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Trabalho de Lutas, filosofia das artes marciais, violência ou agressividade, contribuição na formação integral.

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
ICS – CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Claudia Aparecida Alves Lopes – C73830-1
Ederson Cesar Monzzoca - C679CG8
Eduardo Luiz Santana do Ceo - C499FC-9 
Elias Santos Solianno - C590FE-2 
Mariana Tavares de Almeida Franco - C645HC-0 
Valter Queiroz - C7365I-6 
Aspectos filosóficos das artes marciais atuais. A diferença entre violência e agressividade. Por que a prática de artes marciais incentiva o desenvolvimento integral do individuo?
Atividade complementar com requisito parcial para composição de nota da disciplina de Lutas.
Professor: Mário Luiz Miranda
SÃO PAULO
2017
“Transforme-se em um boneco de madeira: ele não possui ego, não pensa em nada, não é ganancioso nem se apega a nada ou ninguém. Deixe o corpo trabalhar sozinho de acordo com a disciplina á qual foi submetido.”
 (Bruce Lee)
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 4
2 DESENVOLVIMENTO.................................................................................................. 5
2.1 Breve histórico da origem do termo e de sua prática................................................. 5
2.2 A filosofia das Artes Marciais atuais........................................................................... 5
3 A DIFERENÇA ENTRE VIOLÊNCIA E AGRESSIVIDADE.......................................... 9
3.1 Violência e as artes marciais...................................................................................... 9
3.2 Agressividade e as artes marciais............................................................................ 10
4 POR QUE A PRÁTICA DE ATIVIDADES MARCIAIS INCENTIVA O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DO INDIVÍDUO? ................................................... 12
5 CONCLUSÃO............................................................................................................. 14
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 14
1 INTRODUÇÃO
Sabe-se que atualmente a prática das artes marciais não tem mais o mesmo significado do que quando foi criada. Hoje vai muito além do que simplesmente uma forma de derrotar um oponente através de técnicas perfeitas de movimentos, está diretamente ligada ao fortalecimento espiritual e o desenvolvimento integral do indivíduo que a pratica.
As mudanças culturais e históricas da sociedade acarretam mudanças na significação de alguns termos, incluindo o campo das artes marciais. Essas mudanças serviram para desmitificar a ideia da prática de lutas como sinônimo de uma prática agressiva ou danosa à saúde do ser humano e seu convívio social. Devido à origem do termo “artes marciais”, que faz alusão à guerra e aos seus deuses na cultura ocidental, o seu entendimento – por muitas vezes – relaciona-se à violência, ficando à margem de seu conceito verdadeiro e universal como algo benéfico ao ser humano. 
Notadamente, a violência, atrelada às artes marciais, é atribuída à agressividade como coisas iguais, sem que se perceba a diferença entre os termos. A agressividade, pela óptica da psicanálise, é uma característica típica do ser humano e do seu comportamento, sendo algo natural e, de certa forma, até saudável, enquanto a violência é uma atitude intencional de ferir o outro, um ato premeditado que não faz julgamento de sua consequência.
Assim, o presente trabalho tem por objetivo analisar o tema e apontar fatores da filosofia das artes marciais para melhor entendimento de sua proposta para a sociedade, esclarecer a diferença entre violência e agressividade e por fim ressaltar a importância da prática das artes marciais de forma completa, para que o verdadeiro objetivo dessa prática seja alcançado.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Breve histórico da origem do termo, e sua prática 
O termo artes marciais é de origem ocidental. Segundo Miranda (2012), a origem etimológica da palavra arte marcial foi construída por: Arte: excelência, esplendor, magnitude. Marcial: provém do deus da guerra Ares, depois chamado pelos romanos de deus Marte. Arte marcial = Excelência para a Guerra.
A arte marcial foi utilizada com diversas finalidades, no ocidente sua principal aplicação, fora com fins de preparação para a guerra, a fim de defender o território de invasores, em um segundo momento, foi introduzida como instrumento de educação física, ética social, e política. (MIRANDA, 2012). 
No oriente, por ter sido disseminado por um monge budista Zen-Bodhidharma a principal filosofia, era desenvolver o corpo e o espírito como um todo, foi ensinado aos monges Shaolin, a prática de exercícios físicos, ao mesmo tempo que ensinava a filosofia Budista Zen, em um segundo momento, essa prática veio ser utilizada para defender o templo de saqueadores, que os julgavam frágeis. (SOUZA JUNIOR, 2007). 
2.2 A filosofia das Artes Marciais atuais
As artes marciais atuais não compreendem somente um apanhado de técnicas (golpes com as mãos, pés, armas, etc.), abrange um amplo conjunto de filosofias tradicionais, segundo Lopes e Danucalov (2016) as artes marciais, inspiradas na Filosofia Budista, sempre tiveram um objetivo e significância maior do que, simplesmente, desenvolver a técnica visando moldar o corpo e executar golpes perfeitos, para os primeiros praticantes das artes marciais, o principal era desenvolver virtudes como fidelidade, tolerância e disciplina, que promoviam autoconhecimento e instruíam para condutas na vida cotidiana. Como exemplo dessa filosofia, podemos citar o Karatê que teve sua prática e filosofia, organizada e difundida inicialmente por Gichin Funakoshi, que visava não somente aperfeiçoar a técnica, mas principalmente a melhoria do caráter, percepção formativa e educativa do praticante. Ele se preocupou em manter intacta essas filosofias, para que gerações posteriores também entendesse o caminho das mãos vazias, e entendessem que o verdadeiro Karatê instruiria mente e corpo (FUNAKOSHI; NAKASONE 2003; p.16). Dentro da filosofia do Karatê existem 20 Princípios Fundamentais, que servem de referência para vida fora do Dojô:
1. Não se esqueça de que o Karatê deve iniciar com saudação e terminar com saudação.
2. No Karatê não existe atitude ofensiva.
3. O Karatê é um assistente da justiça.
4. Conheça a si próprio antes de julgar os outros.
5. O espírito é mais importante do que a técnica.	
6. Evitar o descontrole do equilíbrio mental.
7. Os infortúnios são causados pela negligência.
8. O Karatê não se limita apenas à academia.
9. O aprendizado do Karatê deve ser perseguido durante toda a vida.
10. O Karatê dará frutos quando associado à vida cotidiana.
11. O Karatê é como água quente. Se não receber calor constantemente torna-se água fria.
12. Não pense em vencer, pense em não ser vencido.
13. Mude de atitude conforme o adversário.
14. A luta depende do manejo dos pontos fracos (KYO) e fortes (JITSU).
15. Imagine que os membros de seus adversários são como espadas.
16. Para cada homem que sai do seu portão, existem milhões de adversários.
17. No início seus movimentos são artificiais, mas com a evolução tornam-se naturais.
18. A prática de fundamentos deve ser correta, porém na aplicação torna-se diferente.
19. Não se esqueça de aplicar corretamente: alta e baixa intensidade de força, expansão e contração corporal; técnicas lentas e rápidas.
20. Estudar, praticar e aperfeiçoar-se sempre.
Ainda dentro da filosofia das artes marciais, podemos citar o Kung-Fu, nesse caso o estilo Garra de Águia, que busca a disciplina marcial em prol da educação e do auto combate ao ego de seus praticantes, defendendo que o verdadeiro praticante de Kung-Fu, treina para deter a violência, incluindo a gerada por ele mesmo (MOCARZEL 2012). Alguns elementos filosóficosda cultura Oriental, serviram como uma direção para dar origem aos nove preceitos do Kung-Fu Garra de Águia que são:
Eu me comprometo a treinar corpo e espírito para a paz.
Eu me comprometo a reverenciar nossos ancestrais e respeitar mestre, professores e colegas.
Eu me comprometo a não ser falso e seguir o caminho da verdade.
Eu me comprometo a persistir no aperfeiçoamento físico, mental e espiritual.
Eu me comprometo a ser paciente e humilde, galgando um a um os degraus do conhecimento.
Eu me comprometo a contribuir para que nosso meio não ofereça abrigo aos maus intencionados.
Eu me comprometo a respeitar as demais filosofias e artes marciais.
Eu me comprometo a zelar pelo respeito devido ao Kung-Fu.
Eu me comprometo a ser exemplo vivo da filosofia e ética dos mestres.
A expressão Kung-Fu tem por significado: “tempo e esforço desprendido numa atividade” ou “grau de perfeição alcançado em qualquer área de atuação”, ou ainda, “conhecimento profundo de um assunto” (HIRATA; DEL VECCIO, 2006.). Ainda afirma Mocarzel (2012), que há valores educacionais e princípios filosóficos, que buscam prioritariamente a harmonia, saúde, qualidade de vida e acima de tudo a paz, em sua prática.
No Judô, o mestre Jigoro Kano enfatiza que quando o praticante tiver fixado e tomar consciência dos princípios filosóficos que norteiam a arte, ele entenderá que esses conceitos serão válidos não somente dentro do Dojô, mas em qualquer atividade da vida diária, quando se pretende atingir um determinado objetivo. Os três princípios do Judô são:
JU = Suavidade
SEIRYOKU-ZEN-YO = Máxima eficiência com mínimo esforço
JITA-KYOEI = Bem-estar e benefícios mútuos
O professor Kano afirma o seguinte: "Ainda que eu considere o Judô
dualisticamente, a prosperidade e benefícios mútuos pode ser vista como sua finalidade última e a máxima eficiência como meio para atingir esse fim. Essas doutrinas são aplicáveis a todas as condutas do ser humano" (F. P. Judô, 2016).
Ainda de uma forma a comparar a filosofia de algumas artes marciais, temos o Krav Magá, uma arte marcial israelense de defesa pessoal, traz na sua filosofia a transmissão de ideias e sentimentos levando o aluno a competir consigo mesmo, e alcançar suas metas por si só. Sua prática estimula a vontade de se superar não só fisicamente, mas em todos os aspectos do ser humano. É uma arte altamente prática que através do trabalho corporal, atinge mente, corpo e espírito, estimula a busca individual, e uma das suas metas é a autoconfiança. O Krav Magá é uma arte moderna, criada a partir da realidade atual, que tenta implementar nos seus praticantes um caminho de vida saudável e íntegro, construindo cidadãos responsáveis e capazes de buscar seus objetivos. Nas aulas são praticados quatro princípios:
Coragem - enfrentar obstáculos, não importando a sua dimensão;
Equilíbrio emocional - controlar as emoções, não permitindo que o medo impeça a ação;
Paciência - uma mudança de postura em relação à vida e a si própria: acontece gradativamente, cada um ao seu tempo;
Respeito - respeitar a si próprio e ao próximo, até mesmo o inimigo. 
Ensinando essa filosofia para os praticantes, torna-se natural a vontade de lutar por seus objetivos, a persistência mesmo ao encontrar dificuldades, o equilíbrio diante das situações, e a independência. O treinamento na maioria das vezes, inclui barreiras físicas e psicológicas que contribuem para a preparação espiritual, e para os obstáculos da vida (F.S.A. Krav Magá, 2011).
3 A DIFERENÇA ENTRE VIOLÊNCIA E AGRESSIVIDADE
3.1 Violência e as artes marciais
A violência é um fenômeno da história das sociedades humanas, que existe em diversos aspectos e todos eles passíveis de investigações, segundo Murad (2007) etimologia da palavra “violência” é derivada do latim violentia, sua raiz semântica (vis) remete a imposição e/ou opressão a pessoas por uso da força em qualquer forma, sentido ou natureza. Dadoun (1998), coloca o ser humano como um detentor de uma “maldade natural” (homo violens), sendo esta uma característica intrínseca, é essa a geradora de conflitos e guerras, de preconceitos, exclusões e agressões. Essa visão do homo violens, pode relacioná-la num certo sentido com a clássica Teoria do Instinto de Freud (SANTOS, 1996; BECKER JUNIOR, 2000), segundo ela, a violência é tão intrínseca do ser humano, que se não exteriorizada pode vir a acarretar doenças psicossomáticas, ou até mesmo levar ao suicídio.
Pelo fato da violência ser algo que vive dentro do ser humano ele querendo ou não, surge a importância de haver instituições que criem freios para conter as tendências instintivas com intuito de destruição, daí surge o que ELIAS (1994) chama de “processo civilizador”, no qual os esportes têm um papel fundamental. As artes marciais têm a representação, num imaginário coletivo, de confronto, covardia, vandalismo, violência e essa é uma concepção que não se confirma com questionamentos mais aprofundados, no Kung-Fu, por exemplo, não há como aprender seus movimentos de defesa e ataque sem que haja a orientação de uma “filosofia sócio educacional”.
Mocarzel (2011) e Hausen (2004), apontam a existência de progressão pedagógica das técnicas ensinadas, das mais simples de ministrar antes e as mais difíceis depois, com o cuidado de apresentar as mais brandas antes das mais contundentes, para que não sejam absorvidas como ensinamentos violentos, esse processo acarretará numa exigência de maturidade, reflexão e assimilação da disciplina e da ética preconizadas nos preceitos da arte, obediência ás regras e respeito ao outro.
Não só as artes marciais, mas o esporte, como um todo, serve de válvula de escape para o estresse, funcionando também como mecanismo de controle da violência e agressividade, proporciona uma libertação que oferece uma parcela de prazer e satisfação. Não significa que essas práticas, irão curar a sociedade dos comportamentos violentos, pois como afirmam Minayo e Souza (1997), a violência é um fenômeno histórico, quantitativo e qualitativo, composto de conteúdo, estrutura, tipos e forma de manifestação, porém as três divisões citadas chamam a atenção para a necessidade de educação referente ao controle de sentimentos turbulentos, como a raiva, euforia, frustração e egoísmo, por meio de regulamentações, de leis e regras (ELIAS, DUNNING 1992).
3.2 Agressividade e as artes marciais
Segundo Bandeira (2009), a agressividade é uma característica inerente do ser humano e não deve ser entendida unicamente como determinante para a destruição. As atitudes agressivas podem vir a ser de caráter destrutivo (que se caracteriza como violência), ou também construtivos (criatividade). Portanto a agressividade também pode ter seu reconhecimento positivo. O grau de agressividade e seu controle, dependem da vivência do indivíduo, alguns à controlam facilmente e mudam para outra direção, outros ao menor sinal de frustração ou risco, tendem a agir agressivamente. 
Geralmente agressividade e agressão são interpretadas da mesma forma, porém a agressão é um ato violento, que não traz benefício a quem executa e nem ao que está sendo alvo dela, já a agressividade pode ser entendida como uma predisposição, dirigida a outros aspectos como a aprendizagem, por exemplo (FERNANDEZ 1992). Foi a agressividade implícita no ser humano que permitiu a sobrevivência das sociedades e seu progresso até o presente, pois ela desperta o valor competitivo de ser melhor do que os demais, daí a importância de melhor controlar e transformar a agressividade contida na natureza humana, para canalizar adequadamente na direção de uma meta, podendo ser de caráter intelectual ou artística (MORA 2004).
Otta e Bussab (1998) ainda fazem uma ressalva, que a agressividade pode ser redirecionada para dentro, contra a própria pessoa, que assim se torna uma forma de masoquismo e tem o suicídio como a forma extrema de autodestruição. De acordo com Bandeira (2009), a ação pode ser um meio de minimizar a tensão e a ansiedade.
Como ação, podemos entender diversas formas de movimento,porém a arte marcial vem se destacando como método efetivo de canalização da agressividade. Ao contrário do que muitos pensam, a arte marcial, em sua grande maioria foi criada para defesa e não para o ataque. Um bom exemplo de que são tratamento para diminuição da agressividade está descrito por Jeremovas (2003), ele afirma que o Kung-Fu já foi utilizado como ferramenta de combate ao vício de drogas em adolescentes, ele diz que não só os exercícios físicos, mas também os ensinamentos filosóficos ajudaram os jovens a ter controle das suas ansiedades, raiva e angústias, também Mocarzel (2011), aponta que, nos Estados Unidos, o Tai Chi Chuan, em alguns casos, vinha sendo utilizado sob ordem judicial, como forma de controle da raiva em jovens infratores.
Tendo como exemplo, também, a prática do Karatê, é notório a mudança no comportamento agressivo dos praticantes, pois adquirem valores e aprendem a controlar seus instintos, desenvolvem melhor o relacionamento de amizade e companheirismo entre colegas de treino. Submetidos à uma competição os alunos são testados em aspectos técnicos e principalmente psicológicos, nesta prática não há comportamentos agressivos, portanto, tem como foco a NÃO utilização da agressividade (COLOMBO, 2015).
Observa-se no meio esportivo a agressividade benigna em atos as vezes vistos como bruscos, podem ser ações legalizadas pelo regimento do desporto e tem maior ligação com a autodefesa não com agressão, essas atitudes são estimuladas pela competitividade, segundo a Psicologia Esportiva esse comportamento seria assertivo, pois seria uma atividade intensa respeitando regras e sem intenção de lesionar os colegas (BARROSO; VELHO; FENSTERSEIFER, 2005). O sucesso esportivo é alcançado quando o indivíduo é agressivo o suficiente não só para vencer, mas também para dominar o seu adversário, fazer com que ele fique submisso a ele, essa ideia pode ser trazida para a vida cotidiana, levando em conta que a agressividade é sinônimo de agir com garra e perseverança, ela é o caminho mais eficiente para a conquista da vitória (BENTO, 1990). 
 4. POR QUE A PRÁTICA DE ATIVIDADES MARCIAIS INCENTIVA O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DO INDIVÍDUO?
 A prática de atividades marciais desenvolve benefícios psicológicos, estimulando a capacidade de concentração, controle emocional, autoconhecimento, automotivação, autoconsciência, confiança e a competitividade. Se sua prática for iniciada o mais cedo possível, ou seja, desde a infância, irá contribuir não somente para o desenvolvimento psicológico, mas para a melhora do condicionamento físico, a relação social, sendo ela na escola ou com os demais indivíduos que fazem parte do seu cotidiano, tornando a criança um ser capaz de conseguir superar situações em que pode afetar seu estado emocional e físico. Tomando como exemplo o Judô, Trajano (2006) diz que, sua prática poderá desenvolver a individualidade da criança aproveitando sua natureza biológica e fomentando suas experiências de vida através de praticas motoras, e proporcionar experiências para que, em sua relação com o ambiente, elas saibam respeitá-lo e conservá-lo, criando uma cultura da criança com outras pessoas e com o ambiente que a cerca.
A prática de qualquer arte marcial é capaz de mudar a criança, podendo ser ela tímida ou agressiva, pois a filosofia e a doutrina oferecida pelas regras da prática são capazes de transformar e proporcionar benefícios. Novamente usando a prática do Judô como exemplo:
Sendo agressivas, o Judô vai ajudá-la a canalizar esta agressividade, pois elas ficarão na sala de Judô, manifestadas através dos combates onde haverá projeção e conclusão do golpe, soltando o possível instinto agressivo. Com isso, ela vai desenvolver a capacidade de enfrentar as dificuldades da vida com humor. Sendo tímidas, aos poucos irão se libertando da timidez até que finalmente as crianças se desinibam. (TRAJANO, 2006, p.8)
Lembrando sempre que o ensino das lutas para crianças, deve ser de forma lúdica, sempre enfatizando que ela deve aprender algo por prazer e não por obrigação, para que não haja uma inicialização precoce, seja ela em qualquer esporte. 
A importância da ludicidade, como fator motivacional, justifica um maior estudo sobre o seu uso como estratégia de ensino nas aulas das lutas para crianças, onde o professor deve questionar-se quanto a sua postura e conduta em relação ao objetivo prioritário de proporcionar aos praticantes de lutas um desenvolvimento globalizado e não apenas físico-técnico, transformando-os não em grandes campeões, mas em verdadeiros homens. (TRAJANO; MOTTA, 2004, p. 3). 
As artes marciais fazem com que o praticante confronte o seu pior inimigo: ele próprio, representado por suas emoções. O controle emocional exige que a pessoa analise suas responsabilidades, culpas ou ressentimentos. Segundo Ruffoni (2004) e Motta (2004), as lutas não são somente técnicas físicas para o corpo, mas também utiliza de princípios filosóficos para o fortalecimento do espírito de seu praticante. Princípios que se aplicam em todas as fases da vida, em todos os desafios, combates e contratempos nas suas atividades, querem sejam esportivas, sociais ou profissionais.
Depois de algum tempo de treino, o praticante das artes marciais começa a perceber que suas notas na escola estão melhorando, que seu desempenho no trabalho está aumentando e que sua família está mais próxima, pois sente que está tendo mais atenção. Esta percepção começa a se refletir em todos os aspectos da vida do praticante. Ele começa a perceber coisas sobre si mesmo que não notava antes e a prestar mais atenção aos mínimos detalhes de suas ações e atitudes. Sente a água caindo em suas mãos enquanto lava um copo, a textura da comida que está sendo mastigada, assim como o seu gosto. Também passa a perceber os aspectos físicos do seu corpo e de suas ações, que antes passavam despercebidos pela rotina. Todos estes aspectos são defendidos por Payne (1997) abrangendo a dimensão de corpo, alma e espírito.
 Além dos benefícios psicológicos, os estudos científicos apontam para melhorias no aspecto psicomotor e físico, especialmente de crianças e adolescentes, tais como, melhoras na coordenação de movimentos, no equilíbrio, na expressão corporal e na situação espacial, ganhos em flexibilidade, força, enrijecimento muscular, altura, peso corporal e agilidade.
5 CONCLUSÃO 
Conforme o estudo realizado, podemos comprovar os inúmeros benefícios da prática de artes marciais que, independentemente da idade, trabalha os aspectos ideológico de maturação do indivíduo, corroborando para um melhor desenvolvimento de si próprio, da sociedade e do meio em que vive. Sua prática ajuda na diminuição e canalização da agressividade. Se ensinada e praticada de forma correta, o indivíduo leva uma vida mais correta, evita conflitos e desgastes desnecessários, assim economiza energia para algo de maior importância.
Comparando as artes marciais tradicionais, mais antigas com uma mais recente, podemos perceber que sua filosofia tem em comum a busca pelo desenvolvimento do corpo, mente e espírito, com a finalidade de transpor as dificuldades encontradas nas práticas, como ensinamentos para o dia-a-dia, superação, respeito ao próximo e a si mesmo, paciência, atenção, concentração, senso de justiça, entre outras, são conceitos em comum que todas elas partilham, e mesmo com o passar dos tempos não se tornaram obsoletos, são essas premissas que imposta às filosofias, trazem seu objetivo final que é alcançar a paz e satisfação interior de quem as praticam.
2.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANDEIRA, H, R. Percepções de alunos de Karatê sobre agressividade/violência: aplicações educacionais no ensino de artes marciais.82 f. Dissertação de (Mestrado) – Curso de Pós-Graduação em Educação, Pontifica Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2006.
BARROSO, M. L. C.; VELHO, N. M.; FENSTERSEIFER, A. C. B. A violência no futebol: revisão sócio psicológica. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. Florianópolis, 2005.
BENTO,J. O. Á procura de referências para uma Ética do Desporto. In: BENTO, J. O.; MARQUES, A. Desporto Ética e sociedade. Porto: Universidade do porto, 1990. P.23-29.
BRASIL, Federação Sul Americana de Krav Magá. História e filosofia do Krav Magá. Rio de Janeiro; 2011; disponível em: < http://www.kravmaga.com.br/?id=historia-filosofia >; acesso em: 14 set. 2017.
COLOMBO, J. O ensino do Karatê na diminuição da agressividade de crianças na percepção de professores do sul de Santa Catarina – SC. UNESC Unidade Acadêmica em Ciências Humanas (UNAHCE); on line; Santa Catarina; 2015; disponível em: < http://repositorio.unesc.net/handle/1/3108 >; acesso em: 10 set 2017.
DADOUN, R. A violência: ensaio acerca do homo violens. Rio de Janeiro: Difel,1998.
ELIAS, N. O processo civilizador: uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Zahar, 1994.
ELIAS, N.; DUNNING, E. A busca da excitação. Lisboa: Difel, 1992.
BRASIL, Federação Paulista de Judô. Princípios Filosóficos. São Paulo; 2016; disponível em: < http://www.fpj.com.br/principios-filosoficos/ >; acesso em: 10 set 2017.
FERNANDEZ, A.; Agressividade: qual o teu papel na aprendizagem? In: GROSSI, E. P.; BORDIN, J.; Paixão de aprender. Petrópolis: Vozes, 1992.
FUNAKOSHI, G.; NAKASONE, G. Os Vinte Princípios Fundamentais do KARATÊ. São Paulo. Cultrix. 2003.
HAUSEN, I, T.; Artes marciais nas escolas: Taekwondo pedagógico, o resgate da arte marcial formativa como recurso de apoio educacional infanto-juvenil em ambiente escolar. Niterói: Escola de Artes Marciais Hodory, 2004.
HIRATA, D. S.; DEL VECCIO, F. B. Preparação física para lutadores de Sanchou: proposta baseada no sistema de periodização de Tudor O. Bompa. Movimento & Preparação, Espírito Santo de Pinhal, SP, v.6, n. 8, p. 2-17, jan./jun. 2006; disponível em:< https://0201.nccdn.net/4_2/000/000/038/2d3/preparacao_fisica_kungfu-Sanshou.pdf >; acesso em: o6 set 2017.
JEREMOVAS, J. A arte marcial chinesa Kung-Fu como forma de prevenção primária ao uso de drogas entre adolescentes do sexo masculino. Curitiba, 2003. 42 p. Dissertação 
 (Especialização em Dependências Químicas) - Pontifica Universidade Católica do Paraná, 
Lee, Bruce. O TAO DO JEET KUNE DO. São Paulo: Conrad Editora do Brasil. 4ª Edição, 2005.
LOPES, J. C.; DANUCALOV, M. A. D.; Filosofia, Ética e moral: Um estudo dos valores inerentes às artes marciais. American Journal of SportsTraining; disponível em: http://www.ajst.science/article/filosofia-etica-e-moral-um-estudo-dos-valores-inerentes-as-artes-marciais/; acesso em:10 set.2017.
MINAYO, M. C. S.; SOUZA, E. R.; Violência e saúde como um campo interdisciplinar e de ação coletiva. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 4, n. 3, p. 513-531, nov.  1997; disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php? >; acesso em: 06 sets 2017.
 MIRANDA, M. L.; Definições, históricos e origens das lutas. Sistemas de disciplinas online UNIP. http://adm.online.unip.br. Curso Educação Física - disciplina de Lutas, aula: 1.Definições /Origens, Classificações: lutas orientais e ocidentais, 2012; disponível em < https://online.unip.br/disciplina/detalhes/7329 >; acesso em: 06 set. 2017.
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MORA, F. Continuum: como funciona o cérebro? Porto Alegre: Artemed, 2004.
MOTTA, A.; RUFFONI, R. Lutas na infância: uma reflexão pedagógica. Laboratório de Estudos do Esporte - LABESPORTE – RJ, 2004.
MURAD, M. A violência e futebol: dos estudos clássicos aos dias de hoje. Rio de Janeiro: FGV, 2007.
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SANTOS, R. F. A violência no futebol português: uma interpretação sociológica a partir da concepção teórica de processo civilizacional. 1996. (Doutorado em Ciência do Desporto e Educação Física). Universidade do Porto, Porto, 1996.
TRAJANO, W. J.; As contribuições do judô na formação integral do indivíduo. Curitiba, 2006. 24 p. Monografia (Curso de Licenciatura em Educação Física) - Departamento de Educação Física, Setor de Ciências Biológicas; Universidade Federal do Paraná.
SOUZA JUNIOR, O. M.; Estratégias de enfrentamento utilizadas por praticantes de artes marciais. São Bernardo do Campo, 2007. 89 p. Dissertação (Mestrado em Psicologia da Saúde) -Faculdade de Psicologia e Fonoaudiologia, Universidade Metodista de São Paulo.

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