disciplinas tal como nós 
conhecemos, tem gerado lacunas significativas na 
compreensão dos problemas e práticas sociais, inclusive pelo 
 
 
45 
 
 
 
reducionismo e mecanicismo que imprime ao processo de 
ensinar/aprender.. Em função dessa forma e exercício 
disciplinar tradicional, muitos conceitos se reproduziram de 
maneira distanciada, conquistando uma aparente autonomia, 
mas formando um número cada vez maior de campos de 
conhecimento e repertórios às vezes estéreis. 
De certa forma, pode-se afirmar que a existência de 
inúmeros campos de estudo contribui para a desintegração da 
própria formação, especialmente no seu estagio básico. 
Nesse quadro de estudos justapostos, as disciplinas se 
comportam como túneis separados e estreitos, que não se 
comunicam a não ser acidentalmente e eventualmente. Daí 
imaginar a necessidade e a possibilidade de superar a 
fragmentação dos territórios mais ou menos estáveis que elas 
(as disciplinas) representam nos currículos das escolas em 
prol de uma compreensão inteira do mundo e de seus 
fenômenos. 
Diferentemente dessa perspectiva, pois, dá-se a 
oportunidade, nessa abordagem, à compreensão e vivência 
de problemas sociais e culturais apreendidos em toda a 
plenitude e complexidade com que acontecem e se revelam, 
em oposição à desgastada prática de transmissão de 
informações, conhecimentos, valores e atitudes dissociados 
da realidade vivida pelo educando. 
A Educação Ambiental assim se beneficia de uma 
transposição metodológica que trabalha a aquisição e a 
produção de conhecimento como um processo aberto, flexível 
e comprometido eticamente. Sem negar de vez a estrutura 
dos currículos escolares, o tratamento do tema flexibiliza o 
processo de aquisição e produção do conhecimento e 
neutraliza o artificialismo inerente à prática tradicional do 
ensino na escola mediante uma sensibilização das disciplinas. 
Isto quer dizer que, sensibilizados os professores das 
áreas de ensino, e, por conseqüência, neutralizado o 
artificialismo da rotina escolar, há maior significado na 
aprendizagem. O tratamento dos conteúdos escolares dá 
sustentação para a interpretação da totalidade da situação 
real. Constitui, portanto, um recurso metodológico para 
contextualizar o conhecimento recriado na experiência 
pedagógica. 
Contextualizar o conhecimento, além do mais, implica 
em partir da vivência dos alunos e do seu projeto de vida. 
Porque, quando o aluno chega à escola, alguma coisa das 
suas experiências anteriores é conservada sob a forma de 
 
 
46 
 
 
 
interesses e necessidades. (...). A observação das condições 
externas, como a presença de problemas ecológicos, isto é, 
do macro-problema, leva-os a elaborar cenários com a ajuda 
de um processo de pensamento refletido, de um saber-
pensar... (BERTRAND, VALOIS e JUTRAS, 1998:148-9). 
A Educação Ambiental, quando tratada como tema 
essencial, circula pelo currículo, abre portas e janelas das 
disciplinas, proporcionando espaço e ângulo para uma visão 
da realidade tomada em toda a sua espontaneidade 
(totalidade), em todo o seu potencial de decodificação 
(análise integral) além de melhor corresponder em termos de 
relevância social. 
Que disciplinas podem ser estas que se abrem aos 
temas da Educação Ambiental? BERTRAND, VALOIS e 
JUTRAS (p.151), oferecem algumas precisas menções 
quando observam que certas dimensões do macro-problema 
ecológico comportam um caráter regional e uma historia 
particular, motivo pelo qual a história e a geografia constituem 
instrumentos indispensáveis de compreensão. E acrescentar, 
procurar compreender um problema ecológico local necessita 
da sua contextualização histórica, cultural, social, assim como 
da sua morfologia regional. 
Todavia, para quem imagina que o efeito pedagógico 
da contextualização tem aqui seu limite, deve-se alertar sobre 
o seu rendimento mais profundo. A contextualização de um 
problema ecológico abre a reflexão sobre as meta 
necessidades do educando, descobrindo o sentido profundo 
da Vida e a solidariedade fundamental entre todos os seres. A 
contextualização, nesta perspectiva, alarga à sua maneira o 
debate sobre o sentido das experiências vividas pelos alunos 
e sobre a direção que

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