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Apostila Direito Básico

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CURSO: CIÊNCIAS CONTÁBEIS
APOSTILA 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
PROFª. CARLA SENA
2017
SUMÁRIO
UNIDADE I – NOÇÕES DE DIREITO.........................................................................................04
I.1 – Definição...................................................................................................................................04
I. 2 Direito e Sociedade ...................................................................................................................04
I.3 Linguagem do Direito ................................................................................................................05
I.4 Distinção entre Moral e Direito ................................................................................................05
I. 5 Conceito de Direito ....................................................................................................................06
I.5.1 Usos da Palavra Direito .............................................................................................06
I. 6 A teoria tridimensional do Direito. ..........................................................................................07
I.7 O Mundo Ético ...........................................................................................................................08
I.7.1 Estrutura das normas Éticas .....................................................................................08
I.7.2 Formas da atividade Ética ........................................................................................09
I.8 Direito e Moral ...........................................................................................................................10
	I.8.1Teoria do Mínimo Ético ..............................................................................................10
 I.8.2 Cumprimento de Regras Sociais...............................................................................12
 I.8.3 Sanção e Coação ..........................................................................................................12
UNIDADE II - FONTES DO DIREITO ........................................................................................13
II. 1 - Conceito: .................................................................................................................................13
II. 2- Espécies de fontes: Históricas, materiais e formais .............................................................13
II. 3 – Direito Costumeiro ...............................................................................................................14
II. 4- Jurisprudências ......................................................................................................................16
ii. 5- Doutrina Jurídica ...................................................................................................................19
II. 6- Analogia Legal ........................................................................................................................20
II. 7- Princípios Gerais do Direito ..................................................................................................21
UNIDADE III – NOÇÕES DO PROCESSO LEGISLATIVO ..................................................24
III.1 – A Lei ...............................................................................................................24
III.2 - Formação da Lei ..........................................................................................24
III.3 – Espécies Normativas ...................................................................................26
III.3.1- Procedimento Ordinário ...........................................................................26
III.3.2 - Procedimento Sumário ...........................................................................27
III.3.3 – Procedimentos Especiais. ........................................................................27
uNIDADE iv - Relação Jurídica ......................................................................................30
IV. 1- Conceito .................................................................................................................................30
IV. 2- Formação da relação jurídica .............................................................................................31
IV. 3- Elementos da Relação Jurídica ...........................................................................................31
IV. 4 -Direito Subjetivo ..................................................................................................................32
IV. 5- Dever Jurídico .......................................................................................................................34
UNIDADE V - DIREITO CIVIL – PARTE GERAL ................................................................36
V.1 – Capacidade.............................................................................................................................36
V.2 – Pessoa Jurídica e Pessoa Natural .......................................................................................37
V.3 – Domicílio ...............................................................................................................................38
V.4 - Atos Jurídicos ......................................................................................................................39
V.5 – Defeitos dos atos Jurídicos ..................................................................................................41
V.6 – Forma dos atos Jurídicos ....................................................................................................43
V.7 – Nulidades ..............................................................................................................................44
UNIDADE VI – ESTADO ...............................................................................................................44
VI. 1- Direito Constitucional ..........................................................................................................44
VI. 2- Sociedade ...............................................................................................................................45
VI. 3 - Poder Social e Poder Político ..............................................................................................46
VI. 4- As sociedades modernas .......................................................................................................48
VI. 5 -Advento do Estado ................................................................................................................48
VI. 6 -O Estado Moderno e o liberalismo ......................................................................................49
VI. 7- Conceito de Estado ...............................................................................................................50
VI.8- Soberania ................................................................................................................................51
VI.9 –Território ...............................................................................................................................52
VI.10- Povo ......................................................................................................................................54
VI. 11- Nacionalidade ......................................................................................................................56
UNIDADE VII – DIREITO CONSTITUCIONAL .....................................................................................59
VII. 1- Objeto ..................................................................................................................................................59VII. 2- Conceito ..............................................................................................................................................59
VII. 3- Constitucionalismo ..............................................................................................................................59
VII. 8- Poder Constituinte ..............................................................................................................................60
VII.8.1 -Poder Constituinte originário ............................................................................................60
VII.8.2 -Poder Constituinte derivado ..............................................................................................61
VII. 9 - Direitos Fundamentais .......................................................................................................................65
	VII.9.1- Diferença entre direitos, garantias e remédios constitucionais .......................................66
	VII.9.2 -Remédios Constitucionais ...................................................................................................66
VII. 10- Direitos Fundamentais ......................................................................................................................70
VII. 11- Direitos e Garantias individuais e Coletivos....................................................................................71
VII. 12 - O meio ambiente como direito fundamental art. 225 cf/88. 
VII.12.1- Finalidade e Funções do Estado .....................................................................................................76
V.12.2- Função Social do Estado ....................................................................................................................76
V.12.3- Responsabilidade Ambiental .............................................................................................................77
UNIDADE VIII – DIREITO A DMINISTRATIVO.....................................................................................78
VIII.1 Conceito ................................................................................................................................................79
VIII.2- Fontes.................................................................................................................................................79
VIII. 3 - Interpretação e aplicação do Direito Administrativo ...................................................................79
VIII.4 - Princípios da Administração Pública ...............................................................................................81
viii. 5 Administração Direta e Indireta ..................................................................................84
VIII.5.1 Desconcentração e descentralização.................................................................................................84
VIII.5.2- Administração Direta .....................................................................................................................86
VIII.5.3 Administração Indireta ....................................................................................................................86
UNIDADE IX –LICITAÇÃO .. .......................................................................................................................89
IX.1- Conceito ................................................................................................................................................89
IX. 2- Objetivos ................................................................................................................................................90
IX. 3- Disciplina Legal......................................................................................................................................90 
IX.4- Princípios da Licitação ..........................................................................................................................91
IX. 5- Modalidades de Licitação .....................................................................................................................94
IX. 6 -Fases do Procedimento .........................................................................................................................96
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................................98
UNIDADE I – NOÇÕES DE DIREITO
I.1 - Definição
Para as ciências humanas, talvez seja mais aconselhável a noção do direito mais consagrada pelo uso, ou seja aos olhos do homem comum o direito é lei, é ordem, isto é um conjunto de regras obrigatórias que garante a convivência social, graças ao estabelecimento de limites à ação de cada um de seus membros. Assim, quem age em conformidade com essas regras comporta-se segundo o direito. 
Segundo o sentido etimológico a palavra lei significa: ligação, liame, laço, relação, o que se completa com sentido de jus (direito) que invoca a idéia de unir, ordenar, coordenar.
I. 2- Direito e Sociedade
Portanto, o direito corresponde à exigência essencial de uma convivência ordenada, pois nenhuma sociedade poderia subsistir sem um mínimo de ordem, de direção ou de solidariedade. Assim o Direito não deve ser visto apenas como regra ou comando, mas antes como a possibilidade de uma convivência ordenada.
A existência do direito está diretamente relacionada ao convívio social, às relações entre os homens em sociedade. Pois não se pode conceber uma atividade social sem forma e garantia jurídica e nem uma regra que não se refira à sociedade.
O direito é, portanto, um fato ou fenômeno social, não existe sem a sociedade e não pode ser concebido fora dela. É uma característica da realidade jurídica, a sua socialidade, a sua qualidade de ser social.
Desde os tempos mais remotos, a sociedade em sua forma mais rudimentar, já experimentava um esboço da ordem jurídica, vivendo e cumprindo o direito, sem se preocupar com o seu significado lógico ou moral, segundo normas religiosas ou costumeiras.
Somente num estágio mais maduro da civilização, que as regras jurídicas passaram a adquirir uma estrutura e valor próprios, quando então a humanidade passou a considerar o Direito como algo merecedor de estudos autônomos. E a partir desse momento, surge então a semente da Ciência do Direito.
Importante então salientar a importância da relação entre o Direito como fato social e o Direito como ciência, sendo o termo ainda hoje utilizado para designar a realidade jurídica e a ciência, a ordem de conhecimento.
O Direito divide-se em primeiro lugar em duas grandes classes: o Direito Privado e o Direito Público.
As relações que se referem ao Estado e traduzem o predomínio do interesse coletivo são chamadas relações públicas, ou de Direito Público. Mas o homem não vive somente em relação com o Estado, mas principalmente em relação com outros homens. Então a relação de interesse entre pai e filho, ou entre quem compra e quem vende determinado bem, não é uma relação que interessa de maneira direta ao Estado, mas sim ao indivíduo, como particular. Essas relações são de direito privado.
Essas classes se dividem em ramos, como por ex o Direito Constitucional e o Direito Administrativo, no campo do Direito Público e o Direito Civil e o comercial, no campo do Direito Privado. 
O Direito, portanto, pode ser considerado um tronco com vários ramos, que são chamados disciplinas.
A relação aluno e professor está tutelada ou protegida pelo direito, na medida em que os alunos conquistaram o direito de freqüentar as aulas, através dos exames que prestaram e do valor das mensalidades que pagam para a instituição de ensino, ao passo que o professor também exerce uma atividade garantida, tem um poder de agir que lhe foi garantido pela mesmainstituição de ensino, ao ter sido selecionado para exercer a função de professor.
Em cada comportamento humano, há a presença embora indireta do fenômeno jurídico: presume-se a existência do Direito em cada ação do homem que se relacione com outro homem. Por ex. o médico que receita para um doente, pratica um ato de ciência, mas exerce um ato jurídico, na medida em que, quando ele redige a receita está no exercício de uma profissão garantida pelas leis do país e em virtude de um diploma que lhe faculta essa possibilidade. Um outro homem que pretenda fazer o mesmo, sem iguais qualidades, estará exercendo ilicitamente a Medicina.
As infinitas possibilidades de ação, como poder estudar ou trabalhar ou mesmo descansar se condicionam à existência do Fenômeno Jurídico. O Direito tutela, protege o comportamento humano, e para que esta garantia seja possível é que existem as regras, as normas de direito como instrumento de amparo da convivência social. Se o comportamento humano é de delinqüência, tal comportamento sofre a ação de regras penais, mas se a conduta visa à consecução de um objetivo útil aos indivíduos e à sociedade, as normas jurídicas vão protegê-la.
I.3- Linguagem do Direito
Cada cientista tem uma maneira própria de se expressar, o que também ocorre com a ciência do Direito. Às vezes linguagens correntes, de uso comum do povo, adquirem no mundo jurídico um significado próprio. Por ex. a palavra competente, se dizemos que o juiz da Vara da Fazenda Pública Municipal é competente para julgar as causa em que a Prefeitura é autora ou ré, não estamos apreciando a competência no sentido do preparo cultural do juiz mas sim da competência, no sentido do poder de examinar e resolver determinados casos, por força de dispositivos legais de organização judiciária.
I.4- Distinção entre Moral e Direito
Será que só onde existe sociedade, existe Direito. No caso do homem que vive isolado, seria certo dizer que lá não existe direito?
A resposta implica o exame das relações e distinções entre moral e direito, problema estudado pela filosofia do Direito.
O homem solitário na ilha convive com sua consciência, com seus pensamentos, com sua religião. O Direito não é apropriado e suficiente para questões de pensamento, consciência e religião. Portanto, não serão as regras de direito que regerão as atitudes desse homem, mas as suas atitudes serão regidas pelas regras ditadas por sua consciência, tomará essa ou aquela atitude de acordo com seus pensamentos e decisões. Portanto, não matará um animal que lhe é útil. 
O juízo moral pressupõe um ponto de vista voltado para o interior. A moral impõe ao sujeito uma escolha entre as ações que pode praticar, mas diz respeito ao próprio sujeito.
No caso do indivíduo que vive em sociedade, o Direito leva a confronto vários atos diversos de vários sujeitos. A moral é unilateral e o Direito é bilateral. A Moral indica um dever, mas não impõe regras, não há a imperatividade de uma ordem superior, que lhe impõe repressão. A sanção pelo descumprimento da regra moral é apenas de consciência. O remorso e a inquietação são interiores e subjetivos. 
Já o caso do descumprimento da regra de Direito implica sanção e repressão externa e objetiva. Para o Direito, o comportamento do sujeito é sempre levado em consideração, tendo em vista o comportamento de outrem. De um lado, impõe-se uma obrigação, de outro atribue-se uma faculdade ou pretensão. Por ex. em um contrato de compra e venda de um imóvel o vendedor tem a obrigação de entregar o imóvel e o credor a pretensão de receber o imóvel. A Coercibilidade ( obrigatoriedade) imposta pela norma, isto é a possibilidade de constranger alguém a cumprir a regra, é uma característica privativa do Direito. As regras da moral vivem principalmente da consciência individual, de maneira difusa, enquanto as regras do Direito são formuladas em códigos e leis.
I. 5- Conceito de Direito
O Direito é a ordenação bilateral atributiva das relações sociais, na medida do bem comum.
Todas as regras sociais ordenam a conduta, tanto as morais como as jurídicas e as convencionais ou de trato social. O Direito ordena as relações dos indivíduos entre si não apenas para a satisfação apenas dos indivíduos, mas para realizar uma convivência ordenada que se traduz no bem comum.
O bem comum não é a soma dos bens individuais, nem a média do bem de todos, mas o bem comum é a ordenação daquilo que cada homem pode realizar sem prejuízo do bem alheio, como uma composição harmônica do bem de cada um com o bem de todos.
Modernamente, o bem comum tem sido visto como uma estrutura social na qual sejam possíveis formas de participação e de comunicação de todos os indivíduos e grupos.
I.5.1- Usos da Palavra Direito
A palavra Direito apresenta pelo menos, quatro sentidos diferentes: a) como norma (por ex. o direito brasileiro acolhe o divórcio. b) como faculdade ( temos o direito de reclamar do prefeito, c ) na acepção de justo ( a moça se comportou direito ) e d) como ciência ( Estudamos direito na faculdade ).
O Direito como norma, formulado por códigos e leis, é o Direito Positivo, isto é, um sistema de normas jurídicas que, em determinado momento histórico, regula as relações de um povo. Tais relações envolvem tanto o Estado ou a Nação (poder público) com outros Estados e Nações como os indivíduos entre si e entre estes e o poder púbico. 
	Direito significa tanto o ordenamento jurídico, ou seja, o sistema de normas ou regras jurídicas que traça aos homens determinadas formas de comportamento, como o tipo de ciência que o estuda, a ciência do Direito.
	Quando se diz que fulano ou beltrano discutiram ardorosamente pelo Direito, a palavra traduz a idéia de Justiça. O Direito aqui significa o que é justo. Quando se diz que o proprietário tem o direito de dispor do que é seu, está se empregando o sentido subjetivo do Direito. É a regra do direito vista no plano pessoal, como ação regulada.
	Examinando as normas de direito que disciplinam o comportamento humano, percebemos que nelas existem dois aspectos distintos: se por um lado ordena uma conduta por outro assegura a possibilidade de poder agir. Ou seja, ao mesmo tempo que delimita uma ação, garante-a dentro do espaço social delimitado.
	Quando o Estado edita uma norma de direito, fixando limites ao comportamento dos homens, não visa ao valor negativo da limitação em si, mas sim ao valor positivo da possibilidade de se pretender algo na esfera previamente circunscrita.
	Não é intenção do direito construir paredes em torno da atividade individual. O ideal é que cada homem possa realizar seus fins de maneira mais ampla, mas é intuitivo que não poderia coexistir o arbítrio de cada um com o dos demais sem uma delimitação harmônica das liberdades, conforme os pensamentos de Kant. O Direito então delimita para libertar, quando limita, liberta.
I. 6- A teoria tridimensional do Direito.
Para Miguel Reale, toda experiência jurídica pressupõe três elementos, fato, valor e norma. Ou seja, um elemento de fato, ordenado valorativamente em um processo normativo. O Direito não possui uma estrutura simplesmente factual, como querem os sociólogos, valorativa, como proclamam os idealistas, nem só normativa como defendem os normativistas. Estas visões são parciais e não revelam a dimensão do fenômeno jurídico.
O fato é uma dimensão do Direito, é o acontecimento social referido pelo Direito Objetivo. Neste ex. o fato é alguém possuidor de bens desejar doar todo o seu patrimônio sem reservar o suficiente para o seu custeio.
O valor é o elemento moral do Direito, é o ponto de vista sobre a justiça. No caso em estudo, o direito está tutelando o valor à vida, pretendendo impedir o abuso do direito.
A norma consiste no padrão de comportamento social, que o Estado impõe aos indivíduos que devem observá-la. No ex. citado, a norma expressa um dever jurídico omissivo. A conduta imposta é de abstenção.
Assim, fato, valor e norma encontram-se intimamenteligados.
Podemos citar como ex. o pagamento de uma letra de câmbio, na data do vencimento, sob pena do protesto do título e de sua cobrança, gozando o credor, do privilégio de promover a execução do crédito.
Temos então uma norma de direito cambial que se baseia primeiramente, num fato de ordem econômica (que é justificada pelas relações de comercio) e que visa assegurar um valor, o valor do crédito, a vantagem do pronto pagamento.
Nessa visão tridimensional do direito, os fatos e valores obedecem a um processo dinâmico, sendo as normas jurídicas a síntese de fatos ordenados segundo distintos valores.
Podemos então enunciar o direito como: a realização ordenada e garantida do bem comum numa estrutura tridimensional, bilateral atributiva, ou de uma forma analítica. 
Direito é a ordenação heterônoma, coercível e bilateral atributiva das relações de convivência, segundo uma integração normativa de fatos segundo valores.
I.7- O Mundo Ético
As normas éticas não envolvem apenas um juízo de valor sobre os comportamentos humanos, mas culminam na escolha de uma diretriz considerada obrigatória numa coletividade.
	Da tomada de posição resulta a imperatividade da via escolhida, a qual não representa o mero resultado de uma decisão arbitrária, mas sim a expressão de um complexo processo de opções valorativas, no qual se acha condicionado o poder que decide.
	Toda norma enuncia algo que deve ser em virtude de ter sido reconhecido um valor como razão determinante de um comportamento declarado obrigatório. Há, pois em toda regra um juízo de valor que tem a principal função de esclarecer. (está no centro da atividade do juiz ou do advogado.)
	O que é o juízo de valor? É o ato mental segundo o qual nós atribuímos certa qualidade a um ser, a um ente.
	Os juízos de valor podem ser de realidade ( “S” é “P” ) ou de valor ( “S” deve ser “P” ).
	O legislador não se limita a descrever um fato tal como ele é, à maneira do sociólogo, mas baseando-se naquilo que é, determina que algo deva ser, com previsão de diversas consequências, caso se verifique a ação ou a omissão, a obediência à norma ou a sua violação.
I.7.1 -Estrutura das normas Éticas
	Toda norma ética expressa um juízo de valor, ao qual se liga a uma sanção, isto é uma forma de garantir-se a conduta que em função daquele juízo, é declarada permitida, determinada ou proibida.
	A necessidade de ser prevista uma sanção, para assegurar o adimplemento (cumprimento) do fim visado, já basta para revelar que a norma enuncia algo que deve ser, e não algo que tenha que ser.
	A previsão de um dever, suscetível de não ser cumprido, põe-nos diante de um problema que envolve a substância da estrutura normativa. É que toda norma é formulada no pressuposto essencial da liberdade que tem o seu destinatário de obedecer ou não os seus ditames (o que diz).
	Apesar de parecer contraditório, é verdadeira a afirmativa de que uma norma ética se caracteriza pela possibilidade de sua violação. E é compreensível esta afirmação, quando se pensa que a norma tem por objeto decisões e atos humanos, sendo inerente a eles a possibilidade do sim e do não, o adimplemento ( cumprimento ) da regra, ou a sua transgressão.
	E essa possibilidade da conduta positiva ou negativa que explica porque a violação da norma não atinge a sua validade, continuando a regra válida mesmo depois de transgredida, fixando a responsabilidade do transgressor.
	A imperatividade da norma ética, ou o seu dever ser não exclui, mas pressupõe a liberdade daqueles a qual ela se destina. E é essa relação entre o dever e a liberdade que caracteriza o mundo ético, que é o mundo do dever ser, diferente do mundo do ser, onde não há deveres a cumprir, mas previsões que têm de ser confirmadas para continuarem sendo válidas.
	A norma ética estrutura-se pois, como um juízo de dever ser, mas isto significa que ela estabelece não apenas uma direção a ser seguida, mas também a medida da conduta considerada lícita ou ilícita. Então a norma não apenas dita o que deve ser feito mas também a forma como se deve agir.
	A palavra regra vem do latim regula, que significa a diretriz do plano cultural.
	A palavra norma lembra aquilo que é normal, traduz a previsão de um comportamento que, a luz da escala de valores da sociedade, deve ser normalmente esperado ou querido como comportamento normal de seus membros.
	A norma é, em geral, configurada ou estruturada em função dos comportamentos normalmente previsíveis do homem comum, de um tipo de homem dotado de tais ou quais qualidades que o tornam o destinatário razoável de um preceito de caráter genérico, o que não impede que haja normas complementares que prevejam situações específicas ou particulares, que agravem ou atenuem as conseqüências contidas na norma principal.
	A regra representa, assim, uma medida da conduta. Cada regra nos diz até que ponto podemos ir, dentro de que limites podemos situar a nossa pessoa e a nossa atividade. Qualquer regra, que examinarmos, apresentará essa característica de ser uma delimitação do agir: regra costumeira, de trato social, de ordem moral ou jurídica, ou religiosa e é sempre a medida daquilo que podemos ou não podemos praticar, o que se deve ou não se deve fazer.
I.7.2- Formas da atividade Ética
	Quantas espécies de normas éticas são possíveis em uma sociedade. Essa resposta é possível em função das diferentes finalidades que os homens se propõem.
	Podemos discriminar as espécies fundamentais de normas, em função de alguns valores principais, que através dos tempos, tem sido considerados o bem visado pela ação.
	Então precisamos entender a Ética em função do bem individual ou social.
	BELO – Para alguns homens, como é o caso dos artistas, dos poetas, os valores estéticos constituem a nota dominante. E não só para eles mas esse problema mostra-se como uma preocupação geral.
	UTIL – É a preocupação com a realização dos bens econômicos para a satisfação das necessidades vitais. São os valores envolvidos nas atividades da industria, do comércio e da agricultura.
	SANTO – É o valor que corresponde às religiões e cultos, existindo homens que só vivem do valor do santo, do sacro. O valor do divino é que vai nortear o homem na sociedade determinando comportamento por parte do indivíduo e dos grupos.
	AMOR – Traduz um fim a ser atingido, um valor a ser realizado. Não faltam tentativas de fundar-se uma ética do amor.
	PODER – É o valor determinante da política, que é a ciência da organização do poder. Há a ética da política ou do poder e há homens para os quais a razão do Estado deve prevalecer sobre todos os outros valores, ficando a política acima de tudo como nos estados totalitários.
	BEM INDIVIDUAL E BEM COMUM- Todos os homens procuram alcançar o que lhes parece ser o bem ou a felicidade. O fim a que se destina a palavra bem corresponde a várias formas de conduta que compõe, em conjunto, o domínio da Ética.
	A Ética é uma ordenação dos comportamentos em geral, na medida e enquanto se destinam à realização de um bem, e pode ser vista sob dois prismas fundamentais:
o do valor da subjetividade do autor da ação
o do valor da coletividade em que o indivíduo atua.
No primeiro caso, o ato é apreciado em função da intencionalidade do agente, que age segundo seus valores individuais, visando à plenitude de sua subjetividade. A ética vista sob esse ângulo, que se verticaliza na consciência individual, tem o nome de MORAL, e que pode ser considerada a Ética da subjetividade ou do bem da pessoa.
Quando, ao contrário, a ação ou conduta é analisada em função de suas relações intersubjetivas, implicando a existência de um bem social, que supera o valor do bem de cada um, numa relação de valorações objetivas, a Ética assume duas expressões: a da Moral Social ( costumes e convenções sociais ) e a do Direito.
	Bem pessoal é aquele que o indivíduo se põe como seu dever, realizando-o enquanto indivíduo. Assim, Fulano phode ser temperante sem precisarde quem quer que seja. A virtude da temperança realiza-se no indivíduo e para o próprio indivíduo. No entanto, ninguém pode ser justo consigo mesmo. A justiça é sempre um laço entre um homem e outros homens, como bem do indivíduo, enquanto membro da sociedade e, por conseqüência, como bem de todo coletivo. Por conseqüência, o bem social situa-se em outro campo da ação humana, a que chamamos de Direito.
	Se o valor da subjetividade (o que se passa no íntimo de cada um) é o fundamento da Moral, isto não significa que o indivíduo como tal seja a medida dos atos morais. Quando os indivíduos se respeitam mutuamente, põem-se uns perante os outros como pessoas, só se realizando plenamente a subjetividade de cada um em uma relação necessária de intersubjetividade. É por essa razão que a Moral visando ao bem da pessoa, visa, implicitamente, ao bem social, o que demonstra a unidade da vida ética, muito embora esta possa ser vista sob diversos prismas.
	I.8- Direito e Moral
	É importante entendermos a diferença entre a Moral e o Direito sem contudo acharmos que os dois precisam estar separados.
	I.8.1-Teoria do Mínimo Ético
	Consiste em dizer que o Direito representa apenas o mínimo de Moral declarado obrigatório para que a sociedade possa sobreviver. Como nem todos podem ou querem realizar de maneira espontânea as obrigações morais, é necessário armar de força certos preceitos éticos, para que a sociedade os cumpra. 
	A moral de maneira geral é cumprida de maneira espontânea, mas como são inevitáveis as violações, é indispensável que se impeça a transgressão dos dispositivos que a comunidade considerar indispensável à paz social.
	Assim o Direito não é algo de diverso da Moral, mas uma parte desta, armada de garantias específicas.
	A teoria do mínimo ético pode ser reproduzida através da imagem de dois círculos concêntricos, sendo o círculo maior o da Moral e o círculo menor o do Direito. Haveria, portanto um campo de ação comum a ambos, sendo o Direito envolvido pela Moral e poderíamos dizer que “tudo que é jurídico é Moral, mas nem tudo que é moral é jurídico”.
					
MORAL
	
					DIREITO
Entretanto, essa visão idealista nem sempre corresponde à realidade, havendo regras de direito imorais ou amorais. Podemos citar como ex. uma regra de trânsito que prevê a necessidade dos veículos transitarem na mão direita. Vocês acham que essa regra tem alguma influência no campo moral? Se o legislador, obedecendo por motivos de ordens técnicas, optar pela mão esquerda, estará agindo de forma imoral? Evidente que não.
	Outro ex que pode ser citado é o artigo do Código de Processo Civil, segundo o qual o réu, citado para contestar a ação, deve oferecer a sua contrariedade no prazo de 15 dias. E por que não 10 ou 20? Vocês acham que isso influenciaria na vida moral? Também não.
	Os exemplos citados tratam de questões técnicas, de utilidade social, são amorais porque não se situam no campo da moral, não sendo exato dizer que tudo o que se passa no mundo jurídico seja ditado por motivos de ordem moral.
	Existem ainda atos amparados por lei, lícitos, mas que não o são do ponto de vista da moral. Por ex. uma sociedade comercial de dois sócios, na qual um deles se dedica de corpo e alma e o outro não, prestando uma rara colaboração, para fazer jus aos lucros sociais. Se o contrato social estabelecer que uma compensação igual, ambos receberão o mesmo valor. Isso é moral? Há então um campo da moral que não se confunde com o campo jurídico. O Direito infelizmente tutela muita coisa que não é moral. Há muitas relações amorais e imorais que são tuteladas pelo Direito e por mais que seja um desejo geral que o Direito somente tutele o “lícito moral” sempre permanece um resíduo imoral tutelado pelo Direito.
	Dessa forma o Direito pode ser representado como dois círculos secantes.	
 MORAL DIREITO
	A assistência material que os filhos devem prestar aos pais necessitados é matéria regulada pelo Direito e com assento na moral. Da mesma forma, temos problemas jurídicos estranhos à ordem moral, como por ex. a divisão de competência entre tribunais.
	Pode-se dizer então que a primeira representação dos círculos concêntricos corresponde a uma concepção ideal e a segunda dos círculos secantes, à uma concepção real, ou pragmática, das relações entre o Direito e a Moral.
	 I.8.2- Cumprimento de Regras Sociais
	As regras sociais são cumpridas de forma espontânea na sociedade. Entretanto, há regras que os homens só cumprem em determinadas ocasiões porque são coagidos. Há que se fazer uma distinção quanto ao cumprimento espontâneo e o obrigatório ou forçado das regras sociais.
	Em qual campo se situa a moral? A moral é o mundo da conduta espontânea, do comportamento que encontra em si própria a sua razão de existir. O ato moral implica uma adesão do espírito ao conteúdo da regra. Só temos a moral autêntica quando o indivíduo, por um movimento espiritual espontâneo realiza o ato enunciado pela norma. Não é possível conceber um ato moral forçado, fruto da força ou da coação. Ninguém pode ser bom pela violência.
	E com relação ao Direito, haverá sempre uma adequação entre a minha maneira de pensar e agir o fim que a regra jurídica prescreve? No mundo jurídico nem sempre isso ocorre e podemos citar como exemplo um filho que é obrigado a pagar uma pensão alimentícia aos pais, em situação de insuficiência econômica, em função do princípio da solidariedade econômica entre parentes, previsto no código civil. É um princípio de ordem jurídica e de ordem moral. Se esse filho condenado judicialmente a pagar a pensão alimentícia, o faz por força da sentença e não porque está convencido de que não está cumprindo uma obrigação, mas praticando um ato que o enriquece espiritualmente, não está cumprindo uma regra moral, já que a moral é incompatível com a violência, com a força, com a coação.
	O cumprimento obrigatório da sentença satisfaz ao mundo jurídico, mas não ao da Moral. A moral é incoercível e o Direito é coercível. A coercibilidade mostra a compatibilidade entre o direito e a força.
	I.8.3- Sanção e Coação
	
	Coação: Coercibilidade é a possibilidade lógica da interferência da força no cumprimento de uma regra de direito. A moral é incompatível com a força, que é ao contrário, própria do direito. O ato moral exige espontaneidade por parte do agente, sendo, desse modo, inconciliável com a coação.
	Coação pode ser entendida apenas como violência física ou psíquica, que pode ser feita contra uma pessoa ou grupo de pessoas. Entre os casos de anulabilidade dos atos jurídicos, está a eventualidade de violência ou coação. O ato jurídico, praticado sob coação, é anulável. A coação pode ser de origem física, como meios de tortura e outros de origem psicológica, como, por ex, uma ameaça a terceiro, de tornar público um segredo íntimo, a fim de obrigá-lo a praticar um ato que não se concluiria se a ameaça não existisse.
	Mas o sentido, empregado no Direito, é aquele segundo o qual a coação é entendida como a força organizada para fins de garantir o cumprimento do Direito.
	O Direito implica uma organização de poder, a fim de que sejam cumpridos os seus preceitos. Como as normas não podem depender da adesão espontânea dos obrigados é necessário que seja previsto o seu cumprimento obrigatório. E aí que temos o segundo sentido da palavra coação, quando a força se organiza em defesa do cumprimento do Direito.
	Sanção: Todas as regras sejam religiosas, morais jurídicas ou de etiqueta são formuladas pela sociedade para serem cumpridas e as formas de garantia do cumprimento das regras são chamadas sanções.
	É todo processo de garantia daquilo que se determina em uma regra.
	As regras morais nós a cumprimos por motivação espontânea, e se deixarmos de cumprir estaremos sujeitos a conseqüências que valem como sanções. Quais serão as sanções? O remorso, o arrependimento, o exame de consciência. E existe, ainda, a sanção de natureza social, que se refletepelo mérito ou demérito que o individuo terá, em razão dos atos praticados. Essas formas de sanção que é a auto- crítica ou a opinião pública que se forma sobre a conduta reprovada.
	Mas como nem sempre essas formas de sanção são suficientes, é necessário organizar as sanções, o que representa o fenômeno jurídico. Dessa passagem da sanção difusa para a sanção predeterminada organizada, vê-se a passagem do mundo ético para o mundo jurídico.
	O que caracteriza a sanção jurídica é a sua predeterminação e organização. Matar alguém é um ato que fere tanto um mandamento ético-religioso como um dispositivo penal. A diferença está que no plano jurídico, a sociedade se organiza contra o homicídio, através do aparelhamento policial e do poder judiciário.
	Pode-se dizer que o Estado é a entidade detentora da sanção organizada e garantida. Disciplina as formas e os processos de execução coercitiva do Direito, que pode consistir na penhora, a prisão ou mesmo a perda da vida, como no caso dos países que consagram a pena de morte.
UNIDADE II - FONTES DO DIREITO
II. 1 - Conceito: 
Fontes vem do latim “fontis” e significa nascente da água. Fazendo a analagia ao Direito, podemos dizer que descobrir a fonte do direito é saber onde a regra jurídica sai da vida social para aparecer no Direito.
II. 2 - Espécies de fontes: Históricas, materiais e formais
Históricas
Apesar do direito estar sempre em evolução, contém idéias permanentes que se conservam presentes na ordem jurídica. O estudo do ordenamento jurídico atual, para proporcionar um conhecimento pleno, deve procurar subsídios nas fontes históricas. Nessa perspectiva, o retorno ao Direito Romano torna-se imperativo.
Materiais ( fatos sociais – principal fonte
O Direito não é uma vontade do legislador mas uma criação que depende da vontade social. É a sociedade que vai fornecer ao legislador os elementos necessários para a formação dos estatutos jurídicos. Como causa do Direito, as fontes materiais são constituídas pelos fatos sociais, pelos problemas que emergem da sociedade. 
As fontes podem ser divididas em diretas e indiretas. As indiretas são os fatores jurídicos, como a moral, a economia, a Geografia e as diretas são os órgãos elaboradores do Direito, como por ex. a sociedade que cria o Direito consuetudinário, o poder legislativo que constrói as leis e o Judiciário que produz a Jurisprudência.
Formais
São os meios de expressão do Direito, a forma como as normas jurídicas se exteriorizam, tornam-se conhecidas. As principais fontes formais são as leis e costumes. Necessário então que o Direito seja criado com a criação das normas jurídicas.
As fontes são divididas em diretas e indiretas. 
As fontes formais diretas são as leis e os costumes. 
As fontes formais indiretas são as doutrinas jurídicas e as jurisprudências que, não criam normas, mas fornecem subsídios para o encontro destas normas.
No Brasil, a principal forma de expressão do Direito, ou fonte formal, é o direito escrito, que se manifesta por leis e códigos. Os Costumes são considerados fontes complementares. A Jurisprudência se caracteriza pelo conjunto uniforme de decisões judiciais sobre determinada indagação jurídica, não tem a função de gerar normas jurídicas, apenas de interpretar o Direito à luz dos casos concretos.
Cada fonte tem uma origem própria. Toda fonte pressupõe uma estrutura de poder.
A lei é emanação do poder legislativo. O costume é a expressão do poder social. A sentença é ato do poder Judiciário.
II. 3 – Direito Costumeiro 
É comum, na historia do Direito, sua relação com os fatos sociais, que constituem a sua fonte material. No passado, os costumes além de fonte material eram a forma de expressão do direito, já que era a principal forma de expressão do Direito. Atualmente, os costumes, ou fatos sociais são considerados o órgão gerador do Direito e têm a função apenas supletiva da lei.
O Direito escrito já absorveu quase a totalidade das normas consuetudinárias, salvo dos povos anglo-americanos, onde o Direito costumeiro ainda tem uma relativa importância, mas tende a diminuir com a crescente produção legislativa.
Todos os povos, primitivamente, adotaram normas de controle social, geradas pelo consenso popular e as antigas legislações, como as XII tábuas que foram em grande parte compilações dos costumes.
Não se pode admitir, entretanto, que o Direito teve uma formação totalmente espontânea e democrática, como uma criação do povo. Pesquisas revelam que a estrutura das sociedades primitivas era mais patriarcal do que democrática.
A partir do séc. XIX, começou a haver uma mudança na forma de manifestação do Direito. Com o racionalismo filosófico, doutrina que destaca o poder da razão humana e a elaboração do Código de Napoleão, influenciaram na codificação do Direito de quase todos os povos.
Conceito.
É uma prática gerada pelas forças sociais. A lei é um processo intelectual que se baseia nos fatos e expressa a opinião do Estado. A formação dos costumes é lenta e decorre das necessidades sociais. Diante de um caso concreto, não definido por qualquer norma vigente, as partes envolvidas, com base no bom senso e no sentido natural de justiça, adotam uma solução, que por ser racional e estar de acordo com o bem comum, vai servir de modelo para casos semelhantes. Essa pluralidade de casos, com o passar do tempo, cria a norma costumeira.
O direito costumeiro pode ser definido como um conjunto de normas de conduta social, criadas espontaneamente pelo povo, através do uso reiterado, uniforme e que gera a certeza de obrigatoriedade, reconhecidas e impostas pelo Estado.
Na prática, a distinção entre lei e costume consiste no fato de a lei ser sempre escrita e o costume ser oral, pois a fonte e o conteúdo são iguais. Assim, podemos concluir que uma vez escrita, a norma deixa de ser costumeira para incorporar-se à categoria de Direito Codificado.
Apesar dos costumes representarem a forma mais legítima e autêntica do Direito, pois são o produto voluntário das relações da vida, não garantem a segurança jurídica como as normas positivadas. Essa circunstância dá a lei uma superioridade aos costumes, principalmente em Estados com grandes extensões territoriais, onde há uma diversidade de usos e costumes.
Elementos do Costume
Elementos materiais e psicológicos.
O elemento material, objetivo ou exterior consiste na repetição constante e uniforme de uma prática social. Consiste na pluralidade de atos, um longo tempo e uma única fórmula. Com relação à quantidade de atos ou o tempo necessário, para Paulo Nader, esse quantitativo de atos e de tempo deve ser o suficiente para gerar na consciência popular, a convicção da obrigatoriedade da prática social.
O elemento psicológico, subjetivo ou interno, é o pensamento, a convicção de que a prática reiterada, constante e uniforme é necessária e obrigatória. É a certeza de que a norma adotada espontaneamente pela sociedade possui valor jurídico.
A aplicação supletiva dos costumes
O nosso Direito admite a aplicação supletiva dos costumes, quando há lacunas na lei. Na falta de uma disposição legal aplicável, deverá o juiz decidir de acordo com o direito costumeiro e na falta deste poderá se valer da doutrina e da jurisprudência. O art. 4º da lei de introdução ao Código Civil prevê “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito”.
Exemplo do uso do costume no nosso direito é o uso do cheque-pós-datado, vulgarmente conhecido como pré-datado. O Costume, neste caso, descaracterizou o cheque como ordem de pagamento à vista, e o poder judiciário não pôde deixar de conhecer deste fenômeno pela grande maioria das pessoas em seus atos de comércio.
Pode-se dizer que o uso e o costume de emitir cheque pós-datado criou o instituto do cheque como promessa de pagamento, diferente do regulamento legal, que é a ordem de pagamento à vista.
Valor dos Costumes
Para o Direito Brasileiro, a principal fonte formal do Direitoé a lei, como pode-se observar na segunda parte do art. 126 do CPC, “ No julgamento da lide, caber-lhe-á aplicar as normas legais, não as havendo, deverá recorrer a analogia, aos costumes e aos princípios gerais do Direito. Em vários ramos do direito, os costumes são aceitos, civil, comercial, trabalhista, menos no direito penal, em face do princípio da reserva legal ( “Não há crime, não há pena, sem lei anterior” ), a norma costumeira não é admitida como fonte.
Prova dos Costumes
O princípio segundo o qual os juízes conhecem o Direito, pelo qual as partes não precisam provar a existência do Direito invocado, não tem aplicação para os costumes já que o art. 337 do CPC dispõe “A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a vigência se assim determinar o juiz”. Podem ser provados por diversos modos. Documentos, testemunhas, vistorias, etc..
II. 4- Jurisprudências 
Conceito 
Precedentes Judiciais, reunião de decisões judiciais, interpretadoras do Direito vigente. Os Tribunais, na sua tarefa de julgar, desenvolvem a análise do Direito, registrando na prática várias hipóteses de incidência das normas jurídicas. A contribuição das jurisprudências é grande à experiência jurídica, já que, ao revelar o alcance e o sentido das leis, o poder judiciário beneficia a ordem jurídica tornando-a mais clara, mais definida e mais acessível ao conhecimento. 
Assim, para conhecer bem o Direito, não basta o estudo das leis mas também a consulta às jurisprudências.
A jurisprudência constitui a definição do Direito elaborado pelos Tribunais.
Jurisprudência X Costume
É análoga a lei por sua formação reflexiva e semelhante ao costume por necessitar de uma pluralidade de atos. A formação de ambos exige uma pluralidade de práticas: o costume necessita de repetição de um ato pelo povo e a jurisprudência requer uma série de decisões judiciais sobre uma determinada questão de Direito. 
Costume e jurisprudência pressupõem uma uniformidade de procedimentos: é necessário que a prática social se reitere igualmente e que as sentenças judiciais sejam invariáveis.
Se diferenciam porque: 1) enquanto a norma costumeira é obra de uma coletividade de indivíduos que integram a sociedade a jurisprudência é produto de um setor de organização social. 2) A norma costumeira é criada no relacionamento comum dos indivíduos, no exercício natural de direitos e cumprimento dos deveres, a jurisprudência é formada, geralmente, diante de conflitos é e produto dos tribunais. 3) A norma costumeira é criação espontânea enquanto a jurisprudência é elaboração intelectual e reflexiva.
Grau de liberalidade dos juízes
Quanto à margem de liberdade atribuída ao judiciário, a doutrina registra três propostas. A livre estimação, a limitação à subsunção e a complementação coerente e dependente do preceito.
Livre Estimação: Segundo a primeira proposta da livre estimação, os juízes devem ter ampla liberdade, que poderiam aplicar o Direito segundo os princípios da equidade. Parte do princípio de que o Direito considerado como normas rígidas não é capaz de traduzir os anseios do bem comum.
Limitação à subsunção A segunda proposta da limitação à subsunção, os juízes operam apenas com os critérios rígidos das normas jurídicas, sem possibilidade de contribuir com a sua experiência, na adaptação do ordenamento à realidade. Com esta orientação, se evitaria o subjetivismo e o arbítrio nos julgamentos e se preservaria a integridade dos Códigos.
A complementação coerente e Dependente do Preceito. Essa terceira proposta é um ponto de equilíbrio dos dois primeiros radicalismos. É a posição mais aceita e reconhece a necessidade de se conciliarem os interesses da segurança jurídica, pelo respeito ao Direito vigente, com uma indispensável margem de liberdade dos juízes.
A experiência do Direito prova que o Direito codificado não é suficiente, pelo simples enunciado das normas, para proporcionar ao juiz a solução necessária ao julgamento. Ao lidar com os conceitos amplos e gerais da norma o juiz deve ser guiado pela razão e avaliar o alcance da disposição, com o seu discernimento. 
Por ex, a CLT em seu art. 482, letra e, prevê a desídia do empregado como fato que autoriza a rescisão do seu contrato de trabalho. A doutrina conceitua desídia, mas o seu alcance prático é definido pela jurisprudência. O papel dos juízes e tribunais se revela como de complementação das normas jurídicas.
É princípio da hermenêutica, que os juízes devem interpretar o Direito evolutivamente, conciliando velhas formas com as novas exigências. Nesse trabalho, em que a lei permanece imutável e a interpretação a sua compreensão está sempre em evolução, o juiz contribui para o aperfeiçoamento da ordem jurídica.
A jurisprudência cria o Direito. ( função – interpretar a lei
A jurisprudência constitui uma fonte indireta do Direito, que influencia na formação das leis, por seu conteúdo doutrinário. Mas não é uma forma de expressão do Direito como as leis, limita-se a revelar o Direito preexistente. O papel dos Tribunais não pode ir além da interpretação ou integração do Direito a ser aplicado. Se os juízes passassem a criar o Direito, haveria uma intromissão arbitrária na área de competência do legislativo. Os juízes devem ser guardiões da lei e a sua função é a de interpretar o Direito e não criá-lo.
A Jurisprudência vincula os Tribunais?
Na Inglaterra, a jurisprudência passou a ser obrigatória. No Brasil, a Jurisprudência apenas orienta, informa. Os juízes de instância inferior não têm o dever de acompanhar a orientação hermenêutica dos tribunais superiores. O juiz, ao decidir, deve aplicar a norma de acordo com a sua convicção, com base na lei e recorrendo a outras fontes como a doutrina e a jurisprudência.
Processos de Unificação da Jurisprudência
O nosso sistema prevê que, no caso das jurisprudências divergentes, há a possibilidade do recurso especial que será julgado pelo STJ, com fundamento no art. 105, III, c, da Constituição Federal. As súmulas dos tribunais também têm esse papel, sobre questões de Direito, em que se manifestam divergências de interpretação entre turmas ou câmaras, os tribunais fixam a sua inteligência, mediante ementas, que favorecem a unificação jurisprudencial. O CPC em seus arts. 476 e 479, dispõe sobre as condições para a elaboração das súmulas pelos Tribunais.
Ex. de súmula do STF, nº 380 “Comprovada a existência da sociedade de fato entre os concubinas, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum”
Súmula Vinculante
É importante ressaltar que as súmulas vinculantes foram previstas na emenda constitucional nº 45 de 2004, que acrescentou o art. 103- A na CF. “O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei”.
Conceito
É a jurisprudência que, quando votada pelo Supremo Tribunal Federal, se torna um entendimento obrigatório ao qual todos os outros tribunais e juízes, bem como a Administração Pública, Direta e Indireta, terão que seguir. Na prática, adquire força de lei, criando um vínculo jurídico e possuindo efeito erga omnes.( para todos).
Observe-se que a referida espécie de súmula não vincula o Poder Legislativo, sob pena de criar uma indesejável petrificação legislativa, nem o próprio STF, que pode alterar o seu entendimento esposado em súmula vinculante, através de votação que obedeça ao mesmo quórum necessário à sua aprovação inicial (2/3 dos seus membros).
Atualmente, uma das propostas mais importantes no anteprojeto do novo Código de Processo Civil Brasileiro, que está comsua aprovação em trâmite, é a criação de um sistema de precedentes vinculantes para todas as instâncias.
ii. 5- Doutrina Jurídica - 
A doutrina Jurídica compõe-se de estudos e teorias, desenvolvidas pelos juristas, com o objetivo de sistematizar e interpretar as normas vigentes e de conceber novos institutos jurídicos, reclamados pelo momento histórico. Estes estudos estão nos tratados, monografias e sentenças prolatadas.
Funções da Doutrina
Atividade criadora – É a doutrina que introduz os novos conceitos, teorias e institutos no mundo jurídico. Para acompanhar a dinâmica da vida social, o Direito tem que evoluir, mediante a criação de novos princípios e formas.
Função Prática da Doutrina – O jurista ao estudar o Direito, vai selecionar as normas jurídicas e para analisá-las vai sistematizar reunindo as disposições que interessam a sua pesquisa. Sistematizando, vai interpretar as normas e revelar o sentido e o alcance das normas. Esse resultado de seleção e de interpretação vai ser útil não só para os profissionais do Direito mas para os destinatários da norma, que tem o dever de seguir as determinações.
Atividade Crítica – Os juristas não vão apenas se limitar a dizer a mensagem contida na norma, mas vão submetê-la a juízos de valor, a uma plena avaliação, sob diferentes ângulos. É deste contraste de opiniões, das divergências das correntes de pensamento, que vai nascer um instrumento realmente eficaz.
A doutrina se desenvolve no plano teórico, oferecendo subsídios ao legislador na formação dos documentos legislativos. É tarefa dos juristas de investigar os princípios e institutos necessários.
A atividade doutrinária facilita a vida dos advogados e juízes, já que vão fornecer subsídios para os mesmos, com a disponibilização de conhecimento para postularem em juízo ou para julgarem.
Essa influência é clara nas universidades, onde se torna decisivo o ensino do Direito.
Fonte indireta do Direito
A doutrina não é uma fonte formal do Direito, porque não possui estrutura de poder, indispensável à caracterização das fontes formais.
É uma fonte indireta do Direito, já que favorece o trabalho do legislador.
Argumento de autoridade
Consiste na citação de opiniões doutrinárias como fundamento de uma tese jurídica que se desenvolve. A advocacia é uma arte de convencimento, então o advogado se empenha no diagnóstico dos fatos, utilizando os elementos de prova e ainda na caracterização do direito. 
Para a análise do direito, o ponto de partida é a análise das fontes formais e a seguir vai fazer a interpretação dos dispositivos legais, devendo recorrer não só ao seu próprio argumento, mas também os subsídios da doutrina e da jurisprudência. 
Orientação Prática – Não se deve conceder ao argumento de autoridade um valor absoluto, como toda obra humana pode conter falhas. Não é incomum um autor, da edição de uma obra para outra, mudar de entendimento quanto a uma matéria controvertida.
II.6 - Analogia Legal 
Integração – Processo de preenchimento das lacunas existentes na lei, por elementos que a própria legislação oferece ou por princípios jurídicos, mediante operação lógica e juízos de valor.
A integração se dá pelos Princípios Gerais do Direito e pela Analogia.
Os elementos de integração não se confundem com as fontes formais, porque não formulam diretamente as normas jurídicas, apenas orientam o legislador a localizá-las.
O art 126 do CPC dispõe que “o juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei”.
O art. 4º do da Lei de introdução ao CC dispõe: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do Direito”.
Conceito: É um recurso técnico que consiste em se aplicar, a uma hipótese não prevista pelo legislador, a solução por ele apresentada para outro caso fundamentalmente semelhante a não prevista.
Não é uma fonte formal porque não cria a norma, apenas conduz o intérprete ao seu encontro.
É aplicada quando há lacunas na lei, quando a situação de fato não foi prevista pelo ordenamento. A tarefa do juiz é de investigar no sistema jurídico vigente, a hipótese prevista pelo legislador que apresenta semelhança com o caso concreto. Esta hipótese definida em lei é chamada de paradigma.
O Fundamento da analogia é dar segurança jurídica ao Sistema, evitando tratamentos contraditórios para situações semelhantes. Impede a prática de injustiça.
Procedimento Analógico
A aplicação da analogia pressupõe não apenas a aplicação de um caso semelhante pelo intérprete, mas aplicação de juízos de valor de sentimento ético pelo aplicador do Direito.
É preciso que se tenha a certeza da semelhança não só dos fatos, mas da razão que levou o legislador a disciplinar o segundo caso, usado como paradigma para o julgamento do caso em questão.
 II. 7 - Princípios Gerais do Direito 
	Conceito
Para iniciar pode-se conceituar princípio como o início, a origem, o começo, a causa. Vem do latim “principium”, com o significado de origem, começo, base.
É o alicerce, a base, o suporte do ordenamento jurídico. 
Pode-se citar princípios morais, religiosos e políticos que servem de parâmetro de como agir dentro de um contexto social..
Mas além dos princípios éticos, que são as regras morais e de conduta que orientam o comportamento das pessoas, temos os princípios de Direito, que se inserem no ordenamento jurídico, orientando o legislador e o aplicador do Direito. Esses princípios podem ter se originado da ética e da política, mas vão ser aplicados no Direito.
Os princípios são como vigas ou alicerces que dão sustentação ao edifício. Este é o ordenamento jurídico.
O Significado semântico da expressão:
Princípio: significado de origem, começo, base.
Gerais: idéia de distinção entre gênero e espécie e oposição entre pluralidade e singularidade.
Direito: caráter de juridicidade, o que está conforme a reta, o que dá a cada um o que lhe pertence.
	Funções: para o Direito, os princípios são importantes em duas fases: 
1) Na elaboração das leis e na aplicação do Direito, pelo preenchimento das lacunas da lei. O legislador vai tomar como ponto de partida os princípios na elaboração das leis. São os princípios que dão consistência ao edifício do Direito, a qualidade da lei está diretamente relacionada com a escolha dos princípios escolhidos pelo legislador. Se os princípios não forem justos, a obra legislativa não será justa.
2) Na segunda função de preenchimento das lacunas, o aplicador do Direito deverá perquirir quais os princípios e valores que nortearam a formação do ato legislativo. A direção metodológica é inversa: da análise da regra jurídica, por indução, vai revelar quais os princípios que informaram o ato legislativo.
Os princípios têm a função supletiva, nas lacunas ou omissões, quando inexistem outras normas jurídicas que possam ser utilizadas pelo intérprete. São utilizados como regra de integração na norma jurídica, preenchendo as lacunas, completando, inteirando.
O art. 8º da CLT autoriza o interprete a utilizar-se da analogia, da equidade e dos princípios gerais do Direito, principalmente do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais específicas...
O art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil permite ao juiz, quando a lei for omissa decidir o caso concreto de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do Direito.
Natureza
Há duas correntes que se dividem quanto à natureza dos princípios, a positivista e a jusnaturalista.
A corrente positivista sustenta que os Princípios Gerais do Direito são os consagrados pelo próprio ordenamento jurídico e, para aplicá-los o juiz deverá ater-se objetivamente ao Direito vigente, sem se valer do subjetivismo.
Para esta corrente positivista, a concepção naturalista abre um campo ilimitado ao arbítrio judicial, já o positivismo, com a expressão de elementos contidos no ordenamento, favorece a coerência lógica do Sistema.
Para corrente jusnaturalista ou filosófica, os princípiosgerais do direito são eternos, imutáveis e universais, ou seja os do Direito Natural. Para os adeptos a esta corrente, ainda que o legislador indique os princípios como os constantes no ordenamento jurídico, os que deverão ser aplicados serão os do Direito Natural, já que ao elaborar as leis o legislador se guia por eles.
Distinções
	Diferença entre princípio e norma
Norma é uma prescrição objetiva e obrigatória, por meio da qual, organiza-se, direciona-se ou impõe condutas. A norma tem sentido de orientação, de regular condutas, tendo caráter imperativo (de superioridade – de quem ordena e quem recebe a ordem , podendo envolver obrigação ou proibição.) 
De uma maneira geral, a norma define comportamentos. Normalmente, as normas têm sanção por seu descumprimento, mas há normas interpretativas, que não tem sanção.
Mas o sistema jurídico não é formado apenas pelas normas mas também por princípios que podem ou não estar positivados, ou seja previstos na legislação.
Os princípios e as normas são razões de juízo concreto do dever ser.
Os princípios são gerais. As normas são atinentes a uma matéria.
O grau de abstração dos princípios é muito maior do que das normas. São as normas gerais, visando ser aplicadas a um número indeterminados de atos e fatos que são específicos e não apenas para um fato específico. Já os princípios servem para uma série indefinida de aplicações.
Os princípios podem ou não estar positivados, e se assim forem são considerados regras, não deixando a natureza de princípios. Como por ex. o princípio da irredutibilidade salarial hoje previsto na CLT.
 	A norma jurídica é gênero que engloba as espécies regras e princípios.
Diferença entre princípio e regra
As regras estão previstas no ordenamento jurídico, os princípios nem sempre estão positivados, ou seja previstos no ordenamento jurídico, pois em alguns casos estão implícitos no ordenamento.
Os princípios sustentam o ordenamento jurídico, são as suas vigas mestras. Princípio é a bússola que norteia a elaboração da regra, embasando-a e influenciando-a.
Os princípios inspiram, orientam, guiam, fundamentam a construção do ordenamento jurídico, podendo até limitar o ordenamento, mas não são absolutos e imutáveis, podendo haver mudança da realidade fática que implica a mudança da legislação.
As regras são instituídas tomando por base os princípios. O princípio pode ser levado em consideração para interpretação da regra, enquanto o inverso não ocorre. A aplicação dos princípios é um modo de harmonizar as regras.
O princípio tem uma acepção filosófica, enquanto a regra tem uma acepção técnica.
O princípio é mais abrangente que uma simples regra. Violar um princípio é muito mais grave do que violar uma regra. A não observância de um princípio implica ofensa não apenas a um dispositivo específico, mas a todo o ordenamento jurídico.
Para o autor Celso Bandeira de Mello “é a mais grave forma de inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais”.
As regras são aplicadas diretamente e não admitem exceções. Ou são aplicadas por completo ou não são aplicadas.
As regras normalmente têm sanções e os princípios não têm sanções, podendo existir apenas a sanção moral.
Os princípios permitem interpretação de valores e de interesses, de acordo com seu peso e ponderação. 
Conflito de Princípios
Quando há conflito de princípios, deve-se verificar o peso relativo de cada um deles, a solução decorre sempre da interpretação que faz prevalecer o mais recente sobre o anterior, o de maior grau sobre o menor, os especiais quando existentes devem prevalecer sobre o principio geral. Deve-se observar ainda a preponderância do princípio de interesse público sobre o particular, ou a prevalência do princípio do interesse público sobre o direito adquirido. Citar como ex. a desapropriação de um imóvel visando o interesse público.
Exemplos de Princípios Gerais do Direito
Destaca-se, por exemplo, o princípio de que ninguém pode alegar desconhecimento do Direito. O art. 3º do Código Civil é claro no sentido de que ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
O princípio constitucional da dignidade da pessoa humana (art. 1º III ) que é um dos objetivos do nosso Estado Democrático de Direito. Ainda, o inciso X do art. 5º da Lei maior, assegura a inviolabilidade à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
O princípio do abuso de direito ou do lícito exercício regular do próprio direito, previsto no CC, art. 188.
Veda, ainda, o Direito o enriquecimento sem causa, não podendo uma pessoa locupletar-se de outra enriquecendo às custas dela, sem que haja causa para tanto.
Função Social do Direito, regulando a vida humana na sociedade, estabelecendo regras de conduta que devem ser respeitadas por todos.
O princípio da razoabilidade e da proporcionalidade, no sentido de que não se pode impor condutas a não ser para o estrito cumprimento do interesse público. Não se pode agir com excessos, nem de modo insuficiente.
O princípio da boa fé ( art. 422 do Código Civil) e no art. 14 II do CPC. Presume-se a boa fé devendo a má fé deve ser provada. 
Princípios relativos a contratos, como o de que o contrato faz lei entre as partes, ou da força obrigatória dos contratos, disso decorre o “pacta sunt servanda”, ou seja, os acordos devem ser cumpridos. Essa regra sofre atenuações como a cláusula “rebus sic stantibus”. Enquanto as coisas permanecerem como estão, devem ser observadas as regras anteriores. Se houver alguma modificação substancial, deve haver revisão da situação anterior. Por ex. o caso do empregador que paga o adicional de insalubridade ao empregado, que presta serviços em condições prejudiciais à saúde. Entretanto, esse pagamento pode ser revisto em decorrência da utilização de equipamentos de proteção individual, que eliminem a insalubridade existente no ambiente de trabalho. 
O mesmo pode-se dizer, quando há mudança na realidade econômica, que pode implicar grave desequilíbrio contratual entre as partes, que não era previsto na relação inicial, necessitando também haver revisão das condições anteriormente pactuadas.
UNIDADADE III – NOÇÕES DO PROCESSO LEGISLATIVO 
III. 1- A Lei
Conceito: É o ato do poder legislativo, que estabelece normas de acordo com os interesses sociais. É a forma de produção do Direito Positivo.
Não constitui a expressão de uma vontade individual, mas sim da coletividade. A sua fonte material é representada pelos fatos e valores que a sociedade oferece.
Há aspectos negativos das leis citados pelo autor Paulo Nader em seu livro. O 1º é o decretismo que é o excesso de leis e o 2º são os vícios do parlamentarismo, já que o legislativo se perde em discussões inúteis, sem atender as exigências atuais.
Há muitos defeitos no nosso sistema legislativo, mas seria ainda pior, com falhas ainda maiores se fosse consagrado um Direito Livre, com valor relativo das leis, ou o Decisionismo, ficando as decisões ao arbítrio dos juízes.
III.2 - Formação da Lei
O processo legislativo refere-se ao conjunto de atos preordenados e sucessivos destinados à formulação das diversas espécies normativas previstas na Constituição. Refere-se também as diversas constituições dos estados –membros, lei orgânica do distrito federal e dos municípios.
As normas relativas ao processo legislativo destinadas a elaboração das emendas à constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções, estão consignadas no art. 59 a 68 da C.F.
Para a elaboração das normas há a previsão de três ritos : a) comum ou ordinário, destinado as leis ordinárias e leis complementares b) sumário, para os projetos de lei que o presidente da república pede que tramitem em regime de urgência e por fim o c) especial, destinado as normas restantes.O processo legislativo é estabelecido pela CFR (Constituição Federal da República) e se desdobra nas seguintes etapas.
Apresentação do projeto, exame das comissões, discussão e aprovação , revisão, sanção promulgação e publicação.
1 – Iniciativa da lei – (Art. 61 da Constituição Federal ) – Membros da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, ou do Congresso, ao presidente da república, ao STF, aos tribunais superiores, ao procurados Geral da República e ao Cidadão.
2 – Exame pelas comissões técnicas, discussões e aprovação. O projeto apresentado passa por diversas comissões parlamentares, nas duas casas do Congresso, Câmara e senado. Passa pelo crivo das comissões técnicas e depois ao plenário para discussão e votação.
3 – Revisão do Projeto. O projeto pode ser apresentado na Câmara ou no Senado. Iniciado na Câmara, o senado funcionará como casa revisora e vice-versa. Se a casa revisora aprovar, deverá o projeto ser encaminhado ao presidente para sanção, promulgação e publicação. Se rejeitar o projeto será arquivado. Se for apresentada emenda volta à casa de origem para novo estudo. Não admitida a emenda, será arquivado.
4 – Sanção. – Significa a concordância do Chefe do executivo com o projeto aprovado pelo legislativo. É da competência exclusiva dos chefes do poder executivo: Presidentes, Governadores e prefeitos.
Na esfera federal, o presidente tem 15 (quinze) dias para sancionar ou vetar o projeto. 
A sanção pode ser tácita ou expressa. A tácita ocorre quando o presidente deixa escoar o prazo sem se manifestar e a expressa declara a sua concordância dentro do prazo.
Veto – No caso do veto, o congresso reunido, com as duas casas reunidas, disporá de trinta dias para a sua apreciação. Para que o veto seja rejeitado, é necessário o voto da maioria absoluta dos deputados e senadores, em escrutínio secreto.
5 – Promulgação – A lei passa a existir com a promulgação, que é o ato do chefe do executivo. Consiste na declaração formal da existência da lei.
6 – Publicação – A publicação é indispensável para que lei entre em vigor e deverá ser feita pelo órgão oficial. A vigência da lei pode se dar com a publicação ou pode haver um tempo entre a publicação e o início da vigência.
Obrigatoriedade da lei
A partir da vigência a lei passa a ser obrigatória. 
O art. 3º da Lei de Introdução ao Código Civil dispõe: “Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”. É claro que é impossível que esse conhecimento alcance a totalidade das leis, mas presume-se que pelo senso comum as pessoas sabem o que é permitido ou não pelo ordenamento.
Esse princípio se justifica pela necessidade social, pois visa atender o interesse da coletividade.
Aplicação da lei.
Fases da aplicação da Lei pelo Magistrado:
Análise do fato: Primeiro o magistrado vai considerar a narrativa dos fatos apresentados pelas partes interessadas, examina as provas e firma um diagnóstico quanto à matéria.
Análise do direito: Nesta etapa, o magistrado vai indagar a existência da lei que discipline os fatos.
Crítica formal – Analisados os fatos e a existência da lei, o aplicador do direito vai examinar se lei se reveste dos requisitos de caráter formal. Se o processo de formação da lei foi regular ou não.
Crítica substancial: O aplicador vai verificar os elementos da validade e da eficácia da lei, examinar, por ex., se o poder legiferante era competente para editar o ato, se a lei é constitucional ou não.
Interpretação da lei. O aplicador da lei, após a definição dos fatos, da existência da lei e da validade formal e substancial, vai analisar o espírito da lei, vai revelar o sentido e o alcance das normas jurídicas.
Aplicação da lei. Vencidas estas etapas, o magistrado já está apto a aplicar a lei.
Apesar de parecer lógico, ou seja se o juiz tem os fatos e a lei, basta aplicá-la, não é tão simples assim, já que o juiz deverá também considerar as suas percepções pessoais. 
Tem-se uma premissa maior que é a lei, uma premissa menor que consiste no fato, associados ao convencimento do juiz e a conclusão será a projeção dos fatos à lei, a subsunção, ou seja a sentença judicial.
III.3 Espécies Normativas
III.3.1 Procedimento Ordinário
Leis Ordinárias e Complementares
Lei ordinária é a espécie normativa comum, normal,que deve ser produzida em maior escala pelo poder legislativo.
O campo de aplicação das leis ordinárias é residual, ou seja, será hipótese de lei ordinária, tudo que não for matéria que deva ser disciplinada por lei complementar, emenda constitucional, decreto legislativo, resolução ou alguma espécie de lei financeira.
Já as leis complementares se destinam a disciplinar poucas matérias expressamente previstas na constituição.
Quanto ao rito o que diferencia as leis complementares das leis ordinárias é que aquelas devem ser aprovadas por maioria absoluta, ao passo que a aprovação das leis ordinárias dá-se por maioria simples. Em tudo o mais, a lei complementar deve observar as regras fixadas para a tramitação das leis ordinárias, desde a fase da iniciativa até a fase complementar, seguindo portanto o rito comum ou ordinário.
Há portanto duas diferenças entre a lei complementar e ordinária, uma no campo material e outra no campo formal. No tocante a matéria, as hipóteses de formação das leis complementares são as previstas na Constituição Federal e da Lei ordinária são todas as matérias que não são regulamentadas por outra espécie normativa, ou seja a competência é residual.
Já no campo formal a diferença está no quórum de aprovação, já que na lei ordinária exige-se maioria simples e na lei complementar, maioria absoluta. A maioria absoluta é calculada tendo em vista o número total de cadeira existente em cada uma das casas do congresso ( Câmara de deputados e senado ). Já na maioria simples leva em consideração apenas o número de parlamentares presentes, desde que respeitado o quórum mínimo de instalação da sessão ( art. 47 da C.F.).
III.3.2 Procedimento sumário
O procedimento sumário encontra-se previsto no art. 64 § 1º da Constituição que dispõe “ O presidente da república poderá pedir urgência para os projetos de sua iniciativa”.
Rito legislativo ordinário: destina-se a produção de leis complementares e ordinárias de iniciativa de quaisquer legitimados previstos no art. 61 caput da carta magna, 
Rito sumário – destina-se aos projetos de lei ( complementar ou ordinária ) de iniciativa do presidente da república, e desde que este solicite que os mesmo tramitem em regime de urgência. 
É importante ressaltar que o regime de urgência, não se aplica somente aos projetos de iniciativa privativa do presidente da república. O procedimento legislativa sumário pode ser solicitado pelo chefe do poder executivo para todos os projetos de lei complementar e ordinária sejam de iniciativa reservada ou concorrente com outros legitimados.
Os projetos que tramitem em regime de urgência, a câmara dos deputados será sempre a casa iniciadora, cabendo ao senado federal a revisão dos projetos. ( art. 64 caput C.F)
No rito sumário tanto a câmara quanto o senado deverão se manifestar sobre o projeto no prazo máximo de 45 ( quarenta e cinco ) dias, sob pena de obstrução da pauta..
Se o projeto sofrer emenda volta para câmara dos deputados para ser apreciado no prazo de 10 ( dez ) dias( art. 64 § 3º da C.F), sob pena de obstrução da pauta.
III.3.3 Procedimentos Especiais
É aquele procedimento que se destina as demais espécies normativas previstas na Constituição Federal, que não são as leis ordinárias ou complementares. É destinado as emendas a constituição, as leis delegadas, as medidas provisórias, os decretos legislativos, as resoluções e leis orçamentárias.
Emenda Constitucional.
Objetiva a alteração do texto constitucional, devendo haver o respeito as limitações formais e materiais previstas na constituição.
No art. 60 da constituição federal, estão previstas as matérias que não podem ser objeto de reforma, são as denominadas cláusulas pétreas,

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