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179807101317 DIR PROC CIVIL AULA 04

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LITISCONSÓRCIO 	
 Considerações iniciais: tema que se relaciona ao estudo da pluralidade de partes em um mesmo processo; algumas vezes a lei processual autoriza, outras a lei processual impõe o litígio conjunto, como decorrência da relação jurídica de direito material; em um e em outro caso, há litisconsórcio por causa da pluralidade de autores ou de réus, é dizer, de partes; é oportunidade de cúmulo subjetivo do processo; não é cumulação de ações, tampouco de processos. As hipóteses de cabimento do litisconsórcio encontram-se previstas no art. 113. 
 
Pelo regime geral do litisconsórcio, em qualquer que seja sua modalidade, não bastará que haja a intimação de apenas um ou alguns deles, sendo necessário que todos sejam intimados, a teor do que dispõe o art. 118. 
 
	REGIME DO LITISCONSÓRCIO 
	
	Litisconsórcio 
	Simples 
	Unitário 
	 
 
 
 
Regra 
	O regime é de autonomia ou independência, sendo que os atos praticados por um não beneficiam os outros. 
	Discute-se no processo uma relação jurídica una e incindível, devendo o resultado ser igual para todos. Nesta situação, os atos praticados por um dos litisconsortes, beneficiam todos os demais 
	Particularidades 
	Deve-se analisar qual o teor do ato praticado, para que se averigue que tipo de alegação foi feita pelo litisconsorte, uma vez que, se for comum, beneficia todos os demais. 
	Se o ato praticado for vantajoso, todos serão beneficiados. Porém, se for realizado em detrimento dos próprios interesses (confissão, renúncia, etc), será ineficaz, não prejudicando sequer quem o praticou. 
 
 Classificações do litisconsórcio 
 
Quanto ao momento de formação, pode ser inicial/originário (formado desde a petição inicial) ou ulterior/posterior/incidental/superveniente (formado a posteriori, como o chamamento ao processo); 
 
Quanto à posição dos litisconsortes, pode ser ativo (litisconsortes no pólo ativo), passivo (litisconsortes no pólo passivo) ou misto (litisconsortes nos dois pólos do processo); 
 
Quanto à obrigatoriedade de sua formação, pode ser facultativo (a lei autoriza que mais de um autor e/ou mais de réu litiguem em conjunto em um mesmo processo) ou obrigatório (a lei impõe ou a relação jurídica pertence a mais de uma pessoa ao mesmo tempo), sendo o caso de litisconsórcio necessário (art. 114); 
 
Quanto ao resultado da demanda, pode ser simples (litisconsortes podem receber resultados diversos para seus pedidos de tutela jurisdicional, com cumulação subjetiva e objetiva) ou unitário (quando o resultado será o mesmo ou, quando menos, uniforme e homogêneo para todos os litisconsortes, cumulação subjetiva art. 116). 
 
 Litisconsórcio facultativo: não basta que duas pessoas queiram litigar em conjunto, havendo necessidade de que a lei autorize a cumulação subjetiva. Não ficará ao arbítrio das partes o formarem, sendo cabíveis apenas dentre as hipóteses legais previstas no art. 113, conforme se vê a seguir: 
 
Em relação ao inciso 
 
I, são exemplos comuns a co-propriedade, a composse e a dívida solidária ativa ou passiva; o referido dispositivo também pode ensejar situações em que o litisconsórcio é necessário, como ocorre quando há um contrato assinado por duas empreiteiras para a realização de obra pública; 
Em relação ao inciso 
II, a hipótese é de litisconsórcio facultativo em razão da conexão entre as causas por conta do objeto ou da mesma causa de pedir (exemplo é a situação de dois ou mais acionistas impugnarem juntos a deliberação tomada em assembléia geral de sociedade anônima); - Em relação ao inciso 
III, a hipótese é de afinidade de questões (pontos) por um ponto comum de fato ou de direito (proprietário de terras que se pretende ver indenizado pelos vizinhos que deixaram vários de seus animais ingressar em suas terras). 
 
A limitação pode se dar quando o excessivo número de litigantes (Dinamarco chama de litisconsórcio multitudinário) comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa, conforme art. 113, p. 1º; o pedido de limitação interrompe o prazo para resposta (devolvido integralmente), conforme art. 113, § 2º, o que significa que a própria parte pode pedir a legitimação; juiz pode fazê-lo de ofício (STJ, AgRg na MC 25128/RJ, Agravo Regimental na medida cautelar 2015/0281799-4, rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, J. 19.11.2015; STJ, REsp 908.714/BA, rel. Min. Arnaldo Esteves de Lima, j. 18.9.2008); desmembramento de um único processo em vários autos (corrente doutrinária que prevalece, conforme Cândido Rangel Dinamarco, Cassio Scarpinella Bueno e Nelson Nery Jr); 
 
Há que se registrar, também, as expressões litisconsórcio facultativo sucessivo, alternativo ou eventual, cuja ênfase repousa no aspecto subjetivo do cúmulo; caberá ao autor, e não ao juiz ou ao MP (fiscal da ordem jurídica), na formulação da inicial, decidir se litigará em face de mais de um réu naquelas situações em que a própria lei lhe permite fazê-lo; não é só expor a razão pela qual o faz, mas, também, declinar se o cúmulo é sucessivo, alternativo ou eventual, isto é, se o julgamento em face de um ou de outro réu assume, para ele, autor, algum grau de prejudicialidade, subsidiariedade ou não. 
 
Estabilização da demanda: o réu só está autorizado a formação de um litisconsórcio facultativo nos casos de “chamamento ao processo”; o juiz, por seu turno, só está autorizado à formação do litisconsórcio nos casos em que ele for “necessário”; a justificativa para ambas as situações reside na referida “estabilização da demanda” que veda, nos casos previstos em lei, qualquer alteração no pedido, na causa de pedir, ou nas partes. 
 
A expressão intervenção litisconsorcial voluntária, assim alcunhada por Dinamarco, não se confunde com o instituto da “assistência litisconsorcial” (VÁRIAS VOZES REJEITAM ESSA MODALIDADE), pois amplia subjetiva e objetivamente o processo; não tem previsão legal, mas deriva do sistema e da autorização legal de formação de litisconsórcios desde que presentes os requisitos dos incisos I a III, do art. 113; torna-se inviável depois de encerrada a fase postulatória e quando incidirem os óbices do art. 113, p. 1º; exemplo pode ser quando servidor público impetra MS e obtém antecipação de tutela, motivando outros servidores a tanto, a fim de que ingressem no processo e obtenham a mesma decisão jurisdicional. 
 
 Litisconsórcio necessário e unitário: são classes diversas, agora previstas nos arts. 114 e 116; a redação do art. 114 define o necessário como unitário; relativamente ao necessário, ele deverá ser formado obrigatoriamente, existindo quando a lei ou a própria relação jurídica de direito material impõe o litígio conjunto (a ela se contrapõe o facultativo); já por outro lado, existirá o litisconsórcio unitário, quando se estiver diante de uma identidade de objetos litigiosos que imponha a necessidade de uma decisão uniforme; o que ocorre é que na maioria dos casos em que o litisconsórcio é necessário, ele também é unitário, tratando-se de regra que decorre do princípio do contraditório, uma vez que se a decisão fere, de determinada maneira, situação jurídica ou relação que alguém faça parte, só em decorrência de exceção justificável a essa pessoa se deixará de informar a existência do processo; há casos, porém, de litisconsórcio facultativo e unitário (pressupõe que o processo verse sobre relação jurídica una e incindível, com mais de um titular, mas que exista lei que autorize a sua postulação ou defesa em juízo por apenas um dos titulares, o que só ocorre quando se está no campo da legitimidade extraordinária. Se a lei faculta que a coisa ou direito seja defendido só por um dos titulares, se eles se agruparem para o fazer, o litisconsórcio será facultativo e unitário) e há casos de litisconsórcio necessário e simples (quando a sua formação for obrigatória exclusivamente por força de lei, como ocorre nas ações de usucapião. Se a lei determinar a sua formação, mas, além disso, o processo versar sobre relação jurídica una e incindível, o litisconsórcioserá necessário e unitário, como nas ações de dissolução da sociedade). 
 
É possível uma leitura do art. 114 com dois objetivos distintos, o primeiro para identificação do necessário e o segundo para identificação do unitário, bastando, para tanto, excluir do art. 114 a oração relativa ao “dever de o juiz decidir a lide de modo uniforme”. 
A sentença proferida sem a presença de todos os litisconsortes necessários é ineficaz, mas, para outros, como Teresa Arruda Alvim Wambier, a hipótese seria de inexistência jurídica, enquanto que, para Dinamarco, a hipótese seria de nulidade absoluta; quanto à esta última hipótese, verificou-se até mesmo sua abordagem e reconhecimento em julgado oriundo do STJ (STJ, REsp 1263164/DF, Recurso Especial 2011/0150997-0, rel. min. Marco Buzzi, Quarta Turma, j. 22.11.2016); não cabe ação rescisória por falta de litisconsorte necessário, mas ação declaratória de inexistência jurídica da sentença (1ª Turma do STJ, rel. Min. Mauro Campbell, j. em 6.10.2010). A ausência de um litisconsorte necessário “pode ser argüida por qualquer das partes”. 
 
A hipótese do art. 47, p. único, CPC/73, era de intervenção por determinação judicial (iussu iudicis), vez que o juiz ordena ao autor que promova a citação de todos os litisconsortes necessários (não é o autor que promoverá a citação, mas, sim, fornecer os meios necessários e indispensáveis para que a citação se realize); com o advento da legislação processual vigente, o direito positivo brasileiro não admite mais a figura da intervenção iussu iudicis, de modo que, atualmente, tendo em vista o que contido no parágrafo único, do art. 115, havendo recusa ou a inércia da parte autora em pleitear a citação daquele que deve figurar como litisconsorte necessário, será determinada a extinção do feito, o que se dará ser resolução de mérito; discussão doutrinária havia no sentido de saber se o art. 47, p. único, CPC/73, aplica-se também aos casos em que o litisconsorte necessário ausente pertencer ao pólo ativo do processo, sendo majoritária a resposta negativa; Cassio Scarpinella Bueno, porém, entende de forma diversa. 
 
Quanto à legitimidade dos cônjuges em juízo, é sabido que a atuação de um dos cônjuges sem a autorização do outro dá ensejo à invalidade do processo, conforme arts. 73/74 e 1647, II, CC; assim, salvo no regime de separação absoluta de bens, os cônjuges não podem pleitear em juízo, sozinhos, acerca de bens ou direitos relativos a imóveis (STJ, REsp 1250804/MS, Recurso Especial 2011/0097738-1, rel. Min. João Otávio de Noronha, Terceira Turma, j. 3.12.2015); Cassio Scarpinella Bueno entende que prevalece o dispositivo do CC, pois não há necessidade de “citação” do outro cônjuge, mas, somente de “autorização”, tratando-se de verdadeira solidariedade dos cônjuges, formando um litisconsórcio facultativo. 
 
Litisconsórcio ativo necessário? Parcela da doutrina entende que não existe tal possibilidade, sob o argumento de que ninguém pode ser obrigado a integrar o polo ativo de uma demanda contra a sua vontade (o STJ, porém, já entendeu pela possibilidade, vide 3ª Turma, REsp 1.222.822/PR, rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 23.9.2014). Outra parcela doutrinária entende que o terceiro que deveria estar no polo ativo em virtude da necessariedade da formação do litisconsórcio, mas não está em virtude da sua vontade de não litigar, deverá ser convocado a se integrar à relação jurídica processual. Há uma terceira corrente doutrinária, que defende que a demanda judicial há se incide com a colocação no polo passivo do sujeito que não quis litigar no polo ativo. Realizada a sua citação, o sujeito teria duas opções: i) continuar no polo passivo, hipótese na qual se tornará efetivamente réu e resistirá à pretensão do autor; ii) integrar o polo ativo, formando o litisconsórcio ativo necessário desejado pelo autor desde o início. Aqui, para melhor elucidar a quaestio e toda a polêmica que há a sua volta, vejamos o que nos traz o professor Daniel Assumpção Neves: “O tema da existência ou não de um litisconsórcio ativo necessário é dos mais polêmicos na doutrina, considerando-se que nesse caso haverá dois importantes valores em confronto: a regra de que ninguém é obrigado a propor demanda contra a sua vontade e a imprescindibilidade para a geração de efeitos da decisão de formação do litisconsórcio. Na realidade, o problema surgirá sempre que, embora imprescindível que os sujeitos que participam do mesmo polo de uma relação jurídica processual façam parte do processo, um deles não pretenda litigar, porque nesse caso haverá um conflito entre o direito de demandar de um e o direito de não demandar do outro.” (Novo Código de Processo Civil – Lei 13.105/2015 / Daniel Amorim Assumpção Neves. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015, p. 120). 
 
Artigo art. 117 e o princípio da autonomia dos litisconsortes: estabelece o regime jurídico a que se submetem os litisconsortes, prevalecendo o princípio da autonomia, tanto assim que o art. 87 disciplina que as despesas processuais e os honorários de advogado em casos de litisconsórcio, devem ser pagos pelos vencidos “em proporção”, o que encontra correspondência do art. 23, do CPC/73 e na própria jurisprudência dos tribunais superiores (STJ, REsp 1426868/RS, Recurso Especial 2013/0331529-8, rel. Min. Assusette Magalhães, Segunda Turma, j. 22.4.2014). 
 
O princípio da autonomia só pode ser levado em consideração nos casos de litisconsórcio simples, pois a diversidade de litisconsortes encerra diversidade de pedidos; a expressão “salvo disposição em contrário” se refere ao art. 345, I (revelia), art. 391 (confissão) e art. 1.005 (interposição recursal). 
 
Não aplica-se o princípio ao litisconsórcio unitário, porque nele há um só direito, um só bem da vida que pertence, indistintamente, a várias pessoas. 
O art. 118 determina que o impulso processual cabe a cada um dos litisconsortes, devendo todos ser intimados dos atos praticados; observar o art. 229; verificar a Súmula 641 – STF (não se conta o prazo em dobro para recorrer quando só um dos litisconsortes haja sucumbido). 
Deve-se mencionar que quando os litisconsortes, sejam eles ativos ou passivos, possuindo procuradores diferentes, terão todos os seus prazos contados em dobro, desde que não integrem o mesmo escritório e que o feito não seja eletrônico, casos em que a contagem deverá ser realizada de forma simples. 
 
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 
 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
Nas palavras de Fredie Didier Jr, “a intervenção de terceiros é fato jurídico processual que transforma pessoa estranha ao processo pendente em parte dele integrante. Não gera processo novo, mas, tão só, efeitos subjetivos e/ou objetivos no processo já em curso”. 
 
A intervenção de terceiro é, portanto, um incidente processual que implica modificação de processo já existente e ainda pendente, no qual um terceiro, autorizado por lei, nele ingressa, dele passando a fazer parte. 
 
Ressalte-se a importância de distinguir “parte” de “terceiro”, considerando-se aquele como quem participa, ao menos potencialmente, do processo com parcialidade, tendo interesse em determinado resultado do julgamento, e este, por exclusão ao conceito de “parte”, entendido como tal porque não formulou ou em seu desfavor não foi formulado pedido de tutela jurisdicional. 
 
Segundo definição proposta por Chiovenda, “parte é aquele que demanda em seu próprio nome (ou em cujo nome é demandada) a atuação duma vontade da lei, e aquele em face de quem essa atuação é demandada”. Essa parece ser a definição mais adequada - especialmente para a utilidade que aqui se busca - pois permite traçar razoavelmente uma linha distintiva entre os sujeitos parciais considerados como partes e aqueles outros, que são tratados como terceiros pela nossa legislação. 
 
A fim de viabilizar a participação dos terceiros juridicamente interessados no processo, nosso CPC arrola como espécies de intervenção de terceiros os seguintes institutos: 
 
Assistência – simples ou litisconsorcial(arts. 119/124); 
Denunciação da lide (arts. 125/129); 
Chamamento ao processo (arts. 130/132); 
Incidente de desconsideração da personalidade jurídica (arts. 133/137) – previsto em homenagem ao direito ao contraditório (arts. 5º, LV, CF, e 9º, CPC), para viabilizar o alcance da esfera jurídica de terceiro não demandado originariamente no processo; 
Amicus curiae (art. 138). 
 
Entende Cassio Scarpinella Bueno que as razões pelas quais terceiros podem ou devem intervir no processo se relacionam com os efeitos das decisões judiciais, que afetam indistintamente as partes e os terceiros, havendo, ainda, a possibilidade de atingimento do terceiro pela coisa julgada material, ainda que para seu benefício (art. 506, CPC). [1: BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil: inteiramente estruturado à luz do novo CPC, de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2-2016. 2. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Saraiva, 2016. ]
 
Esclarece que é justamente a intensidade desses efeitos que justifica a intervenção de terceiros nas mais variadas formas: quanto mais intenso o grau de influência da decisão sobre a relação material da qual faz parte o terceiro, maior a importância da sua participação (tornando-se, consoante o caso, até mesmo parte) e, consequentemente, também maior o plexo de atividades que poderá desenvolver ao longo do processo; quando se tratar de atingimento meramente reflexo ou indireto dos efeitos das decisões judiciais (e, nessa hipótese, nem sequer é cogitável o problema da coisa julgada), mais tênue é a possibilidade de intervenção e também mais modestas as possibilidades de atuação do terceiro interveniente. 
 
Dito isto, é preciso saber as razões que justificam as intervenções de terceiro, considerando que a possibilidade da intervenção serve ora à eficiência processual à duração razoável do processo, para que se possam resolver o maior número possível de questões relacionadas ao objeto litigioso em um mesmo processo, ora ao contraditório, ao permitir que terceiro que sofrerá efeito da decisão possa defender-se em juízo e evitar esse prejuízo. [2: DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. v. I. 17. ed.- Salvador: Ed. Juspodivm, 2015. ]
 
Quanto ao cabimento, as intervenções de terceiros, em regra, cabem no procedimento comum do processo de conhecimento. A assistência, a intervenção de amicus curiae e o incidente de desconsideração da personalidade jurídica também cabem em execução, havendo outras intervenções de terceiro exclusivas para este processo. 
 
No procedimento dos juizados especiais cíveis, de acordo com o art. 10, Lei nº 9.099/1995, não se admite intervenção de terceiro. Entretanto, o art. 1.062, CPC, permitiu o incidente de desconsideração da personalidade jurídica no processo de competência dos juizados especiais. 
 
2. ASSISTÊNCIA (arts. 119/124, CPC) 
 
A assistência é modalidade de intervenção de terceiros pelo qual um terceiro (assistente) ingressa voluntariamente em processo pendente para atuar em prol de uma das partes (assistido), podendo ocorrer a qualquer tempo, grau de jurisdição e procedimento, assumindo o terceiro o processo no estado em que se encontre (art. 119, CPC). 
 
Atenção! O interesse jurídico é pressuposto da intervenção. Não se autoriza a assistência quando o interesse for meramente econômico ou afetivo. O interesse jurídico manifesta-se seja pelo fato de o terceiro manter relação jurídica vinculada à que está deduzida, seja por ele se afirmar titular da relação jurídica deduzida. 
 
Nesta hipótese, a estrutura subjetiva e/ou objetiva da demanda originária não é alterada, motivo pelo qual a doutrina a chama de intervenção de terceiro por “mera inserção”. O pedido formulado pelo terceiro criará, no máximo, um incidente procedimental. 
 
O terceiro peticionará ao juiz, expondo os fatos e as razões pelas quais considera ter interesse jurídico na demanda. As partes serão intimadas a se manifestar, salvo se for caso de rejeição liminar: a) não havendo impugnação dentro de quinze dias, o pedido do assistente será deferido, se o magistrado reconhecer-lhe legitimidade para intervir (art. 120, caput, CPC); b) se houver impugnação, o juiz, sem determinar a suspensão do processo, decidirá o incidente, em que será possível a produção de provas (art. 120, parágrafo único, CPC). 
Atenção! O pedido de assistência pode ocorrer em qualquer momento, mesmo depois de proferida a sentença na primeira instância, sendo inconcebível depois do trânsito em julgado. 
 
Permite-se a assistência porque esse terceiro pode vir a sofrer prejuízos jurídicos diretos/imediatos ou reflexos/mediatos com a prolação de decisão contra o assistido. 
 
Atenção! Aos prejuízos diretos/imediatos corresponde a figura do assistente litisconsorcial e aos prejuízos reflexos/mediatos a do simples. A intervenção permite ao assistente, de certo modo, tentar influenciar no julgamento da causa. 
 
 Assistência simples: 
 
O terceiro ingressa no feito afirmando-se titular de relação jurídica conexa àquela que está sendo discutida. O interesse jurídico do terceiro reflete-se na circunstância de manter este, com o assistido, relação jurídica existente entre eles que poderá ser afetada pelo julgamento da causa. Trata-se, pois, de situação em que não se discute relação jurídica da qual faça parte este terceiro, bem como não tem ele qualquer vínculo jurídico com o adversário do assistido (por exemplo, sublocatário em ação de despejo contra o locatário). 
 
O assistente simples é parte auxiliar, submetendo-se aos deveres processuais de parte, assumindo as situações jurídicas processuais ativas (alegar, provar, recorrer) e a responsabilidade pelo pagamento das custas na proporção da atividade que tiver exercido (art. 94, CPC). Assim, o assistente simples exerce os mesmos poderes e sujeita-se aos mesmos ônus processuais que o assistido (art. 121, caput, CPC). 
 
Determina o parágrafo único, art. 121, CPC, que “sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será considerado seu substituto processual”, cumprindo, exatamente, o seu papel de parte auxiliar, evitando as consequências dessa conduta omissiva. O art. 122, CPC, por outro lado, prescreve que “a assistência simples não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos controvertidos”. 
 
 Atenção! É preciso conciliar essas duas regras, aparentemente contraditórias: a primeira, que autoriza o assistente simples a suprir a omissão do assistido, evitando os efeitos da revelia; a segunda, que subordina o assistente simples à vontade do assistido. A solução do problema parte da premissa de que o assistente fica vinculado à vontade do assistido. O art. 122 do CPC é claro ao subordinar a atuação do assistente aos negócios jurídicos processuais realizados pelo assistido (todos eles negócios jurídicos processuais dispositivos e expressos). Assim, quando não houver manifestação de vontade do assistido, a atuação do assistente será eficaz, salvo expressa manifestação contrária do assistido. 
 
 Assistência litisconsorcial: 
 
A assistência litisconsorcial é cabível quando o terceiro alegar a existência de um interesse jurídico imediato na causa, situação em que o assistente intervém porque desfruta, com o adversário do assistido, a mesma relação jurídica material a que se refere a demanda (por exemplo, devedor ou credor solidário, fiadores, condôminos na defesa da coisa comum, herdeiros na defesa do bem possuído injustamente por terceiro). 
 
Trata-se de intervenção espontânea pela qual o terceiro transforma-se em litisconsorte do assistido, daí porque o seu tratamento é igual àquele deferido ao assistido, isto é, atua com a mesma intensidade processual, não vigorando as normas que o colocam em posição subsidiária. 
 
 Atenção! 
 
Interesse jurídico: na simples, o interessedeve ser dedutível da probabilidade atual ou iminente de que possa a decisão vir a afetar sua esfera jurídica (reflexamente, pois não há relação entre o assistente e o adversário do assistido), ao passo que na litisconsorcial o interesse se mostra mais claro, mais agudo, porque o que está em discussão no processo também lhe pertence individualmente (os efeitos da decisão lhe atingirão diretamente); o que distingue uma espécie da outra é, portanto, a intensidade com que o interesse ou o direito do terceiro é questionado em juízo e, consequentemente, será afetado pelo que decidido no âmbito do processo; o litisconsorcial, em suma, tinha tudo para ser parte, daí porque tem poderes processuais mais abrangentes. 
 
Pedido de assistência: são 2 os requisitos fundamentais, a saber, (I) uma causa pendente e a (II) demonstração do interesse jurídico daquele que pretende intervir; a petição deve esclarecer o motivo da intervenção, demonstrando o grau de interesse jurídico; em seguida, deve ser aberta vista para que as partes formulem eventuais impugnações (art. 120, CPC); com ou sem impugnação, o juiz examina o pedido e o defere, ou não; a intervenção do assistente não suspende o processo (art. 120, parágrafo único, CPC); as impugnações não mais precisam vir em apenso; a decisão que rejeita o pedido é decisão interlocutória, cabendo recurso de agravo de instrumento (art. 1.015, IX, CPC); admitido o ingresso, o recurso poderá ser interposto por qualquer das partes; inadmitido, o recurso deverá ser interposto por aquele que pretendeu intervir, mas não obteve êxito. Não há que se falar em efeito suspensivo (art. 1.019, I, e 995, parágrafo único, CPC). 
 
Atuação processual do assistente: o simples somente pode praticar atos que estejam em conformidade com a pretensão ou a defesa do assistido, competindo, a ele, apenas, coadjuvar o assistido e beneficiar-se de eventual decisão a este favorável (observar que o art. 122, CPC é aplicável à assistência simples); o litisconsorcial, por sua vez, e por sua própria condição, pode exercer qualquer ato que um litisconsorte praticaria, desde que benéficos à sua posição processual; admitida a intervenção, o assistido não pode, sem a concordância do assistente, praticar atos que venham a prejudicar sua posição no processo. 
 
Justiça da decisão: uma vez admitida a intervenção, é vedado ao assistente rediscutir, em outro processo, o que o CPC denominou, no art. 123, de “justiça da decisão”, ou seja, a imutabilidade dos fundamentos jurídicos da decisão, nos quais o magistrado se baseia para julgar o pedido formulado no processo em que a assistência se verificou; elimina-se ou reduz-se a possibilidade de um litígio futuro entre o assistente e as partes originárias; as hipóteses dos incisos I e II, do art. 123, mitigam o rigor da imutabilidade imposta pelo caput, posto que poderá o assistente simples alegar uma dessas duas hipóteses com o objetivo de desconstituir a eficácia da intervenção. 
 
Dito isso, tem-se evidente que em ambas o que se busca é uma decisão de mérito em favor do assistido. 
 
3. DENUNCIAÇÃO DA LIDE (arts. 125/129, CPC) 
 
A denunciação da lide é uma intervenção de terceiro provocada: o terceiro é chamado a integrar o processo, porque uma demanda lhe é dirigida, podendo ser promovida pelo autor ou pelo réu (art. 125, caput, CPC) para, desde logo, exercer eventuais direitos de regresso que lhes são assegurados pelo plano material em face daquele terceiro. 
 
 A doutrina entende a denunciação da lide como verdadeira ação de cunho condenatório exercida no mesmo processo, configurando-se uma espécie de intervenção coercitiva. 
 
É uma demanda incidente (demanda nova instaurada em processo já existente), regressiva (fundada no direito de regresso da parte contra terceiro, na qual o denunciante visa ao ressarcimento pelo denunciado de eventuais prejuízos que porventura venha a sofrer em razão do processo pendente), eventual (guarda evidente relação de prejudicialidade com a demanda originária, posto que a demanda regressiva somente será examinada se o denunciante, afinal, for derrotado na demanda principal; caso o denunciante não suporte dano algum, a denunciação da lide perde seu objeto – art. 129, CPC) e antecipada (prestígio dado pelo legislador para a economia processual, considerando que a denunciação da lide consiste em verdadeira propositura de uma ação de regresso antecipada, para a eventualidade da sucumbência do denunciante). 
 
Parte da doutrina entende melhor chamar a denunciação da lide de um caso de cumulação de pedidos de tutela jurisdicional; não fosse pela denunciação, o autor e/ou o réu precisariam provocar novamente o Estado-juiz com vistas à prestação de tutela jurisdicional em seu favor, exercendo nova ação. É, portanto, técnica de otimização da prestação jurisdicional, viabilizando seja formulado mais de um pedido em um mesmo processo para o proferimento de uma só sentença que os aprecie conjuntamente, tanto que a competência para seu julgamento é do mesmo juízo. 
 
“É pedido de tutela jurisdicional formulado em caráter eventual pelo autor e/ou pelo réu em face de terceiro, que, por disposição de lei ou de contrato, tem a responsabilidade de lhe assegurar determinado proveito econômico em virtude do acolhimento ou da rejeição do pedido que formula ou que contra si é formulado” (Cassio Scarpinella Bueno), dando ensejo à formação de um verdadeiro litisconsórcio eventual. A denunciação da lide é instituto típico do processo de conhecimento. 
 
3.1. Conceito 
 
Cândido Rangel Dinamarco conceitua a denunciação da lide como “a demanda com que a parte provoca a integração de um terceiro ao processo pendente, para o duplo efeito de auxiliá-lo no litígio com o adversário comum e de figurar como demandado em um segundo litígio”. Barbosa Moreira a conceitua como a “verdadeira propositura de uma ação de regresso antecipada, para a eventualidade da sucumbência do demandante”. 
 
3.2. Finalidade 
 
“Denunciar a lide é trazer esse alguém para o processo, por força de garantia prestada, ou em razão de direito regressivo existente em face dessa pessoa; aproveita o denunciante do mesmo processo para exercer a ação de garantia ou a ação de regresso em face do denunciado; visa, pois, a dois objetivos: vincular o terceiro ao quanto decidido na causa e a condenação do denunciado à indenização”. [3: DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil, v. 1, Ed. Juspodivm, 2013, p. 405. ]
 
3.3. Facultatividade 
 
O art. 125, CPC, consagra a facultatividade da denunciação da lide, ou seja, é uma opção posta à disposição da parte interessada. Não proposta, não admitida ou não permitida a denunciação da lide, o direito de regresso poderá ser exercido autonomamente (§ 1º). Isso quer dizer que a não denunciação da lide implica apenas a preclusão do direito de valer-se deste instrumento processual, não havendo perda do direito de regresso pela não denunciação da lide. 
 
3.4. Hipóteses de cabimento (art. 125, I e II, CPC) 
 
O inciso I, art. 125, CPC, autoriza a denunciação da lide ao alienante, no processo relativo à coisa, cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que este possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam. É destinado, portanto, a todo aquele que, adquirindo a título oneroso o domínio, a posse ou o uso da coisa, vem a perdê-los em ação própria, por decisão judicial. Permitia-se ao adquirente (na vigência do CPC/73) denunciar a lide ao “alienante imediato” ou “a qualquer dos anteriores” (art. 456, CC). 
Evicção é instituto de direito material e a denunciação mencionada é chamada de per saltum, de forma que o réu pode denunciar um sujeito com o qual não mantém nenhuma relação jurídica de direito material, desde que ele tenha participado da cadeia de transmissão do bem. Todavia, o inciso I parece ter repudiado a “denunciação per saltum” ao prever expressamente que a denunciação deve ter como denunciado o “alienante imediato”. A confirmação da opção legislativa vem com o art. 1.072, II, CPC, queexpressamente revoga o art. 456, CC, de forma a não existir mais norma, nem no plano processual, nem no plano material, que permita a “denunciação per saltum”. Em relação ao inciso II, trata-se da hipótese mais comum (a doutrina entende que o dispositivo em questão é cabível em qualquer hipótese de direito regressivo), sendo exemplo o contrato de seguro ou, em relação à previsão legal, o empregador responder pelos atos danosos de seu empregado. Cumpre lembrar que, segundo o CPC, o direito de regresso decorrente de fiança e das obrigações solidárias deve ser exercido pelo chamamento ao processo. 
 
 Atenção! 
Lembrar que toda vez que não houver compatibilidade entre o objeto de conhecimento do juiz de um e de outro pedido ou, quando menos, nos casos em que não for possível compatibilizar a instrução processual de cada um deles, a denunciação deve ser indeferida, por conspirar contra a sua própria razão de ser. 
 
“(...) Conforme entendimento doutrinário e da jurisprudência do STJ, não é admissível a denunciação da lide embasada no art. 70, III, do CPC quando introduzir fundamento novo à causa, estranho ao processo principal, apto a provocar uma lide paralela, a exigir ampla dilação probatória, o que tumultuaria a lide originária, indo de encontro aos princípios da celeridade e economia processuais, que essa modalidade de intervenção de terceiros busca atender. Precedentes citados: EREsp 681.881/SP, Corte Especial, DJe 7/11/2011; AgRg no REsp 1.330.926/MA, Quarta Turma, DJe 21/11/2013; AgRg no Ag 1.213.458/MG, Segunda Turma, DJe 30/9/2010; REsp, 1.164.229/RJ, Terceira Turma, DJe 1º/9/2010” (Informativo nº 535, REsp 701.868/PR, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 11/02/2014, DJe 19/02/2014) 
 
3.5. Procedimento (arts. 126/128, CPC) 
 
Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu (art. 127, CPC). Esta hipótese não é muito comum e o pedido deve ser feito na própria petição inicial, sendo o exemplo mais citado pela doutrina a ação reivindicatória proposta pelo proprietário de bem em que denuncia o alienante evicto para garantir o ressarcimento pelos eventuais prejuízos advindos de sua derrota na demanda que move contra o réu; o prazo é o mesmo da propositura da ação originária; forma-se, entre o autor da demanda principal e o denunciado um litisconsórcio eventual inicial (o denunciado não mais pode aditar a inicial, apenas acrescentar novos argumentos à inicial); cita-se o denunciado, suspendendo-se o processo. 
Far-se-á a denunciação pelo réu na própria contestação ou em peça apartada, no prazo para resposta, sob pena de preclusão temporal; reações do denunciado (art. 128 e incisos, CPC). 
 
3.6. Denunciação sucessiva da lide (art. 125, § 2º, CPC) 
 
Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma. 
 
3.7. Condenação e cumprimento de sentença diretamente contra o denunciado 
 
O art. 128, parágrafo único, CPC, prevê a possibilidade de o autor requerer o cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva. O dispositivo não chega a falar em condenação direta, até porque assim o fazendo estaria a consagrar uma condenação sem pedido. 
 
4. CHAMAMENTO AO PROCESSO (arts. 130/132, CPC) 
 
4.1. Conceito 
 
Modalidade pela qual o réu pretende que passe a integrar o pólo passivo do processo a figura dos codevedores solidários que, posto pertencerem à relação jurídica de direito material, não foram demandados pelo autor; o réu busca a formação de litisconsórcio passivo ulterior, promovendo o chamamento ao processo na contestação; não há ampliação do objeto litigioso do processo. 
Segundo Humberto Theodoro Jr. “é o incidente pelo qual o devedor demandado chama para integrar o mesmo processo os coobrigados pela dívida, de modo a fazê-los também responsáveis pelo resultado do feito (…) Com essa providência, o réu obtém sentença que pode ser executada contra o devedor principal ou os codevedores, se tiver de pagar o débito”. [4: THEODORO JR., Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento – vol. I – Rio de Janeiro: Forense, 2012, p. 159. ]
 
4.2. Objetivo 
 
O objetivo é que, perante o credor comum, forme-se título executivo levando em conta os devedores da relação material para que o cumprimento de sentença possa dirigir-se, indistintamente, a qualquer um deles; e mais, para que o mesmo título valha para fins de sub-rogação em prol do devedor que pagar ao credor comum; intervenção provocada pelo réu que amplia subjetivamente a demanda e o objeto litigioso deduzido em juízo, ou seja, amplia objetivamente a demanda, vez que a sentença será proferida também em face dos chamados, fazendo com que seus efeitos principais sejam estendidos a eles; deve ser exercitado pelo réu no prazo que tem para oferecer defesa e suspenderá o andamento do processo até que os chamados sejam citados. 
 
4.3. Finalidade 
 
A finalidade do chamamento ao processo é admitir que o réu crie um litisconsórcio passivo para que todos os litisconsortes respondam, diante de uma específica situação de direito material, perante o credor comum; visa a formação de título executivo contra aqueles que são chamados ao processo; aquele que pagar a dívida inteira pode voltarse contra os coobrigados que não pagarem sua cota-parte; no mesmo processo são responsabilizados eventuais codevedores não demandados originariamente; para alguns autores (Pontes de Miranda, Nelson Nery Jr, Ovídio Baptista da Silva e Marcelo Abelha Rodrigues) o chamamento ao processo consiste na possibilidade de exercício, pelo réu, de direito de regresso em face dos demais coobrigados, não demandados pelo autor, mas não da formação de um litisconsórcio. 
 
4.4. Diferença para com a denunciação da lide 
 
Entende Humberto Theodoro Jr. que “o terceiro interveniente não tem vínculo ou ligação jurídica com a parte contrária do denunciante na ação principal. A primeira relação jurídica controvertida no processo principal diz respeito apenas ao denunciante e ao outro litigante originário (autor e réu). E a relação jurídica de regresso é exclusivamente entre o denunciante e o terceiro denunciado”. E complementa “já no chamamento ao processo, o réu da ação primitiva convoca para a disputa judicial pessoa que, nos termos do art. 77, tem, juntamente com ele, uma obrigação perante o autor da demanda principal, seja com o fiador, seja como coobrigado solidário pela dívida aforada. Vale dizer que só se chama ao processo quem, pelo direito material, tenha um nexo obrigacional com o autor”. 
 
4.5. Cabimento 
 
Só é cabível em processo de conhecimento: “Não se admite chamamento ao processo em execução” (JTA 103/354). No mesmo sentido: RTRF-3ª Ref. 17/55. Igualmente, citado em execução, o fiador não pode chamar o afiançado e demais fiadores (STJ, REsp 70.547/SP, 5ªT., j. 5.11.1996, rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, DJ 02.12.1996). Mais recente: “(...) 2- Este Superior Tribunal tem se posicionado no sentido de não ser cabível o chamamento ao processo em fase de execução. Precedentes do STJ (...).” (AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 703.565/RS, rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 20.12.2012). 
 
4.5.1. Hipóteses de cabimento (art. 130, CPC) 
 
Eis os casos de chamamento ao processo previstos no art. 130, CPC: 
 
Na ação promovida contra o fiador, este poderá chamar o afiançado (perceba, não cabe chamamento do fiador na hipótese de o devedor principal ser demandado, pois não há possibilidade de regresso do devedor em face do fiador): ganhará a vantagem do título executivo bem como de exercitar o benefício de ordem, nomeandobens livres e desembargados do devedor à penhora (art. 827, CC); 
Quando duas ou mais pessoas prestam fiança relativamente a um mesmo débito, em regime de solidariedade, e o credor resolve cobrar a dívida de apenas um dos fiadores, poderá este chamar ao processo seu cofiador. Poderá chamar, também, o devedor principal; 
É admissível o chamamento ao processo de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum. Pela lei civil, o credor poderá escolher dentre os devedores solidários, aquele contra quem exercerá a pretensão executória. 
 
O STJ não aceitou o chamamento ao processo da União feito pelo Estado-membro, no caso de ação para fornecimento de medicamento. Entendeu que o art. 77, III, CPC/73 (correspondente ao inciso III do atual art. 130) referiase apenas às obrigações solidárias pecuniárias, não admitindo interpretação extensiva para as obrigações de entregar coisa certa (REsp 1009947/SC, 2ª Turma, rel. Min. Castro Meira, j. 7.2.1012). 
O entendimento jurisprudencial do STJ é no sentido de que o chamamento ao processo (art. 77, III, CPC/73) não é adequado às ações que tratam de fornecimento de medicamentos. Precedentes do STJ: AgRg no REsp 1249125/SC, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 21/06/2011; REsp 1125537/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 24/03/2010; AgRg no Ag 1331775/SC, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 22/02/2011; AgRg no REsp 1009622/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 14/09/2010. Precedente do STF: RE 607381 AgR, Relator Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe116. 
 
 	Atenção! 
 
É possível exercitar, ao mesmo tempo, as hipóteses admitidas pelos incisos I e II? Sim, podendo, o fiador, quando demandado isoladamente, chamar ao processo não somente o devedor principal, mas também os demais fiadores; a sentença não somente declarará a responsabilidade de cada um dos devedores, mas verdadeiramente condenará cada um dos réus, nas suas respectivas obrigações, para os fins do art. 132, CPC. 
Quanto ao devedor de alimentos e o que prevê o art. 1698, CC, é fato que a doutrina civilista nega a existência de solidariedade entre aqueles que devem prestar alimentos, vez que a totalidade dos alimentos não é exigível de um só; no entanto, a obrigação de prestar alimentos é divisível (art. 257, CC); o chamamento ao processo em tal situação tem tudo para resultar em algum benefício para o alimentando, o autor, daí porque boa parte da doutrina entende ser perfeitamente possível a aplicação do referido instituto. O próprio STJ já entendeu que a modalidade de intervenção para a hipótese em tela é o chamamento ao processo (Informativo 464 – REsp 958513; Informativo 465 – REsp 964866). 
Quanto às seguradoras e ao art. 788, parágrafo único, CC, a hipótese amolda-se bastante à dinâmica do chamamento ao processo, pois há relação jurídica de direito material que une, no plano material, o segurado e a seguradora, sendo justamente por tal relação que ela poderá opor validamente a exceção do contrato não cumprido, fixando a responsabilidade principal no segurado. 
 
4.6. Litisconsórcio entre os chamados 
 
O chamado ao processo passa a ser parte, passando a ser litisconsorte do chamante; é litisconsórcio ulterior; chamamento ao processo é mera faculdade do réu; é, também, litisconsórcio simples e não unitário, considerando a possibilidade de o resultado não ser uniforme ou homogêneo para cada um dos co-réus; a uniformidade da decisão pode, porém, ocorrer quando, por exemplo, um dos coobrigados alegar nulidade do direito de crédito reclamado pelo autor. 
 
4.7. Chamamento ao processo em causas de consumo 
 
A denunciação da lide nas demandas regidas pelo CDC é vedada por expressa previsão no art. 88, sendo justificada pelo fato de proteger o consumidor que promova demanda contra determinado réu e não pretenda que a relação jurídica torne-se complexa com a intervenção de terceiro. Em contrapartida, há a possibilidade de ocorrer o “chamamento ao processo”, nos termos do art. 101, II, vez que possível o chamamento da seguradora quando o réu tiver com esse terceiro um contrato de seguro de responsabilidade (STJ, Informativo nº 498, REsp 1165279/SP, 
Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/05/2012, DJe 28/05/2012). 
 
“(...) 3. Muito embora o art. 109, I, da Constituição Federal não faça referência à denunciação da lide, à nomeação à autoria e ao chamamento ao processo, a jurisprudência do STJ se firmou no sentido de que, havendo provocação para incluir na demanda a União, suas autarquias ou empresas públicas, à Justiça Federal cumpre examinar se há interesse que justifique o seu ingresso, aplicando-se, por analogia, a Súmula 150/STJ (...)” (REsp 1181954/PR, Terceira Turma, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 27.8.2013). 
 
“(...) 3. A alegação de existência de interesse jurídico da União, formulada por uma das partes em ação indenizatória, mas sem subsumir-se a qualquer das formas de intervenção de terceiro provocada (chamamento ao processo, denunciação à lide ou nomeação à autoria - arts. 62, 70 e 77 do CPC), não enseja o automático deslocamento do feito para a Justiça Federal. 4. À luz do Enunciado n. 150 da Súmula do STJ, compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico espontaneamente revelado pela União. Hipótese concreta em que o órgão estatal não manifestou qualquer interesse voluntário em intervir na lide (...)” (REsp 1187097/PR, Quarta Turma, Min. Marco Buzzi, j. 16.4.2013). 
 
5. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA (arts. 133/137, CPC) 
 
O CPC previu o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, que se trata de intervenção de terceiro, pois se provoca o ingresso de terceiro em juízo - para o qual se busca dirigir a responsabilidade patrimonial. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica, além de trazer sujeito novo, amplia também o objeto litigioso do processo. Acresce-se ao processo um novo pedido: aplicação da sanção da desconsideração da personalidade jurídica ao terceiro. 
 
Atenção! A desconsideração da personalidade jurídica pode ser requerida já na petição inicial. Nesse caso, dispensa-se a instauração do incidente. É que não haverá intervenção de terceiro: o processo já será instaurado contra o sócio ou a pessoa jurídica (art. 134, § 2º, CPC). 
 
Corretamente, o CPC não cuidou das hipóteses de desconsideração, que serão definidas em lei específica (art. 133, §1°, CPC), apenas regula o modo de aplicar-se a sanção da desconsideração da personalidade jurídica no processo. 
 
“O encerramento das atividades da sociedade ou sua dissolução, ainda que irregulares, não são causas, por si sós, para a desconsideração da personalidade jurídica a que se refere o art. 50 do CC. Para a aplicação da teoria maior da desconsideração da personalidade social - adotada pelo CC -, exige-se o dolo das pessoas naturais que estão por trás da sociedade, desvirtuando-lhe os fins institucionais e servindo-se os sócios ou administradores desta para lesar credores ou terceiros. É a intenção ilícita e fraudulenta, portanto, que autoriza, nos termos da teoria adotada pelo CC, a aplicação desse instituto. (...) Precedentes citados: AgRg no REsp 762.555-SC, Quarta Turma, DJe 25/10/2012; e AgRg no REsp 1.173.067/RS, Terceira Turma, DJe 19/6/2012” (STJ, Informativo nº 554, EREsp 
1.306.553-SC, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 10/12/2014, DJe 12/12/2014) 
 
Quem tem legitimidade para requerer seja instaurado o incidente de desconsideração da personalidade jurídica? O CPC prevê a desconsideração inversa? 
 
Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. 
(...) 
 
§ 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica. 
 
Atenção! O MP somente intervirá no incidente de desconsideraçãode personalidade jurídica se ocorrer uma das hipóteses do art. 178 do CPC. 
 
Quando é cabível suscitar a desconsideração da personalidade jurídica? 
 
Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial. 
 
Pode ser requerida na petição inicial? Suspende-se o processo? 
 
Art. 134. (...) 
 
§ 2º Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica. 
 
§ 3º A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do § 2º. 
 
Qual o prazo destinado para que o sócio ou a pessoa jurídica, sendo citados, manifestem-se e requeiram as provas cabíveis? Qual a natureza jurídica da decisão que resolve o incidente? E se a decisão for proferida pelo relator? Eventual alienação ou oneração bens será considerada fraude em execução? 
 
Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias. 
Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão interlocutória. 
 
Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno (art. 1021). 
 
Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente. 
 
Admite-se sua instauração no âmbito dos juizados especiais cíveis? 
Art. 1.062. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica aplica-se ao processo de competência dos juizados especiais. 
 
6. AMICUS CURIAE (art. 138, CPC) 
 
O amicus curiae é o terceiro que, espontaneamente, a pedido da parte ou por provocação do órgão jurisdicional, intervém no processo para fornecer subsídios que possam aprimorar a qualidade da decisão. 
 
A intervenção do amicus curiae passou a ser possível em qualquer processo, desde que se trate de causa relevante, ou com tema muito específico ou que tenha repercussão social, podendo ele ser pessoa natural, pessoa jurídica ou órgão ou entidade especializado, que tenha representatividade adequada (ou seja, o amicus curiae precisa ter algum vínculo com a questão litigiosa, de modo a que possa contribuir para a sua solução) (art. 138, caput, CPC). 
 
A intervenção do amicus curiae será autorizada pelo órgão jurisdicional, de ofício ou a requerimento do ente interessado ou das partes. A decisão sobre a intervenção, admitindo-a ou não a admitindo, é irrecorrível. 
 
Sua atuação tem poderes restritos, delimitados pelo juiz ou relator (art. 138, §2°, CPC). considerando que retira-se do amicus curiae, como regra, a legitimidade recursal (art. 138, §1°, CPC), ressalvadas ao menos duas exceções: garante-se o direito de opor embargos de declaração (art. 138, § 1º, fine, CPC) e de recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas (art. 138, § 3º e arts. 976 e seguintes, CPC). 
 
O STJ tem exarado entendimento acerca da manifestação de terceiros como amicus curiae no sentido de que esses são colaboradores da corte, e não das partes, e procuram uma decisão justa para o caso, remetendo informações relevantes ao julgador (REsp 1291736/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, CORTE ESPECIAL, julgado em 20/11/2013, DJe 19/12/2013). 
 
Tutela provisória 
 
O CPC/2015 reformulou todo o sistema de tutela judicial fundada em cognição sumária. Unifica-se em um mesmo regime geral, sob o nome de “tutela provisória”, a tutela antecipada e a tutela cautelar, que se submetiam a disciplinas formalmente distintas no Código de 1973. 
 
A tutela provisória também passou a ser vista como uma garantia constitucional, sendo certo que qualquer disposição normativa que vede ou dificulte tal forma de tutela deve ser tida como inconstitucional. O correto entendimento do complexo de normas constitucionais, direcionadas para a garantia do sistema processual, constitui o primeiro passo para conferir maior efetividade possível à tutela que emerge do processo. 
 
Tutela de urgência e tutela de evidência 
 
A tutela provisória poderá fundar-se em “urgência” ou “evidência” (art. 294, caput, CPC). A distinção já existia no diploma de 1973, embora não estivesse explicitada (art. 273, I, e art. 796 e ss. versus art. 273, II e § 6º, CPC). 
 
A tutela de urgência será concedida quando forem demonstrados elementos que indiquem a probabilidade do direito, bem como o perigo na demora da prestação da tutela jurisdicional (art. 300, CPC). 
 
A tutela da evidência, por sua vez, dispensa a demonstração de periculum in mora quando: 
 
ficar caracterizado abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; 
as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas mediante prova documental e houver tese firmada em demandas repetitivas ou em súmula vinculante; 
se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito; ou (iv) a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável (art. 311, CPC). 
 
Tutela de urgência cautelar e antecipada 
 
A tutela urgente é subdivida em “cautelar” e “antecipada”, com ambas podendo ser concedidas em caráter antecedente ou incidental (art. 294, par. ún., CPC). 
 
Embora se mantenha a distinção conceitual entre ambas, confere-se-lhes o mesmo tratamento jurídico. Aplica-se a ambas o mesmo regime quanto a pressupostos e via processual de pleito e concessão. A unificação de regime é positiva, seja sob o aspecto do rigor científico, seja pelas vantagens práticas. 
 
Segundo a previsão do art. 297, CPC, o juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para a efetivação da tutela provisória. O p. único, por sua vez, prevê expressamente que a efetivação da tutela provisória é realizada por meio do cumprimento de sentença provisório (arts. 520/522, CPC). 
 
A decisão que conceder, negar, modificar ou revogar, a tutela provisória precisar ser fundamentada. É o que o art. 
298, CPC, exige, ao dispor que “o juiz justificará as razões de seu convencimento de modo claro e preciso”. 
 
O art. 299, CPC, por sua vez, é o responsável pela determinação da regra de competência para o requerimento da tutela provisória. Será competente para decidir o pedido de tutela provisória o juízo competente para conhecer do pedido principal, independentemente deste já ter sido feito ou estar por vir. 
 
Reversibilidade dos efeitos da tutela de urgência antecipada 
 
Para a concessão dos efeitos da tutela de urgência antecipada, necessário ainda se faz que, em observância ao § 3º, do art. 300, CPC, os efeitos da medida não sejam irreversíveis. 
 
Entretanto, apesar da temática processual e a preocupação do legislador, não é fácil se identificar quando o provimento é irreversível ou não, devendo atentar-se para os casos que, em caso de se verificar a irreversibilidade da medida, o pleito antecipatório formulado não deve ser acolhido. 
 
Mesmo com a chamada irreversibilidade, haverá situações em que o julgador estará diante do que se chama de 
“irreversibilidade recíproca”, ou seja, acaso deferido o pedido, ocasionará um fato irreversível em favor do autor, enquanto que indeferida, tal situação será capaz de possibilitar a concretização de uma situação irreversível em favor do réu. 
 
Nestes casos, o papel do juiz é de crucial importância, tendo em vista que, valendo-se do princípio da proporcionalidade, deverá ser preservado o bem jurídico mais relevante, afastando-se o risco mais grave, cotejando-se os valores jurídicos que estão em risco, seja em um caso ou em outro. 
 
Essa, inclusive, foi a orientação do Enunciado nº 25, da ENFAM, que disciplina que “a vedação da concessão de tutela de urgência cujos efeitos possam ser irreversíveis (art.300, § 3°, do CPC/2015) pode ser afastada no caso concreto com base na garantia do acesso à Justiça (art. 5°, XXXV, da CRFB)”. 
 
Caução 
 
Com a discussão atinente à possível irreversibilidade da medida de urgência, a lei autoriza que o juiz condicione o deferimento da tutela de urgência à prestação de caução idônea, o que encontra previsão no § 1º, do art. 300, CPC. A caução, neste caso, funciona como uma contracautela, que tem por objetivo garantir que, acaso venha a ser revogada ou a medida perca a eficácia, o valor dado em caução servirá para ressarcir eventuais danos causados ao réu. Volta-se, uma vez mais, à proporcionalidade ao analisar o pleito liminar e deferir ou não a medida, sendo que, somente a avaliação concreta é que poderá dar ao juiz a segurança de deferir a medida, até mesmo, dispensando a caução. Também haverá aqueles casos em que será a parte dispensada de apresentar caução em decorrência da sua hipossuficiência financeira, momento em que o juiz não a exigirá, o que também encontra previsão no § 1º, do art. 300, CPC. 
 
Responsabilidade objetiva 
 
A atual sistemática processual também não deixou de lado os danos que o réu pode sofrer como consequência do cumprimento das tutelas de urgência deferidas, sendo que, além de o juiz observar as questões atinentes à irreversibilidade da medida e à caução a ser prestada, o art. 302, CPC, atribui responsabilidade objetiva ao autor pelos danos que vier a causar. Diante de tal ponto, ao pleitear a medida, o autor assume, de determinada maneira, o risco quanto à possibilidade do seu deferimento em cognição sumária e de a mesma ser revogada ou perder a sua eficácia a qualquer momento. 
 
Assim, sempre que a tutela de urgência não prevalecer, os danos serão liquidados nos próprios autos, devendo a parte adversa, posteriormente, comprová-los e demonstrar a sua extensão, momento em que pode ser constatado que a parte não suportou nenhum dano, caso em que não deverá se indenizar. 
 
Eliminação da duplicidade de processos 
 
Quando requerida em caráter incidental, a medida (seja ela cautelar ou antecipada) terá lugar dentro do processo em curso, sem autuação apartada e independentemente do pagamento de custas (art. 295, CPC). 
 
Quando o pedido for formulado em caráter antecedente, isso implicará obviamente a constituição de um processo. 
Todavia, subsequentemente, o eventual pedido principal será formulado nessa mesma relação processual (arts. 303, § 1º, I, e 308, CPC). O modelo do processo cautelar autônomo, adotado pelo Código de 1973, mostrou-se desnecessário e mesmo contraproducente. 
 
O ônus da formulação do pedido principal 
 
Mas, a partir desse ponto, estabelece-se parcial dicotomia de disciplinas, que em grande medida põe a perder o propósito de unificação de regimes das medidas urgentes. Ainda que admitindo tanto a tutela cautelar quanto a tutela antecipada em caráter antecedente, o CPC previu regras distintas para uma e outra, no que tange ao ônus de formulação de pedido principal, depois de efetivada a medida urgente. 
 
Uma vez efetivada a tutela cautelar em caráter antecedente, o autor fica incumbido de formular o pedido principal no prazo de trinta dias, sob pena de cessação de eficácia da medida (arts. 308 e 309, I, CPC). Caso cessada a eficácia da tutela cautelar, é vedada a renovação do pedido, salvo por fundamento diverso (art. 309, par. ún., CPC). 
 
Já se a tutela urgente deferida em caráter preparatório for antecipada, o autor tem ônus de complementar sua argumentação e confirmar o pedido de tutela final em quinze dias, ou em outro maior que o juiz lhe der, sob pena de extinção do processo sem julgamento de mérito (art. 303, §§ 1º, I, e 2º, CPC). 
 
Aí já se tem clara diferença no regime das duas providências urgentes, quando pleiteadas em caráter preparatório. 
 
Estabilização da tutela antecipada 
 
Na hipótese de tutela antecipada antecedente, o ônus do autor de formular pedido principal deve ainda ser conjugado com outra imposição normativa. Se o réu não recorrer da decisão concessiva da tutela antecipada, o processo, uma vez efetivada integralmente a medida, será extinto. Todavia, a providência urgente ali concedida manterá sua eficácia por tempo indeterminado (art. 304, CPC). 
 
Vale dizer, a tutela antecipada antecedente estabilizar-se-á. Ela continuará produzindo os seus efeitos enquanto não for revista, reformada ou invalidada mediante ação própria em um novo processo (art. 304, § 3º, CPC), a ser iniciado por qualquer das partes (art. 304, § 2º, CPC). Não há coisa julgada material (art. 304, § 6º, CPC). Mas o direito de rever, reformar ou invalidar a decisão concessiva da tutela antecipada estabilizada submete-se a prazo decadencial de dois anos (art. 304, § 5º, CPC). 
 
Essa regra, na versão original do projeto do Código, seria aplicável tanto à tutela antecipada quanto à tutela cautelar concedidas em caráter preparatório. Na Câmara dos Deputados, passou-se a prever que apenas a tutela antecipada preparatória seria apta a estabilizar-se. 
 
A razão de se limitar a estabilização à tutela antecipada é facilmente identificável: não há sentido em se manter por tempo indeterminado uma providência meramente conservativa, que é o que se tem com a tutela cautelar. Mas os inconvenientes dessa distinção de regimes também são facilmente previsíveis: haverá o recrudescimento das disputas classificatórias entre tutela cautelar e tutela antecipada, com o propósito de se afastar ou obter a estabilização. 
 
Na tentativa de diminuir tais disputas, o par. ún. do art. 305, CPC, prevê que o juiz, ao considerar que uma tutela pleiteada em caráter antecedente como “cautelar” tem natureza antecipatória, deverá determinar seu processamento em conformidade com as regras do art. 303 (que poderão conduzir à estabilização). O CPC/15, a exemplo do que fazia o CPC/73 no art. 273, § 7º, disse menos do que deveria, pois tal controle deve ocorrer também na hipótese inversa: ao deparar-se com um pedido de tutela antecipada antecedente que a rigor tem natureza cautelar, o juiz deverá também corrigir o processamento da medida, de modo a excluir-lhe a possibilidade de estabilização. 
 
A estabilização da tutela antecipada antecedente reúne as características essenciais da técnica monitória: 
 
(a) há o emprego da cognição sumária com o escopo de rápida produção de resultados concretos em prol do autor; (b) a falta de recurso do réu contra a decisão antecipatória acarreta-lhe imediata e intensa consequência desfavorável; 
(c) nessa hipótese, a tutela antecipada permanecerá em vigor por tempo indeterminado – de modo que, para subtrair-se de seus efeitos, o réu terá o ônus de promover ação de cognição exauriente (ainda que ambas as partes detenham interesse e legitimidade para a propositura dessa demanda – art. 304, § 2º, CPC). Ou seja, sob essa perspectiva, inverte-se o ônus da instauração do processo de cognição exauriente; e (d) não haverá coisa julgada material. 
 
Esses são os traços fundamentais da tutela monitória, em seus diferentes exemplos identificáveis no direito comparado e na história do processo luso-brasileiro. Tais atributos estão também presentes tanto na ação monitória acrescida pela Lei 9.079/95 ao Código de 1973 (arts. 1.102-a e ss.), quanto naquela também prevista no diploma de 2015 (arts. 700 e ss.). 
 
Trata-se de técnica de tutela que não guarda identidade com a tutela de urgência. Basta ver que a concessão do mandado de cumprimento, na ação monitória, não se subordina à demonstração de perigo de dano. Seu escopo não é impedir danos irreparáveis ou de difícil reparação, mas abreviar a solução de litígios, sem que se tenha cognição exauriente de seu mérito. Assim, na tutela antecipada antecedente, ao mecanismo de tutela urgente agregou-se a técnica monitória. 
 
Pois bem. Se o réu não interpuser recurso contra a decisão que, em primeiro grau, concede a tutela antecipada antecedente, essa estabilizar-se-á. O processo, uma vez efetivada integralmente a medida, será extinto.Todavia, a providência urgente manterá sua eficácia por tempo indeterminado. Sua extinção dependerá de uma decisão de mérito, em uma nova ação, que a reveja, reforme ou invalide (art. 304, caput e §§ 1º e 3º, CPC). 
 
Exemplificando: concede-se tutela antecipada antecedente, determinando-se prestação pecuniária mensal de natureza alimentar – e o réu não recorre do provimento antecipatório. Sem que haja nenhuma declaração da existência do direito aos alimentos, a ordem de pagamento das prestações periódicas permanecerá em vigor por tempo indeterminado. Para eximir-se do cumprimento de tal comando o réu terá o ônus de promover ação de cognição exauriente e nela obter o reconhecimento da inexistência do dever de prestar alimentos. 
 
Insista-se: apenas a tutela antecipada antecedente é apta a estabilizar-se. Se, por exemplo, o autor desde logo formula o pedido de tutela final e requer já na inicial, incidentalmente, a antecipação de tutela, e essa é concedida, se não houver recurso, a tutela antecipada não se estabilizará. 
 
A estabilização da tutela antecipada não gera coisa julgada material. Os efeitos da medida de urgência poderão ser extintos em posterior ação. Nos termos do art. 304, § 2º, CPC: “Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput”. A ausência de coisa julgada é também explicitada no § 6.º do art. 304, CPC: “A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos termos do § 2º deste artigo”. 
 
O art. 304, § 5º, CPC, por sua vez, estabelece prazo de dois anos para o ajuizamento de ação de revisão da tutela estabilizada. O prazo é computado a partir da data de ciência, pela parte, da extinção do processo gerada pela estabilização da tutela provisória. 
 
Trata-se de prazo decadencial, pois limita temporalmente o exercício de um direito potestativo (o direito de desconstituir a tutela que se estabilizou). 
 
Tutela de evidência 
 
A tutela de evidência é de natureza satisfativa, cuja concessão prescinde do requisito da urgência (art. 311, CPC). Trata-se de uma tutela antecipada não urgente, isto é, uma medida destinada a antecipar o próprio resultado prático final do processo, satisfazendo-se na prática o direito do demandante, independentemente da presença de periculum in mora. 
 
Trata-se de técnica de aceleração do resultado do processo, criada para os casos em que se afigura evidente (ou seja, dotada de probabilidade máxima) a existência do direito material. 
 
O art. 311, CPC, destaca que, “independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo”, a tutela da evidência será concedida nas seguintes hipóteses, quais sejam: 
 
“I – ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; 
– as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; 
– se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa; 
– a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável”. 
 
Aqui, cabe a advertência: “Tais situações não se confundem, todavia, com aquelas em que é dado ao juiz julgar antecipadamente o mérito (arts. 355 e 356), porquanto na tutela de evidência, diferentemente do julgamento antecipado, a decisão pauta-se em cognição sumária e, portanto, traduz uma decisão revogável e provisória” (WAMBIER, Teresa; RIBEIRO, Leonardo Ferres da Silva; CONCEIÇÃO, Maria Lúcia Lins e; MELLO, Rogério Licastro Torres de. Primeiros comentários ao Novo CPC. Artigo por artigo. São Paulo: RT, 2015, p. 523). 
 
Ainda, acrescenta o parágrafo único do art. 311, CPC, que o juiz poderá decidir liminarmente nas situações descritas nos incisos II e III, mesmo porque, nos incisos I e IV, o juiz somente poderá formar sua convicção (ainda que fundada em cognição superficial) após a apresentação de defesa pelo réu. 
 
Por fim, pertinente a observação de que, enquanto a tutela de urgência pode ser pedida de forma antecedente e incidental, a tutela da evidência só pode ser pedida de forma incidental. 
Precisava no CPC de 73 dupla aceitação e temos no lugar de oposição temos desconsideração e amicus curuiae 
Tinha NJ de acao possibilidade de um terceiro intervir em outra relação jurídica com AB opoente ingressa com oposição oq eu vocês discutem não é nem um nem outro e ingressa com esse processo proposito na questão 22 
 Nota do autor. antes da entrada em vigor do CPC/2015, parte da doutrina considerava necessâria a propositura de ação autônoma para a desconsideração da personalidade jurídica. Na jurisprudência, o enten- dimento era inverso, pois se considerava dispensável a ação autônoma para se "levantar o véu" da pessoa jurí- dica. Nesse sentido: "O juiz pode determinar, de forma incidental, na execução s·rngular ou coletiva, a descon- sideração da personalidade jurídica de sociedade. De fato, segundo a jurisprudência do STJ, preenchidos os requisitos legais, não se exige, para a adoção da medida, a propositura de ação autônoma''. Precedentes citados: REsp 1.096.604-0F, 4a Turma, DJe 16/10/2012; e REsp 920.602-0F, 3a Turma, Dle 23/6/2008 (STJ, REsp 1326201/RJ, rei. Min. Nancy Andr'lghi, j. 7.5.2013). Ao estabelecer um incidente para fins de desconsideração, o CPC/2015 pacifica a desnecessidade da propositura de ação judicial própria. Sobre o assunto, Marinoni, Arenhart. e Mitidiero'o3: "O incidente de desconsideração da personalidade jurídica depende, em regra, de pedido da parte interessada ou do Ministério Público, quando esse participe do processo. Pode o ·fegislador expres- samente excepcionar a necessidade de requerimento para tanto - como o faz, por exemplo, o ar't. 28, do CDC. O requerimento visando à desconsideração da persona- lidade jurídica é admissível em qualquer fase do proce- dimento comum, inclusive na fase de cumprimento de sentença, e no procedimento diferenciado para execução fundada em título executivo extrajudicial. Ainstauração do incidente será imediatamente comunicada ao distri- buidor para as anotações devidas. O incidente de descon- sideração tem o condão de suspender o processo {art. 134, § 3°), salvo quando requerido na inicial. Instaurado, o sôcio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de quinze dias. É preciso deixar dara desde logo, porém, que a prova de que os motivos que levam a desconsideração de fato existem é de quem requer o incidente - se é determinado
de ofício, tem o juiz de prová-lo. Segue-se aqui a regra geral: prova (art. 134, § 4.°). lnexlstindo prova das alegações que permitem a desconsideração, tem-se que julgar de acordo com as regras do ônus da prova (art. 373). Qualquer das partes do incidente pode se valer de todo e qualquer meio de prova legalmente admitido para prova das respectivas alegações. No primeiro grau de jurisdição, o incidente é resolvido mediante decisão lnterlocutôria (art. 136), cujo recurso cabível é o agravo de instrumento (art 1. 015, IV). Se a desconsideraçáo é operada pelo relator no tribunal, o recurso cabível para o colegiado é o de agravo interno (art. 136, parágrafo único)''. 
Questões 
 
22. Acerca do incidente de desconsideração da personalidade jurídica, indique a alternativa correta. 
 
Os pressupostos para a desconsideração da personalidade jurídica estão dispostos na lei processual e devem ser observados para que seja possível a instauração e julgamento do incidente. 
Alternativa "A": incorreta.A lei processual civil não trata dos pressupostos para a desconsideração. N:is termos do art. 133, § 1°, CPC/2015 "o pedido de descon- sideração da personalidade jui ídica observará os pressu- postos previstos em lei''. Asslm, se a demanda envolver relação que não seja de consumo ou em que não se discuta responsabilização ambiental (situações que ensejam a aplicação da Teoria Menor da Desconside- ração), será necessário observar o art. 50, do Côdigo Civil, que consagra a chamada Teoria Maior da Desconside- ração. Para a primeira teoria (menor). a desconsideração independe de qualquer comprovação quanto à exis- tência de dolo ou culpa. Para a segunda teoria (maior), o fe9islador previu a necessidade do preenchimento dos seguintes requisitos: (i) objetivo, consistente na insufici- ência patrimonial do devedor; e {ii) subjetivo, consistente no desvio de finalidade ou confusão patrimonial através da fraude ou do abuso de direito. 
Não alternativa incorreta 28cdc menor /50cc maior => L9605 art 4 teoria menor / seria art 50 que disciplina teoria maior conta do CC relação que nãos seja nem de consumo e resp ambiental teoria maior e se embasa no 50 cc 
Para menor não precisa de comprovação dolo e culpa e já para segunda teoria 
Já maior seria objetivo insuficiência patrimonial e desvio de finalidade confusão patrimonial fraude e abuso de direito assim teoria menor e maior consagra teoria maior depende de dolo e culpa , desvio de finalidade e confusão patrimonial , assim desconsideração reconhecida e saio de patrimônio de Pj e vou para sócios que tem patrimônio e PJ que tem ou exercem seus poderes não encontram patrimônio dividas em nome de PJ e pagamentos nãos ao honrados nos patrimônio de PJ nada encontrado e na desconsideração inversa Natural e física não pJ venho a encontra algo o que se quer , é onde esses podem ser encontrados , e temos 3 diplomas neste lastro mais estudada evidenciada e comum 
A desconsideração inversa é objeto de construção doutrinária e jurisprudencial, não sendo admitida, pelo menos expressamente, em nosso ordenamento processual. 
Alternativa "B": incorreta. A desconsideração inversa foi consagrada pelo CPC/2015 no§ 2°, do art. 133, segundo o qual o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica''. O Capítulo referido é justamente o que trata do incidente. Na jurisprudência, a poss'ibilldade inversa da desconsideração já era admitida antes mesmo da entrada em vigor do CPC/201S. Confira:"[...] Épossível a descon- sideração inversa da personalidade jurídica sempre que o cônjuge ou companheiro empresário valer-se de pessoa jurídica por ele controlada, ou de interposta pessoa física, a fim de subtrair do outro cônjuge ou companheiro
direitos oriundos da sociedade afetiva. Se as instân- cias ordinárias concluem pela existência de manobras arquitetadas para fraudar a partilha, a legitimidade para requerer a desconsideração sô pode ser daquele que foi lesado por essas manobras, ou seja, do outro cônjuge ou companheiro, sendo irrelevante o fato deste ser sócio da empresa. Negado provimento ao Recurso Especial. (STJ, REsp 1.236.196/RS, reLMin. Nancy Andrighi,j.22.102013). 
caopua desconsideração inversa 
Exige-se a citação do sócio para se manifestar sobre o incidente, sendo inadmissível a desconsideração sem a instauração de prévio contraditório. 
		Alternativa "C": correta. De acordo com o art. 135, CPC/201S, "instaurado o incidente, o sôcio ou a pessoa jurídica será citado '"para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias". Em suma, o CPC/201 S condicionou o deferimento da medida à prévia citação do sôcio (desconsideração inversa) ou da pessoa jurídica (desconsideração comum). 
Temos sim prévio contraditório posso realizar audiência de instrução e julgamento e ate mesmo prova pericial pode todos meios de prova admitidos e exigência de citação de sócio desconsideração formulado na inicial e incidentalmente e pelitos de desconsideração e cai muito , momento procedimental que seria possível instaura incidente e pode pedir incidentalmente e em termos procedimentais poderia requerer no cump[rimento execução de titulo extrajudicial 
		Art134 incidente cabível em todas as fases de cumprimento de sentenca e execução de titulo executivo extrajudicial e tenho prévio contraditório e citação de sócio possa se manifesta SAI DE PJ 
Se falamos o contrario sai de pessoa natural e vamos a PJ 
O incidente de desconsideração da personalidade jurídica, por ser espécie de intervenção de terceiros, não é cabível no procedimento dos Juizados Especiais. 
		Alternativa"D": incorreta. O CPC/2015 não revogou o art. 10, Lei 9.099/95, que assim dispõe:"nãoseadmitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o Utisconsôrcio''. Apesar disso, o art. 1.062 da nova lei processual expressamente 
Admite o incidente de desconsideração no âmbito dos juizados Especiais, Ademais, o CPC/2015 "transfere" a assistência para o rol de espécies de intervenção de terceiros, consolidando o entendimento doutrinário e jurísprudencial. Destarte, o art. 10 da legislação especia" lizada deve ser assim interpretado: não se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiros, excetuando-se o il!icidente de desconsideração da personalidade jurídica.
---- art 134 autoriza sim todos fases de cumprimento de sentenca e execução de titulo
O incidente de desconsideração não é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, mas, apenas, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial. 
---- art 134 autoriza sim todos fases de cumprimento de sentença e execução de titulo
art 136 recurso cabível art 1.015 esse pedido de desconsideração formado na inicial e resolvido na sentenca recurso cabível apelação esse for incidente resolve decisão interlocutória , relatoria perante proprio relator será recurso de agravo interno resolvido incidente por decisão interlocutória se for na sentença será r cabível apelação assim dois recursos interpostos a depender de momento 
propprio 
terceiro enigmático amicus curiae tem previsibilidade no texto processual artigo ser art 138 proprio amicus curiae pode se auto intitula necessário solicita ou admiti pessoa natural jurídica oragaso entidade especializada em 15 dias de sua manifesrtacao paragrafo 3 amicus curiae pode recorrer de decisão de incidente de demandas repetitivas opor embargos e tambems e insurgir contra decisão que julga IRDR art 972 e seguintes e cabe a juiz relator em decisão que solicita adimiti intervenção e auqestoes que caem admite conhecimento 
	O Nota do autor: a figura do amicus curiae surgiu originalmente com a Lei 6.385/1976 (art. 31), que dlscí- plinou a intervenção da Comissão de Valores Mobiliários (CVMJ em processos nos quais se discutia matéria de sua competência. Em seguida, a Lei 8.884/1994'04 possibi- litou a intervenção do CADE Conselho Administrativo de Defesa Econômica nas demandas relacionadas ao direito de concorrência. Seguindo uma ordem crono- lógica, o Estatuto da OAB (Lei 8.906/1994) possibilitou, posteriormente, a intervenção da Ordem dos Advogados nos processos ou inquéritos em que advogados fossem partes. A lei da propriedade industri.:il (Lei 9.279/1996) também previu a intervenção do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI} nas açóes de nulidade de registro de patente, de desenho industrial e de mcrca. Em seguida, a Lel 9.868/1999 disciplinou a participação do amicus curiae na ADI (e, por analogia, na ADC e na ADPF). O CPC/2015 generalizou a atuação do amicus curiae, mas estabeleceu requisitos para a sua intervenção
do processo. São eles: (i) relevância da matéria; Oil espe- cificidade do tema; (iii) repercussão sodal da controvérsia e (iv)

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