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Trabalho Miguel Reale2

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
DEPARTAMENTO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
CAMILA
DELSON
MAGNO
PAMELA
SAMELA
TATIANA GUIMARÃES MARINATO DOS SANTOS
TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO DE MIGUEL REALE
VITÓRIA
2017�
CAMILA
DELSON
MAGNO
PAMELA
SAMELA
TATIANA GUIMARÃES MARINATO DOS SANTOS
TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO DE MIGUEL REALE
Trabalho apresentado como requisito para a disciplina Introdução ao Estudo do Direito no curso de graduação em Direito, da Estácio de Sá, sob a orientação da professora Solange xxxx.
	
VITÓRIA
2017�
RESUMO
Palavras-chave: 
SUMÁRIO
31 INTRODUÇÃO	�
32 OBJETIVOS	�
32.1 GERAL	�
42.2 ESPECÍFICOS	�
42.3 METODOLOGIA	�
43 REFERENCIAL TEÓRICO	�
43.1 A HISTÓRIA DE MIGUEL REALE	�
63.2 UM BREVE RELATO SOBRE AS CORRENTES FORMADORAS DO DIREITO E DA TEORIA DA TRIDIMENSIONALIDADE DO DIREITO	�
83.2.1 PRINCIPAIS ESCOLAS DO DIRETO	�
113.2.3 A TEORIA DE MIGUEL REALE X HANS KELSEN	�
133.3 A TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO	�
133.4 A TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO E O NOVO CÓDIGO CIVIL	�
165 CONCLUSÃO	�
256 REFERÊNCIAS	�
�
1 INTRODUÇÃO
O Direito pode ser definido, dentre tantos outros conceitos, como um conjunto de normas de conduta que orientam as relações sociais, sendo o resultado das relações entre o homem e a sociedade, visando evitar e solucionar conflitos e promover o equilíbrio na vida em sociedade.
Desta forma, o Direito é considerado um fato social, refletindo as demandas de uma sociedade em um determinado local e tempo.
Partindo do princípio que o Direito é um processo normativo, que regulamenta o fato através de valores, pode-se falar na Teoria Tridimensional do Direito.
 A Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale é atualmente referência para a Ciência do Direito. Tal teoria, fundamenta-se na correlação entre três elementos: fator, valor e norma.
Este trabalho tem como objetivo apresentar a Teoria Tridimensional do Direito, através de seus conceitos, sua origem e influência, bem como diferenciá-la das demais teorias que a antecederam.
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
Apresentar a Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale.
2.2 ESPECÍFICOS
- Apresentar a trajetória de Miguel Reale;
- Mostrar as correntes que influenciaram a Teoria Tridimensional do Direito;
- Conceituar a Teoria Tridimensional do Direito através dos elementos: fato, norma e valor;
- Correlacionar a Teoria Tridimensional do Direito com o ordenamento jurídico vigente.
2.3 METODOLOGIA
Foi realizada uma revisão de literatura tendo como fonte de consulta periódicos nacionais e internacionais e livros relacionados ao assunto.
Vinte artigos foram selecionados, pertencentes a dois grupos (praticantes e não praticantes de atividade física), participaram de uma bateria de testes para um estudo comparativo sobre a força e capacidade funcional. Para o referente estudo foram coletados os procedimentos metodológicos da pesquisa, incluindo os possíveis desconfortos, riscos e benefícios do estudo. 
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 A HISTÓRIA DE MIGUEL REALE
Miguel Reale nasceu em São Bento do Sapucaí, SP, em 6 de novembro de 1910. Filho do médico italiano Dr. Braz Reale e de Felicidade da Rosa Góis Chiarardia Reale, Miguel Reale veio a falecer em São Paulo, no dia 14 de abril de 2006.
Foi professor, advogado, jurista, grande filosofo brasileiro e teórico do Direito. Formou-se em direito em 1934 pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, ano em que publicou sua primeira obra – O Estado Moderno. 
Em 1940, Miguel Reale escreveu as bases da Teoria Tridimensional do Direito, no qual defende a tese de que o Direito sem a presença do homem é uma ciência morta, sem motivo para ser. Reale entende o homem como peça fundamental para a ciência do Direito partindo do pressuposto que o homem, inserido dentro de um contexto social e histórico acrescido de valor axiológico faz a ciência do Direito ser vista através de uma perspectiva harmônica, dialética numa visão tríplice de fatores, jamais concebida por qualquer outro teórico ou pensador.
Miguel Reale ainda cursava o curso de Direito quando o Integralismo surgiu AIB (Ação Integralista Brasileira). Movimento esse que Reale junto com amigos da faculdade ingressaram no batalhão acadêmico Ibrahim Nobre, o qual recebia o nome do importante jurista da época, também formado pela mesma faculdade, combateram no sul do estado de são Paulo. Com a promulgação da Constituição de 1934 e consolidação da democracia no país, tanto Reale quanto os outros combatentes, consideraram na época o movimento legítimo e vitorioso. 
“ O mundo moderno é o resultado de sociedades complexas, caracterizadas pela multiplicidade e especialização crescentes das funções. Esta complexidade gera a escassez de consenso. Neste sentido, governar uma sociedade complexa significa enfrentar a escassez de consenso, descobrindo mecanismos capazes de estabelecer uma coexistência entre as necessidades de tomar às vezes rapidamente uma decisão com as inevitáveis decepções que ela provoca
Naquele momento, para Reale o que predominava era o ideal democrático. Ideal esse que refletia um ideal de liberdade, onde todos podiam ser livres para escolher seus próprios caminhos, sentimento esse que o jusfilósofo brasileiro se identificava com o Racionalismo de Kant. 
Apesar da opinião otimista de Reale a respeito do movimento, a Intentona Integralista, não foi bem sucedida resultando em uma fuga para a Itália, onde continuou a estudar consolidando-se como “intelectual”. Ao regressar ao Brasil deu continuidade aos seus estudos lecionando e escrevendo sobre Direito. Tornou-se Catedrático de Filosofia do Direito na USP, sendo que sua posse só foi garantida após audiência com Getulio Vargas no Rio de Janeiro (Reale, 1986). 
Miguel Reale foi Secretário da justiça do Estado de São Paulo por duas vezes, foi nomeado Reitor da Universidade de São Paulo em 1949 criando as primeiras instituições Oficiais de Ensino Superior no Interior do estado de São Paulo, e fundou o Instituto Brasileiro de Filosofia, o qual presidiu até sua morte em 2006. 
Além de fundar a Sociedade Interamericana de Filosofia, da qual presidiu por duas vezes, Miguel Reale chefiou a delegação brasileira nos Congressos Internacionais de Filosofia em Santiago (Chile), Washington (Estados Unidos), Buenos Aires (Argentina). Em 1953, publicou o clássico livro Filosofia do Direito - depois traduzido para o italiano por Luigi Bagolini.
Em 1975, Miguel Reale foi eleito para a cadeira nº 14 da Academia Brasileira de Letras, e em 2003 foi considerado o “Pai” do Código Civil, devido a sua ilustre contribuição.
3.2 UM BREVE RELATO SOBRE AS CORRENTES FORMADORAS DO DIREITO E DA TEORIA DA TRIDIMENSIONALIDADE DO DIREITO
Na história precedente à sistematização da tridimensionalidade jurídica destacam-se duas correntes filosófico-jurídicas que fundamentavam o Direito: o sociologismo jurídico e criticismo formal. A primeira tomava os fatos jurídicos estabelecendo uma mera descrição de uma realidade que se desenvolveu sob a influência do positivismo e da sociologia “empírico-naturalista” (REALE, 2000). Já o criticismo formal recebeu influência de Immanuel Kant e via que a realidade é apreendida a partir de certos princípios a priori, em que a forma determina o que é jurídico (REALE, 2000). Diante quadro filosófico-jurídico apresentado, necessitava uma integração dos elementos contrapostos e unilaterais. Porém, para Reale isso não resolveria o problema do Direito que ficaria reduzido na bidimensionalidade. Vale reproduzir o raciocínio de Cirell Czerna (apud CUNHA E SILVA NETO, 2005) sobre a insuficiência daquelas posições para a produção do elemento integrador:
Se o formalismo lógico acusava o sociologismo de esquecer ocritério segundo o qual realidade deve ser ordenada, o sociologismo naturalístico acusava o formalismo de esquecer a realidade viva, encerrando-se na universalidade lógica puramente abstrata. Perante essa “unidimensionalidade”, representada por cada uma das tendências opostas, surge a exigência de compreender a totalidade como uma integração dos elementos contrapostos; mas esta não poderia ser o resultado de uma “bidimensionalidade”, porque para que tal integração se desse, nenhuma das duas dimensões poderia oferecer o elemento integralizante: era necessário, pois, que surgisse um terceiro elemento, e que a totalidade adquirisse, por isso mesmo, um aspecto tridimensional.
Reale defende a necessidade do valor para superar a bidimensionalidade juríca, vendo nele o elemento mediador entre a norma e o fato. Assim, o entende Cirell Czerna (apud CUNHA E SILVA NETO, 2005):
Entre a norma e o fato surge assim o valor, como intermediário, como mediador do conflito, elemento de composição da realidade em suas dimensões fundamentais. Interessa ressaltar a exigência de entender a realidade como unidade, sem a qual não se explicaria a tendência a integrar os dois elementos contrapostos, que se deixariam separados num dualismo irredutível, exigência que unicamente pode explicar, na verdade, o surgir da “tridimensionalidade.
3.2.1 Principais escolas do Direto
Dentre das escolas do Direito podemos classificar as principais:
Os jusnaturalistas- Que consideram o Direito como um conjunto de ideias ou princípios superiores, eternos, uniformes, permanentes e imutáveis, outorgados ao homem pela divindade, quando da criação, a fim de traçar-lhe o caminho a seguir e ditar-lhe a conduta a ser mantida.
Os contratualistas ou racionalista – Que segue o princípio de que são duas as escolas de Direito, ou órbita jurídicas, a saber: 
A escola do Direito Natural - Quanto ao Direito Natural, continuaria sendo um conjunto de princípios permanentes, 28 estáveis e imutáveis, porém a origem desse Direito, não mais seria a divindade, mas sim a natureza racional do homem.
Já a do Direito Positivo - A escola histórica do Direito rebelou-se contra a existência de um Direito natural, permanente e imutável e em vez de indagar o que deveria ser o Direito, passou a pesquisar como se formava nas sociedades. Para ela, o Direito era um produto histórico, decorrente não da divindade ou da razão, mas sim da consciência coletiva dos povos, formado gradativamente pelas tradições e costumes. Seguindo essa linha de raciocínio, entendia Savigny que, em vez de um Direito geral e universal, cada povo em cada época tem o seu próprio Direito, a expressão natural de sua evolução histórica, de seus usos, costumes e tradições de todas as épocas passadas.
Em primeiro lugar, temos a teoria que se filia à tradição romanística, com Savigny à frente, vendo na pessoa jurídica uma simples fictio juris, ou seja, uma simples ficção do Direito. Os jurisconsultos romanos, práticos e pragmáticos por excelência, foram mestres no emprego da fictio juris: quando queriam atingir um resultado, e deparavam com embaraços de qualquer ordem, contornavam-nos, colocando o problema como se ele fosse deveras compatível com a aplicação de uma norma jurídica já existente, ou, então, construíam ficticiamente uma regra adequada ao caso. A fictio juris, que continua sendo um dos instrumentos da Lógica jurídica concreta, não é expressão de arbítrio, mas sim algo que se impõe na praxis, à vista de certas circunstâncias. 
Pois bem, preferiu Savigny ver no conceito de pessoa jurídica mais um exemplo de fictio juris, existente apenas como artifício técnico imposto pelas necessidades da vida em comum. Não existe como entidade dotada de existência própria, mas como elemento técnico, uma conceituação ficta, mediante a qual os juristas podem coordenar normas jurídicas distintas, para disciplinar a responsabilidade resultante do ato associativo. Por mais engenhosa que seja, é inegável que a compreensão da pessoa jurídica como simples ficção não corresponde à prática do Direito.
Os positivistas - Que afasta o Direito Natural e procura reconhecer tão-somente o Direito Positivo, no sentido de direito vigente e eficaz em determinada sociedade, limitando assim o conhecimento científico jurídico ao estudo das legislações positivas, consideradas como fenômenos espaço-temporais. 
Os culturalistas - Culturalismo Jurídico dentre as correntes do pensamento jurídico destaca-se, posto que, para ela, o Direito pertence ao reino da cultura e não ao da natureza. 
Direito ou Raciovitalista - Insere-se nessa corrente do pensamento jurídico a Teoria Vitalista. 
Teoria Egológica do Direito - De Carlos Cossio (apoiado nas ideias de Ortega Y Gasset) e a própria Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale.
Paulo Dourado de Gusmão (in " Introdução ao Estudo do Direito"), assim resume o Culturalismo Jurídico: 1. situa o direito no reino da cultura; 2. integra o direito em um todo cultural; 3. faz acompanhar a sorte do direito à sorte da cultura em que está integrado, podendo emigrar para outra, quando moribunda a que o criou, como foi o caso do direito sumeriano ou do direito romano; 4. faz depender conhecimento jurídico do método diferente do aplicado às ciências físico- naturais; 5. entende o direito como realidade orientada por valores, destinado a atingir finalidades e; 6. considera a estrutura do direito composta de dois elementos, um pertencente ao reino da natureza, outro normativo, formulado em valores, carregado de sentido.
A Teoria Tridimensional do Direito exposta pelo professor Miguel Reale pode expressar-se assim, o direito, de um lado, é fato social, é fenômeno social. De outro, é norma ou conjunto de normas, objetivando naturalmente a disciplina da convivência social. 
Já o direito, como valor, insere-se no campo axiológico e expressa o valioso em sua projeção temporal, no sentido histórico do seu desenvolvimento total. Segundo o professor de Miguel Reale, onde quer que haja fenômeno jurídico, há necessariamente um fato (fato econômico, geográfico, de ordem técnica etc.); um valor, que confere determinada significação a esse fato, inclinando ou determinando a ação dos homens no sentido de atingir ou preservar certa finalidade ou objetivo; e, finalmente, uma regra ou norma que representa a relação ou medida que integra um daqueles elementos ao outro, o fato ao valor. 
Tais elementos (fato, valor e norma) não existem separados ou noutro, mas coexistem numa unidade concreta, atuam como elos de um processo, de tal modo que a vida do direito resultará da interação dinâmica e dialética dos três elementos que a integram. O mestre relembra que o direito é uma realidade histórico-cultural. 
3.2.2 Distinção à Teoria de Kant
Os tratadistas, geralmente admitem apenas dois tipos de realidades: objetos naturais e objetos ideais, incluindo os valores dentro dos objetos ideais.
Objeto, segundo Reale, é tudo aquilo que é sujeito de um juízo lógico, ou aquilo referido pelo sujeito de um juízo, ou seja, tudo aquilo em direção aonde é orientada nossa atividade cognoscitiva. Os objetos naturais, são os físicos e psíquicos, que não podem ser concebidos sem referência ao espaço e ao tempo, sendo os psíquicos aqueles que ocorrem na vida interior de um sujeito. Já os objetos ideais existem apenas na mente humana e são a-temporais e a-espaciais.
Reale propõe uma terceira esfera de realidade, onde os valores adquirem existência autônoma. Os valores são objetivos mas, por sua vez, vinculados com a realidade humana, sem a qual eles não seriam possíveis. Ele propõe uma alteração, classificando os objetos segundo o “ser” (objetos naturais: físicos, psíquicos e ideais) e objetos segundo o “dever ser” (objetos valiosos).
Os valores eram interpretados, até então, ou como qualidade do sujeito em relação ao objeto (Subjetivismo Axiológico) ou como objetos ideais. Embora haja muitas semelhanças entre os objetos ideais e os valores, pois ambos são a-temporais e a-espaciais,os valores só são concebidos em relação a uma coisa já existente e a principal distinção reside no âmbito da realidade na qual cada um deles faz referência. 
Enquanto os objetos naturais e ideais fazem referência ao "ser", os valores referem-se ao "dever ser". Portanto sobre a realidade dois tipos de juízos podem ser admitidos:
a. juízo sobre o ser ou sobre a realidade
b. juízo de valor, porque apresentam o real sob o prisma de algum valor.
Kant em sua obra “Crítica da Razão Pura” foi um dos primeiros a tratar a diferença entre o plano do “ser” e do “dever ser”. Reale reconhece a contribuição kantiana, porém rejeita o rígido formalismo racionalista de Kant, que estabeleceu uma concepção fixa e imutável do ser humano, eliminando seu aspecto histórico. 
Segundo Reale a realidade humana, pode ser analisada a partir dessas duas categorias fundamentais (ser e dever ser), ou seja, a consciência intencional pode ser orientada para captar o ser das coisas ou para valorar. Dentro desta perspectiva da realidade encontramos esta nova categoria de objetos, os objetos culturais propostos por Miguel Reale, representando uma forma de integração do “ser” e do “dever ser”, pois o ser é entendido sempre sob o prisma de algum valor. Segundo o professor Miguel Reale, o valor é um ente autônomo que estima a realidade sob a ótica de como ela deveria ser. Para uma verdadeira compreensão dos valores é necessária uma análise histórico-cultural da realidade humana.
3.2.3 A teoria de Miguel Reale x Hans Kelsen
A “Teoria Tridimensional do Direito” de Reale aparece em 1940, quando o jurista Hans Kelsen já brilhava há muito no cenário internacional. Para Kelsen o Direito é mera norma. A Teoria Tridimensional do Direito” de Reale torna-se célebre e contrasta com o normativismo hierárquico de Kelsen, em particular porque nas palavras do jusfilósofo brasileiro (citado por CUNHA E SILVA NETO, 2005):
Não nos explica, com efeito, como é que os três elementos se integram em unidade, nem qual o sentido de sua interdependência no todo. Falta a seu trialismo, talvez em virtude de uma referibilidade fragmentada ao mundo infinito das “mônadas de valor”, falta-lhe o senso de desenvolvimento integrante que a experiência jurídica reclama.
O direito seria uma realidade trivalente ou tridimensional (REALE, 2000). O Direito, segundo Reale, seria sempre fato, valor e norma, para quem quer que o estude, havendo apenas variação no enfoque de pesquisa.
Podemos dizer que a história do direito, antes de surgir a Teoria Tridimensional do Direito, apresentava o Direito com certo reducionismo e muito abstrato. O próprio Reale constata isso, quando afirma (CUNHA E SILVA NETO, 2005):
Já foi dito – e a afirmação é válida em suas gerais dominantes – que a mentalidade do século XIX foi fundamentalmente analítica ou reducionista, sempre tentada a encontrar uma solução unilinear ou monocórdica para os problemas sociais e históricos, ao passo que em nossa época prevalece um sentido concreto de totalidade ou de integração na acepção plena destas palavras, superadas as pseudototalização realizadas em função de um elemento ou fator destacado do contexto da realidade.
A originalidade de Reale está na superação de Kelsen, propondo sua fórmula (REALE, 2000): “O Direito é uma integração normativa de fatos segundo valores”.
Sendo assim, os três elementos fato, valor e norma dialetizam-se na teoria tridimensional jurídica. Há uma dinamicidade integrante e convergente entre essas três dimensões, de modo que temos três ordens de dialética conforme o seu sentido dominante no processo, apresentado da conforme a Tabela 1 (REALE, 2000):
Tabela 1. xxxxx
	Ciência do Direito
	Fato
	Valor
	Norma
	Sociologia do Direito
	Norma
	Valor
	Fato
	Filosofia do Direito
	Fato
	Norma
	Valor
Fonte: 
Na história precedente à sistematização da tridimensionalidade jurídica destacam-se duas correntes filosófico-jurídicas que fundamentavam o Direito: o sociologismo jurídico e criticismo formal. A primeira tomava os fatos jurídicos estabelecendo uma mera descrição de uma realidade que se desenvolveu sob a influência do positivismo e da sociologia “empírico-naturalista”. Já o criticismo formal recebeu influência de Immanuel Kant e via que a realidade é apreendida a partir de certos princípios a priori, em que a forma determina o que é jurídico (REALE, 2000).
Se o formalismo lógico acusava o sociologismo de esquecer o critério segundo o qual realidade deve ser ordenada, o sociologismo naturalístico acusava o formalismo de esquecer a realidade viva, encerrando-se na universalidade lógica puramente abstrata. Perante essa “unidimensionalidade”, representada por cada uma das tendências opostas, surge a exigência de compreender a totalidade como uma integração dos elementos contrapostos; mas esta não poderia ser o resultado de uma “bidimensionalidade”, porque para que tal integração se desse, nenhuma das duas dimensões poderia oferecer o elemento integralizante: era necessário, pois, que surgisse um terceiro elemento, e que a totalidade adquirisse, por isso mesmo, um aspecto tridimensional.(CUNHA E SILVA NETO, 2005):
3.3 A TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO
xxxxxxxxxxxxx
3.4 A TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO E O NOVO CÓDIGO CIVIL
A Teoria do Direito de Miguel Reale é de grande suma para a compreensão da Ciência do Direito, através do vínculo feito entre a dimensão ontológica (fato que revela o ser jurídico), a dimensão axiológica (que valora o ser jurídico), e a dimensão gnosiológica (que dá a forma normativa ao ser jurídico) (GONÇALEZ, 2016). 
Ao analisar o novo Código Civil, percebe-se uma forte influência culturalista e tridimensional do Direito, como no caso, por exemplo, do instituto da função social do contrato, expresso no artigo 421: "Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato” (CÓDIGO CIVIL, 2016).
Neste caso, Reale introduziu o mais relevante instrumento de intervenção jurídica de nosso ordenamento jurídico, em que o Estado-Juiz minimiza os malefícios do liberalismo ou do neo-liberalismo e preserva os valores de proteção aos mais fracos. Tal dispositivo propicia ao aplicador do Direito coibir abusos, integrando o instituto do contrato e as partes contratantes, aos valores do bem comum e da finalidade social da lei (GONÇALEZ, 2016).
 
CONCLUSÃO
�
6 REFERÊNCIAS
AGUIAR, C. F.; ASSIS, M. Perfil de mulheres idosas segundo a ocorrência de quedas: estudo de demanda no Núcleo de Atenção ao idoso da UnATI/UERJ. Rev Bras. Geriatr. Gerontol. v.12, n.3, p.391-404. 2009.
ANDRADE. R. M.; MATSUDO, S. M. M. Relação da força explosiva e potência muscular com a capacidade funcional no processo de envelhecimento. Rev Bras Med Esporte. São Paulo, São Caetano do Sul, v.16, n.5, p.344-348, set-out. 2010.
REALE, M. Filosofia do Direito. 8ª ed., São Paulo: Saraiva, 1978.
REALE, M. Lições Preliminares de Direito 27º edição 12º triagem 2014.
Roda Viva Programa exibido pela TV Cultura 13 – 11 – 2000.
1 - O ESTADO MODERNO, 1934, autor MIGUEL REALE, Livraria José Olympio 1ª edição, reeditado nas Obras Políticas 1ª fase, Editora Universidade de Brasília, Tomo II 1983. 
ALVES, DOMITILA DUARTE (2015)
Revista: Semana Acadêmica
https://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/artigo_-_cinco_temas_do_culturalismo_-_miguel_reale.pdf
Everaldo Tadeu Quilici Gonzalez. A Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale e o novo Código Civil brasileiro. http://www.unimep.br/phpg/mostraacademica/anais/4mostra/pdfs/145.pdf
Código civil http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm

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