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1 No novo CPC, a competência privativa vem prevista no art. 23. Segundo esse dispositivo, compete exclusivamente ao Poder Judiciário do Brasil: Conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; Em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular, inventário e partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; Em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. A competência concorrente vem prevista nos arts. 21 e 22. Nesses casos, a ação pode ser proposta tanto no Brasil como em outro país, observadas as regras de competência deste, bem como as normas previstas em tratados e convenções internacionais. Ademais, caso seja necessário executar a decisão no Brasil, será preciso proceder à sua prévia homologação perante o Superior Tribunal de Justiça. São hipóteses de competência concorrente as ações: Em que o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; Em que a obrigação tiver de ser cumprida no Brasil; Em que o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil; De alimentos, quando: O credor tiver domicílio ou residência no Brasil; O réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; Decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; 2 Em que as partes, expressa ou tacitamente, submeterem-se à jurisdição nacional. No exame desse ponto, é relevante indagar quais são os efeitos da litispendência e da coisa julgada sobre a competência da Justiça brasileira. Em outras palavras: é preciso saber se o órgão judiciário brasileiro poderá conhecer de ação idêntica àquela que já esteja sendo exercida perante autoridade estrangeira (litispendência). Deve-se examinar se o órgão judiciário brasileiro poderá conhecer de ação idêntica àquela que tenha sido proposta perante autoridade estrangeira, havendo esta proferido sentença de mérito contra a qual não mais possa ser manejado qualquer recurso (coisa julgada material). A primeira observação a registrar é que a solução das questões relacionadas à litispendência e à coisa julgada variará conforme a situação concreta seja regida por regra de competência exclusiva ou concorrente. Assim, em se tratando de competência exclusiva da Justiça brasileira, a sentença estrangeira não produzirá qualquer efeito em território nacional. Logo, a litispendência ou a coisa julgada não impediria o exercício da jurisdição por órgão judiciário pátrio. Para as hipóteses de competência concorrente, no que diz respeito à litispendência, a solução será semelhante. Com efeito, ainda que a ação esteja sendo exercida perante órgão judiciário de Estado estrangeiro, ela poderá ser intentada perante a Justiça brasileira. Excetuam-se, na forma do art. 24 do CPC/2015, as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. Todavia, a situação se complica quando se relacionam a coisa julgada e a competência 3 concorrente. Nesse caso, se a sentença estrangeira houver transitado em julgado, poderá a ação ser novamente intentada no Brasil? Na vigência do CPC de 1973, divergia a doutrina. Assim, uma primeira corrente respondia que sim, ou seja, que a ação poderia ser novamente iniciada no Brasil, pelo menos enquanto não fosse a referida sentença homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. Por outro lado, uma segunda corrente respondia negativamente à questão formulada. Para ela, se já se formou a coisa julgada perante a autoridade judiciária estrangeira, não mais pode a ação ser renovada perante a autoridade pátria. Nesse ponto, filiávamo-nos à primeira corrente, na medida em que preserva a soberania nacional e o respeito às normas de ordem pública. É preciso lembrar que o procedimento de homologação de sentença estrangeira existe também para que se possa fazer o controle e a previsibilidade das decisões a serem efetivadas no território nacional. Contudo, a par da divergência doutrinária, é importante atentar para a redação do parágrafo único do art. 24. Esse dispositivo determina que a pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil. Na hipótese versada nesse dispositivo, sendo idênticas as ações, parece que a que está pendente será extinta por perda do objeto. Finalmente, o art. 25 cria hipótese de exclusão da jurisdição pátria. É o caso de existência de cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional. No entanto, a exclusão não é absoluta. É preciso que o réu argua tal circunstância na contestação (art. 25, parte final), e, ainda, que não se trate de uma das hipóteses de competência privativa (art. 25, § 1º). 4
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