Buscar

CASO 1 proc civil

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Nome: Karen Costa Silva
Matrícula: 201503681211
CASO CONCRETO - PROCESSO CIVIL
SEMANA 01
1ª Questão. Maria, brasileira, casou com Glen, americano. Desde a constância do matrimônio o casal passou a residir no Brasil. Na constância do matrimônio nasceu Peter que encontra-se hoje com 5 anos de idade. Ano passado o casal resolveu se divorciar. Glen, então resolveu voltar para cidade onde nasceu, Santa Bárbara, Califórnia. Maria procura, você, advogado, desejando que Glen pague alimentos ao filho Peter. Diante do caso em tela questiona-se: a) A ação de alimentos proposta por Peter, representado por sua mãe, Maria, em face de Glen, deve ser promovida na Justiça do Brasil? Justifique e fundamente a resposta.
R: A justiça Brasileira é competente para conhecer da ação de alimentos movida pelo menor impubere chamado Peter, representado por sua genitora em face de seu pai Glen, por força do artigo 22 inciso I, A do CPC.
2ª Questão. Objetiva. Segundo o CPC, compete exclusivamente a autoridade judiciária brasileira:
a) ações em que o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil.
b) em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. (ARTIGO 23, INCISO III CPC)
c) conhecer de ações relativas a imóveis situados no exterior.
d) em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de inventário e à partilha de bens situados no Brasil e no exterior, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
3ª Questão. Objetiva. A cooperação jurídica internacional terá por objeto:
a) colheita de provas e obtenção de informações. (ARTIGO 27, INCISO II CPC)
b) qualquer medida judicial.
c) qualquer medida extrajudicial.
d) citação, intimação e apenas notificação judicial.
JURISPRUDÊNCIA:
SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA Nº 2.958 - ES (2008/0044428-5) (f)
RELATORA	:	MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA
REQUERENTE	:	REINO DA ESPANHA
ADVOGADO	:	LUIZ PAULO ROMANO E OUTRO (S)
REQUERIDO	:	LÍDIA VAJAS HERNANDES
ADVOGADO	:	GLAUCO VINÍCIUS SOUZA THOMÉ
RELATÓRIO
MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA (Relatora):
O REINO DA ESPANHA, representado por sua Missão Diplomática com sede nesta Capital, propôs a presente HOMOLOGAÇAO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA, tendo por Requerida a pessoa de LÍDIA VAJAS HERNANDEZ, cidadã espanhola que manteve com o Requerente, no período de 10/10/1973 a 31/5/2004, contrato de trabalho regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Segundo informam os autos, a Requerida teve o contrato de trabalho rescindido por justa causa a partir de 31/5/2004, tendo em vista o descumprimento de deveres correspondentes à função que exercia para o Requerente.
Com a demissão, a Requerida, usando de sua condição de cidadã espanhola, deu entrada em ação trabalhista no Tribunal do Social de Madri, Espanha, objetivando discutir os motivos da rescisão laboral, sendo a pretensão ao final julgada improcedente por força da sentença proferida em 14/12/2004, com a manutenção do ato rescisório nos termos em que previstos pela lei do trabalho brasileira.
Inconformada, a Requerida interpôs recurso de suplicação para o Supremo Tribunal de Justiça de Madri, o qual manteve, em 17/1/2006, a decisão primeva.
Consta dos autos, também, que a Requerida é autora de Reclamatória Trabalhista ajuizada no Brasil em 30/5/2006, restando distribuída ao Juízo da 17ª Vara do Trabalho de Brasília/DF (Processo n.º 526/2006), que determinou a suspensão do feito até que concluído o presente procedimento de homologação.
Com a inicial, vieram a sentença homologanda e o recurso julgado pela Corte Suprema de Madri, estando ambos traduzidos por tradutor juramentado às fls. 65/84.
Citada por carta de ordem, a Requerida apresentou impugnação às fls. 93/97, em que postula a improcedência do pedido aos seguintes fundamentos:
a) competência da Justiça do Trabalho e aplicação da lei trabalhista brasileira, conforme previsão do art. 114 da Constituição Federal e Súmula 207 do TST, sustentando que o Estado estrangeiro, nessas situações, não goza de imunidade, devendo ser regida a relação empregatícia pela lei do local da prestação de serviço, sendo nula a decisão proferida no exterior.
b) existência de litispendência, porquanto tramita na 17ª Vara do Trabalho de Brasília/DF ação trabalhista ajuizada pela Requerida contra o Reino da Espanha em que se discute o contrato de trabalho objeto do exame da Justiça espanhola.
c) ausência da Requerida na audiência estrangeira, já que o procedimento perante o Tribunal do Trabalho de Madri se desenvolveu sem a sua presença, o que violaria a lei brasileira, que impõe o arquivamento do pedido quando o reclamante não comparece à audiência.
Com a contestação, os autos restaram distribuídos ao Ilustre Ministro José Delgado, que abriu prazo para o oferecimento de réplica.
Por ela, o Requerente argui o cumprimento dos pressupostos previstos no art. 5º da Resolução 9/2005 do STJ, asseverando que a Requerida não se deteve na análise de seus parâmetros, devendo-se, consequentemente, ser deferida a homologação.
Adverte, por outro lado, não ter o menor fundamento a alegação de não comparecimento da Requerida perante o Tribunal estrangeiro, pois, como se deflui da sentença homologanda, a reclamatória fora por ela ajuizada e, ainda, resulta claro que compareceu assistida da advogada Sra. Susana Maria Monreal Castor, Além disso, afirma, ela interpôs recurso para o Supremo Tribunal do Trabalho sem aduzir qualquer espécie de vício procedimental.
No tocante à litispendência, ressalta a sua impossibilidade pelo fato de que a decisão homologando teria transitado em julgado em 2/3/2006, enquanto que a reclamação trabalhista ajuizada no Brasil se deu em 30/5/2006, o que retira a existência de duas ações em andamento acerca do mesmo objeto.
Por fim, salienta que o fato de a ação no Reino de Espanha ter sido proposta pela Requerida, cidadã espanhola, no intuito do seu próprio interesse, retira a incompetência da Justiça do Trabalho de Madri e comprova, ao contrário, a sua má-fé, na medida em que quer se beneficiar da situação utilizando-se de uma mesma ação aqui no Brasil, só porque não teve êxito no primeiro procedimento.
Com vistas, o Ministério Público Federal opinou pelo deferimento do pedido de homologação, haja vista o atendimento dos pressupostos legais.
É o relatório.
SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA Nº 2.958 - ES (2008/0044428-5) (f)
EMENTA
SENTENÇA ESTRANGEIRA. TRIBUNAL DO SOCIAL DE MADRI. RESCISAO DO CONTRATO DE TRABALHO. DEMISSAO POR JUSTA CAUSA. AÇAO PROPOSTA PELO TRABALHADOR DE CIDADANIA ESPANHOLA. IMPROCEDÊNCIA. MODALIDADE DA DISPENSA MANTIDA. AÇAO PROPOSTA NO BRASIL APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO. COMPETÊNCIA INTERNACIONAL CONCORRENTE. INEXISTÊNCIA DE LITISPENDÊNCIA. REQUISITOS DEMONSTRADOS.
Segundo a inteligência do art. 88, c/c o art. 89, ambos do CPC, o litígio acerca de relação empregatícia com ente público externo, cuja prestação de serviço ocorre no Brasil, enquadra-se na denominada competência internacional concorrente, podendo dela cuidar tanto a Justiça brasileira quanto a estrangeira.
No caso, não há que se cogitar da nulidade da sentença estrangeira por incompetência da jurisdição porque a requerida, cidadã espanhola, contratada por seu país para prestar serviço no Brasil sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho, uma vez demitida por justa causa, preferiu ingressar com ação no Tribunal do Social de Madri para discutir a modalidade da dispensa, o qual lhe negou o direito pretendido.
Comprovada a hipótese da concorrência internacional de jurisdição, resta inviável considerar a possibilidade da litispendência, porquanto "a ação intentada perante tribunal estrangeiro" não a induz, consoante expressa previsão do art. 90 do CPC.
Ademais, transitada em julgado a decisão proferida no estrangeiro, antes de iniciado o processo no Brasil,a questão não reside mais na existência de duas ações em curso sobre o mesmo objeto, mas circunscreve ao exame dos efeitos da coisa julgada.
Homologação deferida.
VOTO
MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA (Relatora):
Do quanto se extrai dos autos, a sentença homologanda, devidamente traduzida às fls. 65/84, foi proferida por Juiz do Tribunal do Social de Madri, competente para as causas trabalhistas, que ao apreciar a ação proposta pela Requerida, a ela negou procedência.
Em termos gerais, a demanda proposta em solo espanhol versava exclusivamente sobre o contexto da demissão por justa causa infligida pelo empregador, no caso, o Ministério da Indústria, Turismo e Comércio da Espanha.
Impende consignar que ao decidir a questão a Justiça espanhola aplicou a lei do contrato de trabalho escolhida pelas partes, conforme se nota da sentença, verbis :
“Mesmo quando a competência caiba aos tribunais espanhóis, poderá ocorrer que a legislação aplicável não seja a espanhola e sim a brasileira.
O direito substantivo a ser aplicado será o brasileiro porque a esta conclusão conduz tanto o Convênio de Roma, sobre lei aplicável às relações contratuais, vigente na Espanha desde 01/01/93, em seus arts. 3, 4 e 6, como o art. 10.6 do CC, por razão de assim ter acordado as partes, tal como se aprecia com clareza da leitura do contrato entre ambas firmado, e ser essa a legislação do país onde os serviços são prestados, sendo, portanto, uma circunstância que também pacificamente ambos os litigantes admitem” (fls. 69/70).
Diante disso, o Juiz estrangeiro considerou provados os fatos graves praticados pela Requerida no transcurso da relação laboral, conforme dicção do art. 482 da CLT.
A decisão foi mantida em segunda instância, vindo a transitar em julgado no dia 2/3/2006, consoante de depreende do certificado à fl. 15.
Novamente, chama-se a atenção para o fim de consignar que o objeto da demanda no estrangeiro cingiu-se a perscrutar a modalidade da rescisão do contrato de trabalho: se com justa causa ou se sem justa causa.
Passados quase três meses do trânsito em julgado da sentença homologanda, a Requerida, no Brasil, dá início a reclamatório trabalhista, fls. 100/106, em que sustenta a demissão indevida e requer a rescisão do contrato de trabalho com pagamento de várias verbas rescisórias e indenizatórias (13º salário, FGTS, INSS, férias integrais e proporcinais, 1/3 de férias, horas extras, etc), incluindo aí, também, a indenização por danos morais em virtude de humilhações sofridas na vigência da relação laboral.
Frente a esses pontos da demanda, as questões suscitadas pela Requerida em sua impugnação dizem respeito, primeiro, à competência exclusiva da Justiça do Trabalho brasileira, ex vi da previsão do art. 114 da Constituição Federal, que reza (Redação dada pela EC n.º 45/2004):
“Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;”
Para a Requerida, a hipótese consagrada no dispositivo constitucional impõe considerar a competência exclusiva da Justiça do Trabalho brasileira, a tornar nula, por isso, a decisão que se busca homologar.
Sem fundamento esse aspecto da irresignação, porquanto a regra constitucional não trata da questão da jurisdição internacional concorrente, mas tão só da competência da Justiça do Trabalho no âmbito do território brasileiro.
Nesse particular, urge verificar a extensão do afirmado sob a ótica da previsão do ordenamento jurídico pátrio, começando pela previsão do Código de Processo Civil, aplicado subsidiariamente às questões trabalhistas (art. 769 da CLT), que prescreve em seu art. 88, c/c o art. 90, verbis :
"Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no n o I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal.
(...)
Art. 90. A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que Ihe são conexas.”
Ao ensejo, oportuna a colação de precedente desta Corte delimitando a competência internacional concorrente:
“COMPETÊNCIA INTERNACIONAL. CONTRATO DE CONVERSAO DE NAVIO PETROLEIRO EM UNIDADE FLUTUANTE. GARANTIA REPRESENTADA POR" PERFOMANCE BOND "EMITIDO POR EMPRESAS ESTRANGEIRAS. CARÁTER ACESSÓRIO DESTE ÚLTIMO.
JURISDIÇAO DO TRIBUNAL BRASILEIRO EM FACE DA DENOMINADA COMPETÊNCIA CONCORRENTE (ART. 88, INC. II, DO CPC).
- O" Performance bond "emitido pelas empresas garantidoras é acessório em relação ao contrato de execução de serviços para a adaptação de navio petroleiro em unidade flutuante de tratamento, armazenamento e escoamento de óleo e gás.
- Caso em que empresas as garantes se sujeitam à jurisdição brasileira, nos termos do disposto no art. 88, inc. II, do CPC, pois no Brasil é que deveria ser cumprida a obrigação principal.
Competência internacional concorrente da autoridade judiciária brasileira, que não é suscetível de ser arredada pela vontade das partes.
- À justiça brasileira é indiferente que se tenha ajuizado ação em país estrangeiro, que seja idêntica a outra que aqui tramite.
Incidência na espécie do art. 90 do CPC.
Recurso especial não conhecido, prejudicada a medida cautelar.” (REsp 251.438/RJ, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTA TURMA, julgado em 08/08/2000, DJ 02/10/2000, p. 173)
Assim, a situação verificada com a relação trabalhista não reclama a jurisdição exclusiva da Justiça do Trabalho brasileira, devendo-se ressaltar que em tal situação o art. 89 do mesmo Diploma Legal não comporta a interpretação realizada pela Requerida.
A propósito, vejam-se as hipóteses de competência exclusiva da Jurisdição pátria:
“Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional.”
Tal entendimento, por sinal, não desafina com a previsão da Consolidação das Leis do Trabalho, que no seu art. 651, caput , trata da competência territorial da Justiça do Trabalho. Veja-se o teor do dispositivo:
“Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.”
Como sabido, a competência territorial inclui-se na denominada competência relativa, portanto, sujeita à regra da prorrogação caso a parte não a suscite na forma e no prazo legal, segundo a disposição do art. 114 do CPC ( “Prorrogar-se-á a competência se dela o juiz não declinar na forma do parágrafo único do art. 112 desta Lei ou o réu não opuser exceção declinatória nos casos e prazos legais” ).
Isso não significa dizer que o julgamento da relação de emprego se possa realizar pela Jurisdição Comum, mas que o critério de fixação da competência previsto pela CLT é territorial, o que significa concluir que poderá haver o julgamento de causas trabalhistas fora do âmbito de competência do Juízo eventualmente previsto como competente.
Importante, nessa altura, observar que o enquadramento do caso nas denominadas competência internacional concorrente e competência territorial, permite concluir que a decisão tomada pela Corte espanhola não pode ser considerada nula, ainda mais porque proposta pela parte que justamente alega a sua nulidade.
Dada a semelhança dos casos, muito esclarecedora é a antiga decisão tomada pelo Pleno da Suprema Corte, no julgamento da Homologaçãode Sentença Estrangeira n.º 3390-9, de que relator o Ministro Oscar Corrêa, em que se definiu:
“SENTENÇA ESTRANGEIRA - COMPETÊNCIA ACEITA PELO REQUERIDO E, RELATIVA, IRRECUSAVEL. AUSÊNCIA DE AFRONTA A SOBERANIA NACIONAL. SENTENÇA QUE PREENCHE OS REQUISITOS DO ART-217 DO RISTF. HOMOLOGAÇAO DEFERIDA.” 
(SE 3390, Relator (a): Min. OSCAR CORREA, TRIBUNAL PLENO, julgado em 03/10/1984, DJ 08-11-1984 PP-18765 EMENT VOL-01357-01 PP-00052)
Na discussão da causa, cumpre colacionar o que ficou definido no voto-condutor, notadamente quanto à interpretação da competência da Justiça Trabalhista. Confira-se parte do voto do saudoso Relator:
“...a incompetência do Tribunal alemão para julgar a rescisão do contrato é improcedente, como salientou o parecer da Procuradoria-Geral da República ao afirmar (fls. 94):
"Tratando-se, no caso, de competência territorial e, não em razão da matéria, como quer o requerido, este renunciou ao direito que lhe facultava o art. 651 da C. L. T., ao propor a ação na Alemanha, f. 16".
(...)
Na verdade, foi o Requerido quem propôs a reclamação perante o foro alemão, não arguindo, obviamente, sua incompetência, que agora competência territorial que é, com tal, derrogável (art. 111 do CPC) não pode recusar.”
Por certo que o precedente, embora antigo, ainda tem sua razão preservada porque abrange normas processual e celetista ainda em vigor.
De mais a mais, não se pode esquecer que toda a resolução da controvérsia empregatícia submetida ao Tribunal estrangeiro se pautou pela previsão da Consolidação das Leis do Trabalho, o que preserva a origem e a prevalência do contrato de trabalho realizado no Brasil.
O segundo ponto da discordância da contestação diz com a existência de fato impeditivo da competência da justiça estrangeira, a saber, a litispendência. De pronto, afasta-se o alegado por tratar-se da competência internacional concorrente, consoante a inteligência do art. 90 do CPC, que peço vênia para novamente citar: “ A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas .”
E mesmo que assim não fosse, é de se entender inverificável a hipótese da litispendência quando já transitada em julgado, ao tempo da ação trabalhista proposta no Brasil, a decisão proferida pelo Tribunal de Madri.
Com efeito, afigura-se inviável a consagração da litispendência, que é a existência de ações idênticas tramitando em juízos diversos, se se verifica, em relação a uma delas, o efeito da coisa julgada.
Por fim, a parte advoga a nulidade do procedimento na Justiça espanhola dado o fato de não se ter demonstrado o seu comparecimento às audiências, o que levaria, segundo o processo trabalhista brasileiro, ao arquivamento da reclamação.
Pela mesma razão anterior, estando a causa resolvida em definitivo, impossível tal cogitação.
Mas não é só isso que interfere na aceitação do alegado pela Requerida.
Isso porque, claramente, a sentença estrangeira faz menção à audiência com as partes, o que não pode ser contestado por esta sede de delibação, e, muito importante, a sequência do procedimento demonstra que houve a interposição de recurso ao Supremo Tribunal de Madri sem que fosse deduzida nulidade em igual sentido.
Novamente é de se lembrar que foi a própria requerida é quem ajuizou a ação no Tribunal do Social de Madri, circunstância a merecer, no mínimo, a presunção de que tenha participado de todas as fases do processo.
Em conclusão, respondida a impugnação de fls. 93/97, é de se ter por obedecidos os pressupostos contidos no art. 5º da Resolução n.º 9/2005, a saber:
a) sentença foi proferida por Tribunal competente;
b) o procedimento deu início por provocação da própria Requerida, estando, portanto, atendido o requisito do conhecimento das partes sobre a demanda;
c) o trânsito em julgado da sentença homologanda restou comprovado nos autos;
d) a sentença veio aos autos com a devida tradução por tradutor juramentado, além de ter sido consularizada pelo Consulado Geral do Brasil em Madri; e, por fim
e) a decisão não afronta a soberania nacional nem a ordem pública, porquanto verificada a hipótese da competência internacional concorrente e a resolução da controvérsia por meio da lei brasileira, no caso, a Consolidação das Leis do Trabalho.
Em derradeira referência, cabe advertir, uma vez existindo reclamatório trabalhista em andamento na Justiça do Trabalho do Brasil, cujo procedimento restou suspenso para aguardar o desfecho desta pretensão, que o núcleo da sentença homologanda pautou-se pela única discussão da modalidade da rescisão do contrato de trabalho, no qual se confirmou a demissão por justa causa, não estando, portanto, abrangidas por ela qualquer controvérsia acerca de verbas rescisórias e indenizatórias sobrevindas do vínculo laboral, sobre as quais o Juízo do Trabalho fará sua devida apreciação na melhor forma de direito.
Ante o exposto, defiro a homologação pretendida na inicial.
É o voto.
Documento: 17199108	RELATÓRIO, EMENTA E VOTO
DOUTRINA:
Para a resolução preliminar das questões de jurisdição e competência internacional envolvendo o litígio submetido à apreciação do juiz nacional, em caso de conexão internacional, utiliza-se a lei do local da propositura da ação (BASSO, 2009, p. 241). Neste sentido, o art. 12, da LICC utiliza a técnica da aplicação da lex fori, isto é, a lei do Estado (lugar) no qual a jurisdição sobre os litígios seja exercida.

Outros materiais