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Animais Peçonhentos

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN 
Discente: Tatiana Leal Marques – Turma 14/Medicina 
Animais peçonhentos 
 
COBRAS 
 Considerações iniciais: 
 Animais peçonhentos e venenosos não são a mesma coisa. Os peçonhentos produzem peçonha e os venenosos 
produzem veneno. Veneno é toda substância, de origem animal, vegetal ou mineral, capaz de alterar o 
metabolismo daquele que foi acometido. A peçonha também é capaz de alterar o metabolismo, mas essa é sempre 
de origem animal. Logo, veneno é um termo mais genérico (ex.: intoxicação por arsênio, cianeto), já o termo 
peçonha está relacionado ao reino animal. Acidentes com veneno podem ser passivos ou acidentais. Para se 
intoxicar por veneno, tem que se entrar em contato ou ingerir. No caso da peçonha, ele entra em contato com você, 
ou seja, ele ataca, e nesse ataque, existe um órgão especifico responsável pela inoculação do veneno (ex.: cobras e 
suas presas) – existe muito maior chance de intoxicação por essa questão do ataque, p.ex. baiacu – tem grande 
quantidade de veneno em vesícula, com grande letalidade. 
 Os principais animais peçonhentos são as cobras. É importante a identificação da cobra para se conhecer quando 
chegar trazida pelo paciente, auxiliando na administração de antídotos corretos. 
 O correto é falar serpente. Cobras são aquelas que levantam o pescoço no momento do ataque, não existem no 
Brasil (por esse motivo, vamos usar os termos como sinônimos). 
 
 Características: 
 São carnívoros, mas não somos seus principais alvos – são os ratos, principalmente. 
 Corpo alongado, coberto de escamas. 
 Realizam mudas como os vermes, ajudando a ver a presença ou passagem delas por determinados locais. 
 Não tem membros locomotores. 
 Não possui ouvido, mas percebe a gente se aproximando por grande sensibilidade às vibrações do ambiente. 
 Não fecha os olhos – não tem pálpebras móveis. 
 A língua é dividida em 2 e fica sempre colocando para fora, por que é por onde capta odores. 
 O órgão de Jacob está dentro da boca e corresponde ao órgão olfatório. Logo, a cobra coloca a língua (dividida em 
2) para fora, captando odores para o órgão de Jacob. 
 A narina é mais lateral e não serve para captar odores, mas para respirar. 
 A fosseta é a estrutura quadrada que serve para perceber a temperatura, dando uma ideia do tamanho da presa que 
está chegando. 
 No Brasil, tem-se 321 espécies de cobras e apenas 62 peçonhentas. 
 Vamos identificar entre as que são peçonhentas e as que não são: 
o A cabeça da peçonhenta é triangular, que se destaca do corpo. 
o A fosseta loreal, que percebe as mudanças de temperatura e a proximidade e o tamanho das presas, fica 
entre o olho e a narina, e é uma das características mais importantes para se identificar as cobras 
peçonhentas. 
 
 
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o As peçonhentas têm escamas menos lisas, de modo que, passando a mão, percebe-as mais salteadas, 
grosseiras. Tem formato de lança. 
o As peçonhentas tem uma uniformidade das escamas do corpo e da cabeça – nas demais pode-se encontrar 
placas na cabeça (escamas grandes). 
o As peçonhentas têm cauda fina/afina bruscamente – as demais vão afinando lentamente. 
o As peçonhentas “confiam” na peçonha, logo, é importante ouvir o relato – ex.: ataque é mais 
característico das peçonhentas. 
 As cobras peçonhentas inoculam quantidade suficiente de veneno a ponto de causar riscos. As marcas dos dentes 
podem dizer algo sobre o tipo de cobras. As não peçonhentas possuem dentes mais iguais ou presas mais 
posteriores. Possuem glândula de veneno e é através dos dentes que esse veneno é inoculado. Se a presa é maior, 
mais fina e mais eficaz em furar, tem-se canal de comunicação maior com as glândulas, e, logo, maior eficiência 
para a inoculação. Essas presas grandes anteriormente na boca ficam “deitadas”, e, quando a cobra abre a boca, 
essas presas “saem” – além disso, as presas estão contidas na bainha, que é móvel e “sai” quando a cobra vai 
atacar. Essas são características da dentição solenóglifa. Pode-se, ainda, ter a dentição proteóglifa, em que há 
também 1 dente maior que os outros, mas não é tão eficiente quanto a anterior. 
 A maior parte dos acidentes é por cobras Bothrops. 
 As principais cobras pertencer a duas famílias, a Viperidae (99,6% dos acidentes) e a Elapidae (0,4%). Dentro da 
Viperidae tem-se Bothrops, das jararacas; Crotalus, as cascavéis; e Lachesis, as surucucus – os antídotos chamam 
pelos nomes científicos (ex. anti-Bothrops). A maior parte dos acidentes é causada por jararacas, seguidas por 
cascaveis, e, posteriormente, surucucus. A menor parte é causada pelas corais. Isso acontece por que as jararacas 
são muito agressivas, além de ela acompanhar a presa e a presa comumente não perceber sua presença. 
 Tem-se em torno de 20/30.000 acidentes por ano no Brasil. 
 Os acidentes são mais comuns nas regiões Norte/Nordeste. 
 A incidência (levando em conta o tamanho da população) é maior nas regiões Norte e Centro-Oeste. 
 No RN, tem-se entre 300 e 600 acidentes registrados. 
 Tem-se em torno de 100/150 mortes por ano. 
 
 Bothrops sp. – jararacas: 
 É encontrada em todo o Brasil, mas não de forma igual. Prefere regiões com ambientes mais úmidos, matas 
cultivadas. Não gosta muito de ambientes secos (mais característico de cascavel). Está em beiras de rios, por 
exemplo. 
 Mais conhecidas. 
 Há mais de 30 espécies. 
 Coloração equivalente às características do local – difícil generalização das características. 
 Em geral, marrom/preto, lisa (mas pode ser decorada). 
 Cabeça destacada, cauda fina, fosseta loreal. 
 Causa lisa, sem adornos – não em relação a não ter escamas, mas não tem presença de chocalho. 
 Características do veneno: 
 
 
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o Não é uma só substância, mas várias, causando caos no sistema de defesa – começa produção grande de 
anticorpos, formando imunocomplexos, sendo comuns problemas renais. 
o Ação proteolítica, ou seja, várias substâncias podem atuar como proteases, hialuronidases, proteases. No 
local da picada, costumam-se observar lesões (para algumas cobras não é evidente onde picou; na 
jararaca, é evidente). A região fica edemaciada, eritematosa. 
o Propriedade coagulante, ou seja, são substâncias que convertem fibrinogênio em fibrina e ativam fator X. 
Por isso, num primeiro momento, vê-se coagulação – pode-se perceber áreas escuras. 
o Em seguida, já que se está usando os fatores de coagulação, tem-se, posteriormente, hemorragias, devido 
consumo dos fatores, deixando o organismo suscetível a hemorragias (há substâncias que danificam as 
células endoteliais, que, sem fatores de coagulação, levarão a hemorragia). Tem-se, ainda, produtos 
capazes de alterar funções das plaquetas. 
o Logo, é característico do veneno das jararacas: ação proteolítica e ação sistêmica relacionada a 
hemorragia. 
o Não se indica torniquete do membro acometido, sendo indicando sua elevação, evitando a concentração 
do veneno numa dada região, o que favoreceria a possível perda do membro. 
 Os atendimentos que acontecem até as 6h iniciais são chamados precoces e são os ideais. A partir daí, são tardios. 
No caso de jararacas, até 6h tem-se dor, edema, calor, rubor e sangramento (ação proteolítica). Dentre os sintomas 
sistêmicos, tem-se náuseas, vômitos, sudorese e hipotermia (alterações dos fatores de coagulação). Com o tempo, 
os sintomas locais vãopiorando, e, onde havia edema e vermelhidão tem-se equimoses, bolhas, possível necrose. 
Algumas possíveis complicações são a presença de infecções bacterianas concomitantes – a boca da cobra tem 
flora como a nossa, mas com bactérias estranhas para nós –, com abcessos, gangrenas etc. 
 Logo, para jararaca tem-se efeitos locais com riscos de infecção. 
 
 Crotalus sp. – cascavéis: 
 Sua distribuição é diferente, de modo que prefere locais mais secos, como o nosso sertão, onde é muito mais 
comum. 
 Está entrando em risco de extinção, por que é mais fácil de ser vista, por estar mais em locais abertos.Ela se 
protege menos e o homem a mata muito, esquecendo-se de que está relacionada ao ecossistema, podendo 
importante ao controle de roedores. 
 Só se tem 1 espécie, a Crotalus durissus. 
 Possui guizo ou chocalho, para quem há várias teorias. A cascavel é menos agressiva do que a jararaca, e acredita-
se que a presença do seu chocalho pode ser um “indicativo” de sua presença, contribuindo para o afastamento da 
presa (curiosidade). 
 Quanto ao seu veneno, temos: 
o Há várias substancias com várias propriedades diferentes. 
o Propriedade neurotóxica, com inibição da liberação de acetilcolina – ptose palpebral, mudança de voz, 
desânimo, paralisia muscular). 
 
 
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o Inibição da atividade muscular, diretamente sobre o músculo, através de toxinas miotóxicas, causando 
destruição das células musculares ou rabdomiólise (destruição de células musculares com liberação de 
mioglobina) – indisposição, dificuldade para andar, escurecimento da urina (excesso de miogloginas por 
destruição de células musculares – aqui, aparece antes do que em jararacas, e, nessas últimas, além de 
poder ainda não aparecer, é resultante de hemorragias [logo, o escurecimento é devido ao sangue em si]). 
o Efeito nefrotóxico, com ação direta da toxina nos rins, podendo causar IR aguda (importante aqui). 
o Consumo dos fatores de coagulação (mas sem substâncias que produzem hemorragias, como nas jararacas 
– logo, aqui, a hemorragia não é regra). 
 Num atendimento precoce, dor e edema local costumam estar ausentes ou discretos. Com o tempo, o que fica cada 
vez mais evidente são os sintomas decorrentes da rabdomiólise, como ptose palpebral, vista turva (dificuldade de 
adaptação do cristalino), faces miastênicas, fraqueza muscular. Dentre as complicações mais comuns, tem-se a IR 
por ação nefrotóxica. 
 
 Lachesis sp. – surucucu: 
 Não é comum na nossa região, por ser mais típica de áreas úmidas, como o Norte. 
 Seu acidente é semelhante ao da jararaca, havendo, inclusive, combinação de soros. Entretanto, sua atividade 
neurotóxica adicional, aliada a um estímulo do parassimpático, torna os vômitos, diarreias e náuseas mais 
acentuados. Apesar disso, não se confunde com a jararaca por que não é tão agressiva quanto e por ser muito 
grande, a maior dentre as cobras peçonhentas, podendo chegar a até 4m (são acidentes muito mais restritos). 
 Logo, a distinção entre os acidentes por jararacas e surucucus, apesar de parecidos, é feita pela conversa sobre o 
acidente (agressividade, tamanho), pelo local onde aconteceu. 
 
 
 Micrurus sp. – corais verdadeiras: 
 Tem-se mais de 30 espécies (logo, não iremos distinguir cada uma). 
 Está em todos os locais. 
 Tem a peçonha mais potente, mas seu acidente é raro (0,4% dos acidentes) – esse acidente é menos comum devido 
ao seu comportamento, sendo essa menos agressiva. Além disso, suas presas não são tão grandes, logo, para 
conseguir inocular boa quantidade de peçonha, é mais difícil, precisando morder (não só tocar ou “picar”). 
 Tem comportamento subterrâneo – embaixo de pedras, buracos. 
 Acidentes ocorrem quando alguém mexe onde elas estão. 
 São frequentes, comuns. 
 São diferentes das demais em características, p.ex., não tem cauda afinando bruscamente, não tem fosseta loreal, 
não tem pupila em forma de fenda, não tem cabeça destacada, tem escamas diferentes na cabeça. Essas 
características são muito distintas em relação às demais cobras peçonhentas por que as corais são de outra família. 
Em compensação, essas aqui são muito fáceis de reconhecer, por possuir padrão de coloração em forma de anéis. 
Nem toda cobra com coloração em anéis (branco, vermelho, amarelo e preto), entretanto, são corais, tendo-se 
 
 
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corais verdadeiras e falsas. Para fazer a distinção, observa-se se o anel envolve todo o corpo – quando o anel é 
completo, a coral é verdadeira. 
 Sua peçonha é a mais potente por que tem neurotoxinas com atividades pós e pré sinápticas, bloqueando a 
liberação e a ação da Ach, causando paralisia muscular, que ascende do local da picada, progredindo com o passar 
do tempo, causando morte por insuficiência respiratória. No local da picada, não se tem alteração, não há 
atividade proteolítica, hemorrágica ou coagulante, podendo o local da picada tornar-se despercebido. Com o 
tempo, entretanto, tem-se náusea, vômitos, sudoreses, ptose palpebral. Não se procurando ajuda, pode haver vista 
turva, saliva espessa, dificuldade de deglutir, morte por insuficiência respiratória. 
 
Resumindo-se, para jararacas e surucucus, tem-se, rapidamente, dores e alterações locais, evidentes e progressivas. 
Para cascavel, a dor e as alterações são ausentes ou discretas. Isso é fundamental para fazer a distinção entre as 
cobras mais comuns (jararaca e cascavel). Quanto ao veneno, para jararaca tem-se ação proteolítica, coagulante e 
hemorrágica. Semelhantemente ocorre com surucucus, com adicional de ação neurotóxica (parassimpático). Para 
cascavel, o veneno tem efeito neurotóxico, miotóxico e coagulante. Para corais, têm-se também alterações locais 
ausentes ou discretas, com veneno com ação neurotóxica importante, rápida e resultante em insuficiência 
respiratória. 
 
 
 
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 Prevenção: 
 Procurar serviço de saúde o mais rápido possível. 
 Levar a cobra. 
 Uso de botas, calças compridas (80% dos acidentes), sapatos (30%). 
 Proteger mãos, usar galhos. 
 Evitar lixo (que traz roedores, presas do cobras). 
 Evitar usar folhas, fezes, pós (“milacrias”). 
 Não oferecer bebidas para pessoa “aguentar” dor. 
 Repouso. 
 Elevar região atingida e não usar garrotes ou torniquetes. 
 Lavar – reduz bactérias. 
 Retirar anéis, pulseiras – evitar problemas sob edema. 
 Não chupar a área – veneno se liga a terminações nervosas. 
 
ARACNÍDEOS PEÇONHENTOS 
 Considerações iniciais: 
 Filo Artropoda. 
 As classes mais importantes são a Arachinida e a Insecta. 
 
ESCORPIÃO 
 Características: 
 Todo escorpião é peçonhento. Em sua cauda há glândula por onde sai veneno. Alguns, entretanto, têm maior 
potencial de causar casos mais graves. Os demais causam dor intensa no local. Só há um gênero que tem 
potencialidade para esses acidentes mais graves. 
 Seu corpo é dividido de forma diferente, em prossoma e opistoma, ou cefalotórax e abdome. O tronco é de onde 
saem as patas (aracnídeos tem 4 pares). O abdome é dividido em duas regiões, a parte larga e a fina. O final tem o 
ferrão e sua glândula. Todo escorpião tem um órgão característico, o pente, com alguns pelinhos, por onde vai 
percebendo vibrações quando vai andando. Possui “garrinhas” que chama de quelíceras, com as quais vai quebrar 
as presas (predominantemente insetos – quebra seu exoesqueleto – baratas atraem escorpiões).Possui palpos, que 
são espécies de braços, estruturas que vão ajudar a segurar as presas. 
 Tem hábitos noturnos. 
 Escondem-se (p.ex. pedras) – evitar entulhos em casa. 
 Muitos são partenogênicos – 1 só fêmea garante os filhos. 
 Logo, todo escorpião tem peçonha, mas a maioria só coloca uma quantidade de veneno de modo a causar somente 
dor. 
 
 
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 Os escorpiões do gênero Tityus têm potencial para quadros mais graves. Logo, deve-se conhecer as principais 
espécies a localizá-las no mapa. O T. obscurus é mais escuro e presente na região Norte; o T. bahiensis é marrom 
e está pelo Sul e Sudeste. A principal espécie é o T. serrulatus chamado de escorpião amarelo, que está em 
expansão, além de causar a peçonha mais potente e causar um maior número de acidentes. Por ser fundamental 
para nós, é importante identificá-lo. 
 
 T. serralatus – escorpião amarelo: 
 Tem cerca de 7 cm. 
 Tem corpo amarelo, com patas mais claras. 
 O nome serrulatus vem de característica fundamental, a característica de serra na cauda, com pequenos dentes 
nela. Possui também mancha escura na cauda. 
 
 T. stigmurus – escorpião-amarelo-do-nordeste: 
 Importante na nossa região. 
 Amarelo, mais uniforme – ou até mais puxado para laranja, dependendo de onde esteja. 
 Tem listra mais clara de lado e formato de triângulo no cefalotórax. 
 
 Acidentes escorpiônicos: 
 Classificam-se em leves, moderados e graves. 
 Nos acidentes leves, tem-se inoculação de menor quantidade de veneno, com dor. Sem necessidade de soro, 
administrando-se somente analgésicos. 
 Nos acidentes moderados, tem-se são náusea, vômitos, sudorese, agitação, taquipneia, taquicardia. 
 Nos acidentes graves, tem-se sintomas semelhantes aos moderados, mas tudo de forma mais intensa (aqui, 
bradicardia). 
 Logo, o veneno tem atividade neurotóxica. Há despolarização das terminações nervosas do simpático e 
parassimpático, de modo que horas observam-se mais efeitos simpáticos e, em outras horas, mais efeitos 
parassimpáticos, podendo-se essas respostas serem variáveis de acordo com o paciente, com a evolução do efeito 
do veneno, com as terminações acometidas etc. Esses sintomas “contraditórios” acontecem nos casos moderados e 
graves. Nesses, tem-se a necessidade da soroterapia. 
 
 Epidemiologia: 
 Os números variam muito (p.ex. dependem de chuva). 
 Os acidentes são comuns (chegaram até a 80.000) – mais do que cobras (30.000). 
 Há possibilidade de óbito (p.ex. interferência do coração, respiração), especialmente em crianças e idosos (corpo 
menor e/ou mais frágil). 
 
 
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ARANHAS 
 
 Características: 
 Todas são peçonhentas, mas 3 tipos tem potencial de causar casos mais graves. 
 Aqui, a inoculação é pela quelícera (diferentemente do escorpião). 
 
 Phoneutria – armadeira: 
 Não é comum na nossa região. 
 É muito interessante por que é responsável por 60% dos acidentes e a mais comum dentro das residências. 
 É muito agressiva – chamada de armadeira pela posição que assume quando quer atacar, levantando as patas 
dianteiras para parecer maior. 
 Pode ter até 15cm. 
 O efeito de sua toxina é local – despolarização de fibras (principalmente sensitivas, mas também pode atingir as 
motoras), causando principalmente dor local. O prognóstico é bom, mas pode causar óbito em crianças e idosos. 
 
 Loxosceles – aranha marrom: 
 Pequena. 
 2ª mais comum em termos de acidentes. 
 Acidentes quando calca sapato, senta em cima. 
 É menos agressiva, mas os acidentes são mais característicos. 
 Não é comum em nossa região. 
 Ação proteolítica, causando hemorragias e necroses. É progressiva, começando com dor, formando áreas 
vermelhas, causando possível perda de membros. A potencialidade de fatalidade é mais por infecções bacterianas. 
 Casos leves são tratados com administração de analgésicos e antiinflamatórios e exigem acompanhamento. Casos 
moderados necessitam da neutralização da toxina com soro. 
 
 Latrodectus – viúva negra: 
 É a mais importante (mais encontrada) para a nossa região. 
 É responsável pelo menor número de acidentes. 
 Não se sabe bem o que a toxina causa – sabe-se que, entre as toxinas, tem-se a alfa-toxina, com efeito neurotóxico, 
alterando a permeabilidade dos canais de sódio, alterando terminações sensitivas e motoras, sistemas simpático e 
parassimpático, e causando suderose, contrações, hipertensão, taquicardia seguida de bradicardia, insônia, cefaleia 
etc. 
 Não são agressivas. 
 É considerada mais peçonhenta do que as outras duas. 
 Tem tamanho intermediário – 3cm. 
 
 
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 Corpo escuro. 
 Tem mancha vermelha. 
 Mata o macho. 
 
 Epidemiologia: 
 Acidentes por aranhas são relativamente comuns – parecido com cobras. 
 Pode levar a óbito, especialmente em crianças. 
 
 Outras aranhas: 
 Na nossa região é comum a Lycosa ou aranha de jardim. É peçonhenta, mas a potencialidade de esse veneno te 
causar casos graves é muito pequena, causando apenas dor. 
 Já as caranguejeiras ou Mygalomorphae são muito comuns em nossa região. Não têm muito veneno (causa no 
máximo dor local – analgésicos) e não é muito agressiva, mas, em pessoas sensíveis, causa reações de 
sensibilidade. Libera seus pelos quando se contrai quando quer se defender. 
 
 Prevenção: 
 Evitar lixos. 
 Cuidado com baratas. 
 Cuidado com ambientes escuros, atrás de móveis – não passar a mão. 
 Cuidado com sapatos. 
 Em caso de acidentes, limpar o local e procurar o serviço – fazer, no máximo, compressa fria antes de levar ao 
hospital. 
 
ABELHAS 
 Tem-se fosfolipases e proteínas com capacidade de desgranulação de mastócitos, havendo, por isso, reações 
alérgicas, que, de acordo com as sensibilidades do indivíduo, pode ocasionar distintas manifestações. 
 O seu ferrão fica na porção posterior 
 Em geral, quando pica, a abelha morre. Seu ferrão fica na porção posterior, e, quando o ferrão fica, a abelha fica 
com uma lesão que é incompatível com sua vida, levando à sua morte pouco tempo depois. No entanto, tem-se 
uma musculatura que fica ativa, e, dessa forma, fica inoculando o veneno. Ao mesmo tempo, vai soltando 
substâncias que atraem outras abelhas (“não mate abelha para não atrair outras”). 
 Nossas abelhas não são tão agressivas, mas as abelhas africanas, tendo cruzado com as que já estavam aqui, 
geraram proles com características típicas brasileiras e que atacam em bando. 
 Os acidentes com abelhas são em menor número do que os demais estudados, mas também pode causar óbito. 
 
 
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TATURANAS OU LAGARTAS DE FOGO 
 Comuns em nossa região. 
 Possui “espinhos” parecendo árvores que são escondidos por “pelos” – quando toca nelas, gera lesão 
aproximadamente em seu formato. 
 Queimam a pele. 
 Somente a Lonomia pode causar sintomas mais graves, havendo até relato de óbito. Presentes em todo o país, 
exceto RR, RN e PE. Tem-se soro contra ela. 
 O maribondo é um lepidóptero que solta pelos conforme voa, e algumas pessoas tem alergia a ela, 
semelhantemente à caranguejeira. 
 Tem-se no país inteiro, mas é mais predominante os acidentes em áreas litorâneas, onde há mais pessoas. 
 
LACRAIA 
 Não é peçonhenta, mas tem veneno suficientepara insetos. Para nós, só vai causar dor local. 
 
PIOLHO DE COBRA 
 Comum em Mossoró 
 Cuidado com calçados. 
 Quando toca, ele enrola. 
 Às vezes está dentro do calçado e solta “tinta”.

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