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METODOLOGIA LEAN APLICADA NO GERENCIAMENTO DE PROJETOS Luiz Guilherme Beber do Valle João Vitor Paccola Diegoli João Felipe Verni FAAG-Faculdade de Agudos RESUMO Este trabalho demonstra a aplicação da metodologia da mentalidade enxuta (Lean Thinking) e o seu conjunto de idéias e ferramentas, dentre as quais se destaca a análise de valor agregado, apresentando os fatores críticos para o sucesso do projeto. Clarificando as atividades do gerente de projetos, bem como evidenciando a sua função estratégica dentro da empresa. Em complemento, este trabalho apresenta um maior aprofundamento sobre as áreas e os principais pilares do gerenciamento de projeto. Palavras-Chaves: Lean Thinking, Mentalidade Enxuta, Gerenciamento de Projetos. ABSTRACT This work demonstrates the application of the methodology of lean thinking and its set of ideas and tools, among which stands out the earned value analysis, presenting the factors critical to the success of the project. Clarifying the activities of the project manager, as well as highlighting its strategic role within the company. In addition, this paper presents a deeper understanding about the areas and the main pillars of project management. Key Words: Lean Thinking, Project Management. 1 INTRODUÇÃO Em meados de 1950 tanto o Japão como a Toyota Motor Company passava por um momento de crise, o Japão lutava contra a depressão econômica da época e a Toyota lutava contra a bancarrota, nome dado a crise gerada pela demissão em massa que acontecia na Toyota. Oportunidade para os engenheiros Eiji Toyoda e Taiichi Ohno atuar mostrando um novo sistema de produção criado após uma visita a fabrica da Ford nos Estados Unidos. Esse novo sistema poderia ser a saída para a crise da Toyota, mas ao retornar para o Japão, Eiji e seu gênio de produção Taiichi Ohno chegam à conclusão que a produção em massa não funcionaria no Japão. E após anos de estudos enfrentando uma série de problemas, Ohno conseguiu implantar um novo modelo produtivo que ficaria conhecido como Lean Production ou Sistema Toyota de produção. Taiichi Ohno compreendia que, o trabalhador era o seu recurso mais valioso, tornando a empresa e os trabalhadores parceiros. Sendo assim a condição mais importante para a mentalidade Lean fora criada. Em suma, a mentalidade Lean é fazer mais com menos, e ao mesmo tempo dar aos clientes o que eles querem. Seus conceitos podem ser aplicados universalmente apesar de seus princípios serem oriundos da produção. A base do sistema Lean é a estabilidade e padronização, com o foco no cliente, redução do desperdício e o envolvimento de funcionários com todos os membros flexíveis e motivados das equipes, de forma com que as equipes procurem uma melhor forma de realizar suas tarefas. Justificam-se os benefícios da mentalidade enxuta no gerenciamento de projetos pelos ganhos que podem ser obtidos na eliminação de algumas etapas desnecessárias que geram desperdícios, identificando corretamente o fluxo de valor dentro do projeto, e auxiliando na diminuição do grau de incertezas. O objetivo é mostrar a aplicabilidade da mentalidade Lean no gerenciamento de projetos. E para entendê-la devemos mudar a forma de pensar e começar a trabalhar com modelos mentais, para ampliar a visão do todo. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 GERENCIAMENTO DE PROJETOS O gerenciamento é definido nas empresas como uma técnica para atingir objetivos internos e externos seja quais forem, possibilita compara-los, medi-los e que se trabalhe na melhoria dos resultados, para satisfazer clientes, investidores e acionistas. Para Vargas (2000), projeto é um empreendimento não repetitivo caracterizado por uma sequência lógica e clara de eventos a atingir um objetivo claro e definido. O gerenciamento de projeto é, portanto a aplicação de conhecimento, habilidades e técnicas específicas para as atividades únicas, que requer uma gama de conhecimento bastante diversificado para gerir o projeto adequadamente, no intuito de alcançar ou superar os objetivos deste. A partir de 1950 as técnicas de gestão de projetos começaram a ser estruturadas formalmente e consolidadas até a década de 90. Quando a globalização da economia era impulsionada e a recessão econômica de vários países apareceu no cenário mundial. Isso fez com que as empresas procurassem tipos de qualidade, em prazos e preços cada vez menores, aliados a necessidade de se adquirir a confiança e a satisfação dos clientes. Como um fator crítico para sucesso dos negócios, o gerenciamento de projetos se torna um fator crucial para as empresas inseridas nessa nova economia. Na década de 70, a primeira edição do PROJECT MANAGEMENT QUATERNY (PMQ) foi publicada, pelo PMI que é uma associação sem fins lucrativos, cujo principal objetivo é definir a gestão de projetos no mundo. Em 1996 fora publicado o principal documento do PMI a GUIDE TO THE PROJECT MANAGEMENT BODY OH KNOWLEDGE (PMBOKGUIDE). O PMBOK é um conjunto de práticas em gerência de projetos que constituem a base da metodologia de gerência de projetos, estas práticas são compiladas na forma de um guia. O PMI tem o compromisso com a expansão e melhoria de PMBOKGUIDE, assim como com desenvolvimento de padrões adicionais para a gestão de projetos. O gerenciamento de projetos, na visão do PMI, de acordo com o PMBOK possui no total de nove áreas do conhecimento. São elas: gerenciamento de integração do projeto, gerenciamento do escopo do projeto, gerenciamento do custo do projeto, gerenciamento da qualidade do projeto, gerenciamento de recursos humanos do projeto, gerenciamento de comunicação do projeto, gerenciamento do risco do projeto e gerenciamento de contratos do projeto. 2.2 AS NOVE ÁREAS DO CONHECIMENTO DE PROJETOS Gerenciamento da integração do projeto. Garantir que todas as necessidades dos envolvidos sejam atendidas ou superadas pelo projeto. Esta área normalmente se confecciona um plano global de gerenciamento do projeto. Este plano deve detalhar como será a execução e o controle do projeto, deve conter os planos de gerenciamento de todas as outras áreas e também as informações necessárias para a condução do projeto. Devem se explicitadas as restrições do projeto e as estratégias para a melhoria das mesmas. Gerenciamento do escopo do projeto. Consiste em definir, estruturar e alocar esforços no intuito de assegurar que o produto ou serviço seja obtido em conformidade com as especificações técnicas e funcionais, e que haja o mínimo de alteração durante o ciclo do projeto. É aqui onde devem ficar explícitos a todos os envolvidos a definição e o detalhamento do escopo. Gerenciamento de tempo do projeto. Tem por função garantir que o projeto seja concluído dentro do prazo determinado. Trata-se do planejamento e monitoramento das ações a serem tomadas ao longo do projeto. O cronograma do projeto é a referencia para o gerenciamento do projeto. Gerenciamento de custos do projeto. Deve garantir que todos os recursos necessários para a realização do projeto estejam dentro do capital disponibilizado para tal. Segundo o PMBOK, o gerenciamento de custos pode ser subdividido em: planejamento de recursos, estimativa de custos, orçamentação e controle de custos. Gerenciamento da qualidade do projeto. Esta é a área que deve promover a finalização do projeto dentro dos padrões de qualidades especificados e, por conseguinte, garantir a satisfação do cliente e de todos os envolvidos. Gerenciamento de recursos humanos do projeto. Promover a perfeita integração entre os envolvidos, enfatizando o trabalho em equipe e evitando conflitos. Devedefinir as responsabilidades individuais de cada envolvido desde o inicio até o final do projeto. Gerenciamento das comunicações do projeto. É responsável pela perfeita integração entre as áreas do gerenciamento do projeto com um processo de comunicação ágil, amplo, simples e direto o bastante para não gerar distorções de conteúdo e atrasos nas ações requeridas pelos envolvidos. Gerenciamento de riscos do projeto. Fica responsável por levantar todos os riscos potenciais do projeto, mapeá-los, e buscar mitiga-los ao máximo. Conforme o PMBOK o gerenciamento de riscos é dividido em: identificação dos riscos, qualificação dos riscos, controle dos riscos e ações para mitigação dos riscos. Gerenciamento de contratos do projeto. Deve garantir que todo produto e/ou serviço seja fornecido para o projeto de acordo com as especificações e prazos previamente estipulados. 2.3 GERENTE DE PROJETOS O gerente de projetos trabalha para integrar as diversas áreas do projeto a fim de alcançar o seu objetivo, é a peça chave para o sucesso dos projetos. Ele precisa ter uma vasta gama de competências e saber usa-las. O gerente de projetos deve tanto liderar, quanto gerenciar um projeto. Cohen; Grahan (2000) indicam um aspecto muito interessante quanto á visão e a tarefa que este profissional possui. O gerente de projetos representa, entre outras coisas, os anseios e desejos dos diretores, dos membros da alta cúpula administrativa e dos acionistas das empresas. Ele age como filtro e catalisador do empreendimento, ou seja, é ele que filtra e direciona as informações oriundas das diversas partes. Agindo como um facilitador dos processos, atribuindo propriedade, nivelando as informações entre os envolvidos, mantendo o ritmo e abrindo caminho para que as equipes possam trilha-los. O gerente de projetos pode aplicar varias metodologias para um bom gerenciamento do projeto uma das metodologias mais usadas é a metodologia Lean ou também conhecida como mentalidade enxuta. 2.4 PENSAMENTO ENXUTO (LEAN THINKING) De uma maneira geral a abordagem que pode ser adotada para a aplicação do Lean no gerenciamento de projetos é utilizar a menor quantidade de recursos em sua execução, se comparada a processos de produção em massa; aplicar metade do esforço tradicionalmente empregado por pessoas envolvidas no processo produtivo; não exige o volume tradicional de investimento em ferramentas e componentes; é planejada e tem o tempo de planejamento reduzido devido a seu “autoconhecimento” e à redução de desperdícios; dispensa grandes volumes de estoque de matérias primas e de recursos; origina produtos com menor incidência de defeitos, devido ao seu planejamento e escopo. Segundo Kurek (2005) A meta estabelecida na adoção da Produção Enxuta é baseada na combinação da filosofia com sistemas e técnicas ou ferramentas para sua operacionalização, em busca de obter alta produtividade. Entre os pilares da aplicação do Lean no gerenciamento de projetos, podemos destacar os seguintes: O valor significativo para o projeto. Entender e interpretar qual o valor esperado para o projeto. Levantar as características que se fazem necessárias para gerar o objetivo esperado, garantindo a entrega de valor almejada pelo projeto para o cliente. Identificação do fluxo de criação de valor. Criar um plano de fluxo eficiente e eficaz para entregar valor ao cliente, observando sempre os processos que possuem e entregam mais valor ao cliente sempre focando na entrega do projeto. Fluxo Contínuo. Dar fluidez ao projeto, ou seja, fazer o projeto fluir. Eliminando etapas desnecessárias ao longo de toda a execução do projeto, mitigando os problemas com a qualidade e eliminando recursos e alocações de pessoas e materiais não importantes para os processos. Produção Puxada. Sequenciar eficientemente as tarefas, de maneira que não ocorra parada de produção no decorrer do projeto. Tarefas posteriores só iniciam quando houver garantia de que a tarefa anterior foi concluída em todos os requisitos e com garantia de qualidade. Contudo, utilizar os princípios Lean em projetos é uma maneira de dar o tom ideal à execução de projeto. Disseminando essas práticas para todos os envolvidos e interessados no projeto, criando um vício que faz com que as pessoas evitem caminhos desnecessários e foquem verdadeiramente todos os esforços no produto final, deixando- o com o valor esperado pelo cliente. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS O Lean Thinking ou Mentalidade Enxuta não é considerado como a agregação de técnicas a um processo produtivo convencional, e sim considerado uma nova concepção de processo, agora integrado por meio de balanceamento da organização e do fluxo de atividades. O Lean é um conceito que varia conforme cada área de trabalho e tem objetivo de agregar valor as suas atividades. Padrões de implementação desse conceito surge na medida em que ocorre sua aplicação e são, em maioria, de reponsabilidade dos próprios gerentes do projeto. Portanto, cada qual pode e deve identificar sua forma especifica de estruturação Lean, de mudança cultural e de organização, e no envolvimento dos colaboradores internos quanto dos interessados externamente. A mentalidade Lean permite a obtenção de melhorias de acordo com a necessidade de cada ambiente, busca por padronização de processos e atividades estabelecendo benefícios a partir do momento em que as pessoas começam a adotar a mentalidade enxuta. O gerenciamento deve ser aplicado utilizando conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas, onde se destacam as recomendações do PMI. Gerenciar projetos com eficiência constitui-se não apenas em um grande desafio dos dias atuais, mas é o fator crítico para o sucesso doa projetos e para a sobrevivência das empresas. Gerenciar projetos com eficiência requer um esforço, determinação e conscientização das empresas em adotar as metodologias de gerenciamento de projetos, treinando sua equipe e principalmente os seus gerentes dos projetos. Que neste cenário, é aquele que tem melhores condições de ver as necessidades do projeto. Para isso ele deve ser um profissional treinado para usar uma metodologia de gerenciamento de projetos eficientemente. Ao gerente devem ser dados autorização formal e apoio visível da alta administração para que ele possa desempenhar bem o seu papel de gestor buscando o sucesso do projeto e a excelência no gerenciamento. Portanto, para alcançar a excelência no gerenciamento de projetos é preciso fazer uso das metodologias na busca de uma padronização para atender da melhor forma as necessidades das organizações. 4 REFERÊNCIAS COHEN, D. J.; GRAHAM, R. J. The project manager's MBA: how to translate project decisions into business success. [s.l.] : Jossey-Bass, 2000. DENNIS, P. Produção Lean Simplificada; Tradução: GARCIA, R.I.I.N. 2 a ed. – Porto Alegre: Bookman, 2008. GREEF, A.C.; FREITAS, A.C.D; ROMANEL, F.B. Lean Office Operação, Gerenciamento e Tecnologias. São Paulo: Atlas, 2012. GREEF, A.C. Fluxo enxuto de informação: conceito e avaliação em ambiente de escritório - Trabalho de conclusão de curso apresentado como critério de aprovação à disciplina de Pesquisa em Informação, do curso de Gestão da Informação, Departamento de Ciência e Gestão da Informação, Setor de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2010. KERZNER, Harold. Project Management: A system approach to planning scheduling and controlling. John Wiley & Sons, 7ª edição, 2001. KUREK, J.; PANDOLFO,A.; BRANDLI, L.L; ROJAS, J.V.J.; PANDOLFO, L.M. Implantação dos princípios da construção enxuta em uma empresa construtora. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GESTÃO E ECONOMIA DA CONSTRUÇÃO, 4., 2005; ENCONTRO LATINO-AMERICANO DE GESTÃO DE ECONOMIA DA CONSTRUÇÃO, 1, 2005. Anais... Porto Alegre, 2005. 1 CD ROM. OLIVEIRA, R.C.F. Gerenciamento de projetos e a aplicação da análise de valor agregado em grandes projetos – Dissertação apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Mestre em Engenharia, São Paulo, 2003. VARGAS, R.V. Gerenciamento de projetos. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Brasport, 2000. COHEN, M.. Alguns aspectos do uso da informação na economia da informação. Ciência da Informação, Brasília, v. 31, n. 3, p. 26-36, set./dez. 2002. Disponível em: <http://revista.ibict.br/index.php/ciinf/article/view/144/124>. Acesso em: 8 mai. 2010.
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