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DIREITO PROCESSUAL CIVIL VI 8º Período TUTELA COLETIVA Teoria Geral da Tutela Coletiva 1 - Estado Liberal Constitucionalismo Clássico ou Liberal Recuperação dos direitos fundamentais frente ao Estado O Estado liberal presava pela abstenção do Estado, não possuindo uma figura estatal forte e repressora. O constitucionalismo clássico surgiu a partir do final do século XVIII. Um fator, ocorrido nessa época, foi muito importante: as chamadas revoluções liberais (revoluções Francesa e Americana), feitas pela burguesia em busca de direitos libertários. Em seguida, com a positivação dos direitos Constitucionais, houve a importante intervenção do estado para garantia mínima dos direitos civis e sociais. Não bastava apenas estar previsto constitucionalmente, teria que ser praticado. Surge os Direitos de Terceira Geração, ligados ao valor fraternidade ou solidariedade, são os relacionados ao desenvolvimento ou progresso, ao meio ambiente, à autodeterminação dos povos, bem como ao direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e ao direito de comunicação. São direitos transindividuais, em rol exemplificativo, destinados à proteção do gênero humano, contemplando toda coletividade. Evolução para uma ideia de “Sociedade em massa”. Se possui uma “massa” de pessoas que tem interesse comum, essa massa constitui uma parte no processo. 2 - Evolução História da tutela Coletiva Ação Popular - Império Romano “Class Actions” - Significa “acordo de classe”, onde várias pessoas que tinham direitos comum, tiveram seu direito resguardado por uma Tutela coletiva. Revisitação do conceito de legitimidade processual para permitir a atuação de grupos. Potenciação da atuação coletiva Revolução Industrial - Séc. XVIII 3 - Evolução no Brasil Divisão das regras em vários corpos legislativos Código Civil de 1916 CPC de 1973 Os códigos brasileiros eram extremamente individualistas, ficado no patrimônio, portanto, não contemplavam normas de tutela coletivo, isso postergou muito sua inclusão, vindo para o Brasil de forma tardia. O primeiro momento que vislumbrou a tutela coletiva foi na lei nº 4.717/65, no entanto, até os dias atuais, verificamos um que a Tutela Coletiva está espalhada em vários corpos legislativos e não concentrado em apenas um. Lei nº 4.717/65, Ação Popular, depois elevada à categoria Constitucional, Art. 5º, LXXIII, CF/88. Inicialmente só tratava de patrimônio e meio ambiente. Depois passou a ser vista como remédio constitucional. Lei nº 6.938 - Política Nacional do Meio Ambiente. Também trouxe indícios da Tutela coletiva, que não já uma lei específica, está espalhada em diversos diplomas legais, que tratam do tema de forma fragmentado. Lei Orgânica do MP - Legitimação do MP para a propositura da Ação Civil Pública. Foi um divisor de águas, pois o MP teve a oportunidade de atuar nessas causas, que antes só atuava como fiscal da lei. 1985 - Revolução da Tutela Coletiva - Lei nº 7.347/85, Lei da Ação Civil Pública. 1990 - Código de Defesa do consumidor - Art. 81 Tutela dos interesses coletivos O Art. 81 classifica o interesse difuso, coletivo e individual homogêneo. DIREITO NATUREZA TITULARIDADE ORIGEM Difuso Indivisível Indeterminado Situação de Fato Coletivo Indivisível Determinado Relação Jurídica Individual Homogêneo Divisível Determinado Origem Comum Conceitos: Direitos Difusos: Representam uma parcela indeterminada de pessoa ligadas por uma mesma circunstância de fato, que são atingidas em seu direito de natureza indivisível. Ex.: Meio ambiente ecologicamente equilibrado, Patrimônio histórico. Interesses Coletivos: São direitos de natureza indivisível, quanto a forma de fruição, entretanto, os destinatários são identificáveis (é possível determinar a coletividade afetada). Ex.: grupos de médicos, trabalhadores da mesma empresa. Interesses Individuais Homogêneo: São direitos divisíveis, quantificáveis e seus titulares são determináveis. Ex.: Resultado de um processo é o mesmo para grupo de litisconsorte, sobre mensalidade escolar de determinada escolha (podem reclamar o abuso da taxa de reajuste). Observação: Objetivo é ter celeridade, economia processual, para que não fiquem individualizando ações, deve concentrar no mesmo processo. Também tem o aspecto da “Prevenção”, pois não terá vários juízes julgando de formas diferentes. Indivisível: Não tem como quantificar à medida que cada um usufruiu do ato, não existe como mensurar como cada pessoa foi atingida, ou seja, não há uma forma de fruição concreta, que possa individualizar o que cada um sofreu. Divisível: É possível dividir o que casa um usufruiu, determinar a natureza da fruição. Ex.: Uma turma de estudante tratando do reajuste da mensalidade, cada aluno sabe o seu valor. Indeterminado: Não tem como identificar os indivíduos atingidos. Determinado: Tem como identificar os grupos atingidos, podendo individualizar categoria, determinar os sujeitos, especificar o direito violado. Obs.: “Situação de Fato” - São pessoas envolvido na mesma situação de fato, que deu ensejo ao ato lesivo. Ex.: tragédia de Mariana Mecanismos de Tutela Coletiva Objetivo Tutelado Ação Civil Pública Ação Popular Ação de Improbidade Administrativa Direitos Coletivos “Latos Sensu” Ação Civil Coletiva Mandado de Segurança Direitos Individuais Tutelados Coletivamente AÇÃO CIVIL PÚBLICA Instrumento processual criado para manejar Direitos Difusos, sendo excepcionalmente para defesa de interesses coletivos ou individual homogêneo. Poderá ter como ação, obrigação de fazer, não fazer ou indenizar. Lei 7.347/85 - Art. 1º, Objeto da Ação Civil Pública - ACP Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011). l - ao meio-ambiente; ll - ao consumidor; III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. (Incluído pela Lei nº 8.078 de 1990) V - por infração da ordem econômica; (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011). VI - à ordem urbanística. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001) VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos. (Incluído pela Lei nº 12.966, de 2014) VIII – ao patrimônio público e social. (Incluído pela Lei nº 13.004, de 2014) Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001) Obs¹.: O dano moral não é presumido, é preciso provar os requisitos mínimos, par ser concedido. Obs².: Sobre o Parágrafo Único - A regra é que envolva interesses coletivos. Legitimidade Ativa - Art. 5º Ministério Público, Entidades Públicas, Entidades da Administração Pública Indireta. Observação: Legitimidade das Associações criadas a pelo menos 01 ano da propositura da ação. É preciso que haja o interesse da Associação, para evitar que a associação seja criada apenas para promover determinada ação. Legitimidade Passiva: Causador do Dano Pode haver condenação por conduta lesiva omissiva. Trata de situações que o Poder público falha enquanto a fiscalização, quando é seu dever fiscalizar e não faz. Diretos Tutelados Difusos e Coletivos Admite individuais homogêneos Foro Competente: Em regra, é a comarca onde ocorreu o dano. No âmbito Federal, que envolva a União ou autarquias federais, a competência é deslocada para Justiça Federal. Decisão: A decisão tem efeito “erga omnes”. AÇÃO POLULAR Pode ser proposta por qualquer cidadão. Obs.: Cidadão não é qualquer pessoa, de acordo com a Constituição Federal, o conceito de cidadão está relacionado ao gozo dos “Direitos políticos”, ou seja, o poder de votar e ser votado. Objeto - Anulação de ato lesivo ao Patrimônio Público: A moralidade Administrativa (Foi incluído posteriormente, os outros já existiam). Meio Ambiente Patrimônio Histórico Cultural Ação de Natureza Coletiva O autor substitui a coletividade - Passa a ser o representante dos interesses da coletividade. Legitimidade Ativa: Cidadão - Prova do Título. (No ato da propositura da ação, tem que provar que está no gozo dos direitos políticos). Legitimidade Passiva: Pessoas Jurídicas de Direito Público. Observação: “Exprimissão da parte” - Significa que o ente causador do ato lesivo, uma vez réu, pode apontar o verdadeiro autor do ato lesivo, passando de réu para autor. Ou seja, é a possibilidade do ente Público deixar de ser réu e passar a ser autor, por apontar o verdadeiro causador do ato lesivo.
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