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Material Direito Civil - Contratos (formação)

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FORMAÇÃO DOS CONTRATOS (ARTIGOS 427 A 435, DO CÓDIGO CIVIL)
- MANIFESTAÇÃO DA VONTADE - 
Em consonância com a idéia de que contrato é um acordo de vontades que tem por finalidade criar, modificar ou extinguir direitos, a manifestação de vontade é o primeiro e mais importante requisito para a existência do negocio jurídico, em especial, os modelos de negocio jurídico bilateral mais expressivo que temos que são os contratos, cuja manifestação poderá ser expressa ou tácita.
 
- NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES – 
Com efeito, o contrato resulta de duas manifestações de vontade, quais sejam: a proposta e a aceitação.
A proposta (oferta ou policitação) é o que dá inicio à formação dos contratos. Neste primeiro momento, em linhas gerais, não depende de forma especial.
Contudo, nem sempre a formação do contrato inicia com a proposta seguida da aceitação. Na maior parte das vezes, existe uma fase que antecede a oferta, esta denominada negociação preliminar (ou fase da puntuação).
Nesta fase ocorrem as conversações, estudos e debates acerca do negócio jurídico a ser realizado, contudo, ainda não nenhuma vinculação, ou seja, qualquer uma das partes pode se afastar alegando desinteresse, sem que haja perdas e danos. 
Assim, mesmo que haja minuta ou projeto, nesta fase não geram obrigações para qualquer um dos contratantes, contudo, reconhece a doutrina e jurisprudência a possibilidade de gerar deveres jurídicos para os contraentes decorrentes do princípio da boa-fé, como lealdade, informação, sigilo e cuidado, cujo descumprimento acarretará perdas e danos, independente de contratação (responsabilidade civil aquiliana).
 
- A PROPOSTA – 
A proposta ou oferta traduz a vontade definitiva de contratar nas bases oferecidas, ultrapassadas as conversações. Essa será dirigida a outra parte para que aceite ou não. Então, a proposta é uma declaração dirigida por uma pessoa à outra (negocio jurídico unilateral num primeiro momento), quando se espera a intenção de se vincular, se houver o aceite.
A proposta deve conter todos os elementos essenciais do negócio proposto, como preço, quantidade, tempo de entrega, forma de pagamento etc. Outrossim, deve ser séria e consciente, pois vincula o proponente (artigo 427, do Código Civil). E, por derradeiro, dever ser a proposta clara, completa e inequívoca.
Quanto à força vinculante, diferente das negociações preliminares, a oferta séria e consciente vincula o proponente. Esta obrigatoriedade da proposta consiste no ônus – imposto ao proponente – de mantê-la por certo tempo a partir de sua efetivação e de responder por suas consequências.
Artigo 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
Cumpre ressaltar que, a morte ou a interdição do policitante não desfaz a promessa. Nestas hipóteses, respondem os herdeiros e o curador do incapaz pelas conseqüências jurídicas.
A proposta não vincula nos casos da segunda parte do artigo 427, do Código Civil. A primeira hipótese, trata da oferta com cláusula expressa eximindo a obrigação a respeito, isso ocorre quando a proposta não é definitiva.
Outra hipótese ocorre em razão da natureza do negócio, são as chamadas propostas abertas ao público, que ficam limitadas ao estoque existente, por exemplo:
Artigo 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. 
Por fim, a oferta não vincula o proponente em razão das circunstâncias do caso conforme preceitua o artigo 428, do Código Civil.
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.
              
- ACEITAÇÃO –
A aceitação é a concordância com os termos da proposta, ou seja, é a manifestação de vontade imprescindível para conclusão do contrato.
Neste sentido, a aceitação consiste “na formulação da vontade concordante do oblato, feita dentro do prazo e envolvendo adesão integral à proposta recebida”, conforme conceitua o professor Silvio Rodrigues.
A aceitação deve ser pura e simples para produzir o efeito de aperfeiçoar o contrato, contudo, se a aceitação for apresentada fora do prazo, com adições, restrições ou modificações caberá o proponente apresentar contraproposta:
Artigo 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta. 
Ensina Marco Aurélio Bezerra de Melo que a aceitação pode ser expressa, presumida, tácita e decorrer do silêncio qualificado em consonância com a boa-fé objetiva (2015, p. 179).
A expressa decorre de declaração do aceitante, manifestando a sua aceitação sem deixar dúvida, por exemplo, quando se faz sinal para um táxi.
A aceitação presumida decorre da lei, por exemplo, quando os nubentes não declaram no pacto antenupcial o regime patrimonial, logo, a lei dispõe que há presunção de que quiseram casar sob o regime da comunhão parcial (artigo 1.640, do Código Civil).
Já a aceitação tácita ocorre quando as partes convencionam que a ausência de manifestação de vontade importará em anuência, por exemplo, nos contratos de locação em que não há a denúncia ao fim do prazo determinado, o que irá presumir que desejam dar continuidade na relação jurídica. Logo, a tácita não decorre de uma declaração, mas sim de sua conduta, na qual revela o seu consentimento.
Por derradeiro, embora não haja consenso acerca do silêncio como forma de manifesdtação de vontade, Marco Aurélio Bezerra de Melo explica que:
“o silêncio é a ausência da manifestação de vontade que, pela função integradora da boa-fé objetiva, pode ser entendida como manifestação de vontade para o fim de provocar a formação do contrato” (2015, p. 180). 
O artigo 432, do Código Civil, trata de duas hipóteses de aceitação tácita, que não há tempo para recusa, quais sejam: a primeira hipótese ocorre quando o negócio é realizado de forma que não é costumeiro a aceitação expressa ou quando o proponente dispensar a aceitação expressa. Neste casos, para que seja interrompido o negócio deverá oblato comunicar previamente o proponente.
Artigo 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa.
O Código Civil trata de duas hipóteses de inexistência de força vinculante da aceitação. A primeira hipótese é aquela tratada no artigo 430, primeira parte, do Código Civil, quando a aceitação, embora expedida a tempo, por motivos imprevistos, não chega a tempo ao conhecimento do proponente. 
Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos.
E a segunda hipótese, ocorre quando se antes da aceitação ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante, conforme dispõe o artigo 433, do Código Civil.
Artigo 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante.
 
- MOMENTO DA FORMAÇÃO DO CONTRATO – 
                  
Os contratos realizados entre presentes, a proposta poderá estipular ou não prazo para aceitação. Na hipótese de não haver prazo estipulado, deverá haver manifestação imediata, sob pena de a oferta perder a força vinculante. Contudo, estipulado prazo a aceitação deverá ser realizada dentro dele, sob pena de desvincular o proponente.
Relevante aos contratos é a identificação do momento em que se deve considerar a suaformação. Não há qualquer dúvida quanto ao momento se realizados entre presentes, visto que as partes estarão vinculadas na ocasião em que o oblato aceitar a proposta.
A dificuldade quanto à identificação do momento ocorre nos contratos realizados entre aos ausentes, ou seja, quando efetivado por correspondência epistolar (carta ou telegrama) ou por intermediários.
Não há consenso na doutrina acerca do momento adequado que há efetividade do contrato.
A teoria da informação ou da cognição defende que a conclusão ocorre no momento em que o policitante recebe a resposta, com o seu inteiro teor, sendo que não basta o recebimento da correspondência, e sim quando o policitante abrir a correspondência.
A teoria da declaração ou da agnação subdivide-se em três: 
 - a teoria da declaração propriamente dita defende que a conclusão do contrato ocorre com a redação da correspondência epistolar. Essa teoria não prosperou por não haver condições de identificar o momento exato que ocorreu a redação, além de ainda não haver a aceitação da outra parte que poderia destruir a correspondência.
- a teoria da expedição defende que deve haver a redação e a sua efetiva expedição.
- a teoria da recepção exige que, alem de escrita e expedida, a resposta tenha sido recebida pelo seu destinatário, distinguindo da teoria da informação, pois esta exige que a carta tenha sido recebida e tomado conhecimento do seu teor.
O nosso ordenamento jurídico acolheu a teoria da expedição, conforme preceitua o artigo 434, do Código Civil.
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto:
I - no caso do artigo antecedente;
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;
III - se ela não chegar no prazo convencionado.
Com fulcro nos incisos do artigo em destaque, percebemos que a teoria da expedição não é uma regra absoluta, admitindo em algumas circunstâncias a teoria da recepção, por exemplo, nas hipóteses de retração da aceitação (artigo 433).

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