Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO PENAL III FIC/ESTÁCIO – Profa. BRUNA SOUZA CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL Constrangimento ilegal Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Aumento de pena § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas. § 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência. § 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida; II - a coação exercida para impedir suicídio. ART. 146 – CONSTRANGIMENTO ILEGAL 1. BEM JURÍDICO TUTELADO: LIBERDADE INDIVIDUAL DAS PESSOAS 2. SUJEITO ATIVO: Crime comum – qualquer pessoa. * Funcionário Público – art. 350 ou Lei 4.898/65 – Abuso de Autoridade 3. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa. Com Discernimento. 4. CONDUTA: CONSTRANGER. MEIOS DE EXECUÇÃO: VIOLÊNCIA OU GRAVE A AMEAÇA OU QUALQUER OUTRO MEIO CAPAZ DE REDUZIR A RESITÊNCIA DA VÍTIMA * Mal justo – legítimo: art. 345, CP 5. TIPO SUBJETIVO: dolo + fim específico (FAZER O QUE A LEI PROÍBE OU DEIXAR DE FAZER O QUE A LEI MANDA) 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: No momento que a vítima age ou deixa de agir. 7. CAUSA DE AUMENTO: § 1º - EMPREGO DE ARMA OU REUNIÃO DE + 3 PESSOAS * Arma: potencialidade lesiva. Própria ou Imprópria. Arma de Brinquedo. Arma desmuninciada. Arma quebrada. OBS.: CANCELAMENTO DA SÚMULA 174, STJ. 8. EXCLUSÃO DO CRIME: § 3º. OBS¹: CDC – ART. 71 – COBRANÇA DE DÍVIDAS OBS²: LEI DE TORTURA – OBTER INFORMAÇÕES, DECLARAÇÃO OU CONFISSÃO OBS³: ESTATUTO DO IDOSO – ART. 107 - IDOSO TIPO DE AÇÃO: PÚBLICA INCONDICIONADA Ameaça Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. ART. 147 – AMEAÇA 1. BEM JURÍDICO TUTELADO: LIBERDADE INDIVIDUAL AMEAÇADA PELA PROMESSA DE REALIZAÇÃO DE UM MAL INJUSTO GRAVE. Potencialidade Intimidativa. 2. SUJEITO ATIVO: Crime comum – qualquer pessoa. * Funcionário Público 3. SUJEITO PASSIVO: PESSOA FÍSICA - CERTA E DETERMINADA – CAPAZ DE FATO – de entender o mal prometido. Deve entender o mal – exclui os menores, ébrios, loucos – pessoa jurídica. 4. CONDUTA: PROMESSA DE CAUSAR MAL INJUSTO E GRAVE Crime de ação livre. Ameaça pode ser: explícita, implícita, direta, indireta, incondicional ou condicional. * Mal justo (legítimo). E crível. 5. TIPO SUBJETIVO: intenção de amedrontar a vítima. Intenção maléfica. Mesmo que não queira produzir o mal declarado. 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Crime formal – no momento que a vítima toma conhecimento do mal prometido – mesmo que este não se concretize. Tentativa; forma escrita. * CDC – art. 71, Lei 8.078/90. TIPO DE AÇÃO: PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO Seqüestro e cárcere privado Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado: Pena - reclusão, de um a três anos. § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital; III - se a privação da liberdade dura mais de 15 (quinze) dias. IV - se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; V - se o crime é praticado com fins libidinosos. § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral: Pena - reclusão, de dois a oito anos. ART. 148 – SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO 1. BEM JURÍDICO TUTELADO: LIBERDADE DE IR E VIR 2. SUJEITO ATIVO: Crime comum – qualquer pessoa. * Funcionário Público. 3. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa. * Consentimento da vítima – exclui o crime. 4. CONDUTA: PRIVAÇÃO DA LIBERDADE DE ALGUÉM – POR MEIO DE SEQUESTRO OU CÁRCERE PRIVADO. Crime de execução livre: violência, grave ameaça ou fraude. SEQUESTRO CÁRCERE PRIVADO Não há confinado – a vítima tem mobilidade. Ex.: Sítio; ilha Recinto fechado, enclausurado, confinado. 5. TIPO SUBJETIVO: DOLO – intenção de privar a liberdade da vítima (não há fim especial) * Pela finalidade, poderá ser outro tipo penal, extorsão mediante sequestro. 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Com a privação da liberdade. Crime permanente. *Tempo: 1ªC) Irrelevante. 2ªC) Tempo juridicamente relevante – privação momentânea é tentativa. 7. QUALIFICADORAS: §§1º e 2º Obs.: Fins libidinosos – antigo crime de rapto – NÃO houve abolitio criminis. Obs.: Maus-tratos (privação de alimentos); Detenção (trancada em sala escura e insalubre) TIPO DE AÇÃO: PÚBLICA INCONDICIONADA ART. 149 – REDUÇÃO CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO 1. BEM JURÍDICO TUTELADO: LIBERDADE INDIVIDUAL * Competência: Justiça Estadual – Federal (violação da organização do trabalho) 2. SUJEITO ATIVO: Crime comum – qualquer pessoa. 3. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa. 4. CONDUTA: SUJEIÇÃO DE UMA PESSOA AO DOMÍNIO DE OUTRA. OBJETO. TIPO MISTO ALTERNATIVO. FORMAS: A. SUBMETER A VÍTIMA A TRABALHOS FORÇADOS OU JORNADA EXAUSTIVA B. CONDIÇÕES DEGRADANTES C. RESTRINGIR SUA LOCOMOÇÃO EM RAZÃO DE DÍVIDA CONTRAÍDA COM O EMPREGADOR OU PREPOSTO D. CERCEAR O MEIO DE TRASNPORTE POR PARTE DO TRABALHADOR, COM O FIM DE RETÊ-LO NO LOCAL DE TRABALHO E. VIGILÂNCIA OSTENSIVA Obs: Liberdade é bem disponível, todavia inalienável quando fere a DPH. 5. TIPO SUBJETIVO: DOLO Fim (§1º, I e II) – “com o im de retê-lo no local de trabalho” 6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: efetiva redução da vítima a condição análoga à escravo. Crime material e permanente. 7. MAJORANTE: § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: I – contra criança ou adolescente; II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. TIPO DE AÇÃO: PÚBLICA INCONDICIONADA ART. 150 – VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO Violação de domicílio Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência. § 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder. § 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências: I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência; II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser. § 4º - A expressão "casa" compreende: I - qualquer compartimento habitado; II - aposento ocupado de habitação coletiva; III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. § 5º - Não se compreendem na expressão "casa": I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior;II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. 1. BEM JURÍDICO TUTELADO: LIBERDADE PRIVADA Conceito de casa: §4º(positivo) e §5º (negativo) 2. SUJEITO ATIVO: Crime comum – qualquer pessoa. 3. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa. * Princípio melior est conditio prohibentis 4. CONDUTA: ENTRAR OU PERMANECER * Casa vazia ou desabitada: art. 161, CP 5. TIPO SUBJETIVO: DOLOSA 6. CONSUMAÇÃO: ENTRE NA CASA (instantâneo) ou PERMANCER (permanente) 7. QUALIFICADORA: “§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas” OBS: §2º - REVOGADO PELA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE. OBS: §3º - § 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências: I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência; II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser. TIPO DE AÇÃO: PÚBLICA INCONDICIONADA Atualização legislativa: ART. 149-A – TRÁFICO DE PESSOAS Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; IV - adoção ilegal; ou V - exploração sexual. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. § 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se: I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las; II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência; III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função; ou IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional. § 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar organização criminosa. ART. 154-A – INVASÃO DE DISPOSITIVO INFORMÁTICO Invasão de dispositivo informático Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. § 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de computador com o intuito de permitir a prática da conduta definida no caput. § 2o Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da invasão resulta prejuízo econômico. § 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado do dispositivo invadido: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais grave. § 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a dois terços se houver divulgação, comercialização ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou informações obtidos. § 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for praticado contra: I - Presidente da República, governadores e prefeitos; II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou IV - dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal. Ação penal Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede mediante representação, salvo se o crime é cometido contra a administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas concessionárias de serviços públicos. QUESTÕES DE CONCURSO 1. (OAB.FGV) Ares, objetivando passear com a bicicleta de Ártemis, desfere contra esta um soco. Ártemis cai, Ares pega a bicicleta e a utiliza durante todo o resto do dia, devolvendo-a ao anoitecer. Considerando os dados acima descritos, assinale a alternativa correta. a) Ares praticou crime de roubo com a causa de diminuição de pena do arrependimento posterior. b) Ares praticou atípico penal. c) Ares praticou constrangimento ilegal. d) Ares praticou constrangimento legal com a causa de diminuição de pena do arrependimento posterior. GABARITO. 1. c
Compartilhar