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Aula 9 Projeto Curricular e a Dinâmica Escolar

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Aula 9 - Projeto Curricular e a Dinâmica Escolar
A discussão sobre a organização do projeto escolar pressupõe o entendimento do que é entendido por currículo. Inicialmente, cabe lembrar que para Goodson (1995), o currículo é definido como um curso a ser seguido ou, mais especificamente, apresentado" (p. 31). Mais do que isso, o currículo deve deixar de ser visto e mencionado como documento e valorizado e destacado como redes de saberes e fazeres dos sujeitos que praticam, de diferentes modos, os múltiplos espaços e tempos das escolas (FERRAÇO).
O currículo tem existência própria, atuando sobre educadores e educandos. O currículo que, mais do que o documento escrito no papel, tem a pretensão de formar os sujeitos alinhados com o que está proposto. Em especial, a partir da LDB 9394/96 e dos PCNS(1998), o projeto curricular escolar deve ser assumido como algo para além do texto prescrito.
O compartilhamento do cotidiano escolar que se prolonga para além dos diferentes contextos vividos por todos que o praticam e habitam as escolas, isto é, professores, alunos, serventes, pedagogos, pais, secretárias, vigias, coordenadores, diretores, membros das comunidades, entre tantos outros.
Essa diversidade de saberes e fazeres realizados nas dinâmicas construídas no cotidiano escolar implica assumi-lo como permanente produção, que se diferencia e que se realiza a partir das próprias redes compartilhadas pelos sujeitos. É isso que viabiliza o projeto escolar.
Segundo Gimeno Sacristán (1995), o projeto escolar compõe mais do que conteúdos propostos em um documento curricular. "Uma análise refinada da realidade escolar e das práticas cotidianas torna claro que aquilo que os alunos aprendem no contexto escolar - e aquilo que deixam de aprender - é mais amplo que a acepção de currículo como especificação de temas e conteúdos de todo tipo. Isto é, o currículo real é mais amplo do que qualquer 'documento' no qual se reflitam os objetivos e planos que temos" (p. 86).
Conforme Sacristán, pensar o projeto de uma escola ou o seu currículo pressupõe, então, viver seu cotidiano, que inclui, além do que é formalmente estudado, toda uma dinâmica das relações estabelecidas.  "Uma coisa é o currículo considerado como uma intenção, um plano ou uma prescrição que explica o que desejaríamos que ocorresse nas escolas, e outra é o que existe nelas, o que realmente ocorre em seu interior. O currículo tem que ser entendido como cultura real, que surge de uma série de processos, mais que como objeto delimitado e estático que se pode planejar e depois implantar" (SACRISTÁN, 1995, p. 27).
Os profissionais envolvidos com o projeto da escola devem considerar a diversidade de saberes e práticas cotidianas existentes.
Linhares e Garcia (2001) observam a complexidade que se revela no cotidiano escolar: A riqueza do processo ensino-aprendizagem, a teoria em permanente movimento de atualização, a repetição que se mostra recriação, a reinvenção a cada dia da escola (p. 45).
As ideias de currículo no cotidiano (ALVES et al., 2002), currículo real (GIMENO SACRISTÁN, 1995), currículo praticado (OLIVEIRA, 2003), currículo realizado (FERRAÇO, 1999, 2005), entre outras, que têm sido propostas com a intenção de se destacar os cotidianos das escolas como pontos de partida e de chegada para se pensar o currículo. As propostas têm em comum o fato de apostarem na escola e nas possibilidades de intervenção na realidade. Colocando-se na contramão de uma visão de escola que valoriza datas comemorativas, personagens da história ou da cultura, costumes próprios de determinados povos ou qualquer outra prescrição curricular reducionista.
Os fazeres e saberes dos educadores e educandos no cotidiano devem ser priorizados como possibilidades fundamentais e únicas para a defesa da ideia de complexidade do conhecimento.
Interessa o significado para os sujeitos das escolas das questões do cotidiano praticado, das necessidades vividas no dia a dia.
Diante das necessidades do projeto escolar e da complexidade do conhecimento, espera-se que a equipe pedagógica busque o bom andamento do trabalho e o bom desempenho dos estudantes. Cabe a ela uma análise das fragilidades e potencialidades da escola, além da sensibilidade da escuta de todos e da observação do que ocorre no seu interior. É o caminho para montar um bom plano de ação, discutido com todos de forma clara, objetiva e viável.
Para o projeto escolar, as imagens, diários e as produções dos alunos auxiliam a revelar dados importantes sobre o seu andamento e sobre a obtenção de seu principal objetivo: aprendizagem dos conteúdos de ensino. A documentação pedagógica revela o professor e o hábito de reflexão sobre o próprio trabalho e seu desempenho pessoal. O professor na realidade da sala de aula enfrenta os problemas de uma prática difícil de ser realizada. Por isso, reflexão e prática são complementares. A escola é uma instituição que acumula funções socioculturais, na qual professores e alunos convivem por mais tempo e mais intensamente.
A escola é parte de uma sociedade complexa, diversificada e ao mesmo tempo singular. Daí a prática da reflexão e a reflexão sobre a prática serem condições para lidar com isso. 
O que ocorre na experiência necessita ser mais bem observado e projetado. É a reconstituição do que foi do que aconteceu no plano da ação. Organizar, acrescentando novas perspectivas de mudança na ação e para a ação.
A valorização da prática reflexiva na escola significa aceitar que o magistério deve ser assumido como profissão. Uma vez que a escola é um direito de todos, nela os indivíduos deverão aprender conteúdos significativos e de qualidade. A prática pedagógica inclui o indivíduo-professor e então é importante considerar que mais do que formar é formar-se. A reflexão educacional é parte significativa desse processo.
O projeto escolar depende do investimento em novas práticas de ensino. Os professores devem ver a escola como um lugar de ensino, mas também de aprendizagem, pois a atualização e produção de novas ações surgem somente da reflexão partilhada com os colegas e com a equipe como um todo. A reflexão tem lugar na escola, nascendo do esforço de encontrar respostas para problemas educacionais e educativos.
O projeto escolar em seu desenvolvimento impõe a necessidade de consolidar um sistema de ação coletiva. Construir uma cultura de cooperação. Nessa direção, o estágio favorece a prática e a reflexão sobre o processo didático-pedagógico.
O potencial formador de cada um depende das trocas feitas, da observação e do acompanhamento. A observação não deve ser mecânica. É preciso estudar os processos de organização do trabalho escolar, da gestão das turmas e da sala de aula, bem como as formas de utilização dos métodos de ensino e a capacidade de resposta às situações inesperadas.
É preciso dar visibilidade ao que acontece no locus do estágio de modo a perceber o encontro entre teoria e prática. De modo a reinventá-lo enquanto profissional da Educação competente e aproximar a escola básica da produção de conhecimentos na sala de aula da graduação.
Estreitar os vínculos melhora não somente as relações na própria escola estagiada como também na formação de todos, visto que os educadores são produtores de saberes disciplinares, curriculares e formativos como um todo.

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