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DIREITO PENAL II (PARTE GERAL) - RESUMO ESQUEMÁTICO - Prof. PEDRO VIEIRA Material sujeito a alterações/correções em sala de aula 1 PLANO DE DISCIPLINA Concurso de Pessoas (arts. 29 a 31) Concurso de Crimes (arts. 69 a 76) Teoria da Pena (arts. 32 a 68; 77 a 90) Efeitos da Condenação (arts. 91 a 92) Reabilitação (arts. 93 a 95) Medidas de Segurança (arts. 96 a 99) Ação Penal (arts. 100 a 106) Extinção da Punibilidade (arts. 107/108;119/120) Prescrição (arts. 109 a 118) METODOLOGIA: O conteúdo programático será transmitido por meio de aulas expositivas, práticas e debates em sala de aula e aplicação de testes e/ou trabalhos individuais ou em grupo, além de todo o conteúdo disponibilizado pela Estácio, para uma melhor fixação da matéria. AVALIAÇÃO: As avaliações serão aplicadas no transcorrer desta disciplina e pautar-se-ão conforme o Regimento Interno desta IES (AV1, AV2, AV3). BIBLIOGRAFIA Rogério Greco Luiz Flávio Gomes Zaffaroni/Pierangeli Nucci Damásio Cezar Bitencourt Flávio Augusto Monteiro de Barros Mirabete Fragoso Capez DIREITO PENAL II (PARTE GERAL) - RESUMO ESQUEMÁTICO - Prof. PEDRO VIEIRA Material sujeito a alterações/correções em sala de aula 2 PLATAFORMA ESTÁCIO Livro Proprietário Estácio (Bruno Gilaberte Freitas) Conteúdo Interativo Leituras complementares Vídeo-aulas (TV Justiça/Estácio) Caso concreto Avaliando CONCURSO DE PESSOAS (CP, ARTS. 29 A 31) O crime (unissubjetivo) pode ser praticado: i) individualmente ii) por uma pluralidade de pessoas • CONJUNTAMENTE Autoria/Co-Autoria • ATRAVÉS DE TERCEIRO, ATUANDO COMO INSTRUMENTO DO AGENTE Autoria Mediata • COM COLABORAÇÃO SECUNDÁRIA DE OUTRAS PESSOAS Participação CONCURSO DE PESSOAS - Requisitos i) Pluralidade de condutas ii) Relevância causal de cada conduta iii) Identidade de infração penal iv) Liame subjetivo AUTORIA MEDIATA Autor mediato é o agente que se utiliza de outra pessoa, como instrumento, para realização da conduta típica. DIREITO PENAL II (PARTE GERAL) - RESUMO ESQUEMÁTICO - Prof. PEDRO VIEIRA Material sujeito a alterações/correções em sala de aula 3 • o executor age como “longa manus” do agente • não há, tecnicamente, concurso de pessoas • a ação delituosa pertence integralmente a quem se serve do executor AUTOR/PARTICIPE - DISTINÇÃO 1) Extensiva (Subjetiva ou Unitária) todos que concorrem para o crime são considerados autores (ex. CP de 1940, art. 25) 2) Restritiva 2.1 Teoria objetiva formal Autor: quem realiza a conduta típica Partícipe: quem, sem realizar a conduta típica, contribui para a ação delituosa Adeptos: Fragoso, Aníbal Bruno, Federico Marques, Mirabete, Nucci, Capez 2.2 Teoria do domínio do fato (objetivo-subjetiva) Autor: quem detém o domínio do fato (poder de decisão) Partícipe: quem, sem realizar a conduta típica, contribui para a ação delituosa, desde que não tenha o domínio do fato Adeptos: Roxin, Welzel, Zaffaroni, Alberto Silva Franco, Damásio, Luiz Flávio Gomes Problema: não se aplica aos delitos culposos nem aos omissivos Doutrina Alemã: Crimes dolosos: domínio do fato Delitos culposos: teoria unitária CONCURSO DE PESSOAS – natureza jurídica Teoria Unitária, Monista ou Igualitária: Há apenas um crime para autores e partícipes Teoria Dualista: Há um crime para autores e outro para partícipes Teoria Pluralista: Há tantos crimes quantos forem os agentes do fato criminoso TEORIA ADOTADA PELO CP CP: Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) – Teoria monista mitigada CONCURSO DE PESSOAS - Exceções à Teoria Unitária DIREITO PENAL II (PARTE GERAL) - RESUMO ESQUEMÁTICO - Prof. PEDRO VIEIRA Material sujeito a alterações/correções em sala de aula 4 1) Cooperação dolosamente distinta (CP, art. 29, § 2º): “Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.” 2) CP, arts. 124 e 126 Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Aborto provocado por terceiro Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena - detenção, de um a três anos. Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de um a quatro anos. 3) CP, arts. 342 e 343: STJ - RESP 169.212 (1999), HC 30858 (2006) / STF - HC 75037 (1997), RHC 81327 (2001) STJ – RESP 169212 (1999): PENAL. CONCURSO DE AGENTES. NATUREZA JURÍDICA. TEORIA UNITÁRIA. EXCEÇÃO PLURALÍSTICA. FALSO TESTEMUNHO. PARTICIPAÇÃO DE ADVOGADO. IMPOSSIBILIDADE. 1. O ordenamento jurídico pátrio adotou, no concernente à natureza jurídica do concurso de agentes, a teoria unitária ou monista, segundo a qual todos aqueles que concorrem para o crime, incidem nas penas a ele cominadas (art. 29, do CP). Entretanto, exceções pluralísticas há em que o próprio Código Penal, desmembrando as condutas, cria tipos diferentes. É, por exemplo, o caso do falso testemunho, hipótese em que a testemunha que faz afirmação falsa responde pelo delito do art. 342 e quem dá, oferece ou promete dinheiro ou outra vantagem para que aquela cometa o falso no processo penal, incide nas penas do art. 343. Precedente da Corte. 2. Na espécie, a conduta da recorrida (advogada) é atípica, porquanto limitou-se a instruir a testemunha a dizer isso ou aquilo em juízo trabalhista sem, frise-se, conforme restou consignado pelo acórdão recorrido, dar, oferecer ou prometer qualquer vantagem. 3. Recurso especial não conhecido. STJ – HC 30858 (2006): HABEAS CORPUS. INÉPCIA DA DENÚNCIA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. FALSO TESTEMUNHO. COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO. PARTICIPAÇÃO DO ADVOGADO. GRAVE AMEAÇA. EXAME APROFUNDADO DE PROVAS. 1. Se a questão da inépcia da denúncia não foi enfrentada pelo Tribunal de origem, tampouco ali suscitada, não pode ser examinada, agora, por esta Corte, sob pena de supressão de instância. 2. O Superior DIREITO PENAL II (PARTE GERAL) - RESUMO ESQUEMÁTICO - Prof. PEDRO VIEIRA Material sujeito a alterações/correções em sala de aula 5 Tribunal de Justiça firmou compreensão de que, apesar do crime de falso testemunho ser de mão própria, pode haver a participação do advogado no seu cometimento. 3. Os argumentos relativos à falta de provas para a condenação e à inexistência de grave ameaça a configurar o delito de coação no curso do processo não podem ser analisados na via estreita do habeas corpus por exigirem exame aprofundado de provas. 4. Ordem conhecida em parte e denegada. STF – HC 75037 (1997): EMENTA: HABEAS-CORPUS. CO-AUTORIA ATRIBUÍDA A ADVOGADO EM CRIME DE FALSO TESTEMUNHO. POSSIBILIDADE. Advogado que instrui testemunha a apresentar falsa versão favorável à causa que patrocina. Posterior comprovação de que o depoente sequer estava presente no local do evento. Entendimento desta Corte de que é possível, em tese, atribuir a advogado a co-autoria pelo crime de falso testemunho. Habeas-Corpus conhecido e indeferido. STF – RHC 81327 (2001): EMENTA: Recurso ordinário. Habeas corpus. Falso testemunho (art. 342 do CP). Alegação de atipicidade da conduta, consistente em depoimento falso sem potencialidade lesiva. Aferição que depende do cotejo entre o teor do depoimento e os fundamentos da sentença. Exame dematéria probatória, inviável no âmbito estreito do writ. Co-autoria. Participação. Advogado que instrui testemunha a prestar depoimento inverídico nos autos de reclamação trabalhista. Conduta que contribuiu moralmente para o crime, fazendo nascer no agente a vontade delitiva. Art. 29 do CP. Possibilidade de co-autoria. Relevância do objeto jurídico tutelado pelo art. 342 do CP: a administração da justiça, no tocante à veracidade das provas e ao prestígio e seriedade da sua coleta. Relevância robustecida quando o partícipe é advogado, figura indispensável à administração da justiça (art. 133 da CF). Circunstâncias que afastam o entendimento de que o partícipe só responde pelo crime do art. 343 do CP. Recurso ordinário improvido. PARTICIPAÇÃO Moral (Induzimento – faz nascer a idéia; Instigação – reforça idéia existente) Material Auxílio (cumplicidade) PARTICIPAÇÃO – Teorias (natureza jurídica e punição do partícipe) Acessoriedade da participação: CP, art. 31. Acessoriedade mínima: basta que a conduta do autor seja típica DIREITO PENAL II (PARTE GERAL) - RESUMO ESQUEMÁTICO - Prof. PEDRO VIEIRA Material sujeito a alterações/correções em sala de aula 6 Acessoriedade limitada: exige que a conduta do autor seja típica e ilícita (DOUTRINA MAJORITÁRIA) Acessoriedade máxima (extremada): exige que a conduta do autor seja típica, ilícita e culpável Hiperacessoriedade: exige que a conduta do autor seja típica, ilícita, culpável, incluindo circunstâncias pessoais (ex.: agravantes e atenuantes) AUTORIA – CONCEITOS Autoria colateral: quando não há nenhum vínculo subjetivo entre os autores do crime Autoria incerta: quando, na autoria colateral, não é possível descobrir a ação determinante do crime (≠ autoria ignorada) CO-AUTORIA Co-autor intelectual: tem o domínio do fato (autor de escritório – atividade de planejamento) Co-autor executor: realiza diretamente a conduta típica Co-autor funcional: colabora com a execução (estando no cenário da execução do crime), sem realizar diretamente a conduta típica. Exemplo: assalto a agência bancária. CONCURSO DE PESSOAS EM DELITOS CULPOSOS Co-autoria – Ok (doutrina majoritária) Participação – Não (Há autores que admitem participação culposa em delito culposo – Greco, Capez) STJ – HC 40474: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. HOMICÍDIO CULPOSO. DELITO DE TRÂNSITO. CO-AUTORIA. POSSIBILIDADE. ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE NEXO CAUSAL ENTRE O COMPORTAMENTO DO PACIENTE E O EVENTO DANOSO. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. VIA INADEQUADA. 1. É perfeitamente admissível, segundo o entendimento doutrinário e jurisprudencial, a possibilidade de concurso de pessoas em crime culposo, que ocorre quando há um vínculo psicológico na cooperação consciente de alguém na conduta culposa de outrem. O que não se admite nos tipos culposos, ressalve-se, é a participação. Precedentes desta Corte. 2. Afigura-se inviável, conforme pretende o Impetrante, reconhecer, na via estreita do writ, a ausência, por falta de provas, do nexo causal entre o comportamento culposo do paciente - reconhecido na sentença - ao acidente em questão, uma vez que demandaria, necessariamente, a análise aprofundada do conjunto probatório dos autos. 3. Habeas Corpus denegado. DIREITO PENAL II (PARTE GERAL) - RESUMO ESQUEMÁTICO - Prof. PEDRO VIEIRA Material sujeito a alterações/correções em sala de aula 7 CONCURSO DE PESSOAS EM CRIME OMISSIVO Co-autoria – não há consenso Participação – não há consenso Luiz Flávio Gomes: é possível participação nos omissivos impróprios Bitencourt: é possível coautoria e participação nos omissivos (próprios/impróprios) CONCURSO DE PESSOAS – Punibilidade Regra: CP, art. 29, caput Participação de menor importância: CP, art. 29, § 1º. Circunstâncias/condições pessoais: CP, art. 30 Incomunicáveis: se não forem elementares Comunicáveis: se constituírem elementares do crime Exemplos: 1) A, por motivo fútil, com ajuda de B, mata C: A, responde por homicídio qualificado, B responde por homicídio simples. 2) A, funcionário público, em razão do cargo, desvia bem móvel, com a ajuda de B, que não é funcionário: A e B respondem por peculato – CP, art. 321 CASOS CONCRETOS ESTÁCIO/CEUT (semana 1) 1) Ricardo, menor inimputável, com 14 anos de idade, disse para Lúcio, maior deidade, que pretendia subtrair aparelhos de som (CD player) do interior de um veículo. Para tanto, Lúcio emprestou-lhe uma chave falsa, plenamente apta a abrir a porta de qualquer automóvel. Utilizando a chave, Ricardo conseguiu seu intento. Na situação acima narrada, quem é partícipe de furto executado por menor de idade responde normalmente por esse crime? Fundamente sua resposta de acordo com teoria adotada pelo Código Penal quanto à natureza jurídica da participação (135° Exame de Ordem/SP – 2ª Fase Cespe/UnB). 2) Caio, com a intenção de matar, coloca na xícara de chá servida a Tício certa dose de veneno. Mévio, igualmente interessado na morte de Tício, desconhecendo a ação de Caio, também coloca certa dose de veneno na mesma xícara. Tício vem a falecer por efeito combinado das duas doses ingeridas, já que cada uma delas, isoladamente, seria insuficiente para produzir a morte, segundo conclusão da perícia. Caio e Mévio agiram individualmente, cada um desconhecendo o plano, a intenção e a conduta do outro. (MPF- Procurador da República. 1ª Fase. XII Concurso). a) Caio e Mévio respondem como co-autores, por homicídio doloso, qualificado, consumado. b) Caio e Mévio respondem por lesão corporal dolosa, seguida de morte. c) Caio e Mévio respondem cada um, por homicídio culposo. d) Caio e Mévio respondem por tentativa de homicídio doloso, qualificado. DIREITO PENAL II (PARTE GERAL) - RESUMO ESQUEMÁTICO - Prof. PEDRO VIEIRA Material sujeito a alterações/correções em sala de aula 8 3) Bruno, previamente ajustado com Eduardo, subtrai dinheiro de entidade paraestatal, valendo-se da facilidade que lhe proporciona o cargo que nela exerce, circunstancia, entretanto desconhecida de Eduardo. Mais tarde, em local seguro, dividem o produto do crime, quando são surpreendidos pela Polícia e presos em flagrante, sendo apreendido todo o dinheiro subtraído, enfim devolvido à vítima. Entende-se que: (Promotor de Justiça/SP). a) Bruno e Eduardo cometeram peculato consumado. b) Bruno cometeu peculato e Eduardo cometeu furto, consumados. c) Bruno e Eduardo cometeram furto tentado. d) Bruno e Eduardo cometeram furto consumado. e) Bruno cometeu apropriação indébita e Eduardo cometeu furto. CONCURSO DE CRIMES (CP, ARTS. 69 A 76) Ocorre quando o sujeito com uma ou várias condutas comete vários crimes. Espécies: Material: várias condutas, vários crimes Formal: uma conduta, vários crimes Crime continuado: várias condutas, vários crimes Concurso material (art. 69, CP) Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. Requisitos: Várias condutas Vários crimes Espécies: Homogêneo: crimes idênticos Heterogêneo: crimes diferentes Aplicação da pena: Cumulativamente (soma) Concurso formal (art. 70, CP) Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosae os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. Requisitos: Uma conduta Vários crimes Espécies: Homogêneo: crimes idênticos Heterogêneo: crimes diferentes DIREITO PENAL II (PARTE GERAL) - RESUMO ESQUEMÁTICO - Prof. PEDRO VIEIRA Material sujeito a alterações/correções em sala de aula 9 Perfeito: não há desígnios autônomos Imperfeito: conduta dolosa com desígnios autônomos Aplicação da pena: Sistema da exasperação Exemplos: arts. 73, parte final, e 74, parte final, CP. Exceções: parte final art. 70 (concurso formal imperfeito) e p. único, art. 70 - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código (concurso material benéfico) CRIME CONTINUADO Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. REQUISITOS: Várias condutas (mais de uma conduta) Mais de um crime da mesma espécie (doutrina majoritária: mesmo tipo penal) Requisitos (doutrina e jurisprudência do STF e STJ) – Teorias: Objetiva: necessidade apenas dos requisitos objetivos - condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes Subjetiva: necessidade apenas do requisito subjetivo - unidade de desígnios Teoria Objetivo-Subjetiva: necessidade dos requisitos objetivos e subjetivo STF –HC 101049: HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. CRIME CONTINUADO. NECESSIDADE DE PRESENÇA DOS ELEMENTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS. REITERAÇÃO HABITUAL. DESCARACTERIZAÇÃO. ORDEM DENEGADA. 1. Para a caracterização do crime continuado faz-se necessária a presença tanto dos elementos objetivos quanto subjetivos. 2. Constatada a reiteração habitual, em que as condutas criminosas são autônomas e isoladas, deve ser aplicada a regra do concurso material de crimes. (...) STJ – HC 141744: (...) II. A jurisprudência desta Corte consolidou-se no sentido da aplicação da teoria objetiva-subjetiva, pela qual o reconhecimento da continuidade delitiva dependente tanto do preenchimento dos requisitos objetivos (tempo, modus operandi, lugar, etc.), como do elemento subjetivo, qual seja, a unidade de desíginos. III. A mera reiteração criminosa não é suficiente para a incidência do art. 71 do Estatuto Punitivo. Natureza jurídica: Unidade real: os diversos fatos constituem crime único Ficção jurídica: os diversos fatos, por ficção jurídica, constituem crime único Teoria mista: o crime continuado é modalidade própria de delito DIREITO PENAL II (PARTE GERAL) - RESUMO ESQUEMÁTICO - Prof. PEDRO VIEIRA Material sujeito a alterações/correções em sala de aula 10 STF – HC 91370: DIREITO PENAL. CRIMES DE ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. MESMA VÍTIMA. CONCURSO MATERIAL (E NÃO CRIME CONTINUADO). 1. O Direito Penal brasileiro encampou a teoria da ficção jurídica para justificar a natureza do crime continuado (art. 71, do Código Penal). Por força de uma ficção criada por lei, justificada em virtude de razões de política criminal, a norma legal permite a atenuação da pena criminal, ao considerar que as várias ações praticadas pelo sujeito ativo são reunidas e consideradas fictamente como delito único. STJ – HC 50157: (...) A continuidade delitiva consiste em uma ficção jurídica orientada a punir o agente pela prática de um “delito único”, se preenchidos os pressupostos legais, não obstante tenha cometido, de fato, diversos crimes. (...) CLASSIFICAÇÃO Art. 71 - (crime continuado comum) STF – SÚMULA 605 - NÃO SE ADMITE CONTINUIDADE DELITIVA NOS CRIMES CONTRA A VIDA. (sem efeito, após Lei 7.209/84 – STF HC 77786) Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código. (crime continuado específico) STF – SÚMULA 711 - A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, SE A SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA. CASOS CONCRETOS ESTÁCIO/CEUT (semana 2) 1) Hercílio e Arnaldo, em unidade de desígnios e fortemente armados, no dia 15 de março de 2011, por volta das 23h, invadiram a residência de Hélio e Maria Rosa, na zona rural de Nova Iguaçu de Goiás, amarraram o casal e seus dois filhos, Vitória e Lélio, de 12 e 8 anos, cerceando sua liberdade pelo período de duas horas, causando-lhes extremo temor e traumas indeléveis. Durante o referido lapso temporal, os agentes vasculharam toda a casa e separaram alguns bens que a guarneciam (televisão, aparelho de som e alguns eletrodomésticos) para posterior subtração. Findo este prazo, levaram o casal à área externa da residência, com mãos e pés amarrados, os obrigaram a se ajoelhar no gramado e desferiram-lhes dois tiros pelas costas, tendo as vítimas morridas instantaneamente. Do feito, Hercílio e Arnaldo restaram denunciados e condenados pelos delitos de latrocínio consumado (roubo seguido de morte) em concurso formal de crimes. Inconformados com a decisão proferida interpuseram apelação criminal com vistas à reforma do julgado e conseqüente descaracterização da incidência do art.70, do Código Penal, sob o argumento de que apenas ocorrera uma subtração patrimonial e a morte de duas vítimas, o que configuraria crime único de latrocínio e não concurso formal impróprio. Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre o tema concurso de crimes responda de forma objetiva e fundamentada: A pretensão dos agentes é procedente? 2) Simplício ingressou em um ônibus linha Centro Jardim Violeta, no centro da cidade do Rio de Janeiro com o dolo de subtrair pertences dos passageiros. Meia hora após o ingresso no ônibus sentou ao lado de um passageiro que cochilava e subtraiu-lhe a carteira dentro da DIREITO PENAL II (PARTE GERAL) - RESUMO ESQUEMÁTICO - Prof. PEDRO VIEIRA Material sujeito a alterações/correções em sala de aula 11 mochila sem que ele percebesse. Em seguida, com emprego de grave ameaça, atemorizou Abrilina e Lindolfo, obrigando-os a entregar seus celulares. Ante o exposto, sendo certo que, no caso do primeiro passageiro Simplício praticou o delito de furto e, no caso de Abrilina e Lindolfo, os delitos de roubo, diferencie de forma objetiva e fundamentada concurso material e concurso formal de crimes a partir dos sistemas de aplicação de pena adotados em cada instituto e apresente o sistema aplicável ao caso concreto. 3) (VI EXAME DE ORDEM UNIFICADO TIPO 1 BRANCO. QUESTÃO 61) Otelo objetiva matar Desdêmona para ficar com o seguro de vida que esta havia feito em seu favor. Para tanto, desfere projétil de arma de fogo contra a vítima, causando-lhe a morte. Todavia, a bala atravessa o corpo de Desdêmona e ainda atinge Iago, que passava pelo local, causando-lhe lesões corporais. Considerando-se que Otelo praticou crime de homicídio doloso qualificado em relação à Desdêmona e, por tal crime, recebeu pena de 12 anos de reclusão, bem como que praticou crime de lesão corporal leve em relação a Iago, tendo recebido pena de 2 meses de reclusão, é correto afirmar que: a) o juiz deverá aplicar a pena mais grave e aumentá-la de um sexto até a metade. b) o juiz deverá somar as penas. c) é casode concurso formal homogêneo. d) é caso de concurso formal impróprio. 4) Sobre os institutos do Concurso Material de Crimes, Concurso Formal de Crimes e Continuidade Delitiva, assinale a alternativa INCORRETA: a) No caso de crime continuado, o ordenamento jurídico pátrio adotou a teoria da ficção jurídica, segundo a qual a unidade delitiva caracteriza-se como criação da lei. b) No caso de incidência de concurso formal de crimes se a pena cominada em decorrência do sistema de exasperação de penas formais graves que a pena calculada pelo sistema do cúmulo material, será aplicada este. Tal situação denomina-se concurso material benéfico. c) Os desígnios autônomos, característicos do concurso formal imperfeito de crimes, aplicam- se a delitos dolosos e culposos. d) No caso de conflito de leis penais no tempo não se aplica o princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa para as condutas praticadas em continuidade.
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