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Profª. Janaina Daniel Varalli Obs: apenas material de auxilio. Este roteiro não dispensa o estudo da doutrina especializada já indicada aos alunos e não limita o conteúdo da prova. Roteiro - Sentença Penal - Classificação das decisões: Despachos (de mero expediente): são proferidos para movimentar o processo e não tem carga decisória. Em caso de realização indevida, causando tumulto processual, cabe correição parcial (ex: expeça-se o ofício, retifique a serventia, junte-se, designe-se audiência, vista dos autos). Decisões: ou sentenças em sentido amplo, têm cunho decisório. Por sua vez, podem ser classificadas em: Interlocutórias simples - dirimem as questões emergentes quanto à marcha do processo e exige um pronunciamento decisório sem adentrar o mérito da causa; não encerra o processo ou sequer uma de suas fases. Ex: decretação da preventiva, concessão de fiança, indeferimento de prova. Interlocutórias mistas: encerram uma etapa do procedimento ou a relação processual sem o julgamento do mérito da causa; são, respectivamente não terminativas (não terminam a relação processual, como a pronúncia) e terminativas (encerram a relação processual, exceção de coisa julgada, impronúncia, extinção de punibilidade) *Definitivas: solucionam a lide julgando o mérito da causa. Podem ser condenatórias ou absolutórias. Requisitos Formais I) Exposição ou relatório – art. 381, I e II CPP. - histórico resumido do processo e seus incidentes mais importantes (história relevante do processo – segundo Pontes de Miranda). a) individualização das partes – se não constar, a sentença é nula; mas o mero erro material não anula a decisão se possível identificar as partes. - coisa julgada: forma-se entre as partes. - No Juizado Especial e no Tribunal do Júri: o relatório é dispensado. b) resumo da acusação e da defesa – mas não é preciso que transcreva todas as alegações das partes; basta que o juiz não ignore. II) Motivação – art. 381, III – CPP. - Motivos de fato e de direito da decisão. -princípio do livre convencimento racional – o juiz deve demonstrar seu raciocínio; possibilitar recurso. - A fundamentação é imperativo constitucional (art. 93, IX, CF). Observe-se que um erro de digitação, material, não anula a decisão. - juiz deve analisar toda circunstância relevante juridicamente - Pode ser sucinta, mas não basta adotar como razões de sua decisão “as alegações do MP” ou razões adotadas em outro processo. III) Conclusão – 381, IV e V, CPP - passo lógico após a motivação; decisão propriamente dita. - Chamada também de parte dispositiva, deve indicar os artigos de lei aplicados, sob pena de nulidade (art. 564, III, m, CPP) – mas já se entende que não há nulidade se inexiste, prejuízo para defesa, sendo a emissão suprida suficientemente, por outros elementos. - Se não analisar matéria da acusação, não haverá, a rigor, sentença com relação ao fato não apreciado e não poderá ser objeto de apelação, já que o Tribunal não pode apreciar originalmente, a matéria não apreciada em 1º grau (sentença citra petita). Quanto à defesa, se não apreciar, ao menos implicitamente, é nula. Tais regras valem também para acórdãos. - Data e assinatura do juiz encerram o documento. Deve rubricar todas as folhas (388, CPP). Efeitos - esgotamento do poder jurisdicional do magistrado (pode apenas corrigir erros materiais – art. 382, CPP) - impede que o juiz oficie no processo em instância recursal (se há recurso e ele é promovido – art. 252, II, CPP) Correlação - entre o fato decisivo na acusação e o fato pelo qual é condenado – princípio da correlação - é uma das garantias mais importantes do direito de defesa. Sua inobservância acarreta nulidade da decisão. - juiz não pode julgar por algo que não foi objeto da acusação (extra ou ultra petita). Mas o réu não deve se defender da capitulação do crime e sim de sua descrição fática já que vigora o princípio da livre dicção do direito – juiz conhece e cuida do direito. Publicação e Intimação da Sentença Classificação - Absolutórias, Condenatórias, Extintivas da punibilidade - Concessão de Perdão Judicial- Segundo STJ, é decisão declaratória de extinção da punibilidade, que nenhuma conseqüência gera para o réu ( Sumula 18, STJ: A sentença concessiva de perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório. - As absolutórias dividem-se em próprias (não acolhimento da pretensão punitiva, julgando a acusação improcedente; liberam o acusado sem qualquer ônus ou sanção) ou impróprias (não acolhimento da pretensão punitiva, mas com reconhecimento da prática da infração; impõe a medida de segurança). - Outras classificações: a) sentença suicida - quando há, entre a parte da fundamentação e a parte dispositiva, contradição (podem ser corrigidos por embargos de declaração ou são nulas). b) sentença vazia (falta de fundamentação – passíveis de anulação). Sentença Absolutória – art. 386, CPP Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: I - estar provada a inexistência do fato; II - não haver prova da existência do fato; III - não constituir o fato infração penal; IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; VII – não existir prova suficiente para a condenação. Parágrafo único. Na sentença absolutória, o juiz: I - mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade; II – ordenará a cessação das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas; III - aplicará medida de segurança, se cabível. - O absolvido pode apelar para pedir a modificação do fundamento do inciso da absolvição. Efeitos: - colocar o réu em liberdade (salvo se preso por outro motivo) - em caso de absolvição imprópria – medida de segurança após o trânsito em julgado e expedição da guia (art 171 e 172, LEP) * art. 319, CPP – internação cautelar - cessação de medidas cautelares - transitada em julgada a absolutória, levanta-se eventual seqüestro, fiança deve ser restituída. - com o trânsito em julgado, faz coisa julgada material (não há revisão criminal pro societate); coisa soberanamente julgada. Sentença Condenatória- art. 387, CPP Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: I - mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no Código Penal, e cuja existência reconhecer; II - mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser levado em conta na aplicação da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e 60 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; III - aplicará as penas de acordo com essas conclusões; IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; V - atenderá, quanto à aplicação provisória de interdições de direitos e medidas de segurança, ao disposto no Título Xl deste Livro; VI - determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo e designará o jornal em que será feita a publicação (art. 73, § 1o, do Código Penal). § 1o O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento de apelação que vier a ser interposta. § 2o O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regimeinicial de pena privativa de liberdade. - aplicação da pena (art. 68 CP); -regime de cumprimento - eventual suspensão condicional da pena, conversão. - pode fixar valor mínimo para reparação do dano (parte da doutrina entende que tal só é possível se houver pedido na inicial acusatória, em razão do princípio da correlação) Efeitos: - arts. 91 e 92, CP) - ser conservado na prisão ou para ela enviado. Mas a regra é poder apelar em liberdade; -interromper a contagem prescrição; - com o trânsito em julgado: tornar certa a obrigação de reparar o dano; perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso; inserção dp nome rol dos culpados (art.393, II, CPP); impedir naturalização (art. 12,II,b,CF);suspensão dos direitos políticos (art. 15,III,CF); gerar reincidência (arts. 63, 64, I do CP); perda do cargo, função ou mandato eletivo (art. 92, CP) - crimes de trânsito: efeito específico de proibir/ suspender a habilitação (entrega a carta – art. 293 CTB) – medida obrigatória mesmo não explícita na sentença, já que resultada a condenação. Emendatio libelli – art. 383 CPP - O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, mesmo que por isso haja aplicação de pena mais grave - Se, em conseqüência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei (art. 89, Lei 9099/95). - Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos. - se juiz verifica estarem comprovados os fatos e circunstâncias narradas na inicial, pode condenar o réu, dando ao delito definição jurídica diversa, inclusive aplicando pena mais grave. Podem ser reconhecidas, embora não expressas na inicial, as qualificadoras; - Não é necessário sequer abrir prazo para defesa, já que a tese defensiva é formulada em atenção aos fatos narrados e não contra a capitulação. - É possível ocorrer em 2ª instância – mas não haverá aplicação da pena mais grave em caso de recurso exclusivo da defesa e trânsito em julgado para acusação (proibição da reformatio in pejus) - Ex.: desclassificar de extorsão mediante sequestro para extorsão simples; reconhecimento de uma qualificadora contida no texto da denúncia, mas que, por erro não constava da capitulação delitiva pelo MP. -Obs.: agravantes e atenuantes podem ser reconhecidas de ofício pelo magistrado no momento da sentença. Parte da doutrina discorda, já que o art. 41do CPP estipula que a denúncia deve conter os fatos e todas as circunstâncias (posição minoritária) Mutatio libelli (art. 384, CPP) - Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28, CPP. - hipótese em que o (s) fato(s) comprovado(s) durante a instrução é (são) diverso(s) do narrado na peça acusatória. Magistrado não pode condenar o acusado sob pena de violação aos princípios do devido processo legal e ampla defesa. - ex: descobrimento do estado puerperal, uma qualificadora; - Procedimento: Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento. - Aplicam-se as disposições dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao caput deste artigo (análise da suspensão condicional do processo ou encaminhamento dos autos ao juiz competente) - cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento. - Após oitiva da defesa, juiz decide se recebe ou não o aditamento, o processo prosseguirá. - Providência é obrigatória mesmo quando deva ser aplicada pena menos grave; réu tem direito de saber a nova imputação e defender-se dela. - Aditar a denúncia significa formular a imputação em novos termos – mas a sentença está restrita à nova definição jurídica do fato; ademais, a acusação não pode ser ampliada para novos fatos (nova imputação = nova ação penal). - Não cabe em 2ª instância (Súmula 453 STF: Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único do Código de Processo Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de circunstância elementar não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa) . – a solução é a absolvição) - Se ficar evidenciado que o réu praticou outro crime que não escrito na denúncia de outros fatos ou que outras pessoas participaram (co-autoria ou participação) deve haver nova acusação, nova denúncia. �PAGE \* MERGEFORMAT�1�
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