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Aula 04 (7)

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CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 
PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 
 
 
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Olá, amigo(a) concurseiro(a)! Iniciaremos agora a Aula 04 de Direito 
Comercial(Empresarial) para AFRFB e AFT 2013. A aula de hoje versará 
sobre o item 7 do edital: 
 
7. Nota promissória. Cheque. Duplicata. 
 
Trata-se de matéria referente ao chamado Direito Cambial. Vamos à 
aula! Não perca o foco, continue na luta. Vamos estudar bastante. 
 
1 – TÍTULOS DE CRÉDITO 
 
 A nota promissória, o cheque e a duplicata, assim como a letra de 
câmbio, são títulos de crédito, documentos criados para facilitar a 
circulação de riqueza em uma economia e sujeitos a um regime especial que 
facilita essa circulação: as regras do Direito Cambial. São títulos 
representativos de uma prestação futura (crédito), a qual é devida àquele 
que possuir o respectivo documento comprobatório da obrigação (o título). 
 
Muitas pessoas nunca tiveram contato no dia a dia com alguns desses 
títulos que veremos, esse era o meu caso...(risos). Vou tentar facilitar o 
entendimento de vocês sobre o assunto. O melhor exemplo é o CHEQUE. 
Infelizmente, hoje em dia, é muito difícil fazer negócio onde os 
compromissos sejam cumpridos só com as palavras, essa realidade nos 
mostra a importância do título de crédito e de sua regulamentação. 
Exemplo: eu compro uma mercadoria em uma loja e peço para parcelar no 
cheque em 3 vezes. Eu poderia dizer para o vendedor que daqui a um mês 
eu volto para pagar uma parcela, mas e aí será que ele aceitaria? Acho que 
não. É preciso que na hora da compra você entregue os 3 cheques. E 
também se eu não entregasse o cheque ao vendedor e fizesse a negociação 
só de “boca”, ele não poderia usar esse crédito que tem comigo para outras 
negociações. O vendedor não pode chegar pro seu fornecedor e dizer que 
tem um crédito com o Cadu e pedir pro fornecedor cobrar de mim algum 
valor. É para isso que serve o título de crédito. Para que juridicamente o 
credor tenha algum documento que garanta aquela dívida e com isso esse 
crédito que está circulando pelo mercado tem valor, pois a lei dá essa 
garantia. Será que deu pra ter uma noção? Porque agora vamos ver a parte 
normativa desse assunto e que é cobrado em prova. Vamos lá... 
 
 Segundo o jurista italiano Cesare Vivante, o título de crédito é o 
documento necessário para o exercício de um direito literal e autônomo, 
nele mencionado. O art. 887 do Código Civil de 2002 (CC/2002) 
expressamente adotou essa definição: 
 
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Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito 
literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os 
requisitos da lei. 
 
 Dessa definição, retiram-se os princípios fundamentais dos títulos de 
crédito: a cartularidade (ou incorporação), a literalidade e a 
autonomia. Desse último decorrem dois subprincípios: o da abstração e o 
da inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé. 
Veremos também que são esses princípios que conferem duas características 
marcantes aos títulos de crédito: a negociabilidade e a executividade. 
 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO: 
 
-CARTULARIDADE 
-LITERALIDADE 
-AUTONOMIA -----ABSTRAÇÃO 
-----INOPONIBILIDADE DAS EXCEÇÕES PESSOAIS 
 AOS TERCEIROS DE BOA-FÉ 
 
Cartularidade 
 
 O princípio da cartularidade ou da incorporação significa que a 
obrigação representada pelo título de crédito materializa-se necessariamente 
em um documento ou cártula, isto é, está incorporada nesse documento. 
Assim, o crédito existe na medida em que está contido expressamente na 
cártula, a qual se torna o documento necessário ao exercício do direito 
nela mencionado. Somente quem detém o título de crédito original possui o 
direito de exigir a obrigação nele expressa. Sem a apresentação desse 
documento, a cobrança do crédito não pode ser exercida com as facilidades 
proporcionadas pelo Direito Cambial, ainda que o credor realmente tenha 
direito à prestação. Daí dizer-se que os títulos de crédito são documentos 
de apresentação. 
 
Por exemplo, se fulano recebe um cheque de beltrano e, no dia do 
pagamento, este não tem saldo em sua conta corrente, fulano terá o direito 
de cobrar a dívida judicialmente de beltrano. Se, no entanto, ele perder o 
cheque, não terá como ajuizar a ação executiva de cobrança, em função do 
princípio da cartularidade. 
 
Não se admite, tampouco, a prova do crédito por meio de cópia 
reprográfica do título, ainda que autenticada. A cobrança judicial do crédito 
em processo de execução exige a apresentação do original do título nos 
autos (salvo se ele estiver juntado a outro processo judicial, quando se 
admite a certidão do cartório da vara onde se encontra o processo, 
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atestando o fato). Pode-se dizer, na verdade, que o direito não existe sem o 
título, nem pode ser exigido sem sua exibição. 
 
Além disso, a transferência do direito de crédito a terceiros exige a 
tradição (entrega) da cártula. Se eu quiser pagar uma dívida com uma nota 
promissória, o meu credor só terá direito ao valor constante do título se 
estiver efetivamente na posse do documento. 
 
Não obstante, costuma-se discutir, atualmente, a mitigação 
(flexibilização) do princípio da cartularidade, diante do surgimento de alguns 
títulos não-cartularizados, elaborados em meio magnético, em função do 
avanço dos recursos de tecnologia da informação. A esse fenômeno a 
doutrina chama de desmaterialização dos títulos de crédito. Outra 
exceção à cartularidade é a possibilidade de execução em juízo de um 
crédito representado por uma duplicata sem a apresentação da respectiva 
cártula, em situações especiais, que serão estudadas adiante (art. 15, § 2.º, 
da Lei 5.474/1968 – Lei das Duplicatas). 
 
Veja esta questão sobre o princípio da cartularidade: 
 
1 - (CESPE/CONSULTOR LEGISLATIVO/SENADO FEDERAL/2002) 
Quanto ao princípio da cartularidade, aplicável aos títulos de crédito, 
exige-se que o credor apresente o título – cártula – a fim de que possa 
obrigar o devedor a efetuar o pagamento de sua dívida. Não se 
admite, assim, que se inicie a ação cambial sem que a petição inicial 
esteja acompanhada do respectivo título de crédito. 
 
O item foi considerado certo porque apresentou a correta definição do 
princípio da cartularidade e suas implicações. A ação cambial é a 
processo de execução fundado em título de crédito. Todavia, uma 
crítica que fazemos à questão é que ela não contemplou a hipótese de 
o título já estar juntado a outro processo judicial. 
 
Gabarito: Certo 
 
Literalidade 
 
 O princípio da literalidade reza que só se deve levar em conta a 
obrigação expressamente constante do título de crédito e na exata medida 
do que estiver consignado na cártula. Por exemplo, se uma nota promissória 
diz que o devedor pagará o valor de R$ 10.000, no dia 15/12/2009 (a 
promissória é uma promessa de pagamento feita pelo devedor, conforme 
veremos adiante), não pode o portador do título exigir que lhe seja pago 
valor maior ou em data anterior. Assim, o devedor tem a segurança de que 
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nada lhe poderá ser cobrado além do valor constante da nota promissóriaou 
antes da data nela registrada. Do mesmo modo, o credor sabe que poderá 
exigir do devedor a exata quantia que consta do título e na data nele 
expressa. 
 
 Ainda que efetivamente a obrigação que deu origem ao título (por 
exemplo: uma operação de compra e venda de um veículo) seja de maior 
valor, o credor só poderá executar o devedor judicialmente, por meio do 
título, até o valor nele consignado. Outros documentos que revelem o 
excedente da dívida, se não se revestirem da condição de título de crédito, 
não permitirão o ajuizamento direto da ação de execução do título, devendo 
ser promovida a competente ação de conhecimento. 
 
Vamos lembrar que o processo de execução é a ação utilizada para 
a cobrança judicial de dívidas e outras obrigações, quando o devedor não as 
cumpre espontaneamente, com a penhora (apreensão) e alienação judicial 
dos seus bens, para subsequente pagamento ao credor com o valor apurado 
com a venda do patrimônio do devedor. Para iniciar uma ação de execução, 
o credor deve ter um título executivo que comprove de forma líquida e 
certa seu direito (o título de crédito possui essa qualidade). Não havendo 
essa prova, o credor deverá inicialmente discutir a existência e extensão da 
dívida em juízo, em um processo de conhecimento, e somente após a 
sentença do juiz nesse processo, ele poderá prosseguir com a execução 
judicial, pois a sentença no processo de conhecimento é considerada um 
título executivo. 
 
 Por exemplo, se eu possuir um cheque sem a assinatura do devedor, 
não poderei ajuizar a ação de execução contra ele, pois a assinatura do 
emitente é requisito necessário para a caracterização do título de crédito. 
Mas eu poderei ingressar na Justiça com uma ação de conhecimento, 
valendo-me do cheque não assinado e de outras provas, inclusive 
testemunhas, para provar que o devedor realmente me deve aquele valor. 
Obtida a sentença nesse processo, poderei promover a execução judicial da 
dívida. 
 
 Em função da literalidade, não são consideradas informações 
expressas em folhas apartadas da cártula, com exceção da chamada folha 
de alongamento, justaposta aos títulos de créditos para permitir a 
continuação da cadeia de endossos (o endosso é uma das formas de 
transmissão da titularidade do título, por meio da assinatura do atual 
portador no documento, conforme veremos adiante). 
 
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Ou seja, cartularidade = vale o que está escrito... Você me pergunta, 
mas e o cheque pré-datado, pode ser depositado antes da data nele escrita? 
Pode, o porquê falaremos mais a frente, fique um pouco curioso... kkk 
Autonomia 
 
 O princípio da autonomia é fundamental para garantir a livre 
circulação de um título de crédito no mercado e assegurar que seu portador 
receberá o valor nele mencionado. Segundo esse preceito, o direito do 
portador do título é autônomo em relação aos direitos que tinham os 
portadores anteriores (e não um direito derivado dos direitos dos titulares 
anteriores). Em outras palavras, as diversas obrigações representadas por 
um mesmo título de crédito são independentes umas das outras. O 
portador do título possui um direito próprio, caracterizado pela posse do 
documento, não influenciado por eventuais nulidades existentes nas relações 
anteriores. 
 
 Por exemplo, imagine que João compre de Pedro um equipamento, 
entregando-lhe uma nota promissória, na qual afirma que pagará a Pedro o 
valor de R$ 1.000 em trinta dias. Em seguida, Pedro paga uma dívida que 
possuía com Jorge, entregando a este a promissória. No dia do vencimento, 
Jorge apresenta o título a João, para que este pague o valor constante da 
cártula. Ocorre que, anteriormente, João havia percebido que o equipamento 
que comprara não funcionava, razão pela qual tentou invalidar o negócio 
junto a Pedro, que, no entanto, se negou a fazê-lo. Diante disso, João diz a 
Jorge que não pagará o valor da nota promissória. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pergunta-se? Pode João se negar a honrar o título? A resposta é não. 
Jorge nada tem a ver com a relação jurídica travada entre João e Pedro. A 
relação entre Jorge e João é independente da relação inicial entre os dois 
primeiros. Embora o negócio de compra e venda possa ser invalidado por 
vício redibitório (vício oculto do equipamento), ainda assim Jorge tem direito 
ao recebimento da promissória, em função da autonomia entre as relações 
jurídicas representadas pelo título. A João restará, posteriormente, investir 
judicialmente contra Pedro, para reaver seu prejuízo. 
 
JOÃO PEDRO 
JORGE 
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Note a importância do princípio da autonomia. Sem ele, não haveria 
segurança nas relações cambiais e os títulos deixariam de possuir ampla 
negociabilidade e circulabilidade. No exemplo dado, se João pudesse se 
negar a pagar a promissória, em função da nulidade do negócio realizado 
com Pedro, Jorge seria prejudicado em seu direito de crédito. A autonomia, 
assim, protege o possuidor de boa-fé e proporciona segurança na circulação 
do título no mercado. Provavelmente, sem essa garantia, Jorge não aceitaria 
como pagamento da dívida a “nota promissória”. Entendeu direitinho? 
 
Eis uma questão de concurso sobre os princípios acima: 
 
2 - (CESPE/ADVOGADO/HEMOBRAS/2008) Segundo a doutrina 
dominante, são princípios gerais do direito cambiário a cartularidade, 
literalidade e autonomia das obrigações. 
 
 O item é certo, pois apresenta os três princípios do direito cambial, 
citados acima. 
 
Gabarito: Certo 
 
Abstração 
 
Esse é um subprincípio que deriva do princípio da autonomia. 
O princípio da abstração reza que o título de crédito, uma vez posto em 
circulação, desvincula-se da relação jurídica que o originou. Assim, por 
exemplo, se um locatário paga ao locador o valor do aluguel por meio de um 
cheque, e o locador, posteriormente, repassa esse cheque na praça a 
terceiro, aquele que apresentar o cheque para pagamento terá direito de 
recebê-lo, independentemente da validade da relação jurídica entre o 
locatário e o locador. Caso, por exemplo, o locatário já tivesse pago o 
aluguel daquele mês, o novo pagamento por meio do cheque seria indevido. 
Não obstante, o cheque apresentado por terceiro que o tenha recebido de 
boa-fé deve ser honrado assim mesmo, pois se tornou abstrato, isto é, 
desvinculou-se da relação jurídica inicial. Ao locatário, restará pleitear junto 
ao locador a devolução do que pagou a mais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LOCATÁRIO LOCADOR 
 TERCEIRO 
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Note que a abstração é apenas outra forma de se enxergar a 
autonomia dos títulos de crédito, razão pela qual se entende que a abstração 
é tão-somente um subprincípio, uma decorrência lógica da autonomia. A 
abstração, porém, não é absoluta. Caso o recebedor do título tenha 
conhecimento da nulidade do negócio que lhe deu origem, esse fato poderá 
ser levantado por aquele que deva honrar o título, como exceção (defesa) 
contra o recebedor, que será considerado portador de má-fé do título. 
 
Frise-se, por fim, que a abstração só surge quando o título é colocado 
em circulação. Assim, no exemplo acima, se o próprio locador quisesse 
descontar o cheque e este não tivesse fundos, o locatário poderia opor o 
pagamento anterior como justificativa para impedir o novo pagamento, caso 
o locadorviesse cobrá-lo na justiça. 
 
Eis uma questão da Esaf sobre os princípios cambiais vistos até agora: 
 
3 - (ESAF/DEFENSOR PÚBLICO/CE/2002) “Título de crédito é o 
documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele 
mencionado” (César Vivante). Na expressão documento necessário do 
conceito transcrito é identificável o princípio da: 
a) literalidade; 
b) abstração; 
c) autonomia; 
d) incorporação. 
 
A letra D é o gabarito porque o princípio da incorporação ou da 
cartularidade reza que a obrigação representada pelo título de crédito 
materializa-se na cártula, a qual é, assim, o documento necessário 
ao exercício do direito nela mencionado. A literalidade (letra A) 
significa que a obrigação a ser considerada é a que consta 
expressamente do título de crédito. O princípio da autonomia (letra C) 
prescreve que o direito do portador do título é autônomo em relação 
aos direitos que tinham os portadores anteriores. Por fim, a abstração 
(letra B) é um aspecto da autonomia que dispõe que o título de 
crédito, uma vez posto em circulação, desvincula-se da relação jurídica 
que o originou. 
 
Gabarito: D 
 
 
 
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Inoponibilidade das Exceções Pessoais aos Terceiros de Boa-fé 
 
Esse é outro subprincípio que deriva do princípio da autonomia. Esse 
princípio é apenas a faceta processual da autonomia dos títulos de crédito. 
Uma vez que as relações cambiais são autônomas entre si, não pode o 
devedor original do título opor (alegar em juízo) ao portador de boa-fé as 
exceções (defesas) pessoais que possui contra o credor original. Ainda no 
exemplo do contrato de aluguel, o locatário não poderá alegar, em um 
processo judicial de execução movido pelo atual portador do cheque, o fato 
de que já tinha pago anteriormente o aluguel do respectivo mês ao locador, 
salvo se o portador sabia do fato e mesmo assim recebeu o cheque, quando 
então estará caracterizada a sua má-fé. Nesse sentido, dispõe o art. 916 do 
CC/2002: 
 
Art. 916. As exceções, fundadas em relação do devedor com os portadores 
precedentes, somente poderão ser por ele opostas ao portador, se este, ao 
adquirir o título, tiver agido de má-fé. 
 
No entanto, conforme dito acima, o locatário poderia opor o primeiro 
pagamento como exceção ao locador que resolvesse executar ele mesmo o 
cheque em juízo, caso o devedor não o tivesse honrado na data do 
pagamento. Neste caso, o título não terá entrado em circulação (o que lhe 
daria abstração), nem o locador pode ser considerado de boa-fé, uma vez 
que sabia que já tinha recebido o pagamento pelo aluguel. 
 
Contra o terceiro de boa-fé, o devedor original, para se eximir do 
pagamento, só poderia alegar as defesas relativas à relação direta entre 
eles (exceção pessoal contra o atual portador), como a prescrição para a 
cobrança do crédito, ou a presença de algum vício formal da própria 
cártula, como falsidade de assinatura, incapacidade do subscritor do título, 
ausência de algum dado essencial à formação do título, etc., ou, ainda, 
ausência de requisito para a ação de execução, como a não-
apresentação do original do título. 
 
Eis uma questão de prova sobre os assuntos até agora abordados: 
 
4 - (CESPE/CONSULTOR LEGISLATIVO/SENADO FEDERAL/2002) Se 
Renato emitir determinado cheque em favor de André, e este o 
endossar em favor de Aldo, sustando-o em seguida, caso o título não 
seja pago, em decorrência do princípio da literalidade, Renato não 
poderá, em regra, opor contra Aldo a causa que o levou a sustar o 
pagamento do cheque. 
 
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O item está errado porque a regra não se refere ao princípio da 
literalidade, mas ao da autonomia (ou ao subprincípio da 
inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé). 
 
Gabarito: Errado 
 
Veja agora esta questão da Esaf, que explora o preceito da inoponibilidade 
das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé: 
 
5 - (ESAF/ADVOGADO/IRB/2006) Considere-se um título de crédito 
emitido parcialmente em branco, devendo ser preenchido pelo 
portador segundo os termos de um pacto adjecto. Nesse caso, 
a) o devedor poderá impugnar perante terceiro, em qualquer situação, 
o seu preenchimento em desconformidade com os ajustes realizados. 
b) se o preenchimento se deu em desconformidade com os ajustes e 
depois foi assim endossado a terceiro, o devedor poderá impugnar o 
pagamento apenas em relação ao favorecido original. 
c) o portador do título, preenchido indevidamente e objeto de uma 
série regular de endossos, poderá sofrer oposição do devedor, pois as 
transmissões ficaram contaminadas pelo vício referido. 
d) se o pacto adjecto não acompanhar a circulação do título, jamais 
qualquer credor poderá sofrer impugnação por parte do devedor diante 
do descumprimento indevido. 
e) a emissão de um título incompleto é risco absoluto que o emitente 
assume ao fazê-lo. 
 
 
Pacto adjecto ou adjeto é o acordo acessório firmado juntamente 
com um ajuste principal. No caso do enunciado, é o acordo que o 
emitente do título celebrou com o beneficiário, para o preenchimento 
futuro do título, nas condições acordadas. Caso o beneficiário preencha 
o título em desacordo com o pactuado, estará agindo de má-fé e o 
emitente do título poderá acioná-lo judicialmente por isso. Já o terceiro 
que receba o título de boa-fé terá direito ao recebimento do crédito 
nas condições em que ele foi preenchido na cártula, em função do 
princípio da autonomia das obrigações cambiais. 
Assim, a letra A é errada porque o devedor não poderá impugnar o 
teor do título perante o terceiro de boa-fé. A letra B é o gabarito, pois 
o favorecido original, ao preencher o título em desacordo com o 
pactuado, agiu de má-fé, podendo responder por isso. A letra C é 
falsa, já que o devedor não poderá opor a exceção pessoal que tem 
contra o favorecido original ao terceiro de boa-fé. A letra D é incorreta 
porque o credor original pode sofrer impugnação por parte do devedor 
diante do descumprimento indevido, por ter agido de má-fé no 
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preenchimento do título. Por fim, a letra E é errada, pois a emissão de 
um título incompleto não é risco absoluto do emitente, que pode 
impugná-lo perante o credor inicial que agiu de má-fé e também 
reaver posteriormente o que pagou ao terceiro de boa-fé, por meio de 
ação própria contra o favorecido inicial. 
 
Gabarito: B 
 
Negociabilidade 
 
Em função dos princípios acima, nota-se que o portador de um título 
de crédito possui uma grande garantia quanto ao recebimento do seu valor. 
Assim, o título de crédito proporciona segurança no mercado e é aceito 
livremente nas transações comerciais, daí ser dotado de grande 
negociabilidade, isto é, facilidade de negociação. Na verdade, o emissor de 
um título de crédito não assegura o pagamento exclusivamente ao credor 
inicial, mas a pessoa indeterminada, que venha a apresentar o título. A 
função do título de crédito, assim, é circular no mercado, promover a 
circulação da riqueza. 
 
Executividade 
 
Tendo em vista a cartularidade, a literalidade e a autonomia dos títulos 
de crédito, o portador da cártula possui um direito próprio, líquido e certo, 
consignado expressamente no documento. Em função disso, os títulos de 
crédito são considerados pela lei como títulos executivos extrajudiciais, 
isto é,servem de documento hábil para dar início a um processo judicial 
de execução. Em outras palavras, são dotados de executividade. 
 
Título executivo é o documento indicado em lei dotado de eficácia 
para tornar possível a tutela executiva em relação ao direito a que se refere. 
Em outras palavras, é o documento que o credor deve apresentar ao órgão 
judicial para dar início ao processo de execução, como se depreende da 
leitura dos artigos 580 e 586 do Código de Processo Civil (CPC): 
 
Art. 580. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a 
obrigação certa, líquida e exigível, consubstanciada em título executivo. 
 
Art. 586. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título 
de obrigação certa, líquida e exigível. 
 
 Apenas para reforçar, lembramos novamente que o processo de 
execução é aquele destinado a satisfazer o direito do autor, que pode ter 
sido reconhecido em uma sentença judicial anterior, em um processo de 
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conhecimento (neste caso, a sentença é o título executivo judicial) ou 
estar consubstanciado em um título executivo extrajudicial (que não 
provenha do Judiciário), que comprove o direito do autor, como é o caso de 
um título de crédito ou de uma escritura pública. Toda execução, assim, tem 
por base um título executivo judicial ou extrajudicial. Sem esse título não há 
execução. O art. 585, I, do CPC qualifica como título executivo extrajudicial 
os seguintes títulos de crédito: letra de câmbio, nota promissória, duplicata, 
debênture e cheque. As leis que dispõem sobre outros títulos de créditos 
(cédulas de crédito, letras imobiliárias, certificados de depósito bancário, 
etc.) também lhes atribuem a qualidade de título executivo extrajudicial. 
 
Note, assim, a vantagem de se possuir uma dívida garantida por um 
título de crédito. Sendo um título executivo, ele permite que o credor ajuíze 
diretamente um processo de execução contra o devedor, sem a necessidade 
de um prévio processo de conhecimento, em que se venha a reconhecer a 
existência do crédito. 
 
Ressalte-se, por fim, uma vez mais, que um documento que não 
contenha as formalidades de um título de crédito pode servir de prova da 
dívida do devedor ao credor em um processo de conhecimento (como no 
exemplo do cheque sem assinatura apresentado anteriormente). Apenas não 
será instrumento hábil a dar início diretamente ao processo de execução. 
Tudo bem em relação aos princípios? Foi só a introdução do assunto, 
ainda veremos muitas coisas... 
 
 
Legislação Cambial 
 
 A legislação aplicável aos títulos de crédito varia conforme a espécie 
do título. No caso da letra de câmbio e da nota promissória, aplica-se o 
Decreto 57.663/1966, que incorporou ao ordenamento pátrio a chamada 
Lei Uniforme de Genebra (LUG) sobre esses títulos (suas regras foram 
acordadas na Convenção de Genebra de 1930). Se houver lacuna nessa Lei 
ou se o Brasil não aplicar alguma de suas normas, por ter manifestado 
reserva expressa no momento da ratificação do seu texto, deve ser utilizado, 
para suprir a lacuna, o Decreto 2.044/1908 (Lei Saraiva), que também 
versa sobre a letra de câmbio e a nota promissória. 
 
 Quanto ao cheque, deve ser aplicada a Lei 7.357/1985 (Lei do 
Cheque) e, de forma subsidiária, o Decreto 57.595/1966, que incorporou 
ao ordenamento brasileiro a Lei Uniforme de Genebra sobre cheques 
(Convenção de Genebra de 1931). Já a duplicata é regida pela Lei 
5.474/1968 (Lei da Duplicata) e, no que couber, pela legislação 
referente à letra de câmbio (art. 25 da Lei 5.474/1968). 
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 Por fim, o Código Civil de 2002 trouxe um título próprio com normas 
gerais sobre títulos de crédito (arts. 887 a 926), que, no entanto, só se 
aplicam aos títulos que possuem lei própria de forma subsidiária (art. 903 do 
CC/2002). 
 
 
Classificação dos Títulos de Crédito 
 
Os títulos de crédito podem ser classificados segundo vários critérios. 
Vejamos os principais. 
 
QUANTO AO MODELO, eles se classificam em títulos de modelo 
livre e títulos de modelo vinculado. Os primeiros não possuem uma forma 
específica, bastando que contenham os elementos mínimos exigidos por lei 
para a validade do título, independentemente da sua apresentação formal. 
Ex.: letra de câmbio e nota promissória. 
 
Os de modelo vinculado, por sua vez, têm um formato específico 
definido em lei, para que sejam considerados válidos. Ainda que contenham 
todos os dados exigidos por lei para a respectiva espécie, se não se 
apresentarem no formato exigido, não serão considerados títulos de crédito. 
Ex.: cheque e duplicata. 
 
QUANTO AO PRAZO, os títulos de crédito podem ser classificados em 
títulos à vista, títulos a certo prazo da vista, títulos a data certa e títulos 
a certo prazo da data. 
Os títulos à vista devem ser pagos no momento de sua apresentação 
ao devedor, ou seja, seu vencimento ocorre no momento da apresentação 
(ex.: cheque). Caso a obrigação não seja honrada na apresentação, o 
protesto do título valerá como prova do vencimento. 
 
Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e 
o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos 
de dívida (art. 1.º da Lei 9.492/1997). Deve ser feito no Cartório de 
Protesto de Títulos. O protesto dá publicidade ao título e prova a 
impontualidade do devedor, constituindo-o em mora (atraso). Falaremos 
mais do protesto adiante. 
 
Os títulos a certo prazo da vista devem ser pagos até um prazo 
máximo, contado da apresentação (ex.: 30 dias após a apresentação do 
título ao devedor). 
 
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Os títulos a data certa ou a dia certo devem ser pagos na data neles 
prevista. 
 
Por fim, os títulos a certo prazo da data devem ser honrados em um 
prazo máximo, contado da data do saque (emissão) do título (ex.: 30 dias a 
partir de hoje). Essa classificação é mais bem visualizada quando aplicada 
na questão. 
 
QUANTO À CIRCULAÇÃO, os títulos de créditos classificam-se em 
títulos ao portador e títulos nominais. 
 
Os títulos ao portador são os que não indicam o nome do 
beneficiário na cártula e, por isso, seu titular é aquele que o possui em 
determinado momento (portador). A transferência da propriedade de um 
título ao portador se dá por mera tradição (entrega) da cártula (art. 904 do 
CC/2002). 
 
Os títulos nominais são os que indicam o beneficiário no próprio 
documento e, por isso, a transferência de seu domínio exige um ato formal 
(que pode variar em função da espécie de título nominal), além da simples 
tradição. Os títulos nominais subdividem-se em títulos à ordem, não à 
ordem e nominativos. 
 
Título nominal à ordem é aquele que traz o nome do beneficiário, 
mas permite que este o transfira por meio de endosso, que é a 
transferência por meio da assinatura do titular no documento. Estudaremos 
o endosso adiante. 
 
O título nominal não à ordem é aquele que traz o nome do 
beneficiário, mas não permite que este o transfira por meio de endosso, 
justamente por trazer expressa a cláusula “não à ordem”. Neste caso, a 
transferência do título só pode ser feita por cessão civil de crédito, forma 
de transferência do direito regido pelas regras do Direito Civil e, portanto, 
sem as garantias do Direito Cambial. Adianteveremos as diferenças entre o 
endosso e a cessão ordinária (ou civil) de crédito. 
 
Por fim, o título nominativo é aquele cujo nome do beneficiário 
consta de registro próprio do emitente do título (art. 921 do CC/2002). A 
transferência, neste caso, deve ser feita por meio de termo no referido 
registro, assinado pelo alienante e pelo adquirente do título (art. 922 do 
CC/2002) (lembre-se das ações nominativas das sociedades anônimas). 
Caso o título nominativo seja transferido por endosso em preto, a 
transferência só terá eficácia perante o emitente depois de feita a 
competente averbação em seu registro (art. 923 do CC/2002). 
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6 - (CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/AGU/2012)O título que for emitido 
em favor de pessoa cujo nome conste no registro do emitente e que 
for transferido mediante termo assinado pelo proprietário e pelo 
adquirente constituirá título à ordem. 
 
Os títulos de crédito podem ser classificados quanto à FORMA DE 
TRANSFERÊNCIA em: 
- Ao portador 
- Nominal 
- Nominativo. 
AO PORTADOR - ocorre quando o título circula com a simples tradição, 
ou seja, entrega do título do dono para o outro. 
Código Civil - Art. 904. A transferência de título ao portador se faz por 
simples tradição. 
NOMINAL À ORDEM - ocorre quando no próprio título está escrito o 
nome do titular, ou seja, a quem pertence o título e sua transferência 
só acontece quando o titular assina passando o título a outra pessoa e 
essa assinatura chama-se ENDOSSO. 
Art. 910. O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso ou 
anverso do próprio título. 
NOMINATIVO - ocorre quando o título é emitido em favro de uma 
pessoa determinada e o nome dessa pessoa fica escrito no registro de 
quem emite o título. E a transferência ocorre mediante termo assinado 
pelo proprietário e pelo adquirente. 
Art. 921. É título nominativo o emitido em favor de pessoa cujo nome 
conste no registro do emitente. 
Art. 922. Transfere-se o título nominativo mediante termo, em registro 
do emitente, assinado pelo proprietário e pelo adquirente. 
Pela classificação acima descrita podemos constatar que a questão 
define o que é um título de crédito NOMINATIVO e não o À ORDEM. 
 
Gabarito: Errada 
 
QUANTO À ESTRUTURA, os títulos de crédito podem ser de dois 
tipos: ordem de pagamento ou promessa de pagamento. 
 
Na ordem de pagamento, o saque (emissão) do título dá origem a 
três sujeitos cambiais: 
 
- o emitente, sacador ou subscritor, que dá a ordem a alguém 
(devedor ou sacado) para pagar o título a outra pessoa (tomador ou 
beneficiário); 
- o devedor ou sacado, que recebe a ordem de pagar a obrigação; e 
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- o beneficiário ou tomador do título, que é a pessoa descrita no 
documento como detentora do direito de receber o crédito. 
 
 São exemplos de ordem de pagamento a letra de câmbio, o cheque 
e a duplicata. No cheque, o sacador é a pessoa que passa o cheque na 
praça; o sacado é o banco, que deve pagar a obrigação a quem apresentar-
lhe o cheque; e o beneficiário é a pessoa constante do cheque ou a que 
atualmente o possua, em virtude de endosso, cessão civil ou tradição do 
título. Note ainda que o sacador e o tomador podem ser a mesma pessoa 
(posso emitir um cheque em meu próprio nome e descontá-lo no banco). 
 
Na ordem de pagamento, há o instituto do aceite, que consiste no 
reconhecimento expresso da dívida, por escrito, feito pelo sacado no próprio 
título. Na letra de câmbio, por exemplo, o sacador subscreve o título, 
dando ordem ao sacado para que pague certo valor ao tomador. Ora, o 
sacado pode nem saber da existência do título, razão pela qual o credor 
deve apresentar o documento ao devedor, para que este verifique a 
existência da dívida e aceite honrar a obrigação no prazo previsto. 
Estudaremos o aceite em maiores detalhes quando do estudo da duplicata, 
uma vez que a matéria referente à letra de câmbio não consta do edital de 
AFRFB 2012 e nem do AFT 2010 (provavelmente porque a letra de câmbio é 
título raramente usado no Brasil). 
 
Já na promessa de pagamento, temos apenas duas figuras 
jurídicas: 
 
- o promitente ou devedor, que emite o título; e 
- o beneficiário ou tomador do título, que é o credor. 
 
 A nota promissória é uma promessa de pagamento, em que o 
emitente declara expressamente que pagará no futuro determinada quantia 
ao tomador. 
 
Eis uma questão de prova: 
 
7 - (CESPE/FISCAL DE TRIBUTOS/PREFEITURA DE RIO BRANCO/2007) 
Assim como o cheque, a nota promissória é uma ordem de 
pagamento. 
 
O item é errado porque a nota promissória é uma promessa de 
pagamento. 
 
Gabarito: Errado 
 
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QUANTO À NATUREZA, os títulos de crédito podem ser causais ou 
abstratos (não-causais). Os causais são aqueles cuja obrigação que lhes 
deu origem consta expressamente da cártula, só podendo ser emitidos 
quando ocorre tal obrigação. Um exemplo é a duplicata, que só pode ser 
emitida quando ocorre uma venda de mercadorias ou uma prestação de 
serviços (lembre-se da conta “duplicatas a receber”, sinônima de “clientes”, 
que estudamos na Contabilidade Geral). 
 
Ressalte-se que um título causal só o é na origem, pois, a partir do 
momento em que entra em circulação (é transferido a terceiros), ele se 
torna abstrato, conforme o princípio da abstração. Mas atenção: como os 
títulos podem originalmente não ser abstratos, algumas questões de prova 
costumam dizer que o princípio da abstração não é aplicável a todos os 
títulos de crédito (não se aplica aos títulos causais que não entram em 
circulação). Eis um exemplo: 
 
8 - (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF 1.ª REGIÃO/2009) A abstração – 
princípio absoluto dos títulos de crédito – é característica que serve à 
autonomia desses títulos e que é fundamental para a sua circulação. 
 
O item é errado porque a abstração não é princípio absoluto dos títulos 
de crédito, tendo em vista a possibilidade de haver títulos causais que 
não entram em circulação. 
 
Gabarito: Errado 
 
Os títulos abstratos são os que não mencionam a causa que lhes 
originou, podendo, em função disso, ser emitidos em qualquer situação, 
independentemente da relação jurídica extracambial, sendo, portanto, 
abstratos desde sua emissão. O direito inscrito na cártula vale 
independentemente do que tenha ocorrido no mundo fático. São exemplos a 
letra de câmbio, a nota promissória e o cheque. Por exemplo, posso 
emitir um cheque para pagar um almoço, comprar um carro, alugar um 
apartamento ou para saldar qualquer outra obrigação, não havendo 
necessidade de consignar no título a razão de sua emissão. 
 
Endosso 
 
O endosso é a transferência da propriedade do título de crédito 
nominal à ordem por meio da assinatura do atual portador (endossante) 
na própria cártula, que pode ocorrer com a indicação do nome do novo 
beneficiário (endossatário), o chamado endosso em preto, ou sem essa 
indicação, o denominado endosso em branco. Note que um título à ordem 
endossado em branco transforma-se em um título ao portador, por deixar de 
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conter o nome do beneficiário. A matéria referente ao endosso é tratada nosarts. 11 a 20 da LUG. 
 
A possibilidade de alienação do título à ordem por endosso é 
representada justamente pela presença da expressão “à ordem” ou “à sua 
ordem” no corpo do título (examine uma folha do seu talão de cheques e 
você verá essa expressão ao final da linha destinada ao nome do 
beneficiário). Na ausência de cláusula expressa, presume-se que o título é à 
ordem. Vejamos alguns exemplos de endosso: 
 
Endosso em preto a João da Silva, feito por Pedro de Souza: 
 
Endosso a João da Silva. 
Pedro de Souza 
 
Endosso em branco, feito por Pedro de Souza: 
 
Pedro de Souza 
 
No endosso em branco, basta a assinatura do beneficiário. O endosso 
é geralmente feito no verso do título. Se feito no anverso (parte frontal) da 
cártula, deve constar expressamente alguma expressão que demonstre que 
se trata de um endosso, não bastando a simples assinatura. 
 
A letra de câmbio, a nota promissória, o cheque e a duplicata são 
títulos nominais à ordem. No caso do cheque, admite-se sua emissão ao 
portador, até o limite de R$ 100 (cem reais) (art. 69 da Lei 9.069/1995). 
Nada impede, ainda, que o possuidor de um título endossado em branco 
aponha seu nome no título, tornando o endosso em preto. 
 
Resolva agora esta questão da Esaf: 
 
9 - (ESAF/AGENTE AUXILIAR E ARRECADADOR TRIBUTÁRIO/SEFAZ-
PI/2001) Títulos de créditos são: 
a) documentos públicos 
b) documentos que legitimam o exercício de direitos cartulares 
c) instrumentos de dívida 
d) únicos instrumentos cuja circulação se faz por tradição 
e) instrumentos que só podem ser endossados em preto 
 
A letra A é errada porque os títulos de crédito podem ser emitidos por 
particulares. A letra B é correta, pois os direitos decorrentes dos títulos 
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de crédito exigem a presença da cártula para seu exercício (princípio 
da cartularidade). A letra C é incorreta porque o título de crédito só 
será instrumento de dívida quando não for emitido à vista, situação 
em que representará uma dívida a ser paga futuramente. Todavia, os 
títulos de crédito podem ser emitidos à vista, quando representarão 
um instrumento de pagamento. A letra D é falsa, já que vários outros 
instrumentos podem circular por tradição, como no caso dos negócios 
jurídicos que envolvem bens móveis, cuja propriedade se transfere 
pela tradição. Por fim, a letra E é errada porque os títulos de crédito 
podem ser endossados em branco ou em preto. 
 
Gabarito: B 
 
 
Um título pode ser endossado inúmeras vezes, gerando o que se 
denomina cadeia de endossos. Se não houver mais espaço no documento 
para novos endossos, pode ser anexada uma folha à cártula, para que sejam 
colocadas novas assinaturas. É a chamada folha de alongamento ou de 
alongue. Considera-se legítimo possuidor do título aquele que prova seu 
direito por meio de uma série ininterrupta de endossos em preto, ainda que 
o último seja em branco, pois, nessa hipótese, o portador poderá 
acrescentar seu próprio nome ao título, tornando o endosso em preto. Se o 
único endosso existente for em branco, o portador do título será seu legítimo 
titular. Os endossos riscados consideram-se, para efeito da cadeia de 
endossos, como não-escritos. Veja este exemplo de cadeia de endossos: 
 
Endossei a Luiz Carlos 
Pedro José 
Luiz Carlos 
Endossado a Mário Sérgio 
Carlos Magno 
Cedo por endosso a Carlos Silva 
Mário Sérgio 
Cedo por endosso a Carlos Oliveira 
Mário Sérgio 
 
No exemplo acima, o beneficiário original do título era Pedro José. Já o 
atual beneficiário é Carlos Oliveira, único legitimado a apresentar o 
documento ao devedor original para cobrança, segundo a cadeia de 
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endossos. Note ainda que Luiz Carlos endossou o título em branco, mas logo 
depois há um endosso em preto de Carlos Magno a Mário Sérgio. Com isso, 
presume-se que o título, após o endosso de Luiz Carlos, circulou como título 
ao portador até chegar a Carlos Magno, que, naquele momento, se tornou 
seu legítimo possuidor, até endossá-lo novamente (em preto) a Mário 
Sérgio. 
 
O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele seja 
subordinado (ex.: endosso a fulano, desde que ele aceite cumprir tal 
obrigação) considera-se como não-escrita. Da mesma forma, o endosso 
parcial é nulo, isto é, o crédito inteiro constante do título deve ser 
transmitido pelo endosso. 
 
A transferência do título por endosso acarreta a responsabilidade 
solidária do endossante não só pela existência, mas pela própria solvência 
do crédito (se o devedor principal for insolvente, isto é, não puder pagar a 
obrigação, o endossante responde por isso). Lembre-se de que a 
solidariedade permite que a dívida seja cobrada na integralidade de qualquer 
dos devedores solidários. Assim, o portador de boa-fé, futuramente, pode 
acionar judicialmente tanto o devedor original como qualquer endossante 
constante da cadeia de endossos para honrar a obrigação. Para acionar os 
coobrigados, contudo, o atual titular do direito deverá provar que não 
conseguiu receber do devedor original, conforme veremos adiante. 
 
Veja o seguinte exemplo: A emite um cheque em favor de B, que o 
endossa em preto a C. C endossa em branco a D, que, por sua vez, o 
entrega a E por simples tradição (sem endosso). Com isso, E será o legítimo 
proprietário do título, pois o último endosso foi em branco, o que tornou o 
cheque ao portador. Note ainda que, como D não figura na cadeia de 
endossos, não terá responsabilidade alguma pelo pagamento da obrigação. 
 
 emissão endosso em preto endosso em branco tradição 
A ��� B ��� C ��� D ��� E 
emitente beneficiário endossatário 1 portador 
 endossante 1 endossante 2 
 
Caso E não consiga receber o cheque, por exemplo, por insuficiência 
de fundos na conta de A, poderá acionar um, alguns ou todos os demais 
coobrigados da cadeia de endossos (em qualquer ordem) para honrar o 
cheque. Se um deles quitar o título, passará a ter direito de regresso 
contra os anteriores a ele na cadeia. Assim, E poderá cobrar a dívida de C, 
B ou A (lembre que D não figura na cadeia de endossos, não tendo 
responsabilidade pelo crédito). Se C quitar a dívida, poderá cobrá-la de B ou 
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A. Obviamente, se o cheque é honrado pelo próprio devedor inicial (A), não 
há que se falar em direito de regresso. 
 
Além disso, se um dos coobrigados paga a dívida, ele exonera os 
responsáveis posteriores a ele na cadeia de endossos. Assim, se B paga o 
título a E, C fica liberado da dívida, mas A poderá ser acionado por B. 
 
Ressalte-se ainda que o art. 914 do CC/2002 estabelece que o 
endossante só responde solidariamente pelo cumprimento da prestação 
constante do título se houver cláusula expressa no próprio endosso nesse 
sentido. Todavia, tal regra não é aplicável aos títulos que possuem lei 
especial de regência que disponham em sentido contrário (art. 903 do 
CC/2002), como é o caso da nota promissória, do cheque e da duplicata, 
como veremos à frente. 
 
Existem diferenças fundamentais entre a transferência do título por 
endosso e por cessão civil de crédito. O endosso, alémde transferir a 
propriedade do título ao endossatário, vincula o endossante ao pagamento 
do título, na qualidade de coobrigado do devedor original, respondendo 
tanto pela existência, como pela solvência do crédito. 
 
Não obstante, o endossante pode proibir um novo endosso, o que 
não veda efetivamente o endosso posterior, mas faz com que o endossante 
que fez a proibição seja excluído de responsabilidade pelo pagamento do 
crédito aos que figurarem na cadeia de endossos após seu endossatário. 
Veja este exemplo: 
 
Endossei a André Luiz 
Daniel Paulo 
Endossado a Mauro Silva, com proibição de novo endosso 
André Luiz 
Endosso a José Oliveira 
Mauro Silva 
Endosso a Carlos Lima 
José Oliveira 
 
No presente exemplo, José Oliveira, se precisar acionar os coobrigados 
do título, não poderá demandar André Luiz, que proibiu novo endosso. 
Todavia, André Luiz será responsável junto a Mauro Silva, caso este venha a 
acioná-lo em juízo. 
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Veja esta questão de concurso sobre o endosso: 
 
10 - (CESPE/FISCAL DE TRIBUTOS/PREFEITURA DE RIO 
BRANCO/2007) O endosso lançado em uma duplicata, em regra, 
acarreta a condição de coobrigado do respectivo endossante. 
 
O item é correto, pois o endossante, como regra, é responsável 
solidário pela solvência do título de crédito, só se exonerando dessa 
responsabilidade se, ao endossar, incluir expressamente a cláusula 
“proibido novo endosso”. 
 
Gabarito: Certo 
 
Já a cessão civil de crédito responsabiliza o cedente apenas pela 
existência do crédito, não pela sua solvência (arts. 295 e 296 do CC/2002). 
Por exemplo, se o devedor de um título de crédito endossado não o honra, o 
portador pode executar o endossante. Já o indivíduo que recebe o título por 
cessão civil só pode executar o cedente se o crédito não existir, e não se o 
devedor se tornar insolvente (incapaz de pagar a dívida). 
 
Outra diferença é que o devedor pode opor ao portador do título 
recebido por cessão civil as exceções pessoais que tinha contra o cedente 
(art. 294 do CC/2002), o que não ocorre em caso de endosso, em função do 
princípio da autonomia e do subprincípio da inoponibilidade das exceções 
pessoais aos terceiros de boa-fé, estudados acima. 
 
Destaque-se ainda que, se um título com a cláusula “não à ordem” 
for endossado, o endosso terá os efeitos de uma cessão civil de crédito, com 
as características acima citadas. 
 
O endosso pode ser próprio ou impróprio. O endosso próprio é o 
visto acima, que transfere a propriedade do título e acarreta a 
responsabilidade solidária do endossante pelo pagamento do crédito. O 
endosso impróprio é o que não transfere o domínio da cártula, mas 
apenas permite que o endossatário exerça alguns direitos relativos ao título. 
O endosso impróprio possui duas espécies: o endosso-mandato e o 
endosso-caução. 
 
 Endosso-mandato ou endosso-procuração é o que apenas permite 
ao endossatário representar o endossante quanto aos direitos referentes ao 
título (ex.: cobrar o título do devedor). Exemplo: 
 
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Endosso por procuração a Carlos Lima 
José Oliveira 
 
 
O endossatário de endosso-mandato só pode endossar novamente o 
título na qualidade de procurador, com os mesmos poderes que recebeu. 
Além disso, se houver morte ou superveniente incapacidade civil do 
endossante, o endosso-mandato não perde eficácia. Ademais, como o 
endossatário é mero representante do endossante, o devedor do título pode 
opor ao endossatário as exceções pessoais que tiver contra o endossante 
(art. 18 da LUG e art. 917 do CC/2002). 
 
 Endosso-caução, endosso-garantia ou, ainda endosso-
pignoratício (o termo vem de penhor) é aquele em que o endossante 
entrega o título ao endossatário como garantia de uma dívida que aquele 
tenha com este. Exemplo: 
 
Endossado em garantia ao Banco Cruzeiro S.A. 
Carlos Barbosa 
 
O endosso-caução confere ao endossatário o exercício dos direitos 
inerentes ao título, mas ele só poderá realizar novo endosso na qualidade de 
procurador. O devedor do título não pode opor ao endossatário de endosso-
penhor as exceções que tinha contra o endossante, salvo se aquele 
(endossatário) tiver agido de má-fé, em detrimento do devedor (ex.: o 
endossatário recebe o título sabendo que o valor já havia sido pago ao 
endossante e mesmo assim promove sua cobrança) (art. 19 da LUG e art. 
918 do CC/2002). 
 
 O título endossado em garantia permanece empenhado com o 
endossatário até que o endossante lhe pague a dívida que há entre ambos. 
Havendo inadimplemento do endossante, o endossatário terá direito à 
efetiva propriedade do título. 
 
É possível que o endosso seja feito após o vencimento do título. 
Nesse caso, ele terá os mesmos efeitos que o endosso anterior ao 
vencimento. Por outro lado, se o endosso for feito após o protesto por 
falta de pagamento ou após a expiração do prazo para protestar 
(endosso póstumo ou tardio) produzirá apenas os efeitos de uma cessão 
ordinária (civil) de créditos. Se o endosso for feito sem data, presume-se, 
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salvo prova em contrário, que ele foi feito antes de expirado o prazo fixado 
para se fazer o protesto (art. 20 da LUG). 
 
Veja esta questão da Esaf sobre o endosso: 
 
11 - (ESAF/FISCAL DE TRIBUTOS ESTADUAIS/PA/2002) O endosso é 
instituto de direito cambiário que 
a) se aplica apenas para representar a transferência de titularidade. 
b) serve para determinar a legitimação cambiária. 
c) impõe ao endossante o dever de garantir a legitimidade dos 
endossos anteriores. 
d) deve ser em preto para garantir a formação da cadeia de regresso. 
e) serve para indicar que alguém deixa de ser titular do direito 
cambiário. 
 
A letra A é errada, pois o endosso pode transferir a titularidade do 
título de crédito (endosso próprio) ou não (endosso impróprio). A letra 
B é o gabarito porque, por meio da análise da cadeia de endossos do 
título, pode-se determinar quem é o seu legítimo titular. A letra C é 
falsa, já que o endossante não garante a legitimidade dos endossos 
anteriores. Ele não responde, por exemplo, pela autenticidade das 
demais assinaturas. A letra D é incorreta porque o endosso pode ser 
em branco ou em preto. E a letra E é errada, pois o endosso impróprio 
não faz com que o endossante deixe de ser o titular do crédito. 
 
Gabarito: B 
 
E aí aprendeu tudo sobre endosso? É um assunto interessante e que 
costuma ser cobrado em prova, assim como o próximo assunto, o aval... 
Então bastante atenção e vamos juntos... 
 
Aval 
 
O aval é uma garantia cambial firmado por uma pessoa, chamada 
avalista ou dador do aval, por meio da qual ela garante o pagamento do 
título. A pessoa por quem o avalista se obriga é o avalizado, a qual pode 
ser o sacador, o devedor original ou um dos endossantes do título. O 
avalista pode ser um terceiro ou mesmo um dos signatários do título (art. 30 
da LUG). 
 
O aval deve ser escrito na própria cártula ou na folha de alongamento. 
Exprime-se pelas palavras “bom para aval”, “avalizo” ou por qualquer outra 
fórmula equivalente e deve ser assinado pelo avalista. Se aposto na face 
anterior do título (anverso), basta a simples assinatura do avalista, salvo se 
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se tratar das assinaturas do sacado ou do sacador. Inserido no verso, deve 
haver indicação expressa de que se trata de um aval (art. 31 da LUG). 
 
O aval, como regra, deve indicar a pessoa do avalizado (aval em 
preto). Na falta de indicação (aval em branco), a definição de quem será o 
avalizado dependerá da legislação específica de cada título. No caso da nota 
promissória, por exemplo, será o subscritor do título (arts. 31 e 77 da 
LUG). No cheque, será o seu emitente (art. 30, par. único, da Lei 
7.357/1985). Na duplicata, vai depender do caso concreto, conforme 
veremos adiante. Veja estes exemplos: 
 
Aval em preto a João da Silva, feito por Pedro de Souza: 
 
Avalizo João da Silva. 
Pedro de Souza 
 
Aval em branco, feito por Pedro de Souza (na frente do título): 
 
Pedro de Souza 
 
O avalista, assim como os demais coobrigados, são responsáveis 
solidários pelo pagamento do crédito. Na cadeia de endossos, o avalista se 
posiciona imediatamente após o seu avalizado. Além disso, a obrigação 
do avalista mantém-se mesmo no caso de a obrigação garantida pelo aval 
ser nula por qualquer razão, salvo se em razão de um vício de forma do 
título (art. 32 da LUG). Isso se deve ao princípio da autonomia, isto é, 
entende-se que a obrigação do avalista é autônoma em relação à do 
avalizado e às demais constantes do título, devendo ser por ele honrada 
ainda que haja alguma nulidade na obrigação garantida (ex.: falsidade da 
assinatura do avalizado). 
 
Veja como a questão já foi cobrada pela Esaf: 
 
12 - (ESAF/AFTN/TRIBUTAÇÃO E JULGAMENTO/1996/ADAPTADA) Nos 
títulos de crédito, o aval é uma garantia acessória do pagamento do 
título. 
 
O item é errado porque a obrigação do avalista é autônoma, e não 
acessória, em relação à do avalizado. 
 
Gabarito: Errado 
 
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Se o avalista pagar a obrigação, ficará sub-rogado nos direitos 
emergentes desse título contra o avalizado e os demais coobrigados 
anteriores a ele na cadeia de endossos (art. 32 da LUG). O aval 
cancelado deve ser considerado como não-escrito (art. 898, § 2.º, do 
CC/2002). 
 
O aval pode ser total ou parcial (art. 30 da LUG). Embora o Código 
Civil vede o aval parcial (art. 897, par. único), tal regra não prevalece para 
os títulos que possuem lei especial dispondo diversamente (art. 903 do 
CC/2002), como a letra de câmbio e a nota promissória (LUG), o cheque 
(art. 29 da Lei 7.357/1985) e a duplicata (art. 25 da Lei 5.474/1968). Caso 
o aval seja dado após o vencimento do título, ele produzirá os mesmos 
efeitos do anteriormente dado (art. 900 do CC/2002). 
 
O aval pode ser dado também a outro avalista. Imagine que Fulano é o 
devedor principal de um título de crédito e tem Beltrano por seu avalista. 
Ocorre que Beltrano, por sua vez, é avalizado por Sicrano, que se torna, 
desse modo, avalista do avalista. Neste caso, os avais são chamados de 
sucessivos. Por outro lado, é possível que o devedor possua dois avalistas 
garantindo a sua dívida, quando teremos avais simultâneos. 
 
DIFERENÇA FUNDAMENTAL PARA O CONHECIMENTO: Não se confunde 
o aval com a fiança (arts. 818 a 826 do CC/2002). A FIANÇA é um instituto 
de garantia regulado pelo Direito Civil, O AVAL uma garantia regida pelo 
Direito Cambial (é muito comum o contrato de fiança vinculado a um 
contrato de aluguel de imóvel, quando o locador exige que o locatário 
apresente um fiador). A obrigação do avalista é autônoma e solidária em 
relação à do avalizado, como visto acima. Já a do fiador é acessória e 
subsidiária, de modo que uma nulidade na obrigação do afiançado 
contamina a obrigação do fiador. Além disso, este só pode ser cobrado após 
a impossibilidade de pagamento da dívida pelo afiançado (benefício de 
ordem). Já o avalista, por ser solidário com o avalizado, não possui tal 
benefício, podendo ser acionado diretamente pelo credor do título. 
 
Outra diferença é que o aval deve estar contido na cártula, em atenção 
ao princípio da literalidade. Já a fiança pode estar no próprio contrato da 
respectiva obrigação ou em instrumento separado. Além disso, tendo em 
vista o princípio da autonomia, não pode o avalista opor as exceções 
pessoais do avalizado para se defender do credor de boa-fé (ex.: avalizado 
que já tenha pago a obrigação). Na fiança, as exceções pessoais do 
afiançado podem ser alegadas pelo fiador. 
 
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Por fim, destaque-se que um cônjuge não pode prestar fiança ou aval 
sem a autorização do outro, exceto se o regime do casamento for o de 
separação absoluta de bens (art. 1.647, III, do CC/2002). 
 
Veja como essa questão já foi cobrada: 
 
13 - (CESPE/FISCAL DE TRIBUTOS/PREFEITURA DE RIO 
BRANCO/2007) Depois do novo Código Civil, conforme sucede com a 
fiança, em regra, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do 
outro, prestar aval. 
 
O item é correto, já que, com visto acima, o CC/2002 estabelece que 
um cônjuge só poderá prestar fiança ou aval sem a autorização do 
outro, se o regime do casamento for o de separação absoluta de bens. 
 
Gabarito: Certo 
 
Vencimento e Pagamento 
 
 Vencimento é a data em que a obrigação constante do título pode ser 
exigida do devedor, para que este efetue o respectivo pagamento da 
dívida. Somente com o vencimento o título se torna exigível. O vencimento 
pode ser ordinário ou extraordinário. O primeiro decorre da regra 
prevista no próprio título, que, como vimos, pode ser à vista, a certo prazo 
da vista, a data certa e a certo prazo da data. O segundo surge com a 
ocorrência de algum fato anormal antes do vencimento ordinário (ex.: 
falência do devedor), devendo haver o protesto do título para 
reconhecimento do vencimento antecipado (art. 19, II, do Decreto 
2.044/1908). 
 
 Na data do vencimento, para que a obrigação seja exigida, deve o 
título ser apresentado pelo portador ao devedor, em função do princípio da 
cartularidade. O título de crédito representa uma dívida quesível 
(quérable), isto é, em que o credor deve ir até o devedor para receber o 
respectivo valor, e não o contrário (dívida portável ou portable). A 
apresentação deve se dar no lugar de pagamento do título. A nota 
promissória à vista vence no momento da apresentação ao devedor, o que 
deve ocorrer até um ano, a contar da data de emissão (art. 34 da LUG). No 
cheque, o vencimento é sempre à vista e o prazo de apresentação para 
pagamento é de 30 ou 60 dias, conforme o caso (veremos isso quando 
estudarmos o cheque). 
 
Aquele que paga o título no vencimento fica validamente desobrigado, 
salvo se tiver agido de má-fé. É seu dever verificar a regularidade da 
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sucessão dos endossos, mas não a veracidade das assinaturas dos 
endossantes (art. 40 da LUG e art. 39 da Lei 7.357/1985). 
 
Antes do vencimento, o credor não é obrigado a aceitar o pagamento, 
nem o devedor pode ser obrigado a honrá-lo. Vencido o título, porém, o 
credor não pode recusar o pagamento, ainda que parcial (art. 902, § 1.º, 
do CC/2002). Sendo o pagamento parcial, o portador não entregará o título 
ao devedor, mas apenas dará quitação em separado da parte paga e a 
firmará também no próprio título, que se tornará exigível apenas pelo 
restante, inclusive dosdemais coobrigados (art. 902, § 2.º, do CC/2002). 
 
Ao pagar o título, o devedor deve exigir que lhe seja entregue a 
cártula, cuja posse presume o pagamento da dívida cambial (princípio da 
cartularidade). Se o devedor não se apossar do título, este poderá ser 
endossado a terceiro de boa-fé, que terá o direito de cobrar novamente a 
obrigação do devedor, sem que este possa opor a exceção pessoal de já ter 
realizado o pagamento, conforme já comentado antes (inoponibilidade das 
exceções pessoais aos terceiros de boa-fé). 
 
Se o devedor original não pagar a obrigação, o credor poderá se voltar 
contra os demais coobrigados. Para isso, deverá antes efetuar o protesto 
do título. 
 
Protesto 
 
Protesto, como dito antes, é o ato formal e solene pelo qual se prova 
a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e 
outros documentos de dívida (art. 1.º da Lei 9.492/1997). Deve ser feito no 
Cartório de Protesto de Títulos. O protesto dá publicidade ao título e prova a 
impontualidade do devedor, constituindo-o em mora (atraso). Por meio dele, 
o portador faz prova aos coobrigados do título de que o devedor original não 
honrou sua obrigação. 
 
Não é necessário protestar o título para cobrar a dívida do devedor 
principal (emitente da nota promissória ou do cheque e aceitante da 
duplicata) e seu respectivo avalista, mas para que os demais coobrigados 
(endossantes do título e respectivos avalistas) sejam demandados, o 
protesto é requisito prévio fundamental. Por isso, costuma-se dizer que 
o protesto é facultativo em relação ao devedor original e seu avalista e 
obrigatório quanto aos demais responsáveis solidários e seus respectivos 
avalistas. A perda do prazo para protesto, assim, acarreta a perda do direito 
de regresso do credor contra os demais coobrigados no título. 
 
 
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Veja como a questão já foi cobrada pela Esaf: 
 
14 - (ESAF/AFTN/TRIBUTAÇÃO E JULGAMENTO/1996/ADAPTADA) Nos 
títulos de crédito, a falta do protesto necessário, nos prazos legais, 
exonera os coobrigados. 
 
O item é correto porque a execução dos coobrigados nos títulos de 
crédito depende da prévia realização do protesto. 
 
Gabarito: Certo 
 
O protesto por falta de pagamento só pode ser feito após o 
vencimento (art. 21, § 2.º, da Lei 9.492/1997), e deve ocorrer: 
 
- nos dois dias úteis seguintes àquele em que o título for pagável, 
para a nota promissória (art. 44 da LUG). Há autores, contudo, que 
entendem que deve ser seguida a regra do art. 28 do Decreto 
2.044/1908, que estabelece que o título deve ser entregue ao tabelião 
no primeiro dia útil após o vencimento; 
- antes de expirado o prazo de apresentação ou, se esta ocorrer 
no último dia do prazo, no primeiro dia útil seguinte, para o 
cheque (art. 48 da Lei 7.357/1985); 
- em 30 dias, contados do vencimento, para a duplicata (art. 13, § 
4.º, da Lei 5.474/1968). 
 
O sacador do título pode inserir a cláusula “sem protesto” ou “sem 
despesas” no título, o que permitirá que o portador fique dispensado de 
fazer o protesto para poder exercer seu direito de ação contra os 
coobrigados. Se a cláusula for inserida por um endossante ou avalista, ela só 
produzirá efeito em relação a esse endossante ou avalista (art. 46 da LUG e 
art. 50 da Lei 7.357/1985). 
 
O portador do título deve avisar que houve a falta de pagamento ao 
seu endossante e ao sacador dentro dos quatro dias úteis que se seguirem 
ao dia do protesto ou da apresentação, no caso de o título conter a cláusula 
“sem despesas”. Cada um dos endossantes deve, por sua vez, dentro dos 
dois dias úteis que se seguirem ao da recepção do aviso, informar o seu 
endossante do aviso que recebeu, e assim sucessivamente até se chegar ao 
emitente. Os prazos acima indicados contam-se a partir da recepção do 
aviso precedente. O respectivo avalista deve ser avisado dentro do mesmo 
prazo de tempo. A pessoa que não der o aviso dentro do prazo acima não 
perde os seus direitos, mas será responsável pelo eventual prejuízo 
decorrente de sua negligência, limitada a indenização à importância do título 
(art. 45 da LUG e art. 49 da Lei 7.357/1985). 
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15 - (FCC/JUIZ ESTADUAL/TJ-GO/2012) No tocante ao título de 
crédito, é correto afirmar que: 
a) quando não indicado, considera-se lugar de sua emissão e de 
pagamento o domicílio do credor. 
b) sua transferência não implica a de todos os direitos que lhe são 
inerentes. 
c) pode-se reivindicá-lo do portador que o adquiriu de boa-fé e na 
conformidade das normas que disciplinam sua circulação. 
d) não tendo ele indicação de vencimento, entende-se que o prazo de 
pagamento é o de sessenta dias. 
e) enquanto estiver em circulação, só ele poderá ser dado em 
garantia, ou ser objeto de medidas judiciais, e não, separadamente, os 
direitos ou mercadorias que representa. 
 
 
Letra a) INCORRETA – Não é domicílio do credor e sim do emitente do 
título. 
CC - Art.889 - § 2o Considera-se lugar de emissão e de pagamento, 
quando não indicado no título, o domicílio do emitente. 
Letra b) INCORRETA – A transferência do título implica sim na 
transferência de todos os direitos inerentes ao título. 
Art. 893. A transferência do título de crédito implica a de todos os 
direitos que lhe são inerentes. 
Letra c) INCORRETA – Se o portador adquiriu o título de boa-fé não 
pode ser reivindicado esse título. 
Art. 896. O título de crédito não pode ser reivindicado do portador que 
o adquiriu de boa-fé e na conformidade das normas que disciplinam a 
sua circulação. 
Letra d) INCORRETA – Não havendo indicação de vencimento o título 
será à vista. 
Art. 889 - § 1o É à vista o título de crédito que não contenha indicação 
de vencimento. 
Letra e) CORRETA – - Os títulos de créditos por serem desvinculados 
do contrato que lhe deu origem só pode ser garantido por ele mesmo, 
como é o caso do aval e pelo princípio da cartularidade entendemos 
que só o título pode ser objeto de medidas judiciais. 
Art. 895. Enquanto o título de crédito estiver em circulação, só ele 
poderá ser dado em garantia, ou ser objeto de medidas judiciais, e 
não, separadamente, os direitos ou mercadorias que representa. 
 
Gabarito: E 
 
 
 
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2 – NOTA PROMISSÓRIA 
 
 Muitas das características da nota promissória já foram 
referenciadas acima, quando do estudo da matéria geral de títulos de 
crédito. Agora serão tratados alguns aspectos particulares deste título. Veja 
abaixo um modelo possível de nota promissória: 
 
 
 
 A nota promissória, como já foi dito, é uma promessa de 
pagamento. Por meio dela, o promitente declara que pagará, no futuro, 
determinada valor expressa no título. A figura apresentada é apenas um 
possível modelo, porque a promissória é um título de forma livre, bastando, 
para sua validade, que contenha os elementos essenciais citados em lei, 
quais sejam (art. 75 da LUG): 
 
- a denominação “nota promissória” inserta no próprio texto do título e 
expressa na língua empregada para a redação desse título; 
- a promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada; 
- a época do pagamento; 
- a indicação do lugar em que se efetuar o pagamento; 
- o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga (a 
nota promissória não pode ser emitida ao portador); 
- a indicação da dataem que e do lugar onde a nota promissória é 
passada; 
- a assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor). 
 
O título em que faltar algum dos requisitos acima não produzirá efeito 
como nota promissória, salvo nos casos seguintes (art. 76 da LUG): 
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- a nota promissória em que não se indique a época do pagamento 
será considerada à vista. 
- na falta de indicação especial, o lugar onde o título foi passado 
considera-se como sendo o lugar do pagamento e, ao mesmo tempo, o 
lugar do domicílio do subscritor da nota promissória. 
- a nota promissória que não contenha indicação do lugar onde foi 
passada considera-se como o tendo sido no lugar designado ao lado do 
nome do subscritor. 
 
Veja esta questão sobre os requisitos da nota promissória: 
 
16 - (CESPE/EXAME DE ORDEM/OAB/2008.2) Os títulos de crédito são 
tradicionalmente concebidos como documentos que apresentam 
requisitos formais de existência e validade, de acordo com o regulado 
para cada espécie. Quanto aos seus requisitos essenciais, a nota 
promissória: 
a) poderá não indicar o nome do sacado, permitindo-se, nesse caso, 
saque ao portador. 
b) precisa ser denominada, com sua espécie identificada no texto do 
título. 
c) poderá ser firmada por assinatura a rogo, se o sacador não puder 
ou não souber assiná-la. 
d) conterá mandato puro e simples de pagar quantia determinada. 
 
A letra A é errada porque a promissória é título à ordem, não podendo 
ser emitida ao portador. A letra B é correta, pois a denominação “nota 
promissória” inserta no próprio texto do título é requisito essencial à 
sua validade. A letra C é falsa, já que a nota promissória deve conter a 
assinatura de quem a passou (subscritor). E a letra D é incorreta 
porque a promissória não é uma ordem de pagamento, é uma 
promessa de pagamento. 
 
Gabarito: B 
 
Quanto ao prazo, a nota promissória pode ser à vista, a dia certo ou 
a tempo certo da data (art. 55 do Decreto 2.044/1908). O emitente pode 
estipular que a nota promissória pagável à vista não deverá ser apresentada 
a pagamento antes de uma certa data. Nesse caso, o prazo para 
apresentação conta-se dessa data (art. 34 da LUG). 
 
Existe uma importante exceção ao princípio da autonomia, no caso 
da nota promissória. Uma prática muito comum dos bancos era a exigência 
de que o tomador de empréstimo bancário emitisse uma nota promissória 
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em favor do banco, como garantia de pagamento da quantia liberada. Com 
isso, os bancos pretendiam ter mais facilidade para cobrar seu crédito, em 
caso de inadimplência do devedor. Todavia, o contrato de abertura de 
crédito bancário não goza de liquidez, pois seu valor não é previamente 
definido, dependendo da quantia efetivamente tomada e dos juros que 
incidam no período. Em função disso, o STJ decidiu que: “A nota promissória 
vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em 
razão da iliquidez do título que a originou” (Súmula 258). 
 
 Aplicam-se à nota promissória as regras vistas sobre endosso, aval, 
vencimento, pagamento e protesto. 
 
Eis uma questão da Esaf sobre a nota promissória: 
 
17 - (ESAF/DEFENSOR PÚBLICO/CE/2002) A nota promissória: 
a) pode ser emitida ao portador; 
b) deve, obrigatoriamente, conter o nome da pessoa a quem ou à 
ordem de quem deve ser paga; 
c) não pode ser endossada; 
d) precisa, necessariamente, ser avalizada. 
 
 
A letra A é errada, pois a nota promissória não pode ser emitida ao 
portador, devendo, obrigatoriamente, conter o nome da pessoa a 
quem ou à ordem de quem deve ser paga. Em função disso, a letra B 
está certa. Nada impede, contudo, o endosso em branco da nota, o 
que a transformará em um título ao portador. Aliás, a letra C é 
incorreta, ao dizer que a promissória não pode ser endossada, já que 
esse título pode ser objeto de endosso normalmente. E a letra D é 
falsa, pois não é obrigatória a existência de aval na nota promissória. 
 
Gabarito: B 
 
Ação Cambial 
 
Como os demais títulos de crédito, a nota promissória é um título 
executivo extrajudicial (art. 585, I, do CPC). Assim, para sua cobrança, não 
é necessário um processo de conhecimento, podendo o credor ajuizar 
diretamente a ação de execução. A ação contra o devedor principal e seu 
avalista é chamada de direta e contra os endossantes e seus avalistas é 
denominada de regressiva, lembrando que a ação contra estes exige o 
prévio protesto do título. Em função do princípio da cartularidade, o título 
original deve acompanhar a petição inicial (salvo se estiver juntado a outro 
processo judicial, conforme visto antes). 
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Os embargos do devedor (espécie de defesa processual) só poderão 
versar sobre defeito formal do título (ex.: ausência do nome do título, 
indefinição da quantia a ser paga, rasura, etc.), direito pessoal contra o 
exequente (ex.: pagamento anterior ao exequente, dolo do exequente) ou 
ausência de requisito para o exercício da ação executiva (ex.: falta de 
protesto). O que não se admite é o executado alegar contra o credor de boa-
fé alguma exceção pessoal que tiver contra o beneficiário original, 
conforme já estudado (ex.: pagamento anterior ao credor inicial, dolo do 
credor inicial, etc.). 
 
Segundo o STJ, a execução pode ser fundada em mais de um título 
executivo extrajudicial relativo ao mesmo negócio (Súmula 27). Assim, nada 
impede que o exequente promova a execução da dívida com base em um 
cheque e uma nota promissória, ambos utilizados pelo executado para pagar 
determinada transação comercial. 
 
Prescrição 
 
A prescrição é a perda da pretensão de exigir a reparação de um 
direito violado, em função do decurso de um prazo legal. Na prática, é a 
perda do direito do interessado de entrar com uma ação judicial, para fazer 
valer seu direito. Todas as ações contra o emitente e seu avalista 
relativas à nota promissória prescrevem em três anos a contar do seu 
vencimento. As ações do portador contra os endossantes e respectivos 
avalistas prescrevem em um ano, a contar da data do protesto feito em 
tempo útil ou da data do vencimento, se se tratar de título que contenha a 
cláusula “sem despesas”. As ações dos endossantes uns contra os 
outros e respectivos avalistas prescrevem em seis meses, a contar do 
dia em que o endossante pagou a letra ou em que ele próprio foi acionado 
(art. 70 da LUG). 
 
As causas que interrompem a prescrição só produzem efeito em 
relação à pessoa para quem a interrupção foi feita (art. 71 da LUG). Além 
disso, segundo a Súmula 153 do STF: “Simples protesto cambiário não 
interrompe a prescrição”. Esta súmula vale para os títulos de crédito em 
geral. 
 
 Tudo beleza até aqui? Podemos continuar? 
 
 
 
 
 
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3 – CHEQUE 
 
Esse título de crédito todo mundo conhece né? Talvez, por isso seja 
um pouco mais fácil aprender. Alguns vão aprender regras que nunca 
tinham visto, como o cheque administrativo, o cheque cruzado, a legalidade 
ou não do cheque pré-datado. Preparado? Vamos prosseguir pois a 
caminhada é longa. 
 
 O cheque é uma ordem de pagamento à vista, por meio

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