Buscar

TCC - Terceirização trabalhista

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ANHANGUERA UNIDERP
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO
WILLIAM MEDEIROS DE SOUZA
TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA: ANÁLISE DOS PROJETOS DE LEI EM TRAMITAÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL
CRUZEIRO DO SUL/AC - 2014
WILLIAM MEDEIROS DE SOUZA
TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA: ANÁLISE DOS PROJETOS DE LEI EM TRAMITAÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL
Monografia apresentada à Secretaria de Pós-Graduação da Universidade Anhanguera Uniderp, para a obtenção do título de Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho.
Orientador: Prof. ____________________
CRUZEIRO DO SUL/AC - 2014
RESUMO
O fenômeno da terceirização trabalhista, em que pese sua aplicação no ramo empresarial brasileiro há mais de 30 anos, não possui uma legislação ordinária genérica quanto ao tema, apenas leis esparsas e específicas, entendimentos sumulados pelo Tribunal Superior do Trabalho e lições doutrinárias. O presente trabalho tem por objetivo analisar os Projetos de Lei em tramitação no Congresso Nacional, quais sejam os PL´s 4330/2004 - proveniente do empresariado brasileiro – e 1621/2007 – resultado de discussão na classe trabalhadora. Utiliza-se, para tanto, de vasto material bibliográfico, dentre os quais dados estatísticos com base em pesquisas realizadas com trabalhadores submetidos ao regime da terceirização trabalhista. Procura-se, também, identificar os efeitos provocados pela terceirização, principalmente aqueles fatores que levam à precarização social do trabalho e apontar possíveis soluções para tentar eliminar os males decorrentes dessa prática, que atingem milhões de trabalhadores, processo que se inicia com a atividade legislativa.
Palavras-chave: Terceirização. Precarização social do trabalho. Projeto de Lei nº 4330/2004. Projeto de Lei nº 1621/2007.
ABSTRACT
The phenomenon of labor outsourcing, despite its application in the Brazilian business sector for over 30 years, has no general common law on the subject, only sparse laws and specific understandings sumulados by the Superior Labor Court and doctrinal lessons . This study aims to analyze the Bills pending in Congress, namely the PL 's 4330/2004 - from the Brazilian business - and 1621/2007 - the result of discussion in the working class. It is used for both, the vast bibliography, among them based on statistical surveys of workers subject to the system of labor outsourcing data. An attempt is also to identify the effects of the outsourcing, especially those factors that lead to social precariousness of work and point out possible solutions to try to eliminate the evils arising from this practice, which affect millions of workers, a process that begins with the legislative activity.
Keywords: Outsourcing. Social precariousness of work. Draft Law No. 4330/2004. Draft Law No. 1621/2007.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................05
CAPÍTULO I – TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA...................................................07
1.1 Conceito.............................................................................................................07
1.2 Evolução histórica.............................................................................................08
1.3 Normatização......................................................................................................09
1.4 Terceirização lícita e ilícita................................................................................12
1.5 Vantagens e desvantagens da terceirização...................................................14
1.6 Efeito principal da terceirização: precarização social do trabalho...............16
CAPÍTULO II – PROJETOS DE LEI SOBRE TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA...18
2.1 Projeto de Lei nº 4.330/2004..............................................................................18
2.2 Projeto de Lei nº 1.621/2007..............................................................................21
2.3 Diferenças entre os PL´s 4.330/2004 e 1.621/2007..........................................23
2.4 Efetividade: processo que transcende a produção legislativa......................26
CONCLUSÃO............................................................................................................29
INTRODUÇÃO
A terceirização trabalhista é um fenômeno social provocado pela crise do capitalismo. Como várias fábricas estavam tendo dificuldades financeiras, muitas literalmente encerrando suas atividades por motivos de falência (hoje não é diferente, repise-se), o empresariado procurou encontrar formas de reduzir os custos na produção. Uma delas e que atinge com mais perversidade os trabalhadores foi, sem dúvida, a terceirização trabalhista.
No presente trabalho far-se-á um esboço sobre a terceirização, definindo os conceitos existentes, como surgiu e sua evolução até os dias atuais, as normas aplicáveis às empresas que se utilizam dessa nova forma de organização trabalhista - com destaque para a Súmula 331 do TST - bem como o que se entende por terceirização lícita e ilícita. Será abordado, ainda, os efeitos decorrentes da terceirização, em especial no que tange à precarização social do trabalho, tudo no primeiro capítulo da monografia.
No capítulo seguinte, uma análise dos dois Projetos de Lei em tramitação no Congresso Nacional a respeito do assunto, sobre os quais tentará se extrair o melhor conteúdo como forma de contribuir no debate das ideias que culminarão na criação da legislação, de modo que não prejudique os direitos trabalhistas conquistados desde o Governo de Getúlio Vargas, como a equiparação salarial, condições ambientais saudáveis, liberdade sindical da categoria, dentre tantos.
Procura-se, também, não se ater somente ao aspecto legislativo, mas à questão da fiscalização, pois de nada adianta ter um robusto ordenamento jurídico se não houver órgãos com capacidade para dar cumprimento ao mesmo, de modo que é destacada a importância do Ministério do Trabalho e Emprego, que possui o Auditor-Fiscal do Trabalho como servidor responsável por fiscalizar as empresas. Faz menção, ainda, ao Ministério Público do Trabalho, personificado na figura do Procurador do Trabalho, que atua na defesa dos direitos sociais estabelecidos na Constituição Federal, seja de forma conciliatória (termo de ajustamento de conduta), seja de forma judicial (ação civil pública).
A terceirização é um tema polêmico e que vem sendo debatido há muitos anos pelos diferentes Governos, grupos de empresários, entidades representativas de trabalhadores, juristas, advogados, juízes e procuradores do trabalho, dentre outros, sem que tenha se chegado - depois de 10 anos - a um denominador comum. Este trabalho tem a finalidade de contribuir com o debate, ciente do papel a ser desempenhado pelo mundo acadêmico, apontando as soluções que entende mais justas para um futuro com relações de trabalho mais dignas.
 
CAPÍTULO I – TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA
Conceito
Na relação de emprego comum, temos uma relação bilateral, em que figuram como atores sociais o empregador e o empregado, conceituados pelos arts. 2º e 3º da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), de modo que o primeiro contrata o segundo para prestar serviços ao seu empreendimento, havendo, em contrapartida, uma remuneração pela mão-de-obra utilizada. Por este motivo, a obrigação quanto aos créditos trabalhistas fica a cargo do empregador, assumindo os riscos da atividade empresarial, podendo conviver com as benesses do lucro, mas também com as amarguras do prejuízo.
Com a reformulação do capitalismo e a necessidade das empresas de sempre auferirem mais lucros, explicado com mais detalhes no item seguinte, surge o fenômeno da terceirização trabalhista, que se trata de uma relação trilateral, na qual– além do empregador, agora denominado empresa prestadora de serviços e do empregado, transformando-se em trabalhador terceirizado – figura um terceiro elemento, a empresa tomadora de serviços, quer dizer, aquela para a qual o empregado da empresa prestadora de serviços irá executar os serviços.
Importante salientar que entre a empresa prestadora de serviços e o seu empregado existe uma relação de emprego, nos termos do que preconiza a CLT, porém entre as empresas a relação deriva de um contrato civil, regida pelo Código Civil, contrato de prestação de serviços e que pressupõe a execução de serviços específicos, que não guardam relação com a atividade finalística da empresa. 
Para Martins (2012, p.10), “consiste a terceirização na possibilidade de contratar terceiro para a realização de atividades que geralmente não constituem o objeto principal da empresa”. A partir desse conceito podemos extrair alguns elementos, de grande valia para a análise do fenômeno. O objeto principal de uma empresa seria a atividade-fim. A se tomar como exemplo um banco, atividades-fim seriam todas aquelas relacionadas a serviços bancários, como saque de dinheiro, empréstimos, etc. 
Com a finalidade primeira de reduzir custos, o empresário terceiriza as atividades consideradas secundárias ou acessórias da empresa, como, por exemplo, o serviço de vigilância e de limpeza, cujos contratos de trabalho desses trabalhadores ficam vinculados à empresa prestadora de serviços.
O Ministro do TST Godinho Delgado (2002, p. 417) define a terceirização da seguinte forma, criticando a ausência de um conceito jurídico para o tema:
“A expressão terceirização resulta de neologismo oriundo da palavra terceiro, compreendido como intermediário, interveniente. Não se trata seguramente, de terceiro, no sentido jurídico, como aquele que é estranho a certa relação jurídica entre duas ou mais partes. O neologismo foi construído pela área de administração de empresas, fora da cultura do Direito, visando enfatizar a descentralização empresarial de atividades para outrem, um terceiro à empresa.”
Verifica-se, portanto, a necessidade de se legislar sobre o tema, primeiro para regular a terceirização, o que é feito unicamente por um entendimento sumulado do TST, conforme veremos adiante, mas também para definirmos, à luz do ordenamento jurídico, o que é terceirização trabalhista, haja vista o tema ser abordado sempre com vistas ao campo da Administração e não da Ciência do Direito.
1.2 Evolução histórica
O surgimento da terceirização no mundo está associado às empresas estadunidenses na vigência da 2ª Guerra Mundial, para ser mais específico, às indústrias bélicas. Com a necessidade de fornecer um número cada vez maior de armas e em tempo bastante curto, as grandes corporações bélicas foram terceirizando a produção de partes do produto final a empresas menores.
Dessa forma, o antigo modelo de produção baseado no fordismo - em que a principal característica da fábrica era justamente a centralização, com uma empresa participando de todo o processo de fabricação do produto e níveis de hierarquia rígidos entre seus funcionários, notadamente a discriminação entre trabalho intelectual e manual - foi recebendo uma nova roupagem. Este novo modelo, conhecido por toyotismo, teve ideia oposta ao do anterior, pois o foco principal passou a ser a descentralização da produção dos bens. Sendo assim, o processo produtivo deixou de ser verticalizado, o que proporcionou maior autonomia, gerando resultados impressionantes.
Pochmann (2007, p.1), grande economista brasileiro, analisa com propriedade o tema e exemplifica:
“[...] o sistema japonês de manufatura (toyotismo) passou a se tornar referência mundial, tendo em vista o ganho de produtividade superior ao possibilitado pelo modelo fordista de organização da produção. No ano de 1980, por exemplo, a Toyota havia produzido cerca de 4,5 milhões de automóveis com 65 mil empregados diretamente contratados (69 carros por trabalhador), enquanto a General Motors tinha produzido 8 milhões de automóveis com 750 mil empregados diretamente contratados (9 carros por trabalhador).”
A realidade brasileira mostra que a terceirização começou a ser utilizada em nosso país nos anos 80, já no fim da ditadura militar e intensificada nos anos 90, com a política neoliberal adotada pelo Governo de Fernando Henrique Cardoso, que eliminou diversos direitos da classe trabalhadora e estimulou esse tipo de prática pelas empresas.
As empresas prestadoras de serviço no Brasil aumentaram de forma exponencial nos últimos anos, de modo que essa nova organização do trabalho veio para ficar, necessitando, com urgência, de regulamentação.
1.3 Normatização
Não há em nosso país legislação tratando da terceirização trabalhista, ao menos de forma genérica, já que em alguns casos específicos existe a referida norma. Há também leis que não tratam de terceirização em si, mas que são pertinentes, como a lei do trabalho temporário e o art. 455, da CLT, que prevê os contratos de subempreitada.
O primeiro regramento que previu uma relação trilateral, nos moldes da terceirização, foi a lei nº 6.019/74, tendo por finalidade “atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços” (art. 2º) e estabelecendo um prazo máximo de duração de 3 meses de contrato entre as empresas (art. 10).
Pode-se destacar, quase 10 anos depois, a lei nº 7.102/83, que veio dispor sobre segurança nos estabelecimento bancários, no que tange aos serviços de vigilância e de transporte de valores, quando estabeleceu em seu art. 3º a possibilidade de contratação de empresa terceirizada para realização desses serviços específicos.
Ressalte-se a elaboração das Súmulas 256 e 257 do TST, a primeira já cancelada (deu lugar à 331), em 1986. Pela primeira, “salvo os casos de trabalho temporário e de serviço de vigilância, previstos nas Leis nºs 6.019, de 03.01.1974, e 7.102, de 20.06.1983, é ilegal a contratação de trabalhadores por empresa interposta, formando-se o vínculo empregatício diretamente com o tomador dos serviços” e de acordo com a segunda “o vigilante, contratado diretamente por banco ou por intermédio de empresas especializadas, não é bancário”. A terceirização, portanto, nesses casos específicos, passou a ser admitida.
Ainda com relação aos bancos e no intuito de coibir fraudes, o TST editou a Súmula 239, reformada em 2005:
 “É bancário o empregado de empresa de processamento de dados que presta serviço a banco integrante do mesmo grupo econômico, exceto quando a empresa de processamento de dados presta serviços a banco e a empresas não bancárias do mesmo grupo econômico ou a terceiros.”
 
Essa norma foi elaborada pelo fato de que as instituições bancárias, do dia para a noite, extinguiram o setor de contabilidade e empresas foram constituídas exclusivamente para prestarem serviços contábeis aos bancos, de modo que os trabalhadores, dantes submetidos a uma carga horária de 6 horas, tiveram que laborar por mais 2 horas diárias, gerando lucros ao banco em detrimento do suor da classe trabalhadora. Sendo assim, o TST entendeu que esse trabalhador é bancário e tem direito a essas horas extras trabalhadas indevidamente.
Em 1993, o TST aprovou a Súmula 331, esta sim contemplando de forma mais genérica o fenômeno da terceirização, que se segue:
“CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE
I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). 
  
II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). 
  
III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligadosà atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. 
  
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial. 
  
V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada. 
  
VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral.”
Os requisitos da relação de emprego são: pessoalidade, habitualidade, onerosidade e subordinação jurídica. Percebe-se, no inciso III, que o TST quis evitar o trabalho prestado em razão da pessoa e, principalmente, sob as ordens do tomador de serviços. Quer dizer, a relação deve ser apenas civil de empresa para empresa, o trabalhador prestador de serviços tem que obedecer ordens somente do seu empregador, que no caso é a empresa prestadora de serviços. A ideia é justamente evitar as fraudes trabalhistas, em que a empresa prestadora serve apenas de fachada, ficando o trabalhador submetido ao regime imposto pelo tomador dos serviços, caracterizando-se, nesse caso, o vínculo empregatício direto.
Deve ser observado, ainda, que o TST apenas permite terceirização nas atividades-meio da empresa, ou seja, aquelas que não se configuram como atividade essencial, finalística, a exemplo dos serviços de vigilância, limpeza, contabilidade, jurídico, entre outros. Caso a empresa contrate terceirizada para exercer atividade-fim, será declarado o vínculo empregatício diretamente com o empregado da empresa prestadora de serviços. Em que pese a norma, em muitas situações ocorre a terceirização na atividade-fim da empresa, como, por exemplo, nas indústrias automobilísticas, em que toda a produção do veículo é feita por terceiros, fincando a indústria responsável apenas pela montagem do bem e a Justiça do Trabalho não vem reconhecendo o vínculo empregatício nesses casos.
Quanto à responsabilidade da tomadora de serviços, o TST entende que deve ser subsidiária. Trata-se de um benefício de ordem, em que caso o devedor principal não pague seus débitos, a dívida é transferida para o devedor secundário, subsidiário, desde que seja comprovada a culpa pela má escolha da prestadora (culpa in elegendo) ou pela falha na fiscalização (culpa in vigilando). Este assunto será abordado com mais ênfase na análise dos projetos de lei.
1.4 Terceirização lícita e ilícita
Basicamente podemos dizer que uma terceirização é licita se estiver em conformidade com a lei e ilícita quando ocorrer a sua transgressão. Pelo estudo da Súmula 331 do TST, constata-se que para a prestação de serviços por terceiros estar dentro dos critérios legais, necessita da ausência dos requisitos da pessoalidade e da subordinação jurídica, sob pena de ser aplicado o art. 9º da CLT, sendo decretado o vínculo empregatício direto.
A ilegalidade nasce, geralmente, na locação permanente de mão de obra, que evidencia a continuidade na prestação dos serviços, característica intrínseca à relação de emprego. A terceirização tem por finalidade suprir carências da empresa em setores que não são seu objeto principal, aumentando, assim, sua competitividade pela redução dos custos.
Para Martins (2012, p. 162), não pode haver qualquer tipo de subordinação, nem o trabalho pode ser prestado de forma pessoal e ainda deve ser desempenhado com total autonomia. Cita o Desembargador um caso que passou por seu Gabinete em que todo o departamento de vendas da empresa foi terceirizado, sendo que os trabalhadores continuaram prestando serviços como vendedores, constituídos sob a forma de microempresa. 
Essa pejotização, inclusive, que é a transformação da pessoa física em pessoa jurídica, representa uma fraude clara aos direitos trabalhistas, uma vez que empresa não recebe 13º salário, FGTS, dentre outros tantos direitos consolidados na Constituição Federal.
À luz das normas existentes, Martins (2012, p. 160-161) exemplifica diversas situações em que há licitude na terceirização dos serviços: 1) trabalho temporário (lei nº 6.019/74); 2) vigilantes (lei nº 7.102/83); 3) limpeza; 4) empreitada (arts. 610 a 626 do Código Civil); 5) subempreitada (art. 455 da CLT); 6) representante comercial autônomo (lei nº 4.886/65); 7) estagiário (lei nº 11.788/08); 8) transporte rodoviário de cargas (lei nº 11.442/07); 9) trabalho em domicílio, sob a forma de autônomo; 10) trabalhador avulso, entre outros.
Todas essas contratações mencionadas se referem a atividades-meio, que não constituem o objeto principal da empresa. No entanto, verifica-se, também, lamentavelmente, a regularização da terceirização na atividade-fim da empresa, a exemplo das concessionárias de serviço público (art. 25, §1º, da Lei nº 8.987/95) e de serviço de telecomunicações (art. 94, II, da Lei nº 9.472/97).
Na visão deste autor, todas as terceirizações que fossem realizadas na atividade-fim da empresa ou que, sendo na atividade-meio, estivessem revestidas de pessoalidade ou subordinação, deveriam ser declaradas nulas e, por conseguinte, sendo reconhecido o vínculo empregatício diretamente com o tomador dos serviços.
Andrade (2012, p. 82) completa o raciocínio com perfeição, sob o prisma da especialização do serviço:
“Quando se está em busca de trabalho a ser prestado por profissional especializado que não pode prover sozinha [...]. A preocupação determinante é com a qualidade do serviço, e não com o preço. Tudo isso proporciona aos obreiros envolvidos um padrão de garantias e benefícios similar ou superior ao padrão dos empregados da tomadora. Assim, a terceirização não agride o ordenamento jurídico.
Quando ausente a necessidade de especialização efetiva do trabalhador, o que se pretende primordialmente é a redução dos custos, inserindo-se aí a terceirização com precarização de direitos [...].”
1.5 Vantagens e desvantagens da terceirização
Segundo Paulo Melchor (2004, p. 7-8), consultor do SEBRAE, são desvantagens para a empresa que pratica a terceirização:
Verificar se o pessoal disponibilizado pela empresa terceirizada consta como registrado e se os direitos trabalhistas e previdenciários estão sendo pagos e respeitados;
Sofrer autuação do Ministério do Trabalho e ações trabalhistas em caso de inobservância das obrigações mencionadas no item acima;
Fiscalização dos serviços prestados para verificar se o contrato de prestação de serviços está sendo cumprido integralmente, conforme o combinado;
Risco de empresa de contratação não qualificada.
E aponta como vantagens:
Estrutura administrativa simplificada, uma vez que não terá de realizar registros/demissões, pagamentos de salários, FGTS, INSS dos empregados, etc.;
Mais participação dos dirigentes nas atividades-fim da empresa;
Concentração dos talentos no negócio principal da empresa;
Redução do custo de estoques;
Maior facilidade na gestão do pessoal e das tarefas;
Possibilidade de rescisão do contrato conforme as condições preestabelecidas;
Controle da atividade terceirizada por conta da própria empresa contratada;
Menores despesas com aquisição e manutenção de máquinas, aparelhos e uniformes fornecidos pela empresa contratada;
Ampliação de mercado para pequenas empresas que terão oportunidade de oferecer seus serviços de terceirização.
Percebe-se que as vantagens para as empresas que se utilizam da terceirização são bem maiores do que as desvantagens, por isso é um fenômeno trabalhista quase que irreversível, dado o interessedo empresariado brasileiro em manter o cenário favorável para obtenção do lucro, de modo que a regulamentação desse instituto é essencial para proteger os trabalhadores.
O DIEESE (2007, p. 13-14), em Relatório Técnico, também aponta, na visão dos empresários, quais seriam as vantagens decorrentes da terceirização:
Diminuição do desperdício;
Melhor qualidade;
Maior controle de qualidade;
Aumento de produtividade;
Melhor administração do tempo da empresa;
Agilização de decisões;
Otimização de serviços;
Liberação da criatividade;
Redução do quadro direto de empregados;
Novo relacionamento sindical;
Desmobilização dos trabalhadores para greves/reivindicações;
Eliminação das ações sindicais;
Eliminação das ações trabalhistas.
Conclui, ainda, que dos 13 motivos elencados pelos empresários, 4 deles referem-se apenas à desmobilização de ações sindicais, não possuindo qualquer relação com o processo produtivo, o que é preocupante. Desmobilizar os sindicatos é um dos efeitos da terceirização e, como tal, leva à precarização do trabalho, próximo tópico. 
1.6 Efeito principal da terceirização: precarização social do trabalho
Em que pese as supostas vantagens da terceirização apontadas pelos empresários, o fato é que esse fenômeno prejudica sobremaneira os trabalhadores.
 A CUT (2013, p. 4), utilizando dados fornecidos pelo DIEESE, mostra algumas estatísticas que corroboram essa linha de raciocínio:
27,1% o terceirizado ganha, em média, a menos que o empregado direto;
80% dos acidentes do trabalho ocorrem com terceirizados;
80% dos acidentes de trabalho fatais ocorrem com terceirizados;
2,6 anos é o tempo médio que um terceirizado permanece na empresa, enquanto o empregado permanece um tempo médio de 5,8 anos, portanto mais que o dobro.
A CUT representa os interesses dos trabalhadores, então, de certa forma, suas estatísticas podem estar selecionadas de acordo com o que convém somente aos trabalhadores. Desta forma, também é apontado um dado fornecido pelo Judiciário, mais especificamente o Tribunal Superior do Trabalho (2012), segundo o qual 61% dos 100 maiores devedores trabalhistas são empresas prestadoras de serviços. Ou seja, além dos trabalhadores perceberem remuneração bem inferior aos empregados da tomadora de serviços, ainda tem de conviver com uma realidade de inadimplência por parte de seus empregadores, que não honram compromissos trabalhistas acordados no contrato de trabalho.
As estatísticas realmente assustam. Os resultados obtidos em pesquisas com trabalhadores submetidos ao regime da terceirização demonstram que estes correm riscos de acidentes muito maiores e percebem remuneração bem mais baixa que os empregados comuns da empresa, essa é a realidade do novo modelo de produção capitalista terceirizado. O fato é que o homem renova a maneira como explora os demais homens. Sob o pretexto de reduzir custos na produção, causa um efeito violento nas relações de trabalho, o que a doutrina vem denominando de precarização social do trabalho.
Nesse diapasão, transcrevo pensamento do ilustre Procurador do Trabalho Rodrigo Carelli, em artigo publicado em obra coordenada por Graça Duck e Tânia Franco (2012, p. 67):
“Hoje há a possibilidade de uma empresa contratar outra por um preço baixo, e essa, premida pelo preço que foi contratada, subcontratar outra para que, com trabalhadores precarizados e desprotegidos, às vezes contratados por cooperativas de mão de obra, realizem o serviço. Os trabalhadores, que receberão menos do que os da empresa principal, não terão os mesmos benefícios, às vezes suas verbas trabalhistas não serão pagas integralmente, terão que ingressar com uma custosa e demorada ação trabalhista para que, quando conseguirem encontrar o seu real empregador, poderão demandar seus direitos, quando não ceifados pela curta prescrição dos direitos trabalhistas ou pela falta de provas que não conseguiram angariar.”
A jurista Graça Duck (2012, p. 30), que nos últimos 20 anos estuda as conexões entre saúde e trabalho, leciona que:
“O debate acerca da precarização do trabalho no Brasil refere-se fundamentalmente aos resultados e impactos da flexibilização, cujas noções que marcam as análises são a fragmentação, a segmentação dos trabalhadores, a heterogeneidade, a individualização, a fragilização dos coletivos, a informalização do trabalho, a fragilização e crise dos sindicatos e, a mais importante delas, a ideia de perda – de direitos de todo tipo – e da degradação das condições de saúde e de trabalho.”
O trabalho deve ser instrumento para se obter riqueza, tanto para o empresário quanto para o trabalhador. É fonte para o sustento da família. Traz, portanto, para o indivíduo, dignidade. No entanto, o excesso de carga horária, a baixa remuneração, a falta de representação de uma entidade para lutar por melhores condições de trabalho, dentre outros aspectos, são fatores que desvalorizam o sentido da expressão dignidade.
CAPÍTULO II – PROJETOS DE LEI SOBRE TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA
Conforme exposto no primeiro capítulo, a terceirização ainda não se encontra regulamentada na esfera legislativa, apenas jurisprudencialmente, quer dizer, no âmbito dos Tribunais.
Deste modo, dois Projetos de Lei encontram-se tramitando na Câmara dos Deputados, com vistas a dispor sobre o tema da terceirização trabalhista: o PL 4.330/2004 e o PL 1.621/2007, cada qual com características bem peculiares, pois originados de segmentos diametralmente opostos no que tange à visão sobre as relações de trabalho.
2.1 Projeto de Lei nº 4.330/2004
 O Projeto de Lei nº 4.330/2004, de autoria do Deputado Sandro Mabel (PL-GO), representa os interesses do empresariado brasileiro. A sua aprovação, nos termos em que o Deputado propõe, seria um desastre para o mundo da organização do trabalho, tendo em vista a regularização da terceirização na atividade-fim da empresa.
Em seu art. 2º, §1º, o PL prevê a possibilidade de subcontratação indefinida, o que obviamente prejudica demais os trabalhadores, que, não raras vezes, não conseguem definir seu real empregador, em virtude de inúmeras subcontratações e, em geral, para empresas de menor poder aquisitivo.
No art. 3º estabelece alguns requisitos para o funcionamento da empresa prestadora de serviços, como a inscrição de CNPJ, registro na Junta Comercial e capital social compatível com o número de empregados. Essa proposta se mostra interessante, porém os valores previstos pelo Deputado ficam muito abaixo de um patamar mínimo de garantia de solvência para pagar os débitos trabalhistas e previdenciários.
Esses valores são estabelecidos pelo número de empregados, mas, percebe-se, que foi utilizado, em média, o critério de R$ 1.000,00 (mil reais) por empregado. No mesmo artigo, prevê reajuste conforme o índice do INPC. Considerando que o índice do INPC varia em torno de 5% ao ano, o acumulado nesses 10 anos não passaria de 100%, isso significa que atualmente o valor estaria em R$ 2.000,00 (dois mil reais) por empregado, o que não garante, de forma alguma, que essa empresa tenha condições de honrar seus compromissos com os trabalhadores.
Outra norma bem interessante é o art. 17, no qual estabelece multa administrativa pelo descumprimento de algum preceito da lei, ficando a empresa infratora obrigada a pagar R$ 500,00 (quinhentos reais) por trabalhador prejudicado. A ideia faz sentido e, a princípio, parece que beneficia o trabalhador, mas em contratos que geralmente envolvem valores exorbitantes, estabelecer uma penalidade de apenas R$ 500,00 (quinhentos reais) é até um insulto com a classe trabalhadora.
Institui o art. 9º a possibilidade de equiparação de direitos entre o prestador de serviços e os empregados da empresa tomadora, ficando a critério deste. Essa norma, por si só, demonstra o caráter obscuro da situação dos empregados da empresa prestadora de serviços, sempre em condições muito piores que os da empresa tomadora. O que estatui como faculdade, na verdade, deveria ser uma obrigação, por uma questão de dignidadee respeito.
Outro aspecto preocupante nesse Projeto de Lei é a possibilidade de terceirização por pessoa física. Na exposição das razões, o Deputado Sandro Mabel alega que “a inclusão de pessoa física justifica-se pela necessidade de permitir a contratação de prestadoras de serviço por profissionais liberais”. Ora, se o autônomo deseja ter uma secretária em seu consultório que a contrate com carteira assinada. Trata-se de um subterfúgio com a clara intenção de fraudar os direitos trabalhistas, de modo que somente a pessoa jurídica legalmente constituída pode ser concedida essa prerrogativa de terceirizar serviços.
Preceitua também que “os serviços contratados podem ser executados no estabelecimento da empresa contratante ou em outro local, de comum acordo entre as partes” (art. 6º). Quanto a esse aspecto do lugar da prestação dos serviços, nenhuma objeção, o único problema é que o projeto de diploma legal deveria ter previsto a possibilidade de se configurar o vínculo empregatício direto entre o prestador de serviços e a empresa tomadora, caso esta dirigisse a prestação dos serviços de seu modo (subordinação jurídica) e em razão da pessoa do trabalhador (pessoalidade). 
Em sentido inverso, o Projeto de Lei ora analisado, versa claramente que “não se configura vínculo empregatício entre a empresa contratante e os trabalhadores ou sócios das empresas prestadoras de serviços, qualquer que seja o seu ramo” (art. 2º, §2º). Sendo assim, percebe-se que a intenção da norma é reduzir os custos da produção através da fraude aos direitos trabalhistas, terceirizando serviços para que não tenha de assinar carteira do empregado e honrar com todas as obrigações trabalhistas e previdenciárias.
Esse entendimento fica evidenciado de forma mais nítida com a leitura do art. 4º, §2º, segundo o qual “o contrato de prestação de serviços pode versar sobre o desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou complementares à atividade econômica da contratante”. É um disfarce, na verdade, pra permitir que a empresa terceirize quaisquer atividades que entender necessárias, ou seja, é abrir o leque para que sejam terceirizadas as atividades finalísticas da empresa, o que seria um absurdo do ponto de vista jurídico-social. Aliás, o próprio TST proibiu essa hipótese de contratação na Súmula 331.
Nesse diapasão é a compreensão do eminente Ministro do TST, Godinho Delgado, conforme notícia publicada no sítio da Central dos Trabalhadores do Brasil – CTB (2013), transcrito abaixo:
 “O projeto, claramente, generaliza a terceirização. Na concepção de 19 dos ministros do TST, que têm, cada um, 25 anos, no mínimo, de experiência no exame de processos, o projeto generaliza, sim, a terceirização trabalhista no país. Em vez de regular e restringir a terceirização, lamentavelmente, o projeto torna-a um procedimento de contratação e gestão trabalhista praticamente universal no país.”
Ressalte-se, entretanto, que em dois tipos de serviços já existem regulamentação específica liberando a terceirização na atividade-fim da empresa: concessionárias de serviço público (art. 25, §1º, da Lei nº 8.987/95) e telecomunicações (art. 94, II, da Lei nº 9.472/97), que vão na contramão do que defende a doutrina e a jurisprudência.
Quanto à responsabilidade da tomadora de serviços, o referido Projeto atribui responsabilidade subsidiária no caso da empresa prestadora de serviços não cumprir as obrigações com seus empregados. Apesar de ser esse o entendimento esculpido pelo TST na Súmula 331, entendo que a responsabilidade solidária protege com mais fidelidade os direitos trabalhistas, assim mostra a rotina processual das Varas Trabalhistas, em que muitos trabalhadores findam lesados em seus direitos, o que não ocorreria caso pudesse cobrar indistintamente de qualquer de seus devedores. Ademais, a responsabilidade subsidiária exige conduta culposa por parte da tomadora dos serviços, seja pela má escolha da prestadora ou por falha na fiscalização do cumprimento desses débitos, o que representa um empecilho.
Atualmente o Projeto de Lei nº 4.330/2004 encontra-se na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, tendo como última ação legislativa despacho, datado de 26/09/2013, concedendo o prazo de cinco sessões à Comissão de Constituição, de Justiça e de Cidadania (CCJ), para votar o parecer e remeter o Projeto ao Plenário da Casa. Tudo significa que no máximo em 2015 este Projeto esteja sendo votado na Câmara dos Deputados. Caso aprovado, será encaminhado ao Senado Federal, que também o aprovando, irá para sanção presidencial, o que, espero, para o bem da classe trabalhadora, não venha a ocorrer.
2.2 Projeto de Lei nº 1.627/2007
O Projeto de Lei nº 1.627/2007, de autoria do Deputado Vicentinho (PT-SP), é resultado de um longo debate da classe trabalhadora e tem suas origens na CUT.
Esse Projeto tem características bem peculiares comparado ao anteriormente analisado. Pelo art. 3º, por exemplo, fica proibida a contratação de terceirização na atividade-fim da empresa e conceitua esta como “o conjunto de operações, diretas e indiretas que guardam estreita relação com a finalidade central em torno da qual a empresa foi constituída, está estruturada e se organiza em termos de processo de trabalho e núcleo de negócios” (art. 3º, §1º).
Especifica, ademais, para não restar dúvidas, que “na atividade-fim da empresa não será permitida a contratação de pessoa jurídica, devendo tais atividades serem realizadas somente por trabalhadores diretamente contratados com vínculo de emprego”. (art. 3º, §2º).
Quanto aos requisitos que deverá cumprir a prestadora de serviços, o rol é bem mais exigente que do PL empresarial: 1) CNPJ; 2) Junta Comercial; 3) capital social integralizado suficiente para garantir a satisfação dos direitos e créditos trabalhistas, inclusive na rescisão; 4) certidão negativa de débito previdenciário (CND); 5) comprovação de entrega da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS); 6) comprovação da propriedade do imóvel-sede ou recibo do último mês do contrato de locação; 7) regularidade do FGTS; 8) certidão negativa de infrações trabalhistas expedida pelo MTE; 9) acordo coletivo ou convenção coletiva (art. 6º).
Esses requisitos sugeridos pelo Projeto de Lei reputam-se essenciais para evitar prejuízos à classe trabalhadora, só sendo feita a ressalva quanto à exigência também da certidão negativa de débitos trabalhistas (CNDT), implantada pelo TST há cerca de 2 anos. O sindicato passa a ter papel fundamental na negociação dos contratos, o que traz mais segurança para os trabalhadores na conquista por melhores condições de trabalho.
Houve um certo exagero, porém, no que se refere ao prazo que a empresa tomadora de serviços dispõe para informar ao sindicato sobre os projetos de terceirização: 6 meses (art. 4º). O tempo é um elemento fundamental no processo produtivo, exigir um prazo prévio de negociação extenso como esse pode trazer sérios riscos ao empreendimento, de modo que o mais razoável seria algo em torno de 2 meses, protegendo o trabalhador e garantindo o funcionamento regular da empresa.
Caso algum desses itens forem descumpridos, será aplicada uma multa de 10% sobre o valor do contrato, em favor do trabalhador prejudicado, nos termos do art. 13. Esse dispositivo garante um maior cuidado por parte dos empresários no cumprimento das normas, tendo em vista que os contratos de prestação de serviços, por vezes, possuem valores vultosos e não seria nada interessante ter de arcar com os prejuízos de uma multa de 10%. Se a multa é resultado da autuação do Auditor-Fiscal do Trabalho ou ação coletiva movida pelo Ministério Público do Trabalho ou entidades sindicais, o valor será revertido ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
O art. 7º, inciso I, trata da obrigatoriedade de equiparação de direitos (salário, jornada, benefícios, ritmo de trabalho e condições de saúde e segurança) entre os empregados da empresa tomadora de serviços e os da prestadora de serviços. Essa norma traz dignidade aos trabalhadores que prestam serviços terceirizados,pois normalmente ocorre que recebem remuneração bem inferior aos empregados diretos da tomadora e laboram em jornada excessiva de horas diárias, fora outros problemas advindos do ambiente de trabalho. Complementa os incisos IV e V que não poderá haver subordinação nem pessoalidade na prestação dos serviços, pois caso verificados estes, será declarado o vínculo empregatício entre a tomadora e os empregados da prestadora, conforme estabelece o art. 10.
No que diz respeito à responsabilidade proveniente do descumprimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias, o Deputado Vicentinho prescreveu com maestria que “a tomadora é solidariamente responsável, independentemente de culpa, pelas obrigações trabalhistas, previdenciárias e quaisquer outras decorrentes do contrato de prestação de serviços, inclusive nos casos de falência da prestadora” (art. 9º). Entendimento perfeito, pois abrange todos os créditos que, porventura possam derivar da relação contratual, assim como garante ao trabalhador acionar o Judiciário para pleitear as verbas devidas contra quaisquer das empresas indistintamente, sem necessidade de provar culpa da tomadora ou esperar pelo benefício de ordem próprio da responsabilidade subsidiária. Sendo assim, traz mais segurança ao trabalhador e prevenção na contratação, uma vez que a tomadora utilizar-se-á de maior cautela.
No estágio atual, o PL 1.621/2007 encontra-se apensado ao PL 4.330/2004, em virtude de despacho exarado pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados em 20/11/2013, tramitando, portanto, conjuntamente com o PL que lhe antecedeu no tema.
2.3 Diferenças entre os PL´s 4.330/2004 e 1.627/2007
Após a análise dos principais dispositivos dos dois Projetos de Lei, discrimino na tabela abaixo as características que os tornam antagônicos na proposta de regulamentação da terceirização trabalhista:
	PL 4.330/2004
	PL 1.621/2007
	Permissão de terceirização na atividade-fim
	Proibição de terceirização na atividade-fim
	Responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços
	Responsabilidade solidária das empresas tomadora e prestadora
	Requisitos para contratação da prestadora de serviços: 
1) CNPJ; 
2) cadastro na Junta Comercial;
3) capital social em média de R$ 2.000,00 por trabalhador.
	Requisitos para contratação da prestadora de serviços:
1) CNPJ; 
2) cadastro na Junta Comercial;
3) capital social suficiente para garantir os créditos trabalhistas, incluindo rescisão;
4) RAIS;
5) CND;
6) propriedade do imóvel-sede ou contrato de locação;
7) regularidade do FGTS;
8) certidão negativa expedida pelo MTE;
9) acordo ou convenção coletiva.
	Faculdade da empresa tomadora em equiparar direitos ao prestador de serviços
	Obrigatoriedade de equiparação de direitos entre os empregados da tomadora e os prestadores de serviços
	Legaliza a prestação dos serviços com pessoalidade/subordinação sem formar vínculo empregatício
	Proibição de prestação dos serviços com pessoalidade/subordinação, sob pena de formar vínculo empregatício
	Multa de R$ 500,00 por trabalhador prejudicado
	Multa de 10% sobre o valor do contrato em favor do trabalhador prejudicado
	Possibilidade de pessoa física terceirizar serviços
	Proibição de pessoa física terceirizar serviços
Três dessas diferenças modificam completamente a substância do fenômeno, quais sejam: possibilidade/proibição de terceirização na atividade-fim, faculdade/obrigatoriedade de equiparação de direitos entre os prestadores de serviços e os empregados da tomadora e a responsabilidade subsidiária/solidária.
Nesses três itens, o Projeto de Lei oriundo do empresariado brasileiro sempre provoca prejuízos consideráveis para a classe trabalhadora. Dando ênfase na permissão para terceirizar qualquer atividade da empresa, Souto Maior (2013) profetiza o perigo do que seria aprovar esse projeto, ao dizer que:
“O projeto preconiza que terceirização ´é técnica moderna de administração do trabalho´, mas, concretamente, representa uma estratégia de destruição da classe trabalhadora, de inviabilização do antagonismo de classe, servindo ao aumento da exploração do trabalhador, que se vê reduzido à condição de coisa invisível, com relação à qual, segundo a trama engendrada, toda perversidade está perdoada.
O próprio projeto se trai e revela, na incoerência, a sua verdadeira intenção. Diz que a terceirização advém da ´necessidade que a empresa moderna tem de concentrar-se em seu negócio principal´ - grifou-se. Ocorre que o objetivo principal do projeto é ampliar as possibilidades de terceirização para qualquer tipo de serviço. Assim, a tal empresa moderna, nos termos do projeto, caso aprovado, poderá ter apenas trabalhadores terceirizados, restando a pergunta de qual seria, então, o ´negócio principal´ da empresa moderna? E mais: que ligação direta essa empresa moderna possuiria com o seu ´produto´?”
Quanto à equiparação dos direitos, deixar ao bel prazer do empresário conceder direitos ao empregado, o que provocaria uma redução nos lucros da empresa, não faz o menor sentido. O Projeto de Vicentinho, por sua vez, estabelece esse direito de plano, medida de justiça social.
No que pertine à responsabilidade, evidente que a solidária beneficia o trabalhador, pois pode cobrar de qualquer das empresas o crédito que lhe é devido. Já na subsidiária, previsto no PL 4.330/2004, e, diga-se de passagem, também na Súmula 331 do TST, o empregado é submetido ao benefício de ordem, quer dizer, tem de esperar a decretação do estado de insolvência da prestadora de serviços para, aí sim, poder cobrar da empresa principal e mesmo assim tendo de provar a culpabilidade desta.
No entender de Rodrigo Carelli, em obra coordenada por Graça Duck e Tânia Franco (2012, p.66), “a legislação [...] deveria tomar uma posição proativa, para impedir ou inibir que a terceirização seja utilizada como forma de precarização do trabalho”. E complementa que:
 “Essa humanização da terceirização poderia ocorrer por três dispositivos básicos: 1) a responsabilidade solidária da tomadora de mão de obra pelas obrigações trabalhistas referentes aos trabalhadores das empresas terceirizadas ou subcontratadas; 2) a isonomia de direitos e benefícios dos trabalhadores da empresa principal e daqueles das empresas subcontratadas, caso sejam superiores; 3) a possibilidade de sindicalização pelo sindicato da categoria dos trabalhadores da empresa principal.”
Perfeito o entendimento do eminente jurista, tanto que os dois primeiros itens foram previstos no PL 1.621/2007, discutido amplamente pela classe trabalhadora através das suas entidades representativas. No entanto, verifica-se que, quanto ao item 3, o Projeto de Lei de Vicentinho não tratou dessa possibilidade, o que demonstra ser um equívoco, pois essa sindicalização proporcionaria mais força à coletividade na luta por melhores condições de trabalho.
2.4 Efetividade: processo que transcende a produção legislativa
A terceirização trabalhista ainda não está regulamentada. Dois Projetos de Lei tramitam no Congresso Nacional, sendo de suma importância a aprovação – de acordo com o que foi exposto nos tópicos anteriores – do projeto oriundo da classe trabalhadora (PL 1.621/2007), evitando, assim, um fenômeno social que está em curso, pelo menos, nos últimos 20 anos: a precarização social do trabalho.
Contudo, em que pese a essencialidade de se ter um conjunto normativo para regular essa atividade tão complexa e de caráter universal, o histórico da vida social no Brasil mostra que de nada adianta possuir uma legislação profunda sobre determinado tema, se a população não acompanha o avanço. Para ilustrar o pensamento, tome-se como exemplo as leis que regularam o uso obrigatório de cinto de segurança e a proibição de ingestão de bebida alcoólica para os motoristas, para ficar na legislação de trânsito. 
Ocorreu que durante bastante tempo, muitos indivíduos continuaram a dirigir seus veículos nas situações de ilegalidade supramencionadas. E aí vem o ponto em que pretendo chegar: a efetividade de umanorma não depende somente de sua existência, mas também de outras questões estruturais. Uma delas, de natureza fundamental, é a atividade fiscalizatória. Infelizmente em nosso país ainda subsiste a cultura do bolso em detrimento da cultura da ética. Quer dizer, o sujeito só desperta a consciência para cumprir determinado preceito legal quando a fiscalização lhe aplica uma penalidade pela transgressão. Quando a ética impera, o cidadão cumpre a norma pelos princípios contidos nela, pelo fato de ter sido resultado de amplo debate perante a sociedade e ter se verificado a necessidade de sua existência. Esse seria o modelo ideal de comportamento, o que ainda não acontece em nossa pátria mãe.
Para isso, existe a figura do Auditor-Fiscal do Trabalho, servidor ligado ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que tem a prerrogativa de fiscalizar o fiel cumprimento das normas de proteção ao trabalho, nos termos do art. 626, da CLT. No exercício da sua função, deve observar o critério da dupla visita quando ocorrer promulgação ou expedição de novas leis, regulamentos ou instruções ministeriais, assim como quando os estabelecimentos forem recentemente inaugurados ou empreendidos (art. 627, CLT). Percebe-se, com a leitura desse dispositivo, a intenção do legislador em dar também caráter preventivo à atuação do Auditor-Fiscal do Trabalho, o que é reforçado pelo art. 627-A, segundo o qual “poderá ser instaurado procedimento especial para a ação fiscal, objetivando a orientação sobre o cumprimento das leis de proteção ao trabalho, bem como a prevenção e o saneamento de infrações à legislação mediante Termo de Compromisso”.
Martins (2012, p. 171) elege os cuidados que precisa ter as empresas envolvidas na terceirização para evitar serem surpreendidas com a fiscalização trabalhista:
“O ideal é que os terceirizados mantenham cópia do registro de empregados ou dos contratos de trabalho no local da prestação de serviços; exames médicos admissional e periódico; quadro de horário de seus funcionários dentro da empresa tomadora de serviços, bem como os respectivos cartões de ponto, que serão anotados no local da prestação dos serviços [...]; constituam CIPA; forneçam EPI´s [...]. O terceirizante deve deixar à vista da fiscalização o contrato de prestação de serviços firmado com o terceiro, para mostrar a regularidade de tal procedimento.”
Outro ente relevante no que respeita ao impacto da terceirização é o Ministério Público do Trabalho, considerado função essencial à Justiça pela Carta Magna de 1988, ao qual cabe “a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis” (art. 127, CF/88).
O art. 129, inciso III, estabelece como função institucional do MPT a promoção de “inquérito civil e ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”. A Lei Complementar nº 75/93, por sua vez, assenta em seu art. 83, inciso III, que é atribuição do MPT “promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho, para defesa de interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente garantidos”. Como a terceirização e seus possíveis desdobramentos são causadores de fraudes trabalhistas, o MPT pode acionar a Justiça do Trabalho, tendo em vista que se trata de direitos sociais arrolados no art. 7º da Constituição Federal.
O MPT, na figura do Procurador do Trabalho, pode atuar, inclusive, como conciliador, firmando acordos com as partes envolvidas na relação trabalhista, os famosos Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), os quais tem natureza de título executivo, nos termos do art. 876, caput, da CLT.
 Esses organismos, se devidamente estruturados, contribuem decisivamente para o sucesso da legislação. Em que pese o fortalecimento da estrutura pública a partir do Governo Lula (2003-2010), o déficit de pessoal ainda é preocupante. Só para exemplificar: em Cruzeiro do Sul, 2ª maior cidade do Estado do Acre, que possui um contingente populacional estimado em mais de 80 mil pessoas – segundo dados do IBGE de 2013 – a sede do MTE possui somente 3 funcionários, nenhum deles Auditor-Fiscal do Trabalho, para atender 10 cidades da região, incluindo Municípios do Amazonas. Já o MPT possui sede apenas em Rio Branco, capital do Estado, que fica a 631 km de distância da cidade de Cruzeiro do Sul. Vê-se, portanto, que mesmo com a elaboração de uma legislação completa, muitos abusos podem continuar sendo praticados pelos empresários nos locais em que não haja uma estrutura pública adequada.
CONCLUSÃO
	
Através do presente trabalho, foi possível identificar as principais características que envolvem o processo de terceirização trabalhista, como conceito, evolução histórica, as normas existentes sobre o tema, o caráter lícito e ilícito na atual conjuntura, as vantagens e desvantagens desse fenômeno na ótica de diferentes setores, tendo sido abordado, com mais ênfase, os efeitos provocados pela terceirização que culminam no que a doutrina denomina de precarização das relações sociais do trabalho.
O foco deste documento acadêmico ficou para o segundo capítulo, no qual foram analisados os principais aspectos dos dois Projetos de Lei que tramitam no Congresso Nacional e que tem por finalidade regulamentar o assunto. Verificou-se o antagonismo claro entre as duas propostas, a primeira (PL 4.330/2004) proveniente do empresariado brasileiro, com o intuito manifesto de flexibilizar as relações de trabalho, permitindo que todas as atividades da empresa sejam terceirizadas. Atualmente, conforme explorado no decorrer do trabalho, o TST entende, por meio da Súmula 331, que somente as atividades-meio da empresa podem ser terceirizadas, sob pena de ser configurado o vínculo empregatício direto com a tomadora dos serviços.
Já a segunda proposta (PL 1.621/2007), fruto de discussão nas entidades representativas dos trabalhadores – nas quais pode ser destacada a CUT – em contrapartida, proíbe expressamente que a atividade-fim da empresa e estabelece outras questões que beneficiam o trabalhador, dentre as quais podemos destacar: equiparação de direitos entre o empregado da tomadora e da prestadora de serviços; responsabilidade solidária, de modo que o empregado passa a poder cobrar seus direitos a qualquer das empresas indistintamente em juízo; uma série de requisitos para a contratação da prestadora de serviços, dificultando as fraudes trabalhistas; exigência de capital social integralizado suficiente para pagar todos os créditos do trabalhador, inclusive os rescisórios; e multa de 10% sobre o valor do contrato de prestação de serviços, por cada trabalhador prejudicado e em favor deste, além de outras medidas também importantes, sempre com o fim último de proteger a classe trabalhadora, com a garantia de que recebam as verbas que lhe são devidas em virtude do labor prestado.
Sendo assim, conclamo pela aprovação do Projeto de Lei nº 1621/2007, pois de caráter protetivo à classe trabalhadora. Claro que a proposta pode ser aprimorada com os debates realizados no Congresso Nacional, mas, em sua essência, deve conter os aspectos supramencionados, a fim de evitar a precarização social do trabalho que vem ocorrendo nos últimos 20 anos pela prática da terceirização.
No entanto, é importante salientar que a efetividade da medida não é resultado somente de produção legislativa. Ficou demonstrado que há necessidade de se ter uma estrutura pública fortalecida, com membros que possam atuar e exigir o cumprimento da lei. Destaca-se, para tanto, a figura do Auditor-Fiscal do Trabalho, servidor vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego, com a atribuição de fiscalizar as empresas e aplicar multas quando verificar o descumprimento das normas protetivas ao trabalho, assim como o Procurador do Trabalho, membro do Ministério Público do Trabalho, que atua judicialmente através das ações civis públicas, na defesa dos direitos sociais do trabalhador e extrajudicialmente, em atividadeconciliatória, firmando os Termos de Ajustamento de Conduta (TAC). Um exemplo que comprovou essa necessidade foi justamente a cidade onde o autor reside, Cruzeiro do Sul/AC, a qual não tem sede do MPT – aliás, a única sede do Estado fica na Capital Rio Branco, a 631 km distante – e o MTE, órgão que atende 10 Municípios, só possui 3 servidores, nenhum deles Auditor-Fiscal do Trabalho.
	
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Flávio Carvalho Monteiro de. (I)licitude da terceirização no Brasil: uma análise na perspectiva da especialização e da dependência do prestador de serviços. São Paulo: LTr, 2012.
BITTAR, Eduardo C. B. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática da monografia para os cursos de direito. 11. ed. – São Paulo: Saraiva, 2013.
BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452, de 01 de maio de 1943. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm>. Acesso em: 20 mar. 2014.
______. Lei n. 6.019, de 03 de janeiro de 1974. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6019.htm>. Acesso em: 02 abr. 2014
______. Lei n. 7.102, de 07 de junho de 1983. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7102.htm>. Acesso em: 02 abr. 2014
______. Projeto de Lei nº 4.330/2004. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=267841>. Acesso em: 25 abr. 2014.
______. Projeto de Lei nº 1.621/2007. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=359983>. Acesso em: 27 abr. 2014.
______. Súmula 331 do TST. Disponível em: <http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_301_350.html#SUM-331>. Acesso em: 02 abr. 2014
CENTRAL DOS TRABALHADORES DO BRASIL – CTB. Dossiê Terceirização: Renda cairá até 30% com terceirização, diz ministro do TST. Disponível em: <http://portalctb.org.br/site/noticias-editorias/especial/20616-renda-caira-ate-30-com-terceirizacao-diz-ministro-do-tst-.html>. Acesso em: 25 abr. 2014.
CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES – CUT. Jornal da CUT nº 42 – Terceirização Como Ela é. São Paulo, 2013. Disponível em: <http://www.cut.org.br/jornal/143/jornal-da-cut-edicao-42>. Acesso em: 15 abr. 2014. 
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2002.
DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICAS E ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – DIEESE. O Processo de Terceirização e seus Efeitos sobre os Trabalhadores no Brasil. Brasília, 2007. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BA5F4B7012BAAF91A9E060F/Prod03_2007.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2014.
DRUCK, Graça; FRANCO, Tânia. A Perda da Razão Social do Trabalho: terceirização e precarização. organizadoras Graça Druck, Tânia Franco; autores Ângela Borges... [et al.]. 1ª ed. revista. - São Paulo: Boitempo, 2012.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. – São Paulo: Atlas, 2010.
MARTINS, Sergio Pinto. A Terceirização e o Direito do Trabalho. 12. ed. ver. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2012.
MELCHOR, Paulo. Terceirização de Serviços. SEBRAE. São Paulo, 2004. Disponível em: <http://www.gohome.com.br/wp-content/uploads/2007/04/terceirizacao_servicos.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2014.
POCHMANN, Márcio. SINDEEPRES 15 Anos – A Superterceirização dos Contratos de Trabalho. Disponível em: <http://www.bancax.org.br/br/admin/noticias/arquivos/5be45325eb3947d508e7b2cb2c37069f1601_arqui.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2014.
SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. Terceirização elimina responsabilidade social do capital. São Paulo, 2013. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2013-set-08/jorge-luiz-souto-maior-terceirizacao-elimina-responsabilidade-social-capital>. Acesso em 02 mai. 2014.
TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO – TST. Notícias do TST: Presidente do TST divulga lista com cem maiores devedores da JT. Brasília, 2012. Disponível em: <http://www.tst.jus.br/web/guest/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/presidente-do-tst-divulga-lista-com-cem-maiores-devedores-da-jt?redirect=http%3A%2F%2Fwww.tst.gov.br%2Fweb%2Fguest%2Fnoticias%3Fp_p_id%3D101_INSTANCE_89Dk%26p_p_lifecycle%3D0%26p_p_state%3Dnormal%26p_p_mode%3Dview%26p_p_col_id%3Dcolumn-2%26p_p_col_count%3D2>. Acesso em: 15 abr. 2014.
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
 
 
 
 
Declaro, para todos os fins de direito e que se fizerem necessários, que isento completamente a Universidade Anhanguera-Uniderp, a Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes e o professor orientador de toda e qualquer responsabilidade pelo conteúdo e ideias expressas no presente Trabalho de Conclusão de Curso. 
Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em caso de plágio comprovado. 
Cruzeiro do Sul/AC, 09 de maio de 2014.

Continue navegando