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PENAL RECURSSO SENTIDO STR

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ª VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE CAXIAS-MA
Autos nº: XXXXXXXXXXXX.
A, já qualificado nos autos do processo criminal em epígrafe que lhe move o Ministério Público Estadual, por seu advogado que esta subscreve, não se conformando com a respeitável decisão de pronúncia à fls. ___, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor o presente RECURSO EM SENTIDO ESTRITO com fulcro no artigo 581, IV, do Código de Processo Penal.
Desde já, requer o recorrente que o presente instrumento seja recebido, processado e, na hipótese de Vossa Excelência não considerar os argumentos e manter a r. Sentença de pronúncia, que seja encaminhado ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão.
Nestes termos, pede deferimento.
Local/data.
Advogado: 
OAB: Nº
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
Recorrente: RAGNAR.
Recorrido: Ministério Público de São Paulo.
Autos nº: XXXXXXXXXXXX.
Egrégio Tribunal de Justiça,
Colenda Câmara,
Ínclitos Desembargadores,
Douta Procuradoria de Justiça
Em que pese a respeitável decisão do Excelentíssimo Juiz de Direito a quo, não merece prosperar a pronúncia do recorrente pelas razões fáticas e jurídicas a seguir expostas, vejamos:
I – SÍNTESE DO OCORRIDO
RAGNAR foi denunciado pela prática do crime previsto no art. 121, § 2.º, incisos III e IV, do Código Penal, nos seguintes termos: No dia 8/5/2008, no período compreendido entre 19 h e 19 h 30 min, no bairro Centro, Caxias - MA, o denunciado, RAGNAR, brasileiro, solteiro, ajudante de pintor, residente na rua do Cotovelo, casa 32, no bairro Centro, Caxias – MA. Imbuído de inequívoco animus necandi, utilizando-se de um facão, golpeou JON SONOW cinco vezes, causando-lhe a lesão descrita no laudo de exame de corpo de delito, a qual foi a causa eficiente de sua morte. O delito foi cometido mediante meio cruel, causando intenso e desnecessário sofrimento à vítima. A denúncia foi recebida, em 20/8/2008, pelo juiz da primeira vara do júri da cidade, que ordenou a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 dias.
Na resposta, o acusado alegou que havia agido para se defender, juntou comprovante de residência e sua folha penal bem como arrolou uma testemunha, qualificando-a e requerendo sua intimação. O Ministério Público não se opôs à juntada dos documentos e, no dia e hora marcados, procedeu-se à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem
A acusação arrolou MIDINHO, que informou que conhecia RAGNAR havia 5 anos e que o acusado tinha o hábito de beber, comumente se embriagando e causando confusão nos bares da cidade. A defesa arrolou KHA DROGO, irmão do réu e único a presenciar o fato, o qual foi ouvido com a concordância da acusação e sem o compromisso legal, tendo afirmado em juízo: que presenciou o fato ocorrido no dia 8/5/2008, aproximadamente às 19 h, no interior da casa;
Que avisou RAGNAR de que havia uma pessoa subtraindo madeira e telhas de sua residência. Diante disso, RAGNAR o dirigiu-se ao local onde o larápio estava. Chegando lá, RAGNAR, de posse de um facão, mandou que o ladrão parasse com o que estava fazendo, tendo o ladrão o desafiado e, de posse de um pé-de-cabra, caminhado em sua direção. Imediatamente, RAGNAR tentou desferir alguns golpes no ladrão, que, ao ser atingido, tombou ao solo.
Por fim, RAGNAR, ao ser interrogado em juízo, disse que a acusação não era verdadeira, porque havia atuado para se defender da iminente agressão por parte da vítima. Disse, ainda, que, apesar de ter tentado desferir cinco golpes na vítima, somente a atingiu no quinto golpe, momento em que a vítima caiu. Ressalta-se que o laudo cadavérico indicou a existência de apenas uma lesão no corpo da vítima, na altura do peito, e apontou como causa mortis hemorragia no pulmão, em consequência de ação perfuro cortante.
Apresentadas as alegações finais orais, o juiz entendeu que o feito havia tramitado regularmente, sem nulidades. Outrossim, entendeu haver indícios de autoria e estar configurada a materialidade do crime, comprovada por meio do laudo de exame de corpo de delito (cadavérico), bem como pelos depoimentos colhidos no curso da instrução, e pronunciou o acusado, na própria audiência, pelo crime previsto no art. 121, § 2.º, incisos III e IV, do Código Penal, a fim de que fosse submetido a julgamento pelo júri popular.
Por fim, determinou o magistrado que o réu deveria permanecer em liberdade, já que esteve solto durante toda a instrução, haja vista a ausência dos requisitos para a prisão preventiva, além de ser primário e possuir bons antecedentes. 
II – DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE
          
           O presente recurso é próprio, tempestivo, as partes são legítimas e estão devidamente representadas, portanto, preenchido os pressupostos de admissibilidade.
III – DO DIREITO
 
3.1) Estado de necessidade.
Na eventualidade de V. Exas considerarem as razões acusatórias, há de se ressaltar que um eventual homicídio praticado pelo recorrente foi apenas em razão da circunstância extrema de vida ou morte: a fome. Preceitua o art. 23 do Código Penal, incisos I e II que não há crime quando o agente pratica o fato em estado de necessidade. 
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade
II - em legítima defesa
RAGNAR, de posse de um facão, mandou que o ladrão parasse com o que estava fazendo, tendo o ladrão o desafiado e, de posse de um pé-de-cabra, caminhado em sua direção. Imediatamente, RAGNAR tentou desferir alguns golpes no ladrão, que, ao ser atingido, tombou ao solo. Ressalta-se que o laudo cadavérico indicou a existência de apenas uma lesão no corpo da vítima, na altura do peito, e apontou como causa mortis hemorragia no pulmão, em consequência de ação perfuro cortante, usando de meios moderado e necessários
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Portanto, estão presentes os requisitos que autorizam a aplicação da exclusão da ilicitude pela legítima defesa. Sendo assim, o art. 581, VIII , do Código de Processo Penal , dispõe que caberá recurso em sentido estrito nos casos de decisões contra declaração de extinção da punibilidade, in verbis:
Art. 581 - Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:(...)
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;
No mesmo sentido, tem entendido a jurisprudência:
Ementa: PENAL. PROCESSO PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. LEGÍTIMA DEFESA. PROVA PLENA DA EXCLUDENTE DE ILICITUDE. RECONHECIMENTO. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA. (RSE 211512007 MA)
EMENTA - RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. DECISÃO DE PRONÚNCIA. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA. DEFESA. INCOMPORTABILIDADE. 9568-0/220 (200701794881) GO
3.2) Da absolvição sumária
Neste caso, prevê o CPP em seu artigo 415, IV, que o juiz absolverá desde logo o acusado quando o fato não for punível, havendo excludente de ilicitude, isto é, a exclusão do próprio crime. Destarte, incabível e errônea a decisão de pronúncia, que desde logo deveria absolver sumariamente o recorrente.
Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando
IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime
III – PEDIDOS
Pedido: Diante do exposto, após parecer do Ministério Público, aguarda-se o provimento do presente recurso para o fim de ABSOLVER O RÉU SUMARIAMENTE, nos termos do artigo 415, IV do Código de Processo Penal. Caso assim não entenda Vossa Excelência, requerer a exclusão da qualificadora do meio cruel e do recurso que dificultou a defesa da vítima, visto que estão em total descompasso com a prova coligida.
Nestes termos, pede deferimento.
Local/data.
Advogado: 
OAB: Nº

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