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Grupos de Encontros

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GRUPOS DE ENCONTRO – CARL R. ROGERS 
Introdução
Rogers quando começou a trabalhar com grupos de encontro já era bem conhecido, particularmente na Califórnia, por ser o criador da abordagem centrada na pessoa e por ter publicado o livro “Tornar-se pessoa”. Este processo psicoterapêutico consiste em um trabalho de cooperação entre o cliente e o psicoterapeuta. O cliente é facilitado pelo terapeuta, e acaba por modificar ou amadurecer o conceito que tem de si e, consequentemente, a reavaliar suas estratégias de vida e visão de mundo. No entanto, ao vivenciar esse processo por um longo período, Rogers experimentou a força das mudanças em atitudes e comportamentos que podem ser conseguidos em um grupo. Passou então a se interessar por tais processos. 
Essa idéia passou a ser o núcleo principal do seu trabalho. Não demorou muito, passou de terapeuta centrado no cliente para líder de encontros e pesquisador. Rogers começou a trabalhar com pequenos grupos, todos voltados para as relações humanas, em que um facilitador ou líder, em um clima de liberdade de expressão, encorajava cada participante a deixar cair as suas defesas e máscaras e a relacionar-se da forma mais autêntica possível com os outros participantes. A experiência fundamental do grupo consistia no que Rogers chamava de encontro básico, a relação imediata de pessoa a pessoa.
Assim, este trabalho tem por objetivo apresentar, numa perspectiva geral, alguns aspectos que são determinantes para a compreensão do movimento dos grupos de encontro. 
Processo de encontro 
O processo dos grupos é constituído por quinze fases que vão desde o caos até o encontro autêntico. 
Em princípio o grupo é caracterizado pela “fase de hesitação”. Geralmente o grupo começa andando à volta esperando que o líder fale como os integrantes devem se comportar e o que se espera do grupo com o trabalho. Há uma crescente frustração na medida em que o grupo percebe que não há qualquer estrutura, a não ser a estrutura que eles mesmos terão que organizar. Há uma tendência para seguir-se um período inicial de confusão, de silêncio embaraçoso e de comunicação cerimoniosa e superficial.
“Há resistência à expressão e às explorações pessoais”, uma resistência inicial. Durante o período de hesitação alguns indivíduos revelarão atitudes bastante pessoais. Isto tende a provocar uma reação ambígua entre os outros membros do grupo. O eu exterior que os membros têm tendência para mostrar aparece inicialmente e só gradual, tímida e ambiguamente vão revelando algo do eu íntimo. 
A despeito da ambivalência quanto à confiança no grupo e ao risco de se abrir, a expressão de sentimentos começa efetivamente por abranger uma parte cada vez maior da discussão. Na medida em que os participantes continuam a interagir surgem sentimentos que são compartilhados com os demais participantes, geralmente sentimentos passados, associados às pessoas ausentes e às situações passadas. Esta fase, caracterizada como sendo “descrição de sentimentos passados”, é uma forma de resistência inicial, ainda que esses sentimentos possam ser experiências importantes para o individuo. 
Curiosamente a primeira expressão de sentimentos a surgir verdadeiramente tende a ser negativa (“expressão de sentimentos negativos”). Frequentemente o líder é atacado por não conseguir imprimir uma orientação conveniente. A primeira expressão do eu verdadeiro tende a surgir como atitudes negativas em relação aos outros participantes ou ao líder.
Quando os sentimentos negativos são expressos e o grupo não se desintegra ou divide, começa a aparecer um material com significado pessoal, ou seja o indivíduo começa a se revelar ao grupo de modo significativo, uma vez que passou a se identificar com ele (“Expressão e exploração de material com significado pessoal”). Há uma compreensão da liberdade, embora arriscada, e o clima de confiança passa a desenvolver-se, encorajando-o a expor algumas das suas facetas mais íntimas. As pessoas começam a assumir riscos reais e a “expressar umas às outras seus sentimentos imediatos” tanto positivos quanto negativos. 
Quanto mais expressões emocionais vêm à tona e sofrem as reações do grupo, Rogers nota o “desenvolvimento de uma capacidade terapêutica” no mesmo. Certos membros mostram uma capacidade natural e espontânea para tratar de um modo simples e terapêutico a dor e o sofrimento dos outros. Isso vem como uma consequência espontânea da situação ali vivida e muitas vezes, para se manifestar, precisa apenas da liberdade tornada possível, pelo clima de uma experiência de grupo em liberdade.
Durante essas experiências de grupo é muito frequente a sensação de maior verdade e autenticidade quando é feita uma auto avaliação. É como se o indivíduo houvesse aprendido a aceitar-se, a estar mais perto de seus próprios sentimentos, os quais já não são tão rigidamente organizados e, por isso estão mais abertos ao começo da mudança (“Aceitação do eu e começo da mudança”).
A medida que as sessões continuam, há uma crescente impaciência para com as defesas (“O estalar das fachadas”). Todo o vivido tornou evidente que é possível um encontro mais profundo e essencial, e o grupo parece procurar intuitiva e inconscientemente este objetivo ao ponto de exigir que o indivíduo seja ele mesmo, isto é, que não esconda os sentimentos comuns, que retire a máscara do convívio social.
No processo desta interação de expressão livre, o indivíduo adquire uma série de dados sobre o modo como é visto pelos outros (“O indivíduo é objeto de reação por parte dos outros”). Estes dados bem enquadrados no contexto do interesse que se desenvolve no grupo podem ser altamente construtivos, pois o feedback (negativo e positivo), é o que desencadeia uma significativa experiência nova de auto compreensão e encontro com o grupo. Rogers chama as formas mais extremas de feedback de “confrontação” e afirma que ela eleva os sentimentos a uma intensidade tal que um tipo de resolução é exigida. Apesar de ser um momento muito perturbador para o grupo e os indivíduos envolvidos, toda vez que o grupo demonstra que pode aceitar e tolerar os sentimentos negativos sem rejeitar a pessoa que os expressa, os membros do grupo tornam-se mais confiantes e abertos uns com os outros. 
Um dos aspectos interessantes de qualquer experiência de grupo é o modo como, quando um indivíduo luta para se exprimir ou se debate com um problema pessoal, os outros membros o ajudam. Isso pode acontecer dentro do grupo, mas ocorre ainda com maior frequência em contatos fora do grupo. (“Relações de ajuda fora das sessões de grupo”). Mais uma vez aqui falamos sobre como a experiência num grupo de encontro pode possibilitar que aqueles com capacidades terapêuticas se sintam livres para a dar.
Outro aspecto é o contato mais íntimo e direto que se desenvolve, entre os indivíduos, mais frequente do que aconteceria na vida corrente. Quando um sentimento negativo era manifestado francamente, a relação desenvolvia-se e esse sentimento era substituído por uma compreensão profunda do outro. Este é um dos aspectos mais central, intenso e determinante da mudança na experiência de grupo. Isto é um “encontro básico”.
No decorrer das sessões estabelece-se uma sensação crescente de calor humano, espírito de grupo e confiança, a partir não só de atitudes positivas, mas também de uma verdade que inclui os sentimentos positivos e negativos. “Expressão de sentimentos positivos e intimidade”.
Outra coisa bastante comum após a experiência de grupo são as “mudanças de comportamento”. Inicialmente algumas são bem empolgantes chegando até parecer, muitas vezes boa demais, e são confirmadas pelo depoimento de várias pessoas, outras já são bem sutis, porém, nenhuma delas é duradoura. 
O facilitador no grupo 
Segundo Rogers, não se começa um grupo como uma tábula rasa. Por isso ele expõe algumas atitudes e conceitos que trazia consigo. Criado um clima de suficiente facilitação, Rogers confiava no grupo para desenvolver suas próprias potencialidades e as dos seusmembros. 
A seguir destacamos algumas afirmações de Rogers acerca de aspectos que são decisivos sobre a pessoa do facilitador num grupo: 
ACEITAÇÃO DO GRUPO – “Tenho grande paciência com o grupo e com o indivíduo que nele participa. É decisivamente recompensador aceitar o grupo exatamente no ponto como ele está. Tenho consciência de que certos exercícios, certas tarefas organizadas pelo facilitador, podem forçar, praticamente o grupo a uma maior comunicação aqui-e-agora, ou a uma maior profundidade de sentimentos.” (Rogers, 1972, p.60) 
ACEITAÇÃO DO INDIVÍDUO – “Deixo que o participante se comprometa ou não com o grupo. Se uma pessoa deseja permanecer psicologicamente à margem, tem a minha permissão implícita para o fazer. O grupo em si pode ou não permitir-lhe que continue nessa posição, mas eu pessoalmente permito.” (Idem, p. 61) 
COMPREENSÃO EMPÁTICA – “A tentativa para compreender o significado exato daquilo que a pessoa está a comunicar é o mais importante e o mais freqüente dos meus comportamentos num grupo. Para mim, é uma parte desta compreensão que tento descobrir através das complicações, fazendo voltar à comunicação ao caminho do significado que ela tem para a pessoa.” (Idem, p. 62) 
CONFRONTAÇÃO E FEEDBACK – “Tenho tendência para confrontar os indivíduos em pontos específicos do seu comportamento. ‘Não gosto da maneira como você está a falar. Parece-me que diz aquilo que quer dizer três ou quatro vezes. Gostaria que acabasse quando tivesse dito aquilo que queria.’ Ao confrontar alguém, uso, frequentemente, material bastante específico, dado previamente pelo participante.” (Idem, p. 66) 
COMPORTAMENTO QUE NÃO FACILITAM O ANDAMENTO DE UM GRUPO – 1) Quando há interesse (facilitador) pelo grupo por “modismo” ou autopromoção”. 2) Manipular ou dirigir o grupo (facilitador) para fins pessoais. 3) Uso de dramatismo ao avaliar êxito e fracasso do grupo. 4) O facilitador só usa uma única técnica como elemento essencial no processo do grupo. 5) Quando o facilitador apresenta problemas tão grandes quanto os dos participantes. 6) Quando o facilitador usa de interpretações dos motivos ou causas do comportamento dos participantes. 7) Uso de exercícios ou atividades manipulando todos à participação obrigatória. 8) Quando o facilitador recusa-se a participar do grupo. (Idem, p. 76-77) 
Principais campos de aplicação
Indústrias (Organizações)
Igrejas (Instituições religiosas)
Famílias
Instituições de Educação
Considerações finais
Segundo Rogers, “os indivíduos possuem dentro de si vastos recursos para autocompreensão e para modificação de seus autoconceitos, de suas atitudes e de seu comportamento autônomo. Estes recursos podem ser ativados se houver um clima, passível de definição, de atitudes psicológicas facilitadoras.” (Rogers, 1983, p.38). Esta é a pedra fundamental da Abordagem Centrada na Pessoa, chamada de Tendência Atulizante/Tendência Formativa, presente também no universo.
Sendo assim, concluímos esta pesquisa destacando os grupos de encontro como uma abordagem norteada pela liberdade total ao indivíduo para expor suas impressões e sentimentos sem qualquer receio de alguma repreensão em virtude de suas escolhas, buscando desenvolver as reais capacidades humanas a partir da criação de um espaço de aceitação e compreensão mediado pela relação terapêutica existente entre cada participante e, juntamente, com o facilitador.
Portanto, pode-se salientar que o movimento dos grupos de encontro trouxe grandes contribuições para a sociedade, na medida em que favorece e potencializa a relação interpessoal como um meio para a realização e crescimento pessoais, ao mesmo tempo em que oferece possibilidades para o indivíduo enfrentar e superar o isolamento e a alienação, tão presentes nos mais diversos contextos sociais. 
Referências Bibliográficas: 
AMATUZZI, Mauro Martins. Rogers: ética humanista e psicoterapia. Campinas/ SP: Alínea, 2010. 
ROGERS, Carl. R. Grupos de Encontro. Lisboa: Moraes editores, 1972.
_______________. Um Jeito de Ser. São Paulo: EPU. 
http://www.autores.com.br/2009081821741/artigos-cientificos/diversos/os-grupos-de-encontro-de-carl-r-rogers.html, acesso em 07 de maio de 2013.

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