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CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 1 Olá, amigo(a) concurseiro(a)! Iniciaremos agora a Aula 04 de Direito Comercial(Empresarial) para AFRFB e AFT 2013. A aula de hoje versará sobre o item 7 do edital: 7. Nota promissória. Cheque. Duplicata. Trata-se de matéria referente ao chamado Direito Cambial. Vamos à aula! Não perca o foco, continue na luta. Vamos estudar bastante. 1 – TÍTULOS DE CRÉDITO A nota promissória, o cheque e a duplicata, assim como a letra de câmbio, são títulos de crédito, documentos criados para facilitar a circulação de riqueza em uma economia e sujeitos a um regime especial que facilita essa circulação: as regras do Direito Cambial. São títulos representativos de uma prestação futura (crédito), a qual é devida àquele que possuir o respectivo documento comprobatório da obrigação (o título). Muitas pessoas nunca tiveram contato no dia a dia com alguns desses títulos que veremos, esse era o meu caso...(risos). Vou tentar facilitar o entendimento de vocês sobre o assunto. O melhor exemplo é o CHEQUE. Infelizmente, hoje em dia, é muito difícil fazer negócio onde os compromissos sejam cumpridos só com as palavras, essa realidade nos mostra a importância do título de crédito e de sua regulamentação. Exemplo: eu compro uma mercadoria em uma loja e peço para parcelar no cheque em 3 vezes. Eu poderia dizer para o vendedor que daqui a um mês eu volto para pagar uma parcela, mas e aí será que ele aceitaria? Acho que não. É preciso que na hora da compra você entregue os 3 cheques. E também se eu não entregasse o cheque ao vendedor e fizesse a negociação só de “boca”, ele não poderia usar esse crédito que tem comigo para outras negociações. O vendedor não pode chegar pro seu fornecedor e dizer que tem um crédito com o Cadu e pedir pro fornecedor cobrar de mim algum valor. É para isso que serve o título de crédito. Para que juridicamente o credor tenha algum documento que garanta aquela dívida e com isso esse crédito que está circulando pelo mercado tem valor, pois a lei dá essa garantia. Será que deu pra ter uma noção? Porque agora vamos ver a parte normativa desse assunto e que é cobrado em prova. Vamos lá... Segundo o jurista italiano Cesare Vivante, o título de crédito é o documento necessário para o exercício de um direito literal e autônomo, nele mencionado. O art. 887 do Código Civil de 2002 (CC/2002) expressamente adotou essa definição: CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 2 Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. Dessa definição, retiram-se os princípios fundamentais dos títulos de crédito: a cartularidade (ou incorporação), a literalidade e a autonomia. Desse último decorrem dois subprincípios: o da abstração e o da inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé. Veremos também que são esses princípios que conferem duas características marcantes aos títulos de crédito: a negociabilidade e a executividade. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO: -CARTULARIDADE -LITERALIDADE -AUTONOMIA -----ABSTRAÇÃO -----INOPONIBILIDADE DAS EXCEÇÕES PESSOAIS AOS TERCEIROS DE BOA-FÉ Cartularidade O princípio da cartularidade ou da incorporação significa que a obrigação representada pelo título de crédito materializa-se necessariamente em um documento ou cártula, isto é, está incorporada nesse documento. Assim, o crédito existe na medida em que está contido expressamente na cártula, a qual se torna o documento necessário ao exercício do direito nela mencionado. Somente quem detém o título de crédito original possui o direito de exigir a obrigação nele expressa. Sem a apresentação desse documento, a cobrança do crédito não pode ser exercida com as facilidades proporcionadas pelo Direito Cambial, ainda que o credor realmente tenha direito à prestação. Daí dizer-se que os títulos de crédito são documentos de apresentação. Por exemplo, se fulano recebe um cheque de beltrano e, no dia do pagamento, este não tem saldo em sua conta corrente, fulano terá o direito de cobrar a dívida judicialmente de beltrano. Se, no entanto, ele perder o cheque, não terá como ajuizar a ação executiva de cobrança, em função do princípio da cartularidade. Não se admite, tampouco, a prova do crédito por meio de cópia reprográfica do título, ainda que autenticada. A cobrança judicial do crédito em processo de execução exige a apresentação do original do título nos autos (salvo se ele estiver juntado a outro processo judicial, quando se admite a certidão do cartório da vara onde se encontra o processo, CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 3 atestando o fato). Pode-se dizer, na verdade, que o direito não existe sem o título, nem pode ser exigido sem sua exibição. Além disso, a transferência do direito de crédito a terceiros exige a tradição (entrega) da cártula. Se eu quiser pagar uma dívida com uma nota promissória, o meu credor só terá direito ao valor constante do título se estiver efetivamente na posse do documento. Não obstante, costuma-se discutir, atualmente, a mitigação (flexibilização) do princípio da cartularidade, diante do surgimento de alguns títulos não-cartularizados, elaborados em meio magnético, em função do avanço dos recursos de tecnologia da informação. A esse fenômeno a doutrina chama de desmaterialização dos títulos de crédito. Outra exceção à cartularidade é a possibilidade de execução em juízo de um crédito representado por uma duplicata sem a apresentação da respectiva cártula, em situações especiais, que serão estudadas adiante (art. 15, § 2.º, da Lei 5.474/1968 – Lei das Duplicatas). Veja esta questão sobre o princípio da cartularidade: 1 - (CESPE/CONSULTOR LEGISLATIVO/SENADO FEDERAL/2002) Quanto ao princípio da cartularidade, aplicável aos títulos de crédito, exige-se que o credor apresente o título – cártula – a fim de que possa obrigar o devedor a efetuar o pagamento de sua dívida. Não se admite, assim, que se inicie a ação cambial sem que a petição inicial esteja acompanhada do respectivo título de crédito. O item foi considerado certo porque apresentou a correta definição do princípio da cartularidade e suas implicações. A ação cambial é a processo de execução fundado em título de crédito. Todavia, uma crítica que fazemos à questão é que ela não contemplou a hipótese de o título já estar juntado a outro processo judicial. Gabarito: Certo Literalidade O princípio da literalidade reza que só se deve levar em conta a obrigação expressamente constante do título de crédito e na exata medida do que estiver consignado na cártula. Por exemplo, se uma nota promissória diz que o devedor pagará o valor de R$ 10.000, no dia 15/12/2009 (a promissória é uma promessa de pagamento feita pelo devedor, conforme veremos adiante), não pode o portador do título exigir que lhe seja pago valor maior ou em data anterior. Assim, o devedor tem a segurança de que CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 4 nada lhe poderá ser cobrado além do valor constante da nota promissóriaou antes da data nela registrada. Do mesmo modo, o credor sabe que poderá exigir do devedor a exata quantia que consta do título e na data nele expressa. Ainda que efetivamente a obrigação que deu origem ao título (por exemplo: uma operação de compra e venda de um veículo) seja de maior valor, o credor só poderá executar o devedor judicialmente, por meio do título, até o valor nele consignado. Outros documentos que revelem o excedente da dívida, se não se revestirem da condição de título de crédito, não permitirão o ajuizamento direto da ação de execução do título, devendo ser promovida a competente ação de conhecimento. Vamos lembrar que o processo de execução é a ação utilizada para a cobrança judicial de dívidas e outras obrigações, quando o devedor não as cumpre espontaneamente, com a penhora (apreensão) e alienação judicial dos seus bens, para subsequente pagamento ao credor com o valor apurado com a venda do patrimônio do devedor. Para iniciar uma ação de execução, o credor deve ter um título executivo que comprove de forma líquida e certa seu direito (o título de crédito possui essa qualidade). Não havendo essa prova, o credor deverá inicialmente discutir a existência e extensão da dívida em juízo, em um processo de conhecimento, e somente após a sentença do juiz nesse processo, ele poderá prosseguir com a execução judicial, pois a sentença no processo de conhecimento é considerada um título executivo. Por exemplo, se eu possuir um cheque sem a assinatura do devedor, não poderei ajuizar a ação de execução contra ele, pois a assinatura do emitente é requisito necessário para a caracterização do título de crédito. Mas eu poderei ingressar na Justiça com uma ação de conhecimento, valendo-me do cheque não assinado e de outras provas, inclusive testemunhas, para provar que o devedor realmente me deve aquele valor. Obtida a sentença nesse processo, poderei promover a execução judicial da dívida. Em função da literalidade, não são consideradas informações expressas em folhas apartadas da cártula, com exceção da chamada folha de alongamento, justaposta aos títulos de créditos para permitir a continuação da cadeia de endossos (o endosso é uma das formas de transmissão da titularidade do título, por meio da assinatura do atual portador no documento, conforme veremos adiante). CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 5 Ou seja, cartularidade = vale o que está escrito... Você me pergunta, mas e o cheque pré-datado, pode ser depositado antes da data nele escrita? Pode, o porquê falaremos mais a frente, fique um pouco curioso... kkk Autonomia O princípio da autonomia é fundamental para garantir a livre circulação de um título de crédito no mercado e assegurar que seu portador receberá o valor nele mencionado. Segundo esse preceito, o direito do portador do título é autônomo em relação aos direitos que tinham os portadores anteriores (e não um direito derivado dos direitos dos titulares anteriores). Em outras palavras, as diversas obrigações representadas por um mesmo título de crédito são independentes umas das outras. O portador do título possui um direito próprio, caracterizado pela posse do documento, não influenciado por eventuais nulidades existentes nas relações anteriores. Por exemplo, imagine que João compre de Pedro um equipamento, entregando-lhe uma nota promissória, na qual afirma que pagará a Pedro o valor de R$ 1.000 em trinta dias. Em seguida, Pedro paga uma dívida que possuía com Jorge, entregando a este a promissória. No dia do vencimento, Jorge apresenta o título a João, para que este pague o valor constante da cártula. Ocorre que, anteriormente, João havia percebido que o equipamento que comprara não funcionava, razão pela qual tentou invalidar o negócio junto a Pedro, que, no entanto, se negou a fazê-lo. Diante disso, João diz a Jorge que não pagará o valor da nota promissória. Pergunta-se? Pode João se negar a honrar o título? A resposta é não. Jorge nada tem a ver com a relação jurídica travada entre João e Pedro. A relação entre Jorge e João é independente da relação inicial entre os dois primeiros. Embora o negócio de compra e venda possa ser invalidado por vício redibitório (vício oculto do equipamento), ainda assim Jorge tem direito ao recebimento da promissória, em função da autonomia entre as relações jurídicas representadas pelo título. A João restará, posteriormente, investir judicialmente contra Pedro, para reaver seu prejuízo. JOÃO PEDRO JORGE CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 6 Note a importância do princípio da autonomia. Sem ele, não haveria segurança nas relações cambiais e os títulos deixariam de possuir ampla negociabilidade e circulabilidade. No exemplo dado, se João pudesse se negar a pagar a promissória, em função da nulidade do negócio realizado com Pedro, Jorge seria prejudicado em seu direito de crédito. A autonomia, assim, protege o possuidor de boa-fé e proporciona segurança na circulação do título no mercado. Provavelmente, sem essa garantia, Jorge não aceitaria como pagamento da dívida a “nota promissória”. Entendeu direitinho? Eis uma questão de concurso sobre os princípios acima: 2 - (CESPE/ADVOGADO/HEMOBRAS/2008) Segundo a doutrina dominante, são princípios gerais do direito cambiário a cartularidade, literalidade e autonomia das obrigações. O item é certo, pois apresenta os três princípios do direito cambial, citados acima. Gabarito: Certo Abstração Esse é um subprincípio que deriva do princípio da autonomia. O princípio da abstração reza que o título de crédito, uma vez posto em circulação, desvincula-se da relação jurídica que o originou. Assim, por exemplo, se um locatário paga ao locador o valor do aluguel por meio de um cheque, e o locador, posteriormente, repassa esse cheque na praça a terceiro, aquele que apresentar o cheque para pagamento terá direito de recebê-lo, independentemente da validade da relação jurídica entre o locatário e o locador. Caso, por exemplo, o locatário já tivesse pago o aluguel daquele mês, o novo pagamento por meio do cheque seria indevido. Não obstante, o cheque apresentado por terceiro que o tenha recebido de boa-fé deve ser honrado assim mesmo, pois se tornou abstrato, isto é, desvinculou-se da relação jurídica inicial. Ao locatário, restará pleitear junto ao locador a devolução do que pagou a mais. LOCATÁRIO LOCADOR TERCEIRO CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 7 Note que a abstração é apenas outra forma de se enxergar a autonomia dos títulos de crédito, razão pela qual se entende que a abstração é tão-somente um subprincípio, uma decorrência lógica da autonomia. A abstração, porém, não é absoluta. Caso o recebedor do título tenha conhecimento da nulidade do negócio que lhe deu origem, esse fato poderá ser levantado por aquele que deva honrar o título, como exceção (defesa) contra o recebedor, que será considerado portador de má-fé do título. Frise-se, por fim, que a abstração só surge quando o título é colocado em circulação. Assim, no exemplo acima, se o próprio locador quisesse descontar o cheque e este não tivesse fundos, o locatário poderia opor o pagamento anterior como justificativa para impedir o novo pagamento, caso o locadorviesse cobrá-lo na justiça. Eis uma questão da Esaf sobre os princípios cambiais vistos até agora: 3 - (ESAF/DEFENSOR PÚBLICO/CE/2002) “Título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele mencionado” (César Vivante). Na expressão documento necessário do conceito transcrito é identificável o princípio da: a) literalidade; b) abstração; c) autonomia; d) incorporação. A letra D é o gabarito porque o princípio da incorporação ou da cartularidade reza que a obrigação representada pelo título de crédito materializa-se na cártula, a qual é, assim, o documento necessário ao exercício do direito nela mencionado. A literalidade (letra A) significa que a obrigação a ser considerada é a que consta expressamente do título de crédito. O princípio da autonomia (letra C) prescreve que o direito do portador do título é autônomo em relação aos direitos que tinham os portadores anteriores. Por fim, a abstração (letra B) é um aspecto da autonomia que dispõe que o título de crédito, uma vez posto em circulação, desvincula-se da relação jurídica que o originou. Gabarito: D CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 8 Inoponibilidade das Exceções Pessoais aos Terceiros de Boa-fé Esse é outro subprincípio que deriva do princípio da autonomia. Esse princípio é apenas a faceta processual da autonomia dos títulos de crédito. Uma vez que as relações cambiais são autônomas entre si, não pode o devedor original do título opor (alegar em juízo) ao portador de boa-fé as exceções (defesas) pessoais que possui contra o credor original. Ainda no exemplo do contrato de aluguel, o locatário não poderá alegar, em um processo judicial de execução movido pelo atual portador do cheque, o fato de que já tinha pago anteriormente o aluguel do respectivo mês ao locador, salvo se o portador sabia do fato e mesmo assim recebeu o cheque, quando então estará caracterizada a sua má-fé. Nesse sentido, dispõe o art. 916 do CC/2002: Art. 916. As exceções, fundadas em relação do devedor com os portadores precedentes, somente poderão ser por ele opostas ao portador, se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé. No entanto, conforme dito acima, o locatário poderia opor o primeiro pagamento como exceção ao locador que resolvesse executar ele mesmo o cheque em juízo, caso o devedor não o tivesse honrado na data do pagamento. Neste caso, o título não terá entrado em circulação (o que lhe daria abstração), nem o locador pode ser considerado de boa-fé, uma vez que sabia que já tinha recebido o pagamento pelo aluguel. Contra o terceiro de boa-fé, o devedor original, para se eximir do pagamento, só poderia alegar as defesas relativas à relação direta entre eles (exceção pessoal contra o atual portador), como a prescrição para a cobrança do crédito, ou a presença de algum vício formal da própria cártula, como falsidade de assinatura, incapacidade do subscritor do título, ausência de algum dado essencial à formação do título, etc., ou, ainda, ausência de requisito para a ação de execução, como a não- apresentação do original do título. Eis uma questão de prova sobre os assuntos até agora abordados: 4 - (CESPE/CONSULTOR LEGISLATIVO/SENADO FEDERAL/2002) Se Renato emitir determinado cheque em favor de André, e este o endossar em favor de Aldo, sustando-o em seguida, caso o título não seja pago, em decorrência do princípio da literalidade, Renato não poderá, em regra, opor contra Aldo a causa que o levou a sustar o pagamento do cheque. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 9 O item está errado porque a regra não se refere ao princípio da literalidade, mas ao da autonomia (ou ao subprincípio da inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé). Gabarito: Errado Veja agora esta questão da Esaf, que explora o preceito da inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé: 5 - (ESAF/ADVOGADO/IRB/2006) Considere-se um título de crédito emitido parcialmente em branco, devendo ser preenchido pelo portador segundo os termos de um pacto adjecto. Nesse caso, a) o devedor poderá impugnar perante terceiro, em qualquer situação, o seu preenchimento em desconformidade com os ajustes realizados. b) se o preenchimento se deu em desconformidade com os ajustes e depois foi assim endossado a terceiro, o devedor poderá impugnar o pagamento apenas em relação ao favorecido original. c) o portador do título, preenchido indevidamente e objeto de uma série regular de endossos, poderá sofrer oposição do devedor, pois as transmissões ficaram contaminadas pelo vício referido. d) se o pacto adjecto não acompanhar a circulação do título, jamais qualquer credor poderá sofrer impugnação por parte do devedor diante do descumprimento indevido. e) a emissão de um título incompleto é risco absoluto que o emitente assume ao fazê-lo. Pacto adjecto ou adjeto é o acordo acessório firmado juntamente com um ajuste principal. No caso do enunciado, é o acordo que o emitente do título celebrou com o beneficiário, para o preenchimento futuro do título, nas condições acordadas. Caso o beneficiário preencha o título em desacordo com o pactuado, estará agindo de má-fé e o emitente do título poderá acioná-lo judicialmente por isso. Já o terceiro que receba o título de boa-fé terá direito ao recebimento do crédito nas condições em que ele foi preenchido na cártula, em função do princípio da autonomia das obrigações cambiais. Assim, a letra A é errada porque o devedor não poderá impugnar o teor do título perante o terceiro de boa-fé. A letra B é o gabarito, pois o favorecido original, ao preencher o título em desacordo com o pactuado, agiu de má-fé, podendo responder por isso. A letra C é falsa, já que o devedor não poderá opor a exceção pessoal que tem contra o favorecido original ao terceiro de boa-fé. A letra D é incorreta porque o credor original pode sofrer impugnação por parte do devedor diante do descumprimento indevido, por ter agido de má-fé no CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 10 preenchimento do título. Por fim, a letra E é errada, pois a emissão de um título incompleto não é risco absoluto do emitente, que pode impugná-lo perante o credor inicial que agiu de má-fé e também reaver posteriormente o que pagou ao terceiro de boa-fé, por meio de ação própria contra o favorecido inicial. Gabarito: B Negociabilidade Em função dos princípios acima, nota-se que o portador de um título de crédito possui uma grande garantia quanto ao recebimento do seu valor. Assim, o título de crédito proporciona segurança no mercado e é aceito livremente nas transações comerciais, daí ser dotado de grande negociabilidade, isto é, facilidade de negociação. Na verdade, o emissor de um título de crédito não assegura o pagamento exclusivamente ao credor inicial, mas a pessoa indeterminada, que venha a apresentar o título. A função do título de crédito, assim, é circular no mercado, promover a circulação da riqueza. Executividade Tendo em vista a cartularidade, a literalidade e a autonomia dos títulos de crédito, o portador da cártula possui um direito próprio, líquido e certo, consignado expressamente no documento. Em função disso, os títulos de crédito são considerados pela lei como títulos executivos extrajudiciais, isto é,servem de documento hábil para dar início a um processo judicial de execução. Em outras palavras, são dotados de executividade. Título executivo é o documento indicado em lei dotado de eficácia para tornar possível a tutela executiva em relação ao direito a que se refere. Em outras palavras, é o documento que o credor deve apresentar ao órgão judicial para dar início ao processo de execução, como se depreende da leitura dos artigos 580 e 586 do Código de Processo Civil (CPC): Art. 580. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível, consubstanciada em título executivo. Art. 586. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível. Apenas para reforçar, lembramos novamente que o processo de execução é aquele destinado a satisfazer o direito do autor, que pode ter sido reconhecido em uma sentença judicial anterior, em um processo de CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 11 conhecimento (neste caso, a sentença é o título executivo judicial) ou estar consubstanciado em um título executivo extrajudicial (que não provenha do Judiciário), que comprove o direito do autor, como é o caso de um título de crédito ou de uma escritura pública. Toda execução, assim, tem por base um título executivo judicial ou extrajudicial. Sem esse título não há execução. O art. 585, I, do CPC qualifica como título executivo extrajudicial os seguintes títulos de crédito: letra de câmbio, nota promissória, duplicata, debênture e cheque. As leis que dispõem sobre outros títulos de créditos (cédulas de crédito, letras imobiliárias, certificados de depósito bancário, etc.) também lhes atribuem a qualidade de título executivo extrajudicial. Note, assim, a vantagem de se possuir uma dívida garantida por um título de crédito. Sendo um título executivo, ele permite que o credor ajuíze diretamente um processo de execução contra o devedor, sem a necessidade de um prévio processo de conhecimento, em que se venha a reconhecer a existência do crédito. Ressalte-se, por fim, uma vez mais, que um documento que não contenha as formalidades de um título de crédito pode servir de prova da dívida do devedor ao credor em um processo de conhecimento (como no exemplo do cheque sem assinatura apresentado anteriormente). Apenas não será instrumento hábil a dar início diretamente ao processo de execução. Tudo bem em relação aos princípios? Foi só a introdução do assunto, ainda veremos muitas coisas... Legislação Cambial A legislação aplicável aos títulos de crédito varia conforme a espécie do título. No caso da letra de câmbio e da nota promissória, aplica-se o Decreto 57.663/1966, que incorporou ao ordenamento pátrio a chamada Lei Uniforme de Genebra (LUG) sobre esses títulos (suas regras foram acordadas na Convenção de Genebra de 1930). Se houver lacuna nessa Lei ou se o Brasil não aplicar alguma de suas normas, por ter manifestado reserva expressa no momento da ratificação do seu texto, deve ser utilizado, para suprir a lacuna, o Decreto 2.044/1908 (Lei Saraiva), que também versa sobre a letra de câmbio e a nota promissória. Quanto ao cheque, deve ser aplicada a Lei 7.357/1985 (Lei do Cheque) e, de forma subsidiária, o Decreto 57.595/1966, que incorporou ao ordenamento brasileiro a Lei Uniforme de Genebra sobre cheques (Convenção de Genebra de 1931). Já a duplicata é regida pela Lei 5.474/1968 (Lei da Duplicata) e, no que couber, pela legislação referente à letra de câmbio (art. 25 da Lei 5.474/1968). CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 12 Por fim, o Código Civil de 2002 trouxe um título próprio com normas gerais sobre títulos de crédito (arts. 887 a 926), que, no entanto, só se aplicam aos títulos que possuem lei própria de forma subsidiária (art. 903 do CC/2002). Classificação dos Títulos de Crédito Os títulos de crédito podem ser classificados segundo vários critérios. Vejamos os principais. QUANTO AO MODELO, eles se classificam em títulos de modelo livre e títulos de modelo vinculado. Os primeiros não possuem uma forma específica, bastando que contenham os elementos mínimos exigidos por lei para a validade do título, independentemente da sua apresentação formal. Ex.: letra de câmbio e nota promissória. Os de modelo vinculado, por sua vez, têm um formato específico definido em lei, para que sejam considerados válidos. Ainda que contenham todos os dados exigidos por lei para a respectiva espécie, se não se apresentarem no formato exigido, não serão considerados títulos de crédito. Ex.: cheque e duplicata. QUANTO AO PRAZO, os títulos de crédito podem ser classificados em títulos à vista, títulos a certo prazo da vista, títulos a data certa e títulos a certo prazo da data. Os títulos à vista devem ser pagos no momento de sua apresentação ao devedor, ou seja, seu vencimento ocorre no momento da apresentação (ex.: cheque). Caso a obrigação não seja honrada na apresentação, o protesto do título valerá como prova do vencimento. Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida (art. 1.º da Lei 9.492/1997). Deve ser feito no Cartório de Protesto de Títulos. O protesto dá publicidade ao título e prova a impontualidade do devedor, constituindo-o em mora (atraso). Falaremos mais do protesto adiante. Os títulos a certo prazo da vista devem ser pagos até um prazo máximo, contado da apresentação (ex.: 30 dias após a apresentação do título ao devedor). CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 13 Os títulos a data certa ou a dia certo devem ser pagos na data neles prevista. Por fim, os títulos a certo prazo da data devem ser honrados em um prazo máximo, contado da data do saque (emissão) do título (ex.: 30 dias a partir de hoje). Essa classificação é mais bem visualizada quando aplicada na questão. QUANTO À CIRCULAÇÃO, os títulos de créditos classificam-se em títulos ao portador e títulos nominais. Os títulos ao portador são os que não indicam o nome do beneficiário na cártula e, por isso, seu titular é aquele que o possui em determinado momento (portador). A transferência da propriedade de um título ao portador se dá por mera tradição (entrega) da cártula (art. 904 do CC/2002). Os títulos nominais são os que indicam o beneficiário no próprio documento e, por isso, a transferência de seu domínio exige um ato formal (que pode variar em função da espécie de título nominal), além da simples tradição. Os títulos nominais subdividem-se em títulos à ordem, não à ordem e nominativos. Título nominal à ordem é aquele que traz o nome do beneficiário, mas permite que este o transfira por meio de endosso, que é a transferência por meio da assinatura do titular no documento. Estudaremos o endosso adiante. O título nominal não à ordem é aquele que traz o nome do beneficiário, mas não permite que este o transfira por meio de endosso, justamente por trazer expressa a cláusula “não à ordem”. Neste caso, a transferência do título só pode ser feita por cessão civil de crédito, forma de transferência do direito regido pelas regras do Direito Civil e, portanto, sem as garantias do Direito Cambial. Adianteveremos as diferenças entre o endosso e a cessão ordinária (ou civil) de crédito. Por fim, o título nominativo é aquele cujo nome do beneficiário consta de registro próprio do emitente do título (art. 921 do CC/2002). A transferência, neste caso, deve ser feita por meio de termo no referido registro, assinado pelo alienante e pelo adquirente do título (art. 922 do CC/2002) (lembre-se das ações nominativas das sociedades anônimas). Caso o título nominativo seja transferido por endosso em preto, a transferência só terá eficácia perante o emitente depois de feita a competente averbação em seu registro (art. 923 do CC/2002). CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 14 6 - (CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/AGU/2012)O título que for emitido em favor de pessoa cujo nome conste no registro do emitente e que for transferido mediante termo assinado pelo proprietário e pelo adquirente constituirá título à ordem. Os títulos de crédito podem ser classificados quanto à FORMA DE TRANSFERÊNCIA em: - Ao portador - Nominal - Nominativo. AO PORTADOR - ocorre quando o título circula com a simples tradição, ou seja, entrega do título do dono para o outro. Código Civil - Art. 904. A transferência de título ao portador se faz por simples tradição. NOMINAL À ORDEM - ocorre quando no próprio título está escrito o nome do titular, ou seja, a quem pertence o título e sua transferência só acontece quando o titular assina passando o título a outra pessoa e essa assinatura chama-se ENDOSSO. Art. 910. O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso ou anverso do próprio título. NOMINATIVO - ocorre quando o título é emitido em favro de uma pessoa determinada e o nome dessa pessoa fica escrito no registro de quem emite o título. E a transferência ocorre mediante termo assinado pelo proprietário e pelo adquirente. Art. 921. É título nominativo o emitido em favor de pessoa cujo nome conste no registro do emitente. Art. 922. Transfere-se o título nominativo mediante termo, em registro do emitente, assinado pelo proprietário e pelo adquirente. Pela classificação acima descrita podemos constatar que a questão define o que é um título de crédito NOMINATIVO e não o À ORDEM. Gabarito: Errada QUANTO À ESTRUTURA, os títulos de crédito podem ser de dois tipos: ordem de pagamento ou promessa de pagamento. Na ordem de pagamento, o saque (emissão) do título dá origem a três sujeitos cambiais: - o emitente, sacador ou subscritor, que dá a ordem a alguém (devedor ou sacado) para pagar o título a outra pessoa (tomador ou beneficiário); - o devedor ou sacado, que recebe a ordem de pagar a obrigação; e CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 15 - o beneficiário ou tomador do título, que é a pessoa descrita no documento como detentora do direito de receber o crédito. São exemplos de ordem de pagamento a letra de câmbio, o cheque e a duplicata. No cheque, o sacador é a pessoa que passa o cheque na praça; o sacado é o banco, que deve pagar a obrigação a quem apresentar- lhe o cheque; e o beneficiário é a pessoa constante do cheque ou a que atualmente o possua, em virtude de endosso, cessão civil ou tradição do título. Note ainda que o sacador e o tomador podem ser a mesma pessoa (posso emitir um cheque em meu próprio nome e descontá-lo no banco). Na ordem de pagamento, há o instituto do aceite, que consiste no reconhecimento expresso da dívida, por escrito, feito pelo sacado no próprio título. Na letra de câmbio, por exemplo, o sacador subscreve o título, dando ordem ao sacado para que pague certo valor ao tomador. Ora, o sacado pode nem saber da existência do título, razão pela qual o credor deve apresentar o documento ao devedor, para que este verifique a existência da dívida e aceite honrar a obrigação no prazo previsto. Estudaremos o aceite em maiores detalhes quando do estudo da duplicata, uma vez que a matéria referente à letra de câmbio não consta do edital de AFRFB 2012 e nem do AFT 2010 (provavelmente porque a letra de câmbio é título raramente usado no Brasil). Já na promessa de pagamento, temos apenas duas figuras jurídicas: - o promitente ou devedor, que emite o título; e - o beneficiário ou tomador do título, que é o credor. A nota promissória é uma promessa de pagamento, em que o emitente declara expressamente que pagará no futuro determinada quantia ao tomador. Eis uma questão de prova: 7 - (CESPE/FISCAL DE TRIBUTOS/PREFEITURA DE RIO BRANCO/2007) Assim como o cheque, a nota promissória é uma ordem de pagamento. O item é errado porque a nota promissória é uma promessa de pagamento. Gabarito: Errado CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 16 QUANTO À NATUREZA, os títulos de crédito podem ser causais ou abstratos (não-causais). Os causais são aqueles cuja obrigação que lhes deu origem consta expressamente da cártula, só podendo ser emitidos quando ocorre tal obrigação. Um exemplo é a duplicata, que só pode ser emitida quando ocorre uma venda de mercadorias ou uma prestação de serviços (lembre-se da conta “duplicatas a receber”, sinônima de “clientes”, que estudamos na Contabilidade Geral). Ressalte-se que um título causal só o é na origem, pois, a partir do momento em que entra em circulação (é transferido a terceiros), ele se torna abstrato, conforme o princípio da abstração. Mas atenção: como os títulos podem originalmente não ser abstratos, algumas questões de prova costumam dizer que o princípio da abstração não é aplicável a todos os títulos de crédito (não se aplica aos títulos causais que não entram em circulação). Eis um exemplo: 8 - (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF 1.ª REGIÃO/2009) A abstração – princípio absoluto dos títulos de crédito – é característica que serve à autonomia desses títulos e que é fundamental para a sua circulação. O item é errado porque a abstração não é princípio absoluto dos títulos de crédito, tendo em vista a possibilidade de haver títulos causais que não entram em circulação. Gabarito: Errado Os títulos abstratos são os que não mencionam a causa que lhes originou, podendo, em função disso, ser emitidos em qualquer situação, independentemente da relação jurídica extracambial, sendo, portanto, abstratos desde sua emissão. O direito inscrito na cártula vale independentemente do que tenha ocorrido no mundo fático. São exemplos a letra de câmbio, a nota promissória e o cheque. Por exemplo, posso emitir um cheque para pagar um almoço, comprar um carro, alugar um apartamento ou para saldar qualquer outra obrigação, não havendo necessidade de consignar no título a razão de sua emissão. Endosso O endosso é a transferência da propriedade do título de crédito nominal à ordem por meio da assinatura do atual portador (endossante) na própria cártula, que pode ocorrer com a indicação do nome do novo beneficiário (endossatário), o chamado endosso em preto, ou sem essa indicação, o denominado endosso em branco. Note que um título à ordem endossado em branco transforma-se em um título ao portador, por deixar de CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 17 conter o nome do beneficiário. A matéria referente ao endosso é tratada nosarts. 11 a 20 da LUG. A possibilidade de alienação do título à ordem por endosso é representada justamente pela presença da expressão “à ordem” ou “à sua ordem” no corpo do título (examine uma folha do seu talão de cheques e você verá essa expressão ao final da linha destinada ao nome do beneficiário). Na ausência de cláusula expressa, presume-se que o título é à ordem. Vejamos alguns exemplos de endosso: Endosso em preto a João da Silva, feito por Pedro de Souza: Endosso a João da Silva. Pedro de Souza Endosso em branco, feito por Pedro de Souza: Pedro de Souza No endosso em branco, basta a assinatura do beneficiário. O endosso é geralmente feito no verso do título. Se feito no anverso (parte frontal) da cártula, deve constar expressamente alguma expressão que demonstre que se trata de um endosso, não bastando a simples assinatura. A letra de câmbio, a nota promissória, o cheque e a duplicata são títulos nominais à ordem. No caso do cheque, admite-se sua emissão ao portador, até o limite de R$ 100 (cem reais) (art. 69 da Lei 9.069/1995). Nada impede, ainda, que o possuidor de um título endossado em branco aponha seu nome no título, tornando o endosso em preto. Resolva agora esta questão da Esaf: 9 - (ESAF/AGENTE AUXILIAR E ARRECADADOR TRIBUTÁRIO/SEFAZ- PI/2001) Títulos de créditos são: a) documentos públicos b) documentos que legitimam o exercício de direitos cartulares c) instrumentos de dívida d) únicos instrumentos cuja circulação se faz por tradição e) instrumentos que só podem ser endossados em preto A letra A é errada porque os títulos de crédito podem ser emitidos por particulares. A letra B é correta, pois os direitos decorrentes dos títulos CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 18 de crédito exigem a presença da cártula para seu exercício (princípio da cartularidade). A letra C é incorreta porque o título de crédito só será instrumento de dívida quando não for emitido à vista, situação em que representará uma dívida a ser paga futuramente. Todavia, os títulos de crédito podem ser emitidos à vista, quando representarão um instrumento de pagamento. A letra D é falsa, já que vários outros instrumentos podem circular por tradição, como no caso dos negócios jurídicos que envolvem bens móveis, cuja propriedade se transfere pela tradição. Por fim, a letra E é errada porque os títulos de crédito podem ser endossados em branco ou em preto. Gabarito: B Um título pode ser endossado inúmeras vezes, gerando o que se denomina cadeia de endossos. Se não houver mais espaço no documento para novos endossos, pode ser anexada uma folha à cártula, para que sejam colocadas novas assinaturas. É a chamada folha de alongamento ou de alongue. Considera-se legítimo possuidor do título aquele que prova seu direito por meio de uma série ininterrupta de endossos em preto, ainda que o último seja em branco, pois, nessa hipótese, o portador poderá acrescentar seu próprio nome ao título, tornando o endosso em preto. Se o único endosso existente for em branco, o portador do título será seu legítimo titular. Os endossos riscados consideram-se, para efeito da cadeia de endossos, como não-escritos. Veja este exemplo de cadeia de endossos: Endossei a Luiz Carlos Pedro José Luiz Carlos Endossado a Mário Sérgio Carlos Magno Cedo por endosso a Carlos Silva Mário Sérgio Cedo por endosso a Carlos Oliveira Mário Sérgio No exemplo acima, o beneficiário original do título era Pedro José. Já o atual beneficiário é Carlos Oliveira, único legitimado a apresentar o documento ao devedor original para cobrança, segundo a cadeia de CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 19 endossos. Note ainda que Luiz Carlos endossou o título em branco, mas logo depois há um endosso em preto de Carlos Magno a Mário Sérgio. Com isso, presume-se que o título, após o endosso de Luiz Carlos, circulou como título ao portador até chegar a Carlos Magno, que, naquele momento, se tornou seu legítimo possuidor, até endossá-lo novamente (em preto) a Mário Sérgio. O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele seja subordinado (ex.: endosso a fulano, desde que ele aceite cumprir tal obrigação) considera-se como não-escrita. Da mesma forma, o endosso parcial é nulo, isto é, o crédito inteiro constante do título deve ser transmitido pelo endosso. A transferência do título por endosso acarreta a responsabilidade solidária do endossante não só pela existência, mas pela própria solvência do crédito (se o devedor principal for insolvente, isto é, não puder pagar a obrigação, o endossante responde por isso). Lembre-se de que a solidariedade permite que a dívida seja cobrada na integralidade de qualquer dos devedores solidários. Assim, o portador de boa-fé, futuramente, pode acionar judicialmente tanto o devedor original como qualquer endossante constante da cadeia de endossos para honrar a obrigação. Para acionar os coobrigados, contudo, o atual titular do direito deverá provar que não conseguiu receber do devedor original, conforme veremos adiante. Veja o seguinte exemplo: A emite um cheque em favor de B, que o endossa em preto a C. C endossa em branco a D, que, por sua vez, o entrega a E por simples tradição (sem endosso). Com isso, E será o legítimo proprietário do título, pois o último endosso foi em branco, o que tornou o cheque ao portador. Note ainda que, como D não figura na cadeia de endossos, não terá responsabilidade alguma pelo pagamento da obrigação. emissão endosso em preto endosso em branco tradição A ��� B ��� C ��� D ��� E emitente beneficiário endossatário 1 portador endossante 1 endossante 2 Caso E não consiga receber o cheque, por exemplo, por insuficiência de fundos na conta de A, poderá acionar um, alguns ou todos os demais coobrigados da cadeia de endossos (em qualquer ordem) para honrar o cheque. Se um deles quitar o título, passará a ter direito de regresso contra os anteriores a ele na cadeia. Assim, E poderá cobrar a dívida de C, B ou A (lembre que D não figura na cadeia de endossos, não tendo responsabilidade pelo crédito). Se C quitar a dívida, poderá cobrá-la de B ou CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 20 A. Obviamente, se o cheque é honrado pelo próprio devedor inicial (A), não há que se falar em direito de regresso. Além disso, se um dos coobrigados paga a dívida, ele exonera os responsáveis posteriores a ele na cadeia de endossos. Assim, se B paga o título a E, C fica liberado da dívida, mas A poderá ser acionado por B. Ressalte-se ainda que o art. 914 do CC/2002 estabelece que o endossante só responde solidariamente pelo cumprimento da prestação constante do título se houver cláusula expressa no próprio endosso nesse sentido. Todavia, tal regra não é aplicável aos títulos que possuem lei especial de regência que disponham em sentido contrário (art. 903 do CC/2002), como é o caso da nota promissória, do cheque e da duplicata, como veremos à frente. Existem diferenças fundamentais entre a transferência do título por endosso e por cessão civil de crédito. O endosso, alémde transferir a propriedade do título ao endossatário, vincula o endossante ao pagamento do título, na qualidade de coobrigado do devedor original, respondendo tanto pela existência, como pela solvência do crédito. Não obstante, o endossante pode proibir um novo endosso, o que não veda efetivamente o endosso posterior, mas faz com que o endossante que fez a proibição seja excluído de responsabilidade pelo pagamento do crédito aos que figurarem na cadeia de endossos após seu endossatário. Veja este exemplo: Endossei a André Luiz Daniel Paulo Endossado a Mauro Silva, com proibição de novo endosso André Luiz Endosso a José Oliveira Mauro Silva Endosso a Carlos Lima José Oliveira No presente exemplo, José Oliveira, se precisar acionar os coobrigados do título, não poderá demandar André Luiz, que proibiu novo endosso. Todavia, André Luiz será responsável junto a Mauro Silva, caso este venha a acioná-lo em juízo. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 21 Veja esta questão de concurso sobre o endosso: 10 - (CESPE/FISCAL DE TRIBUTOS/PREFEITURA DE RIO BRANCO/2007) O endosso lançado em uma duplicata, em regra, acarreta a condição de coobrigado do respectivo endossante. O item é correto, pois o endossante, como regra, é responsável solidário pela solvência do título de crédito, só se exonerando dessa responsabilidade se, ao endossar, incluir expressamente a cláusula “proibido novo endosso”. Gabarito: Certo Já a cessão civil de crédito responsabiliza o cedente apenas pela existência do crédito, não pela sua solvência (arts. 295 e 296 do CC/2002). Por exemplo, se o devedor de um título de crédito endossado não o honra, o portador pode executar o endossante. Já o indivíduo que recebe o título por cessão civil só pode executar o cedente se o crédito não existir, e não se o devedor se tornar insolvente (incapaz de pagar a dívida). Outra diferença é que o devedor pode opor ao portador do título recebido por cessão civil as exceções pessoais que tinha contra o cedente (art. 294 do CC/2002), o que não ocorre em caso de endosso, em função do princípio da autonomia e do subprincípio da inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé, estudados acima. Destaque-se ainda que, se um título com a cláusula “não à ordem” for endossado, o endosso terá os efeitos de uma cessão civil de crédito, com as características acima citadas. O endosso pode ser próprio ou impróprio. O endosso próprio é o visto acima, que transfere a propriedade do título e acarreta a responsabilidade solidária do endossante pelo pagamento do crédito. O endosso impróprio é o que não transfere o domínio da cártula, mas apenas permite que o endossatário exerça alguns direitos relativos ao título. O endosso impróprio possui duas espécies: o endosso-mandato e o endosso-caução. Endosso-mandato ou endosso-procuração é o que apenas permite ao endossatário representar o endossante quanto aos direitos referentes ao título (ex.: cobrar o título do devedor). Exemplo: CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 22 Endosso por procuração a Carlos Lima José Oliveira O endossatário de endosso-mandato só pode endossar novamente o título na qualidade de procurador, com os mesmos poderes que recebeu. Além disso, se houver morte ou superveniente incapacidade civil do endossante, o endosso-mandato não perde eficácia. Ademais, como o endossatário é mero representante do endossante, o devedor do título pode opor ao endossatário as exceções pessoais que tiver contra o endossante (art. 18 da LUG e art. 917 do CC/2002). Endosso-caução, endosso-garantia ou, ainda endosso- pignoratício (o termo vem de penhor) é aquele em que o endossante entrega o título ao endossatário como garantia de uma dívida que aquele tenha com este. Exemplo: Endossado em garantia ao Banco Cruzeiro S.A. Carlos Barbosa O endosso-caução confere ao endossatário o exercício dos direitos inerentes ao título, mas ele só poderá realizar novo endosso na qualidade de procurador. O devedor do título não pode opor ao endossatário de endosso- penhor as exceções que tinha contra o endossante, salvo se aquele (endossatário) tiver agido de má-fé, em detrimento do devedor (ex.: o endossatário recebe o título sabendo que o valor já havia sido pago ao endossante e mesmo assim promove sua cobrança) (art. 19 da LUG e art. 918 do CC/2002). O título endossado em garantia permanece empenhado com o endossatário até que o endossante lhe pague a dívida que há entre ambos. Havendo inadimplemento do endossante, o endossatário terá direito à efetiva propriedade do título. É possível que o endosso seja feito após o vencimento do título. Nesse caso, ele terá os mesmos efeitos que o endosso anterior ao vencimento. Por outro lado, se o endosso for feito após o protesto por falta de pagamento ou após a expiração do prazo para protestar (endosso póstumo ou tardio) produzirá apenas os efeitos de uma cessão ordinária (civil) de créditos. Se o endosso for feito sem data, presume-se, CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 23 salvo prova em contrário, que ele foi feito antes de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto (art. 20 da LUG). Veja esta questão da Esaf sobre o endosso: 11 - (ESAF/FISCAL DE TRIBUTOS ESTADUAIS/PA/2002) O endosso é instituto de direito cambiário que a) se aplica apenas para representar a transferência de titularidade. b) serve para determinar a legitimação cambiária. c) impõe ao endossante o dever de garantir a legitimidade dos endossos anteriores. d) deve ser em preto para garantir a formação da cadeia de regresso. e) serve para indicar que alguém deixa de ser titular do direito cambiário. A letra A é errada, pois o endosso pode transferir a titularidade do título de crédito (endosso próprio) ou não (endosso impróprio). A letra B é o gabarito porque, por meio da análise da cadeia de endossos do título, pode-se determinar quem é o seu legítimo titular. A letra C é falsa, já que o endossante não garante a legitimidade dos endossos anteriores. Ele não responde, por exemplo, pela autenticidade das demais assinaturas. A letra D é incorreta porque o endosso pode ser em branco ou em preto. E a letra E é errada, pois o endosso impróprio não faz com que o endossante deixe de ser o titular do crédito. Gabarito: B E aí aprendeu tudo sobre endosso? É um assunto interessante e que costuma ser cobrado em prova, assim como o próximo assunto, o aval... Então bastante atenção e vamos juntos... Aval O aval é uma garantia cambial firmado por uma pessoa, chamada avalista ou dador do aval, por meio da qual ela garante o pagamento do título. A pessoa por quem o avalista se obriga é o avalizado, a qual pode ser o sacador, o devedor original ou um dos endossantes do título. O avalista pode ser um terceiro ou mesmo um dos signatários do título (art. 30 da LUG). O aval deve ser escrito na própria cártula ou na folha de alongamento. Exprime-se pelas palavras “bom para aval”, “avalizo” ou por qualquer outra fórmula equivalente e deve ser assinado pelo avalista. Se aposto na face anterior do título (anverso), basta a simples assinatura do avalista, salvo se CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRAE CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 24 se tratar das assinaturas do sacado ou do sacador. Inserido no verso, deve haver indicação expressa de que se trata de um aval (art. 31 da LUG). O aval, como regra, deve indicar a pessoa do avalizado (aval em preto). Na falta de indicação (aval em branco), a definição de quem será o avalizado dependerá da legislação específica de cada título. No caso da nota promissória, por exemplo, será o subscritor do título (arts. 31 e 77 da LUG). No cheque, será o seu emitente (art. 30, par. único, da Lei 7.357/1985). Na duplicata, vai depender do caso concreto, conforme veremos adiante. Veja estes exemplos: Aval em preto a João da Silva, feito por Pedro de Souza: Avalizo João da Silva. Pedro de Souza Aval em branco, feito por Pedro de Souza (na frente do título): Pedro de Souza O avalista, assim como os demais coobrigados, são responsáveis solidários pelo pagamento do crédito. Na cadeia de endossos, o avalista se posiciona imediatamente após o seu avalizado. Além disso, a obrigação do avalista mantém-se mesmo no caso de a obrigação garantida pelo aval ser nula por qualquer razão, salvo se em razão de um vício de forma do título (art. 32 da LUG). Isso se deve ao princípio da autonomia, isto é, entende-se que a obrigação do avalista é autônoma em relação à do avalizado e às demais constantes do título, devendo ser por ele honrada ainda que haja alguma nulidade na obrigação garantida (ex.: falsidade da assinatura do avalizado). Veja como a questão já foi cobrada pela Esaf: 12 - (ESAF/AFTN/TRIBUTAÇÃO E JULGAMENTO/1996/ADAPTADA) Nos títulos de crédito, o aval é uma garantia acessória do pagamento do título. O item é errado porque a obrigação do avalista é autônoma, e não acessória, em relação à do avalizado. Gabarito: Errado CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 25 Se o avalista pagar a obrigação, ficará sub-rogado nos direitos emergentes desse título contra o avalizado e os demais coobrigados anteriores a ele na cadeia de endossos (art. 32 da LUG). O aval cancelado deve ser considerado como não-escrito (art. 898, § 2.º, do CC/2002). O aval pode ser total ou parcial (art. 30 da LUG). Embora o Código Civil vede o aval parcial (art. 897, par. único), tal regra não prevalece para os títulos que possuem lei especial dispondo diversamente (art. 903 do CC/2002), como a letra de câmbio e a nota promissória (LUG), o cheque (art. 29 da Lei 7.357/1985) e a duplicata (art. 25 da Lei 5.474/1968). Caso o aval seja dado após o vencimento do título, ele produzirá os mesmos efeitos do anteriormente dado (art. 900 do CC/2002). O aval pode ser dado também a outro avalista. Imagine que Fulano é o devedor principal de um título de crédito e tem Beltrano por seu avalista. Ocorre que Beltrano, por sua vez, é avalizado por Sicrano, que se torna, desse modo, avalista do avalista. Neste caso, os avais são chamados de sucessivos. Por outro lado, é possível que o devedor possua dois avalistas garantindo a sua dívida, quando teremos avais simultâneos. DIFERENÇA FUNDAMENTAL PARA O CONHECIMENTO: Não se confunde o aval com a fiança (arts. 818 a 826 do CC/2002). A FIANÇA é um instituto de garantia regulado pelo Direito Civil, O AVAL uma garantia regida pelo Direito Cambial (é muito comum o contrato de fiança vinculado a um contrato de aluguel de imóvel, quando o locador exige que o locatário apresente um fiador). A obrigação do avalista é autônoma e solidária em relação à do avalizado, como visto acima. Já a do fiador é acessória e subsidiária, de modo que uma nulidade na obrigação do afiançado contamina a obrigação do fiador. Além disso, este só pode ser cobrado após a impossibilidade de pagamento da dívida pelo afiançado (benefício de ordem). Já o avalista, por ser solidário com o avalizado, não possui tal benefício, podendo ser acionado diretamente pelo credor do título. Outra diferença é que o aval deve estar contido na cártula, em atenção ao princípio da literalidade. Já a fiança pode estar no próprio contrato da respectiva obrigação ou em instrumento separado. Além disso, tendo em vista o princípio da autonomia, não pode o avalista opor as exceções pessoais do avalizado para se defender do credor de boa-fé (ex.: avalizado que já tenha pago a obrigação). Na fiança, as exceções pessoais do afiançado podem ser alegadas pelo fiador. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 26 Por fim, destaque-se que um cônjuge não pode prestar fiança ou aval sem a autorização do outro, exceto se o regime do casamento for o de separação absoluta de bens (art. 1.647, III, do CC/2002). Veja como essa questão já foi cobrada: 13 - (CESPE/FISCAL DE TRIBUTOS/PREFEITURA DE RIO BRANCO/2007) Depois do novo Código Civil, conforme sucede com a fiança, em regra, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, prestar aval. O item é correto, já que, com visto acima, o CC/2002 estabelece que um cônjuge só poderá prestar fiança ou aval sem a autorização do outro, se o regime do casamento for o de separação absoluta de bens. Gabarito: Certo Vencimento e Pagamento Vencimento é a data em que a obrigação constante do título pode ser exigida do devedor, para que este efetue o respectivo pagamento da dívida. Somente com o vencimento o título se torna exigível. O vencimento pode ser ordinário ou extraordinário. O primeiro decorre da regra prevista no próprio título, que, como vimos, pode ser à vista, a certo prazo da vista, a data certa e a certo prazo da data. O segundo surge com a ocorrência de algum fato anormal antes do vencimento ordinário (ex.: falência do devedor), devendo haver o protesto do título para reconhecimento do vencimento antecipado (art. 19, II, do Decreto 2.044/1908). Na data do vencimento, para que a obrigação seja exigida, deve o título ser apresentado pelo portador ao devedor, em função do princípio da cartularidade. O título de crédito representa uma dívida quesível (quérable), isto é, em que o credor deve ir até o devedor para receber o respectivo valor, e não o contrário (dívida portável ou portable). A apresentação deve se dar no lugar de pagamento do título. A nota promissória à vista vence no momento da apresentação ao devedor, o que deve ocorrer até um ano, a contar da data de emissão (art. 34 da LUG). No cheque, o vencimento é sempre à vista e o prazo de apresentação para pagamento é de 30 ou 60 dias, conforme o caso (veremos isso quando estudarmos o cheque). Aquele que paga o título no vencimento fica validamente desobrigado, salvo se tiver agido de má-fé. É seu dever verificar a regularidade da CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 27 sucessão dos endossos, mas não a veracidade das assinaturas dos endossantes (art. 40 da LUG e art. 39 da Lei 7.357/1985). Antes do vencimento, o credor não é obrigado a aceitar o pagamento, nem o devedor pode ser obrigado a honrá-lo. Vencido o título, porém, o credor não pode recusar o pagamento, ainda que parcial (art. 902, § 1.º, do CC/2002). Sendo o pagamento parcial, o portador não entregará o título ao devedor, mas apenas dará quitação em separado da parte paga e a firmará também no próprio título, que se tornará exigível apenas pelo restante, inclusive dosdemais coobrigados (art. 902, § 2.º, do CC/2002). Ao pagar o título, o devedor deve exigir que lhe seja entregue a cártula, cuja posse presume o pagamento da dívida cambial (princípio da cartularidade). Se o devedor não se apossar do título, este poderá ser endossado a terceiro de boa-fé, que terá o direito de cobrar novamente a obrigação do devedor, sem que este possa opor a exceção pessoal de já ter realizado o pagamento, conforme já comentado antes (inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé). Se o devedor original não pagar a obrigação, o credor poderá se voltar contra os demais coobrigados. Para isso, deverá antes efetuar o protesto do título. Protesto Protesto, como dito antes, é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida (art. 1.º da Lei 9.492/1997). Deve ser feito no Cartório de Protesto de Títulos. O protesto dá publicidade ao título e prova a impontualidade do devedor, constituindo-o em mora (atraso). Por meio dele, o portador faz prova aos coobrigados do título de que o devedor original não honrou sua obrigação. Não é necessário protestar o título para cobrar a dívida do devedor principal (emitente da nota promissória ou do cheque e aceitante da duplicata) e seu respectivo avalista, mas para que os demais coobrigados (endossantes do título e respectivos avalistas) sejam demandados, o protesto é requisito prévio fundamental. Por isso, costuma-se dizer que o protesto é facultativo em relação ao devedor original e seu avalista e obrigatório quanto aos demais responsáveis solidários e seus respectivos avalistas. A perda do prazo para protesto, assim, acarreta a perda do direito de regresso do credor contra os demais coobrigados no título. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 28 Veja como a questão já foi cobrada pela Esaf: 14 - (ESAF/AFTN/TRIBUTAÇÃO E JULGAMENTO/1996/ADAPTADA) Nos títulos de crédito, a falta do protesto necessário, nos prazos legais, exonera os coobrigados. O item é correto porque a execução dos coobrigados nos títulos de crédito depende da prévia realização do protesto. Gabarito: Certo O protesto por falta de pagamento só pode ser feito após o vencimento (art. 21, § 2.º, da Lei 9.492/1997), e deve ocorrer: - nos dois dias úteis seguintes àquele em que o título for pagável, para a nota promissória (art. 44 da LUG). Há autores, contudo, que entendem que deve ser seguida a regra do art. 28 do Decreto 2.044/1908, que estabelece que o título deve ser entregue ao tabelião no primeiro dia útil após o vencimento; - antes de expirado o prazo de apresentação ou, se esta ocorrer no último dia do prazo, no primeiro dia útil seguinte, para o cheque (art. 48 da Lei 7.357/1985); - em 30 dias, contados do vencimento, para a duplicata (art. 13, § 4.º, da Lei 5.474/1968). O sacador do título pode inserir a cláusula “sem protesto” ou “sem despesas” no título, o que permitirá que o portador fique dispensado de fazer o protesto para poder exercer seu direito de ação contra os coobrigados. Se a cláusula for inserida por um endossante ou avalista, ela só produzirá efeito em relação a esse endossante ou avalista (art. 46 da LUG e art. 50 da Lei 7.357/1985). O portador do título deve avisar que houve a falta de pagamento ao seu endossante e ao sacador dentro dos quatro dias úteis que se seguirem ao dia do protesto ou da apresentação, no caso de o título conter a cláusula “sem despesas”. Cada um dos endossantes deve, por sua vez, dentro dos dois dias úteis que se seguirem ao da recepção do aviso, informar o seu endossante do aviso que recebeu, e assim sucessivamente até se chegar ao emitente. Os prazos acima indicados contam-se a partir da recepção do aviso precedente. O respectivo avalista deve ser avisado dentro do mesmo prazo de tempo. A pessoa que não der o aviso dentro do prazo acima não perde os seus direitos, mas será responsável pelo eventual prejuízo decorrente de sua negligência, limitada a indenização à importância do título (art. 45 da LUG e art. 49 da Lei 7.357/1985). CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 29 15 - (FCC/JUIZ ESTADUAL/TJ-GO/2012) No tocante ao título de crédito, é correto afirmar que: a) quando não indicado, considera-se lugar de sua emissão e de pagamento o domicílio do credor. b) sua transferência não implica a de todos os direitos que lhe são inerentes. c) pode-se reivindicá-lo do portador que o adquiriu de boa-fé e na conformidade das normas que disciplinam sua circulação. d) não tendo ele indicação de vencimento, entende-se que o prazo de pagamento é o de sessenta dias. e) enquanto estiver em circulação, só ele poderá ser dado em garantia, ou ser objeto de medidas judiciais, e não, separadamente, os direitos ou mercadorias que representa. Letra a) INCORRETA – Não é domicílio do credor e sim do emitente do título. CC - Art.889 - § 2o Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no título, o domicílio do emitente. Letra b) INCORRETA – A transferência do título implica sim na transferência de todos os direitos inerentes ao título. Art. 893. A transferência do título de crédito implica a de todos os direitos que lhe são inerentes. Letra c) INCORRETA – Se o portador adquiriu o título de boa-fé não pode ser reivindicado esse título. Art. 896. O título de crédito não pode ser reivindicado do portador que o adquiriu de boa-fé e na conformidade das normas que disciplinam a sua circulação. Letra d) INCORRETA – Não havendo indicação de vencimento o título será à vista. Art. 889 - § 1o É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento. Letra e) CORRETA – - Os títulos de créditos por serem desvinculados do contrato que lhe deu origem só pode ser garantido por ele mesmo, como é o caso do aval e pelo princípio da cartularidade entendemos que só o título pode ser objeto de medidas judiciais. Art. 895. Enquanto o título de crédito estiver em circulação, só ele poderá ser dado em garantia, ou ser objeto de medidas judiciais, e não, separadamente, os direitos ou mercadorias que representa. Gabarito: E CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 30 2 – NOTA PROMISSÓRIA Muitas das características da nota promissória já foram referenciadas acima, quando do estudo da matéria geral de títulos de crédito. Agora serão tratados alguns aspectos particulares deste título. Veja abaixo um modelo possível de nota promissória: A nota promissória, como já foi dito, é uma promessa de pagamento. Por meio dela, o promitente declara que pagará, no futuro, determinada valor expressa no título. A figura apresentada é apenas um possível modelo, porque a promissória é um título de forma livre, bastando, para sua validade, que contenha os elementos essenciais citados em lei, quais sejam (art. 75 da LUG): - a denominação “nota promissória” inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse título; - a promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada; - a época do pagamento; - a indicação do lugar em que se efetuar o pagamento; - o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga (a nota promissória não pode ser emitida ao portador); - a indicação da dataem que e do lugar onde a nota promissória é passada; - a assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor). O título em que faltar algum dos requisitos acima não produzirá efeito como nota promissória, salvo nos casos seguintes (art. 76 da LUG): CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 31 - a nota promissória em que não se indique a época do pagamento será considerada à vista. - na falta de indicação especial, o lugar onde o título foi passado considera-se como sendo o lugar do pagamento e, ao mesmo tempo, o lugar do domicílio do subscritor da nota promissória. - a nota promissória que não contenha indicação do lugar onde foi passada considera-se como o tendo sido no lugar designado ao lado do nome do subscritor. Veja esta questão sobre os requisitos da nota promissória: 16 - (CESPE/EXAME DE ORDEM/OAB/2008.2) Os títulos de crédito são tradicionalmente concebidos como documentos que apresentam requisitos formais de existência e validade, de acordo com o regulado para cada espécie. Quanto aos seus requisitos essenciais, a nota promissória: a) poderá não indicar o nome do sacado, permitindo-se, nesse caso, saque ao portador. b) precisa ser denominada, com sua espécie identificada no texto do título. c) poderá ser firmada por assinatura a rogo, se o sacador não puder ou não souber assiná-la. d) conterá mandato puro e simples de pagar quantia determinada. A letra A é errada porque a promissória é título à ordem, não podendo ser emitida ao portador. A letra B é correta, pois a denominação “nota promissória” inserta no próprio texto do título é requisito essencial à sua validade. A letra C é falsa, já que a nota promissória deve conter a assinatura de quem a passou (subscritor). E a letra D é incorreta porque a promissória não é uma ordem de pagamento, é uma promessa de pagamento. Gabarito: B Quanto ao prazo, a nota promissória pode ser à vista, a dia certo ou a tempo certo da data (art. 55 do Decreto 2.044/1908). O emitente pode estipular que a nota promissória pagável à vista não deverá ser apresentada a pagamento antes de uma certa data. Nesse caso, o prazo para apresentação conta-se dessa data (art. 34 da LUG). Existe uma importante exceção ao princípio da autonomia, no caso da nota promissória. Uma prática muito comum dos bancos era a exigência de que o tomador de empréstimo bancário emitisse uma nota promissória CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 32 em favor do banco, como garantia de pagamento da quantia liberada. Com isso, os bancos pretendiam ter mais facilidade para cobrar seu crédito, em caso de inadimplência do devedor. Todavia, o contrato de abertura de crédito bancário não goza de liquidez, pois seu valor não é previamente definido, dependendo da quantia efetivamente tomada e dos juros que incidam no período. Em função disso, o STJ decidiu que: “A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou” (Súmula 258). Aplicam-se à nota promissória as regras vistas sobre endosso, aval, vencimento, pagamento e protesto. Eis uma questão da Esaf sobre a nota promissória: 17 - (ESAF/DEFENSOR PÚBLICO/CE/2002) A nota promissória: a) pode ser emitida ao portador; b) deve, obrigatoriamente, conter o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; c) não pode ser endossada; d) precisa, necessariamente, ser avalizada. A letra A é errada, pois a nota promissória não pode ser emitida ao portador, devendo, obrigatoriamente, conter o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga. Em função disso, a letra B está certa. Nada impede, contudo, o endosso em branco da nota, o que a transformará em um título ao portador. Aliás, a letra C é incorreta, ao dizer que a promissória não pode ser endossada, já que esse título pode ser objeto de endosso normalmente. E a letra D é falsa, pois não é obrigatória a existência de aval na nota promissória. Gabarito: B Ação Cambial Como os demais títulos de crédito, a nota promissória é um título executivo extrajudicial (art. 585, I, do CPC). Assim, para sua cobrança, não é necessário um processo de conhecimento, podendo o credor ajuizar diretamente a ação de execução. A ação contra o devedor principal e seu avalista é chamada de direta e contra os endossantes e seus avalistas é denominada de regressiva, lembrando que a ação contra estes exige o prévio protesto do título. Em função do princípio da cartularidade, o título original deve acompanhar a petição inicial (salvo se estiver juntado a outro processo judicial, conforme visto antes). CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 33 Os embargos do devedor (espécie de defesa processual) só poderão versar sobre defeito formal do título (ex.: ausência do nome do título, indefinição da quantia a ser paga, rasura, etc.), direito pessoal contra o exequente (ex.: pagamento anterior ao exequente, dolo do exequente) ou ausência de requisito para o exercício da ação executiva (ex.: falta de protesto). O que não se admite é o executado alegar contra o credor de boa- fé alguma exceção pessoal que tiver contra o beneficiário original, conforme já estudado (ex.: pagamento anterior ao credor inicial, dolo do credor inicial, etc.). Segundo o STJ, a execução pode ser fundada em mais de um título executivo extrajudicial relativo ao mesmo negócio (Súmula 27). Assim, nada impede que o exequente promova a execução da dívida com base em um cheque e uma nota promissória, ambos utilizados pelo executado para pagar determinada transação comercial. Prescrição A prescrição é a perda da pretensão de exigir a reparação de um direito violado, em função do decurso de um prazo legal. Na prática, é a perda do direito do interessado de entrar com uma ação judicial, para fazer valer seu direito. Todas as ações contra o emitente e seu avalista relativas à nota promissória prescrevem em três anos a contar do seu vencimento. As ações do portador contra os endossantes e respectivos avalistas prescrevem em um ano, a contar da data do protesto feito em tempo útil ou da data do vencimento, se se tratar de título que contenha a cláusula “sem despesas”. As ações dos endossantes uns contra os outros e respectivos avalistas prescrevem em seis meses, a contar do dia em que o endossante pagou a letra ou em que ele próprio foi acionado (art. 70 da LUG). As causas que interrompem a prescrição só produzem efeito em relação à pessoa para quem a interrupção foi feita (art. 71 da LUG). Além disso, segundo a Súmula 153 do STF: “Simples protesto cambiário não interrompe a prescrição”. Esta súmula vale para os títulos de crédito em geral. Tudo beleza até aqui? Podemos continuar? CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 34 3 – CHEQUE Esse título de crédito todo mundo conhece né? Talvez, por isso seja um pouco mais fácil aprender. Alguns vão aprender regras que nunca tinham visto, como o cheque administrativo, o cheque cruzado, a legalidade ou não do cheque pré-datado. Preparado? Vamos prosseguir pois a caminhada é longa. O cheque é uma ordem de pagamento à vista, por meioda qual o emitente (sacador) ordena ao sacado (banco ou instituição financeira equiparada) que pague ao tomador (beneficiário) determinada quantia em dinheiro expressa na cártula, a qual deve estar depositada na conta corrente que o emitente possui junto ao sacado. O cheque deve ser emitido contra banco ou instituição financeira equiparada, sob pena de não valer como cheque (art. 3.º da Lei 7.357/1985 – Lei do Cheque). O emitente deve ter fundos disponíveis em poder do sacado e estar autorizado a emitir cheque sobre esses fundos, em virtude de contrato expresso ou tácito celebrado com o banco. A infração desses preceitos, contudo, não prejudica a validade do título como cheque. A existência de fundos disponíveis é verificada no momento da apresentação do cheque para pagamento (art. 4.º da Lei do Cheque – LC). O cheque é um título à vista (art. 32 da LC). Considera-se não-escrita qualquer estipulação de juros nele inserida (art. 10 da LC). O sacado (BANCO) não tem nenhuma obrigação cambial pelo pagamento do cheque, que dependerá de o sacador (quem emite o cheque) ter fundos suficientes em sua conta. Tanto é assim que o emitente garante o pagamento, considerando-se não-escrita a declaração pela qual ele se exima dessa garantia (art. 15 da LC). Em função disso, também, o cheque não admite aceite, considerando-se não-escrita qualquer declaração com esse sentido (art. 6.º da LC). Por fim, é vedado ao sacado endossar ou avalizar o cheque (arts. 18, § 1.º, e 29 da LC). O cheque é um título de modelo vinculado, que só pode ser emitido por um banco ou instituição financeira assemelhada, nos moldes definidos pelo Banco Central. Veja abaixo um modelo desse título: CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 35 Para sua validade, o cheque deve conter os seguintes elementos essenciais (art. 1.º da Lei 7.357/1985): - a denominação “cheque” inscrita no título, na língua em que este é redigido; - a ordem incondicional de pagar quantia determinada (quanto a este elemento e ao anterior, veja a frase: “pague por este cheque a quantia de”, antes do valor por extenso, na figura acima); - o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado); - a indicação do lugar de pagamento; - a indicação da data e do lugar de emissão; - a assinatura do emitente (sacador) ou de seu mandatário com poderes especiais para emitir o título. A assinatura do emitente ou a de seu mandatário com poderes especiais pode ser constituída, na forma de legislação específica, por chancela mecânica ou processo equivalente (art. 1.º, par. único, da LC). O título a que falte qualquer dos requisitos enumerados acima não vale como cheque, salvo nos seguintes casos (art. 2.º da LC): - na falta de indicação especial, é considerado lugar de pagamento o lugar designado junto ao nome do sacado. Se designados vários lugares, o cheque é pagável no primeiro deles. Não existindo qualquer indicação, o cheque é pagável no lugar de sua emissão; - não indicado o lugar de emissão, considera-se emitido o cheque no lugar indicado junto ao nome do emitente. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 36 O cheque pode ser pagável no domicílio de terceiro, quer na localidade em que o sacado tenha domicílio, quer em outra, se esse terceiro for um banco (art. 11 da LC). Havendo indicação da quantia em algarismos e por extenso, prevalece esta, no caso de divergência. Se a quantia for indicada mais de uma vez, quer por extenso, quer por algarismos, prevalece, no caso de divergência, a indicação da menor quantia (art. 12 da LC). O cheque deve conter ainda o CPF ou CNPJ do titular, a data de abertura da respectiva conta de depósitos, bem como, no caso de titular pessoa física, o número de identidade do correntista (Resolução 2.537/1998 do Banco Central). O cheque incompleto ou assinado em branco pode ser completado até o momento da apresentação. Contudo, se o portador completá-lo com inobservância do que houver sido convencionado com o emitente, este não poderá opor tal fato ao portador de boa-fé, que terá direito ao recebimento do título (art. 16 da LC). Por exemplo, imagine que Pedro entrega antecipadamente um cheque assinado em branco a João, mecânico, para pagamento do conserto de seu carro, cujo valor só será conhecido ao final de todo o trabalho. O serviço todo acaba ficando em R$ 500, preço com o qual Pedro concorda. João, todavia, sem o conhecimento de Pedro, preenche o cheque com o valor de R$ 1.000, repassando-o, em seguida, a Paulo, a quem João devia esse valor. Posteriormente, Paulo tenta descontar o cheque junto ao banco de Pedro, mas o título volta por insuficiência de fundos (Pedro deixara apenas R$ 500 em conta para saldar o cheque). Neste caso, Paulo é portador de boa-fé do cheque e tem direito a receber os R$ 1.000 de Pedro. Este, após quitar o título, poderá se voltar judicialmente contra João, para reaver o prejuízo que sofreu (no caso, de R$ 500, além de eventuais perdas e danos, inclusive danos morais). Quanto à sua circulação, o cheque pode ser emitido (art. 8.º da LC): - a pessoa nomeada (beneficiária), com ou sem a cláusula “à ordem”. Neste caso, o cheque é nominal à ordem e pode ser transmitido pelo beneficiário por endosso em branco ou em preto, no próprio cheque ou na folha de alongamento (arts. 17 e 19 da LC); - a pessoa nomeada, com a cláusula “não à ordem” ou equivalente. Será, nesta hipótese, um cheque nominal não à ordem, que só se transfere por cessão civil de crédito (art. 17, § 1.º, da LC); - ao portador, por não conter o nome do beneficiário ou por contê-lo juntamente com a expressão “ou ao portador” (ou equivalente). Sua CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 37 propriedade é transmitida, neste caso, por simples tradição. Note ainda que um cheque nominal à ordem, quando endossado em branco, transforma-se em um cheque ao portador. Somente cheques de valor até R$ 100 podem ser emitidos ao portador (art. 69 da Lei 9.069/1995). 18 - (FCC/JUIZ ESTADUAL/TJ-GO/2012)Em relação aos seguintes títulos de crédito é correto afirmar: I - Se o cheque pós-datado for apresentado em data anterior à indicada para pagamento, não poderá ser pago de imediato, pois se terá descaracterizado como ordem de pagamento à vista. II - Como regra, o sacado de um cheque não tem qualquer obrigação cambial; assim, o credor do cheque não pode responsabilizar o banco sacado pela inexistência ou insuficiência de fundos disponíveis. Item I - INCORRETA – O cheque deve ser pago quando apresentado independente se a data nele contida for posterior. Lei 7357 de 1985 – Lei do Cheque - Art . 32 O cheque é pagável à vista. Considera-se não-estrita qualquer menção em contrário. Parágrafo único - O cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão é pagável no dia da apresentação. Item II - CORRETA – Regra geral o sacado (banco) não tem obrigação cambial e por isso o banco não pode ser responsabvilizado pela falta de fundos suficientes para pagar o cheque. Lei do cheque - Art . 4º O emitente deve ter fundos disponíveis em poder do sacado e estar autorizado a sobre eles emitir cheque, em virtude de contrato expresso ou tácito. A infração desses preceitos não prejudica a validade do título como cheque. § 1º - A existênciade fundos disponíveis é verificada no momento da apresentação do cheque para pagamento. Endosso do Cheque O endosso do cheque deve ser puro e simples, reputando-se não- escrita qualquer condição a que seja subordinado, e não pode ser parcial (art. 18, caput e § 1.º, da LC). Pode ser feito ao próprio emitente ou a outro obrigado, que podem novamente endossar o cheque (art. 17, § 2.º, da LC). O endosso transmite todos os direitos resultantes do cheque. Se o endosso é em branco, pode o portador (art. 20 da LC): - completá-lo com o seu nome ou com o de outra pessoa, tornando o endosso em preto; CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 38 - endossar novamente o cheque, em branco ou em preto. Se um endosso em branco for seguido de outro, entende-se que o signatário deste adquiriu o cheque pelo endosso em branco (art. 22, par. único, da LC). - transferir o cheque a um terceiro, sem completar o endosso e sem endossar novamente (mera tradição do cheque). O detentor de cheque “à ordem” é considerado portador legitimado, se provar seu direito por uma série ininterrupta de endossos, mesmo que o último seja em branco. Para esse efeito, os endossos cancelados são considerados não-escritos (art. 22 da LC). Destaque-se que a Lei 9.311/1996 (Lei da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira – CPMF), enquanto esteve em vigor, dispunha, no art. 17, I, que somente era permitido um único endosso nos cheques pagáveis no País. Todavia, tal Lei vigorou apenas enquanto existiu a CPMF, isto é, até 31/12/2007, conforme o art. 90 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT. Se o endosso for feito ao sacado, valerá apenas como quitação (declaração do endossante de que recebeu a quantia devida), salvo no caso de o sacado possuir vários estabelecimentos e o endosso ser feito em favor de estabelecimento diverso daquele contra o qual o cheque foi emitido (art. 18, § 2.º, da LC). O endosso num cheque passado ao portador torna o endossante responsável, nos termos das disposições que regulam o direito de ação, mas nem por isso converte o título num cheque “à ordem”, isto é, o título continua sendo ao portador (art. 23 da LC). Se alguém for desapossado de um cheque, em virtude de qualquer evento (ex.: perda, extravio, furto, roubo), e um terceiro vier a se tornar seu novo portador de boa-fé (ex.: recebeu o cheque em pagamento de uma pessoa que o achou na rua ou o furtou do antigo dono), o terceiro não estará obrigado a restituir o cheque ao titular original. Todavia, este poderá promover a anulação e a substituição do título, conforme a legislação aplicável (art. 24 da LC). Apresentação e Pagamento O cheque deve ser apresentado para pagamento no prazo de 30 dias, a contar do dia da emissão, quando emitido no lugar onde deve ser pago, ou de 60 dias, quando emitido em outro lugar do país ou no exterior (art. 33 da LC). Vale o local de emissão indicado no cheque, independentemente de CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 39 onde ele efetivamente foi emitido. O pagamento deve ser feito à medida que os cheques forem sendo apresentados ao sacado. Se dois ou mais cheques forem apresentados simultaneamente, sem que haja fundos disponíveis suficientes, terão preferência os cheques de emissão mais antiga e, se da mesma data, os de número inferior (art. 40 da LC). Segundo a Lei 7.357/1985, o cheque é título pagável à vista, considerando-se não-escrita qualquer menção em contrário, sendo que, se o cheque for apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão, ele será pagável no dia da apresentação (art. 32 da LC). Apesar da regra legal, o fato é que atualmente é costume mais do que arraigado em nossa sociedade a utilização do cheque como título a prazo, o chamado cheque pré-datado (ou pós-datado). Funda-se tal prática na confiança de uma parte de que a outra não apresentará o cheque ao sacado ante da data combinada, aposta no cheque. Trata-se de verdadeiro costume contra legem, que, apesar de contrariar texto expresso de lei, está definitivamente consolidado no ordenamento brasileiro e é plenamente aceito por nossos tribunais. Inclusive, o STJ possui entendimento sumulado de que a apresentação antecipada de cheque pré-datado caracteriza dano moral ao emitente do título (Súmula 370). Ou seja, você emite um cheque hoje, para uma loja, com uma data de dois meses à frente, a loja pode ir ao banco hoje mesmo e descontar o cheque e o banco vai pagar se tiver fundos. Por ser um título à vista considera-se emitido e posto em circulação a partir do momento que o emitente assina e entrega. Cabe uma indenização de dano moral, pois apesar de o cheque pré-datado ser contra a lei, quem o apresentou ao banco descumpriu o contrato anteriormente estipulado. Entendeu? Que bom! Espécies de Cheque A lei cita várias modalidades de cheque que podem ser emitidos: o cheque visado, o cheque cruzado, o cheque para ser creditado em conta, além do chamado cheque administrativo. Cheque Visado Cheque visado é o cheque nominal (não ao portador) e ainda não endossado, no qual o sacado (banco), a pedido do emitente ou do portador legitimado, atesta que existem fundos suficientes na conta do sacador para o pagamento da obrigação. Para isso, o banco faz o lançamento de visto, CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 40 certificação ou outra declaração equivalente no verso do cheque, com data, assinatura e referência a quantia igual à indicada no título (art. 7.º da LC). O visto do cheque obriga o sacado (banco) a debitar a quantia indicada à conta do emitente no cheque e a reservá-la em benefício do portador legitimado, durante o prazo de apresentação do título, sem que, no entanto, fiquem exonerados o emitente, os endossantes e os demais coobrigados (art. 7.º, § 1.º, da LC). Se o prazo de apresentação transcorrer sem que o cheque lhe seja apresentado para pagamento ou entregue para inutilização, o sacado creditará novamente a quantia reservada à conta do emitente (art. 7.º, § 1.º, da LC). É isso. O possuidor do cheque vai ao banco e pede uma confirmação por escrito de que aquela conta tem fundo suficiente para quitar a dívida representada no cheque, o banco dá um VISTO, por isso cheque visado. O banco coloca essa confirmação (visto) no próprio cheque e separa o dinheiro durante o prazo que o detentor do título tem para apresentar, 30 ou 60 dias. Cheque Cruzado O emitente ou o portador podem cruzar o cheque, mediante a aposição de dois traços paralelos no anverso (frente) do título (art. 44 da LC) (a figura do cheque dada como exemplo acima é um cheque cruzado). O cruzamento do cheque pode ser geral ou especial. Será geral se, entre os dois traços, não houver nenhuma indicação ou existir apenas a indicação “banco” ou outra equivalente. Será especial se, entre os dois traços, existir a indicação do nome do banco. O cruzamento do cheque permite a identificação da pessoa em favor de quem o título é liquidado. Pode-se converter um cruzamento geral em especial, inserindo-se o nome do banco entre os traços. Todavia, não se pode transformar um cruzamento especial em geral, reputando-se como não-existente a inutilização do nome do banco entre os traços ou mesmo a inutilização detodo o cruzamento (art. 44, §§ 1.º, 2.º e 3.º, da LC). O cheque cruzado não pode ser pago diretamente ao portador do título. O cheque com cruzamento geral só pode ser pago pelo sacado a um banco ou a um cliente do sacado, mediante crédito em conta. O cheque com cruzamento especial só pode ser pago pelo sacado ao banco indicado, ou, se este for o próprio sacado, a um cliente seu, mediante crédito em conta. Pode, entretanto, o banco designado incumbir outro da cobrança (art. 45 da LC). CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 41 Esse artifício é interessante, pois dá uma certa segurança ao emitente, em caso de roubo, extravio ou perda de um cheque. Um cheque que não está cruzado pode ser depositado na boca do caixa e o dinheiro é retirado na hora pelo portador do cheque mesmo que esse tenha sido encontrado no chão ou roubado. Agora, se o cheque estiver cruzado, a pessoa que tentar descontá-lo tem que depositar em uma conta de banco, ou seja, tem como identificar se quem descontou o cheque realmente é a pessoa que deveria fazê-lo. Visualizou? Então, tá... Cheque para Ser Creditado em Conta Outra forma de evitar o pagamento direto do valor do cheque, além do cheque cruzado, é o cheque para ser creditado em conta. Neste caso, o emitente (ou o próprio portador) proíbe que o cheque seja pago em dinheiro, mediante a inscrição da cláusula “para ser creditado em conta” ou outra equivalente, de forma transversal, no anverso do título. Neste caso, o sacado só poderá proceder a um lançamento contábil (crédito em conta, transferência ou compensação), que valerá como pagamento. A inutilização dessa cláusula, após inserida no título, é considerada inexistente (art. 46 da LC). Cheque Administrativo É o cheque emitido pelo banco contra si mesmo, em favor de terceiro. Neste caso, sacador e sacado confundem-se na mesma pessoa (banco) e o beneficiário deve ser identificado, isto é, o cheque não pode ser ao portador (art. 9.º, III, da LC). Uma espécie de cheque administrativo é o cheque de viagem ou cheque de turismo (traveller’s check), que o banco emite contra um de seus estabelecimentos e é firmado pelo credor no momento da aquisição do título e quando da sua liquidação. O cheque de viagem confere segurança ao turista, que não precisa transportar grandes somas de dinheiro consigo. Em geral, é utilizado para viagens ao exterior, razão pela qual costuma estar vinculado a um contrato de câmbio. Para ilustrar vou dar mais um exemplo de cheque administrativo: Para pagamento do ITBI na Prefeitura do Rio de Janeiro, é preciso ter em mãos a guia do ITBI e pagá-la no Banco Santander, somente nesse banco. E aí? Se você tem que pagar R$ 10.000? Não vai ficar andando com esse dinheiro na mão, e eles não aceitam transferência bancária. A única forma de pagamento nesse caso é o cheque administrativo. Você vai ao seu banco pede para eles emitirem um cheque administrativo, no momento da emissão CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 42 o banco confere se na sua conta tem o valor correspondente e o separa para que seja usada somente para o pagamento desse cheque. Com o cheque em mãos, você vai ao Santander e faz o pagamento da guia do ITBI com o cheque administrativo emitido pelo outro banco. Ficou claro? Eis uma questão sobre as diversas modalidades de cheque: 19 - (FCC/DEFENSOR PÚBLICO/SP/2009) Considerando as espécies de cheques, assinale a definição correta. a) O cheque administrativo é aquele em que o emitente, para os fins de liquidez e tranquilidade do beneficiário, solicita do sacado que aponha visto ou certificado, bem como reserve o valor. b) Cheque marcado é aquele que é pago somente ao beneficiário que tiver o nome indicado e, por isso, não comporta endosso. c) Diz-se visado o cheque emitido pelo sacado contra ele mesmo em favor da pessoa indicada por terceiro, geralmente o correntista do banco. d) Cheque cruzado especial é aquele em que o emitente apõe dois traços no anverso do título e escreve entre estes o dizer “banco”. e) Cheque de viagem é o emitido em moeda estrangeira e pago na moeda do país em que é apresentado, conforme com o câmbio do dia. A letra A é errada porque traz a definição de cheque visado. A letra B é falsa, pois o conceito se refere ao cheque nominal não à ordem. A Letra C é incorreta, já que a definição apresentada se amolda ao conceito de cheque administrativo. A Letra D é errada porque o cheque cruzado especial possui, entre os dois traços, a indicação do nome do banco. A simples aposição da palavra “banco” entre os traços caracteriza um cruzamento geral. Por fim, a letra E está certa porque o cheque de viagem, em geral, é utilizado para viagens ao exterior, sendo pago na moeda do país de apresentação, conforme o câmbio do dia. Gabarito: E Sustação do Cheque Um cheque pode ser sustado por revogação ou por oposição. No primeiro caso, o emitente do cheque pagável no Brasil pode revogá-lo, por meio de contra-ordem dada por aviso epistolar (carta) ou por via judicial ou extrajudicial, com as razões motivadoras do ato (art. 35 da LC). A revogação ou contra-ordem só produz efeito depois de expirado o prazo de apresentação. Não sendo promovida pelo emitente, o sacado poderá CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 43 pagar o cheque até que decorra o prazo de prescrição para seu pagamento (esse prazo será visto adiante). Já a oposição pode ocorrer mesmo durante o prazo de apresentação. Por meio dela, o emitente ou o portador legitimado do cheque podem fazer sustar o pagamento, manifestando ao sacado, por escrito, oposição fundada em relevante razão de direito (art. 36 da LC). Em qualquer caso, não cabe ao sacado julgar a relevância da razão invocada pelo oponente, devendo limitar-se a cumprir a ordem (art. 36, § 2.º, da LC) (a regra é aplicável à revogação também). A oposição do emitente e a revogação ou contra-ordem se excluem reciprocamente (art. 36, § 1.º, da LC). Veja uma questão da Esaf sobre o assunto: 20 - (ESAF/DEFENSOR PÚBLICO/CE/2002) No cheque: a) contra-ordem e oposição ao pagamento têm o mesmo significado; b) a lei do cheque exige boletim de ocorrência para que seja dada a contra-ordem; c) a contra-ordem só pode ser dada pelo emitente e a oposição ao pagamento pode ser feita pelo emitente e pelo portador legitimado; d) a oposição ao pagamento e a contra-ordem não se excluem reciprocamente. A letra A é incorreta porque a contra-ordem (ou revogação) e a oposição, como visto, são duas formas distintas de se promover a sustação do cheque. A letra B é errada, pois não se pode exigir do emitente boletim de ocorrência para que seja dada a contra-ordem, devendo o sacado limitar-se a cumprir a ordem. A letra C está certa, pois a contra-ordem (revogação) só pode ser feita pelo emitente, enquanto a oposição pode ser feita pelo emitente ou pelo portador legitimado. Por fim, a letra D é errada, já que a Lei prevê que a oposição do emitente e a revogação ou contra-ordem se excluem reciprocamente. Gabarito: C Ação Cambial Pode o portador promover a ação cambial de execução do cheque contra o emitente e seu avalista ou contra os endossantes e seus respectivos avalistas (art. 47 da LC). A ação de execução contra o emitente e seu avalista pode ser ajuizada aindaque não apresentado o CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 44 cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambial (Súmula 600 do STF). O prazo de prescrição da ação cambial será visto adiante. Para a execução dos endossantes e seus avalistas, a Lei exige que o cheque tenha sido apresentado em tempo hábil e tenha havido a recusa de pagamento, comprovada pelo protesto do título ou por declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia de apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por câmara de compensação. As citadas declarações dispensam o protesto e produzem os efeitos deste (art. 47, II e § 1.º, da LC). Se o portador não apresentar o cheque em tempo hábil ou não comprovar a recusa de pagamento na forma acima, perderá o direito de execução contra o emitente, caso se comprove que este tinha fundos disponíveis durante o prazo de apresentação e os deixou de ter, em razão de fato que não lhe seja imputável (art. 47, § 3.º, da LC) (ex.: um pacote econômico do governo que bloqueie parcela do saldo bancário). Todavia, a execução independerá do protesto e das declarações acima citadas, se a apresentação ou o pagamento do cheque forem obstados pelo fato de o sacado ter sido submetido a intervenção, liquidação extrajudicial ou falência (art. 47, § 3.º, da LC). O protesto ou as declarações devem ser feitos no lugar de pagamento ou do domicílio do emitente, antes da expiração do prazo de apresentação. Mas se a apresentação ocorrer no último dia do prazo, o protesto ou as declarações podem fazer-se no primeiro dia útil seguinte (art. 48 da LC). Se, após o protesto, o cheque for pago, o protesto poderá ser cancelado, a pedido de qualquer interessado, mediante arquivamento de cópia autenticada da quitação que contenha perfeita identificação do cheque no Cartório de Protesto de Títulos (art. 48, § 4.º, da LC). Prescrição Prescreve em seis meses, contados da expiração do prazo de apresentação (Lembra-se? 30 ou 60 dias), a ação cambial de execução assegurada ao portador do cheque para seu recebimento. A ação executiva de regresso de um obrigado ao pagamento do cheque contra outro também prescreve em seis meses, contados do dia em que o obrigado pagou o cheque ou do dia em que foi demandado em juízo (art. 59 da LC). Havendo alguma causa que promova a interrupção da prescrição (hipótese em que a contagem do tempo é zerada), esta produz efeito somente contra o obrigado em relação ao qual foi promovido o ato CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 45 interruptivo (art. 60 da LC). Por exemplo, se um dos devedores reconhecer expressamente a dívida, o prazo de prescrição será interrompido (art. 202, VI, do CC/2002), recomeçando a correr do zero. Todavia, a prescrição continuará a correr normalmente (não se interromperá) em relação aos demais coobrigados, em função da regra especial do art. 60 da LC. Após a prescrição do cheque, não mais será possível a sua execução, mas poderá ser promovida a chamada ação de enriquecimento ilícito ou ação de locupletamento, de natureza cognitiva (ação de conhecimento), contra o emitente ou outros obrigados que se tenham locupletado (enriquecido) injustamente com o não-pagamento do cheque. O prazo de prescrição dessa ação é de dois anos, contados do dia em que se consumar a prescrição da ação cambial de execução (art. 61 da LC). A ação de enriquecimento, embora seja de conhecimento, também tem natureza cambial, isto é, não se discute a relação causal que deu origem ao cheque, em função do princípio da autonomia dos títulos de crédito. Por fim, mesmo após prescrita a ação de locupletamento, o portador do cheque terá a possibilidade de ajuizar uma ação ordinária de cobrança, na qual terá, contudo, que provar a relação causal que deu origem ao título (compra e venda, pagamento de aluguel etc.). Nesse sentido, prevê a Lei que a emissão ou a transferência do cheque não exclui a ação fundada na relação causal, se for feita a prova do não-pagamento, salvo se tiver havido novação da dívida (substituição da dívida por outra, sob novas condições, extinguindo-se a primeira) (art. 62 da LC). Admite-se ainda o ajuizamento de ação monitória fundada em cheque prescrito (Súmula 299 do STJ). Esse tipo de ação, prevista nos arts. 1.102-A a 1.102-C do CPC, começa como se fosse um processo de execução, mas, se o devedor alegar a prescrição do cheque ou alguma outra exceção, por meio do oferecimento de embargos (espécie de defesa processual), a ação perde sua força executiva e passa a ter seguimento como processo de conhecimento. Cuidado para não perder as contas: Prazo para apresentação, 30 ou 60 dias; Prazo para prescrição para ação de execução, seis meses depois dos 30 ou 60 dias; Prazo para ação de enriquecimento ilícito, 2 anos, depois da prescrição; e depois disso existe a ação ordinária de cobrança. 4 – DUPLICATA A duplicata é o último dos títulos de crédito que constam do programa de AFRFB e de AFT. Seu diploma de regência é a Lei 5.474/1968 (Lei da Duplicata – LD), aplicando-se subsidiariamente a legislação da letra de CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 46 câmbio (art. 25 da LD) (Decreto 57.663/1966 e Decreto 2.044/1908 – a mesma legislação da nota promissória). A duplicata é um título de natureza causal, pois só pode ser emitida quando da ocorrência de uma operação de compra e venda de mercadorias (duplicata mercantil) (art. 2.º da LD) ou de prestação de serviços (duplicata de serviços) (art. 20 da LD). Trata-se de uma ordem de pagamento. O sacador é o vendedor ou prestador de serviços, o sacado é o comprador ou recebedor dos serviços e o beneficiário é o próprio sacador. Como sacador e beneficiário se confundem na mesma pessoa, ele é necessariamente o primeiro endossante do título, quando da entrada da duplicata em circulação. Em todo o contrato de compra e venda mercantil entre partes domiciliadas no território brasileiro, com prazo não-inferior a trinta dias, contado da data da entrega ou do despacho das mercadorias, o vendedor deverá extrair a respectiva fatura para apresentação ao comprador (art. 1.º da LD). A fatura deverá discriminar as mercadorias vendidas ou, quando convier ao vendedor, indicar somente os números e valores das notas parciais expedidas por ocasião das vendas, despachos ou entregas das mercadorias (art. 1.º, § 1.º, da LD). Note que a emissão da fatura só é obrigatória nas operações de venda a prazo de 30 ou mais dias, sendo facultativa nas operações a prazo inferior ou à vista. No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação com efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador. Uma só duplicata não pode corresponder a mais de uma fatura (art. 2.º da LD). Veja que não é obrigatória a emissão da duplicata, mas ela é o único título de crédito que o vendedor pode emitir para documentar a operação (o que não impede o comprador de emitir um cheque ou uma nota promissória para pagar as mercadorias). Desde 1970, existe um convênio celebrado entre o Ministério da Fazenda e as Secretarias Estaduais de Fazenda por meio do qual foi adotada a emissão obrigatória de um único documentocom efeitos comerciais e tributários: a nota fiscal-fatura, que cumpre o papel tanto da fatura como da nota fiscal. Com isso, passou a ser comum a emissão de duplicatas em qualquer operação de compra e venda, independentemente de ser à vista ou a prazo, já que a nota fiscal-fatura deve ser obrigatoriamente emitida. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 47 O empresário que emite duplicatas deve escriturar o Livro de Registro de Duplicatas, que deve ser conservado no próprio estabelecimento (art. 19 da LD). A duplicata é título de modelo vinculado. Seu formato é definido em norma do Conselho Monetário Nacional. Veja um exemplo: A duplicata deve conter os seguintes elementos (art. 2.º, § 1.º, da LD): - a denominação “duplicata”, a data de sua emissão e o número de ordem; - o número da fatura; - a data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à vista (veja que não se admite a duplicata a certo termo da vista ou a certo termo de data); - o nome e domicílio do vendedor e do comprador; - a importância a pagar, em algarismos e por extenso; - a praça de pagamento; CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 48 - a cláusula à ordem. A duplicata é, na origem, sempre um título nominal à ordem, transferível por endosso em branco ou em preto. Segundo Fábio Ulhoa Coelho, pode haver a inserção da cláusula “não à ordem” pelos endossantes, no momento da circulação; - a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la, a ser assinada pelo comprador, como aceite cambial; - a assinatura do emitente. Não obstante, a Lei autoriza que constem da duplicata outras indicações, desde que não alterem sua feição característica (art. 24 da LD). Nos casos de venda para pagamento em parcelas, poderá ser emitida uma duplicata única, em que se discriminarão todas as prestações e seus vencimentos, ou uma série de duplicatas, uma para cada prestação, distinguindo-se a numeração de cada uma pelo acréscimo de letra do alfabeto, em sequência (art. 2.º, § 3.º, da LD). 21 - (ESAF/FISCAL DE RENDAS/SMF-RJ/2010) Marque a opção que contém um título de crédito que não admite emissão com cláusula “não à ordem”. a) A letra de câmbio. b) A duplicata mercantil. c) A nota promissória. d) O cheque. e) A cédula de crédito bancário. Título à ordem é o que traz o nome do beneficiário (título nominal), mas permite que este o transfira por meio de endosso, isto é, por meio da sua assinatura no documento. Já o título não à ordem é o título nominal que não permite que o titular o transfira por meio de endosso, justamente por trazer expressa a cláusula “não à ordem”. Neste caso, a transferência do título só pode ser feita por cessão civil de crédito, forma de transferência do direito regido pelas regras do Direito Civil e, portanto, sem as garantias do Direito Cambial. As letras A e C são incorretas porque a letra de câmbio e a nota promissória podem ser títulos “à ordem” ou “não à ordem”, conforme dispõe os arts. 11 e 77 do Decreto 57.663/1966 (Lei Uniforme de Genebra – LUG). A letra B é o gabarito, pois o art. 2.º, § 1.º, VII, da Lei 5.474/1968 expressamente exige que a duplicata mercantil contenha a cláusula “à ordem”. A letra D é incorreta, pois o art. 8.º da Lei 7.357/1985 admite o cheque “à ordem” ou “não à ordem”. Por fim, a letra E é incorreta porque o art. 29, IV, da Lei 10.931/2004 estabelece que a cédula de crédito bancário pode conter a cláusula “à ordem”. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 49 Gabarito: B Aceite O aceite é o reconhecimento expresso da dívida pelo sacado (aceitante, geralmente quem compra), feito por escrito na própria cártula. Pode ser feito com a palavra “aceito” ou expressão equivalente (ex.: “reconheço a dívida”), seguida da assinatura do sacado. Ao contrário do que ocorre na letra de câmbio, o aceite na duplicata é obrigatório. O aceite deve ser puro e simples (sem o estabelecimento de condições) e é irretratável. Para que haja o aceite, a duplicata deve ser remetida ao sacado, no prazo de trinta dias de sua emissão, diretamente pelo vendedor ou seus representantes, por intermédio de instituições financeiras ou, ainda, por meio de procuradores que se incumbam de apresentá-la ao comprador. Os intermediários poderão devolver ao vendedor a duplicata assinada ou conservá-la em seu poder até o momento do resgate, segundo as instruções de quem lhes cometeu o encargo (art. 6.º da LD). Se a remessa for feita por meio de representantes, instituições financeiras, procuradores ou correspondentes, estes deverão apresentar o título ao comprador dentro de dez dias, contados da data de seu recebimento na praça de pagamento (art. 6.º, § 2.º, da LD). A duplicata, quando não for à vista, deverá ser devolvida pelo comprador ao apresentante dentro do prazo de dez dias, contados da data de sua apresentação, devidamente assinada ou acompanhada de declaração, por escrito, contendo as razões da falta do aceite (art. 7.º da LD). Por ser título de aceite obrigatório, a duplicata só pode ser recusada pelo sacado nas hipóteses legalmente previstas, que veremos adiante (art. 8.º da LD). O aceite feito normalmente pelo comprador, por meio da aposição de sua assinatura na duplicata, chama-se aceite ordinário. O aceite pode se dar ainda por presunção, quando resultar do recebimento pacífico das mercadorias pelo comprador, sem que este aponha a sua assinatura na cártula, ainda que devolva o título ao apresentante. Neste caso, presume-se que o sacado concordou com a obrigação constante da duplicata. Havendo expressa concordância da instituição financeira cobradora, o sacado poderá reter a duplicata em seu poder até a data do vencimento, desde que comunique por escrito à apresentante o aceite e a retenção do CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 50 título. É o chamado aceite por comunicação. Tal comunicação substituirá a duplicata, se necessário, no ato do protesto ou na execução judicial (art. 7.º, §§ 1.º e 2.º, da LD). Veremos adiante que é possível o protesto por simples indicação dos elementos da duplicata, quando o sacado não devolver o título (art. 13, § 1.º, in fine, da LD) e mesmo a execução cambial sem a presença do título, atendidas determinadas condições (art. 15, § 2.º, da LD). Trata-se de exceção ao princípio da cartularidade, conforme já citado anteriormente. IMPORTANTÍSSIMO: O comprador só poderá deixar de aceitar a duplicata pelos seguintes motivos (art. 8.º da LD): - avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não entregues por sua conta e risco; - vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, devidamente comprovados; - divergência nos prazos ou nos preços ajustados. Fora dessas hipóteses, a recusa de aceite pelo sacado não o exonera da obrigação de honrar o título. Veja uma questão da Esaf sobre o aceite da duplicata: 22 - (ESAF/AGENTE FISCAL DE TRIBUTOS ESTADUAIS/SEFAZ- PI/2001) Tendo sido enviada uma duplicata para aceite pelo sacado, a) o título não precisa ser devolvido, caso tenha sido sacado à vista. b) a remessaprecisa ser feita necessariamente por meio de instituição financeira. c) a recusa do aceite sem justa causa caracteriza uma das hipóteses da falência. d) ela deverá ser devolvida ao sacado em qualquer hipótese, com o aceite ou acompanhada de declaração contendo as razões de sua recusa. e) presume-se o aceite, caso não seja devolvida no prazo de dez dias do seu recebimento. A letra A é o gabarito porque a Lei só exige a devolução da duplicata pelo comprador quando a operação não for à vista, já que, neste caso, haverá uma obrigação a ser paga, que será comprovada pelo título. Nesse caso, o prazo legal para devolução da duplicata é de dez dias, contados da data da apresentação do documento ao sacado, como visto acima. A letra B é incorreta, pois a duplicata pode ser remetida ao sacado diretamente pelo vendedor ou seus representantes, por intermédio de instituições financeiras ou, ainda, por meio de CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 51 procuradores ou correspondentes que se incumbam de apresentá-la ao comprador. A letra C é falsa, já que a recusa do aceite da duplicata sem justa causa não acarreta a falência do devedor. Sendo injustificada a recusa, o sacado não se exonera do dever de honrar o título. A letra D é incorreta porque o sacado pode não devolver a duplicata, apenas recebendo sem oposição as mercadorias, quando se dará o aceite por presunção. Além disso, se houver concordância da instituição financeira cobradora, o sacado poderá reter a duplicata em seu poder até o vencimento, comunicando por escrito à apresentante o aceite e a retenção do título (aceite por comunicação). Por fim, a letra E é errada, pois, como dito, o aceite presumido ocorre quando o sacado recebe de bom grado as mercadorias, sem devolver a respectiva duplicata assinada, independentemente do decurso de um prazo fixo. Gabarito: A Aval O pagamento da duplicata poderá ser assegurado por aval, sendo o avalista equiparado àquele cujo nome indicar, isto é, ao avalizado (aval em preto). Na falta da indicação do avalizado (aval em branco), este será aquele abaixo de cuja firma o avalista lançar a sua. Fora desses casos, o aval em branco considera-se dado ao comprador. O aval dado posteriormente ao vencimento do título produzirá os mesmos efeitos que o prestado anteriormente a sua ocorrência (art. 12 da LD). Nada impede, ainda, que o aval seja dado antes mesmo do aceite do sacado. Na duplicata, pode surgir uma dúvida quando o título possuir dois avais em branco superpostos. Neste caso, o segundo aval seria em relação ao devedor inicial (avais simultâneos) ou ao seu avalista (avais sucessivos)? A dúvida é resolvida pela Súmula 189 do STF, que diz que: “Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos”. No mais, aplicam-se ao aval das duplicatas as regras gerais do aval, vistas acima. Eis mais uma questão da Esaf sobre as duplicatas e os demais títulos de crédito vistos até agora: CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 52 23 - (ESAF/ANALISTA JURÍDICO/SEFAZ/CE/2006) Em matéria de títulos de crédito, a) o aval em uma duplicata pode ser dado antes mesmo do seu aceite pelo sacado. b) o banco que desconta a duplicata em uma operação de crédito recebe-a tão-somente por meio de endosso-mandato. c) tendo em vista a criação das duplicatas para documentar as vendas a prazo no mercado interno, as letras de câmbio somente podem ser usadas no comércio internacional. d) o cheque não é um título de crédito, porque foi proibido por lei que seja endossado mais de uma vez. e) o padrão formal das notas promissórias é definido em lei. A letra A é correta, pois nada impede que o aval em uma duplicata seja dado antes do seu aceite pelo sacado. A letra B é errada porque o banco que efetua o desconto de duplicatas (lembra-se dessa operação, lá na Contabilidade Geral?) adquire a propriedade sobre os títulos, sem prejuízo, contudo, da responsabilidade do vendedor alienante pela solvência dos mesmos. A letra C é incorreta porque a utilização da duplicata para documentar as vendas a prazo não eliminou as letras de câmbio do mercado interno, já que estas podem ser usadas em outras transações econômicas. A letra D é flagrantemente errada, pois, como vimos, o cheque é uma das modalidades de título de crédito. Além disso, segundo o art. 90 do ADCT, não vigora mais a Lei 9.311/1996 (Lei da CPMF), que trazia, no art. 17, I, a regra do endosso único do cheque. Por fim, a letra E é falsa porque as notas promissórias são títulos de modelo livre. Gabarito: A Pagamento É lícito ao comprador, mediante pagamento, resgatar a duplicata antes de aceitá-la ou antes da data do vencimento. É o chamado pagamento antecipado da duplicata. A prova do pagamento é o recibo, passado pelo legítimo portador ou por seu representante com poderes especiais, no verso do próprio título ou em documento em separado, com referência expressa à duplicata. (art. 9.º da LD). Constituirá, igualmente, prova de pagamento total ou parcial da duplicata a liquidação de cheque a favor do endossatário, desde que conste, no verso do cheque, que o valor se destina a amortização ou liquidação da duplicata nele caracterizada (art. 9.º, § 2.º, da LD). Por exemplo, se o comerciante Huguinho emite uma duplicata contra seu cliente Zezinho e depois endossa a duplicata a seu fornecedor Luizinho, CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 53 pode ocorrer que, na data de pagamento, Luizinho apresente a duplicata a Zezinho, para que este a resgate, o que Zezinho prontamente faz, por meio da emissão de um cheque em favor de Luizinho (endossatário da duplicata). Zezinho, conhecedor da lei, faz constar no verso do cheque que ele se destina ao pagamento da duplicata. Com isso, a liquidação do cheque fará prova do pagamento da duplicata. No pagamento da duplicata poderão ser deduzidos quaisquer créditos a favor do devedor resultantes de devolução de mercadorias, diferenças de preço, enganos verificados, pagamentos por conta e outros motivos assemelhados, desde que devidamente autorizados (art. 10 da LD). Além disso, a duplicata admite reforma ou prorrogação do prazo de vencimento, mediante declaração em separado ou nela escrita, assinada pelo vendedor ou endossatário, ou por representante com poderes especiais. Contudo, a reforma ou prorrogação só mantém a coobrigação dos demais intervenientes por endosso ou aval se houver a anuência expressa destes (art. 11 da LD). Triplicata Caso haja perda ou extravio da duplicata a Lei determina ao vendedor que extraia uma cópia da duplicata, chamada triplicata, que terá os mesmos efeitos e requisitos e obedecerá às mesmas formalidades daquela (art. 25 da LD). Para isso, utilizam-se os dados constantes do Livro de Registro de Duplicatas. Note que os casos em que Lei determina a emissão de triplicata são apenas os de perda ou extravio da duplicata. Além desses, tem sido prática comum, já aceita pela jurisprudência, a emissão da triplicata quando o devedor retém o título em sua posse. Nesse caso, contudo, a emissão da triplicata é facultativa, conforme já decidiu o STJ (REsp 174.221/SP). 24 - (FCC/JUIZ ESTADUAL/TJ-GO/2012) I - A duplicata mercantil é protestável somente por falta de pagamento e não admite ser garantida poraval, uma vez que se trata de título causal. II - A duplicata não permite reforma ou prorrogação de seu prazo de vencimento, que é imutável. Item I - INCORRETO – A duplicata é protestável por falta de aceite, por falta de devolução ou por falta de pagamento e pode ser garantida por aval. Lei 5474 de 1968 – Lei das Duplicatas - Art. 13. A duplicata é CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 54 protestável por falta de aceite de devolução ou pagamento. Item II - INCORRETO – O vencimento da duplicata não é imutável. Lei das duplicatas - Art . 11. A duplicata admite reforma ou prorrogação do prazo de vencimento, mediante declaração em separado ou nela escrita, assinada pelo vendedor ou endossatário, ou por representante com podêres especiais. Duplicata de Serviços A duplicata de prestação de serviços ou simplesmente duplicata de serviços também é prevista na Lei 5.474/1968. Segundo o art. 20 da Lei, as entidades que se dediquem à prestação de serviços podem também emitir fatura e duplicata. A fatura deverá discriminar a natureza dos serviços prestados, bem como a soma a pagar em dinheiro, que corresponderá ao preço dos serviços prestados. Aplicam-se à fatura e à duplicata ou triplicata de prestação de serviços, com as adaptações cabíveis, as disposições referentes à fatura e à duplicata ou triplicata de venda mercantil (art. 20, § 3.º, da LD). Quanto à possibilidade de recusa válida de aceite à duplicata de serviços, a Lei prescreve que o sacado poderá deixar de aceitar a duplicata de prestação de serviços por motivo de (art. 21 da LD): - não-correspondência com os serviços efetivamente contratados; - vícios ou defeitos na qualidade dos serviços prestados, devidamente comprovados; - divergência nos prazos ou nos preços ajustados. 25 – (ESAF/AFRFB/2012) A respeito da nota promissória, do cheque e da duplicata, assinale a opção correta. a) O cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão é pagável no dia da apresentação. b) Enquanto o cheque é uma ordem de pagamento à vista, a duplicata e a nota promissória não podem ser emitidas à vista. c) A nota promissória, o cheque e a duplicata são títulos causais. d) Não é lícito ao comprador resgatar a duplicata antes de aceitá-la ou antes da data do vencimento. e) Para ser admitido o endosso de uma nota promissória, é necessária a previsão expressa da cláusula “à ordem”. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 55 Letra a) CORRETA - O cheque é uma ordem de pagamento à vista, ou seja, independente da data que esteja prevista nele o titular do cheque pode descontá-lo, é o chamado cheque ”pré-datado”, não há nenhuma previsão legal que impeça o dono do cheque de ir até ao banco e descontar o cheque mesmo que esteja com data posterior. O banco vai descontar normalmente, mas nesse caso o STJ decidiu que cabe indenização nesse caso por quebra de acordo (Súmula 370 do STJ) Letra b) INCORRETA – O cheque é uma ordem de pagamento à vista. A nota promissória e a duplicata podem ser emitidas à vista também, mas diferentemente do cheque há outras modalidades de emissão desses títulos. Letra c) INCORRETA – Título causal é aquele cuja obrigação que deu origem ao título consta expresso na cártula, só podendo ser emitidos quando ocorre esse tipo de obrigação. A nota promissáoria não é um título causal e sim um título abstrato, assim como o cheque, ou seja, podem ser emitidos independente de uma causa específica. A duplicata é um título causal, pois só pode ser emitida quando ocorre a venda de mercadoria ou a prestação de serviço. Letra d) INCORRETA – A Lei das duplicatas ( Lei 5474 de 1968) deixa claro que é lícito resgatar a duplicata antes de aceitá-la ou antes da data do vencimento. Art . 9º É lícito ao comprador resgatar a duplicata antes de aceitá-la ou antes da data do vencimento. Letra e) INCORRETA – Endosso é a transferência de propriedade de um título de crédito feito por meio da assinatura de quem é o dono do título. A nota promissória é um título à ordem e por isso para ser endossada não precisa vir com a cláusula à ordem. LUG - Art. 11. Toda letra de câmbio, mesmo que não envolva expressamente a cláusula à ordem, é transmissível por via de endosso. (Esse artigo refere-se à letra de câmbio porém aplica-se à nota promissória também) Gabarito: Letra A Protesto A duplicata pode ser protestada por falta de aceite, falta de devolução ou falta de pagamento (art. 13 da LD). O protesto pode ser tirado mediante apresentação da duplicata, da triplicata ou, ainda, por simples indicações do portador (protesto por indicações), na falta de devolução do título (art. 13, § 1.º, da LD) (exceção à cartularidade). Tais indicações podem ser retiradas do Livro de Registro de Duplicatas, onde constam todas as informações da duplicata, como número de ordem, data e CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 56 valor das faturas originárias, data de sua expedição, nome e domicílio do comprador, anotações das reformas e prorrogações, bem como outras circunstâncias necessárias (art. 19, § 1.º, da LD). O protesto será tirado na praça de pagamento constante do título. Uma questão interessante é saber se seria possível o protesto por indicações com base em simples boleto bancário, enviado para cobrança ao devedor. Não é incomum o vendedor deixar de emitir a duplicata, enviando tão somente um boleto para o comprador pagar a mercadoria na rede bancária. Em caso de inadimplência e retenção do boleto pelo cliente, o vendedor não poderá realizar o protesto por indicações, pois a Lei exige que este seja feito com base em duplicata ou triplicata não devolvida. Nesse sentido é a jurisprudência do STJ: COMERCIAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PROTESTO POR INDICAÇÃO DE BOLETOS BANCÁRIOS. INADMISSIBILIDADE. I - A emissão de duplicatas, seu envio e a retenção injustificada pelo devedor são requisitos exigidos pelo art. 13, § 1º da Lei nº 5.474/68 para o protesto por indicação, sem os quais resta inadmissível o protesto de boletos bancários. II - Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1.054.499/MG, Quarta Turma, Ministro Aldir Passarinho Junior, DJe 24/08/2009) Veja também como a questão já foi cobrada em prova: 26 - (CESPE/TABELIÃO/TJDFT/2008) Havendo o saque de uma duplicata mercantil contra a sociedade em questão, relativa à compra de matéria-prima, sem a remessa à sacada para aceite, seria válido o protesto da duplicata por indicação, a ser realizado por meio de boleto bancário. O item é errado, já que não se admite o protesto por indicações com base em boleto bancário. Gabarito: Errado No caso de prestação de serviços, a ausência da duplicata ou triplicata pode ser suprida por qualquer documento que comprove a efetiva prestação dos serviços e o vínculo contratual que a autorizou, o qual constituirá documento hábil para a transcrição do instrumento de protesto (art. 20, § 3.º, 2.ª parte, da LD). Como dito acima, o vendedor tem preferido emitir a triplicata, em vez de realizar o protesto por indicações, quando a duplicata é retida pelo CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br57 comprador. A prática tem sido admitida, pois, embora não prevista em lei, não há prejuízo para as partes (obviamente o comprador, caso atue de má- fé, não se pode valer da própria torpeza). O fato de não ter sido exercida a faculdade de protestar o título por falta de aceite ou de devolução não elide a possibilidade de protesto por falta de pagamento (art. 19, § 2.º, da LD). O portador que não tirar o protesto da duplicata, em forma regular e dentro do prazo de trinta dias, contado da data de seu vencimento, perderá o direito de regresso contra os endossantes e respectivos avalistas (art. 19, § 4.º, da LD). Ação Cambial A cobrança judicial de duplicata ou triplicata será efetuada de conformidade com as regras processuais aplicáveis aos títulos executivos extrajudiciais, previstas no Código de Processo Civil. Para executar o devedor, o credor pode se valer (art. 15 da LD): - de duplicata ou triplicata aceita, protestada ou não; - de duplicata ou triplicata não aceita, contanto que, cumulativamente: • haja sido protestada (inclusive por indicações, se for o caso); • esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e do recebimento da mercadoria; e • o sacado não tenha, comprovadamente, recusado o aceite, no prazo, nas condições e pelos motivos autorizados pela Lei (arts. 7.º e 8.º da LD – ver acima). Veja que, se a duplicata for aceita (aceite ordinário), o título poderá ser executado sem maiores problemas, pois terá se aperfeiçoado como título de crédito apto a fundamentar a execução. Não havendo aceite, porém, haverá necessidade de protesto (inclusive contra o devedor principal e seu avalista), prova da entrega da mercadoria (ou prova da execução do serviço, se for o caso) e prova de que o aceite não foi legitimamente recusado, nos termos da lei. Frise-se que a dispensa de protesto para a execução da duplicata aceita vale apenas para a cobrança do título do sacado e de seu avalista. Para cobrar a dívida dos demais coobrigados e respectivos avalistas, é preciso haver o protesto (art. 15, § 1.º, da LD). Além disso, segundo Fábio Ulhoa Coelho, a comprovação da entrega e do recebimento da mercadoria para a execução de duplicata não-aceita é exigida apenas para a cobrança do sacado, não dos demais coobrigados. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 58 No caso de aceite por comunicação, o comunicado do devedor substituirá a duplicata na execução judicial (art. 7.º, § 2.º, da LD). A execução de duplicata ou triplicata não aceita e não devolvida deve ser precedida do protesto por indicações (art. 15, § 2.º). Na prática, porém, como foi dito, o vendedor tem se valido da triplicata. Caso o credor disponha de duplicata ou triplicata que não atenda aos requisitos acima para a ação de execução, ou pretenda refutar as razões invocadas pelo devedor para o não aceite do título (art. 8.º da LD), ele poderá ajuizar uma ação ordinária comum (processo de conhecimento) para fazer valer o seu direito (art. 16 da LD). Neste caso, uma vez obtida a sentença judicial, esta será o título executivo (judicial) que permitirá ao credor executar o devedor. O foro competente para a cobrança judicial da duplicata ou da triplicata é o da praça de pagamento constante do título, ou outra de domicílio do comprador e, no caso de ação regressiva, a dos sacadores, dos endossantes e respectivos avalistas (art. 17). Prescrição Os prazos de prescrição para ajuizar a ação cambial de execução da duplicata são os seguintes (art. 18): - três anos, para execução contra o sacado e respectivos avalistas, contados da data do vencimento do título; - um ano, para execução contra endossante e seus avalistas, contado da data do protesto; - um ano, para execução promovida por qualquer dos coobrigados contra os demais, contado da data em que haja sido efetuado o pagamento do título. Como já foi estudado antes, os coobrigados da duplicata (e dos demais títulos de crédito) respondem solidariamente pelo aceite e pelo pagamento. Assim, a cobrança judicial poderá ser proposta contra um ou contra todos os coobrigados, sem observância da ordem em que figurem no título (art. 18, §§ 1.º e 2.º da LD). 27 - (ESAF/AFT/2010) Todos os títulos de crédito abaixo têm força executória, exceto: a) a duplicata de serviços aceita. b) o cheque administrativo. c) a nota promissória protestada. d) a duplicata mercantil, não aceita e sem protesto. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 59 e) o cheque cruzado. A letra D é o gabarito, pois a duplicata, quando não expressamente aceita, só pode ser executada se estiver protestada e acompanhada do comprovante de entrega das mercadorias ou da prestação do serviço. Segundo o art. 1º da Lei 9.492/1997, protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida. Gabarito: D Os títulos de crédito são considerados pela lei como títulos executivos extrajudiciais, isto é, servem de documento hábil para dar início a um processo judicial de execução. Em outras palavras, são dotados de executividade. O art. 585, I, do Código de Processo Civil (CPC) dispõe que são títulos executivos extrajudiciais: a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque. Para encerrar nosso encontro, resolva mais esta questão de concurso, envolvendo vários assuntos tratados nesta aula: 28 - (OAB-RJ/28.º EXAME/2005) Quanto aos títulos de crédito, assinale a alternativa correta: a) Pode o portador promover a execução do cheque em até 6 meses, contados da expiração do prazo para apresentação para pagamento, que é de 15 dias; b) É de 10 dias o prazo para remessa da duplicata ao comprador, contado da data de sua emissão; c) O cheque se constitui numa ordem de pagamento à vista, sendo permitido o seu endosso total ou parcial; d) O endosso transmite a propriedade do título de crédito e se completa com a sua tradição. A letra A é errada, pois o cheque deve ser apresentado para pagamento no prazo de 30 dias, a contar do dia da emissão, quando emitido no lugar onde deve ser pago, ou de 60 dias, quando emitido em outro lugar do país ou no exterior. A letra B é incorreta porque o prazo de remessa da duplicata ao sacado, para aceite, é de trinta dias, contados da data de sua emissão. A letra C é falsa, já que não se admite o endosso parcial. Por fim, a letra D é o gabarito, pois a transferência da propriedade de um título de crédito à ordem exige não só o endosso, mas a efetiva tradição do título, em função do princípio da cartularidade. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 60 Gabarito: D Bem, amigo(a) concurseiro(a), chegamos ao final de nossa Aula 04. Espero que tenha gostado. Já vimos bastante coisa até aqui, em relação ao conteúdo já vimos mais da metade da matéria. Estude bem para que na última aula, você possa acertar todos os exercícios que comentaremos. Em nosso próximo encontro, falaremos sobre recuperação judicial, recuperação extrajudicial e falência do empresário e da sociedade empresária (Lei 11.101/2005). Um grande abraço! Luciano Oliveira e Cadu Carrilho 5 – RESUMO DESTA AULA TÍTULO DE CRÉDITO Documento necessário para o exercício de um direitoliteral e autônomo, nele mencionado. PRINCÍPIOS DO DIRETIO CAMBIAL Cartularidade (ou incorporação) Literalidade Autonomia: - abstração; - inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé. CARACTERÍSTICAS DO TÍTULO DE CRÉDITO Negociabilidade Executividade LEGISLAÇÃO CAMBIAL Nota Promissória: Decreto 57.663/1966 (LUG) e Decreto 2.044/1908 (Lei Saraiva) Cheque: Lei 7.357/1985 e Decreto 57.595/1966 (LUG) Duplicata: Lei 5.474/1968 e legislação da letra de câmbio (subsidiariamente) Regras Gerais: Código Civil de 2002 (aplicam-se aos títulos que possuem lei própria apenas de forma subsidiária). Quanto ao modelo: - Modelo livre: letra de câmbio e nota promissória; CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 61 CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO - Modelo vinculado: cheque e duplicata. Quanto ao prazo: - à vista; - a certo prazo da vista; - a data certa; - a certo prazo da data. Quanto à circulação: - Ao portador: circulam por tradição; - Nominais: • À ORDEM: circulam por endosso; • NÃO À ORDEM: circulam por cessão civil de crédito; • NOMINATIVOS: circulam por termo no registro do emitente. Quanto à estrutura: - ordem de pagamento: letra de câmbio, cheque e de duplicata - promessa de pagamento: nota promissória. Quanto à natureza: - Causais: duplicata; - Não-causais ou abstratos: letra de câmbio, nota promissória e cheque. ENDOSSO Transferência do título à ordem por meio de assinatura do titular na cártula ou na folha de alongamento. - Endosso em branco: não indica o novo titular do título. Torna o título ao portador; - Endosso em preto: indica o novo titular. Deve ser puro e simples e não pode ser parcial. O endosso torna o endossante responsável solidário pelo título. Se ele paga o título, tem direito de regresso contra os demais. Se o endossante proibir novo endosso, não responderá somente perante os que figurarem na cadeia de endossos após seu endossatário. - Endosso próprio: transfere a propriedade do título; - Endosso impróprio: não transfere a propriedade do título: • ENDOSSO-MANDATO: permite ao CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 62 endossatário representar o endossante quanto aos direitos referentes ao título; • ENDOSSO-CAUÇÃO: endossante entrega o título ao endossatário como garantia de uma dívida que aquele tem com este. O endosso após o vencimento tem os mesmos efeitos que o endosso feito anteriormente. ENDOSSO X CESSÃO CIVIL DE CRÉDITO Endosso: - Regulado pelo Direito Cambial; - Endossante responde pela existência e pela solvência do crédito; - Não permite oposição de exceções pessoais contra terceiros pelo devedor; - Endossos com efeito de cessão civil de crédito: • endosso de título não à ordem; • endosso após o protesto por falta de pagamento ou após a expiração do prazo para protestar (endosso póstumo ou tardio). Cessão civil de crédito: - Regulada pelo Direito Civil; - Cedente responde apenas pela existência do crédito; - Permite oposição de exceções pessoais pelo devedor. AVAL Garantia cambial por meio da qual o avalista garante o pagamento do título pelo avalizado. - Aval em preto: indica o avalizado - Aval em branco: não indica o avalizado. Neste caso, será considerado avalizado: • na nota promissória: o subscritor; • no cheque: o emitente; • na duplicata: a pessoa abaixo de cuja firma o avalista lançar a sua ou então o comprador. - Avais simultâneos: dois avalistas garantem o mesmo avalizado; - Avais sucessivos: outro avalista garante o avalista do avalizado. O cônjuge só pode prestar aval com CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 63 autorização do outro, salvo se casados com separação absoluta de bens. AVAL X FIANÇA Aval: - Regulado pelo Direito Cambial; - A obrigação do avalista é autônoma e solidária; - O aval deve estar na cártula; - O avalista não pode opor exceções pessoais a terceiros de boa-fé. Fiança: - Regulada pelo Direito Civil; - A obrigação do fiador é acessória e subsidiária; - A fiança pode estar no contrato ou em instrumento separado; - O fiador pode opor exceções pessoais a terceiros de boa-fé. VENCIMENTO Data em que a obrigação constante do título se torna exigível. Pode ser ordinário (à vista, a dia certo, etc.) ou extraordinário (ocorrência de evento anormal, como a falência). PAGAMENTO A apresentação do título deve se dar no dia do vencimento no lugar de seu pagamento. A obrigação é quesível. A nota promissória à vista deve ser apresentada para pagamento até um ano após sua emissão. O cheque deve ser apresentado para pagamento em 30 dias, a contar do dia da emissão, quando emitido no lugar onde deve ser pago, ou 60 dias, quando emitido em outro lugar do país ou no exterior. O pagamento da duplicata pode ser antecipado pelo comprador que a resgata antes do vencimento. Antes do vencimento, o credor não é obrigado a aceitar o pagamento, nem o devedor pode ser obrigado a honrá-lo. Vencido o título, o credor não pode recusar o pagamento, ainda que parcial. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 64 Ao pagar o título, o devedor deve exigir que lhe seja entregue a cártula, cuja posse presume o pagamento da dívida cambial (princípio da cartularidade). Se o devedor original não pagar a obrigação, o credor poderá se voltar contra os demais coobrigados. Para isso, deverá antes efetuar o protesto do título. PROTESTO Ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida. O protesto é facultativo para cobrar a dívida do devedor original e seu avalista e obrigatório para cobrar dos demais coobrigados e seus avalistas, salvo, neste caso, se houver a cláusula “sem protesto”. O protesto por falta de pagamento só pode ser feito após o vencimento e deve ocorrer: - nos dois dias úteis seguintes àquele em que o título for pagável, para a nota promissória; - antes de expirado o prazo de apresentação para o cheque; - em 30 dias, contados do vencimento, para a duplicata. NOTA PROMISSÓRIA Título de forma livre. Seus requisitos essenciais são: - a denominação “nota promissória” inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse título; - a promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada; - a época do pagamento; - a indicação do lugar em que se efetuar o pagamento; - o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga (a nota promissória não pode ser emitida ao portador); - a indicação da data em que e do lugar onde a nota promissória é passada; CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADUCARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 65 - a assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor). Promessa de pagamento: o devedor é o emitente e o tomador é o beneficiário ou credor. Quanto ao prazo, a nota promissória pode ser à vista, a dia certo ou a tempo certo da data. Súmula STF 258: A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou. Aplicam-se à nota promissória as regras sobre endosso, aval, vencimento, pagamento e protesto. AÇÃO CAMBIAL Ação de execução com base no título de crédito original, salvo se anexado a outro processo judicial, comprovado por certidão do cartório das respectiva vara. - Ação direta: contra o devedor principal e seu avalista; - Ação de regresso: contra os endossantes e seus avalistas. Embargos do devedor só poderão versar sobre: - defeito formal do título; - direito pessoal contra o exequente; - ausência de requisito para o exercício da ação executiva. A execução pode ser fundada em mais de um título executivo extrajudicial relativo ao mesmo negócio (Súmula STJ 27). PRESCRIÇÃO DA AÇÃO CAMBIAL DA NOTA PROMISSÓRIA Ações contra o emitente e seu avalista: três anos a contar do vencimento da nota. Ações do portador contra os endossantes e respectivos avalistas: um ano, a contar da data do protesto feito em tempo útil ou da data do vencimento, se se tratar de título que contenha a cláusula “sem despesas”. Ações dos endossantes uns contra os outros e respectivos avalistas: seis CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 66 meses, a contar do dia em que o endossante pagou a letra ou em que ele próprio foi acionado As causas que interrompem a prescrição só produzem efeito em relação à pessoa para quem a interrupção foi feita. Simples protesto cambiário não interrompe a prescrição (Súmula STF 153 – válida para os demais títulos de crédito). CHEQUE Ordem de pagamento à vista: - Sacador: titular da conta bancária; - Sacado: banco ou instituição financeira equiparada; - Tomador: beneficiário do cheque. Não admite aceite. Não admite endosso ou aval do sacado. Título de modelo vinculado. Seus elementos essenciais são: - a denominação “cheque” inscrita no título; - a ordem incondicional de pagar quantia determinada; - o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar; - a indicação do lugar de pagamento; - a indicação da data e do lugar de emissão; - a assinatura do emitente ou de seu mandatário com poderes especiais. Quanto à circulação, o cheque pode ser emitido: - a pessoa nomeada, com ou sem a cláusula “à ordem” (cheque nominal à ordem – transfere-se por endosso); - a pessoa nomeada, com a cláusula “não à ordem” (cheque nominal não à ordem – transfere-se por cessão civil de crédito); - ao portador (até R$ 100) (transfere-se por tradição). Embora seja título à vista, é admitido o cheque pré-datado. Diz a Súmula STJ 370: “Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré- datado”. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 67 ESPÉCIES DE CHEQUE Cheque visado: - Nominal e não endossado; - Visto a pedido do emitente ou do portador legitimado; - Banco atesta que há fundos para o pagamento e reserva a quantia. Cheque cruzado: - Dois traços paralelos no anverso do cheque; - Cruzamento geral: apenas os dois traços ou dois traços com a palavra “banco”; - Cruzamento especial: indicação do nome do banco entre os traços; - Pode-se converter um cruzamento geral em especial, mas não o inverso; - O cheque cruzado só pode ser pago a um banco ou a um cliente do sacado, mediante crédito em conta. Cheque para ser creditado em conta: - Inscrição da cláusula “para ser creditado em conta” no anverso do título; - O sacado só pode proceder a um lançamento contábil (crédito em conta, transferência ou compensação), que vale como pagamento. Cheque administrativo: - cheque emitido pelo banco contra si mesmo, em favor de terceiro; - Não pode ser ao portador. Cheque de viagem: - Espécie de cheque administrativo; - O banco o emite contra um de seus estabelecimentos e é firmado pelo credor no momento da aquisição do título e quando da sua liquidação; - confere segurança ao turista, que não precisa transportar grandes somas de dinheiro. Revogação ou contra-ordem: - A pedido do emitente; - Pedida por aviso epistolar (carta) ou por via judicial ou extrajudicial, com as razões motivadoras do ato; - só pode ser feita depois de expirado o prazo de apresentação; CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 68 SUSTAÇÃO DO CHEQUE - Não sendo promovida, o sacado pode pagar o cheque até a prescrição. Oposição: - Pode ocorrer mesmo durante o prazo de apresentação; - A pedido do emitente ou do portador legitimado; - Manifestação ao sacado, por escrito, fundada em relevante razão de direito. Em qualquer caso, não cabe ao sacado julgar a relevância da razão invocada para sustar o cheque. A oposição do emitente e a revogação ou contra-ordem se excluem reciprocamente. AÇÃO CAMBIAL DO CHEQUE A ação contra o emitente e seu avalista pode ser ajuizada ainda que não apresentado o cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambial (Súmula 600 do STF). Para a execução dos endossantes e seus avalistas, é preciso apresentação do cheque em tempo hábil, recusa de pagamento e protesto ou declaração do sacado ou de câmara de compensação. Portador que não apresenta o cheque em tempo hábil ou não comprova a recusa de pagamento perde o direito de execução contra o emitente, se este tinha fundos durante o prazo de apresentação e os deixou de ter, sem culpa. A execução independe de protesto ou declaração, se a apresentação ou o pagamento forem obstados por o sacado estar em intervenção, liquidação extrajudicial ou falência. PRESCRIÇÃO DA AÇÃO Ação do portador: seis meses, contados da expiração do prazo de apresentação. Ação de um obrigado contra outro: seis meses, contados do dia em que o obrigado pagou o cheque ou do dia em que foi demandado em juízo. A interrupção da prescrição produz efeito somente contra quem a causou. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 69 CAMBIAL DO CHEQUE Após a prescrição da ação cambial, pode haver a ação de locupletamento, que prescreve em dois anos, contados da prescrição da ação de execução. Após a prescrição da ação de locupletamento, pode haver a ação ordinária de cobrança, na qual deverá ser provada a relação causal que deu origem ao título. Admite-se o ajuizamento de ação monitória fundada em cheque prescrito (Súmula 299 do STJ). DUPLICATA Título causal de modelo vinculado. Seus elementossão: - a denominação “duplicata”, a data de sua emissão e o número de ordem; - o número da fatura; - a data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à vista; - o nome e domicílio do vendedor e do comprador; - a importância a pagar, em algarismos e por extenso; - a praça de pagamento; - a cláusula à ordem; - a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la, a ser assinada pelo comprador, como aceite cambial; - a assinatura do emitente. É uma ordem de pagamento: Sacador: vendedor ou prestador de serviços; Sacado: comprador ou recebedor dos serviços; Beneficiário: o próprio sacador. Fatura: deve ser extraída nas operações com prazo não-inferior a trinta dias. Duplicata: pode ser extraída quando a fatura for emitida. Uma só duplicata não pode corresponder a mais de uma fatura. Com a adoção da nota fiscal- fatura, a duplicata passou a ser quase sempre é emitida. O vendedor não pode emitir outro título de crédito que não seja a duplicata para documentar a operação. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 70 Empresário que emite duplicatas deve escriturar o Livro de Registro de Duplicatas. ACEITE DA DUPLICATA Aceite: reconhecimento expresso da dívida pelo sacado (aceitante), por escrito, na própria cártula. O aceite deve ser puro e simples e é irretratável. Para o aceite, a duplicata deve ser remetida ao sacado, no prazo de trinta dias de sua emissão. A duplicata, quando não for à vista, deverá ser devolvida pelo comprador ao apresentante no prazo de dez dias, contados da apresentação, assinada ou acompanhada de declaração, por escrito, das razões da falta do aceite. O aceite da duplicata é obrigatório, só podendo ser recusado pelo comprador se houver: - avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não entregues por sua conta e risco; - vícios, defeitos e diferenças comprovados na qualidade ou na quantidade das mercadorias; - divergência nos prazos ou nos preços ajustados. Modalidades de aceite: - Ordinário: aposição da assinatura do aceitante na duplicata; - Por presunção: recebimento pacífico das mercadorias, sem a assinatura na cártula, ainda que o título seja devolvido; - Por comunicação: se a instituição financeira cobradora concordar, o sacado poderá reter a duplicata em seu poder até o vencimento, comunicando por escrito à apresentante o aceite e a retenção do título. A comunicação substitui a duplicata no protesto ou na execução judicial. - Aval em preto: avalizado é quem o CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 71 AVAL DA DUPLICATA aval indicar; - Aval em branco: avalizado é aquele abaixo de cuja firma o avalista lançar a sua ou então o comprador. O aval pode ser dado antes do aceite do sacado. Os avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos (Súmula STF 189). TRIPLICATA Cópia da duplicata. Deve ser emitida quando houver perda ou extravio da duplicata. Pode ser emitida quando o devedor não restitui o título ao vendedor. DUPLICATA DE SERVIÇOS As entidades que se dediquem à prestação de serviços também podem emitir fatura e duplicata. Aplicam-se à fatura e à duplicata ou triplicata de serviços, com as adaptações cabíveis, as disposições referentes à fatura e à duplicata ou triplicata de venda mercantil. o sacado só pode deixar de aceitar a duplicata de serviços por motivo de: - não-correspondência com os serviços efetivamente contratados; - vícios ou defeitos na qualidade dos serviços prestados, devidamente comprovados; - divergência nos prazos ou nos preços ajustados. PROTESTO DA DUPLICATA A duplicata pode ser protestada por falta de aceite, falta de devolução ou falta de pagamento. O protesto pode ser tirado com a duplicata, a triplicata ou por simples indicações, na falta de devolução do título (tem sido admitida a emissão da triplicata, neste caso). Não se admite o protesto por indicações com base em boleto bancário. A ausência da duplicata ou triplicata de serviços pode ser suprida por documento que comprove a prestação CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 72 dos serviços e o vínculo contratual que a autorizou. É de 30 dias o prazo para protesto, contado da data do vencimento, sob pena de perda do direito de regresso contra os endossantes e seus avalistas. AÇÃO CAMBIAL DA DUPLICATA Para executar o devedor da duplicata, o credor pode se valer: - de duplicata ou triplicata aceita, protestada ou não (para executar os endossantes e seus avalistas exige-se o protesto); - de duplicata ou triplicata não aceita, desde que: • haja protesto; • haja documento que comprove a entrega da mercadoria; e • o sacado não tenha, recusado legítima e tempestivamente o aceite. A comprovação da entrega da mercadoria (duplicata não aceita) é exigida apenas para a execução do sacado, não dos demais coobrigados. Sendo o aceite por comunicação, o comunicado substitui a duplicata na execução. Se houver duplicata ou triplicata não devolvida, deve haver o protesto por indicações. Neste caso, porém, o vendedor tem se valido da triplicata. Não havendo duplicata ou triplicata hábil para a execução, ou se o credor quiser refutar a recusa de aceite, poderá ser ajuizada uma ação ordinária comum. PRESCRIÇÃO DA AÇÃO CAMBIAL DA DUPLICATA Ação contra o sacado e respectivos avalistas: três anos, contados da data do vencimento do título. Ação contra endossante e seus avalistas: um ano, contado da data do protesto. Ação promovida por coobrigado contra os demais: um ano, contado da data em que foi pago o título. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 73 6 – EXERCÍCIOS COMENTADOS NESTA AULA 1 - (CESPE/CONSULTOR LEGISLATIVO/SENADO FEDERAL/2002) Quanto ao princípio da cartularidade, aplicável aos títulos de crédito, exige-se que o credor apresente o título – cártula – a fim de que possa obrigar o devedor a efetuar o pagamento de sua dívida. Não se admite, assim, que se inicie a ação cambial sem que a petição inicial esteja acompanhada do respectivo título de crédito. 2 - (CESPE/ADVOGADO/HEMOBRAS/2008) Segundo a doutrina dominante, são princípios gerais do direito cambiário a cartularidade, literalidade e autonomia das obrigações. 3 - (ESAF/DEFENSOR PÚBLICO/CE/2002) “Título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele mencionado” (César Vivante). Na expressão documento necessário do conceito transcrito é identificável o princípio da: a) literalidade; b) abstração; c) autonomia; d) incorporação. 4 - (CESPE/CONSULTOR LEGISLATIVO/SENADO FEDERAL/2002) Se Renato emitir determinado cheque em favor de André, e este o endossar em favor de Aldo, sustando-o em seguida, caso o título não seja pago, em decorrência do princípio da literalidade, Renato nãopoderá, em regra, opor contra Aldo a causa que o levou a sustar o pagamento do cheque. 5 - (ESAF/ADVOGADO/IRB/2006) Considere-se um título de crédito emitido parcialmente em branco, devendo ser preenchido pelo portador segundo os termos de um pacto adjecto. Nesse caso, a) o devedor poderá impugnar perante terceiro, em qualquer situação, o seu preenchimento em desconformidade com os ajustes realizados. b) se o preenchimento se deu em desconformidade com os ajustes e depois foi assim endossado a terceiro, o devedor poderá impugnar o pagamento apenas em relação ao favorecido original. c) o portador do título, preenchido indevidamente e objeto de uma série regular de endossos, poderá sofrer oposição do devedor, pois as transmissões ficaram contaminadas pelo vício referido. d) se o pacto adjecto não acompanhar a circulação do título, jamais qualquer credor poderá sofrer impugnação por parte do devedor diante do descumprimento indevido. e) a emissão de um título incompleto é risco absoluto que o emitente assume ao fazê-lo. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 74 6 - (CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/AGU/2012)O título que for emitido em favor de pessoa cujo nome conste no registro do emitente e que for transferido mediante termo assinado pelo proprietário e pelo adquirente constituirá título à ordem. 7 - (CESPE/FISCAL DE TRIBUTOS/PREFEITURA DE RIO BRANCO/2007) Assim como o cheque, a nota promissória é uma ordem de pagamento. 8 - (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF 1.ª REGIÃO/2009) A abstração – princípio absoluto dos títulos de crédito – é característica que serve à autonomia desses títulos e que é fundamental para a sua circulação. 9 - (ESAF/AGENTE AUXILIAR E ARRECADADOR TRIBUTÁRIO/SEFAZ- PI/2001) Títulos de créditos são: a) documentos públicos b) documentos que legitimam o exercício de direitos cartulares c) instrumentos de dívida d) únicos instrumentos cuja circulação se faz por tradição e) instrumentos que só podem ser endossados em preto 10 - (CESPE/FISCAL DE TRIBUTOS/PREFEITURA DE RIO BRANCO/2007) O endosso lançado em uma duplicata, em regra, acarreta a condição de coobrigado do respectivo endossante. 11 - (ESAF/FISCAL DE TRIBUTOS ESTADUAIS/PA/2002) O endosso é instituto de direito cambiário que a) se aplica apenas para representar a transferência de titularidade. b) serve para determinar a legitimação cambiária. c) impõe ao endossante o dever de garantir a legitimidade dos endossos anteriores. d) deve ser em preto para garantir a formação da cadeia de regresso. e) serve para indicar que alguém deixa de ser titular do direito cambiário. 12-(ESAF/AFTN/TRIBUTAÇÃO E JULGAMENTO/1996/ADAPTADA) Nos títulos de crédito, o aval é uma garantia acessória do pagamento do título. 13 - (CESPE/FISCAL DE TRIBUTOS/PREFEITURA DE RIO BRANCO/2007) Depois do novo Código Civil, conforme sucede com a fiança, em regra, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, prestar aval. 14 - (ESAF/AFTN/TRIBUTAÇÃO E JULGAMENTO/1996/ADAPTADA) Nos títulos de crédito, a falta do protesto necessário, nos prazos legais, exonera os coobrigados. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 75 15 - (FCC/JUIZ ESTADUAL/TJ-GO/2012) No tocante ao título de crédito, é correto afirmar que: a) quando não indicado, considera-se lugar de sua emissão e de pagamento o domicílio do credor. b) sua transferência não implica a de todos os direitos que lhe são inerentes. c) pode-se reivindicá-lo do portador que o adquiriu de boa-fé e na conformidade das normas que disciplinam sua circulação. d) não tendo ele indicação de vencimento, entende-se que o prazo de pagamento é o de sessenta dias. e) enquanto estiver em circulação, só ele poderá ser dado em garantia, ou ser objeto de medidas judiciais, e não, separadamente, os direitos ou mercadorias que representa. 16 - (CESPE/EXAME DE ORDEM/OAB/2008.2) Os títulos de crédito são tradicionalmente concebidos como documentos que apresentam requisitos formais de existência e validade, de acordo com o regulado para cada espécie. Quanto aos seus requisitos essenciais, a nota promissória: a) poderá não indicar o nome do sacado, permitindo-se, nesse caso, saque ao portador. b) precisa ser denominada, com sua espécie identificada no texto do título. c) poderá ser firmada por assinatura a rogo, se o sacador não puder ou não souber assiná-la. d) conterá mandato puro e simples de pagar quantia determinada. 17 - (ESAF/DEFENSOR PÚBLICO/CE/2002) A nota promissória: a) pode ser emitida ao portador; b) deve, obrigatoriamente, conter o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; c) não pode ser endossada; d) precisa, necessariamente, ser avalizada. 18 - (FCC/JUIZ ESTADUAL/TJ-GO/2012)Em relação aos seguintes títulos de crédito é correto afirmar: I - Se o cheque pós-datado for apresentado em data anterior à indicada para pagamento, não poderá ser pago de imediato, pois se terá descaracterizado como ordem de pagamento à vista. II - Como regra, o sacado de um cheque não tem qualquer obrigação cambial; assim, o credor do cheque não pode responsabilizar o banco sacado pela inexistência ou insuficiência de fundos disponíveis. 19 - (FCC/DEFENSOR PÚBLICO/SP/2009) Considerando as espécies de cheques, assinale a definição correta. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 76 a) O cheque administrativo é aquele em que o emitente, para os fins de liquidez e tranquilidade do beneficiário, solicita do sacado que aponha visto ou certificado, bem como reserve o valor. b) Cheque marcado é aquele que é pago somente ao beneficiário que tiver o nome indicado e, por isso, não comporta endosso. c) Diz-se visado o cheque emitido pelo sacado contra ele mesmo em favor da pessoa indicada por terceiro, geralmente o correntista do banco. d) Cheque cruzado especial é aquele em que o emitente apõe dois traços no anverso do título e escreve entre estes o dizer “banco”. e) Cheque de viagem é o emitido em moeda estrangeira e pago na moeda do país em que é apresentado, conforme com o câmbio do dia. 20 - (ESAF/DEFENSOR PÚBLICO/CE/2002) No cheque: a) contra-ordem e oposição ao pagamento têm o mesmo significado; b) a lei do cheque exige boletim de ocorrência para que seja dada a contra- ordem; c) a contra-ordem só pode ser dada pelo emitente e a oposição ao pagamento pode ser feita pelo emitente e pelo portador legitimado; d) a oposição ao pagamento e a contra-ordem não se excluem reciprocamente. 21 - (ESAF/FISCAL DE RENDAS/SMF-RJ/2010) Marque a opção que contém um título de crédito que não admite emissão com cláusula “não à ordem”. a) A letra de câmbio. b) A duplicata mercantil. c) A nota promissória. d) O cheque. e) A cédula de crédito bancário. 22 - (ESAF/AGENTE FISCAL DE TRIBUTOS ESTADUAIS/SEFAZ-PI/2001) Tendo sido enviada uma duplicata para aceite pelo sacado, a) o título não precisa ser devolvido, caso tenha sido sacado à vista. b) a remessa precisa ser feita necessariamente por meio de instituição financeira. c) a recusa do aceite sem justa causa caracteriza uma das hipóteses da falência. d) ela deverá ser devolvida ao sacado em qualquer hipótese, com o aceite ou acompanhada de declaração contendo as razões de sua recusa. e) presume-se o aceite, caso não seja devolvida no prazo de dez dias do seu recebimento. 23 - (ESAF/ANALISTA JURÍDICO/SEFAZ/CE/2006) Em matériade títulos de crédito, CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 77 a) o aval em uma duplicata pode ser dado antes mesmo do seu aceite pelo sacado. b) o banco que desconta a duplicata em uma operação de crédito recebe-a tão-somente por meio de endosso-mandato. c) tendo em vista a criação das duplicatas para documentar as vendas a prazo no mercado interno, as letras de câmbio somente podem ser usadas no comércio internacional. d) o cheque não é um título de crédito, porque foi proibido por lei que seja endossado mais de uma vez. e) o padrão formal das notas promissórias é definido em lei. 24 - (FCC/JUIZ ESTADUAL/TJ-GO/2012) I - A duplicata mercantil é protestável somente por falta de pagamento e não admite ser garantida por aval, uma vez que se trata de título causal. II - A duplicata não permite reforma ou prorrogação de seu prazo de vencimento, que é imutável. 25 – (ESAF/AFRFB/2012) A respeito da nota promissória, do cheque e da duplicata, assinale a opção correta. a) O cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão é pagável no dia da apresentação. b) Enquanto o cheque é uma ordem de pagamento à vista, a duplicata e a nota promissória não podem ser emitidas à vista. c) A nota promissória, o cheque e a duplicata são títulos causais. d) Não é lícito ao comprador resgatar a duplicata antes de aceitá-la ou antes da data do vencimento. e) Para ser admitido o endosso de uma nota promissória, é necessária a previsão expressa da cláusula “à ordem”. 26 - (CESPE/TABELIÃO/TJDFT/2008) Havendo o saque de uma duplicata mercantil contra a sociedade em questão, relativa à compra de matéria- prima, sem a remessa à sacada para aceite, seria válido o protesto da duplicata por indicação, a ser realizado por meio de boleto bancário. 27 - (ESAF/AFT/2010) Todos os títulos de crédito abaixo têm força executória, exceto: a) a duplicata de serviços aceita. b) o cheque administrativo. c) a nota promissória protestada. d) a duplicata mercantil, não aceita e sem protesto. e) o cheque cruzado. 28 - (OAB-RJ/28.º EXAME/2005) Quanto aos títulos de crédito, assinale a alternativa correta: CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL(EMPRESARIAL) AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 04 www.pontodosconcursos.com.br 78 a) Pode o portador promover a execução do cheque em até 6 meses, contados da expiração do prazo para apresentação para pagamento, que é de 15 dias; b) É de 10 dias o prazo para remessa da duplicata ao comprador, contado da data de sua emissão; c) O cheque se constitui numa ordem de pagamento à vista, sendo permitido o seu endosso total ou parcial; d) O endosso transmite a propriedade do título de crédito e se completa com a sua tradição. Gabarito: 01 – CORRETO 15 – E 02 – CORRETO 16 – B 03 – D 17 – B 04 – ERRADO 18 – ERRADO/CORRETO 05 – B 19 – E 06 – ERRADO 20 – C 07 – ERRADO 21 – B 08 – ERRADO 22 – A 09 – B 23 – A 10 – CORRETO 24 – ERRADO/ERRADO 11 – B 25 – A 12 – ERRADO 26 – ERRADO 13 – CORRETO 27 – D 14 – CORRETO 28 – D