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O SISTEMA DE COTAS RACIAIS NOS CONCURSOS PÚBLICOS2

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAQUARA – UNIARA 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
SONIA LUCIA REZENDE 
 
 
O SISTEMA DE COTAS RACIAIS NOS CONCURSOS PÚBLICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARARAQUARA - SP 
 
 2015
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAQUARA – UNIARA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS 
JURÍDICAS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
SONIA LUCIA REZENDE 
 
 
 
O SISTEMA DE COTAS RACIAIS NOS CONCURSOS PÚBLICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada á banca examinadora do 
Curso de Direito como exigência parcial para a 
obtenção do titulo de Bacharel em Direito. 
 
Orientador: Prof. Edvaldo Ravena Picazo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ARARAQUARA- SP 
 
 2015 
 
FOLHA DE APROVAÇÃO 
 
A presente monografia foi examinada, nesta data, pela Banca Examinadora composta pelos 
seguintes membros: 
 
 
Orientador:_____________________________________________________ 
EDVALDO RAVENA PICAZO 
 
 
1º Examinador: __________________________________________________ 
 
 
2º Examinador: __________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Média.......... Data: / / / 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dedico este trabalho a minha família e amigos 
principalmente para meu pai Antônio Rezende, minhas irmãs: 
Cida, Malu (in memorian) , Helena, para minha filha Gabriele e 
meu marido Ataíde, que sempre me apoiaram com os meus 
estudos , me fizeram acreditar em mim e na minha capacidade 
de recomeçar, ainda que com mais idade. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado a chance de recomeçar , e me 
fez ver que apesar de difícil não foi impossível . 
 A esta faculdade, direção е administração quе oportunizaram а janela quе hoje 
vislumbro um horizonte superior. 
 Agradeço а todos os professores indistintamente, mesmo aqueles mais severos e 
exigentes, que me fizeram ter a visão do que era o correto a ser feito para aprender. 
 Agradeço muito meu orientador Edvaldo Ravena Picazo, pela ajuda, respeito, 
pela dedicação com serenidade e carinho com o qual sempre me tratou. 
Agradeço а minha irmã Malu, segunda mãe, que mesmo não estando mais em 
corpo presente , sempre sinto a presença dela me guiando e orientando, heroína quе sempre 
mе amou, dеu apoio e incentivo nas horas difíceis, de desânimo е cansaço, enquanto viveu. 
Por fim agradeço, aos amigos e colegas de faculdade, em especial pela amizade 
que fizeram parte da minha formação е que vão continuar presentes em minha vida com 
certeza. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Devemos promover a coragem onde há medo, promover o 
acordo onde existe conflito, e inspirar esperança onde há 
desespero. 
Nelson Mandela 
 
 
 SUMÁRIO 
 
RESUMO 
ABSTRACT 
INTRODUÇÃO 
1. O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA 
1.1 A HISTÓRIA DA ESCRAVIDÃO NO BRASIL 
1.2. O NEGRO NA ATUAL CONJUNTURA NO BRASIL 
2. . OS PRINCÍPIOS DO CONCURSO PUBLICO 
2.1 . CARGOS E FUNÇÕES PÚBLICAS 
2.2. . PRINCÍPIO DA IGUALDADE NA OCUPAÇÃO DOS CARGOS PÚBLICOS 
3 . LEI DE COTAS NOS CONCURSOS PÚBLICOS 
3 1 . COMENTÁRIOS SOBRE DECISÕES DO STF 
3.2 . AÇÕES AFIRMATIVAS COMO MEDIDA DE PROTEÇÃO DAS MINORIAS 
3.3 . SISTEMA DE COTAS PELO MUNDO 
 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 RESUMO 
 
O sistema de cotas raciais nos concursos públicos . foi aderido em nosso país em evidência às 
políticas de ação afirmativa, com o objetivo de oferecer melhores oportunidade de emprego 
em nível de funcionalismo público .Esse sistema, também vem como forma de diminuir as 
questões negativas que os negros carregam nas costas por séculos ,desde a escravidão, sendo 
discriminados ,e algumas vezes tratados como escravos no emprego, com baixos salários 
,trabalhando como qualquer outro, esse sistema criará para pessoas mais facilidade ,mais 
acesso a uma vida digna, com emprego e salário condizente com a sua função. 
Analisa as cotas com relação ao princípio da igualdade ressaltando o principio da dignidade 
humana .Tal princípio não estabelece solitariamente a realização da igualdade por meio da 
igualdade de oportunidades ,dentre as quais a redução de desigualdades sociais ,é preciso que 
a sociedade compreenda pra que serve as cotas raciais seja em âmbito das universidades 
públicas ou nos concursos públicos. 
 
 
Palavras chave: cotas raciais;negros;;igualdade; ação afirmativas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ABSTRACT 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho tem por finalidade efetuar um breve estudo para 
entendimento das reservas de vagas em concursos públicos para cotas raciais visando a 
efetivação das ações afirmativas em favor das minorias, uma vez que são minorias as pessoas 
da raça negra que conseguem gozar da igualdade material. 
Propõe se igualmente a analisar nas duas vertentes o principio da igualdade, 
material e formal, e a constitucionalidade da politicas afirmativas como cotas raciais indo ao 
encontro da raça negra na atual conjuntura, onde o Homem negro está sempre’ em 
desvantagem na vida social, na educação, e na falta de oportunidades no trabalho. 
O acesso aos cargos públicos da Administração Pública Direta e Indireta se dá 
por meio de concurso público, indispensável não se atentar ao artigo 37 da Constituição 
Federal, que trata o concurso público como um processo seletivo disponível a todos os 
brasileiros e estrangeiros que tenham seus requisitos preenchidos, exigidos por lei e que 
tenham a aprovação no certame ,estando de acordo com as regras impostas na lei. 
Para que possamos prosseguir, e tenhamos uma clara visão ao tema é 
necessário que entendamos o verdadeira sentido das ações públicas em ações afirmativas ,com 
uma breve explicação . 
As Ações afirmativas são medidas peculiares de políticas públicas e ou ações 
privadas de cunho temporário ou não. Tais medidas implicam uma reparação histórica de 
disparidades e desvantagens acumuladas e vivenciadas por um grupo racial ou étnico, de 
modo que essas medidas acrescentam e facilitam o acesso desses grupos, garantindo a 
igualdade de oportunidades, as ações afirmativas garantem maior observância dos direitos 
fundamentais . 
Não obstante, a acessibilidade aos cargos públicos por meio de concurso 
público, embora signifique uma ideia de igual oportunidade a todos aqueles que completem 
as exigências legais para determinada função pública, não retifica a desigualdade racial ainda 
hoje presente na sociedade brasileira .Validamente, à grande maioria dos negros ainda estão 
distantes as chances de aprimoramento de sua qualidade social ,em ânimo do histórico de 
discriminação ao que se submeteram ao longo de séculos . 
Assim como já é feita em vagas em universidades públicas, a implantaçãode 
cotas raciais para os concursos públicos encontra respaldo na Constituição Federal, 
Legislação Ordinária e Convenções Internacionais. 
Outrossim, serão expostos contextos contrário á implementação das cotas 
,porque esse tema trata de um assunto complexo e que provoca discussões sobre qual caminho 
a ser adotado a fim de exterminar as diferenças de raça que existem no Brasil, estas sim 
incontestáveis. 
Existe correntes favorável ás cotas ,que acreditam que é uma medida que 
deveria ter sido tomada a mais tempo, que promove a igualdade social, combatendo em 
partes e por tempo determinado a vulnerabilidade em que os membros das raças se encontram 
por reflexo da história, bem como também há correntes totalmente desfavoráveis a elas ,que 
acreditam que pelo fato de ser usado a raça como discriminante e como um ponto favorável a 
mais para ser inserido no cargo ,também ajudará para aumentar a discriminação racial 
radicalmente em nosso país ,acreditam que fere o principio da igualdade, que esse sistema 
admitirá que a raça cotista seja inferior às demais .Esteiam que o Estado deve investir mais 
em educação nas escolas públicas, ao invés de mascarar esse setor. 
 
 
 
1. O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA 
 
A função do principio da dignidade humana é de proteger o ser humano, 
protegendo os mesmos direitos para todos, com tratamento igualitário, sem a pessoa humana 
sofrer depreciação, humilhação, desonra. Forma de tratamento igualitário que deve ser 
dividido entre todas as pessoas, gerando as mesmas oportunidades, entretanto o que se nota 
hoje em dia são as oportunidades caindo nas mãos dos mesmos grupos de sempre, 
reforçando a desigualdade. 
A dignidade consta no 1º artigo da Constituição Federal Brasileira :in verbis 
 
 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do 
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
(...) 
III - a dignidade da pessoa humana(...). 
 
Assim como num contexto internacional também está no 1º artigo das 
Constituições de Portugal , da Alemanha ,e mais ainda no artigo1º constante da Declaração 
Universal dos Direitos do Homem. Não é por mera coincidência que está nos primeiros 
artigos, a dignidade da pessoa humana é um vetor a partir do qual devem todos os demais 
princípios ,todo o ordenamento processual deve ser interpretado, não é possível que se leia 
todos os códigos da Constituição Federal sem que isto seja feito em contato orientado pela 
dignidade da pessoa humana . 
Emanuel Kant, dá aquilo que talvez seja considerado um dos exemplos mais 
lapidares do conteúdo da dignidade da pessoa humana, ele falava que reconhecer a dignidade 
da pessoa humana significa reconhecer que a pessoa tem valor superior ao objeto ,e não pode 
e não deve ser tratada como objeto .A pessoa tem valor central no sistema de direitos e por 
ser fonte de múltiplas potencialidades ,merece tratamento central e não pode ser equiparada a 
coisa .Todo ser humano possui uma dignidade intrínseca a sua espécie. 
 A respeito, comenta Maria Helena Diniz : 
Na teoria kantiana, processa-se a separação entre direito e 
moral, sob o prisma formal e não material, isto é, a distinção 
depende do motivo pelo qual se cumpre a norma jurídica ou 
moral. No ato moral, o ato só pode ser a própria ideia do dever, 
mesmo que seja diretamente dever jurídico e só indiretamente 
dever moral. Porém, no mesmo ato jurídico, o motivo de agir 
pode ser, além do motivo moral de cumprir o dever, o da 
aversão à sanção, seja ela pena corporal ou pecuniária. Kant 
identifica o direito com o poder de constrangir. 
Paro jusnaturalismo de Kant, sendo racional e livre, o homem é 
capaz de impor a si mesmo normas de conduta, designadas por 
normas éticas, válidas para todos os seres racionais que, por sua 
racionalidade, são fins em si e não meios a serviço de outros. 
Logo, a norma básica de conduta moral que o homem se pode 
prescrever é que em tudo o que faz deve sempre tratar a si 
mesmo e a seus semelhantes como fim e nunca como meio. 
Aplicada à conveniência jurídico-social, essa norma moral 
básica transmuda-se em norma de direito natural. A obediência 
do homem à sua própria vontade livre e autônoma constitui, 
para Kant, a essência da moral e do direito natural. As normas 
jurídicas, para tal concepção, serão de direito natural, se sua 
obrigatoriedade for cognoscível pela razão pura, independente 
de lei externa ou de direito positivo, se dependerem, para 
obrigarem, de lei externa. Mas, nesta hipótese, deve-se 
pressupor uma lei natural, de ordem ética, que justifique a 
autoridade do legislador, ou seja, o seu direito de obrigar 
outrem por simples decisão de sua vontade. Tal lei natural, que 
é o princípio de todo direito, deriva da liberdade humana, 
reconhecida por intermédio do imperativo moral categórico 
 
A dignidade da pessoa humana dá ideia de liberdade, tem a faculdade de fazer as escolhas 
essências básicas e ainda a ideia da igualdade, o igual respeito da consideração 
 
 
 
 
 
 
 
1.1 A HISTÓRIA DA ESCRAVIDÃO NO BRASIL 
 
No Brasil, no período colônia, era uma prática do mercantilismo de Portugal 
que tinha em seu projeto tirar lucros do Brasil, de início eles passaram a escravizar os índios 
que aqui já habitavam, porém foram impedidos pelos religiosos, desse momento recorreram a 
mão de obra escrava negra ,que foram tirados da África e trazido aos milhões pro Brasil, 
cerca de 5 milhões, trocados por matéria prima que não tinha grande valor de mercado 
,chamados de escambos, trocavam fumo, destilados ,bijuterias, quinquilharias ,trocavam por 
seres humanos ,com parte da elite nativa, reis corrompidos pelo sistema por matérias primas 
que não tinham grande valor ,os portugueses traziam essa mão de obra e vendiam para os 
colonos, fazendo essa migração forçada ,sendo que doze milhões de negros escravos vieram 
para as Américas ,destes, cerca de cinco milhões ficaram no Brasil, esse momento foi 
chamado de Diáspora Africano .Essas pessoas sequestradas vinham para o Brasil em grande 
navios negreiros ,de péssima conservação como se fossem mercadorias ,muitos morriam 
nessas viagens, com receio de uma revolta africana os negros eram trancados e acorrentados 
nos porões dos navios 
 Essas viagens duravam de trinta e cinco a quarenta dias, em ambiente imundo, 
com espaço reduzido, quase sem ar, com água suja e comida insuficiente para todos. Durante 
essas viagens cerca de vinte e cinco por cento adoeciam e morriam , seus corpos eram 
lançados ao mar, daí surgiu o apelido de “tumbeiro”, proveniente da palavra tumba . 
Grandes eram os atritos causados pelos jesuítas e colonos em terras brasileiras, 
os primeiros queriam evangelizar e educar os índios, já o segundo pensava somente em 
escravizá-los, doenças e catástrofes demográficas contribuíram para um pequeno extermínio 
da raça indígena, fazendo que os índios fossem cada vez menos utilizados no trabalho escravo 
e mais negros fossem trazido em substituição a eles, por volta do ano de 1758, foi totalmente 
e oficialmente proibida a escravidão dos índios ,fazendo com que a importação de escravos 
aumentasse. 
Bahia e Pernambuco foram os lugares que primeiro receberam escravos 
africanos e com isso também foram os lugares que mais a plantação de cana de açúcar 
prosperou, e o negócio de escravos tornou-se tão rentável até mais que o próprio negócio de 
açúcar. 
Nem a coroa, nem a igreja se opunham a essa prática de manter negros como 
escravos, o negro era considerado como coisa, sem alma, racionalmente inferior e não 
civilizado, somente os índios tinhamproteção pela lei de certo modo. 
Os escravos não podiam praticar sua religião, e nem cultura africana, entretanto 
eles as praticavam escondidas. Mulheres eram escravizadas igualmente tanto quanto os 
homens, entretanto eram utilizadas em serviços domésticos, igualmente seu filhos menores, 
além de algumas também serem utilizadas por senhores de escravos para satisfação de desejos 
carnais. 
A maioria das riquezas que eram produzidas naquela época na América Latina 
era produzida pelos escravos. Os escravos eram responsáveis por todo trabalho braçal das 
fazendas, trabalhando de sol a sol, sem um dia de descanso sequer, por isso a vida média de 
um escravo adulto não passava de dez anos, se algum deslize por parte de um escravo 
ocorria, passava por horrendas punições e castigos ,muitos fugiam, se suicidavam ,outros 
matavam seu feitores e fugiam para os quilombos . 
Nos Quilombos os negros viviam em liberdade, por ser em lugares de difícil acesso, lá eles 
mantinham suas culturas, sua religião, constituíam famílias, produziam seus alimentos. O 
mais conhecido da história brasileira é Palmares e ficava em Alagoas. Este quilombo possuía 
cerca de 20 a 30 mil habitantes. Dentre seus líderes destaca-se Zumbi. 
Muitos quilombos não são conhecidos pela falta de registro. 
A partir de 1822, ano da independência do Brasil, baseada numa ideais 
iluministas é que as pessoas passaram a ter uma mente antiescravista, pois acreditavam que 
não poderiam haver escravidão numa sociedade livre, e a Inglaterra ,maior potência da época 
fazia pressão conta o trafico de escravos, pelo fim do tráfico negreiro. 
Em 1850 foi aprovada a lei que dava fim ao Tráfico, Lei Eusébio de Queiroz, 
ficou apenas no papel. Lei para inglês ver, continua a mesma prática. 
Em 1871 foi assinada a Lei do Ventre Livre, declarando que todos os filhos de 
escravos nascidos a partir daquela data estariam livres. 
Em 1885 foi promulgada a Lei dos Sexagenários, que declarava livre todos os escravos acima 
de 60 anos, outra lei para inglês ver, pois a vida adulta do escravo não passava de 10 anos. 
Já no dia 13 de maio de 1888 a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea que 
declarava extinta a escravidão do Brasil. 
Os negros foram finalmente libertos e soltos aos mercados de trabalho, sem 
dinheiro, sem moradia, muitos ficaram trabalhando nas mesmas fazendas dessa vez 
remunerados, por não terem onde morar e nem como sobreviverem nas ruas, outros ficavam 
perdidos sem emprego, sem ter o que fazer ,sendo alvo de muitos preconceitos pela sua 
condição e cor ,como ainda sofrem até hoje. 
Ao contrário do que dizem por aí ninguém gostar de ser “entregue a própria 
sorte”. 
 
 
1.2. O NEGRO NA ATUAL CONJUNTURA NO BRASIL 
 
Os negros fazem de tudo para viverem, para sobreviverem juntos com os seus, mas 
na atual conjuntura negra, a desigualdade ainda é imensa, mais de 50% dos negros e pardos 
desse país no mercado de trabalho seguem em desvantagem com relação aos brancos 
conforme o último Censo do IBGE de 2010,indicadores são negativos em relação a salários e 
taxas de desemprego e de rotatividade de trabalhadores e trabalhadoras. Estimativas do 
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão indicam que apenas 30% dos servidores 
públicos federais ativos são negros (pretos ou pardos), contrastando com os 50,7% de negros 
da população brasileira, conforme dados do Censo 2010. Em carreiras com maior 
remuneração a desigualdade é ainda maior. Entre os diplomatas apenas 5,9% são negros; nos 
auditores da Receita Federal são 12,3%; e na carreira de procurador da Procuradoria-Geral da 
Fazenda Nacional, 14,2%”. 
Apesar da população negra já ser predominante no Brasil, ainda sofre preconceito racial e 
desigualdade social, os brancos continuam recebendo salários mais altos que negros, e 
estudando mais que negros. De acordo com pesquisa do IBGE divulgada em julho de 2011, as 
diferenças raciais ou de cor influenciam em aspectos como acesso a trabalho (71%) na 
totalidade geral. 
A diferença que existe no mercado de trabalho em termos de remuneração entre negros e 
brancos, durante muito tempo foi justificado por uma defasagem educacional dos negros em 
relação aos brancos, o tempo mostrou que esse raciocínio não se sustenta , porque mesmo 
quando negros e brancos tem o mesmo nível de escolaridade, a diferença de remuneração 
permanece distinta. O mercado de trabalho, os dados estatísticos ,a imagem do negro na 
sociedade de um modo geral, são todos elementos fáticos que exibem e comprovam uma 
sensível desigualdade a privar os negros do acesso aos bens ,especialmente os imateriais, 
produzidos na sociedade. 
A situação da população negra ,segundo vários indicadores sociais destacados aqui ,e 
claramente de desigualdade quando comparada com a população branca .é um diferencial 
negativo, prejudicial, pejorativo. 
Os negros são os que mais dependem de Bolsa Família, na maioria das casas que recebem 
Bolsa Família o chefe da casa é negro , segundo dados do estudo Retrato das desigualdades 
de gênero e raça, do IPEA, sete em cada dez famílias . 
Mulheres negras são as mais atingidas na taxa de desemprego, enquanto entre as brancas, o 
desemprego é de 9,2%, entre as mulheres negras, ultrapassa os 12%, e no que refere aos 
homens a diferença também se faz presente, atinge 5,3% dos homens brancos, entre os 
negros, o índice chega a 6,6%. 
De acordo com estatística da publicação Políticas Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica 
Aplicada , IPEA, a renda dos brancos ultrapassam a dos negros cerca de 40 %.Pela média de 
rendimentos recebidos no mês ,pode-se notar que a renda média de um trabalhador branco é 
de R$1.607.76, enquanto do trabalhador negro é de R$921,18, entretanto a renda média de 
modo geral no Brasil é R$ 1.222,90. 
Com relação às agressões a população negra é a mais agredida com relação ao brancos, 
segundo dados do IBGE do anos 2010 e também do IPEA, tanto quanto homem ou mulher 
,os homens negros em média de 2,10 são vítimas de agressão, enquanto homens brancos é de 
1,50%,entre mulheres o percentual é menor ,mas ainda difere ,enquanto 1,10% de mulheres, 
brancas são agredidas ,as negras são de 1,40%.. 
Na última década ,o índice de empregadores negros no Brasil cresceu, houve um aumento de 
quase 8% nesse período, na realidade é a soma de duas tendências, a primeira é que as pessoas 
negras perderam o receio de se auto declararem negras, então é possível que esse 8% de 
variação que teve na ultima década são de empresários negros que antes não se declaravam 
como tal e passaram a se declarar ,e também as politicas de ação afirmativas e universais a 
criação de um ambiente favorável de micro e pequeno negócio ,que onde a maior parte desses 
empreendimentos estão concentrados . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. OS PRINCÍPIOS DO CONCURSO PUBLICO 
 
Princípios são mandamentos de onde se tiram alicerces de uma ciência . 
Celso Antônio Bandeira de Mello conceitua princípio: 
 
“É por definição, mandamento nuclear de um sistema ,verdadeiro alicerce 
dele , disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas 
compondo lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão 
e inteligência exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema 
normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico” 
 
Para que se possa compreender o Instituto do Concurso Público e a constitucionalidades dos 
princípios, é preciso compreender quais são os princípios que servem de base, ou seja, 
alicerce . 
Os concursos públicos estão subordinados aos princípios gerais do direito administrativo,além dos princípios próprios, como os princípios da obrigatoriedade, competitividade, 
instrumentalidade, seletividade, proibitivo da quebra de ordem da classificação, duplo grau de 
jurisdição, e principio do julgamento objetivo. 
Alguns dos princípios citados: 
O princípio da obrigatoriedade de concurso público foi estabelecido pela própria Constituição 
Federal, segundo o seu artigo 37, inciso II, , existem exceções, conforme leciona Agapito 
Machado Júnior, senão vejamos: 
 
"Sabe-se, porém, que o próprio constituinte permitiu algumas 
exceções à regra da obrigatoriedade do concurso público, seja 
porque adotou a técnica da nomeação ou das eleições já 
referidas, seja mesmo porque se afastou da regar da sua 
realização apenas para situações extraordinárias ou em que haja 
manifesta temporariedade no serviço público, ou seja, não 
haverá que se falar em obtenção da estabilidade no serviço 
público em tais casos, a exemplo, nos cargos comissionados, 
nos exatos limites fixados na lei, que não têm o atributo da 
perenidade (efetividade)". 
 
Portanto a investidura em cargos ou emprego público depende da aprovação em concurso 
público. 
Quanto ao princípio da instrumentalidade Hely Lopes Meirelles leciona que os concursos 
públicos “não têm forma ou procedimento estabelecido na Constituição, mas é de toda 
conveniência que sejam precedidos de uma regulamentação legal ou administrativa, 
amplamente divulgada”. 
Segundo José Afonso da Silva, o princípio da moralidade ou proibidade administrativa deriva 
da moralidade jurídica e não da moralidade comum. 
Assim, não basta que o gestor público respeite a legalidade, ele deve respeitar ainda os 
princípios éticos de razoabilidade e justiça, conforme leciona Alexandre de Moraes. 
De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello o princípo da razoabilidade : 
 
"Enuncia-se com este princípio que a Administração, ao atuar 
no exercício de discrição, terá de obedecer a critérios aceitáveis 
do ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal de 
pessoas equilibradas e respeitosa das finalidades que presidiram 
a outorga da competência exercida". 
 
O que deu pra entender é que este princípio funciona como um “cabresto” à 
discricionariedade administrativa. 
Para o ilustre Hely Lopes Meirelles, o “princípio da eficiência exige que a atividade 
administrativa seja exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional.” 
Nessa acepção, Celso Spitzcovsky expõe que “os candidatos aprovados em concursos 
públicos têm o direito adquirido de não serem preteridos por terceiros.” 
O princípio proibitivo da quebra da ordem de classificação abrolha ao final de todas as etapas 
do certame, este princípio está na Constituição Federal, no inciso I do artigo 93, in verbis: 
 
"Art. 93. Lei complementar de iniciativa do Supremo Tribunal 
Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados 
os seguintes princípios: 
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz 
substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a 
participação da ordem dos Advogados do Brasil em todas as 
fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos 
de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem 
de classificação". 
 
 
O Supremo Tribunal Federal editou a Súmula 15, que prevê que “Dentro do prazo de validade 
do concurso, o candidato aprovado tem direito à nomeação, quando o cargo for preenchido 
sem observância da ordem de classificação.” 
O princípio do duplo grau de jurisdição está ao direito subjetivo de recorrer 
administrativamente objetivando o reexame da decisão da própria administração. 
Segundo Hely Lopes Meirelles: 
 
“os recursos administrativos são um corolário do Estado de 
Direito e uma prerrogativa de todo administrador ou servidor 
atingido por qualquer ato da Administração.” 
 
O direito de recorrer administrativamente, conforme leciona Celso Antonio Bandeira de 
Mello, não pode ser recusado a nenhum cidadão que participe do concurso público, sob a pena 
de ferir de morte outro princípio que é o da ampla defesa 
Então vejamos que além da regulamentação de lei ,os concursos públicos seguem a risca o 
que rezam os princípios administrativos que os ampara . 
 
2.1. CARGOS E FUNÇÕES PÚBLICAS 
 
De acordo com a Constituição Federal, artigo 37, I, que trata de do acesso a cargos empregos 
e funções públicas ressalta que os cargos, empregos funções publicas são acessíveis aos 
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei ,assim como aos estrangeiros ,na 
forma de lei, como regra geral. 
Art. 37. A administração pública direta e indireta 
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: 
 I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos 
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos 
estrangeiros, na forma da lei; 
 
Todo cargo público só pode ser criado por lei. 
Não há como se confundir cargo público com função pública. 
Assim o define Celso Antonio Bandeira de Mello que cargo é uma denominação dada a mais 
simples unidade de poderes e deveres estatais a serem expressos por um agente. 
Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades criadas por lei, com 
denominação própria, remuneração própria e em quantidade determinada, assim cargo é o 
posto, o lugar reservado a uma pessoa , para o desempenho de determinadas funções . 
Hely Lopes Meirelles conceitua cargos como: 
Os cargos são apenas os lugares criados no órgão para serem providos por 
agentes que exercerão as suas funções na forma legal. O cargo é lotado no 
órgão e o agente é investido no cargo. Por aí se vê que o cargo integra o 
órgão, ao passo que o agente, como ser humano, unicamente titulariza o 
cargo para servir ao órgão. Órgão, função e cargo são criações abstratas da 
lei; agente é a pessoa humana, real, que infunde vida, vontade e ação a essas 
abstrações legais. 
 
Função Pública é a atribuição ou conjunto de atribuições que a administração confere a cada 
categoria profissional ou individualmente a determinados servidores de serviços eventuais. É 
uma tarefa .Todos os cargos públicos tem uma função, mas nem todos as funções decorrem 
de um cargo. Sobre função pública ,conceitua Hely Lopes Meirelles: 
 
As funções são os encargos atribuídos aos órgãos, cargos e agentes. O órgão 
normalmente recebe a função in genere e a repassa aos seus cargos in specie, 
ou a transfere diretamente a agentes sem cargo, com a necessária parcela de 
poder público para o seu exercício. Toda função é atribuída e delimitada por 
norma legal. Essa atribuição e delimitação funcional configuram a 
competência do órgão, do cargo e do agente, ou seja, a natureza da função e 
o limite de poder para o seu desempenho. Dai por que, quando o agente 
ultrapassa esse limite, atua com abuso ou excesso de poder. 
 
Quanto a forma de provimento são duas, cargo de provimento efetivo e cargo de comissão, 
porém o qual nos interessa é o cargo de provimento efetivo, de preenchimento de caráter 
permanente e mediante concurso . 
Cargos, empregos e funções públicos são acessíveis aos brasileiros em sentido amplo da 
palavra ,existem cargos públicos que são privativos do brasileiro nato, como oficial das forças 
armadas, presidente do Supremo. Há cargos públicos que também são acessíveis a 
estrangeiros, porém a Constituição Federal estabelece uma condição de que uma lei, um ato 
ordinário regule como será o acesso do estrangeiro ao cargo público, a função pública. Porémainda não existe essa lei que regulamente totalmente isso. 
Na lei 8102/90 que é o Estatuto de âmbito federal do servidor público, no artigo 5º,paragrafo 
3º ,a possibilidade de estrangeiros ocuparem cargos de professores ou como técnicos e 
cientistas em instituições públicas federais ou em universidades.públicas federais . 
Art. 5
o
 São requisitos básicos para investidura em cargo público 
 [...] 
§ 3
o
 As universidades e instituições de pesquisa científica e 
tecnológica federais poderão prover seus cargos com 
professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as 
normas e os procedimentos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 
9.515, de 20.11.97) 
 
Portanto cargo e função pública tem definições diferentes, segundo Francisco Mafra: 
“Cargo público é o lugar instituído por lei para ser exercido, 
dentro da organização da administração pública, por um titular, 
tendo designação própria, deveres e obrigações determinados, 
além de remuneração correspondente.Função pública, de acordo 
com a concepção atual da CF/88 é o conjunto de prerrogativas 
que são conferidos a determinados servidores para a realização 
de serviços casuais e fortuitos. A remuneração é feita pelo 
desempenho de cada atividade e não titulariza o servidor a 
nenhum cargo público.” http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&
artigo_id=495 
A administração, por isto mesmo, pode alterar os cargos públicos ou os serviços, 
independentemente da aceitação de seu titular, como já vimos, visto que este não tem direito 
adquirido à imutabilidade de suas atribuições. 
 
2.2. PRINCÍPIO DA IGUALDADE NA OCUPAÇÃO DOS CARGOS 
PÚBLICOS 
 
O princípio fundamental da democracia é o da igualdade 
 Se indagarmos em que consiste precisamente o 
maior de todos os bens, que deve ser o fim de qualquer sistema de legislação 
chegaremos à conclusão de que ele se reduz a estes dois objetivos principais: 
a liberdade e a igualdade. (Jean-Jacques Rousseau O Contrato Social, 2001, 
p. 62 
 
A igualdade nos dá o significado o igual respeito e consideração, é um conceito 
pluridimensional a significar a igualdade formal que veda a desequiparações irrazoáveis 
como legítimas, a igualdade material que está associada as redistribuições e riquezas de poder 
na sociedade e uma a ideia nova , de igualdade como reconhecimento Começando pela 
igualdade formal que o teve sua origem no estado liberal e que foi a ideia central com a qual 
se combateu as desequiparações que o antigo regime se faziam para dar privilégios a nobreza 
e ao clero, portanto a igualdade formal surge pelo marco as revoluções liberais e 
progressivamente ela passou a ser compreendida como a ideia de igualdade perante a lei ,e 
portanto a ordem dirigida a um juiz que não pode tratar desigualmente na hora de aplicar a lei 
as pessoas que estão na igual situação e a igualdade na lei, comando dirigido ao legislador que 
ao elaborar a lei não pode fazer desequiparacões irrazoáveis ou ilegítimas. Segundo Celso 
Bandeira de Mello a igualdade formal não impede as desequiparações, e sim impede as que 
que não tenham um fundamento razoável e nem se destinem a um fim legítimo. 
Nas palavras de Bandeira de Mello, para que o discrímem legal seja conveniente com a 
isonomia, é necessário que concorram quatro elementos: 
 a) que a desequiparação não atinja, de modo atual 
e absoluto, um só indivíduo; b) que as situações ou pessoas desequiparadas 
pela regra de direito sejam efetivamente distintas entre si, vale dizer, 
possuam características, traços, nelas residentes, diferençados; c) que exista, 
em abstrato, uma correlação lógica entre os fatores diferenciais existentes e a 
distinção de regime jurídico em função deles, estabelecida pela norma 
jurídica; d) que, in concreto, o vínculo de correlação supra-referido seja 
pertinente em função dos interesses constitucionalmente protegidos, isto é, 
resulte em diferenciação de tratamento jurídico fundada em razão valiosa – 
ao lume do texto constitucional – para o bem público. (BANDEIRA DE 
MELLO, 2005, p. 41) 
 
Que é o posicionamento da maioria dos doutrinadores do que dizem a esse respeito : 
 
Dessa forma ,o que se veda, são as diferenciações arbitrárias, as 
discriminações absurdas, pois o tratamento desigual dos casos desiguais, na 
medida em que desigualam, é a exigência tradicional do próprio conceito de 
Justiça, pois o que realmente protege são certas finalidade, somente se tendo 
por lesado o princípio constitucional quando o elemento discriminador não 
se encontra a serviço de uma finalidade acolhida pelo direito . 
A desigualdade na lei se produz quando a norma distingue de forma não 
razoável ou arbitrária um tratamento específico a pessoas diversas. Para as 
diferenciações normativas possam ser consideradas não discriminatórias, 
torna-se indispensável que exista uma justificativa objetiva e razoável, de 
acordo com critérios e juízos valorativos genericamente aceitos ,cuja 
exigência deve aplicar-se em relação à finalidade e efeitos da medida 
considerada, devendo estar presente por isso numa razoável relação de 
proporcionalidade entre os meios empregados e a finalidade perseguida, 
sempre em conformidade com os direitos e garantias constitucionalmente 
protegidos.(ALEXANDRE DE MORAIS, Direito Contitucional,p.64,65) 
 
No que concerne a igualdade material, ou igualdade de distribuição, neste há um conceito 
tributário, um a mais que o estado liberal mais tributário que o estado social, esse estado que 
se desenvolve ao longo do século XX sobre a contestação de que não basta proteger as 
pessoas contra o abuso de poder por parte do estado que era o grande temor do absolutismo, 
era necessário proteger as pessoas contra o abuso de poder econômico por parte das outras 
pessoas, progressivamente a ordem jurídica começa a erigir proteções para os desfavorecidos 
dentro de uma ordem econômica social e a ideia de igualdade material, de igualdade de 
redistribuição esta diretamente associada ao oferecimento de oportunidades iguais tanto 
quanto possível a todas as pessoas, é preciso redistribuir as riquezas pelo menos até o ponto 
para que as pessoas tenham no seu marco inicial na vida ,as mesmas oportunidades e a partir 
possam desenvolver a sua personalidade e as sua potencialidades. 
Essa busca da igualdade material em sociedades desiguais, que é exemplo notável da 
sociedade brasileira passa o papel importante do estado ,em desenvolver uma política pública 
para mudar a situação dos negros no país . 
 Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil [...] promover o bem 
de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de 
discriminação. 
Historicamente, a discriminação aos negros ainda é o pior tipo de ofensa e mais degradante 
que se existiu .Dentre as leis criadas, a última foi a Lei Aurea ,que deu a liberdade para os 
negros e não a igualdade entre negros e os brancos. Com isso, se fez imprescindível regular a 
posição dos negros e tentar abrandar as desigualdades entre todos. Para de tal maneira, 
diversos foram os afirmados que, com o passar dos tempos, fizeram isso. O atual sistema 
garante essa igualdade e pune severamente quem agir de modo a afrontar não só mais a cor, 
mas sim a raça ou a origem de qualquer pessoa. 
Alguns são os comedimentos a fim de diminuir as desigualdades impostas aos negros, ao 
longo da história. Uma delas, que gera grande discussão, é o sistema de “cotas” em concursos 
públicos. A justificativa, para essa antevisão de discriminação positiva, é justamente a 
tentativa imediata de atenuar as desigualdades históricas que existem com os negros. Esseassunto ganha força e os debates são intermináveis. Para responder essa questão à luz do 
pensamento do Ilustre Professor Celso Antonio Bandeira de Mello é necessário encontrar 
relação entre o fator discrímem e a desigualdade entre os negros e não negros, bem como se 
tal discriminação guarda relação com o sistema jurídico pátrio. 
As cotas são um utensílio de ação afirmativa que tenta ajustar essa desigualdade de chances, 
pois, para Estado Brasileiro, em seus Três Poderes, não é possível esperar que todos os 
problemas dos negros brasileiros sejam resolvidos para tornar mais justa a participação da 
população negra e pobre num melhor emprego . Isso seria permitir que toda uma geração seja 
prejudicada , por causa de erros do passado que nunca foram revistos pela nossa sociedade, 
mas, ao contrário, foram reforçados por mais de cem anos de negação da existência do 
racismo no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. LEI DE COTAS NOS CONCURSOS PÚBLICOS 
 
 
Não obstante a medida antecipada no Estatuto de Igualdade Racial, prosseguindo o 
documento que trata da questão aqui resolvida é a lei 12.990/2014,e que está prevista a resrva 
de negros de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos no Âmbito da administração 
pública federal, das autarquias ,das fundações públicas ,das empresas públicas e das 
sociedades de economia mista controladas pela União. 
A lei nº 12.990 de 09 de Junho de 2014 que trata sobre cotas raciais em concursos públicos 
assim o diz, o artigo 1º in verbis : 
 
Art. 1
o
 Ficam reservadas aos negros 20% (vinte 
por cento) das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de 
cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública 
federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das 
sociedades de economia mista controladas pela União, na forma desta Lei. 
(BRASIL. Presidência da República. Lei n. 12990/2014) 
 
No dia 18 de março de 2015 o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). ministro 
Ricardo Lewandowski, assinou a resolução que destina a reserva de 20% das vagas em 
concursos públicos, sempre que as vagas forem superior a três, para cargos efetivos no STF e 
no Conselho Nacional de Justiça, para negros .Essa resolução regulamenta a lei 12.990/2014.e 
leva em consideração o Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288), de 20 de julho de 2010, e a 
decisão tomada pelo Plenário da Corte no julgamento da Arguição de Descumprimento de 
Preceito Fundamental (ADPF) 186, julgada em abril de 2012, quando o STF considerou 
constitucional o sistema de cotas raciais adotado na Universidade de Brasília (UnB). 
Segundo ele com base dos dados do IBGE, somente 1,4 % dos magistrados são negros, disse 
também que as dificuldades encontradas pelos negros no Brasil não serão vencidas 
,facilmente sem ações afirmativas do Estado. 
 “Eu não diria que existe um sentimento de 
racismo, que opõe brasileiro contra brasileiro, mas acho que os 
afrodescendentes encontram dificuldades muito grandes, que precisam ser 
superadas, e não serão superadas espontaneamente, sem atuação do Estado e 
da sociedade afirmou, durante a solenidade, que em breve o Conselho 
Nacional de Justiça vai deliberar sobre o assunto, para estender a política 
afirmativa de reserva de vagas em concursos públicos a todo o Judiciário. O 
que o Supremo Tribunal Federal faz hoje é um primeiro passo, mas que em 
breve deverá ser estendido, por meio de decisão do Conselho Nacional de 
Justiça, para toda a magistratura, segundo dados do último censo realizado 
pelo IBGE, em toda a magistratura brasileira figuram apenas 1,4% de 
negros, nos dias atuais em que se multiplicam conflitos regionais, étnicos, 
religiosos e culturais, é importante se resgatar a cordialidade e a fraternidade 
na sociedade brasileira <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe. 
Notícias STF> Acesso em: 28 mai. 2015. 
 
 
Na mesma solenidade reforçou o comentário lembrando-se do historiador Sérgio Buarque de 
Hollanda e o jurista brasileiro Rui Barbosa, afirmando que o que o STF faz não é um favor e 
que uma das maneiras de se fazer cumprir o princípio da igualdade é “promover a integração 
racial de forma absolutamente completa e de forma que não possa dar margem a dúvidas 
quaisquer, recuperando uma dívida multissecular com aqueles que foram trazidos à força de 
outro continente”. 
Sobre a lei de Cotas nos Concursos vale lembrar que tem data para a aplicação e efetividade 
dessa lei, de acordo com o artigo 6º da referida lei que assim aborda “Art. 6o Esta Lei entra 
em vigor na data de sua publicação e terá vigência pelo prazo de 10 (dez) anos.” 
Alguns julgados sobre a recente lei: 
 
 Número: 70061761599 Inteiro Teor: Órgão Julgador: Quarta Câmara Cível 
Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de 
Montenegro 
Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL 
Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Concurso Público / Edital 
Relator: Francesco Conti Decisão: Acórdão 
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA. 
CONCURSO PÚBLICO. COTAS RACIAIS. PERCENTUAL. DIREITOS 
HUMANOS. CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA 
ELIMINAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO RACIAL. PRIORIDADE NO 
ACESSO DO SEGMENTO MINORITÁRIO AO SERVIÇO PÚBLICO. 
EFICÁCIA DA AÇÃO AFIRMATIVA. 1. Não há dúvida do contexto social 
que envolve a matéria, devendo haver especial atenção às políticas adotadas 
para viabilizar as ações afirmativas de reserva de vagas para negros no 
serviço público, haja vista se tratar de obrigação constitucional de atuação 
positiva do Estado na promoção do desenvolvimento de segmentos sociais 
historicamente desfavorecidos, em observância ao disposto no art. 23, inciso 
X, da Constituição Federal. 2. Necessidade de observância, contudo, ao 
disposto no art. 37, inciso II, da Constituição Federal, no que concerne à 
igualdade de condições, reservando-se percentual dos cargos e empregos 
públicos para as pessoas negras ou pardas, como medida de exceção. 3. Com 
isso, há de se preservar percentual compatível a prestigiar as ações 
afirmativas, como no caso dos autos, que estabeleceu a reserva de 12% para 
os candidatos negros, não podendo ser subvertida a premissa e invertida a 
ordem a fim de tratar a exceção como prioridade. 4. Evidencia-se, assim, 
necessidade de observância ao critério de arredondamento, observado o 
percentual fixado, durante todo o prazo de validade do concurso, conforme 
estabelecido no edital e em lei, a fim de que o cálculo seja efetuado em 
relação a todas as vagas disponibilizadas até o encerramento do certame. 5. 
Ausência de ilegalidade no procedimento adotado pelo município no tocante 
às vagas disponibilizadas até a data da impetração do mandado de segurança. 
6. Sentença de improcedência na origem. APELAÇÃO DESPROVIDA. 
(Apelação Cível Nº 70061761599, Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça 
do RS, Relator: Francesco Conti, Julgado em 28/01/2015) Data de 
Julgamento: 28/01/2015 http://www.tjrs.jus.br/ 
 
Outros julgados: 
1. Número: 70063666424 Inteiro Teor: Órgão Julgador: Quarta 
Câmara Cível 
Tipo de Processo: Embargos de Declaração Comarca de Origem: Comarca 
de Montenegro 
Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL 
Classe CNJ: Embargos de Declaração Assunto CNJ: Concurso Público / 
Edital 
Relator: Antônio Vinícius Amaro da Silveira Decisão: Acórdão 
Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APELAÇÃO CÍVEL. 
MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. COTAS 
RACIAIS. PERCENTUAL. REDISCUSSÃO DO JULGADO. 
DESCABIMENTO. OMISSÃO NÃO CONFIGURADA. 1. Não há 
contradição, omissão ou obscuridade no julgado que enfrentou claramente amatéria e fundamentou a decisão. 2. Estando ausentes as hipóteses previstas 
no art. 535 do CPC, inviável é o acolhimento dos embargos de declaração, 
porquanto o recurso eleito não se presta para fim de rediscussão de matéria 
já decidida. EMBARGOS DECLARATÓRIOS DESACOLHIDOS. 
(Embargos de Declaração Nº 70063666424, Quarta Câmara Cível, Tribunal 
de Justiça do RS, Relator: Antônio Vinícius Amaro da Silveira, Julgado em 
29/04/2015)Data de Julgamento: 29/04/2015http://www.tjrs.jus.br/acesso a 
pag.dia 27/07/2015 
 
 
Como podemos observar apesar da lei já esta em plena vigor e o Supremo ter votado a favor 
das cotas raciais no Judiciário, todos os dias ações judiciais e medidas são impetradas para 
que se encontre inconstitucionalidades na lei ,ou no ato. 
3.1. COMENTÁRIOS SOBRE DECISÕES DO STF 
 
As cotas foram aprovadas, porém ainda há ressalvas sobre ela com relação ao entendimento e 
parecer de alguns,o Juiz Federal ,escrito e professor de Direito Willian Douglas do estado de 
Rio de Janeiro .tem o entendimento que não devermos ter cotas raciais em concursos públicos 
,que cotas em estágios ,nas universidades ,são viáveis , porque são cotas que realmente 
preparam o individuo para o mercado, assim foram as palavras dele: 
 
“Não devemos ter cotas raciais nos concursos, 
como se propõe. Uma coisa é ter cotas nas escolas, nas universidades, nos 
estágios. Aí sim, pois estamos falando de preparação para a vida e para o 
mercado. Essas cotas devem ser mantidas, aperfeiçoadas e, com o passar do 
tempo, obtido seu bom efeito, suprimidas. Mas as cotas nos concursos 
pervertem o sistema do mérito. Para o direito e oportunidade de estudar, é 
razoável dar compensações diante de um país e sistema ainda 
discriminadores, mas não para se alcançar os cargos públicos.” DOUGLAS, 
William. Cotas raciais nos concursos: o exagero só atrapalha. 2011. 
Disponível<http://www.williamdouglas.com.br/conteudo04. php?id=931>. 
Acesso em: 16 mai. 2015. 
 
Segundo ele que críticas quando surgirem com as palavras “fulano está aqui só por causa das 
cotas “, só farão sentido e tolerado nas faculdades, onde o cotista sairá preparado e nos 
concursos se mostre ajustado para como os outros assumir um cargo público ,por seu mérito e 
competência, competindo de igual para igual com o todo Assim foram as palavras deles num 
artigo publicado e por ele assinado: 
“[...] Contudo, quando estamos diante de um 
concurso público, ou igualmente de seleção para empresas, influir no sistema 
de avaliação é uma perversão inadequada. Querer isso é ir além do razoável 
e, ao se insistir na tese, presta-se um desserviço ao país e à causa.” 
DOUGLAS, William. Cotas raciais nos concursos: o exagero só atrapalha. 
2011.Disponível<http://www.williamdouglas.com.br/conteudo04. 
php?id=931>. Acesso em: 16 mai. 2015. 
 
 
E persiste dizendo que existem muitas entradas para se ingressar nos programas sociais ,cotas, 
gentilezas públicas, e poucas portas para que as pessoas saiam das situações que os favores 
são justificáveis e regulamentados em lei ,e segue articulando que prefere um país onde os 
espoliados sejam amparados e onde tenham oportunidade de estudar de aprender ,mas que na 
hora de se definir de quem é uma vaga que ela seja do mais bem preparado. 
Ao contrário do que pensa o juiz federal, Willian Douglas, o professor discorda da opinião 
dele e acredita que assim que se formassem os primeiros no programa de cotas das 
universidades ,haveria muita dificuldade no mercado de trabalho, pois haveria um contingente 
muito maior de concorrência branca. 
Segundo o professor Willian Douglas , atualmente ,os cargos dos Três Poderes não chega a 
1% de presença de negros ,dos seiscentos e vinte procuradores procuradores da República , 
somente sete são negros , nos ministérios somente uma negra ,e num ministério que seria 
ilógico não ter um negro, que é a titular da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade 
Racial, Luiza Barros. 
3.2 AÇÕES AFIRMATIVAS COMO MEDIDA DE PROTEÇÃO DAS 
MINORIAS 
 
O Brasil é um país de que surge como tal de um processo histórico de expansão da Europa 
que colonizava outras regiões do planeta ,que significa um poder colonizador ,opressor 
dominador que foi capaz de dominar os povos que habitavam o Brasil ,os povos indígenas, e 
foram capazes de introduzir com a escravidão milhões de descendentes africanos ,essa 
hierarquização de descendentes europeus, africanos e indígenas esta na base de o que somos 
como países .Um país onde a aparência das pessoas é parte é essencial nessa hierarquização ,e 
as ações afirmativas constituem um instrumento para diante de uma discriminação histórica 
buscar o caminho da igualdade e oportunidade ,então é um conjunto de medidas especiais do 
estado, institui buscando assegurar igualdade e oportunidade para todos ,não se pode pensar a 
legitimidade das ações afirmativas ,sem pensar o processo histórico . 
Se tem a perspectiva histórica ,também tem a visão de segmentos historicamente 
discriminados ,segmentos cuja trajetória histórico foi sempre de quem nunca teve acesso a 
igualdades e oportunidades ,como ser escravizado por trezentos de cinquenta anos ,sendo 
proibido de fazer qualquer coisa exceto tendo que trabalhar para os outros sem receber 
salários. 
Em 1888, houve a abolição dos escravos negros, e na realidade em questão ,a integração 
social do negro sempre foi e de certo modo ainda é, bastante tormentosa. 
A partir de um projeto de lei apresentado na Assembleia Constituinte de 1823, dar-se uma 
análise sobre certos aspectos da inserção do negro na sociedade brasileira. No bojo da 
Assembleia, ainda em 1823, foi apresentado o “Projeto de Proteção aos Escravos”, de autoria 
de José Bonifácio de Andrade e Silva. O projeto em seu artigo 10º dizia: 
Todos os homens de cor, que não tiverem ofício, ou modo certo de vida, 
receberão do Estado uma pequena sesmaria de terra para cultivarem e 
receberão, outrossim, dele, os socorros necessários para se estabelecerem 
cujo valor irão pagando com o andar do tempo. 
 
Entretanto esse projeto, não se viu muito sentido, pois somente serviriam ao negros libertos 
que nunca foram escravizados ,e que nunca trabalharam, pois os escravos tinham ofício e 
alguns vários ao mesmo tempo . 
Em 1831, surge no Brasil, o primeiro movimento negro organizado, a Frente Negra Brasileira, 
com vida curta ,pois com o golpe de Estado Novo do Getúlio Vargas, tornou inviável a frente 
que se tornara partido política, contanto todos os partidos políticos foram extintos . 
No bojo da ideia da democracia racial ,nos anos trinta e quarenta ,as leis foram influenciadas 
por esse novo clima, a Constituição de 1934, democrática, que já falava de modo expresso e 
ao mesmo tempo formal de igualdade, viu-se espelhada na constituição de 1946 e, já em 
1951, foi aprovada a primeira lei anti racista, a chamada Lei Afonso Arinos, norma que 
tipifica racismo como conduta ilícita e punível . 
A Convenção 111 da OIT, de 1958, que tratava da discriminação em matéria de emprego, foi 
ratificada pelo Brasil e, em 1968, o país também ratificou e tornou-se signatário da 
Convenção Internacional para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, 
diploma legal que vedava de modo expresso a discriminação racial em toda e qualquer 
circunstância. 
No ano de 1968, o Ministério do Trabalho se uniu ao Tribunal Superior do Trabalho ,para que 
se fosse criado uma lei que obrigasse as empresas a manterem em seus quadros de 
funcionários um percentual de negros ,tal projeto só ficou em projeto, não se transformou em 
lei. 
Em 1978, foi criado em São Paulo o Movimento Negro Unificado, dois casos marcaram osurgimento deste movimento, o primeiro a morte de um jovem negro ,morto por policiais ,nas 
dependências de uma delegacia em Guaianazes, e os segundo a proibição da entrada de negros 
por um dos diretores no Clube de Regatas Tietê. 
Mais a frente em 1980, surge um novo projeto de lei, dessa vez estruturada como uma política 
de ação afirmativa de fato, o então deputado federal Abdias Nascimento, em seu projeto de lei 
nº1332,de 1983,propõe uma ação compensatória, que estabeleceria mecanismos de 
compensação para o afro –brasileiro após séculos de discriminação. 
Haveria nesse projeto mecanismos de reservas de vagas de 20% para mulheres negras e de 
20% para homens negros na seleção de candidatos de serviços públicos no Brasil, bolsas de 
estudos; incentivos ás empresas do setor privado, nada obstante, como as outra lei de 1968, o 
projeto não foi aprovado pelo Congresso Nacional 
O país se estruturou com base nessa injustiça e nessa opressão.com a Lei das Cotas Raciais 
nos Concursos Públicos. tem o acesso facilitado através de uma medida especial para proteger 
o acesso e atender um critério para abarcar os segmentos discriminados que são negros e 
indígenas . 
 
A Constituição brasileira pela primeira vez começa a proteger a cultura afro- brasileira ,art 
215,§1º,in verbis: 
 
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e 
acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a 
difusão das manifestações culturais. 
§ 1 O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e 
afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo 
civilizatório nacional. 
 
Conferindo também no artigo 216,§5 ,status constitucional á tutela 
dos quilombos e seus 
 Art. 216.da Constituição Federal 
Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e 
imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência 
à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da 
sociedade brasileira, nos quais se incluem remanescentes. 
[...] 
§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de 
reminiscências históricas dos antigos quilombos; [...] 
 
Após vários e incansáveis projetos de leis não aprovados ,enfim em 1995,o 
então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso determinou a criação de um 
Grupo de Trabalhos Interministerial (GTI) para que se desenvolvesse politicas de valoração e 
promoção da população negra, a partir disso foram adotadas uma série de disposições 
normativas e políticas públicas em favor dos negros ..Numa outra ponta do processo um 
movimento em defesa dos direitos dos negros passa a exigir que fosse cumpridos os tratados 
internacionais no qual o Brasil aderiu .Essa pressão custou ao Brasil uma notificação pela 
Organização Internacional de Trabalho, em 1995,quanto ao descumprimento da convenção 11 
da própria OIT que advogava pela adoção de política nacional de promoção de igualdade de 
oportunidades e de tratamento no mercado de trabalho. 
Para responder a nova realidade, o governo brasileiro cria o Grupo de Trabalho para 
Eliminação da Discriminação no Emprego e na Ocupação (GTEDEO) e, na sequencia .é 
igualmente criado o Programa Nacional dos Direitos Humanos cujo objetivo é desenvolver 
ações afirmativas para o acesso dos negros aos cursos profissionalizantes, à universidade e ás 
áreas de tecnologia de ponta. 
Entre vário projetos finalmente em maio de 2002,foi aprovado o “Programa Nacional de Ação 
Afirmativa, no âmbito do governo Fernando Henrique Cardoso, não trazendo qualquer tipo de 
meta ou mesmo de cotas para negros. Em 2003, Luís Inácio Lula da Silva nomeia três 
ministros negros ,inclusive sendo Joaquim Barbosa ,o primeiro ministro negro do Supremo 
Tribunal Federal .E em 2003 ,foi criada ,a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da 
Igualdade Racial.(SEPPIR). 
Todos os projetos que foram criados, mesmo aqueles que não viraram leis ,trazem pontos 
similares de benefícios aos negros ,nomeadamente a concessão de bolsas de estudo; assegurar 
a presença proporcional dos negros em todos os níveis de ensino; o estabelecimento de um 
Fundo Nacional para o desenvolvimento de Ações Afirmativas; a alteração no processo de 
ingresso nas instituições de ensino superior ,estabelecendo cotas mínimas para determinados 
grupos. 
A partir da primeira década do século XXI, a produção legislativa, bem como a criação de 
políticas cujo mote seja a proteção dos direitos dos negros se intensifica, mas principalmente 
se descentraliza em direção aos estados e municípios conduzindo à situação que finalmente 
,as ações afirmativas foram implantadas no Brasil, muito embora o debate ainda se estabelece. 
Ação afirmativas são instrumentos que criam condições de igualdade e oportunidade Ou seja, 
as ações afirmativas têm sido reconhecidas como meio de efetivação da igualdade material 
por intermédio da igualdade de oportunidades, a fim de alavancar as minorias sociais a um 
nível de vida digno, como forma de efetivação do princípio da igualdade. 
3.3. SISTEMA DE COTAS PELO MUNDO 
 
O primeiro país que adotou o sistema de cotas raciais foi a Índia, na década de 30 foi um 
processo que teve a iniciativa pelo líder dos Dalits, julgados como os intocáveis, a casta mais 
discriminada da Índia. Essas cotas ainda são presentes nos serviços públicos, na educação e 
em todos os órgãos estatais de caráter obrigatório. A Índia é um modelo internacional dos 
sistemas de cotas que deram certo. 
´ 
A Malásia também aderiu o sistema de costa desde 1968 que beneficiam os malaios, 
denominados “ filhos da terra “ ,esses não tinham acesso ao ensino superior e ao “ serviço 
publico. 
Na África do Sul e no Canada que até no parlamento tem cotas para os esquimós. 
Na Austrália o sistema protege os aborígenes. 
Na Nova Zelândia e na Colômbia as cotas são para negros e índios como tal no Brasil. 
Outros países como Peru, Equador e Bolívia ainda estão em discussão sobre as cotas. 
Na Suiça em 2014,foram criadas cotas para mão de obra estrangeiras . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A presente monografia objetivou introduzir um estudo ao sistema de cotas nos concursos 
público como instrumento ds ações afirmativas. 
O povo brasileiro pode ser miscigenado, porém as instituições do Brasil ,as instituições 
políticas, econômicas, e acadêmicas não são, elas são dominadas por um grupo racial ,muito 
clara, o seja de ascendência europeia branca, a adoção de ações afirmativas no serviço publico 
podem e são perfeitamente compatíveis com os princípios da eficácia como também com o 
principio do interesse público ,o sistema jurídico brasileiro é quase que exclusivamente 
branco ,como também de classe média alta, e essas pessoas não tem quase nenhum ou pouco 
conhecimento com a situação das pessoas negras e indígenas no pais. Esses é um dos 
motivos pelos quais elas tem grande dificuldade ou se recusam a reconhecer a presença do 
racismo no Brasil, atos de racismo como discriminação racial ou o racismo como um 
obstáculo a inclusão social . 
Todas as pessoas brancas diretas ou indiretamente se beneficiam da discriminação racial da 
mesma forma que todos os homens se beneficiam da discriminação contara as mulheres ,da 
mesma forma que que as pessoas heteros sexuais se beneficiam da discriminação contra 
homossexuais . 
O racismo existe como objetivo de manter uma situação privilegiada das pessoas brancas, 
então a forma mais adequada para eliminar a situação do privilégio que é o objetivo 
fundamental dos processos discriminatórios não se restringem apenas a afirmação da 
inferioridadedas pessoas, é criar um tipo de intervenção material dessa natureza de 
distribuição das oportunidades sociais . 
A Lei das cotas em Concursos Públicos tem importância fundamental, em primeiro lugar ela 
ataca uma questão que muito é diagnosticada no Brasil de que as pessoas negras que 
concluem um curso de nível superior são mais discriminadas no mercado de trabalho em 
nível de rendimento ,quer dizer que quanto maior a escolaridade da pessoa negra maior o 
diferencial do rendimento dessa pessoa aos trabalhadores brancos ,em segundo aspecto tem a 
haver com uma questão mais profunda de democratização do acesso ao lugares mais 
valorizados do mercado de trabalho. 
AS ações afirmativas tem ganhado muito espaço de aceitação na sociedade brasileira, 
entretanto ainda há resíduos de resistência de reações contrárias a esse tipo de iniciativa que 
embora sejam minoritárias fazem algum barulho na sociedade ,ao principal alvo desses 
setores no que se refere a Lei de cotas nos concursos federais diz respeito a auto declaração da 
cor ,nesse argumento o que se observa é uma tentativa de tumultuar o processo de aplicação 
da lei que teve uma aplicação imediata ,-sendo que no Brasil sempre se usou o critério da auto 
declaração de cor, as pessoas fazem isso nos levantamentos na pesquisas oficiais do IBGE, 
nunca se questionou os resultados obtidos, portanto não há razão para questionar o uso desse 
critério quando se trata de cotas em serviços públicos .Além do mais sempre houve na 
sociedade brasileira percepção das pessoas em relação o que seja com a sua cor ,e sabe-se 
que que essa percepção é mediada pelo olhar do outro ,isso é que baliza o critério da auto 
declaração. 
Portanto devemos pensar que o pertencimento racial não pode continuar sendo utilizado no 
Brasil como discriminação negativa com relação ao negro, e sim aceitar com espirito 
democrático que essa lei invoca o fato de o pertencimento racial ser utilizado pra algo que é 
positivo ,para algo que é valorizador da nossa diversidade . 
A ação afirmativa no Brasil veio pra ficar ,um dos pontos fulcrais de toda essa temática ,e que 
procurarmos evidenciar neste estudo, é a forma como se aplicará esta política pública de 
inclusão tão importante .Aí está o desafio a ser enfrentado e que, pode ser levado a termo com 
pleno êxito, mantendo a consciência, contudo, de sua amplidão, suas peculiaridades, seus 
riscos, bem como de sua importância. 
Não obstante a observação da Lei, é certo que os negros não vivem em igualdade social, ou 
em condições de igualdade com relação aos brancos, devidos ás desumanidades por eles 
sofridos por tantos séculos, e não pode o Estado somente assistir a situação em que se 
encontrem os negros sem nada fazer para que a situação melhore sob pena dessa 
discriminação se alongar perpetuamente na história . 
Entretanto paira uma pergunta no ar, quais negros serão beneficiados ,serão todos ? 
Negros nascidos em classe melhor, filhos de ricos terão os mesmos direitos de um filho de 
pobre ao benefício da lei ? Essa é uma questão que terá que ser revisada futuramente . 
Os negros saíram da Senzala às favelas, onde o submundo os abraça, as correntes são as 
algemas ,os pelourinhos foram trocados por buracos e becos na escuridão da noite ,os chapéus 
,chibatas , botas de couros dos senhores dos escravos e capitães do mato foram substituídos 
por cassetetes, coturnos e boinas ; a carta de alforria hoje é a carteira profissional que de 
alguns ainda em branco, sem registros, sem emprego, sem dignidade ,sem educação, sem 
saúde, ou seja, sem esperança , sem nada. 
A lei das cotas surgiu para amenizar o sofrimento,dar um mínimo de esperança ,para um povo 
sofrido e calado durante séculos . 
 
 
 
 
 
5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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